PASSAGEM DE PLANTÃO DA ENFERMAGEM: DESENVOLVIMENTO E VALIDAÇÃO DE INSTRUMENTOS PARA QUALIFICAR A CONTINUIDADE DO CUIDADO

CAMBIO DE TURNO DE ENFERMERÍA: DESARROLLO Y VALIDACIÓN DE INSTRUMENTOS PARA CALIFICAR LA CONTINUIDAD DE LA ATENCIÓN

RESUMO

Objetivo:

desenvolver e validar o conteúdo de instrumentos para padronizar a passagem de plantão da enfermagem.

Método:

estudo de desenvolvimento e validação por consenso de especialistas, conduzido de janeiro a julho de 2019 em hospital do sul do Brasil. Participaram do estudo 24 profissionais de diferentes áreas, incluindo enfermeiros, técnicos e professores de enfermagem, com experiência na passagem de plantão hospitalar. Avaliou-se abrangência, clareza e pertinência dos itens dos instrumentos, sendo validados pelos especialistas sobre cada item dos instrumentos desenvolvidos, obtendo-se índice de concordância de 93%.

Resultados:

foram elaborados o “Formulário de Passagem de Plantão”, contemplando identificação dos pacientes, informações clínicas e intercorrências de cada turno, e o “Procedimento Operacional Padrão para Passagem de Plantão”, descrevendo atividades a serem realizadas para garantir a transmissão de informações precisas.

Considerações finais

os instrumentos elaborados podem nortear a passagem de plantão da enfermagem na prática clínica, promovendo a continuidade e segurança do cuidado.

DESCRITORES
Lista de Checagem; Avaliação em Enfermagem; Segurança do Paciente; Troca de Informações; Continuidade da Assistência ao Paciente

RESUMEN

Objetivo:

desarrollar y validar el contenido de instrumentos para estandarizar el cambio de turno de Enfermería.

Método:

estudio para el desarrollo y la validación por consenso de especialistas realizado entre enero y julio de 2019 en un hospital del sur de Brasil. En el estudio participaron 24 profesionales de diferentes áreas, incluidos enfermeros, técnicos y profesores de Enfermería, con experiencia en el cambio de turno en hospitales. Se evaluó el alcance, la claridad y la pertinencia de los ítems de los instrumentos y los especialistas lo validaron en cada ítem de los instrumentos desarrollados, obteniéndose un índice de concordancia del 93%.

Resultados:

se elaboraron dos documentos, a saber: “Formulario de Cambio de Turno”, que contempla la identificación de los pacientes, información clínica y complicaciones de cada turno, y el “Procedimiento Operativo Estándar para Cambio de Turno”, que describe actividades que deben realizarse para garantizar la transmisión de información precisa.

Consideraciones finales:

los instrumentos elaborados pueden dirigir el cambio de turno de Enfermería en la práctica clínica, promoviendo así la continuidad y seguridad de la atención.

DESCRIPTORES
Lista de verificación; Evaluación en Enfermería; Seguridad del paciente; Intercambio de información; Continuidad de la asistencia al paciente

ABSTRACT

Objective:

to develop and validate the content of instruments to standardize Nursing handoffs.

Method:

a study for the development and validation through expert consensus conducted between January and July 2019 in a hospital of southern Brazil. The study participants were 24 professionals from different areas, including nurses, nursing technicians and professors, with experience in hospital handoffs. The experts evaluated and validated the scope, clarity and pertinence of the items of the instruments developed, obtaining an agreement index of 93%.

Results:

two documents were prepared, namely: the “Handoff Form”, considering the patients’ identification, clinical information, and complications during each shift, and the “Handoff Standard Operating Procedure”, describing activities to be performed to ensure the transmission of precise information.

Final considerations:

the instruments elaborated can guide Nursing handoffs in the clinical practice, promoting care continuity and safety.

DESCRIPTORS
Checklist; Nursing Assessment; Patient Safety; Exchange of Information; Continuity of Patient Care

INTRODUÇÃO

O cuidado seguro ao paciente é fonte de atenção contínua nas diversas organizações de saúde a nível mundial. Especialmente no âmbito hospitalar, o paciente é assistido por diversos profissionais de saúde, o que torna a comunicação sobre suas informações clínicas essencial para a continuidade do cuidado e para garantir a segurança assistencial⁽¹⁾.

Neste contexto, a passagem de plantão da equipe de enfermagem é uma atividade fundamental, sendo um mecanismo estratégico para a organização do trabalho⁽²⁾. Por meio desta atividade, é possível assegurar a continuidade da assistência aos pacientes nos diferentes turnos de trabalho, independente das mudanças de equipes.

Durante a realização da passagem de plantão, devem ser abordadas questões referentes à avaliação do estado de saúde do paciente, intercorrências e assuntos de interesse institucional. Ressalta-se que o conteúdo das informações transmitidas deve ser claro e objetivo, pois a ocorrência de falhas de comunicação pode ocasionar prejuízos na assistência e danos à saúde dos pacientes⁽³⁾.

Com a implementação de uma comunicação efetiva e a organização das informações transmitidas entre as equipes de enfermagem, eventos relacionados ao processo de assistência aos pacientes e situações de risco podem ser minimizados⁽⁴⁾. Todavia, muitas vezes, as equipes de enfermagem não possuem um instrumento capaz de direcionar a comunicação de forma organizada e factível, sem extrapolar o horário de seu turno de trabalho, o que gera preocupação às lideranças das instituições. Nessa perspectiva, o uso de instrumentos padronizados para a passagem de plantão tem se mostrado uma ferramenta útil para tornar a comunicação efetiva, e reduzir possíveis falhas e danos⁽⁵⁾.

A literatura apresenta estudos sobre o uso de instrumentos padronizados que norteiam as ações da enfermagem nos seus diversos campos de atuação, o que tem repercutido positivamente para uma prática assistencial pautada na qualidade e segurança do paciente^(4-7). No entanto, persiste uma lacuna no que diz respeito a instrumentos para nortear a passagem de plantão da enfermagem que tenham sido vinculados a um procedimento operacional padrão (POP), que gera maior detalhamento à sua aplicabilidade e, consequentemente, agrega segurança ao cuidado dos pacientes.

Diante deste cenário, com a intenção de qualificar a comunicação entre a equipe de enfermagem durante a passagem de plantão e prevenir a ocorrência de eventos adversos, motivou-se o desenvolvimento e validação de um formulário com informações padronizadas para a transferência do cuidado do paciente, acompanhado de um POP para normatizar essa atividade. Portanto, a questão norteadora deste estudo foi: como promover um processo padronizado de passagem de plantão entre os profissionais de enfermagem dos diferentes turnos, otimizando o tempo e a continuidade do cuidado seguro ao paciente?

Para responder a esta questão, foi delineado este estudo com o objetivo de desenvolver e validar o conteúdo de instrumentos para padronizar a passagem de plantão da enfermagem. A relevância deste estudo está em fornecer elementos para padronizar a transferência do cuidado entre os turnos da equipe de enfermagem e otimizar o tempo dispendido para esta atividade. Acredita-se que a partir da padronização e implementação dos instrumentos relacionados, será possível qualificar a comunicação entre os profissionais de enfermagem durante as jornadas de trabalho.

MÉTODO

Trata-se de um estudo de desenvolvimento e validação de conteúdo de instrumentos por consenso de especialistas. A validação por consenso possibilita o alcance de opinião coletiva ou acordo entre especialistas sobre uma temática específica, e é bastante utilizada na área da enfermagem, por possibilitar a padronização das práticas realizadas pelos profissionais^(8-9).

O estudo foi realizado no período de janeiro a julho de 2019, com a participação de 24 profissionais de enfermagem, divididos em 16 enfermeiros, cinco professores e três técnicos de enfermagem de diferentes unidades de internação clínica, cirúrgica e pediátrica de um hospital universitário de grande porte no sul do Brasil. Todos os participantes deste comitê de especialistas tinham experiência na prática clínica e na passagem de plantão hospitalar por pelo menos cinco anos, sendo estes os critérios de inclusão no estudo.

Foram realizadas reuniões semanais durante os meses de fevereiro a abril de 2019, totalizando 11 encontros de 60 minutos, tendo como pauta os seguintes temas: objetivo do grupo de trabalho, problemática atual e método de trabalho proposto. No primeiro encontro, foram descritos e mapeados os cenários e as particularidades de cada unidade de internação e suas dificuldades relacionadas à passagem de plantão.

Nas reuniões do mês de março de 2019, foram debatidas sugestões de melhoria do processo de passagem de plantão e da tomada de decisão. Visando sistematizar esta ação, foram determinadas atividades e responsabilidades da equipe de enfermagem a serem realizadas antes da passagem de plantão pela equipe que irá passar o turno, atividades a serem realizadas durante a passagem de plantão, na qual há troca de informações entre as duas equipes, e atividades a serem realizadas após a passagem de plantão pela equipe que está assumindo o turno.

Além disso, durante as discussões, foram desenvolvidos os itens que iriam compor o formulário padrão de passagem de plantão, norteado pelo referencial teórico utilizado no hospital para a execução do processo de enfermagem^(10-11), além de uma revisão da literatura nas bases de dados Pubmed, Medline e LILACS, com os descritores: lista de checagem, avaliação em enfermagem, cuidados de enfermagem, segurança do paciente, equipe de enfermagem: organização e administração, e informação e comunicação em saúde^(2,4-6).

Uma vez definidos pelos especialistas os itens do instrumento de passagem de plantão, foi realizado um teste piloto para verificar a sua aplicabilidade na prática profissional. Nesta ocasião, foram acolhidas as sugestões da equipe para refinamento do material.

A escolha da unidade para o teste piloto foi feita utilizando-se uma matriz de relação entre critérios específicos como: semelhança do processo quando comparado a outras unidades, o que possibilitaria maior facilidade de disseminação de melhorias; complexidade do processo de passagem de plantão, caracterizado por múltiplos cenários de cuidado e elevado número de pacientes e membros da equipe; disponibilidade das equipes para o desenvolvimento de ciclos de melhoria durante a fase de testes.

O teste piloto foi realizado em uma unidade de internação clínica de 45 leitos, com equipe composta por 15 enfermeiros e 47 técnicos de enfermagem distribuídos nos diferentes turnos. O instrumento desenvolvido foi apresentado à equipe assistencial da unidade, que o aplicou na passagem de plantão com base em um roteiro de apoio. Os especialistas observaram a aplicação do instrumento durante cinco dias, anotando pontos fortes e fragilidades do processo de passagem de plantão. Posteriormente, melhorias foram incorporadas no instrumento, dentre as quais se destaca a redução das informações, organização dos itens de verificação de modo a seguir a ordem do exame físico, ênfase nas escalas de risco, adequação do layout para deixar mais objetivo e adaptado aos turnos de trabalho. Também foi identificada a necessidade de reorganizar e divulgar entre as equipes assistenciais o papel do guardião da passagem de plantão, visando evitar interrupções.

Paralelamente, foi desenvolvido pelos especialistas o POP relacionado à passagem de plantão, que descreve as atividades a serem realizadas antes, durante e imediatamente após este processo, o qual também foi testado e refinado.

Uma vez concluída a etapa de desenvolvimento do Formulário de Passagem de Plantão e do POP, foi realizada a validação por consenso dos especialistas, que avaliaram a abrangência, clareza e pertinência dos itens dos instrumentos. Por fim, solicitou-se a apreciação dos membros da comissão institucional de normas e rotinas, de modo a refinar o que havia sido validado.

A versão final dos formulários foi determinada com a concordância de especialistas e consulta à literatura científica nacional e internacional sobre esta temática, bem como estratégias de comunicação e educação para implementação de melhorias^{(1-2,4-6,12-14)}.

Este projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da instituição com nº 3.257.557.

RESULTADOS

Com a expertise de 16 enfermeiros, cinco professores e três técnicos de enfermagem de diferentes unidades de internação da instituição com amplo conhecimento sobre a temática, foram elaborados e validados dois instrumentos a fim de padronizar e sistematizar a passagem de plantão. Para tanto, foram necessárias quatro reuniões deste comitê de especialistas, de modo a chegar a um índice de concordância de 93% sobre cada um dos itens dos instrumentos desenvolvidos.

A versão final dos formulários incluiu itens visando maior segurança na transição do cuidado, tais como identificação do paciente, motivo da internação e história prévia, avaliação de escalas de risco, evolução clínica, aceitação alimentar, uso de drenos e/ou dispositivos, eliminações vesicais/intestinais, intercorrências, exames e/ou procedimentos pendentes.

O primeiro resultado deste estudo teve como produto um instrumento denominado “Formulário de Passagem de Plantão”, que contempla dados de identificação de cada paciente e as informações clínicas mais relevantes, além de itens padrão a serem informados, com espaço para que enfermeiros e técnicos de enfermagem possam descrever as ocorrências em cada turno. O formato e o conteúdo do instrumento podem ser visualizados na Figura 1.

Figura 1
Formulário de passagem de plantão com informações a serem transmitidas entre os turnos de trabalho. Porto Alegre, RS, Brasil, 2019

O POP para passagem de plantão foi o segundo produto desenvolvido e validado, e elenca as atividades que necessitam ser realizadas antes, durante e após a passagem de plantão, visando garantir que a operacionalização da transmissão das informações seja efetiva. O seu conteúdo está descrito na Figura 2.

Figura 2
“POP para passagem de plantão” com as atividades a serem desenvolvidas pela equipe de enfermagem antes, durante e após a passagem de plantão. Porto Alegre, RS, Brasil, 2019

DISCUSSÃO

Este estudo, realizado com diferentes profissionais de enfermagem, permitiu elaborar e validar um Formulário e um POP para passagem de plantão, de modo a tornar esta atividade organizada e efetiva. A transferência do cuidado representa um momento de transmissão de informações importantes entre as equipes de saúde. Dados omitidos ou mal interpretados podem comprometer a segurança do paciente, levando a erros ou outros resultados negativos para o paciente e sistema de saúde⁽¹²⁾. Desta forma, os formulários validados neste estudo podem qualificar a passagem de plantão da equipe de enfermagem e assegurar um cuidado seguro ao paciente.

Dados da Joint Commission of Accreditation of Healthcare Organizations apontam que mais da metade dos eventos adversos são causados por falhas na comunicação entre os profissionais⁽¹⁵⁾. Visando reduzir a incidência desses eventos por meio de melhorias específicas nos processos assistenciais, foram propostas as seis Metas Internacionais de Segurança do Paciente, sendo a primeira a que trata da identificação correta do paciente e a segunda da comunicação efetiva entre membros da equipe de saúde⁽¹⁶⁾.

Nessa perspectiva, para garantir que os cuidados e o plano terapêutico sejam executados de forma segura, a primeira parte do formulário apresenta dados essenciais de identificação: número do leito, nome completo e prontuário. Outras informações relevantes também são contempladas, como idade, data e causa principal da internação, história prévia, alergias, escalas para risco de quedas e de lesão por pressão.

Tão importante quanto a identificação correta são os registros acerca do cuidado prestado e da evolução clínica dos pacientes. A segurança do cuidado em saúde, assim como a continuidade das práticas terapêuticas, é dependente da qualificação dos profissionais, somado aos aspectos administrativos passíveis de padronização como os registros e organização das atividades assistenciais⁽⁷⁾.

Nesse sentido, o documento construído também contempla espaço destinado ao preenchimento de informações referentes ao sensório, oxigenação, sinais vitais, integridade da pele e mucosas, histórico de dor, uso de dispositivos vasculares incluindo tipo, local e datas de inserção e do curativo, infusões venosas, tipo de dieta, eliminações, presença e descrição de lesão por pressão, ferida operatória/drenos, mobilidade e previsão de procedimento/exames a serem realizados. Além disso, há espaços específicos para os turnos “Manhã”, “Tarde” e “Noite”, para que no decorrer da jornada de trabalho os profissionais descrevam dados sobre a evolução do estado de saúde do paciente.

Conforme a Classificação das Intervenções de Enfermagem, na intervenção denominada Passagem de Plantão, estes dados são corroborados e apontados como importantes atividades a serem executadas pelo enfermeiro⁽¹⁷⁾. Destaca-se ainda a importância de informar de forma sucinta o histórico do paciente, motivo de internação e tratamento, bem como os cuidados de enfermagem necessários.

É importante ressaltar que o Formulário de Passagem de Plantão seguiu as premissas de referencial teórico que aborda as necessidades do paciente na sua integralidade⁽¹¹⁾. Entretanto, foi necessária uma síntese para que fosse aplicável, considerando o intervalo de tempo que a equipe dispõe para esta atividade. Assim, visando otimizar e organizar a passagem de plantão, foi validado o POP contemplando as atividades a serem realizadas antes, durante e após a troca de turno.

O desenvolvimento e uso de POP na prática assistencial por profissionais de saúde é de extrema relevância, pois possibilita a padronização do cuidado, impactando diretamente na segurança do paciente e da equipe^(18-19). Nesta perspectiva, um estudo evidenciou que enfermeiros reconhecem a importância dos POP e a necessidade de uma equipe qualificada para implementá-los na prática clínica, priorizando a qualidade do atendimento e minimizando barreiras existentes⁽²⁰⁾.

Uma revisão de literatura sobre transferência do cuidado envolvendo pacientes em pós-operatório identificou associação entre problemas de comunicação e a ocorrência de eventos adversos, apontando recomendações para aprimorar o processo de comunicação entre as equipes. Dentre estas, salienta-se a importância da padronização do processo de transferência de informações, assegurando que estas estejam completas e acuradas, pelo uso de um instrumento para guiar a comunicação. Além disso, indo ao encontro da literatura, destaca-se a importância de um local apropriado para sua realização, que assegure a privacidade do paciente e o sigilo das informações transmitidas, comprometendo, assim, os profissionais envolvidos e valorizando a atividade como parte do processo de cuidar⁽¹³⁾.

Estudo identificou que a utilização de checklist contribui para a gestão do cuidado, qualifica a assistência e a segurança dos pacientes. Entretanto, existe a necessidade da criação de uma cultura voltada para a corresponsabilização e o envolvimento de todos os membros da equipe⁽²¹⁾. Estes achados vêm ao encontro da proposta deste estudo, na medida que pode contribuir na conscientização da equipe para a passagem de plantão, na proteção do ambiente para evitar interrupções, na padronização das informações a serem transmitidas, além de otimizar os custos com o tempo dispendido nesta atividade.

Além destes aspectos, uma passagem de plantão bem estruturada, com uso de ferramentas de padronização, desempenha importante papel na formação de estudantes, pois os auxilia a se tornarem organizados, compreendendo melhor o processo de cuidado dos pacientes e engajados na cultura de segurança⁽¹⁴⁾. Considerando que a instituição campo deste estudo é referência na formação de profissionais de saúde e possui importante rotatividade de colaboradores, a implantação do POP é uma importante estratégia no alinhamento das equipes para o uso do Formulário da Passagem de Plantão sem que haja discrepância na qualidade das informações transmitidas.

Estudo examinou o impacto de um Sistema Integrado para Transferência de Cuidado de Enfermagem na satisfação dos enfermeiros com a passagem de plantão e as mudanças na prática. Os resultados foram positivos, melhorando a satisfação e ampliando o acesso às informações sobre os pacientes e para os membros da equipe de saúde das diferentes unidades da instituição⁽²²⁾. Além disso, espera-se que os registros em saúde sejam completos, acurados, objetivos e concisos, com a possibilidade de serem submetidos a auditoria.

Outro ponto importante é a qualidade dos registros efetuados, reflexo da assistência prestada, tendo-se os documentos do paciente e as suas respectivas informações registradas como elemento chave para a condução do tratamento, cuja segurança na guarda e no acesso é imperativa⁽²³⁾. Destacam-se três objetivos fundamentais que devem ser assegurados para certificar a qualidade do registro: garantia de confidencialidade, grau de integridade dos dados armazenados e amplitude de disponibilidade das informações⁽²⁴⁾. Reitera-se, ainda, que os registros em saúde podem subsidiar ações de gestão, vigilância, ensino e pesquisa, com destaque para os cuidados éticos na geração e manipulação dos dados dos pacientes⁽²⁵⁾.

Nesse sentido, a responsabilidade da enfermagem é notável pelo fato de acompanhar o paciente em todos os momentos de sua internação, gerenciando assim as informações e o cuidado entre os diferentes turnos e nos mais diversos cenários da instituição, não esquecendo as áreas de apoio (laboratório, serviços de imagem e diagnóstico, entre outros). Essa continuidade do processo de cuidar mostra-se frágil quando a equipe não segue sistematicamente suas ações, possibilitando que falhas de comunicação na transição do cuidado coloquem o paciente em risco e infrinjam questões ético legais.

Cabe ao enfermeiro o planejamento, organização, execução e avaliação dos serviços de enfermagem, e a negligência de alguma dessas etapas pode ocasionar interrupção do cuidado dispendido aos pacientes⁽²⁶⁾. Assim, a uniformização das informações das práticas assistenciais asseguradas pela utilização de um Formulário de Passagem de Plantão e um POP visam garantir a transferência do cuidado de maneira eficaz e segura, além de evidenciar de forma concisa as habilidades dos enfermeiros em tomadas de decisões, atitudes de liderança, habilidades técnicas, comprometimento e autonomia frente ao processo de cuidar.

Dentre os fatores descritos, cabe salientar as implicações trabalhistas vigentes: a equipe de enfermagem não deve ultrapassar sua jornada de trabalho. Assim, a reorganização do processo de passagem de plantão com procedimentos bem descritos possibilita a otimização do tempo dispendido, além da qualidade da informação, obedecendo os preceitos legais da profissão.

Como limitação, destaca-se o fato deste estudo relatar apenas a construção dos instrumentos, assim, sugere-se a realização de estudos mais robustos para monitorar a qualidade da transmissão das informações após a padronização da passagem de plantão na instituição. No entanto, reitera-se que os instrumentos aqui apresentados podem contribuir para a efetividade da transferência do cuidado em diferentes cenários da prática assistencial de enfermagem.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O desenvolvimento do Formulário e do POP para passagem de plantão da enfermagem forneceu elementos norteadores para garantir a qualidade deste processo, contemplando as principais informações para a transferência segura do cuidado aos pacientes, no tempo previsto. O fato de ter sido desenvolvido e validado de forma participativa entre os membros que estão diretamente na assistência de enfermagem colaborou para a aceitação das alterações propostas e a qualificação do processo na prática clínica.

Desta forma, como sugestão de aprimoramento, sugere-se o acompanhamento da adesão das equipes ao uso do Formulário de passagem de plantão, operacionalizado conforme o POP, assim como a avaliação da sua efetividade na prática clínica. Estes resultados contribuem para a sistematização do trabalho do enfermeiro com base em dados científicos, importantes para o desenvolvimento da profissão e o empoderamento de todas as suas categorias, de forma a torná-los os verdadeiros protagonistas da saúde, conforme desafio da campanha Nursing Now no ano de 2020.

COMO REFERENCIAR ESTE ARTIGO:

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Editado por

Editora associada: Luciana Alcântara Nogueira

Datas de Publicação

• Publicação nesta coleção
  29 Out 2021
• Data do Fascículo
  2021

Histórico

• Recebido
  26 Maio 2020
• Aceito
  23 Out 2020