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FATORES ASSOCIADOS AO ABANDONO DO TRATAMENTO DA TUBERCULOSE PULMONAR

FACTORES ASOCIADOS AL ABANDONO DEL TRATAMIENTO DE LA TUBERCULOSIS PULMONAR

RESUMO

Objetivo:

analisar os fatores associados ao abandono do tratamento dos casos de tuberculose pulmonar de Rondonópolis, Mato Grosso, Brasil, de 2008 a 2017.

Método:

estudo quantitativo, transversal, descritivo e de série histórica. Os dados foram coletados no Sistema de Informações sobre Agravos de Notificação. Realizou-se análise descritiva e, para verificar associações, foram utilizados testes Qui-quadrado e Exato de Fisher nos casos de frequências menores que cinco. Foram estimados odds ratio e intervalos de 95% de confiança.

Resultados:

houve 584 casos de tuberculose pulmonar, destes 8,56% abandonaram o tratamento. O perfil dos casos de abandono foi: sexo masculino (62%), adultos (94%), pardos (54%), ensino fundamental (48%), zona urbana (90%) e realizaram Tratamento Diretamente Observado (56%). A faixa etária e TDO foram fatores associados ao abandono do tratamento.

Conclusão:

este estudo poderá contribuir no planejamento das ações em saúde com estratégias de prevenção com a finalidade de garantir adesão ao tratamento.

DESCRITORES
Tuberculose; Terapêutica; Epidemiologia; Análise Quantitativa; Atenção Primária à Saúde

RESUMEN

Objetivo:

analizar los factores asociados al abandono del tratamiento de los casos de tuberculosis pulmonar en Rondonópolis, Mato Grosso, Brasil, de 2008 a 2017.

Método:

estudio cuantitativo, transversal, descriptivo y de series de casos. Los datos fueron recolectados en el Sistema de Información de Enfermedades de Notificación Obligatoria. Se realizó un análisis descriptivo y, para verificar asociaciones, se utilizaron las pruebas de Chi-cuadrado y Exacto de Fisher en los casos con frecuencias menores a cinco. Las razones de probabilidad y los intervalos de confianza se estimaron en 95%.

Resultados:

se registraron 584 casos de tuberculosis pulmonar, de los cuales el 8.56% abandonó el tratamiento. El perfil de los casos de deserción fue: sexo masculino (62%), adultos (94%), de piel morena (54%), escuela primaria (48%), zona urbana (90%) y sometidos a Tratamiento Directamente Observado (56%). El rango de edad y el TDO fueron factores asociados al abandono del tratamiento.

Conclusión:

este estudio puede contribuir a la planificación de acciones de salud con estrategias de prevención para garantizar la adherencia al tratamiento.

DESCRIPTORES
Tuberculosis; Tratamiento; Epidemiología; Análisis Cuantitativo; Atención Básica de la Salud

ABSTRACT

Objective:

to analyze the factors associated with the abandonment of pulmonary tuberculosis treatment in Rondonópolis, Mato Grosso, Brazil, from 2008 to 2017.

Method:

a quantitative, cross-sectional and descriptive study, of historical series. The data were collected from the Notifiable Diseases Information System. A descriptive analysis was carried out and, in order to verify associations, the Chi-square and Fisher’s Exact tests were used in cases with frequencies below five. The Odds Ratio and 95% confidence intervals were estimated.

Results:

there were 584 cases of pulmonary tuberculosis, of which 8.56% abandoned the treatment. The profile of the abandonment cases was as follows: male (62%), adults (94%), brown-skinned (54%), elementary school (48%), urban area (90%), and who underwent Directly Observed Treatment (56%). Age group and DOT were factors associated with treatment abandonment.

Conclusion:

this study will be able to contribute to the planning of health actions with prevention strategies, aiming to ensure adherence to the treatment.

DESCRIPTORS
Tuberculosis; Therapeutics; Epidemiology; Quantitative Analysis; Primary Health Care

INTRODUÇÃO

A tuberculose é uma doença infecciosa e transmissível, causada pelo Mycobacterium tuberculosis, de notificação compulsória, que acomete principalmente os pulmões (forma pulmonar), podendo se disseminar para outros órgãos e sistemas (forma extrapulmonar)(11 Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Vigilância em Saúde. Coordenação-Geral de Desenvolvimento da Epidemiologia em Serviços. Guia de Vigilância em Saúde: volume único. [Internet]. Brasília: Ministério da Saúde; 2017. [acesso em 13 ago 2019]; Disponível em: http://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2017/outubro/06/Volume-Unico-2017.pdf.
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). A disseminação da bactéria ocorre através de gotículas respiratórias pelo ar. O indivíduo suscetível inala partículas expelidas pelo indivíduo infectado, progredindo para infecção ativa ou latente. A infecção ativa caracteriza-se pela migração das bactérias até os alvéolos(22 Busatto C, Reis AJ, Valim AR de M, Nunes L de S, Carneiro M, Possuelo L. Tuberculose ativa versus tuberculose latente: uma revisão de literatura. J Infect Control. [Internet]. 2015 [acesso em 13 ago 2019]; 4(3). Disponível em: http://jic-abih.com.br/index.php/jic/article/view/116/pdf.
http://jic-abih.com.br/index.php/jic/art...
). Já a latente ocorre quando o organismo encontra-se em situações metabolicamente desfavoráveis para o bacilo, havendo multiplicação lenta durante dias ou anos, podendo levar ao adoecimento(11 Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Vigilância em Saúde. Coordenação-Geral de Desenvolvimento da Epidemiologia em Serviços. Guia de Vigilância em Saúde: volume único. [Internet]. Brasília: Ministério da Saúde; 2017. [acesso em 13 ago 2019]; Disponível em: http://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2017/outubro/06/Volume-Unico-2017.pdf.
http://portalarquivos.saude.gov.br/image...
).

De acordo com estatísticas mundiais, em 2016, 10,4 milhões de pessoas adoeceram de tuberculose e cerca de 1,3 milhão evoluíram a óbito(33 World Health Organization (WHO). Regional Office for South-East Asia. Bending the curve ending TB. Annual Report: 2017. [Internet]. 2017 [acesso em 13 ago 2019]. Disponível em: https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/254762/978929022584-eng.pdf?sequence=1&isAllowed=y.
https://apps.who.int/iris/bitstream/hand...
). Foram notificados no Brasil 69.569 casos novos em 2017 e 4.426 óbitos por tuberculose. Os coeficientes de incidência e de mortalidade apresentaram redução média anual de 1,6% (2008 a 2017) e 2,0% (2007 a 2016)(44 Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Vigilância em Saúde. Boletim Epidemiológico 11. Implantação do Plano Nacional pelo Fim da Tuberculose como Problema de Saúde Pública no Brasil: primeiros passos rumo ao alcance de metas. [Internet]. 2018 [acesso em 13 ago 2019]. Disponível em: http://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2018/marco/26/2018-009.pdf.
http://portalarquivos2.saude.gov.br/imag...
).

Em 1993, foi lançada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) a estratégia Does Directly Observed Treatment, nomeada no Brasil como Tratamento Diretamente Observado (TDO), e em 1999, o Ministério da Saúde ratificou esta estratégia no país. O TDO tem por objetivo a adesão do paciente ao tratamento, diminuindo casos de abandono e aumento da probabilidade de cura. Neste, o profissional de saúde realiza a observação da ingestão do medicamento desde o início até o fim da terapia medicamentosa(55 Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Vigilância em Saúde. Brasil Livre da Tuberculose: Plano Nacional pelo fim da tuberculose como problema de saúde pública. [Internet]. Brasília: Ministério da Saúde; 2017 [acesso em 13 ago 2019]. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/brasil_livre_tuberculose_plano_nacional.pdf.
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoe...
-66 Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Tratamento diretamente observado da tuberculose na atenção básica: protocolo de enfermagem. [Internet]. Brasília: Ministério da Saúde; 2011 [acesso em 13 ago 2019]. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/tratamento_diretamente_observado_tuberculose.pdf.
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoe...
).

O abandono de tratamento é definido quando o paciente se ausenta da unidade de referência por mais de 30 dias consecutivos, após a data prevista para o retorno, e nos casos de TDO, este prazo é contado a partir da última tomada dos fármacos(66 Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Tratamento diretamente observado da tuberculose na atenção básica: protocolo de enfermagem. [Internet]. Brasília: Ministério da Saúde; 2011 [acesso em 13 ago 2019]. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/tratamento_diretamente_observado_tuberculose.pdf.
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoe...
). Estes casos de abandono são tão importantes como casos novos da tuberculose, uma vez que, além de causar resistência ao bacilo, geram custos com recursos humanos e materiais que o serviço de saúde necessita disponibilizar a cada início de tratamento(77 Lopes RH, Menezes RMP de, Costa TD da, Queiroz AAR de, Cirino ID, Garcia MC da C. Fatores associados ao abandono do tratamento da tuberculose pulmonar: uma revisão integrativa. Rev Baiana Saúde Pública. [Internet]. 2013 [acesso em 14 ago 2019]; 37(3). Disponível em: http://rbsp.sesab.ba.gov.br/index.php/rbsp/article/view/455/836.
http://rbsp.sesab.ba.gov.br/index.php/rb...
).

Os principais fatores associados à dificuldade de adesão ao tratamento estão relacionados à falta de informação do paciente e da família sobre a doença, uso de bebidas alcoólicas e drogas ilícitas, barreiras sociais, escolaridade e reações adversas ao medicamento e ao TDO. A aplicação deste tratamento, além de alterar a rotina diária, pode gerar constrangimentos quando realizado na unidade de saúde(88 Souza ACS de, Silva MLSJ da, Miranda LN. Dificuldades na adesão do plano de tratamento pelo paciente com tuberculose. Cad. Grad. Ciênc. Bio. Sau. Unit. [Internet]. 2017 [acesso em 13 ago 2019]; 4(2). Disponível em: https://periodicos.set.edu.br/index.php/fitsbiosaude/article/view/4560/2623.
https://periodicos.set.edu.br/index.php/...
).

Ao realizar o esquema terapêutico no prazo delimitado pelo Ministério da Saúde, interrompe-se a cadeia de transmissão e evitam-se notificações de casos novos. Neste sentido, justifica-se a importância de estudos epidemiológicos devido à escassez de publicações sobre este tema e espera-se que os resultados possam subsidiar a gestão de saúde municipal para intervir sobre a prevenção da doença e evitar o abandono do tratamento.

Desta forma, este estudo teve como objetivo analisar os fatores associados à taxa de abandono do tratamento dos casos novos de tuberculose pulmonar da cidade de Rondonópolis, Mato Grosso, Brasil no período de 2008 a 2017.

MÉTODO

Trata-se de um estudo quantitativo, transversal, descritivo e de série histórica dos fatores associados ao abandono do tratamento da tuberculose, notificados em Rondonópolis-MT entre 2008 e 2017.

O estado do Mato Grosso está localizado na região Centro Oeste do Brasil e possui uma população estimada de 3.441.998 habitantes. Rondonópolis situa-se na região sul mato-grossense, a cerca de 215 km da capital, com população estimada de 228.857 habitantes(99 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). [Internet]. 2020 [acesso em 25 nov 2018]. Disponível em: https://www.ibge.gov.br/.
https://www.ibge.gov.br/...
). Possui 44 Unidades Básica de Saúde, seis Ambulatórios Especializados e seis estabelecimentos de saúde, distribuídos para o atendimento ambulatorial de acordo com o Cadastro Nacional dos Estabelecimentos de Saúde. São estas unidades responsáveis pela notificação dos casos de tuberculose.

O esquema medicamentoso para o tratamento da tuberculose é disponibilizado gratuitamente no Serviço de Atenção Especializada (SAE) em Rondonópolis, que também realiza busca ativa dos casos novos, exames, encaminhamentos, vacinação e quimioprofilaxia. Os casos que necessitam de internação são encaminhados ao Hospital de referência do estado.

Para delimitar a população do estudo, foram incluídos todos os casos novos de tuberculose notificados entre 2008 e 2017, que apresentaram situação de encerramento do tratamento por alta, cura ou abandono e exame de baciloscopia positivo. Como critérios de exclusão, reingresso após abandono e transferência, tipo de entrada por recidiva, situação de encerramento por óbito, mudança de diagnóstico e tuberculose resistente.

A coleta de dados ocorreu através de fonte secundária, por meio do Sistema de Informações sobre Agravos de Notificação, disponível no Departamento de Estatística do Sistema Único de Saúde, e os dados foram salvos no aplicativo Tabwin versão 3. Foram selecionadas as variáveis: situação de encerramento (alta, cura e abandono); sexo (masculino e feminino); faixa etária (<14, 15-59 e > 60); raça (branca, preta, parda e indígena); escolaridade (analfabeto, ensinos fundamental, médio ou superior incompletos e completos); zona de residência (urbana, periurbana e rural); exame para Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) (positivo, negativo e não realizado); diabetes (não e sim); alcoolismo (não e sim); drogas ilícitas (não e sim); doença mental (não e sim); e presença de comorbidades (não e sim).

As análises estatísticas foram realizadas no programa R. Primeiramente, foi realizada análise descritiva. Para verificar possíveis associações entre variáveis, foram utilizados os testes Qui-quadrado e Exato de Fisher nos casos em que as frequências esperadas fossem menores que cinco. Foram estimados odds ratio (OR) e respectivos intervalos de 95% de confiança (IC 95%). Às categorias de referência, atribuiu-se OR de 1,00.

Este estudo, apesar de tratar de dados secundários e de domínio público, respeita os aspectos éticos de pesquisa com seres humanos conforme Resolução 466/2012, sendo aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Júlio Muller sob parecer n. 1.571.782.

RESULTADOS

Entre 2008 e 2017, foram notificados 584 casos de tuberculose pulmonar no município em estudo, dentre esses casos, 50 (8,56%) abandonaram o tratamento. Destaca-se o ano de 2016, em que foram mais prevalentes as notificações (n=71; 12,84%) e 2010 com maiores prevalências de casos de abandono do tratamento (n=13; 26%) (Tabela 1).

Tabela 1
Casos de tuberculose pulmonar notificados e casos de abandono do tratamento da tuberculose pulmonar de Rondonópolis no período de 2008 a 2017. Rondonópolis, MT, Brasil, 2019

De acordo com os dados sociodemográficos, observa-se que o perfil dos casos de abandono do tratamento da tuberculose foram indivíduos do sexo masculino (n=31; 62%), faixa etária 15 a 59 anos (n=47; 94%), raça parda (n=27; 54%), ensino fundamental completo e/ou incompleto (n=24; 48%) e residentes da zona urbana (n=45; 90%) (Tabela 2).

Tabela 2
Distribuição dos casos de abandono do tratamento da tuberculose pulmonar segundo variáveis sociodemográficas. Rondonópolis, Mato Grosso, Brasil, 2019

Na análise de associação destes casos com o sexo, não houve significância estatística (p=0,1977). Em relação à faixa etária, foi observado valor de razão de chances de 3,32, o que significa que indivíduos a faixa etária de 15 a 59 anos têm 3,32 vezes mais risco de abandonar o tratamento que os demais, assim como o p=0,0289 indica que essa razão é significativa com relação a essas variáveis. Nos casos estudados, raça (p=0,6360), escolaridade (p=0,5455) e zona de residência (p=0,5762) não apresentaram significância estatística quanto à associação com o abandono do tratamento (Tabela 2).

Em relação às características clínicas, o perfil dos casos de abandono do tratamento foi: exame para HIV negativo (n=36; 72%), não alcoolistas (n=34; 68%), não tabagistas (n=9; 18%), não diabéticos (n=45; 90%), sem transtorno mental (n=46; 92%), não fazem uso de drogas ilícitas (n=8; 16%), sem outras patologias (n=39; 78%) e realizaram o TDO (n=28; 56%). Observam-se dados elevados de ignorado ou em branco nas variáveis tabagismo (n=34; 68%) e drogas ilícitas (n=36; 72%) (Tabela 3).

Sobre o exame para HIV (p=0,4908), alcoolismo (p=0,1453), tabagismo, (p=0,4538), diabetes mellitus (p=0,9730), drogas ilícitas (p=0,6261) e outra doença (p= 0,6765), houve ausência de significância estatística entre essas variáveis e o abandono do tratamento. Quando analisado se o TDO foi realizado, os que realizaram têm 1,80 vez mais chances de abandonar do que indivíduos que não realizaram. O p=0,0342 revela significância estatística entre TDO realizado e abandono do tratamento (Tabela 3).

Tabela 3
Distribuição dos casos de abandono do tratamento de tuberculose pulmonar segundo as características clínicas. Rondonópolis, Mato Grosso, Brasil, 2019

DISCUSSÃO

Neste estudo, a minoria dos casos (8,56%) abandonou o tratamento de tuberculose pulmonar. Semelhante aos estudos realizados no Hospital do Rio de Janeiro-RJ entre 2007 a 2013 (4,8%)(1010 Silva VD da, Mello FC de Q, Figueiredo SC de A. Estimated rates of recurrence, cure, and treatment abandonment in patients with pulmonary tuberculosis treated with a four drug fixed-dose combination regimen at a tertiary health care facility in the city of Rio de Janeiro, Brazil. J Bras Pneumol. [Internet]. 2017 [acesso em 20 set 2019]; 43(2). Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/S1806-37562016000000204.
https://doi.org/10.1590/S1806-3756201600...
); no Estado de Alagoas entre 2008 a 2017 (12,27%)(1111 Santos JGC, Rocha MA do N, Santos RC, Ribas JLC. Perfil clínico e epidemiológico da tuberculose em Alagoas de 2008 a 2017. Rev Saúde e Desenvolvimento. [Internet]. 2019 [acesso em 13 ago 2019]; 13(14). Disponível em: https://www.uninter.com/revistasaude/index.php/saudeDesenvolvimento/article/view/1015.
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); e em Pernambuco (11,3%) entre 2011 a 2014(1212 Soares MLM, Amaral NAC do, Zacarias ACP, Ribeiro LK de NP. Aspectos sociodemográficos e clinico-epidemiológicos do abandono do tratamento de tuberculose em Pernambuco, Brasil, 2001-2014. Epidemiol. Serv. Saúde. [Internet]. 2017 [acesso em 20 set 2019]; 26(2). Disponível em: http://doi.org/10.5123/S1679-49742017000200014.
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). O abandono do tratamento geralmente está relacionado com mau prognóstico(1313 Anduaga-Beramendi A, Maticorena-Quevedo J, Beas R, Chanamé-Baca DM, Veramendi M, Wiegering-Rospigliosi A, et al. Factores de riesgo para el abandono del tratamiento de tuberculosis pulmonar sensible en un establecimiento de salud de atención priaria, Lima, Perú. Acta Méd. Peruana. [Internet]. 2016 [acesso em 25 set 2019]; 33(1). Disponível em: http://www.scielo.org.pe/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1728-59172016000100005.
http://www.scielo.org.pe/scielo.php?scri...
).

Apesar de poucos casos notificados de abandono de tratamento, o ano de 2010 apresentou prevalência significativa em relação aos outros anos de estudo (26%). Este fato pode estar relacionado à gestão dos casos de tuberculose, com a intensificação de acompanhamento e notificação, realizados neste ano pelos profissionais de saúde do município.

Em Rondonópolis-MT, a maioria dos casos (62%) de abandono do tratamento foi do sexo masculino. Um estudo em Buenos Aires (Argentina) revela que há risco maior para não adesão ao tratamento dos homens que foram internados(1414 Herrero MB, Ramos S, Arrossi S. Determinants of non adherence to tuberculosis treatment in Argentina: barriers related to access to treatment. Rev. Bras. Epidemiol. [Internet]. 2015 [acesso em 26 set 2019]; 18(2). Disponível em: http://doi.org/10.1590/1980-5497201500020001.
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).

Quanto à faixa etária, a maioria dos casos foram adultos (97%). A faixa etária 20 a 39 anos correspondeu a 12,7% dos casos em Pernambuco entre 2011 a 2014(1212 Soares MLM, Amaral NAC do, Zacarias ACP, Ribeiro LK de NP. Aspectos sociodemográficos e clinico-epidemiológicos do abandono do tratamento de tuberculose em Pernambuco, Brasil, 2001-2014. Epidemiol. Serv. Saúde. [Internet]. 2017 [acesso em 20 set 2019]; 26(2). Disponível em: http://doi.org/10.5123/S1679-49742017000200014.
https://doi.org/10.5123/S1679-4974201700...
). No Rio de Janeiro, ter 50 anos ou mais apresentou associação ao menor risco de abandono em relação aos casos de 15-29 anos em portadores de tuberculose(1515 Viana PV de S, Redner P, Ramos JP. Fatores associados ao abandono e ao óbito de casos de tuberculose drogarresistente (TBDR) atendidos em um centro de referência no Rio de Janeiro, Brasil. Cad. Saúde Pública. [Internet]. 2018 [acesso em 01 out 2019]; 34(5). Disponível em: http://doi.org/10.1590/0102-311X00048217.
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). Fato semelhante em Recife-PE: 20 a 59 anos gerou 85,6% das notificações, entre 2005 e 2010(1616 Silva CCAV da, Andrade MS, Cardoso MD. Fatores associados ao abandono do tratamento de tuberculose em indivíduos acompanhados em unidades de saúde de referência na cidade do Recife, Estado de Pernambuco, Brasil, entre 2005 e 2010. Epidemiol. Serv. Saúde. [Internet]. 2013 [acesso em 01 out 2019]; 22(1). Disponível em: http://dx.doi.org/10.5123/S1679-49742013000100008.
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).

Houve associação estatística entre faixa etária e casos de abandono de tratamento neste estudo. Essa população de 15 a 59 anos acometida pela tuberculose é afetada por questões econômicas, uma vez que estão inseridos no mercado de trabalho e são responsáveis pela renda familiar(1111 Santos JGC, Rocha MA do N, Santos RC, Ribas JLC. Perfil clínico e epidemiológico da tuberculose em Alagoas de 2008 a 2017. Rev Saúde e Desenvolvimento. [Internet]. 2019 [acesso em 13 ago 2019]; 13(14). Disponível em: https://www.uninter.com/revistasaude/index.php/saudeDesenvolvimento/article/view/1015.
https://www.uninter.com/revistasaude/ind...
). Como também é justificativa deste abandono a dificuldade de acesso ao serviço de saúde, devido à incompatibilidade com carga horária da ocupação profissional(1717 Medeiros RF, Santos TP dos, Silva M de L, Silva EN da, Sousa MNA de, Temoteo RC de A. Abandono do tratamento de tuberculose em um município no sertão paraibano. Journal of Medicine and Health Promotion. [Internet]. 2016 [acesso em 13 ago 2019]; 1(3). Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/318642322_abandono_do_tratamento_de_tuberculose_em_um_municipio_no_sertao_paraibano.
https://www.researchgate.net/publication...
).

Segundo análise da raça neste estudo, houve mais notificações a parda (54%); corroborando com casos da não branca (86,5%) no Maranhão entre 2001 a 2010(1818 Silva P da F, Moura GS, Caldas A de JM. Fatores associados ao abandono do tratamento da tuberculose pulmonar no Maranhão, Brasil, no período de 2001 a 2010. Cad. Saúde Pública. [Internet]. 2014 [acesso em 03 out 2019]; 30(8). Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/0102-311X00124513.
https://doi.org/10.1590/0102-311X0012451...
). Independente da raça, são as desigualdades sociais e econômicas onde transparece a persistência da tuberculose no mundo, o que leva a um impacto na morbimortalidade, incluindo a população mais vulnerável(1919 Romero ROG, Ribeiro CMC, Sá LD de, Villa TCS, Nogueira J de A. Underreporting of tuberculosis cases from death surveillance. Rev. Eletr. Enf. [Internet]. 2016 [acesso em 03 out 2019]; 18. Disponível em: http://dx.doi.org/10.5216/ree.v18.37249.
https://doi.org/10.5216/ree.v18.37249...
).

Na variável escolaridade, prevaleceu ensino fundamental incompleto e/ou completo (48%), corroborando com casos em Recife-PE, onde houve maior chance de abandono naqueles sem escolaridade e escolaridade inferior ao ensino fundamental incompleto(1616 Silva CCAV da, Andrade MS, Cardoso MD. Fatores associados ao abandono do tratamento de tuberculose em indivíduos acompanhados em unidades de saúde de referência na cidade do Recife, Estado de Pernambuco, Brasil, entre 2005 e 2010. Epidemiol. Serv. Saúde. [Internet]. 2013 [acesso em 01 out 2019]; 22(1). Disponível em: http://dx.doi.org/10.5123/S1679-49742013000100008.
https://doi.org/10.5123/S1679-4974201300...
). Em Pernambuco, entre 2001 e 2014, 12,1% dos casos tinham baixa escolaridade(1212 Soares MLM, Amaral NAC do, Zacarias ACP, Ribeiro LK de NP. Aspectos sociodemográficos e clinico-epidemiológicos do abandono do tratamento de tuberculose em Pernambuco, Brasil, 2001-2014. Epidemiol. Serv. Saúde. [Internet]. 2017 [acesso em 20 set 2019]; 26(2). Disponível em: http://doi.org/10.5123/S1679-49742017000200014.
https://doi.org/10.5123/S1679-4974201700...
).

A baixa escolaridade ocorre também na capital do Peru, onde pacientes que estão mais propensos a abandonar o tratamento são os que têm menos de seis anos de estudo(1313 Anduaga-Beramendi A, Maticorena-Quevedo J, Beas R, Chanamé-Baca DM, Veramendi M, Wiegering-Rospigliosi A, et al. Factores de riesgo para el abandono del tratamiento de tuberculosis pulmonar sensible en un establecimiento de salud de atención priaria, Lima, Perú. Acta Méd. Peruana. [Internet]. 2016 [acesso em 25 set 2019]; 33(1). Disponível em: http://www.scielo.org.pe/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1728-59172016000100005.
http://www.scielo.org.pe/scielo.php?scri...
). Um estudo no Rio de Janeiro-RJ com pacientes com menos de oito anos de estudo apresentaram um risco maior de abandono do tratamento(1515 Viana PV de S, Redner P, Ramos JP. Fatores associados ao abandono e ao óbito de casos de tuberculose drogarresistente (TBDR) atendidos em um centro de referência no Rio de Janeiro, Brasil. Cad. Saúde Pública. [Internet]. 2018 [acesso em 01 out 2019]; 34(5). Disponível em: http://doi.org/10.1590/0102-311X00048217.
https://doi.org/10.1590/0102-311X0004821...
).

Neste estudo, a maioria dos casos (90%) residia na zona urbana. Dentre as notificações de casos novos de tuberculose em Alagoas (2008 a 2017), a zona urbana correspondeu a 80,63%(1111 Santos JGC, Rocha MA do N, Santos RC, Ribas JLC. Perfil clínico e epidemiológico da tuberculose em Alagoas de 2008 a 2017. Rev Saúde e Desenvolvimento. [Internet]. 2019 [acesso em 13 ago 2019]; 13(14). Disponível em: https://www.uninter.com/revistasaude/index.php/saudeDesenvolvimento/article/view/1015.
https://www.uninter.com/revistasaude/ind...
). Em Belo Horizonte-MG, 86% dos pacientes internados por tuberculose eram residentes da região metropolitana, fato relacionado a condições de moradia, nível socioeconômico e maior densidade populacional(2020 Rocha NP, Soares SM, Nascimento CV, Gonçalves ER, Ferreira CD. Diabetes mellitus em pacientes com tuberculose internados em hospital de referência em Belo Horizonte, Minas Gerais. Rev. Med. Minas Gerais. [Internet]. 2016 [acesso em 13 ago 2019]; 26(suppl5). Disponível em: http://rmmg.org/artigo/detalhes/2002.
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), o que facilita a transmissão do bacilo.

Quanto à realização do exame para HIV, 72% apresentaram resultados negativos. Realizar este exame é estabelecido pelo Ministério da Saúde, pois pessoas com HIV/AIDS têm risco maior de adoecimento de tuberculose por ser uma doença imunossupressora(11 Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Vigilância em Saúde. Coordenação-Geral de Desenvolvimento da Epidemiologia em Serviços. Guia de Vigilância em Saúde: volume único. [Internet]. Brasília: Ministério da Saúde; 2017. [acesso em 13 ago 2019]; Disponível em: http://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2017/outubro/06/Volume-Unico-2017.pdf.
http://portalarquivos.saude.gov.br/image...
). Em 2017 houve 91.000 casos novos de tuberculose com HIV no Brasil, sendo que a cobertura do tratamento foi de aproximadamente 87%(2121 World Health Organization (WHO). Global Tuberculosis Report 2018. [Internet]. Geneva: WHO; 2018 [acesso em 03 out 2019]. Disponível em: https://www.who.int/tb/publications/global_report/gtbr2018_main_text_28Feb2019.pdf?ua=1.
https://www.who.int/tb/publications/glob...
). Em Niterói-RJ, destaca-se que a coinfecção com HIV ocorre em regiões centrais, onde se concentram áreas de prostituição(2222 Valente BC, Angelo JR, Kawa H, Baltar VT. Tuberculosis and its associated factors in a city in the metropolitan region of Rio de Janeiro. Rev. Bras. Epidemiol. [Internet]. 2019 [acesso em 10 out 2019]; 22. Disponível em: http://doi.org/10.1590/1980-549720190027.
https://doi.org/10.1590/1980-54972019002...
).

Quando analisada a variável alcoolismo, os não alcoolistas totalizaram 68% dos casos. No Maranhão, constatou-se prevalência dos não alcoolistas (83,8%)(1818 Silva P da F, Moura GS, Caldas A de JM. Fatores associados ao abandono do tratamento da tuberculose pulmonar no Maranhão, Brasil, no período de 2001 a 2010. Cad. Saúde Pública. [Internet]. 2014 [acesso em 03 out 2019]; 30(8). Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/0102-311X00124513.
https://doi.org/10.1590/0102-311X0012451...
). O alcoolismo crônico é fator de risco para tuberculose, devido à queda do sistema imunológico, exposições a situações de risco e fragilidade social(2323 Rabahi MF, Silva Júnior JLR da, Ferreira ACG, Tannus-Silva DGS, Conde MB. Tratamento da Tuberculose. J Bras Pneumol. [Internet]. 2017 [acesso em 10 out 2019]; 43(6). Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/S1806-37562016000000388.
https://doi.org/10.1590/S1806-3756201600...
). Sobre o tabagismo, os não tabagistas totalizaram 18%. Ressalta-se que fumantes com tuberculose devem ser informados sobre os danos que essa prática pode causar a si mesmo e a outros indivíduos, em especial aos contatos com maior risco de contrair tuberculose ativa(2424 Araujo GS de, Pereira SM, Santos DN dos. Revisão sobre tuberculose e transtornos mentais comuns. Rev Eletron Gest Saúde. [Internet]. 2014 [acesso em 13 ago 2019]; 5(2). Disponível em: https://periodicos.unb.br/index.php/rgs/article/view/465.
https://periodicos.unb.br/index.php/rgs/...
).

Em relação ao diabetes mellitus, destaca-se os não portadores (90%), fato que pode ser justificado pela busca mais frequente do serviço de saúde devido à associação entre diabetes e tuberculose, tendo assim medidas de controle do tratamento mais intensificadas(1818 Silva P da F, Moura GS, Caldas A de JM. Fatores associados ao abandono do tratamento da tuberculose pulmonar no Maranhão, Brasil, no período de 2001 a 2010. Cad. Saúde Pública. [Internet]. 2014 [acesso em 03 out 2019]; 30(8). Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/0102-311X00124513.
https://doi.org/10.1590/0102-311X0012451...
). Ressalta-se a importância de proporcionar o diagnóstico do diabetes para portadores de tuberculose, pelas influências causadas no percurso da infecção(2020 Rocha NP, Soares SM, Nascimento CV, Gonçalves ER, Ferreira CD. Diabetes mellitus em pacientes com tuberculose internados em hospital de referência em Belo Horizonte, Minas Gerais. Rev. Med. Minas Gerais. [Internet]. 2016 [acesso em 13 ago 2019]; 26(suppl5). Disponível em: http://rmmg.org/artigo/detalhes/2002.
http://rmmg.org/artigo/detalhes/2002...
).

Os não portadores de transtornos mentais corresponderam a 92% dos casos de abandono. Um estudo de revisão aponta que há proporções elevadas de transtornos mentais comuns, ansiedade e/ou depressão entre portadores de tuberculose, porém não apresentaram dados estatísticos que confirmem associação entre estes(2424 Araujo GS de, Pereira SM, Santos DN dos. Revisão sobre tuberculose e transtornos mentais comuns. Rev Eletron Gest Saúde. [Internet]. 2014 [acesso em 13 ago 2019]; 5(2). Disponível em: https://periodicos.unb.br/index.php/rgs/article/view/465.
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).

Em relação a outras doenças, os não portadores corresponderam a 78% do estudo. A relevância dos casos de óbitos por tuberculose pode estar relacionada com outras comorbidades, como por exemplo, doenças dos aparelhos circulatório e digestório e neoplasias, que podem atrasar o diagnóstico e falhar no tratamento dos casos(2525 Rocha MS, Oliveira GP de, Aguiar FP, Sacareni V, Pinheiro RS. Do que morrem os pacientes com tuberculose: causas múltiplas de morte de uma coorte de casos notificados e uma proposta de investigação de causas presumíveis. Cad Saúde Pública. [Internet]. 2015 [acesso em 15 out 2019]; 31(4). Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/0102-311X00101214.
https://doi.org/10.1590/0102-311X0010121...
).

Analisando a variável drogas ilícitas, prevaleceram os não usuários (16%). Da mesma forma, no Rio de Janeiro-RJ, entre 2007 a 2014, evidenciou os não usuários de drogas ilícitas como 41,7% dos casos de abandono do tratamento(2626 Pereira AGL, Escosteguy CC, Gonçalves JB, Marques MRVE, Brasil CM, Silva MCS da. Factors associated with death from tuberculosis and treatment default in a general hospital in the city of Rio de Janeiro, 2007 to 2014. J. Epidemiol. Control. Infec. [Internet]. 2018 [acesso em 16 out 2019]; 8(2). Disponível em: http://dx.doi.org/10.17058/reci.v8i2.10675.
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). Devido à complexidade da tuberculose com uso de drogas ilícitas, é necessário que autoridades e profissionais de saúde criem estratégias para avaliar o comportamento dos usuários do serviço de saúde, assim como estabelecer políticas de intervenção para o controle da patologia(2727 Silva DR, Muñoz-Torrico M, Duarte R, Galvão T, Bonini EH, Arbex FF, et al. Risk factors for tuberculosis: diabetes, smoking, alcohol use, and the use of other drugs. J. Bras. Pneumol. [Internet]. 2018 [acesso em 16 out 2019]; 44(2). Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/S1806-37562017000000443.
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).

Houve associação estatística entre TDO e abandono do tratamento da tuberculose, com 56% de casos. Um estudo de revisão internacional aponta que existe diferença mínima no término do tratamento ao comparar o TDO realizado pelos profissionais de saúde e autoadministração do medicamento(2828 Karumbi J, Garner P. Directly observed therapy for treating tuberculosis. Cochrane database syst rev. [Internet]. 2015 [acesso em 30 out 2019]; 29(5). Disponível em: http://doi.org/10.1002/14651858.CD003343.pub4.
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).

Essa estratégia altera a rotina diária e gera constrangimentos no paciente quando realizado na unidade de saúde, um dos fatores associados à dificuldade de adesão ao tratamento(88 Souza ACS de, Silva MLSJ da, Miranda LN. Dificuldades na adesão do plano de tratamento pelo paciente com tuberculose. Cad. Grad. Ciênc. Bio. Sau. Unit. [Internet]. 2017 [acesso em 13 ago 2019]; 4(2). Disponível em: https://periodicos.set.edu.br/index.php/fitsbiosaude/article/view/4560/2623.
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). Em São Paulo-SP, a necessidade dos pacientes em comparecer às consultas na unidade causava desgaste, devido ao longo trajeto, assim como condições inapropriadas do transporte público, comprometimento físico por causa da patologia e intervalo extenso de espera pela consulta(2929 Ferreira KR, Orlandi GM, Silva TC da, Bertolozzi MR, França FO de S, Bender A. Representations on adherence to the treatment of Multidrug-Resistant Tuberculosis Rev. Esc. Enferm. USP. [Internet]. 2018 [acesso em 30 out 2019]; 52. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/S1980-220X2018010303412.
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).

É de responsabilidade municipal a operacionalização do TDO e o acompanhamento das medidas de prevenção. Trata-se de importante ferramenta para o controle da doença, porém é necessário reforçar que vai além de supervisionar a tomada do medicamento para que aumente a efetividade do tratamento(3030 Lavôr DCB da S, Pinheiro J dos S, Gonçalves MJF. Evaluation of the implementation of the directly observed treatment strategy for tuberculosis in a large city. Rev. Esc. Enferm. USP. [Internet]. 2016 [acesso em 30 out 2019]; 50(2). Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/S0080-623420160000200010.
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).

Observa-se número elevado de notificações com preenchimento em branco e/ou ignorado, destacando nas variáveis tabagismo (68%) e drogas ilícitas (72%). As notificações compulsórias de tuberculose são importantes para dados epidemiológicos locais e de relevância para realizar busca ativa de novos casos e acompanhamento dos pacientes durante o tratamento. Neste contexto, o preenchimento incorreto e/ou incompleto na notificação na atenção primária à saúde reflete falha da equipe e do serviço de saúde.

A análise deste estudo apresentou limitações por utilizar base de dados secundários e devido ao não preenchimento de dados importantes na notificação. Apesar das limitações, os resultados possibilitaram um diagnóstico dos casos de abandono do tratamento de tuberculose no município em questão. Assim, espera-se que este estudo contribua no planejamento das ações em saúde e no embasamento de mais estudos com essa temática.

CONCLUSÃO

A faixa etária adulta e a realização do TDO apresentaram relevância estatística, sendo fatores associados aos casos de abandono do tratamento da tuberculose em Rondonópolis-MT. Neste cenário, cabe aos profissionais de saúde realizar estratégias de prevenção com a finalidade de garantir adesão ao tratamento desta doença, tais como acolhimento, acompanhamento do TDO e monitoramento da adesão, projeto terapêutico singular, consulta com foco na adesão e rodas de conversa.

COMO REFERENCIAR ESTE ARTIGO:

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Editado por

Editora associada: Luciana Alcântara Nogueira

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    29 Out 2021
  • Data do Fascículo
    2021

Histórico

  • Recebido
    10 Abr 2020
  • Aceito
    01 Dez 2020
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