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MESTRADO PROFISSIONAL EM ENFERMAGEM: DEZ ANOS FORMANDO ENFERMEIROS PARA A INOVAÇÃO EM SAÚDE

DESCRIPTORS
Educação; Capacitação Profissional; Enfermagem; Tecnologia; Sistema Único de Saúde

As mudanças ocorridas na Educação e na Saúde, no início do século XXI, apontaram a necessidade de ampliar a formação stricto sensu e promover qualificação profissional com foco nas necessidades do mundo do trabalho, com retorno rápido da produção do conhecimento à sociedade. Nesta perspectiva, o Mestrado Profissional em Enfermagem da Universidade Federal do Paraná, de forma visionária, iniciou as atividades em 2011. Com o pioneirismo típico da Enfermagem, foi o primeiro do estado do Paraná e o quarto desta área no Brasil.

O Mestrado Profissional é ao mesmo tempo uma política pública pelo Ministério da Educação e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES): trata-se de Política Nacional de Educação Permanente em Saúde. A proposta soma a formação stricto sensu à necessidade de contribuições concretas à sociedade, advindas do conhecimento construído na academia. Assim, surgiu o Mestrado Profissional, associado à lógica de produção, mas valorizando a realidade do trabalho em saúde para o desenvolvimento tecnológico em outros espaços além da academia.

Esta mudança paradigmática em que se busca a educação orientada das lideranças de enfermagem, com visão ampliada de suas competências rumo ao futuro da profissão(11 Anders RL, Jackson D, Davidson PM, Daly JP. Nursing Leadership for 21st Century. Rev. Latino-Am. Enfermagem [Internet]. 2021 [acesso em 21 out 2021]; 29(e3472) Disponível em: https://doi.org/10.1590/1518-8345.0000.3472.
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), exigiu desdobramentos do corpo docente e esforços inesperados dos discentes. As primeiras dissertações defendidas, pela qualidade e impacto que causavam no ambiente profissional, foram a publicidade para o aumento no interesse das enfermeiras pelas vagas nas turmas subsequentes. As demandas dos serviços de saúde para o mestrado profissional vieram de vários lados, seja da própria Universidade, que precisava promover ações de qualificação profissional para as enfermeiras do seu hospital de ensino, das secretarias públicas de saúde, e dos hospitais públicos e privados.

Em paralelo ao pioneirismo, vieram os desafios: como assegurar a qualidade, a partir da experiência do Mestrado em Enfermagem acadêmico, na formação de enfermeiras na modalidade profissional e atender às demandas da prática de enfermagem e da sociedade? Como manter uma nova estrutura de pós-graduação sem financiamento próprio? Como o número de docentes daria conta de expandir suas atividades e se responsabilizar por mais um Programa de Pós-Graduação?

As respostas para estes questionamentos vieram através da participação coletiva, e a aproximação das pesquisas acadêmicas exitosas do mestrado profissional para países como Portugal e Canadá(22 Aued GK, Bernardino E, Silva OBM, Martins MM, Peres AM, Lima, LS. Competências da enfermeira de ligação na alta hospitalar. Rev Gaúcha Enferm [Internet]. 2021; [acesso em 21 out 2021]; 42(spe). Disponível em: https://doi.org/10.1590/1983-1447.2021.20200211.
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) motivou a continuidade da qualificação de enfermeiras da prática clínica. Também, as reivindicações junto à CAPES trouxeram frutos, e o comprometimento da universidade na infraestrutura física e de recursos humanos viabilizou a manutenção da nova proposta da pós-graduação.

Recentemente, o Programa mudou sua dinâmica, investindo fortemente em pesquisas de inovação tecnológica para processos assistenciais, de educação e gerenciais, com objetivo de promover mudança na prática e atender às demandas da sociedade. Em 2016, a proposta sui generis do Conselho Federal de Enfermagem (COFEN) em parceria com a CAPES, por meio do Acordo de Cooperação de fomento a mestrado profissional, permitiu o avanço desta proposta. Este acordo tem como finalidade qualificar enfermeiros que atuam diretamente na assistência à saúde no Sistema Único de Saúde (SUS) para a melhoria dos processos de trabalho, com impacto direto na prática profissional.

Em setembro de 2021, com dez anos de atividade e características consolidadas de um Mestrado Profissional, o Programa de Pós-Graduação em Prática do Cuidado em Saúde titulou 112 mestres e compõe corpo docente comprometido com o desenvolvimento tecnológico na enfermagem. A estratégia do COFEN de aplicar recursos nos Programas profissionais permitiu pesquisas mais ousadas, com desenvolvimento de produtos técnicos e tecnológicos de impacto na prática clínica e, consequentemente, melhoria da assistência à saúde e qualidade de vida da população.

Dessa forma, o Programa de Pós-Graduação em Prática do Cuidado em Saúde tem estado à frente de projetos que contribuem na qualificação do enfermeiro, que produzem e aplicam inovações tecnológicas nas áreas que atuam. Com mais de 50 tecnologias registradas em órgãos de controle e normatização, o Programa alcançou reconhecimento nacional quando recebeu os maiores prêmios da enfermagem brasileira. Conquistou o 1º Lugar no Prêmio – Tecnologias, Pesquisa, Cuidado, Cidadania CBCENF/COFEN 2019, reconhecimento de Experiência Inovadora Exitosa e Relevante para Enfermagem e para o SUS no Laboratório de Inovação em Enfermagem COFEN/OPAS 2020, Duas Iniciativas Nursing Now em 2021 e 1º Lugar no Prêmio – Políticas Públicas, Educação e Gestão CBCENF/COFEN 2021.

A perspectiva é avançar na qualificação dos enfermeiros a nível de doutorado, seguindo a tendência mundial de associar a enfermagem às inovações tecnológicas.

COMO REFERENCIAR ESTE ARTIGO:

  • Pontes L, Peres AM. Mestrado profissional em enfermagem: dez anos formando enfermeiros para a inovação em saúde. Cogitare Enferm. [Internet]. 2022 [acesso em “colocar data de acesso, dia, mês abreviado e ano”]; 27. Disponível em: http://dx.doi.org/10.5380/ce.v27i0.83658.

REFERÊNCIAS

  • 1
    Anders RL, Jackson D, Davidson PM, Daly JP. Nursing Leadership for 21st Century. Rev. Latino-Am. Enfermagem [Internet]. 2021 [acesso em 21 out 2021]; 29(e3472) Disponível em: https://doi.org/10.1590/1518-8345.0000.3472.
    » https://doi.org/10.1590/1518-8345.0000.3472
  • 2
    Aued GK, Bernardino E, Silva OBM, Martins MM, Peres AM, Lima, LS. Competências da enfermeira de ligação na alta hospitalar. Rev Gaúcha Enferm [Internet]. 2021; [acesso em 21 out 2021]; 42(spe). Disponível em: https://doi.org/10.1590/1983-1447.2021.20200211.
    » https://doi.org/10.1590/1983-1447.2021.20200211

Editado por

Editora associada: Luciana Puchalski Kalinke

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    11 Mar 2022
  • Data do Fascículo
    2022

Histórico

  • Recebido
    11 Nov 2021
  • Aceito
    23 Nov 2021
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