CONSTRUÇÃO E VALIDAÇÃO DE CARTILHA EDUCATIVA SOBRE O USO DE IMUNOSSUPRESSORES NO PÓS TRANSPLANTE RENAL

RESUMO

Objetivo:

construir e validar por concordância uma cartilha educativa sobre o uso dos imunossupressores no pós-transplante renal.

Método:

estudo metodológico, realizado em um ambulatório de acompanhamento de pacientes pós transplantados, no período de dezembro de 2019 a agosto de 2020. Desenvolvido em duas fases: construção da cartilha e validação por concordância do material por juízes especialistas. Foi considerado o nível de concordância de, no mínimo, 80% para se garantir a validação do material.

Resultados:

dos 30 itens avaliados da cartilha, na primeira fase, 15 foram modificados. Após as modificações do material, na segunda fase, somente um item apresentou valor de concordância inferior a 80%.

Conclusão:

a cartilha foi validada do ponto de vista de conteúdo e aparência, possibilitando auxílio aos profissionais de saúde no processo de educação em saúde, sendo um alicerce na assistência prestada aos pacientes transplantados renais.

DESCRITORES:
Transplante de Rim; Imunossupressores; Materiais de Ensino; Estudos de Validação; Enfermagem

ABSTRACT

Objective:

Construct and validate by agreement an educational booklet on the use of immunosuppressive drugs after kidney transplantation.

Method:

Methodological study carried out in an outpatient follow-up clinic for post-transplant patients, from December 2019 to August 2020. It was developed in two phases: construction of the booklet and validation by agreement of the material by expert judges. A minimum level of agreement of 80% was necessary for the validation of the material.

Results:

Of the 30 items evaluated in the booklet, in the first phase, 15 were modified. After the modifications in the material performed in the second phase, only one item had an agreement value lower than 80%.

Conclusion:

The booklet was validated in content and appearance. Thus, the material could be used to assist health professionals in the health education process and support the care provided to kidney transplant patients.

DESCRIPTORS:
Kidney Transplantation; Immunosuppressants; Teaching Materials; Validation Studies; Nursing

RESUMEN

Objetivo:

construir y validar por concordancia un folleto educativo sobre el uso de los inmunosupresores en el postrasplante renal.

Método:

estudio metodológico, realizado en un ambulatorio de seguimiento de pacientes post-trasplantados, en el periodo diciembre de 2019 a agosto de 2020. Desarrollado en dos fases: construcción del folleto y validación por concordancia del material por jueces especialistas. Se consideró un nivel de concordancia de al menos un 80% para garantizarse la validación del material.

Resultados:

de los 30 ítems evaluados del folleto en la primera fase, 15 fueron modificados. Después de las modificaciones del material, en la segunda fase, sólo un ítem presentó valor de concordancia inferior a 80%.

Conclusión:

el folleto fue validado desde el punto de vista del contenido y apariencia, posibilitando auxilio a los profesionales de la salud en el proceso de educación en salud, siendo una piedra angular en la asistencia prestada a los pacientes trasplantados renales.

DESCRIPTORES:
Trasplante de Riñón; Inmunosupresores; Materiales de Enseñanza; Estudios de Validación; Enfermería

INTRODUÇÃO

A taxa de não adesão (NA) aos imunossupressores no transplante renal (TxR) é a mais elevada em comparação a outros tipos de transplantes sólidos¹. Estudos destacam intervenções multidimensionais, envolvendo atividades educacionais, comportamentais e psicológicas, como efetivas para elevar a taxa de adesão no pós TxR. Dentre essas, as intervenções educacionais são as mais documentadas e se caracterizam por oferta de informações, podendo ocorrer individualmente ou em grupo, por correspondência ou por meio de tecnologias de informação e comunicação^2-3.

Para o sucesso da intervenção educativa, o profissional de saúde deve considerar as características dos pacientes e a rotina de atendimento, selecionando a melhor forma de disponibilização do material, isto é, na forma escrita, verbal ou visual. Cabe destacar o crescimento da utilização do telefone (sistema follow up) e programas de aplicativos de telefone móvel para acompanhamento e educação dos pacientes^2-3.

Assim, o material educativo impresso tem sua importância no auxílio ao tratamento, ampliando o conhecimento do paciente e, consequentemente, seu autocuidado e sua adesão ao tratamento. Ressalta-se que os materiais elaborados por profissionais de saúde complementam o processo educativo e as orientações verbais realizadas nos atendimentos^4-6.

Uma revisão sistemática que avaliou intervenções promissoras na adesão ao tratamento a essa população ressalta que a utilização de material educacional personalizado é um fator importante para intervenções educativas e comportamentais⁷. Dessa forma, o objetivo deste estudo foi construir e validar por concordância uma cartilha educativa sobre o uso dos imunossupressores no pós-transplante renal.

MÉTODO

Trata-se de estudo metodológico, desenvolvido em duas fases: construção da cartilha educativa para pacientes transplantados renais, e validação do material educativo por juízes. A cartilha foi construída conforme as recomendações para concepção e eficácia de materiais educativos, de acordo com as características: conteúdo, linguagem, organização, layout, ilustração, aprendizagem e motivação⁸.

O estudo foi desenvolvido em um ambulatório de atendimento a pacientes no pós TxR, situado em uma cidade do interior de Minas Gerais, Brasil. O período da construção e da validação do material educativo foi de dezembro de 2019 a agosto de 2020.

A construção da cartilha envolveu o levantamento do perfil dos pacientes pós transplantados renais e pesquisa bibliográfica das principais publicações referentes ao uso dos imunossupressores no pós TxR. Os referenciais teóricos que fundamentaram a cartilha foram as recomendações da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), e artigos científicos sobre adesão imunossupressora no pós TxR.

Dessa maneira, a elaboração da cartilha educativa teve o intuito de contribuir com as informações a respeito da nova rotina pós TxR e promover educação em saúde sobre o uso correto dos imunossupressores no pós transplante. Os trabalhos de design, diagramação e ilustração foram realizados por profissionais com formação em comunicação e publicidade e em arte, respectivamente. Para avaliação da cartilha, aplicou-se a validade de conteúdo e aparência, ou seja, instrumento baseado em julgamento que busca medir a adequação dos itens de avaliação com relação ao conteúdo, além da concordância entre os juízes⁸.

A coleta de dados foi realizada de maio a agosto de 2020. Inicialmente, os juízes foram selecionados e convidados a participarem, e recebiam a cartilha educativa na íntegra, o questionário sobre o perfil profissional e o protocolo de julgamento do material educativo.

Foram convidados a participar da validação 17 juízes, entre médicos, enfermeiros e farmacêuticos, com no mínimo um ano de atuação no transplante renal. O recrutamento dos juízes ocorreu por conveniência, pela técnica snowball (bola de neve), por indicação de profissionais especialistas em nefrologia/transplante renal. Esse tipo de amostragem é uma forma de amostra não probabilística, que utiliza cadeias de referência⁸. Foram incluídos como juízes enfermeiros, médicos e farmacêuticos atuantes na área de transplante renal por no mínimo um ano, e excluídos profissionais com especialização em nefrologia não atuantes com transplante e profissionais aposentados.

Os juízes avaliaram a cartilha por meio de um instrumento de julgamento elaborado pelos próprios autores. O instrumento avaliava o conteúdo e aparência a partir de trinta subitens, que se dividiam em seis sessões.

A primeira sessão se baseava em perguntas sobre os objetivos gerais da cartilha; a segunda era referente à estrutura e organização geral do material, envolvendo formatação, ilustrações, tamanho, fonte e tamanho das letras; a terceira, quarta e quinta eram referentes à estrutura, organização e conteúdo dos tópicos - transplante renal, imunossupressores e dicas para uso correto dos imunossupressores, respectivamente; e a sexta sessão se referia à relevância do material educativo.

Os juízes procederam à análise correspondente à concordância e à relevância de cada item, avaliando-os como adequado, parcialmente inadequado e inadequado, podendo sugerir ajustes que julgassem necessários. No final do período de avaliação pelos juízes, as recomendações foram aceitas e incorporadas ao material educativo, e, posteriormente, a nova versão da cartilha foi submetida aos mesmos 17 juízes para nova rodada de avaliações, bem como a novo processo de edição e diagramação.

Os dados obtidos foram analisados no programa Statistical Package for the Social Sciences versão 21 e programa R versão 3.6.3. A concordância foi realizada por meio da adequação do ajustamento das proporções dos juízes que concordaram com a pertinência da cartilha educativa. Itens que apresentaram nível de concordância menor que 80% foram alterados. A consistência interna foi avaliada por meio do coeficiente de alfa de Cronbach, empregando os seguintes pontos de corte: 0,6 - Mínimo; 0,7 Aceitável; 0,8 - Bom e 0,9 - Excelente⁹. Para este estudo, foi considerado desejável um coeficiente de confiabilidade maior ou igual a 0,7.

A pesquisa foi submetida e aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Juiz de Fora, sob o parecer nº 3.605.805.

RESULTADOS

A cartilha foi construída com três tópicos: transplante renal, imunossupressores e orientações para o uso adequado dos imunossupressores, e seção para anotações. A versão inicial possuia uma dimensão 10 cm de largura por 15cm de comprimento, com 22 páginas frente e verso, contendo capa, contracapa, sumário e três páginas para anotações. A partir da página seis era abordado o conceito de transplante renal, seguido pela definição de imunossupressores e finalizando com as orientações para o uso correto desses medicamentos.

Na primeira rodada, foi enviado o formulário para 17 profissionais. Destes, oito responderam e participaram da pesquisa. Dos oito juízes, eram do sexo feminino 75%, com média de idade de 40,3 anos, sendo cinco enfermeiros (62,5%) e três médicos (37,5%). Tinham mais de 20 de anos de formação 50%, tendo entre 10 a 20 anos de atuação com o transplante renal 50%.

Dos 30 subitens avaliados no material educativo, seis foram classificados em 100% adequados (20%), nove foram classificados com mais de 80% de adequação (30%) e 15 foram classificados com o valor inferior a 80% de adequação (50%). Aqueles classificados com taxa inferior a 80% de adequação (Tabela 1) foram revistos e as sugestões dos juízes ponderadas para a realização de mudanças.

Tabela 1
Descrição dos itens modificados da cartilha devido à porcentagem de adequação avaliada por juízes. Juiz de Fora, MG, Brasil, 2020

Seção	Item	Inadequado n (%)	Parcialmente Inadequado n (%)	Adequado n (%)
1.2 Objetivos	Mudança de comportamento	0(0)	5(62,50)	3(37,50)
1.3 Objetivos	Circulação da cartilha	0(0)	3(37,50)	5(62,50)
2.1 Estrutura Geral	Adequação sociocultural	0(0)	3(37,50)	5(62,50)
2. 4 Estrutura Geral	Número de páginas	1(12,50)	2(25)	5(62,50)
2.5 Estrutura Geral	Adequação do título	0(0)	3 (37,50)	5(62,50)
3.2 Estrutura - TxR	Estruturação das Informações	0(0)	3(37,50)	5(62,50)
3.4 Estrutura TxR	Redação e ortografia	0(0)	2(25)	6(75)
4.1 Estrutura Imunossup.	Mensagens claras e objetivas	0(0)	2(25)	6 (75)
4.2 Estrutura Imunossup.	Estruturação das informações	0(0)	3(37,50)	5(62,50)
4.4 Estrutura Imunossup.	Redação e ortografia	0(0)	2(25)	6(75)
5.1 Dicas de uso	Mensagens claras e objetivas	0(0)	3(37,50)	5(62,50)
5.2 Dicas de uso	Informações cientificamente corretas	0(0)	3(37,50)	5(62,50)
5.4 Dicas de uso	Estruturação das Informações	0(0)	3(37,50)	4(50)
5.5 Dicas de uso	Redação	0(0)	3(37,50)	5(62,50)
6.3 Relevância	Prevenção de complicações	0(0)	2(25)	5(62,50)

• TxR: Transplante Renal
• Fonte: Autores (2020).

De acordo com as sugestões dos juízes, foram realizadas alterações como: revisão gramatical, adequação da linguagem para melhor entendimento do público-alvo, padronização do uso do termo adesão para todo o material, mudança da fonte, tamanho de letras e imagens, construção de tabelas. O Quadro 1 apresenta a síntese qualitativa das recomendações realizadas pelos juízes e acatadas pelos autores até a versão final da cartilha.

Quadro 1
Síntese da análise qualitativa das sugestões realizadas pelos juízes. Juiz de Fora, MG, Brasil, 2020

Sugestões Juízes
Capa	Substituir termo pacientes para receptores.
Seção Imunossupressores	Colocar fotos dos comprimidos e criar uma tabela de organização do uso dos imunossupressores. Acrescentar mais nomes comerciais dos fármacos.
Seção Uso correto dos imunossupressores	Enfatizar a importância de não faltar às consultas. Falar sobre a importância dos pacientes se programarem para a retirada dos medicamentos na farmácia. Abordar as orientações caso o paciente esqueça de tomar os medicamentos. Padronizar para termo adesão.
Estrutura Geral	Reduzir número de páginas. Trocar a fonte para melhor visualização e leitura.

• Fonte: Autores (2020).

Na primeira fase o alfa de Cronbach foi de 0,76, demonstrando consistência interna adequada para os itens analisados. A partir de todas as modificações, a nova versão da cartilha permaneceu com os tópicos sobre o transplante renal, os imunossupressores e orientações para o uso adequado dos imunossupressores, finalizando com uma seção para anotações, totalizando 19 páginas, com dimensão de 10 cm de largura e 15 cm de comprimento. A nova versão foi então reenviada para os juízes.

Na segunda rodada, seis juízes responderam. Sendo destes, quatro (66,6%) do sexo feminino, quatro enfermeiros (66,6%), quatro com 10 a 15 anos de formados (66,6%), todos com especialização, três com tempo de atuação de menos de 10 anos (50%) e três entre 10 e 20 anos (50%).

O formulário de avaliação foi o mesmo da primeira rodada. Destes, 23 subitens foram classificados em 100% adequados (76,6%), seis subitens com mais de 80% de adequação (20,0%) e um (3,3%) com valor de adequação inferior a 80%. A Tabela 2 demonstra os sete itens que não foram avaliados como 100% adequados.

Tabela 2
Descrição dos itens da cartilha não avaliados com 100% de adequação. Juiz de Fora, MG, Brasil, 2020

Seção	Item	Inadequado n (%)	Parcialmente Inadequado n (%)	Adequado n (%)
Estrutura - TxR	Mensagens claras e objetivas	0 (0)	1 (16,67)	5 (83,33)
Estrutura - TxR	Estruturação das Informações	0 (0)	1 (16,67)	5 (83,33)
Estrutura - TxR	Redação e ortografia	0 (0)	1 (16,67)	5 (83,33)
Estrutura Imunossup.	Estruturação das Informações	0 (0)	1 (16,67)	5 (83,33)
Estrutura Imunossup.	Redação e ortografia	0 (0)	1 (16,67)	5 (83,33)
Dicas de uso	Estruturação das Informações	0 (0)	2 (33,33)	4 (66,67)
Dicas de uso	Redação e ortografia	0 (0)	1 (16,67)	5 (83,33)

• TxR: Transplante Renal; Imunossup: Imunossupressores
• Fonte: Autores (2020).

Considerando a realização de possíveis alterações a partir de um valor de adequação inferior a 80%, após a segunda rodada, somente um item apresentou este valor, sendo considerado uma opinião única de um juíz. Na segunda rodada, o valor de Alfa de Cronbach foi de 0,86, demonstrando consistência interna adequada para os itens analisados.

A Figura 1 demonstra a representação gráfica da versão final da cartilha.

Figura 1
Representação ilustrativa da cartilha educativa versão final. Juiz de Fora, Minas Gerais, Brasil, 2020.

DISCUSSÃO

A criação da cartilha se deu a partir da necessidade de implementação de intervenções para melhorar a adesão dos pacientes em relação ao uso dos imunossupressores no cenário estudado. Ela obteve um nível de concordância superior a 80% dos seus itens após a segunda rodada de avaliação pelos juízes e um valor de Alfa de Cronbach de 0,86, apresentando validade em consonância com outros estudos de construção e validação de cartilhas^8,10.

O processo de validação e adaptação do material educativo por especialistas é importante, pois garante a verificação da coerência das informações, contribuindo para a elaboração de tecnologia de informação com maior rigor científico. Profissionais de saúde e pesquisadores precisam conhecer os procedimentos para validação de materiais, pois estes favorecem o uso adequado de instrumentos confiáveis e apropriados em sua prática profissional^8,10. Além disso, a construção de uma cartilha validada voltada para o público específico atendido, pode levar a maior adesão à utilização da tecnologia.

A inclusão de especialistas de diferentes áreas é relevante para a construção de um material educativo, por valorizar diferentes opiniões e visões de cada profissional sobre o mesmo tema. Ressalta-se que a construção de tecnologias educativas também é uma forma de uniformizar condutas do cuidado prestado aos pacientes¹¹.

No contexto do TxR, a realização da terapia imunossupressora no pós transplante é imprescindível para prevenir a rejeição do enxerto e proporcionar a melhoria da sua sobrevida. Mensurar a adesão imunossupressora e identificar os fatores que contribuem para ela é relevante, pela possibilidade de contribuir para um planejamento de intervenções mais adequado com a realidade encontrada^12-13.

Desta forma, intervenções que possam ampliar a adesão medicamentosa imunossupressora são necessárias para a manutenção da enxertia do órgão, principalmente após a alta hospitalar. Já é bem estabelecido na literatura que é no primeiro mês após o TxR que ocorrem as principais modificações dos hábitos de vida, logo, a ênfase no ensino do uso adequado dos medicamentos imunossupressores neste momento poderá contribuir para maior sucesso do tratamento¹².

Entre as intervenções possíveis para orientação dos pacientes, a entrega de material educativo impresso tem sido uma estratégia utilizada na área da saúde com o intuito de melhorar a satisfação, o conhecimento e a adesão ao tratamento pelos pacientes. É recomendado o uso de materiais escritos elaborados por profissionais de saúde, com a finalidade de ser um apoio para as orientações verbais⁵. Além disso, as orientações precisam se adequar ao público no que diz respeito à linguagem, ao conteúdo e às ilustrações.

Pessoas em pós transplante que não recebem uma educação em saúde adequada podem apresentar comportamentos de baixa adesão ao tratamento, o que dificulta a recuperação e pode retardar a reinserção social e retorno às atividades de vida^7,10. Nessa perspectiva, a cartilha educativa assume um papel importante, pois essa população carece de materiais educativos dessa natureza que possam auxiliar as orientações verbais realizadas durante o acompanhamento ambulatorial, tanto para o paciente quanto para o cuidador/familiar^7,10.

Foi observado na literatura nacional cartilhas sobre a doença renal crônica e estudos utilizando materiais educativos com orientações dos cuidados gerais no pós-operatório de TxR, envolvendo temas como alimentação, uso dos medicamentos, riscos de infecção, higiene e qualidade de vida^4,14. Assim, optou-se pela elaboração de um material educativo específico para o uso dos imunossupressores no pós TxR.

O processo de educação em saúde tem como característica principal o estímulo à promoção e ao aprimoramento do conhecimento na direção da qualidade de vida dos indivíduos. Baseia-se em práticas que estimulam a autonomia sobre a própria saúde por meio da troca de informações. Nesse processo, cabe aos profissionais de saúde a mediação dos conhecimentos para se alcançar padrões desejáveis de saúde¹⁵.

Neste cenário, destacamos o papel da enfermagem, diretamente associado às orientações que os pacientes recebem, tanto no momento da alta hospitalar, quanto nas consultas ambulatoriais. O enfermeiro, em conformidade com a Lei do Exercício Profissional de Enfermagem, pode realizar consultas de enfermagem e é capacitado a atuar na prática educativa, visando à melhoria da saúde¹⁶.

Um fator limitante do estudo foi o número reduzido de respondentes, o que implica em não ser uma amostra suficientemente grande e heterogênea. Outro fator limitante para o processo de validação da cartilha foi a não realização da avaliação do material pelos pacientes transplantados renais, devido às circunstâncias da pandemia de COVID-19, sendo as consultas realizadas neste período a distância, impossibilitando sua realização neste momento. No entanto, planeja-se para um futuro próximo executar esta etapa de avaliação entre os pacientes.

CONCLUSÃO

O estudo promoveu a elaboração da cartilha educativa “Orientações sobre o uso dos imunossupressores”, sendo validada segundo conteúdo e aparência por especialistas (médicos e enfermeiros) atuantes na área de transplante renal, e considerada informativa, adequada e viável para as atividades de educação em saúde, junto a pacientes transplantados renais em relação ao uso adequado dos imunossupressores no pós TxR.

A cartilha pode auxiliar os profissionais de saúde no processo de educação em saúde, sendo um alicerce em sua assistência diária, além de possibilitar orientações que estimulam o autocuidado dos pacientes transplantados renais.

O estudo colaborou com o processo da assistência em enfermagem realizada com os pacientes transplantados renais, possibilitando a melhoria das orientações e acompanhamento aos pacientes, favorecendo uma melhor adaptação ao tratamento, consequentemente, uma melhoria da sua qualidade de vida.

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  Artigo extraído da dissertação de mestrado “Adesão a terapia imunossupressora no pós transplante renal: implementação das melhores práticas”. Universidade Federal de Juiz de Fora, 2020.

Editado por

Editora associada:

Luciana de Alcântara Nogueira

Datas de Publicação

• Publicação nesta coleção
  13 Jun 2022
• Data do Fascículo
  2022

Histórico

• Recebido
  22 Jun 2021
• Aceito
  19 Nov 2021