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DOENÇAS OCUPACIONAIS EM PROFISSIONAIS DE UM POLO GESSEIRO: ESTUDO TRANSVERSAL

RESUMO

Objetivo:

conhecer as doenças e sintomas ocupacionais prevalentes dos trabalhadores de um polo gesseiro.

Método:

trata-se de uma pesquisa de corte transversal, realizada com 67 trabalhadores de uma indústria de gesso na cidade de Grajaú, Maranhão, Brasil. Para coleta de dados, foi utilizado um questionário semiestruturado com perguntas abertas e fechadas. Os dados foram analisados por meio dos procedimentos usuais da estatística descritiva.

Resultados:

a amostra foi constituída por 67 trabalhadores, sendo 63 do sexo masculino (94%). Os trabalhadores que apresentaram doença relacionada ao trabalho corresponderam a seis (9%) da amostra. Os sintomas que prevaleceram foram: irritação nos olhos; irritação na pele; dores nas articulações; irritação na mucosa nasal; e problemas respiratórios.

Conclusão:

esses resultados apontam indicadores que podem ser utilizados como parâmetro para subsidiar a tomada de decisão quanto a políticas públicas direcionadas à saúde dos trabalhadores no contexto da mineração do gesso.

DESCRITORES
Exposição Ocupacional; Saúde do Trabalhador; Comportamentos de Risco à saúde; Mineração; Enfermagem do trabalho

ABSTRACT

Objective:

to know the prevalent occupational diseases and symptoms in workers from a plaster production complex.

Method:

this is a cross-sectional study conducted with 67 workers of a plaster factory from the city of Grajaú, Maranhão, Brazil. A semi-structured questionnaire with open and closed questions was used for data collection. The data were analyzed by means of the descriptive statistics usual procedures.

Results:

the sample consisted of 67 workers, of which 63 were male (94%). Six (9%) workers from the sample presented work-related diseases. The predominant symptoms were the following: irritation in the eyes; irritation on the skin; pain in the joints; irritation in the nasal mucosa; and respiratory problems.

Conclusion:

these results point to indicators that can be used as a parameter to support decision-making regarding public policies aimed at workers’ health in the context of gypsum mining.

DESCRIPTORS:
Occupational Exposure; Workers’; Health; Risk Behaviors for Health; Mining; Occupational Nursing

RESUMEN

Objetivo:

conocer las enfermedades y los síntomas ocupacionales prevalentes de los trabajadores de un complejo de producción de yeso.

Método:

investigación de corte transversal realizada con 67 trabajadores de una fábrica de yeso de la ciudad de Grajaú, Maranhão, Brasil. Para recolectar los datos se utilizó un cuestionario semiestructurado con preguntas abiertas y cerradas. Los datos se analizaron por medio de los procedimientos habituales de la estadística descriptiva.

Resultados:

la muestra estuvo compuesta por 67 trabajadores, de los cuales 63 eran del sexo masculino (94%). Seis (9%) de los trabajadores de la muestra presentaron enfermedades relacionadas con el trabajo. Los síntomas que prevalecieron fueron los siguientes: irritación en los ojos, irritación en la piel, dolores en las articulaciones, irritación en la mucosa nasal y problemas respiratorios.

Conclusión:

estos resultados apuntan a indicadores que pueden utilizarse como parámetro para sustentar el proceso de toma de decisiones sobre políticas públicas dirigidas a la salud laboral en el contexto de la minería de yeso.

DESCRIPTORES
Exposición Ocupacional; Salud Laboral; Comportamientos de Riesgo para la Salud; Minería; Enfermedad Laboral

INTRODUÇÃO

O trabalho está presente desde os primórdios da humanidade e, com a evolução da espécie humana, houve também a evolução das atividades e, com elas, o surgimento de várias doenças ocupacionais11 Scomparim M. A eficácia da redução da jornada laboral como forma de viabilizar o surgimento de novos postos de trabalho. Revista Eletrônica de Graduação do UNIVEM [Internet]. 2009 [acesso em 19 fev 2019]; 1(1): 94-121. Disponível em: https://revista.univem.edu.br/REGRAD/article/view/44/71#:~:text=Estudos%20apontam%20que%2C%20para%20gera%C3%A7%C3%A3o,de%20novos%20postos%20de%20trabalho.
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. O modo de produção capitalista é determinado pelo processo de produção, no qual acidentar e adoecer são resultantes de relações sociais em que o trabalhador se torna apêndice da máquina22 Lara R. Saúde do trabalhador: considerações a partir da crítica da economia política. R. Katál. [Internet]. 2011 [acesso em 22 nov. 2017]; 14(1): 78-85. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rk/a/Czdx3sGRxBwP3QjS3Dvhnpp/?lang=pt.
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Todo processo de trabalho indica um determinado risco para a saúde do trabalhador, o qual em algumas situações pode estar suscetível a agentes nocivos, a depender do tipo de atividade desenvolvida em sua jornada de trabalho e do tempo a que é exposto33 Cordeiro CFS. O beneficiamento do gesso e seus impactos na saúde do trabalhador [Monografia]. Grajaú (MA): Universidade Estadual do Maranhão; 2013.. Com o surgimento das doenças ocupacionais, foi criada a área de saúde do trabalhador, um campo da saúde pública que compreende a articulação de conhecimentos e práticas delimitadas pelas inter-relações entre produção, trabalho e saúde, no contexto socioambiental do desenvolvimento das sociedades humanas44 Presidência da República Casa Civil (BR). Decreto nº 7.602, de 7 de novembro de 2011: dispõe sobre a Política Nacional de Segurança e Saúde no Trabalho - PNSST. Diário Oficial da União, [Internet]. 08 nov 2011 [acesso em 15 out 2017]. Disponível em: https://www.ilo.org/wcmsp5/groups/public/---ed_protect/---protrav/---safework/documents/policy/wcms_212109.pdf.
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Dentre as diversas áreas de trabalho que tornam esses trabalhadores suscetíveis a agentes nocivos à saúde, pode-se destacar aqueles realizados nas fábricas de gesso, que, além de favorecer as doenças do trato respiratório, os expõem a acidentes que podem gerar traumas físicos e psíquicos irreversíveis55 Lima CRR. Conhecimento dos trabalhadores de uma fábrica de gesso de Grajaú/MA sobre a importância do uso de equipamentos de proteção individual [Monografia]. Grajaú (MA): Universidade Estadual do Maranhão; 2013.. Em razão dos riscos relacionados à saúde e segurança dos operários que trabalham com gipsita, torna-se relevante o acompanhamento por uma equipe de profissionais especializados, de forma a garantir a segurança e a melhoria da qualidade de vida destes33 Cordeiro CFS. O beneficiamento do gesso e seus impactos na saúde do trabalhador [Monografia]. Grajaú (MA): Universidade Estadual do Maranhão; 2013..

Em razão da necessidade de compreender os fatores epidemiológicos que ocorrem com à saúde dos trabalhadores no contexto de produção de gesso, este artigo teve como questão norteadora: Quais são os sintomas e doenças prevalentes entre trabalhadores no contexto de um polo gesseiro? Para tal, esteve estudo teve como objetivo conhecer as doenças e sintomas ocupacionais prevalentes dos trabalhadores de um polo gesseiro.

MÉTODO

Trata-se de uma pesquisa de caráter exploratório-descritiva, com modalidade corte transversal e abordagem quantitativa, realizada no mês de dezembro de 2018 na cidade de Grajaú, Maranhão, Brasil. A pesquisa foi realizada em uma fábrica de gesso de grande porte que faz parte do polo gesseiro do referido município. Trata-se da maior empresa de beneficiamento de gesso do polo industrial do município. A amostra da pesquisa foi constituída por 67 trabalhadores que atuam regularmente na fábrica, em qualquer setor. Esse quantitativo foi obtido através do cálculo de amostragem aleatória, simples e sem reposição, garantindo um resultado satisfatório.

Os critérios de inclusão foram: funcionários que trabalham regularmente em qualquer setor da empresa e os que se encontravam em atestado médico, por causas relacionadas ao trabalho. Foram excluídos os trabalhadores com menos de 18 anos de idade, além daqueles recém contratados na empresa.

A coleta de dados foi precedida por uma palestra com os trabalhadores pela manhã sobre o estudo em questão, na qual foram abordados os objetivos da pesquisa, os procedimentos de aplicação do instrumento de coleta de dados e o TCLE.

O instrumento utilizado foi um questionário semiestruturado com perguntas abertas e fechadas, composto por seis etapas. A primeira etapa foi composta por perguntas referente aos dados sociodemográficos. A segunda foi sobre os aspectos ocupacionais, como o tempo de trabalho, atividade que exercia na empresa, se essa atividade era desgastante ou incômoda, se já sofreu algum acidente de trabalho, se este foi notificado, se recebeu assistência após o acidente de trabalho e se desenvolveu alguma doença relacionada à atividade exercida.

A terceira foi composta por perguntas relacionadas aos hábitos de vida. A quarta versou sobre o estado de saúde, como as doenças antes e após ingressar na indústria, bem como o estado geral de saúde de acordo com a percepção do depoente, se faziam exames periodicamente e as doenças prevalentes nesses trabalhadores. A quinta etapa era composta por perguntas referentes ao uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs); e a sexta e última etapa tratava de perguntas sobre se existiam ações da enfermagem do trabalho na empresa e como essas atividades eram exercidas.

A coleta de dados foi realizada pelos pesquisadores, que se procedeu após os trabalhadores aceitarem participar da pequisa, sendo a mesma realizada com a presença de um profissional da empresa nos setores da própria fábrica e no refeitório em horário de almoço.

Após o levantamento das informações, os dados foram organizados e tabulados utilizando-se o Microsoft Excel versão 2019. Foi realizada uma análise descritiva, e os resultados foram apresentados por meio de frequência simples e absoluta, dispostos em tabelas e gráficos.

A presente pesquisa teve aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa, sob parecer número 2.677.507.

RESULTADOS

A amostra deste estudo foi constituída por 67 trabalhadores de uma fábrica de beneficiamento de gesso, sendo 63 do sexo masculino (94%). Com relação à faixa etária, 27 (40,3%) apresentaram idade entre 21 e 30 anos; seguido de 18 (26,9%) entre 31 e 40 anos; 15 (22,4%) entre 41 e 50 anos; seis (9%) 51 a 60 anos; e um (1,5%) de até 20 anos. O estado civil mais observado foi indivíduos casados, com 36 (53,7%), e 18 (26,9%) em união estável. No tocante à cor, 44 (65,7%) se autodeclararam pardos (65,7%); 15 (22,4%) negros; seis (8,9%) brancos; e dois (3%) amarelos.

Observou-se que 34 (50,7%) possuíam o ensino fundamental completo, 18 (26,9%) ensino fundamental incompleto, 10 (14,9%) ensino médio completo, quatro (6%) analfabetos e um (1,5%) ensino superior completo. Quanto à renda familiar, 44 (65,7%) apresentaram de dois a três salários mínimos, seguido de 13 (19,4%) com mais de três salários mínimos e 10 (14,9%) de até um salário.

Com relação às ocupações desempenhadas pelos profissionais na fábrica, por se tratar de uma empresa de grande porte, foi possível perceber uma diversificação nas ocupações desses funcionários. As que possuíam um maior número de trabalhadores foram: 16 (23,9%) operadores de máquina; 14 (20,9%) estivas; e 12 (17,9%) ensacadores. Cerca de 21 (31,3%) dos entrevistados trabalhavam diretamente na produção do gesso.

De acordo com o tempo de trabalho, os resultados mostram que a maioria dos trabalhadores possuíam entre um e cinco anos, com 29 (43,3%) dos trabalhadores, seguido de 17 (25,4%) entre seis e 10 anos; 12 (17,9%) menos de um ano; e nove (13,4%) com mais de 10 anos. Ao serem questionados sobre a frequência em que o trabalho é exercido em posições incômodas, 22 (32,8%) afirmaram que sempre trabalham em posições incômodas; 19 (28,4%), que frequentemente trabalham em posições incômodas. Quanto ao desgaste que a atividade laboral provoca, 37 (55,2%) dos trabalhadores afirmaram que a atividade laboral é muito desgastante.

Da amostra estudada, três (4,5%) funcionários afirmaram já terem sofrido acidente de trabalho, sendo caracterizados pelos próprios trabalhadores como lesões leves e contusas. Quando questionados sobre a notificação dos acidentes, todos (100%) os trabalhadores afirmaram que foram notificados, dos quais dois (66,7%) relataram terem recebido assistência após o acidente.

Os trabalhadores que apresentaram doença relacionada ao trabalho corresponderam a seis (9%). Destes, cinco (83,3%) não foram notificadas. No que tange à orientação por um profissional da saúde, os seis (100%) trabalhadores relataram ter recebido assistência (Tabela 1).

Tabela 1
Aspectos ocupacionais dos trabalhadores de uma fábrica gesseira. Grajaú, MA, Brasil, 2018 (continua)

Com relação aos hábitos de vida relacionados à saúde do trabalhador, constatou-se que 52 (77,6%) não eram tabagistas; nove (13,4) eram ex-fumantes; e apenas seis (9%) eram fumantes. Contudo, 40 (59,7%) eram etilistas e 42 (62,7%) não praticam atividade física regulamente; apenas 15 (22,4%) dos entrevistados praticam atividade física de três a quatro vezes por semana.

Quanto à ocorrência de problemas de saúde anteriores ao trabalho na fábrica e os problemas de saúde adquiridos e que apresentam atualmente, apenas um (1,5%) funcionário relatou apresentar patologia anterior ao trabalho. Com relação aos problemas de saúde atuais, 10 (14,9%) dos trabalhadores afirmaram ser portadores de problemas de saúde, tais como hérnia de disco, lombalgia, alergia, ansiedade e Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS). Quando questionados sobre a percepção do estado de saúde, 40 (59,7%) declararam como boa; 14 (20,9%) muito boa e 13 (19,4%) como regular.

Observou-se que 50 (74,6%) dos entrevistados não realizam exames periodicamente. Dentre os trabalhadores entrevistados, quanto à prática da realização de exames laboratoriais periodicamente, obteve-se: 15 (88,2%) para hemograma; 13 (76,5%) glicemia; sete (42,2%) exame de urina; um (5,9%) raio X de tórax; e um (5,9%) para outros exames.

Cerca de 64 (97%) dos trabalhadores afirmaram não possuir nenhuma doença crônica. Dos que responderam, apenas dois (3%) relataram HAS. Os sintomas relacionados ao trabalho mais frequentes foram: 19 (28,4%) irritação nos olhos; 17 (25,4%) irritação na pele; 15 (22,4%) dores nas articulações; nove (13,4%) irritação na mucosa nasal; e sete (10,4%) problemas respiratórios.

Na Figura 1, ao demonstrar os sintomas prevalentes de acordo com o tempo de exposição ocupacional, é possível perceber que queixas como irritação dos olhos aumentaram com o tempo de trabalho. Já as demais queixas foram variáveis ao longo do tempo, no entanto, sempre presentes em uma parcela de trabalhadores independente do tempo de exposição, exceto a queixa de irritação da mucosa nasal que não foi referida pelos trabalhadores com mais de seis anos de trabalho.

Figura 1
Sintomas prevalentes de acordo com o tempo em exercício ocupacional dos trabalhadores de uma fábrica gesseira. Grajaú, MA, Brasil, 2018. Fonte: Autores (2018).

Sobre o conhecimento dos trabalhadores acerca dos EPIs, a maioria dos trabalhadores 66 (98,5%) afirmaram ter ciência sobre o assunto e 64 (95,5%) alegaram fazer uso dos EPIs. Com relação à realização de treinamentos pela empresa sobre o uso de EPIs, 24 (35,8%) dos trabalhadores responderam que os treinamentos eram realizados a cada seis meses; 38 (56,7%) afirmaram que os treinamentos eram realizados uma vez ao ano e cinco (7,5%) admitiram que não receberam treinamentos para uso de EPIs. Quando questionados sobre a fiscalização para o uso dos EPIs, 66 (98,5%) dos trabalhadores alegaram que a empresa realiza fiscalização ou monitoramento constantes e periódicos.

Quando questionados sobre a atuação de equipe de saúde na empresa, 51 (76,1%) dos trabalhadores afirmaram ser positiva a atuação da equipe dos profissionais da Enfermagem e 16 (23,9%) deles admitiram que não havia atuação da equipe de saúde. Percebe-se que 53 (79,1%) dos participantes da pesquisa atestaram que o trabalho de educação em saúde era realizado no ambiente de trabalho, enquanto 14 (20,9%) afirmaram que não era realizado.

Na Figura 2, que demonstra os temas abordados nas atividades de educação em saúde, aponta o tema de Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) como o mais abordado. O tema de saúde ocupacional e segurança no trabalho foram mencionados por cinco (9,4%) e um (1,9%) dos trabalhadores, respectivamente, ainda que sejam temáticas de suma importância na fábrica de gesso. Conforme os resultados obtidos na pesquisa, os temas retratados nas atividades de educação em saúde na fábrica de gesso ainda são considerados restritos.

Figura 2
Temas abordados nas atividades de educação em saúde em uma fábrica gesseira. Grajaú, MA, Brasil, 2018. Fonte: Autores (2018).

DISCUSSÃO

A amostra deste estudo foi constituída por 67 trabalhadores de uma fábrica de beneficiamento de gesso, com prevalência do sexo masculino. Conforme pesquisa realizada em 2017 com abordagem do trabalho da mulher operária66 Rosa M, Quirino R. Relações de gênero e ergonomia: abordagem do trabalho da mulher operária. Holos [Internet]. 2017 [acesso em 08 jan 2019]; 5: 345-359. Disponível em: https://www2.ifrn.edu.br/ojs/index.php/HOLOS/article/view/4772.
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, as profissões que exigem força física e os trabalhos pesados, realizados em ambientes inóspitos, sujos e insalubres, geralmente, são associadas a estereótipos masculinos, ao passo que a feminilidade é associada ao trabalho leve, fácil, limpo, que exige paciência e minúcia.

Com relação à situação civil, observou-se que a maioria afirmaram ser casados. O relacionamento conjugal está associado à saúde e à qualidade de vida. Por outro lado, a ausência do cônjuge e a insatisfação conjugal podem ser fatores potencializadores para o adoecimento mental, ao mesmo tempo em que podem ocasionar a somatização de origem física77 Scorsolini-Comin F, Santos MA dos. Satisfação conjugal: revisão integrativa da literatura científica nacional. Psicol: Teoria Pesq. [Internet]. 2010 [acesso em 09 jan 2019]; 26(3): 525-31. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ptp/a/kCzSN6Jhxj36NKtxBbtxh7n/abstract/?lang=pt.
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Com base nos resultados, percebe-se que o trabalho na fábrica de gesso é de certa forma constante, com a maioria dos trabalhadores exercendo suas funções há vários anos, tornando-se suscetíveis às doenças ocupacionais. As causas que favorecem o adoecimento no trabalho estão relacionadas, principalmente, à ausência de treinamentos para o exercício de suas funções com segurança. Além desta, existem outros fatores, como más condições de trabalho, movimento repetitivo e ritmo de trabalho acelerado para alcançar metas de produção88 Franco-Benatti D de M, Navarro VL. Acidentes de trabalho como forma de violência: estudo com trabalhadores da indústria de calçados de Franca (SP). In: VIII Seminário de Saúde do Trabalhador; 2012 Set. p. 1-17; Franca, Brasil. Franca: UNESP; 2012 [acesso em 08 jan 2019]. Disponível em: http://www.proceedings.scielo.br/scielo.php?pid=MSC0000000112012000100017&script=sci_arttext.
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No presente trabalho, os resultados mostraram que a maioria dos trabalhadores da fábrica, em algum momento, exercem suas atividades em posições incômodas. O processo de trabalho está diretamente relacionado ao processo de saúde-doença, uma vez que as condições adversas no ambiente laboral podem levar a doenças e agravos, como LER/DORT, por exemplo99 Rios MA, Vilela ABA, Nery AA. O trabalho e a saúde de açougueiros idosos: relato de casos em um mercado municipal. Rev. bras. geriatr. gerontol. [Internet]. 2017 [acesso em 14 jan 2019]; 20(5): 643-649. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbgg/a/x7f98yXGm8xJy7cJjYQgYHR/?lang=pt&format=pdf.
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De acordo com os resultados, percebe-se que um pequeno percentual dos trabalhadores afirmou já ter sofrido acidente de trabalho. Um estudo observacional realizado numa indústria metalomecânica, entre os anos de 2007/2015, revelou que, dentre a média de 1.277 funcionários no período, 437 trabalhadores foram vítimas de acidente de trabalho1010 Gonçalves SBB, Sakae TM, Magajewski FL. Prevalência e fatores associados aos acidentes de trabalho em uma indústria metalmecânica. Rev Bras Med Trab. [Internet]. 2018 [acesso em 10 jan 2019]; 16(1): 26-35. Disponível em: https://www.rbmt.org.br/details/290/pt-BR/prevalencia-e-fatores-associados-aos-acidentes-de-trabalho-em-uma-industria-metalmecanica#:~:text=Um%20estudo%20analisando%20os%20AT,manuais%20(15%2C3%25).
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Ao correlacionar os resultados da pesquisa com as evidências científicas, percebe-se que os acidentes de trabalho apresentam um número bem abaixo do esperado. Para minimizar ou interromper a ocorrência dos acidentes do trabalho, é necessário um ambiente adequado para realizar as tarefas laborais e uma cultura de segurança, em que todos os envolvidos estejam cientes dos riscos e perigos a que estão submetidos no ambiente de trabalho1111 Coltre JC. Segurança e saúde no trabalho: a prevenção de acidentes na construção civil [Monografia]. Campo Mourão (PR): Universidade Tecnológica Federal do Paraná; 2011 [acesso em 12 jan 2019]. 65 p. Disponível em: http://repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/5613/2/CM_COMAC_2011_2_01.pdf.
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As doenças relacionadas ao trabalho citadas foram: alergia e hérnia de disco. Segundo um estudo realizado no contexto do polo gesseiro de Araripe-CE, constatou-se que a poeira do gesso tem um impacto na saúde das pessoas, exercendo uma ação irritante na membrana da mucosa do trato respiratório e dos olhos, desencadeando afecções, chegando a 30% dos casos de internações causados por problemas respiratórios na região1212 Medeiros MS de, Hurtado-Guerrero JC, Silva LGA. A saúde no contexto do polo gesseiro de Araripina-Pernambuco, Brasil. Saude soc. [Internet]. 2010 [acesso em 27 ago 2017]; 19(2): 358-370. Disponível em: https://www.scielo.br/j/sausoc/a/gM73RD6RSXxKxCpSS4S8PfM/abstract/?lang=pt.
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Quanto aos hábitos de vida, o número de fumantes apresentou percentuais baixos. Com relação ao etilismo, a maioria dos trabalhadores (59,7%) afirmaram ingerir bebidas alcoólicas. A prática de ingestão de bebidas alcoólicas tem causado riscos substanciais e, eventualmente, danos ao organismo dos indivíduos, entre os quais se incluem intoxicações e dependência física ou psíquica. Além disso, pode afetar as relações sociais e laborais, representando um sério problema para muitas sociedades em todo o mundo1313 Magallón T de JC, Robazzi ML do CC. Consumo de alcohol en trabajadores de una industria en Monterrey, México. Rev. Latino-Am. Enfermagem [Internet]. 2005 [acesso em 29 jan 2019]; 13(spe): 819-826. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rlae/a/DsVKJyrV6jWNFnfLrgsbbSm/?lang=es.
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No que concerne à prática de atividade física, a maioria dos entrevistados afirmou não praticar nenhum exercício físico. Pesquisa realizada nas 27 capitais do Brasil afirma que a frequência da prática de atividade física, equivalente a 150 minutos de atividade moderada por semana, foi de 41,5%, com maior frequência entre homens (48,7%)1414 Ministério da Saúde (BR). Vigitel Brasil 2017 Saúde Suplementar: vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico [Internet] Brasília: Ministério da Saúde; 2018 [aceso em 11 jan 2019]. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/vigitel_brasil_2017_vigilancia_fatores_riscos.pdf.
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. Assim, considerando os dados da literatura, a prática de exercíos físicos pelos trabalhadores da fábrica de beneficiamento de gesso está abaixo da média nacional.

Observou-se que um percentual de trabalhadores afirmou ser portador de problemas como hérnia de disco, lombalgia, alergia, ansiedade e HAS. Em estudo realizado numa indústria metalúrgica no interior de São Paulo, 23,6% do total de 182 trabalhadores apresentou morbidades, a exemplo de HAS, colesterol elevado, disfunções da coluna, LER e gastrite, corroborando com alguns resultados obtidos nesta pesquisa1515 Battaus MRB, Monteiro MI. Perfil sociodemográfico e estilo de vida de trabalhadores de uma indústria metalúrgica. Rev. bras. enferm. [Internet]. 2013 [acesso em 11 jan 2019]; 66(1): 52-58. Disponível em: https://www.scielo.br/j/reben/a/brLhJyYbtMZmZMGmqZbD94t/?lang=pt.
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Mediante o questionamento sobre a percepção do estado de saúde, 13 (19,4%) consideraram seu estado de saúde regular. Em uma pesquisa realizada em 27 cidades, observou-se que 2,8% das pessoas avaliaram negativamente o seu estado de saúde, e a frequência dessa condição diminuiu com o aumento da escolaridade1414 Ministério da Saúde (BR). Vigitel Brasil 2017 Saúde Suplementar: vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico [Internet] Brasília: Ministério da Saúde; 2018 [aceso em 11 jan 2019]. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/vigitel_brasil_2017_vigilancia_fatores_riscos.pdf.
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Dentre os trabalhadores entrevistados, quanto à prática da realização de exames laboratoriais, obteve-se um percentual baixo: apenas 17 (25,4%) realizavam exames periodicamente. O que diverge de uma pesquisa realizada com 200 trabalhadores de uma cidade no interior do Estado de São Paulo, quanto à realização de consultas médicas, a maior (85,7%) parte dos entrevistados respondeu afirmativamente que realizou exames médicos periódicos na empresa1515 Battaus MRB, Monteiro MI. Perfil sociodemográfico e estilo de vida de trabalhadores de uma indústria metalúrgica. Rev. bras. enferm. [Internet]. 2013 [acesso em 11 jan 2019]; 66(1): 52-58. Disponível em: https://www.scielo.br/j/reben/a/brLhJyYbtMZmZMGmqZbD94t/?lang=pt.
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. Nos dados obtidos, a quantidade de trabalhadores que realizam exames periódicos é mínima e, consequentemente, estes possuem elevada probabilidade de adoecimento.

Entre as doenças e sintomas relatadas pelos trabalhadores, observou-se a presença de hérnia de disco, lombalgia e dores nas articulações. Esse resultado corroborou com os de um estudo que utilizou os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), que obteve como resultado as doenças de coluna (OR=1,42), HAS (OR=1,35) e reumatismo (OR=1,79) como as doenças com maior chance de serem adquiridas entre esses trabalhadores1616 Moreira JP de L, Oliveira BLCA de, Muzi CD, Cunha CLF, Brito A dos S, Luiz RR. A saúde dos trabalhadores da atividade rural no Brasil. Cad. Saúde Pública [Internet]. 2015 [acesso em 12 jan 2019]; 31(8): 1698-1708. Disponível em: https://www.scielo.br/j/csp/a/Wx9jvYXjQsLZRYhGsMw6S8D/?lang=pt.
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As doenças e sintomas apresentados nos resultados desta pesquisa estão diretamente relacionados ao tipo de serviço prestado pelos trabalhadores na fábrica de gesso, na sua grande maioria, exaustivo e que exige força física. Tendo em vista que os trabalhadores sofrem de dores nas articulações, esse fator está associado à ergonomia inadequada no processo de trabalho1717 Picoloto D, Silveira E da. Prevalência de sintomas osteomusculares e fatores associados em trabalhadores de uma indústria metalúrgica de Canoas - RS. Ciênc. saúde coletiva [Internet]. 2008 [acesso em 12 jan 2019]; 13(2): 507-516. Disponível em: https://www.scielo.br/j/csc/a/hhWbqyS95Mz8PwQhGdG4jFz/?lang=pt.
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De acordo com os resultados, os sintomas relacionados ao trabalho que prevaleceram foram: irritação nos olhos, irritação na pele, dores nas articulações, irritação na mucosa nasal, e problemas respiratórios. Confirmando os resultados obtidos nesta pesquisa, um estudo realizado no município de Araripina, que faz parte do polo gesseiro de Pernambuco, Brasil, apontou que, na população estudada, os problemas de saúde prevalentes eram: irritação dos olhos (42,92%); sangramento de nariz (37,39%); tosse (28,26%); cansaço (21,73%); irritação na pele (18,48%); falta de ar (16,26%) e história de doença respiratória pregressa (16,34%), todos estatisticamente significantes1111 Coltre JC. Segurança e saúde no trabalho: a prevenção de acidentes na construção civil [Monografia]. Campo Mourão (PR): Universidade Tecnológica Federal do Paraná; 2011 [acesso em 12 jan 2019]. 65 p. Disponível em: http://repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/5613/2/CM_COMAC_2011_2_01.pdf.
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Explorando-se os dados, percebeu-se uma associação relativa entre as queixas e o tempo de trabalho. Esse fato pode estar relacionado à exposição dos trabalhadores à poeira do gesso que, apesar de inerte e possuír baixo potencial fibrogênico, pode causar a pneumoconiose, consequente da exposição ocupacional de longa duração em trabalhos de mineração e correlatos, podendo ocasionar, ainda, um diagnóstico de tuberculose, bronquiolites, etc1818 Severo EMF, Sousa HJC de. Estruturação de modelo para avaliação dos riscos decorrentes da exposição do trabalhador à poeira do gesso. In: 6 Congresso Ibero-Americano en investigación cualitativa; 2017 Jul. p. 1136-144; Salamanca, Espanha. [Internet] Salamanca: ESALQ; 2017 [acesso em 15 jan 2019]. Disponível em: https://proceedings.ciaiq.org/index.php/ciaiq2017/article/download/1450/1407/#:~:text=O%20objetivo%20deste%20estudo%20%C3%A9,nas%20normas%20t%C3%A9cnicas%20e%20n.a
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. Poucos estudos abordam os impactos à população exposta à poeira do gesso, contribuindo para um quadro desfavorável à segurança e à saúde desses trabalhadores1111 Coltre JC. Segurança e saúde no trabalho: a prevenção de acidentes na construção civil [Monografia]. Campo Mourão (PR): Universidade Tecnológica Federal do Paraná; 2011 [acesso em 12 jan 2019]. 65 p. Disponível em: http://repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/5613/2/CM_COMAC_2011_2_01.pdf.
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No ambiente de trabalho desses trabalhadores, a utilização de EPIs é de suma importância para prevenir acidentes de trabalho e doenças ocupacionais. Em pesquisa realizada com 31 funcionários de uma metalúrgica, verificou-se (conforme a exposição de cada setor) que 25 (80,6%) dos funcionários utilizam os EPIs necessários, enquanto seis (19,4%) não fazem uso deles, mesmo caso considerados essenciais à prática de suas funções1919 Macedo VS, Bazzo KO, Crippa LB. Avaliação dos efeitos biológicos da exposição a toxicantes em trabalhadores de uma metalúrgica de Caxias do Sul, RS. Rev Bras Med Trab. [Internet]. 2018 [acesso em 13 jan 2019]; 16(2): 175-84. Disponível em: https://www.rbmt.org.br/details/313/pt-BR/avaliacao-dos-efeitos-biologicos-da-exposicao-a-toxicantes-em-trabalhadores-de-uma-metalurgica-de-caxias-do-sul--rs.
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Em outra pesquisa realizada com 142 trabalhadores da construção civil, quando questionados se já haviam deixado de utilizar algum EPI, por incômodo ou por afetar sua produtividade, quase 50% dos entrevistados responderam que sim, já deixaram, alguma vez, de usar os equipamentos2020 Martins PHC. Estudo sobre a relação de conscientização do uso de epi’s e o número de acidentes na construção civil [Monografia]. Maringá (PR): Centro Universitário De Maringá; 2017. [acesso em 12 jan 2019]. Disponível em: http://rdu.unicesumar.edu.br/bitstream/123456789/315/1/Pedro%20Henrique%20Canassa%20Martins.pdf.
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Os resultados sobre o conhecimento e utilização dos EPIs pelos trabalhadores foram satisfatórios, ainda que preocupantes, visto que uma pequena parte dos trabalhadores que conhecem os EPIs afirmaram não utilizá-los. Apesar deste percentual ser considerado mínimo, aponta uma falha no processo de educação permanente, tais como treinamento e fiscalizações no ambiente de trabalho. E quando correlacionamos os EPIs, comumente utilizados pelos trabalhadores, com as doenças ocupacionais presentes na fábrica de gesso, podemos deduzir que os EPIs que protegem contra essas patologias eram os menos usados pelos trabalhadores.

Quando questionados sobre a atuação de equipe de saúde, os dados mostram uma discrepância entre as respostas dos trabalhadores sobre a atuação de equipe de saúde na fábrica de beneficiamento de gesso, uma vez que uma parcela considerável dos trabalhadores afirmou não haver atuação de profissionais da saúde no ambiente de trabalho.

Nesse sentido, a educação em saúde é atividade a ser desenvolvida pelos profissionais da saúde, entre os quais está o enfermeiro, que é o principal ator no cuidado, estabelecendo uma relação dialógico-reflexiva entre profissional e cliente, visando à conscientização deste sobre sua saúde e à percepção como participante ativo na transformação de sua vida2121 Sousa LB de, Torres CA, Pinheiro PN da C, Pinheiro AKB. Práticas de educação em saúde no Brasil: a atuação da enfermagem. Rev Enferm UERJ. [Internet]. 2010 [acesso em 14 jan 2019]; 18(1):55-60. Disponível em: https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/bde-18402.
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Sobre os temas recorrentes nas atividades de educação em saúde, no tocante à vacinação, observou-se que apesar de ser uma medida de prevenção importante, quando falamos de saúde coletiva, apenas uma pequena parte admitiu a abordagem desse tema. De acordo com a Associação Nacional de Medicina do Trabalho (ANAMT), as doenças infecciosas são percebidas como um agravo ao qual estão expostos os trabalhadores de diversas atividades e, algumas delas, como causadoras de prejuízos socioeconômicos para as empresas. A vacinação deve, então, estar incluída entre os temas a serem trabalhados durante todo o ano2222 Gomes A, Ballalai I, Moura MM de, Azevedo P, Kfouri R de A, Angerami RN. Atualização em vacinação ocupacional: guia prático. Belo Horizonte: SBIm; ANAMT; 2007 [acesso em 12 jan 2019]. Disponível em: http://www.anamt.org.br/site/upload_arquivos/sugestoes_de_leitura_171220131126567055475.pdf.
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Como limitações deste estudo, destaca-se o tamanho amostral e o fato de existir um único polo gesseiro no município, o que dificulta a generalização dos resultados. Por fim, devido à aplicação dos questionários ter ocorrido nas dependências da empresa, resultou em um tempo mais curto para as respostas.

CONCLUSÃO

O estudo permitiu avaliação das doenças e sintomas ocupacionais prevalentes nos trabalhadores de um polo gesseiro. Os resultados mostram que a maior parte dos entrevistados era do sexo masculino, com idade entre 21 e 30 anos, casados, pardos, com ensino fundamental completo, com renda de dois a três salários mínimos. Em relação às atividades desempenhadas no polo gesseiro, houve prevalência de operadores de máquina, com tempo de trabalho de um a cinco anos. Com relação aos hábitos de vida, constatou-se que a maior parte não eram tabagistas, contudo, um percentual significativo era etilista, não praticava atividade física e não realizava exames periodicamente. Um pequeno percentual afirmou ser portador de problemas de saúde, como hérnia de disco, alergia, ansiedade e HAS.

Da amostra, uma pequena parte afirmou ter apresentado doença relacionada ao trabalho. Os sintomas relacionados ao trabalho mais frequentemente foram: irritação nos olhos; irritação na pele; dores articulações; irritação na mucosa nasal e problemas respiratórios.

Através dos resultados, espera-se intensificar a atuação da Enfermagem do trabalho frente à educação em saúde para os trabalhadores do polo gesseiro, tanto sobre os riscos aos quais estão expostos, quanto para a importância do uso de EPIs para redução dos agravos à saúde. Neste contexto, percebe-se a importância da enfermagem do trabalho e da equipe de saúde atuando no ambiente ocupacional, buscando a prevenção de doenças, de acidentes de trabalho e realizando ações de promoção da saúde e prolongamento da vida do trabalhador.

Ressalta-se, sobretudo, a contribuição do estudo ao dar visibilidade à situação epidemiológica dos trabalhadores no contexto de um polo gesseiro e alertar os gestores locais sobre a indispensabilidade do desenvolvimento de ações em saúde e segurança no trabalho, como medidas preventivas de acidentes, principalmente nos cargos de maior risco. Esses resultados podem disponibilizar indicadores para ser utilizados como parâmetro para subsidiar a tomada de decisão quanto a políticas públicas direcionadas à saúde dos trabalhadores, no contexto da mineração do gesso.

REFERÊNCIAS

Editora associada: Luciana de Alcântara Nogueira

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    29 Ago 2022
  • Data do Fascículo
    2022

Histórico

  • Recebido
    08 Jul 2021
  • Aceito
    11 Fev 2022
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