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“ATÉ ESQUECEMOS QUE SOMOS ENFERMEIRAS”: PERSPECTIVAS IDENTITÁRIAS DE ENFERMEIRAS NOS CENTROS DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL* * Artigo extraído da dissertação do mestrado “A interface da identidade profissional da enfermeira com o processo de trabalho no campo da saúde mental”, Universidade Federal da Bahia, Salvador, BA, Brasil, 2023.

RESUMO

Objetivo:

analisar a interface da identidade profissional da enfermeira com seu processo de trabalho no campo da saúde mental.

Método:

estudo exploratório de abordagem qualitativa, realizado em seis Centros de Atenção Psicossocial no Município de Salvador - Brasil. Os dados foram coletados entre os meses de junho e agosto de 2022 por meio de entrevistas realizadas com 10 enfermeiras e foram submetidos à análise temática.

Resultados:

a análise temática resultou em uma categoria: Conflitos e ambiguidades identitárias, com os temas “O saber-fazer do núcleo e a identidade da “enfermeira tradicional”” e “O saber-fazer do campo e a imprecisão de contornos identitários”.

Conclusão:

os resultados apontam para a necessidade de aprofundamento de investigações acerca de um saber-fazer próprio da enfermeira que inclua o cumprimento de suas atividades privativas e congruentes com a produção do cuidado no campo da atenção psicossocial.

DESCRITORES:
Assistência à; Saúde Mental; Enfermeiras e Enfermeiros; Papel do Profissional de Enfermagem; Serviços de Saúde Mental; Trabalho.

ABSTRACT

Objective:

To analyze the interface between the nurse’s professional identity and her work process in mental health.

Method:

An exploratory, qualitative study was conducted in six Psychosocial Care Centers in Salvador - Brazil. The data was collected between June and August 2022 through interviews with ten nurses and was subjected to thematic analysis.

Results:

the thematic analysis resulted in one category: Identity conflicts and ambiguities, with the themes “Core know-how and the identity of the ‘traditional nurse’” and “Field know-how and the vagueness of identity contours”.

Conclusion:

The results point to the need for more in-depth research into the nurse’s know-how, which includes the fulfillment of her private activities that are congruent with the production of care in the field of psychosocial care.

KEYWORDS:
Mental Health Care; Nurses; Role of the Nursing Professional; Mental Health Services; Work.

RESUMEN

Objetivo:

analizar la interfaz entre la identidad profesional de la enfermera y su proceso de trabajo en el ámbito de la salud mental.

Método:

estudio exploratorio con enfoque cualitativo, realizado en seis Centros de Atención Psicosocial de la ciudad de Salvador - Brasil. Los datos se recopilaron entre junio y agosto de 2022 mediante entrevistas a 10 enfermeras y se sometieron a un análisis temático.

Resultados:

el análisis temático dio como resultado una categoría: Conflictos de identidad y ambigüedades, con los temas “Los conocimientos básicos y la identidad de la “enfermera tradicional”” y “El saber hacer del campo y la imprecisión de contornos de identidad”.

Conclusión:

Los resultados apuntan a la necesidad de investigar más a fondo el saber hacer de la enfermera, que incluye la realización de sus actividades privadas congruentes con la producción de cuidados en el ámbito de la atención psicosocial.

DESCRIPTORES:
Cuidados de salud mental; Enfermeras; Papel del profesional de enfermería; Servicios de salud mental; Trabajo.

HIGHLIGHTS

  1. Enfermeiras da saúde mental vivenciam conflitos identitários no trabalho.

  2. Enfermeiras são tensionadas à homogeneização dos papéis profissionais.

  3. Frágil compreensão sobre um saber-fazer próprio na clínica psicossocial.

  4. Processo de Enfermagem pautado em teorias fortalece identidade profissional.

HIGHLIGHTS

  1. Enfermeiras da saúde mental vivenciam conflitos identitários no trabalho.

  2. Enfermeiras são tensionadas à homogeneização dos papéis profissionais.

  3. Frágil compreensão sobre um saber-fazer próprio na clínica psicossocial.

  4. Processo de Enfermagem pautado em teorias fortalece identidade profissional.

INTRODUÇÃO

A identidade profissional tem sido objeto de investigação de distintas áreas de conhecimento e correntes teóricas, com destaque para a produção de estudos no campo da sociologia. Dentre as múltiplas conceituações e referenciais teóricos acerca da identidade profissional, pode-se compreendê-la como fenômeno complexo, produto dos mecanismos de socialização, em que as características biográficas do trabalhador, o contexto organizacional e seus percursos formativos desempenham papel fundamental em sua constituição11 Dubar C. A socialização: a construção das identidades sociais e profissionais. São Paulo: Martins Fontes; 2005..

Desse modo, a identidade profissional da enfermeira é (re)produzida a partir de elementos através dos quais elas se identificam e são identificadas, ao longo dos diversos processos de socialização em suas trajetórias pessoais e profissionais. Esses elementos originam-se, portanto, de sua história biográfica, seus percursos formativos e suas vivências cotidianas de trabalho, sempre atravessados pelas transformações políticas, sociais e culturais que as circunscrevem e que norteiam a trajetória de consolidação da enfermagem enquanto disciplina e prática social22 Silva TA, Freitas GF. Biographical and relational professional identity of the nurse manager. Cogitare Enferm. [Internet]. 2023 [cited 2023 May 01]; 28. Available from: https://dx.doi.org/10.1590/ce.v28i0.89466
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Há de se considerar o impacto das mudanças globais nos sistemas de comunicação e nos próprios sistemas e modelos de práticas de saúde, que acabam por produzir modificações nos processos de trabalho da categoria das enfermeiras, demandando aprimoramento e adaptação destas trabalhadoras às novas exigências quanto ao escopo de atuação e às competências a serem desenvolvidas, nos seus diversos cenários de prática. Desse modo, a natureza mutável do seu trabalho tende a produzir tentativas de ajustamentos às novas realidades que matizam a constituição identitária profissional das enfermeiras33 Souza EA, Teixeira CFS, Souza MKB, Silva-Santos H, Araújo-dos-Santos T, Ramos JLC. The (re)construction of own identity in nurses’ work in Brazil: exploratory study. Rev Bras Enferm. [Internet]. 2020 [cited 2023 Jan. 01]; 73(6):e20180928. Available from: http://dx.doi.org/10.1590/0034-7167-2018-0928
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Nesse sentido, merecem destaque as transformações ocorridas no campo da Enfermagem em Saúde Mental, a partir do movimento da Reforma Psiquiátrica Brasileira. A diversificação dos processos de trabalho resultante desta nova configuração político-assistencial do campo da saúde mental vem desafiando enfermeiras a revisarem seu objeto, antes o corpo enfermo sob a condição da patologia psiquiátrica, e a ressignificarem a finalidade da assistência, que passa a centrar-se na singularidade da experiência dos sujeitos. Para tanto, é imprescindível a ampliação de seus instrumentos e tecnologias de trabalho, bem como a inserção em equipes interdisciplinares, especialmente nos CAPS44 Cairo JVF, Freitas THD, Francisco MTR, Lima ALR, Silva LA, Marta CB. Mental health nursing: assistance in a changing scenario. Glob Acad Nurs. [Internet]. 2020 [cited 2023 Mar. 26]; 1(3):e56. Available from: https://dx.doi.org/10.5935/2675-5602.20200056
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Embora a temática da identidade profissional de enfermeiras, em seus diversos cenários de prática, venha ganhando destaque na literatura científica das últimas décadas55 Santos SC, Almeida DB, Silva GTR, Santana GC, Silva HS, Santana LS. Identidade profissional da enfermeira: uma revisão integrativa. Rev. baiana enferm. [Internet]. 2019 [cited 2023 Mar. 26]; 33. Available from: https://doi.org/10.18471/rbe.v33.29003
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, a produção de estudos brasileiros sobre a identidade das enfermeiras trabalhadoras do campo da saúde mental ainda é escassa. A literatura disponível sugere que, o papel por elas desempenhado ainda é fragilmente compreendido ou mesmo invisibilizado pelas demais categoriais profissionais, por usuários dos serviços e pelas próprias trabalhadoras, o que compromete a construção de uma identidade profissional própria e menoriza o valor social e profissional de seu trabalho66 Waddell C, Graham JM, Pachkowski K, Friesen H. Battling associative stigma in psychiatric nursing. [Internet]. 2020 [cited 2023 May 01]; 41(8):684-69. Available from: https://doi.org/10.1080/01612840.2019.1710009
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7 Qi W, Sheng M, Shi Z. Professional identity and its work-related factors among psychiatric nurses: A cross-sectional study. Jpn J Nurs Sci. [Internet]. 2020 [cited 2023 May 01]; 18:e12380. Available from: https://doi.org/10.1111/jjns.12380
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8 Terry J. ‘In the middle’: A qualitative study of talk about mental health nursing roles and work. Int J Ment Health Nurs. [Internet]. 2020 [cited 2023 May 01]; 29(3):414-26. Available from: https://doi.org/10.1111/inm.12676
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-99 Abt M, Lequin P, Bobo ML, Perrottet TVC, Pasquier J, Bucher CO. The scope of nursing practice in a psychiatric unit: a time and motion study. Psychiatr Ment Health Nurs. [Internet]. 2021 [cited 2023 May 01]; 00:1-10. Available from: https://doi.org/10.1111/jpm.12790
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Inconsistências relacionadas ao delineamento da identidade profissional das enfermeiras tendem a comprometer a qualidade da assistência por elas prestada e a satisfação do usuário quanto aos cuidados recebidos. Sentimentos de frustração e subutilização de suas habilidades profissionais podem se fazer presentes, contribuindo para um menor grau de satisfação laboral e maior probabilidade de adoecimentos ocupacionais, além de abandono da própria profissão99 Abt M, Lequin P, Bobo ML, Perrottet TVC, Pasquier J, Bucher CO. The scope of nursing practice in a psychiatric unit: a time and motion study. Psychiatr Ment Health Nurs. [Internet]. 2021 [cited 2023 May 01]; 00:1-10. Available from: https://doi.org/10.1111/jpm.12790
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Considerando as formas complexas pelas quais a identidade profissional, os processos de trabalho e o cotidiano laboral conformam-se mutuamente, e a necessidade do aprofundamento da discussão sobre implicações identitárias para as enfermeiras frente aos novos processos de trabalho do campo da saúde mental, este estudo teve por objetivo analisar a interface da identidade profissional da enfermeira com seu processo de trabalho no campo da saúde mental.

MÉTODO

Trata-se de um estudo exploratório, de abordagem qualitativa, realizado com enfermeiras que atuavam em seis Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) tipo II, do Município de Salvador-BA. Os critérios de inclusão foram: profissionais atuantes na assistência direta em CAPS por um período superior a um ano. Já os critérios de exclusão foram: profissionais que estavam de férias ou demais afastamentos previstos pela legislação trabalhista, e que, por isso, não puderam ser contatados. Para a construção e descrição da pesquisa, foram adotados os Critérios Consolidados de Relatos de Pesquisa Qualitativa (COREQ)1010 Souza VR dos S, Marziale MHP, Silva GTR, Nascimento PL. Tradução e validação para a língua portuguesa e avaliação do guia COREQ. Acta Paul. Enferm. [Internet]. 2020 [cited 2023 Aug. 21]; 73(1):1-8. Available from: https://doi.org/10.37689/acta-ape/2021AO02631
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A coleta de dados foi realizada entre junho e agosto do ano de 2022 por meio de entrevistas semiestruturadas. As entrevistas foram realizadas individualmente em sala reservada, em datas, horários e locais agendados de acordo com a disponibilidade de cada participante. Em respeito às medidas de biossegurança recomendadas para redução do risco de contágio e transmissão do vírus SARS-COV 2, foi facultada a opção da entrevista remota, para os profissionais que assim preferirem. Dessa forma, todas as entrevistas foram realizadas no próprio ambiente de trabalho, conforme preferência apontada pelos participantes, prezando pelo conforto e privacidade deles, e tiveram duração média de uma hora.

A aplicação do roteiro semiestruturado permitiu coletar os dados a partir do diálogo, embasado na seguinte questão norteadora: Como você percebe a sua identidade profissional e a relação entre esta identidade e o seu trabalho no CAPS? Simultaneamente à realização das transcrições das entrevistas foi realizado o processo de saturação dos dados, critério utilizado para definição do número de participantes1111 Nascimento L de CN, Souza TV de, Oliveira IC dos S, Moraes JRMM de, Aguiar RCB de, Silva LF da. Theoretical saturation in qualitative research: an experience report in an interview with schoolchildren. Rev bras enferm. [Internet]. 2018 [cited 2023 Aug. 21]; 71(1):228-33. Available from: https://doi.org/10.1590/0034-7167-2016-0616
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Os dados da coleta das entrevistas foram analisados pelo método de análise temática de conteúdo proposta por Minayo1212 Minayo MCS. O desafio do conhecimento: metodologia de pesquisa social em saúde. Rio de Janeiro: Editora Hucitec; 2010. que consistiram nas seguintes etapas: Pré-análise, onde foi feita uma leitura flutuante do material com o intuito de reconhecer as unidades de significação pertinentes ao objetivo do estudo; Exploração do material, onde buscou-se identificar os núcleos de sentido, o que facilitou a agregação dessas unidades de contexto em subtemas e temas, dentro da categoria temática; e o Tratamento dos resultados obtidos, fase em que os resultados brutos sofreram uma síntese interpretativa, de forma a relacionar os temas encontrados com as questões, objetivos da pesquisa e literaturas a respeito das temáticas. O tratamento dos dados foi feito no Software NVivo® 11, no qual se realizou a codificação dos materiais por similaridades e correspondências aos objetivos do trabalho.

A execução da pesquisa foi autorizada por meio de parecer consubstanciado pelo Comitê de Ética e Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Estadual de Feira de Santana, com parecer n. 2.998.614. Os nomes dos entrevistados foram substituídos por códigos alfanuméricos, compostos pela letra E seguida pela identificação numérica correspondente à sequência em que as entrevistas foram realizadas.

RESULTADOS

O estudo foi realizado com 10 participantes, sendo nove do sexo feminino. Pelo fato de a amostra ser composta majoritariamente por mulheres, optou-se por adotar o termo enfermeiras e o gênero feminino para referir-se ao conjunto dos participantes deste estudo. No que tange aos percursos formativos, sete participantes eram egressas de universidade pública, sendo seis enfermeiras formadas há mais de dez anos; três, há um tempo compreendido entre 6 e 10 anos e apenas uma era graduada há menos de cinco anos. Todas as entrevistadas eram pós-graduadas em especialização lato sensu, contudo, nenhuma delas na área da saúde mental. Não obstante, a maioria (seis) atuava em CAPS há mais de cinco anos.

Os resultados apresentados se referem à categoria Conflitos e ambiguidades identitárias, a qual agrupou os temas: “O saber-fazer do núcleo e a identidade da “enfermeira tradicional””; e “O saber-fazer do campo e a imprecisão de contornos identitários”. As unidades de registro pertinentes a cada subcategoria expõem as reflexões das participantes acerca de como definem sua identidade profissional relacionando-a aos processos de trabalho por elas desenvolvidos nos CAPS, tendo sido destacada a concepção de uma identidade articulada em torno das competências referentes a dois papéis profissionais distintos e centrais por elas exercidos nos CAPS: a de técnica de referência e a de enfermeira.

O saber-fazer do núcleo e a identidade da “enfermeira tradicional”

A figura da enfermeira, circunscrita ao seu núcleo profissional, é representada pelas participantes por meio de ações centradas essencialmente na gestão do serviço de enfermagem, atenção às demandas clínicas dos usuários, às situações de crise psíquica e aos cuidados relacionados ao uso dos psicofármacos.

Tem algumas coisas específicas com relação à parte técnica, com relação à atuação na sala de procedimento de enfermagem, mas, assim, a atividade da enfermeira do CAPS é bem diferente de uma atividade de enfermeira de um hospital. (E1)

Na parte de administração, na parte de orientação de questão de saúde que é mais voltada para a parte de enfermagem. Mas, no geral, nós fazemos o mesmo trabalho que é acolhimento, orientação aos usuários, né? Então, ser enfermeiro no CAPS é abranger mais área de saúde. A enfermagem é mais voltada para área da saúde, usuários que têm comorbidades e temos que orientar a irem na unidade básica de saúde e se cuidarem. (E3)

O exclusivo [da enfermagem] aqui dentro da unidade é mais voltado para essa parte do cuidado da medicação, do controle da medicação. Nas crises somos nós que atuamos né? Aqui, na hora que o paciente entra em crise, todo mundo foge. Fica a enfermagem só. (E10)

A distinção marcada na fala da participante E1 reside na coexistência da figura da técnica de referência, a qual representa um importante elemento de identificação de grupo, visto que esta função é exercida por todos os profissionais da equipe. Amparadas na concepção de um modo ampliado do cuidar, para além de suas atribuições de núcleo, as participantes buscam alinhar-se a este novo lugar profissional por elas assumido nos CAPS, o que produz desvios à representação que possuem da “enfermeira tradicional”, frequentemente associada ao trabalho desempenhado nos dispositivos hospitalares.

O saber-fazer do campo e a imprecisão de contornos identitários

Assim, nós atuamos como enfermeiras. Quer dizer, nós atuamos como enfermeiras, mas como técnicas, né? É uma equipe multiprofissional onde a gente exerce algumas coisas específicas da enfermagem e outras são atividades que a gente trabalha junto com a equipe. [...] Então a gente faz atividades com colegas, coisas que fogem um pouquinho da enfermeira, mas não da profissional de CAPS, entendeu [...]. Às vezes, até esquecemos que somos enfermeiras, aquela enfermeira tradicional. (E1)

Minha identidade é essa. Eu me enxergo como enfermeira, mas ao mesmo pelas questões específicas que nós temos no processo de trabalho, também como técnica em saúde mental. E aí, como técnica em saúde mental, esse olhar precisa ser muito mais ampliado. (E5)

O enfermeiro do CAPS, ele trabalha mais como técnico em saúde mental, está aqui para ser técnico de referência. [...]. É um trabalho bem amplo. O enfermeiro não fica restrito apenas à enfermagem. (E6)

Observa-se, contudo, que a atuação das profissionais entrevistadas em seus processos de trabalho centrados nas atribuições de técnicas de referência, fundamentados na clínica ampliada e na discussão das dinâmicas interdisciplinares de trabalho, tende a produzir, entre essas trabalhadoras, uma percepção de homogeneidade e uniformização de papéis profissionais entre a equipe. Tal percepção é expressa pela compreensão de que todos os trabalhadores que a compõem possuem as mesmas atribuições.

É porque nós aqui nos debatemos com a questão do campo e do núcleo. Tem questões específicas da Enfermagem e tem questões mais amplas que a gente atua como técnica em saúde mental na verdade. Então tem momentos que se misturam. (E5)

Mas assim, a gente é como qualquer outro técnico de referência. [...] A gente tem um papel misturado quando eu vejo com os outros profissionais. (E10)

A identidade profissional da enfermeira é ainda apontada como em processo de reconhecimento, considerando as modificações ocorridas no campo das Políticas de Saúde Mental. Os caminhos para esse reconhecimento partem ainda, conforme a fala do participante E6, da discussão acerca do desempenho das atividades privativas das enfermeiras diante da organização dos processos de trabalho das equipes dos CAPS, a exemplo do Processo de Enfermagem.

A gente constrói a identidade de acordo com o ambiente de trabalho e com as políticas públicas de saúde mental, né? Relacionadas à atenção psicossocial. É um processo difícil, onde você trabalha com a questão da classe de enfermagem na atenção psicossocial. [...] O enfermeiro está ainda em processo de reconhecimento na atenção psicossocial. [...] Às vezes, é difícil entender por parte da população e até para o profissional tentar construir a sua identidade na atenção psicossocial. [...] Esse processo de construção da identidade da enfermagem passa por esses conflitos. Eu vejo também que, às vezes, a coordenação de saúde mental, da atenção psicossocial, tem uma certa resistência com o processo de sistematização da assistência da enfermagem no ambiente de trabalho. (E6)

DISCUSSÃO

O cenário de disputas paradigmáticas do campo da saúde mental, marcado pela coexistência dos modelos manicomial e psicossocial, expressa por políticas divergentes entre si ao longo dos anos, revela-se, neste estudo, como importante determinante de contexto da constituição identitária das participantes. Inseridas nesta conjuntura, elas constroem sua trajetória profissional balizadas por movimentos de conservação de referenciais identitários tradicionais e históricos, na medida em que são tensionadas à ruptura de tais referenciais, diante da proposta de modos diferenciados de cuidar propostos pelo modelo psicossocial em saúde mental1313 Santos EO, Ealabão AD, Kantorski P, Pinho LB. Nursing practices in a psychological care center. Rev. bras. enferm. [Internet]. 2020 [cited 2023 May 01]; 73(1):1-8. Available from: https://doi.org/10.1590/0034-7167-2018-0175
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Há de se considerar, ainda, as mudanças contemporâneas no mundo do trabalho em sociedade globalizada, seus efeitos ou impactos nos processos de trabalho em saúde, incluindo modificações nos planos organizacionais e gerenciais incorporadas pelos serviços de saúde e que contextualizam a produção de identidades profissionais de seus trabalhadores. Tais mudanças têm demandado a gestão de processos produtivos mais flexíveis, salientando o surgimento de um novo trabalhador polivalente e multifuncional, ou ainda, da especialização flexível do trabalhador coletivo1414 Mendonça FCR, Oliveira MBSC de, Murito MMC, Costa MAF da. Mudanças tecnológicas e seus impactos no processo de trabalho na área de análises clínicas: contribuições para o ensino de ciências. Rease. [Internet]. 2022 [cited 2023 May 01]; 7(12):1685-70. Available from: https://doi.org/10.51891/rease.v7i12.3630
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Dessa forma, no discurso das enfermeiras, a vivência cotidiana do trabalho é marcada pela percepção de homogeneidade dos papéis profissionais, e o dispositivo de técnico de referência, preconizado para gestão coletiva dos processos de cuidado dos usuários nos CAPS, remete à tendência de polivalência e multifuncionalidade de um trabalhador em saúde “capaz de dar conta de tudo”1515 Souza HS, Mendes Á. Trabalho e saúde no capitalismo contemporâneo: enfermagem em foco. Rio de Janeiro: DOC Content; 2016.. Tal situação exige das enfermeiras e dos enfermeiros a reorganização de sua prática nos CAPS para atender à diversidade de atribuições pertinentes a esta função.

Essa prática reduzida a uma flexibilização e diluição entre os diversos saberes e especificidades acaba por colaborar com o projeto neoliberal que avança na lógica da reestruturação produtiva dos serviços de saúde1414 Mendonça FCR, Oliveira MBSC de, Murito MMC, Costa MAF da. Mudanças tecnológicas e seus impactos no processo de trabalho na área de análises clínicas: contribuições para o ensino de ciências. Rease. [Internet]. 2022 [cited 2023 May 01]; 7(12):1685-70. Available from: https://doi.org/10.51891/rease.v7i12.3630
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. Como resultado, as falas das participantes evidenciam a concepção de uma identidade esmaecida, diante da crescente demanda pela execução de fazeres múltiplos e de naturezas variadas, a exemplo do que declara a participante E1, ao afirmar que, às vezes, se esquece de que é enfermeira, partindo de um comparativo com referenciais por ela reconhecidos que representam a figura da “enfermeira tradicional”.

Nesse sentido, a figura da enfermeira, quando representada circunscrita ao seu núcleo profissional, é retratada pelas participantes a partir de práticas com enfoque biológico em termos de higiene, autocuidado, prevenção de comorbidades clínicas e cuidados com a medicação1616 Delfini G, Toledo VP, Garcia APRF. Processo de trabalho da equipe de enfermagem em Centros de Atenção Psicossocial Infanto-Juvenil. Rev Esc Enferm USP. [Internet]. 2021 [cited 2023 May. 01]; 55. Available from: https://doi.org/10.1590/S1980-220X2020044403775
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. Este achado aponta para a persistência da representação do núcleo profissional da enfermagem pautada em práticas de cuidado secundárias ao saber biomédico, como elemento de caracterização do fazer dos enfermeiros e enfermeiras e do reconhecimento de sua identidade profissional. Atenta-se, ainda, para a responsabilidade da equipe de enfermagem diante das situações de crise dos usuários remeter ainda a inclinações identitárias da figura profissional ordenadora do espaço asilar e docilizadora dos corpos, historicamente vinculada à sua inserção no campo da enfermagem psiquiátrica1717 Peres MAA, Martins GCS, Manfrini GC, Cardoso L, Fonseca PIMN, Shattell M. Twenty years of the brazilian psychiatric reform: meanings for psychiatric and mental health nursing. Texto Contexto - enferm. [Internet]. 2022 [cited 2023 May 01]; 31:e20220045. Available from: https://doi.org/10.1590/1980-265X-TCE-2022-0045en
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A integralidade é compreendida, nos enunciados, a partir dos sentidos de ampliação ou mesmo desvio do fazer concebido como tradicional da enfermeira. É a partir do lugar de técnicas de referência que este sentido de ampliação dos modos de atuação é apropriado pelas participantes deste estudo. Contudo, essa ampliação do seu fazer, associada à frágil compreensão acerca de suas competências e atribuições de núcleo profissional congruentes com a lógica de cuidado pautada no modelo de atenção psicossocial, repercute na definição de seus contornos identitários profissionais e seu trabalho tende a ser exercido entre a equipe multiprofissional sem clareza acerca de um lugar próprio de atuação1818 Alves LM, Servo MLS, Almeida DB de. Da subjacência à não implicação do processo de enfermagem na construção da identidade profissional dos enfermeiros. Rev. Enf. Ref. [Internet]. 2021 [cited 2023 Aug. 12];(8):e20180. Available from: https://doi.org/10.12707/rv20180
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Isto posto, é possível afirmar que, embora figuras técnicas de referência e enfermeira aparentem coexistir nos discursos sem se anularem, essa dualidade não está livre de apresentar conflitos às trabalhadoras. Tais conflitos podem ser originados diante do tensionamento gerado pela tendência a um distanciamento de modelos que ainda sustentam a relação de autorreconhecimento destas profissionais (referenciais identitários herdados do constructo histórico-social do campo da enfermagem) e que se opõem à lógica de cuidado do modelo de atenção psicossocial, associado à falta de clareza das enfermeiras sobre as bases de um conhecimento próprio que ancoram seu trabalho neste cenário de práticas1919 Oliveira T da CP, Silva INC, Santos SD dos, Almeida DB de, Silva GTR da. Professional identity of nurses in the mental health field: an integrative review. Cogitare Enferm. [Internet]. 2023 [cited 2023 Aug. 14]; 28. Available from: https://dx.doi.org/10.1590/ce.v28i0.91494
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. Resta, assim, uma forte identificação com a função de técnicas de referência, a partir da qual buscam ser caracterizadas e reconhecidas profissionalmente.

Importante destacar que a homogeneidade característica do processo de construção coletiva do cuidado por meio do dispositivo do técnico de referência e da integração de conhecimentos e tomada de decisão compartilhada em equipe não implica, necessariamente, na perda da identidade dos profissionais. Considera-se aqui que a gestão do trabalho por meio do dispositivo de referência técnica em saúde mental pautado na lógica interdisciplinar do cuidado não exclui as responsabilidades e intervenções específicas de cada profissão2020 Mota M de L, Rodrigues CMB. Serviço social e saúde mental: um estudo sobre a prática profissional. SER_Social. [Internet]. 2017 [cited 2023 May 01]; 18(39):652-71. Available from: https://doi.org/10.26512/ser_social.v18i39.14645
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Uma vez que estas profissionais demonstram dificuldades em situar o lugar que ocupam e quais são as referências teóricas e práticas do seu campo de conhecimento no cenário dos serviços substitutivos em saúde mental, reforçam a dependência teórico-prática de outras profissões da área de saúde, acentuando uma crise identitária histórica do campo da enfermagem. Os estudos acerca das teorias de enfermagem e da autonomia da enfermeira face à delimitação de suas atividades privativas, como a sistematização da assistência por meio do Processo de Enfermagem (PE) ancorados nas teorias de Enfermagem, vêm sendo apontados pela literatura como imprescindíveis à diluição de tal crise identitária1818 Alves LM, Servo MLS, Almeida DB de. Da subjacência à não implicação do processo de enfermagem na construção da identidade profissional dos enfermeiros. Rev. Enf. Ref. [Internet]. 2021 [cited 2023 Aug. 12];(8):e20180. Available from: https://doi.org/10.12707/rv20180
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,2121 Benedet SA, Padilha MI, Peres MAA, Bellaguarda MLR. Características essenciais de uma profissão: análise histórica com foco no processo de enfermagem. Trad term. [Internet]. 2020 [cited 2023 May 01]; 54:e03561. Available from: https://doi.org/10.1590/S1980-220X2018047303561
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22 Alves LM, Servo MLS, Almeida DB. Implicações do processo de enfermagem na construção da identidade profissional da enfermeira. In: Carvalho RC, Souza SL, Fontoura EG, Oliveira MAN (Org.). A pesquisa no mestrado profissional em enfermagem nos diferentes cenários de saúde. EDUFBA. [Internet]. 2020 [cited 2023 May 01]; 151-166. Available from: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/33494
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-2323 Gutiérrez MGR, Morais SCRV. Systematization of nursing care and the formation of professional identity. Rev Bras Enferm. [Internet]. 2017 [cited 2023 May 01]; 70(2):436-41. Available from: http://dx.doi.org/10.1590/0034-7167-2016-0515
http://dx.doi.org/10.1590/0034-7167-2016...
.

Nesse sentido, as Diretrizes Nacionais de Atenção à Enfermagem em Saúde Mental2424 Conselho Federal de Enfermagem (COFEN). Diretrizes nacionais de enfermagem em saúde mental [Internet]. Brasília: COFEN; 2022 [cited 2023 May 01]. Available from: http://biblioteca.cofen.gov.br/diretrizes-nacionais-enfermagem-saude-mental/
http://biblioteca.cofen.gov.br/diretrize...
elencam as teorias de enfermagem aplicáveis ao (PE) em saúde mental, a citar as teorias de Joyce Travelbee, Hildegard Peplau e Imogene King. Entretanto, apesar da existência de teorias de enfermagem que direcionam o cuidado na saúde mental, é possível constatar que profissionais de enfermagem ainda subordinam, contudo, seu trabalho ao saber de outros profissionais da equipe2525 Garcia APRF, Freitas MIP, Lamas JLT, Toledo VP. Nursing process in mental health: an integrative literature review. Rev bras enferm. [Internet]. 2017 [cited 2023 May 01]; 70(1):209-18. Available from: http://dx.doi.org/10.1590/0034-7167-2016-0031
http://dx.doi.org/10.1590/0034-7167-2016...
. No que tange à realização do PE, os achados na literatura demonstram que, apesar do incremento da produção científica acerca de experiências realizadas no campo da saúde mental, ainda há escassez de estudos que apresentem metodologias para avaliar a eficácia da aplicação do processo de enfermagem neste contexto de atuação2626 Tavares CM, Mesquita LM. Sistematização da assistência de enfermagem e clínica ampliada: desafios para o ensino de saúde mental. Enferm Foco. [Internet]. 2019 [cited 2023 May 01]; 10(7):121-126. Available from: http://revista.cofen.gov.br/index.php/enfermagem/article/view/2810/560
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27 Almeida PA, Mazzaia MC. Nursing appointment in mental health: experience of nurses of the network. Rev bras enferm. [Internet]. 2018 [cited 2023 May 01]; 71(Suppl 5):2154-60. Available from: http://dx.doi.org/10.1590/0034-7167-2017-0678
http://dx.doi.org/10.1590/0034-7167-2017...
-2828 Rocha EN, Lucena AF. Projeto terapêutico singular e processo de enfermagem em uma perspectiva de cuidado interdisciplinar. Rev Gaúcha Enferm. [Internet]. 2018 [cited 2023 May 01]; 39:e2017-0057. Available from: https://doi.org/10.1590/1983-1447.2018.2017-0057
https://doi.org/10.1590/1983-1447.2018.2...
.

Diante da escassa utilização de referenciais teóricos próprios do núcleo da enfermagem e da frágil sistematização de suas práticas na prestação de cuidados no campo da saúde mental, enfermeiras e enfermeiros que atuam nos CAPS comprometem a constituição de uma identidade pautada no compartilhamento de crenças, valores, saberes e práticas próprios de seu núcleo profissional, o que gera conflitos na produção de uma identidade própria para a categoria. Por conseguinte, tendem a reforçar sua condição de invisibilidade e desvalor no campo do trabalho em saúde, arena de busca de reconhecimento social e de privilégios de domínios profissionais, por elas produzidos.

Deste modo, os resultados deste estudo apontam para a necessidade da criação de novas possibilidades de diálogo entre modelo de atenção psicossocial em saúde mental e o núcleo da enfermagem, o que demanda organização política para interlocução junto aos gestores municipais, conselhos de classe, bem como a contribuição de espaços formativos e de produção do conhecimento, para aprofundamento da discussão sobre as particularidades dos processos de trabalho de enfermeiras e enfermeiros do campo da saúde mental enquanto elementos significativos para o fortalecimento da identidade profissional e consequente reconhecimento e valorização social da categoria.

Destacamos como limitação do estudo o fato dele apresentar a experiência de profissionais inseridos em uma realidade local específica, embora os achados possuam correlação com o estado da arte sobre a temática. Outrossim, é válido salientar que a abordagem qualitativa não se propõe a generalização, porém, os achados apontam para diagnóstico e possibilidades de intervenção para construção da identidade profissional da enfermeira no campo da Saúde Mental.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A enfermagem, enquanto disciplina e categoria profissional, avança em busca de afirmação e reconhecimento social. Trata-se de uma luta que apresenta múltiplos contornos conforme os momentos históricos e os distintos contextos sociais e políticos, os quais produzem transformações em seus processos de trabalho e, consequentemente, em sua constituição identitária.

A gestão dos processos de cuidado por meio do dispositivo da referência técnica em saúde mental foi observada, neste estudo, como contexto de trabalho que favorece a diluição da identidade profissional diante do tensionamento à homogeneização dos papéis profissionais e à ruptura de referenciais identitários históricos que se opõem à lógica de cuidado do modelo de atenção psicossocial.

A falta de clareza quanto a seu escopo próprio de conhecimentos e práticas reforça a indefinição de atribuições historicamente vivenciadas pela categoria em diversos cenários de prática. Tal condição, por conseguinte, interfere no exercício de sua autonomia e reconhecimento de uma identidade profissional própria, comprometendo a demarcação e reivindicação de um espaço distinto de atuação no campo da saúde mental.

Sugere-se, dessa forma, elementos-chave para o aprofundamento da discussão acerca da constituição de uma identidade profissional para a enfermeira no campo da saúde mental, pautada na construção e reconhecimento de um saber-fazer próprio de sua categoria, embasado em referenciais teóricos e atividades privativas do núcleo.

Os achados deste estudo podem subsidiar estratégias tanto de enfrentamento através da organização política e coletiva dos Conselhos, Associações e Sindicatos para a redefinição/proteção das identidades profissionais de modo que atue a favor da luta em prol de uma categoria profissional socialmente valorizada e reconhecida. Outrossim, apresenta contributos para pensar ferramentas/processos/estratégias pedagógicas de ensino-aprendizagem para estudantes e profissionais de enfermagem, em prol de uma formação política identitária ancorada nas produções teóricas do campo da enfermagem e no modelo de atenção psicossocial e alinhada à realidade prática dessas profissionais em seu cotidiano de trabalho nos CAPS.

  • *
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Editora associada: Dra. Cremilde Radovanovic

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    27 Nov 2023
  • Data do Fascículo
    2023

Histórico

  • Recebido
    02 Maio 2023
  • Aceito
    26 Ago 2023
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