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A abordagem dos transportes em livros didáticos de Geografia em países latino-americanos

Resumo

O tema dos transportes em livros didáticos de Geografia é abordado de diferentes formas. Considerando os países latino-americanos, as diferentes organizações das coleções didáticas e a distribuição dos conteúdos são determinantes no aprofundamento das descrições e no debate sobre os transportes em cada caso. Diante disso, este artigo examina a abordagem dos transportes em livros didáticos de Geografia de países latino-americanos (México, Venezuela, Peru, Costa Rica e Brasil), com ênfase nos brasileiros, já que estes diferem dos demais por dedicar capítulos inteiros ao tema, com minuciosa caracterização dos modais e farta gama de exemplos no Brasil e em outros países. O artigo se organiza em quatro itens, além de introdução, considerações finais e referências. O primeiro debate a importância dos livros didáticos de Geografia, o segundo faz uma discussão teórica da Geografia dos Transportes, e os demais analisam os transportes nos livros didáticos latino-americanos para mostrar as particularidades da organização escolar nesses países e seus reflexos nos livros didáticos de Geografia.

Palavras-chave:
América Latina; Geografia dos transportes; Livros didáticos

Abstract

The theme of transportation in Geography textbooks is addressed in different ways. Considering the Latin American countries, the difference in the organization of the didactic collections and the distribution of the contents is decisive for the deepening of the descriptions and debates about the transports in each case. Given these assumptions, this article will discuss the approach of transportation in Geography textbooks in Latin American countries (Mexico, Venezuela, Peru, Costa Rica and Brazil), with greater depth in the analysis of Brazilian textbooks, since these differ from the others because they have chapters entirely dedicated to the debates, with broad descriptions about the modes of transport and wide variety of examples in Brazil and other countries. The article has four items, as well as introduction, final considerations and references. The first debate the importance of Geography textbooks. The second makes a theoretical discussion about the Geography of Transport, while the other items address transport in Latin American textbooks to highlight the particularities of the school organization in these countries and their consequences in the textbooks of Geography.

Keywords:
Latin America; Transportation Geography; textbooks

Resumen

La temática de los transportes en los libros didácticos de Geografía es abordada de formas distintas por el planeta. Considerando los países latinoamericanos, la diferencia en la organización de las colecciones didácticas y en la distribución de los contenidos es determinante para la profundización de las descripciones y debates sobre los transportes en cada caso. Frente a tales presupuestos, este artículo debatirá el abordaje de los transportes en los libros didácticos de Geografía en países latinoamericanos (México, Venezuela, Perú, Costa Rica y Brasil), con mayor profundización en el análisis de los libros didácticos brasileños, ya que éstos difieren de los demás pues poseen capítulos integralmente dedicados a los debates, con amplias descripciones sobre los modos de transporte y gran variedad de ejemplos en Brasil y en otros países. El artículo tiene cuatro elementos, además de introducción, consideraciones finales y referencias. El primer debate sobre la importancia de los libros didácticos de Geografía. El segundo hace una discusión teórica acerca de la Geografía de los Transportes, mientras que los demás ítems abordan los transportes en los libros didácticos latinoamericanos, para evidenciar las particularidades de la organización escolar en estos países y sus reflejos en los libros didácticos de Geografía.

Palabras clave:
América Latina; Geografía de los transportes; libros de texto

Introdução

Os transportes estão presentes na história da humanidade desde a estruturação das primeiras civilizações na Antiguidade. O deslocamento de pessoas e bens remonta à configuração territorial dos primeiros agrupamentos humanos pelo planeta Terra, que circularam por diversos lugares ao longo de milênios. A evolução da humanidade é acompanhada pelo avanço dos transportes em aspectos estruturais e organizacionais, propiciando desde então a conexão entre diversas regiões.

O estudo dos transportes na ciência geográfica remonta aos clássicos da epistemologia da disciplina. Autores como Friedrich Ratzel, Paul Vidal de La Blache, Camille Vallaux e Jean Brunhes notaram a importância de estudar os transportes na superfície terrestre e suas implicações na organização do espaço geográfico (Costa, 1992COSTA, W. M. Geografia política e geopolítica: discursos sobre o território e o poder. São Paulo: Hucitec, 1992.; Silveira, 2011SILVEIRA, M. R. Circulação, transportes e logística: construção epistemológica e perspectivas. In: SILVEIRA, M. R. (org.). Circulação, transportes e logística: diferentes perspectivas. São Paulo: Expressão Popular, 2011, p. 21-68.; Silva Junior, 2012SILVA JUNIOR, R. F. Circulação, epistemologia e a construção de um ramo da ciência geográfica. Boletim Campineiro de Geografia, v. 2, n. 3, 2012, p. 389-417.). Na história do pensamento geográfico brasileiro, são notáveis, na primeira metade do século XX, os trabalhos de Travassos (1942TRAVASSOS, M. Introdução à Geografia das comunicações brasileiras. Rio de Janeiro: Livraria José Olímpio Editora, 1942.) e Silva, M. (1949SILVA, M. M. F. Geografia dos Transportes no Brasil. Rio de Janeiro: IBGE, 1949.), que descrevem extensamente a organização espacial da circulação material pelo país com enfoque nos aspectos naturais e nas demandas da configuração de novas infraestruturas.

A Geografia dos Transportes tem trabalhos que podem estar ligados à Geografia Econômica, à Geografia Política e também à Geografia Urbana. Isso implica dizer que os transportes são dotados de elementos que se associam a essas áreas do pensamento geográfico e que permitem correlacioná-las. Ou seja, um estudo de Geografia dos Transportes pode transitar simultaneamente entre aspectos teóricos da Geografia Política, da Geografia Urbana e da Geografia Econômica a articulá-los de modo a revelar importantes questões socioespaciais.

Nos livros didáticos de Geografia utilizados no ensino escolar, os estudos de Geografia dos Transportes são dispostos de formas distintas ao longo das etapas de aprendizagem. Além das diferenças internas entre coleções didáticas adotadas num mesmo país, há uma grande variedade de abordagens dos transportes entre países. No México, na Venezuela, no Peru e na Costa Rica, os transportes são debatidos ao longo de conteúdos com temas associados a atividades econômicas como comércio e serviços. Por outro lado, os livros didáticos brasileiros dedicam capítulos exclusivamente aos transportes, discutindo a organização de cada sistema de movimento (Contel, 2012CONTEL, F. B. (2012). Os sistemas de movimento do território brasileiro. In SANTOS, M. e SILVEIRA, M. L (2001). O Brasil: território e sociedade no início do século XXI. 3.ed. Rio de Janeiro: Record, 2012.[2001]) ou modal de transporte - aéreo, rodoviário, ferroviário, hidroviário etc.

Diante disso, este artigo analisa a abordagem dos transportes em livros didáticos de Geografia nos países latino-americanos. Foram considerados livros didáticos de México, Venezuela, Peru, Costa Rica e Brasil. Em decorrência da maior extensão dos conteúdos nas coleções brasileiras, há um item exclusivo para o debate acerca dos materiais brasileiros, ao passo que outro tópico reúne os demais países mencionados.

Sobre os procedimentos metodológicos da pesquisa, cabe destacar que as coleções didáticas foram analisadas a partir da catalogação de capítulos e trechos que versam sobre os transportes. Capturaram-se telas de páginas das versões digitais dos livros que têm textos, mapas, gráficos, tabelas, quadros etc. Ressalta-se que muitas coleções brasileiras têm capítulos inteiros sobre o tema, e, portanto, a catalogação considerou páginas inteiras. Por outro lado, as coleções mexicanas, venezuelanas, peruanas e costarriquenhas não têm capítulos completos sobre transportes, e o tema foi procurado em outros conteúdos ao longo dos livros.

Este artigo está organizado em quatro tópicos, além da introdução, das considerações finais e das referências. O primeiro tópico debate aspectos que concernem à importância do livro didático como difusor do conhecimento geográfico. O segundo aborda questões históricas e teóricas acerca da Geografia dos transportes como um ramo do conhecimento geográfico. O terceiro debate a Geografia dos transportes em livros didáticos brasileiros. Finalmente, o quarto item discute a Geografia dos transportes em livros de outros países latino-americanos e está subdividido em México, Venezuela, Peru e Costa Rica.

A importância dos livros didáticos de Geografia

Permitindo compreender a realidade, as relações entre os elementos naturais e a produção do espaço pela sociedade e também dos lugares onde se vive, a educação geográfica tem função social basilar na leitura e na interpretação das dinâmicas socioespaciais e das disputas associadas aos usos do território. Trata-se de “um conhecimento que estrutura a leitura do mundo, na compreensão da formação espacial e desenvolvimento do pensamento espacial que promove a formação de cidadãos críticos” (Castellar; Juliasz, 2018CASTELLAR, S. M. V.; JULIASZ, P. C. S. Educação geográfica e pensamento espacial: conceitos e representações. Acta Geográfica, Edição especial, p. 160-178, 2018., p. 161).

Para que a educação geográfica possa ser assegurada aos cidadãos e cidadãs, há uma grande variedade de ferramentas didáticas que permitem a apresentação e o debate dos conteúdos deste importante campo do pensamento científico. Desde materiais mais simples para observações e anotações até programas de computador com intensa tecnologia embarcada, o ensino de Geografia perpassa pelo uso de materiais que, no limite, terão como finalidade primeira a formação da cidadania tanto no processo de ensino como no de aprendizagem.

Em um mundo amplamente desigual, em que a digitalização do território e a difusão das redes técnicas não é equânime, o livro didático tem um importante papel na disseminação do conhecimento e na educação geográfica. Segundo Azambuja (2014AZAMBUJA, L. D. O livro didático e o ensino de geografia do Brasil. Revista Brasileira de Educação em Geografia, v. 4, n. 8, p. 11-33, 2014., p. 12), “o livro didático é parte da cultura escolar e, quando utilizado como manual de estudo, inclui o conteúdo-forma das disciplinas escolares trabalhadas na Educação Básica”.

As práticas de ensino de Geografia podem ser periodizadas pelos livros didáticos, pois eles refletem as permanências e mudanças do que se estuda na escola básica. O livro didático se configura como um dos lugares do conhecimento escolar a partir da premissa de que os saberes que contêm são necessários à formação dos indivíduos e da sociedade (Azambuja, 2014AZAMBUJA, L. D. O livro didático e o ensino de geografia do Brasil. Revista Brasileira de Educação em Geografia, v. 4, n. 8, p. 11-33, 2014.; Silva, J., 2006SILVA, J. M. A constituição de sentidos políticos em livros didáticos de geografia na ótica da análise do discurso. 2006. 275 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Humanas) - Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2006.).

O livro didático é “parte da identidade profissional do professor, e um atravessamento na vida do estudante” (Silva, J., 2006SILVA, J. M. A constituição de sentidos políticos em livros didáticos de geografia na ótica da análise do discurso. 2006. 275 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Humanas) - Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2006., p. 34). Não é um objeto alheio ao debate que o reconfigura e que o relega a um papel irrelevante na formação da cidadania, mas responsável direto pela produção do ensino.

As concepções particulares sobre o livro didático são, antes, manifestações ou acontecimentos discursivos lastreados por um complexo histórico-ideológico, decorrendo dele, consequentemente, isto é, as concepções de livro didático perpassadas nos discursos se constroem historicamente, constituindo-se enquanto unidade discursiva socialmente determinada. Assim, além das dimensões da didatização e da utilização, o estudo sobre o livro didático também envolve as condições histórico-ideológicas de sua produção e significação e, sobretudo, das concepções que lhe estão subjacentes (Evangelista, 2014EVANGELISTA, M. C. C. Concepções sobre os livros didáticos de geografia: narrativas autobiográficas de professores do ensino fundamental. 2014. 199f. Dissertação (Mestrado em Educação) - Centro de Educação, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2014., p. 12).

Ainda que seja um instrumento auxiliar para a prática docente e para a aprendizagem, o livro didático assume papel central ao demonstrar formas, descrever processos e transformações e debater contradições. Trata-se de um objeto cultural complexo, pois é, simultaneamente, intermediador do ensino e da aprendizagem e dotado de conhecimento para a formação do estudante que, em grande medida, é concebido e comercializado por editoras (Silva, J., 2006SILVA, J. M. A constituição de sentidos políticos em livros didáticos de geografia na ótica da análise do discurso. 2006. 275 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Humanas) - Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2006.; Evangelista, 2014EVANGELISTA, M. C. C. Concepções sobre os livros didáticos de geografia: narrativas autobiográficas de professores do ensino fundamental. 2014. 199f. Dissertação (Mestrado em Educação) - Centro de Educação, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2014.).

Portanto, além de um material de apoio elementar, o livro didático deve garantir a difusão do conhecimento por meio da educação escolar. Por outro lado, essa causa não exclui a necessidade de um amplo e contínuo debate acerca do conteúdo do material, pois é um instrumento que assume importante centralidade no processo de ensino e aprendizagem. Não seria conveniente que nos livros prevalecessem narrativas e discursos que difundem ideias exclusivamente baseadas no senso comum. É importante e salutar que os livros didáticos facultem a construção de um pensamento bem fundamentado, cidadão e plural.

A Geografia dos transportes como um ramo do conhecimento geográfico

Os transportes são designados como um campo de estudo da Geografia em um artigo publicado em 1897 por Alfred Hettner (Moraes, 1990MORAES, A. C. R. Ratzel. São Paulo: Ática, 1990.; Arroyo, 2015ARROYO, M. Redes e circulação no uso e controle do território. In: ARROYO, M. e CRUZ, R. C. A. Território e Circulação: a dinâmica contraditória da globalização. São Paulo: FAPESP/PPGH/CAPES/Annablume Geografia, 2015, p. 37-49.; Silveira, 2011SILVEIRA, M. R. Circulação, transportes e logística: construção epistemológica e perspectivas. In: SILVEIRA, M. R. (org.). Circulação, transportes e logística: diferentes perspectivas. São Paulo: Expressão Popular, 2011, p. 21-68.). O pensamento de Friedrich Ratzel é central para o entendimento da circulação nos primórdios da Geografia. Em 1914, estudando a circulação regional e os transportes, o autor organiza as bases pioneiras da “Geografia Geral da Circulação”, apontando a importância assumida desde então pelos transportes como mecanismo de controle e conexão entre partes de uma nação. Ratzel pondera que a circulação é essencial para definir as centralidades, pois as regiões se desenvolvem de forma desigual (Costa, 1992COSTA, W. M. Geografia política e geopolítica: discursos sobre o território e o poder. São Paulo: Hucitec, 1992.; Silveira, 2011SILVEIRA, M. R. Circulação, transportes e logística: construção epistemológica e perspectivas. In: SILVEIRA, M. R. (org.). Circulação, transportes e logística: diferentes perspectivas. São Paulo: Expressão Popular, 2011, p. 21-68.; Silva Junior, 2012SILVA JUNIOR, R. F. Circulação, epistemologia e a construção de um ramo da ciência geográfica. Boletim Campineiro de Geografia, v. 2, n. 3, 2012, p. 389-417.).

Ratzel, por meio da ideia de “ecúmeno da circulação”, expressa o reconhecimento da existência de diversos modos de circulação que formam diferentes redes, desde as periféricas, desprovidas do progresso tecnológico, até as redes mais complexas, providas da existência de meios e sistemas de circulação avançados (Silva Junior, 2012SILVA JUNIOR, R. F. Circulação, epistemologia e a construção de um ramo da ciência geográfica. Boletim Campineiro de Geografia, v. 2, n. 3, 2012, p. 389-417., p. 393).

Outros geógrafos europeus estudaram os transportes, o que mostra a relevância que o tema adquiriu com o crescimento e a difusão do pensamento geográfico. Na França, Paul Vidal de La Blache fez uma geografia histórica que debateu as diversas noções de mobilidade humana desde as primeiras civilizações (Silva Junior, 2012SILVA JUNIOR, R. F. Circulação, epistemologia e a construção de um ramo da ciência geográfica. Boletim Campineiro de Geografia, v. 2, n. 3, 2012, p. 389-417.). O também francês Camille Vallaux, em seu O solo e o Estado (Le sol et l’État), tem um capítulo intitulado “A circulação” em que ressaltou o caráter político da circulação. Segundo o autor, “A circulação política se mistura sobre a terra com quase todos os fenômenos gerais da circulação econômica” (Vallaux, 1914VALLAUX, C. El suelo y el Estado. Madrid: Daniel Jorro, 1914., p. 272, tradução nossa).

Em 1925, em coautoria com Vallaux, Jean Brunhes publica a obra Geografia humana (La Géographie humaine) com um capítulo inteiramente dedicado à discussão sobre a circulação. Brunhes propõe uma sistematização da Geografia Geral da Circulação como um ramo central da Geografia Econômica, que consideraria elementos como tarifas, tratados de comércio, entre outros (Silveira, 2011SILVEIRA, M. R. Circulação, transportes e logística: construção epistemológica e perspectivas. In: SILVEIRA, M. R. (org.). Circulação, transportes e logística: diferentes perspectivas. São Paulo: Expressão Popular, 2011, p. 21-68.; Silva Junior, 2012SILVA JUNIOR, R. F. Circulação, epistemologia e a construção de um ramo da ciência geográfica. Boletim Campineiro de Geografia, v. 2, n. 3, 2012, p. 389-417.).

Rodrigue, Comtois e Slack (2006RODRIGUE, J. P.; COMTOIS, C.; SLACK, B. The geography of transport systems. London and New York: Routledge, 2006.) explicam que os transportes formam um conjunto multidimensional com importância histórica, social, política, ambiental e econômica. Os transportes desempenharam diversos papéis no desenvolvimento histórico das civilizações ao longo do tempo, facilitaram e atualmente propiciam diversos deslocamentos que dão acesso a serviços de saúde, educacionais e culturais, além de ser importantes ferramentas políticas para a constituição de uma unidade nacional. Finalmente, são centrais para as questões ambientais do período atual.

A evolução dos transportes é continuamente atrelada ao desenvolvimento econômico, pois o provimento de infraestruturas reflete em transformações na produção industrial e nos serviços de circulação. “Os transportes chegaram a transformar a economia de regiões inteiras” (Santos, 2012SANTOS, M. (1980). A urbanização desigual: a especificidade do fenômeno urbano em países subdesenvolvidos. 3.ed. São Paulo: Edusp, 2012b.[1980], p. 110), o que denota a importância dos estudos que analisam os fixos e fluxos associados à circulação de pessoas, mercadorias, informações e dinheiro no espaço geográfico.

Faz-se importante pensar além da perspectiva que considera os transportes apenas um grande conjunto de atividades econômicas formado pelo deslocamento de pessoas, bens, informações e dinheiro. Eles também são serviços (públicos ou privados) dotados de função social e ensejam importantes interações espaciais que variam em intensidade, forma e direção por todo o planeta. Em última análise, trata-se de entender os transportes numa perspectiva mais ampla, que também considera as necessidades das populações e as transformações socioespaciais engendradas no bojo do modo de produção capitalista.

A Geografia dos transportes em livros didáticos brasileiros

O livro didático no Brasil tem um importante significado para a educação nacional, pois é objeto de políticas públicas robustas para a difusão do conhecimento e para o aprimoramento do ensino e aprendizagem. No ano de 1929, foi criado pelo Ministério da Educação do governo federal brasileiro, por intermédio do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), o Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD), que é constituído por um conjunto de ações dirigidas à distribuição de obras didáticas, literárias e pedagógicas, entre outras, além de uma variedade ampla de outros materiais de apoio para estudantes e docentes de escolas públicas de educação básica no Brasil. O Programa também atende a instituições filantrópicas, comunitárias e confessionais sem fins lucrativos que são conveniadas com o poder público (Brasil, [s.d.]BRASIL. Ministério da Educação. Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação. Sobre os programas do livro.Disponível em: < https://bit.ly/3DP4pPU> . Acesso em 07 fev. 2023.
https://bit.ly/3DP4pPU...
).

O recebimento de materiais é gratuito, regular e contínuo e está presente em todo o território nacional. Desde 2011, há uma parceria entre o FNDE e os Correios do Brasil para a distribuição de dezenas de toneladas de material em todos os municípios brasileiros (Venceslau, 2017VENCESLAU, I. Correios, logística e uso do território: o serviço de encomenda expressa no Brasil. 2014. f. Dissertação (Mestrado em Geografia) - Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2017.). Trata-se de um importante instrumento de apoio ao processo de ensino-aprendizagem para as escolas beneficiadas. Participa-se do PNLD encaminhando um Termo de Adesão dos gestores das redes de ensino municipal, estadual, distrital e de escolas federais, com o compromisso de executar as ações do programa conforme a legislação (Brasil, [s.d.]BRASIL. Ministério da Educação. Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação. Sobre os programas do livro.Disponível em: < https://bit.ly/3DP4pPU> . Acesso em 07 fev. 2023.
https://bit.ly/3DP4pPU...
).

Considerando os livros didáticos de Geografia no Brasil e suas mudanças ao longo do último século, nota-se que mesmo as coleções atuais “conservam, ainda, algumas características da Geografia Clássica, ao mesmo tempo em que buscam renovar métodos e conceitos e ou apresentar uma reorganização ou reordenação das temáticas” (Azambuja, 2014AZAMBUJA, L. D. O livro didático e o ensino de geografia do Brasil. Revista Brasileira de Educação em Geografia, v. 4, n. 8, p. 11-33, 2014., p. 25). Vale ressaltar que a Geografia Escolar e o ensino de Geografia do Brasil, ou seja, de conteúdos relativos ao território brasileiro, acompanham a formação do pensamento geográfico brasileiro desde o início do século XX (Azambuja, 2014AZAMBUJA, L. D. O livro didático e o ensino de geografia do Brasil. Revista Brasileira de Educação em Geografia, v. 4, n. 8, p. 11-33, 2014.).

Parte importante da organização escolar atual no Brasil vincula-se à Lei Federal n. 5.692/1971 e à Lei de Diretrizes e Bases da Educação, Lei n. 9.394/1996. A primeira foi responsável por engendrar mudanças nos materiais didáticos com o acréscimo de técnicas para estudos dirigidos e cadernos de exercícios, além da inserção de mudanças teóricas e metodológicas já vinculadas ao debate promovido pela Geografia Crítica, que culminou em certa medida com uma renovação na didática escolar. Já a segunda organiza o ensino escolar em Ensino Fundamental I e II, com cinco e quatro anos de duração, respectivamente, e Ensino Médio, com três (correspondente ao antigo 2º grau) (Azambuja, 2014AZAMBUJA, L. D. O livro didático e o ensino de geografia do Brasil. Revista Brasileira de Educação em Geografia, v. 4, n. 8, p. 11-33, 2014.).

A partir da Lei n. 9.394/1996 são escritos e publicados os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) para a Educação Básica. “Os livros didáticos passaram a ser elaborados e avaliados, considerando essas novas bases curriculares e os critérios estabelecidos pelo Programa Nacional do Livro Didático - PNLD instituído pelo Ministério da Educação” (Azambuja, 2014AZAMBUJA, L. D. O livro didático e o ensino de geografia do Brasil. Revista Brasileira de Educação em Geografia, v. 4, n. 8, p. 11-33, 2014., p. 13).

Há aulas de Geografia no Brasil nos quatro anos do ensino fundamental II e nos três do ensino médio. Os temas abordados no fundamental II se repetem no ensino médio, mas com diferente nível de aprofundamento e maior variedade de elementos para reflexão, pois os conteúdos geográficos são cobrados em exames de ingresso de universidades públicas, como o Exame Nacional do Ensino Médio, que á acesso ao ensino superior em universidades federais e estaduais.

Nos primeiros anos do ensino fundamental II, são debatidos conteúdos de Geografia do Brasil que enfatizam aspectos físicos, humanos e políticos do país. No 1º ano desse ciclo se discutem temas relativos a Cartografia, Geomorfologia, Climatologia, Vegetação e Recursos Naturais, com ênfase em exemplos do território brasileiro. Já no 2º se discutem temas de Demografia, Agropecuária, Geografia Urbana, Geografia Econômica, Indústria, Transportes e Regiões Brasileiras.

A partir do 3º ano, são apresentadas informações sobre os demais países. Ressalta-se que diversos conteúdos dialogam com os temas abordados pela disciplina de História, pois discutem questões de Geopolítica e de Geografia Econômica internacional. A escolha por apresentar determinado conjunto de países varia de acordo com o material didático, ou seja, enquanto alguns livros didáticos abordam o continente asiático no 8º ano, outros o trabalham no ano seguinte. Essa flexibilidade se deve à organização do currículo nacional de Geografia, que permite alguma flexibilidade na distribuição dos conteúdos relativos aos demais países do mundo.

O temo dos transportes é debatido em livros didáticos de Geografia tanto ao longo do ensino fundamental II como no médio. Em ambos os níveis, os livros têm capítulos completos sobre todos os modos de transporte - aéreo, rodoviário, ferroviário, hidroviário e gasoduto -, além de discutir infraestruturas de comunicação e transmissão de dados como cabos submarinos, antenas, computadores etc. e ainda a circulação de pessoas, bens e informações.

Reforçam-se algumas discussões sobre a modernização das redes técnicas e os resultados dos avanços tecnológicos na organização do território brasileiro. Esses conteúdos são tratados com uma abordagem histórica que mostra a evolução das redes de circulação no país e sua distribuição no período atual, para depois problematizar questões regionais envolvendo a distribuição de mercadorias e a circulação de passageiros.

Os sites de instituições públicas no Brasil, como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) produzem um grande e importante conjunto de dados e informações que são usados na preparação de materiais didáticos. A disponibilidade de dados e a organização em portais on-line permite consultar, descarregar e preparar produtos cartográficos e estatísticos.

No ensino médio, o debate sobre transporte pode ser realizado em qualquer um dos três anos. Ao contrário do segundo nível do ensino fundamental, as discussões são mais aprofundadas e também trazem exemplos de outros continentes, ou seja, não são capítulos dedicados exclusivamente ao transporte no Brasil. Exemplos dos EUA, da China e de países da União Europeia são geralmente aduzidos para mostrar sobretudo peculiaridades de cada país e também para fazer comparações com o Brasil. Quando estudam o caso brasileiro, os livros didáticos discutem o desequilíbrio da matriz de transporte, sobretudo o sistema rodoviário.

Os capítulos dedicados à geografia dos transportes geralmente abordam a configuração territorial do movimento de pessoas e mercadorias a partir de uma perspectiva histórica, que elucida a formação do território brasileiro e a consolidação das redes geográficas. A principal questão debatida pelos livros didáticos é a opção pelo sistema de circulação rodoviária em detrimento de outros sistemas, enfatizando o abandono das ferrovias a partir da década de 1950 e o forte crescimento da rede viária em todo o território, elemento de integração nacional.

As reflexões sobre o transporte no Brasil buscam mostrar a relação entre o desenvolvimento da infraestrutura e a economia voltada à exportação, ligada principalmente ao comércio de produtos agrícolas e minerais. Os mapas dos livros didáticos ilustram a organização das redes de transporte e ajudam os alunos a compreender a formação geográfica e histórica do Brasil. Outro tema importante sobre transporte no Brasil é o que debate a circulação interna nos rios. A rede brasileira de rios navegáveis é imensa e de uso intenso em estados da Amazônia, como Pará e Amazonas, tanto para o transporte de cargas como de pessoas, pois a rede rodoviária da Amazônia é mais rarefeita que no resto do país.

No segundo nível do ensino fundamental, o tema transporte é debatido sobretudo no 6ª ano, quando se aprofundam aspectos econômicos da geografia brasileira. Normalmente, os livros trazem um capítulo completo e exclusivo que descreve a organização dos modais de transporte no território brasileiro, com vários exemplos empíricos em todo o país e amplo uso de fotografias, mapas, tabelas e gráficos. Diferentemente do ensino médio, trata-se de uma discussão mais alinhada ao Currículo Nacional de Geografia.

Para este tópico do artigo foi escolhida a coleção didática intitulada “Por dentro da Geografia”, organizada por Wagner Costa Ribeiro. Trata-se de um conjunto com quatro livros - um para cada ano do ensino fundamental II - que têm conteúdos sobre transportes nos livros do 6º e do 7º ano.

O livro do 6º ano contém sete páginas sobre transportes no capítulo 12, intitulado “Comércio e circulação mundial” (Ribeiro, 2016RIBEIRO, W. C. Por dentro da Geografia. 4.ed. São Paulo: Saraiva, 2016.). O principal objetivo desse capítulo é apresentar aos estudantes aspectos gerais da produção e da circulação material e imaterial com tópicos que abordam transporte de passageiros, mercadorias e informações. No fim, há uma página com uma seção intitulada “Enquanto isso no Brasil...” para tratar das infovias no território nacional com um mapa de usuários de internet por estado. Há também uma seção denominada “Você em ação”, com oito exercícios dissertativos sobre o referido capítulo, que, de 23 páginas, tem sete laudas com conteúdos associados a transportes, nomeadamente nos tópicos a seguir:

  1. tópico 2 - “O transporte marítimo”: com pouco mais de três páginas, mostra a importância do transporte marítimo para o comércio mundial e descreve o uso de contêineres nesse modal e seus desdobramentos para a circulação marítima pelo planeta. Há também um conjunto de parágrafos sobre as passagens marítimas do Panamá e de Suez, com um esquema na página 209 que ilustra o funcionamento do canal panamenho;

  2. tópico 3 - “Os tráfegos aéreo, rodoviário e ferroviário”: em poucos parágrafos, discute brevemente os modais aéreo, rodoviário e ferroviário, ilustrados com um mapa dos fluxos aéreos pelo mundo na página 210, uma fotografia dos road trains australianos (caminhões com quatro reboques) e uma imagem de um trem de alta velocidade (TGV) de Paris;

  3. tópico 4 - “Sistemas de transporte”: com parágrafos mais longos e dois mapas das redes de transporte terrestre no Japão e no continente africano, o principal objetivo desse item é mostrar aos estudantes de forma lúcida a integração e a ausência de determinados modais em certas partes do espaço geográfico.

Vale ressaltar que o capítulo, embora não seja dedicado exclusivamente aos transportes, traz um rico material textual e gráfico, com amplo uso de fotografias, mapas e esquemas. Nota-se a preocupação com apontamentos mais gerais ilustrando várias partes do planeta. Essas informações em certa medida instigam os estudantes a conhecer mais detalhadamente a realidade de outros países.

O livro do 7º ano tem um capítulo integralmente dedicado aos transportes, com ênfase no território brasileiro. Intitulado “A circulação e os transportes”, o capítulo 12 contém 17 páginas que descrevem e debatem os sistemas de movimento no Brasil, com ênfase na configuração territorial dos transportes e em suas problemáticas. Ao final desse capítulo, a seção “Enquanto isso no mundo...” trata do sistema de transporte da China a partir de um mapa com as rodovias e ferrovias no território chinês.

Na seção “Você em ação”, há 13 exercícios dissertativos sobre o conteúdo do capítulo, além da sugestão para um trabalho em grupo que consiste na elaboração de roteiros de viagem pelo Brasil através das rodovias (Ribeiro, 2016RIBEIRO, W. C. Por dentro da Geografia. 4.ed. São Paulo: Saraiva, 2016.). O capítulo se organiza em cinco tópicos:

  1. tópico 1 - “O país das rodovias”: em quatro páginas, discute o amplo uso do transporte rodoviário no Brasil tanto para a circulação de mercadorias como para a de pessoas, seja em trajetos mais longos, seja nas cidades. Dois gráficos ressaltam o desequilíbrio da matriz brasileira de transportes e reforçam o argumento da alta dependência do modal rodoviário em todo o território nacional. Os textos trazem diversos dados e informações sobre a malha rodoviária brasileira e, finalmente, há na página 203 um mapa das rodovias do país. Na página 204, um quadro mostra a mortalidade de motociclistas nos centros urbanos;

  2. tópico 2 - “A ferrovia: do abandono à privatização”: em duas páginas, discute a formação da rede ferroviária brasileira e mostra o baixo nível de integração entre os diversos ramais pelo território. O principal objetivo desse tópico é mostrar o abandono das ferrovias no Brasil em prol das rodovias. Na página 205, há um mapa do sistema ferroviário brasileiro em 2014 e, na página 206, um conjunto de parágrafos entre duas imagens debate as privatizações das ferrovias no país transcorridas a partir da década de 1990;

  3. tópico 3 - “Hidrovias e portos”: em quatro páginas, esse item se subdivide em hidrovias e portos, para discutir a navegação aquaviária interna e depois a participação brasileira na navegação marítima mundial. A vasta extensão hidrográfica nacional permite o uso de um conjunto amplo de rios para transporte de cargas e passageiros - este último recorrente na Amazônia. O texto destaca as hidrovias Tietê-Paraná e São Francisco, formadas por importantes rios que integram o Brasil e também incluem países vizinhos. Na página 209, há um mapa com a navegabilidade das bacias no país, em outras, há fotos e, na página 210, um mapa com os portos brasileiros;

  4. tópico 4 - “Transporte aéreo em expansão”: em duas páginas, mostra a intensificação do transporte aéreo, sobretudo de passageiros, pelo território brasileiro a partir da segunda metade da década de 2000, decorrente do aumento real do salário-mínimo, da expansão do crédito e de melhorias substantivas na qualidade de vida do povo brasileiro. Os textos trazem dados importantes sobre os aeroportos brasileiros, e o gráfico da página 212 atesta o crescimento sensível do número de passageiros em voos domésticos no país;

  5. tópico 5 - “Energia para o transporte”: em três páginas, dá elementos para elucidar a importância das fontes de energia para os transportes em todo o país. O texto dá informações relevantes sobre os combustíveis mais utilizados no Brasil e debate separadamente em três subitens: petróleo e gás natural, etanol e biodiesel.

Trata-se de um capítulo mais extenso, com maior nível de aprofundamento e riqueza de detalhes. O fato de os estudantes do 7º ano terem tido nos meses e no ano anterior conteúdos relativos à natureza, ao meio ambiente, à população, ao campo e às cidades, concorre para um melhor entendimento da circulação. Ademais, a introdução de tópicos mais elementares e gerais sobre transportes no 6º ano dá ao docente a possibilidade de retomar com os estudantes parte das discussões realizadas anteriormente, o que ajuda a compreender os diversos problemas discutidos no capítulo sobre transportes no 7º ano.

Essa grande variedade de conteúdos e seu aprofundamento ao longo dos quatro anos do ensino fundamental II no Brasil decorre da organização do currículo de Geografia no país. Enquanto nos demais países analisados só há aulas de Geografia em um dos anos do período equivalente ao fundamental II brasileiro, no Brasil as aulas são semanais e figuram em todo o ciclo, ou seja, os estudantes têm acesso a um amplo conjunto de informações, dados e reflexões nos quatro anos do ensino fundamental II e também ao longo do ensino médio.

O maior número de aulas no Brasil demanda um aprofundamento quantitativo e permite uma abordagem qualitativa mais aprimorada, o que propicia a docentes e estudantes um conhecimento mais amplo e analítico sobre o Brasil e o mundo. Vale ressaltar que a ampla variedade de coleções didáticas e os critérios rigorosos de avaliação e escolha das obras por parte do Estado brasileiro (via PNLD) faz com que as editoras tenham uma curadoria bastante atenta acerca das informações selecionadas e da organização interna dos conteúdos.

As editoras competem entre si para serem as vencedoras das licitações para a aquisição dos livros por parte do governo federal. Trata-se de vultosas compras, pois o número de estudantes a receber essas coleções didáticas é muito superior a um milhão, o que torna esses contratos atrativos para as editoras. A robustez do PNLD impõe que as coleções didáticas sejam rigorosamente pensadas e concebidas pelas editoras. Considerando os livros de Geografia no Brasil, destaca-se o papel central dos PCN e da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que traçam diretrizes para a definição dos conteúdos abordados em cada ciclo e ano do ensino fundamental I e II e para cada série do ensino médio.

A Geografia dos transportes em livros de países latino-americanos

México

A Geografia no México segue uma abordagem temática. O livro começa com habilidades geográficas, em geral, e habilidades cartográficas, em particular. Os capítulos subsequentes exploram várias facetas das ligações entre a natureza e a sociedade. Finalmente, o capítulo de encerramento aprofunda os laços entre espaço geográfico e cidadania.

Em vez de dedicar um capítulo ao transporte e à mobilidade, o livro didático mexicano do 7º ano apresenta o transporte rodoviário como conteúdo linear dentro do capítulo sobre comércio, redes de comunicação e transporte. No entanto, elementos de texto descontínuos em todo o livro mencionam o transporte rodoviário usam o tema para desenvolver habilidades geográficas.

O conteúdo dos transportes parte da interligação de meios, modos e infraestruturas como componentes de cada rede de transportes. No entanto, a infraestrutura constitui a espinha dorsal do conteúdo dos transportes em geral e dos transportes rodoviários, em particular. As informações sobre os meios de transporte rodoviário são limitadas. O conteúdo gira principalmente em torno de conceitos-chave geográficos, como escala, globalização, desenvolvimento e sustentabilidade.

As perspectivas baseadas em escala no transporte se concentram principalmente no México como um espaço nacional e no mundo representando a escala global. Assim, tanto o texto contínuo quanto seus elementos visuais de apoio, como mapas e gráficos, oferecem uma representação detalhada do transporte rodoviário no México. Em contrapartida, a informação associada à escala global continua a ser de natureza mais agregada.

O tópico sobre transportes apoia os alunos sobretudo para compreender a espacialidade da globalização econômica, explicando os padrões do comércio global. O desenvolvimento constitui um conceito de suporte sempre que o livro aborda centros econômicos e periferias por meio de sua infraestrutura. Os conteúdos sobre desenvolvimento sustentável e proteção ambiental abordam brevemente o transporte em sua totalidade como um componente de um futuro mais sustentável. O transporte rodoviário serve como representação pictográfica da poluição ambiental.

Em linhas gerais, o livro se abstém de apresentar o lado dinâmico dos transportes, mantendo o foco em descrições de redes e estruturas espaciais em escala nacional e global. Além disso, aspectos da mobilidade individual e seus padrões espaciais seguem sem solução. Também faltam estudos de caso no livro didático. Os autores de didáticos optaram por uma visualidade rica, com mapas, imagens e tabelas que complementam o texto.

No que diz respeito aos objetivos educacionais, a análise das tarefas apresentadas nos conteúdos dedicados ao transporte rodoviário mostra dois aspectos principais. Por um lado, as tarefas incentivam fortemente a leitura e a interpretação de mapas. Por outro lado, a identificação dos padrões espaciais e suas possíveis explicações dominam as tarefas. O desenvolvimento no tempo e a dinâmica geral estão fora dos objetivos para os quais as tarefas contribuem.

Venezuela

A geografia no ensino secundário inferior venezuelano baseia-se na abordagem temática e regional. Os alunos aprendem Geografia Geral antes que a Geografia da Venezuela contextualize o conteúdo temático numa abordagem regional.

Voltando-se para a Geografia Geral, o livro didático primeiro entra em Geografia como uma disciplina acadêmica e seus campos de investigação. Os dois capítulos seguintes exploram as características naturais e socioeconômicas dos espaços geográficos. O quarto capítulo aprofunda o mundo atual, seguindo uma abordagem regional em escala continental. Finalmente, o capítulo de encerramento se volta para os desafios ambientais.

Juntamente a outros serviços, o livro introduz o transporte dentro das atividades econômicas do setor terciário. O texto contínuo explica que o transporte como serviço requer meios, modos e infraestrutura. Ao longo da tipologia baseada em modais, os alunos aprendem que o transporte rodoviário é útil para percorrer curtas distâncias e principalmente adequado para volumes limitados de carga. Há informações muito limitadas sobre a mobilidade das pessoas. No entanto, em contraste, o livro sugere que sistemas ferroviários de alta velocidade, como os introduzidos e expandidos progressivamente nos países desenvolvidos, representam uma alternativa melhor para pessoas e cargas do que o transporte rodoviário.

Uma segunda e última menção ao transporte alude às disparidades ligadas ao progresso tecnológico em cada país. O livro mostra que uma expansão da rede de estradas pode levar à redução das desigualdades regionais. Os países menos desenvolvidos com redes rodoviárias precárias são mais suscetíveis a uma baixa fluidez territorial do que os países desenvolvidos com infraestrutura mais bem organizada.

Em termos de conceitos geográficos, os conteúdos ligados ao transporte só contribuem para o desenvolvimento. Dada a sua integração num capítulo centrado nos serviços, a ênfase continua a ser no desenvolvimento econômico. Apesar de exibir uma disposição rica em texto descontínuo, enquanto estudam Geografia Geral, os alunos têm que confiar apenas no texto contínuo, pois os autores decidiram não incluir nenhum elemento visual. O livro contém um conjunto de tarefas no final do capítulo. No geral, as tarefas concentram-se em diferentes tipos de atividades econômicas, mas desconsideram o transporte rodoviário .

O segundo livro didático analisado segue uma abordagem regional baseada na Geografia da Venezuela como estudo de caso. Após um capítulo com foco na posição geográfica da Venezuela, três capítulos separados se concentram em Geografia Física, Geografia Populacional e Geografia Econômica. Os dois últimos capítulos abordam a regionalização político-administrativa e questões ambientais.

Nominalmente, o livro aborda o transporte dentro do conteúdo dedicado aos serviços. No entanto, as informações sobre o transporte rodoviário são escassas e dispersas nos diferentes capítulos. Dentro dos espaços urbanos, o livro menciona que a melhoria da infraestrutura tem um efeito negativo na coesão social devido à dinâmica induzida pelo mercado imobiliário.

Como parte do estudo da economia venezuelana, os alunos aprendem que a exportação de combustíveis fósseis permitiu o investimento em infraestrutura, em geral, e estradas, em particular. Ao descrever o turismo, o texto contínuo informa aos alunos que uma rede rodoviária bem desenvolvida é um dos fatores cruciais. No entanto, mais estradas geralmente implicam mais congestionamentos.

Semelhante ao livro didático apresentado acima sobre Geografia Geral, a Geografia da Venezuela também usa o transporte rodoviário para discutir o desenvolvimento econômico. Em contraste com a Geografia Geral, o livro didático dedicado à Venezuela se abstém de comparar seu transporte rodoviário com o de outros países.

No geral, o curto conteúdo sobre transporte rodoviário continua limitado ao texto contínuo, mas algumas tarefas contêm elementos como mapas. Duas tomam o transporte rodoviário como conteúdo: “Escolha uma das estradas representadas no mapa. Descreva quais cidades ela atravessa e explique o papel da estrada para o desenvolvimento dessas cidades!” e “Como [o assentamento] está conectado a outros assentamentos (ruas, avenidas, estradas ou rios)?”. Ambas trabalham habilidades geográficas ligadas à descrição de padrões espaciais e servem para entender melhor o desenvolvimento econômico e seus fatores.

Peru

No ensino secundário peruano, a geografia faz parte do tema interdisciplinar “História, Geografia e Economia”. A abordagem da disciplina escolar é mais temática, envolvendo os laços entre religião e sociedade na Idade Média, valorizando o espírito reflexivo e inovador do Renascimento, refletindo sobre as grandes realizações das civilizações americanas, explicando como a conquista dos territórios americanos mudou a história global, descrevendo a nova ordem mundial imposta pelos espanhóis no Peru, ponderando os objetivos de alcançar a qualidade ambiental e construir um país que ofereça oportunidades para todos e, finalmente, valorizando as perspectivas da economia peruana ao avaliar opções futuras.

Os conteúdos de transportes fazem conexões entre Geografia e Economia e exploram as redes de comunicação e transporte no decorrer do desenvolvimento econômico. O livro enfatiza repetidamente a importância da rede rodoviária peruana para o desenvolvimento econômico do país. O breve texto contínuo esclarece o papel do Ministério dos Transportes e Comunicação no planejamento, na construção e na manutenção da rede rodoviária. Depois, os dados de 2009 mostram a extensão do sistema rodoviário total e pavimentado, incluindo a única rodovia do país (Panamericana). Um mapa da rede de transportes do Peru, incluindo estradas, complementa o texto contínuo. Com base no texto, o livro didático contribui principalmente para o desenvolvimento econômico como um conceito-chave geográfico. No entanto, as tarefas definem um foco bastante diferente.

Todas as três tarefas apresentadas no trecho dedicado ao transporte peruano incluem o transporte rodoviário. A primeira tarefa foca nas habilidades de leitura de mapas e na descrição de estruturas espaciais e conexões básicas, enquanto a segunda tarefa exige que os alunos expliquem a importância da comunicação e do transporte para o desenvolvimento do Peru.

Finalmente, a terceira tarefa pede aos alunos que escolham uma região peruana usando uma página inicial. Depois, os alunos devem descrever seu caminho até lá e também como poderiam visitar pontos de interesse em torno do destino escolhido. Assim, as tarefas concentram-se principalmente nas habilidades cartográficas e na espacialidade das redes rodoviárias. No que concerne à organização do item, a discussão do transporte rodoviário se concentra principalmente no texto contínuo com um mapa complementar que apoia as tarefas.

Costa Rica

O currículo do ensino médio da Costa Rica integra a Geografia na disciplina interdisciplinar de Estudos Sociais. Consequentemente, o conteúdo segue uma abordagem baseada em tópicos mais forte que permite a exploração de conteúdo a partir de várias perspectivas disciplinares.

Os livros didáticos do 8º ano discutem o grande tema da adaptação dos seres humanos a um ambiente em mudança, particularmente no que tange à gestão de riscos, recursos hidrológicos e mudanças climáticas. As três unidades principais cobrem a forma como os seres humanos se adaptam a um espaço geográfico dinâmico e recursos hidrológicos limitados, sua participação nas mudanças climáticas e as soluções locais e globais para alavancar e se adaptar aos desafios dessas mudanças. No geral, o livro didático aborda conteúdos em escala global. No entanto, a unidade temática de encerramento liga a Costa Rica ao mundo, operando assim com o conceito de escala geográfica.

O conteúdo sobre o transporte rodoviário se enquadra na terceira unidade temática e explica uma das maneiras possíveis de se adaptar às mudanças climáticas na Costa Rica e no mundo. O texto curto e contínuo explica o papel de diferentes modais, como estrada e ferrovia. Uma combinação de modais e meios ilustra como uma mudança do transporte individual para o transporte público e da estrada para o transporte ferroviário poderia dar uma contribuição significativa. As medidas propostas permanecem genéricas, como o acesso restrito de carros ao interior das cidades (parcial e periodicamente, segundo das placas), redes de ônibus melhoradas que se estendem aos subúrbios e ciclovias de construção.

Uma foto de uma ciclovia ilustra uma maneira de atenuar a mudança climática. Embora o conteúdo seja muito reduzido, os textos contínuo e descontínuo se complementam. Analogamente, apenas uma tarefa aborda o transporte rodoviário, instando os alunos a nomear maneiras de atenuar as mudanças climáticas com base em mudanças na área de transporte em sua localidade.

O livro didático do 9º ano assume um olhar histórico e explora a história da humanidade desde a Idade Média e levando à Costa Rica do século XIX. A primeira unidade temática explora os processos econômicos, sociais, políticos e culturais que moldaram o desenvolvimento da humanidade entre a Idade Média e o Renascimento. O bloco temático subsequente se concentra nas sociedades modernas, tocando no absolutismo, no Iluminismo, na Revolução Francesa e nas sociedades coloniais da América Latina (inclusive o início do século XIX). Finalmente, a terceira unidade temática analisa a independência americana, a Revolução Industrial e a história do Estado-nação costa-riquenho, inclusive a repercussão social de sua integração na economia mundial do século XIX.

O livro aborda o transporte dentro do terceiro tópico ao abordar a integração da Costa Rica na economia global. O café ilustra como a exportação exigiu mudanças na agricultura e na infraestrutura, levando, entre outros, à expansão dos portos no Caribe e à construção de estradas e ferrovias. Quanto à exportação de café, os projetos iniciais de desenvolvimento rodoviário enfrentaram maiores desafios, como as iniciativas ferroviárias. Os grãos, por outro lado, exigiam meios tradicionais de transporte fortemente dependentes da força humana e animal. Em geral, o transporte rodoviário e o desenvolvimento dessa rede têm apenas um papel secundário diante das ferrovias e do transporte naval.

O texto contribui principalmente para o conceito-chave geográfico de desenvolvimento. Dado seu quadro histórico mais amplo, a variável econômica tem um papel mais central. No entanto, o livro didático também contempla uma dimensão cultural e social mais ampla. A única tarefa de abordar diretamente o transporte exige que os alunos reproduzam os fatores que induziram o projeto de desenvolvimento de infraestrutura à luz da produção e da exportação de café da Costa Rica.

Considerações finais

O estudo dos transportes na Geografia é importante por sua transversalidade dentro da ciência geográfica. Ao estudar o movimento de pessoas, mercadorias, informações e dinheiro, a Geografia traz um amplo conjunto de possibilidades de descrições, análises, correlações e interpretações do espaço geográfico e dos usos do território, pois os transportes permitem entender as inter-relações entre a cidade e o campo, entre agropecuária, indústria e comércio e entre diferentes regiões num mesmo país e esclarecem a importância da economia e da geopolítica para compreender a organização do espaço.

Os livros didáticos são portadores de ideias e importantes ferramentas para a transmissão do conhecimento científico e para o exercício docente, o que torna essencial o debate em torno de sua construção e da abordagem dos conteúdos desse material. Os livros são importantes instrumentos para uma aprendizagem bem fundamentada e plural dos estudantes, pois ensejam seu contato com um conhecimento que beneficiará a formação dos futuros cidadãos.

Ao discutir as mudanças que a sociedade produz no espaço geográfico, os livros didáticos de Geografia apresentam aspectos naturais, econômicos, sociais, políticos e culturais de vários países, o que exige rigor e cuidado na escolha e na organização do arcabouço teórico-metodológico que norteia a escrita dos livros e também dos objetos gráficos - mapas, tabelas, gráficos, esquemas, diagramas etc. - que integram os capítulos das coleções didáticas.

Considerando o debate dos transportes nos livros didáticos de Geografia, é importante inserir aspectos relativos a infraestrutura, indústria e serviços de transporte para subsidiar discussões sobre temas como intermodalidade, matriz de transportes, desenvolvimento regional e acessibilidade. Por exemplo, um conjunto de textos e objetos gráficos que debata a circulação de pessoas em determinado município ou região pode suscitar o interesse de estudantes e educadores na proposição de novas políticas associadas ao transporte coletivo naquela localidade, ou seja, a discussão do livro didático pode ser o ponto de partida para um conjunto de aulas e atividades que resultarão na ampliação de um debate para além da sala de aula.

A abordagem dos transportes nos livros didáticos de Geografia traz diversas possibilidades para ampliar a capacidade reflexiva, interpretativa e analítica de estudantes e docentes acerca da realidade cotidiana. Portanto, é fundamental que esse material tenha uma organização interna clara, um uso adequado da linguagem e uma boa articulação entre aspectos teóricos e empíricos, concorrendo para aprimorar o processo de ensino-aprendizagem.

Ressalte-se a importância das aulas de Geografia ao longo de todo o ensino fundamental II no Brasil e também do mínimo de duas semanais (em algumas escolas, esse número pode chegar a três ou quatro), o que dá ao professor tempo para tratar uma quantidade razoável de conteúdos e reflexões, propondo atividades diversificadas.

Ou seja, o fato de o ensino de Geografia estar presente em todos os anos do ensino fundamental II é central para a robustez e o aprofundamento dos conteúdos das coleções didáticas brasileiras, que podem abordar diversos estudos de caso tanto do território brasileiro como de outras partes do mundo. Como outros grandes temas, os transportes implicam essas possibilidades, já que, depois de apresentar o arcabouço teórico que sustenta as análises e reflexões, os livros didáticos brasileiros enriquecem o debate com dados, informações, gráficos, fotografias, mapas e outros elementos.

Ao comparar as coleções didáticas selecionadas, nota-se que o número reduzido de aulas em alguns países latino-americanos detalha ou aprofunda menos os conteúdos e enfatiza apenas algumas informações e um conjunto limitado de dados, o que prejudica conteúdos como os relativos aos transportes. Diferentemente das coleções didáticas brasileiras, os livros dos países citados não têm capítulos exclusivos sobre os transportes na Geografia. Portanto, o tema é pontualmente inserido em outras discussões previamente selecionadas para a composição das obras, o que em certa medida reduz as possibilidades de obter informações e analisar e refletir sobre a circulação tanto no próprio país como no mundo.

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Editado por

Editora do artigo:

Mónica Arroyo

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    05 Jun 2023
  • Data do Fascículo
    2023

Histórico

  • Recebido
    05 Abr 2023
  • Aceito
    05 Maio 2023
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