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EFEITOS DE PRÉ-TRATAMENTOS DE ÁGUA QUENTE E CONGELAMENTO NA TAXA DE SECAGEM DA MADEIRA DE Eucalyptus grandis Hill ex Maiden

EFFECTS OF PRE-HEATING IN WATER AND PRE-FREEZING TREATMENTS ON DRYING RATE OF Eucalyptus grandis Hill ex Maiden WOOD

RESUMO

A mostras de madeira de Eucalyptus grandis com dimensões de 2,5 x 14,0 x 65 cm foram submetidas previamente ao aquecimento em água e ao congelamento, com o objetivo de avaliar o efeito desses pré-tratamentos na taxa de secagem. O pré-aquecimento em água foi conduzido em um tanque térmico, em que as amostras permaneceram submersas durante 24 horas a temperaturas entre 85 e 90°C. O pré-congelamento foi executado em um freezer a temperaturas entre -10 e -15ºC pelo período de 24 horas. A operação de secagem foi realizada em estufa elétrica com convecção forçada de ar e controle termostático, utilizando temperaturas de 45, 60 e 75oC. Os resultados mostraram que, a taxa de secagem aumentou significativamente quando a madeira foi pré-aquecida em água, mas não foi afetada pelo précongelamento.

Palavras-chaves:
pré-aquecimento em água; pré-congelamento; taxa de secagem

ABSTRACT

Samples of Eucalyptus grandis wood, with dimensions of 2,5 x 14 x 65 cm were previously placed in a hot water bath and freezing, with the objective of evaluating the effect of these pre-treatments in drying rate. The hot water pre-treatment was conducted in a thermal vat, where the specimens were sank for a 24 hours period at temperatures of 85 to 90oC. The pre-freezing was carried out in a freezer with temperatures between 10 and -15oC for 24 hours. Drying was accomplished in an electric oven with forced convection and thermostatic control, using temperatures of 45, 60 and 75oC. The results showed that, the drying rate increased significantly when the wood was pre-heated in water, but was not affected by the pre-freezing.

Key words:
pre-heating in water; pre-freezing; drying rate

INTRODUÇÃO

O estoque de madeira de eucalipto vem aumentado, especialmente no Hemisfério Sul, onde se desenvolve em ciclos curtos, tendo como principal obstáculo a dificuldade de secar este material jovem e propenso a apresentar sérios defeitos durante a secagem (Jankowsky, 1995JANKOWSKY, I. P. Equipamentos e processos para secagem de madeiras. In: SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE UTILIZAÇÃO DA MADEIRA DE EUCALIPTO PARA SERRARIA, 1995, São Paulo. Anais... Piracicaba: IPEF/IPT, 1995. 109-118p.).

Martins et al. (2001)MARTINS, V. A.; GOUVEIA, F. N. ; MARTINEZ, S. Secagem convencional de madeira de Eucalipto Parte I: Eucalyptus cloeziana F. Muell, E. grandis Hill ex Maiden e E. pilularis Sm. Brasil Florestal, n. 70, p. 42-47, 2001., recomendam uma secagem bastante criteriosa e lenta para a madeira de eucalipto. Utilizando-se de condições apropriadas, é possível evitar defeitos como rachaduras, colapso e empenamentos, assim como, aumentar a taxa de secagem e reduzir os custos do produto final.

Vários pré-tratamentos têm sido testados com o objetivo de reduzir o tempo de secagem e a incidência de defeitos na madeira. Vermaas (1995)VERMAAS, H. F. Drying eucalyptus for quality: material characteristics, pre-drying treatments, drying methods, schedules and optimization of drying quality. In: SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE UTILIZAÇÃO DA MADEIRA DE EUCALIPTO PARA SERRARIA, 1995, São Paulo. Anais... São Paulo: IPEF/IPT/IUFRO/ESALQ/USP, 1995, p.119132. menciona o pré-aquecimento, pré-congelamento, aplainamento, entre outros, como formas de facilitar a secagem da madeira.

O pré-aquecimento em água consiste na imersão da madeira em um meio com água quente, utilizando temperaturas e períodos variáveis. Conforme Chafe (1992)CHAFE, S. C. Changes in shrinkage, collapse and green volume in the wood of Eucalyptus regnans F. Muell after heating in water. Wood Science, V. 12, n. 6, p. 341-345, 1992., o pré-aquecimento em água produz mudanças nas propriedades físicas e químicas da madeira, e a extensão dessas mudanças depende da temperatura e duração do pré-tratamento. O prétratamento de água quente possibilita a remoção ou redistribuição de alguns extrativos, que alteram a estrutura interna da madeira. Como resultado, ocorre um aumento no coeficiente de difusão da madeira e, consequentemente, aumento na taxa de secagem (Choong et al., 1999CHOONG, E. T.; SHUPE, T. F.; CHEN, Y. Effect of steaming and hot-water soaking on extractive distribution and moisture diffusivity in southern pine during drying. Wood Fiber Science, V.31, n.2, p.143-150, 1999.).

De acordo com Haslett & Kininmonth (1986)HASLETT, A. N.; KININMONTH, J. A. Pretreatments to hasten the drying of Nothofagus fusca. New Zeland Journal of Forestry Science, V.16, n.2, p.237-246, 1986., o banho em água quente causa relocação parcial de polifenóis, resultando em substancial redução no tempo de secagem. A vantagem do banho em água quente é um aumento da taxa de secagem inicial sem acrescentar defeitos na madeira.

A aplicação de banho de água quente, segundo Gunzerodt et al. (1986)GUNZERODT, H.; WALKER, J. C.; WHYBREW, K. Compression rolling and hot-water soaking: effects on the drying and tretability of Nothofagus fusca hertwood. New Zeland Journal of Forestry Science, V. 16, n. 2, p. 223-36, 1986., removeu parcialmente ou completamente extrativos em Nothofagus fusca, particularmente da parede celular e pontoações de membrana do parênquima radial, resultando um aumento na taxa de secagem, principalmente na direção radial.

Os primeiros estudos utilizando o précongelamento como pré-tratamento de secagem da madeira são datados da década de sessenta e foram desenvolvidos nos Estados Unidos. Essas pesquisas já demostravam os benefícios na secagem da madeira com a utilização desse prétratamento, tanto como aumento da taxa de secagem, como na redução de defeitos de secagem na madeira.

Ilic (1995)ILIC, J. Advantages of prefreezing for reducing shrinkage-related degrade in eucalypts: General considerações and review of the literature. Wood Science and Technology, V. 29, n. 4, p. 277-284, 1995. destaca que o pré-congelamento tem sido utilizado com sucesso como pré-tratamento de secagem para madeiras de coníferas e folhosas de regiões temperadas e tropicais. Pesquisas sugerem que temperaturas próximas a -20ºC são mais apropriadas para o pré-congelamento da madeira, embora algumas espécies possam responder melhor em temperaturas mais negativas. O período experimentado para o pré-congelamento tem oscilado entre 12 a 24 horas, no entanto, ainda não há um consenso com relação a temperatura e a duração do pré-tratamento a serem adotados para cada espécie de madeira.

Choong et al.(1973)CHOONG, E. T.; MACKAY, J.F.G.; STEWART, C. M. Collapse and moisture flow in kiln-drying and freeze-drying of woods. Wood Science. V. 6, n. 2, p. 127-35, 1973. demostraram que o congelamento da madeira de Eucalyptus delegatensis promoveu um aumento na taxa de secagem, particularmente na fase inicial do processo. Os mesmos autores salientam que o efeito mais pronunciado do congelamento na secagem de madeira de eucalipto foi a prevenção completa de colapso.

Segundo Cooper et al. (1970)COOPER, G. A.; ERICKSON, R. W.; HAYGREEN, J. G. Drying behavior of prefrozen black walnut. Forest Products Journal, V. 20, n.1, p.30-35, 1970., é significante e favorável a alteração da relação água-madeira causada pelo pré-congelamento, podendo acelerar o processo de secagem sem acrescentar defeitos na madeira. Como o efeito ocorreu acima do ponto de saturação das fibras, o pré-congelamento teria aumentado a massa de fluxo líquido, que pode ser expressado como permeabilidade da madeira. Além disso, pode ser possível desenvolver um prétratamento mais efetivo, quando for melhor compreendida a relação de causa-efeito dentro do conjunto de água-madeira submetida ao précongelamento.

O presente estudo teve por objetivo avaliar a influência dos pré-tratamentos de imersão em água quente e congelamento na taxa de secagem da madeira de Eucalyptus grandis Hill ex Maiden.

MATERIAL E MÉTODOS

No experimento, utilizou-se madeira de Eucalyptus grandis, Hill ex Maiden, com aproximadamente 25 anos de idade, pertencentes a um povoamento da Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária - Centro de Pesquisa e Recursos Florestais (Fepagro Florestas), localizado no Distrito da Boca do Monte, em Santa Maria - RS.

Três árvores foram abatidas e secionadas em toras de 3,0 m. As duas primeiras toras de cada árvore foram desdobradas por meio de uma serra de fita, em tábuas de 2,5 x 14,0 cm de espessura e largura, respectivamente. Posteriormente, na marcenaria da Universidade Federal de Santa Maria confeccionaram-se as amostras de secagem. De cada tábua de 3,0 m, obtiveram-se três amostras com dimensões nominais de 2,5 x 14,0 x 65,0 cm de espessura, largura e comprimento, respectivamente. Por ocasião do corte das tábuas para confecção das amostras, retirou-se dos extremos das mesmas dois corpos-de-prova que foram destinados para a determinação do teor de umidade inicial, conforme ilustra a figura 1. Imediatamente, as seções de umidade foram pesadas, submetidas a secagem em estufa à temperatura de 103+2ºC, até atingirem massa constante. De posse desses valores, calculou-se o teor de umidade inicial de cada uma delas através da seguinte equação:

Tui = m u - m s m s 100

onde:

Tui = teor de umidade inicial (%);

mu = massa úmida da seção (g);

ms= massa seca da seção (g).

A média aritmética entre as duas seções extraídas dos extremos de cada amostra, foi considerada como sendo o teor de umidade inicial da mesma.

Logo após a confecção das amostras e a determinação do teor de umidade inicial, todo o material foi armazenado em uma câmara fria, com temperaturas entre 0 e 5ºC, com a finalidade de minimizar as perdas de umidade e o ataque de fungos à madeira.

Figura 1
Obtenção dos corpos-de-prova para a determinação do teor de umidade (s1, s2, s3, s4) e das amostras de secagem.
Figure 1.
Board trimming method used for drying specimen withdraw and moisture content determination (s1, s2, s3, s4).

No experimento foi utilizado o delineamento inteiramente casualizado, em arranjo bifatorial, tendo como fatores os pré-tratamentos e a temperatura. Constituiu-se de nove tratamentos com três repetições, conforme mostra a tabela 1, sendo que a unidade amostral foi constituída por doze peças de madeira.

Tabela 1
Tratamentos de aquecimento e de congelamento aplicados aos corpos-de-prova de E. grandis.
Table 1
Characterization of the treatments.

As amostras que constituíram a testemunha foram submetidas à secagem sem a aplicação de pré-tratamento. Desta maneira, foi possível realizar as comparações necessárias para avaliar o efeito dos pré-tratamentos na secagem da madeira.

O pré-tratamento em água quente foi realizado em um tanque térmico com dimensões de 85 cm de comprimento, 80 cm de largura e 60 cm de altura, dotado de controle termostático da temperatura. A temperatura da água foi mantida entre 85 e 90°C, aquecida através de duas resistências elétricas. As amostras permaneceram submersas em água quente por um período de 24 horas, e depois foram mantidas em repouso até atingirem a temperatura ambiente, antes de serem submetidas à secagem em estufa.

Nos tratamentos de pré-congelamento utilizou-se um freezer doméstico da marca Prosdócimo. Durante o período de congelamento, fixado em 24 horas, a temperatura, controlada por meio de um termômetro digital, foi mantida entre -10 e -15ºC. Após o congelamento as peças foram armazenadas em ambiente arejado, até atingirem a temperatura ambiente, antes de serem submetidas à secagem em estufa.

A secagem da madeira foi realizada no Laboratório de Produtos Florestais da UFSM, utilizando-se estufa elétrica com convecção forçada de ar e controle termostático da temperatura, com dimensões internas de 60 x 80 x 100 cm de profundidade, largura e altura, respectivamente.

As pilhas foram compostas de doze peças de madeira, gradeadas por separadores de 2,5 x 2,5 cm de seção transversal. Duas amostras de controle incluídas na pilha permitiram o acompanhamento do teor de umidade da madeira, o qual foi obtido por meio do método de pesagem. Medições periódicas das amostras de controle realizadas durante todo o processo permitiram finalizar a secagem quando as amostras atingiram o teor de umidade entre 8 e 10%.

O teor de umidade de cada amostra foi determinado por meio da seguinte equação:

T u = [ M a ( T u i + 100 ) M i ] - 100

onde:

Tu = Teor de umidade da madeira (%);

Ma = Massa atual da madeira (g);

Tui = Teor de umidade inicial da madeira (%);

Mi = Massa inicial da madeira (g).

A taxa de secagem foi determinada por meio da seguinte equação, descrita por Santini (1980)SANTINI, E. J. Influência de temperatura na taxa de secagem e contração da madeira de Pinus elliottii proveniente de plantios de rápido crescimento. Curitiba: FUPEF, 1980, 15p. (Série Técnica, 5).:

T s = Q a e A . t

onde:

Ts = Taxa de secagem (g/cm2h);

Qae = Quantidade de água evaporada (g);

A = Área superficial da peça (cm2);

t = Tempo de secagem decorrido (horas).

Determinou-se a taxa de secagem para cada uma das amostras, sendo considerada para a repetição, a média das doze peças da unidade amostral.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os valores médios de taxa de secagem obtidos para os dois pré-tratamentos e testemunha, em função da temperatura de secagem, são apresentados na tabela 2. Verifica-se que a taxa de secagem encontrada para o pré-tratamento em água quente foi significativamente superior às demais ao nível de 5% de probabilidade de erro, nas três temperaturas utilizadas.

Tabela 2
Taxa de secagem média para os pré-tratamentos em função da temperatura de secagem em corpos-de-prova E. grandis.
Table 2
Average drying rate for the pre-treatments in function of the drying temperature.

A taxa de secagem da madeira previamente aquecida foi 39, 52 e 43% maior que a testemunha, nas temperaturas de 45, 60 e 75ºC, respectivamente. Glossop (1994)GLOSSOP, B. R. Effect of hot-water soaking or freezing pre-treatments on drying rates of two eucalypts. Forest Products Journal, V. 44, n. 10, p. 29-32, 1994. também evidenciou essa tendência de aumento na taxa de secagem de Eucalyptus marginata e Eucalyptus diversicolor, utilizando o pré-tratamento em água quente em um programa suave, com temperatura inicial de 30 e final de 50ºC.

O aquecimento da madeira em água altera o comportamento dos extrativos, podendo remover parte deles, desobstruindo vasos e pontuações, o que facilita a movimentação da água na madeira e, conseqüentemente, acelera o processo de secagem. Segundo Choong et al. (1999)CHOONG, E. T.; SHUPE, T. F.; CHEN, Y. Effect of steaming and hot-water soaking on extractive distribution and moisture diffusivity in southern pine during drying. Wood Fiber Science, V.31, n.2, p.143-150, 1999., o pré-tratamento em água quente causa mudanças nos principais extrativos da madeira, não somente redistribuindo ou removendo-os parcialmente, mas também dissolvendo alguns extrativos e degradando com certa facilidade componentes hidrolisáveis. Essas modificações na estrutura química dos extrativos podem interferir na sua inter-relação com a parede celular, alterando a higroscopicidade da madeira.

A taxa de secagem da madeira submetida previamente ao pré-congelamento não diferiu significativamente da testemunha nas três temperaturas utilizadas, embora as médias mais altas tenham sido encontradas para 75oC. Os valores foram praticamente os mesmos para a temperatura de 60ºC.

Comportamento semelhante foi detectado por Ilic (1999)ILIC, J. Influence of prefreezing on shrinkagerelated degrade in Eucalyptus regnans F. Muell. Holz als Roh und Werkstoff, V. 57, p. 241-245, 1999. durante a secagem de Eucalyptus regnans, utilizando temperatura de précongelamento de -20ºC durante um período de 72 horas. Inúmeros estudos com pré-congelamento da madeira de Sequoia sempervirens também não apresentaram mudanças na taxa de secagem (Erickson et al., 1966ERICKSON, R. W. HAYGREEN, J.; HOSSFELD, R. Drying prefrozen redwood. Forest Products Journal, v. 16, n. 8, p. 57-65, 1966.; Erickson 1968ERICKSON, R. W. Drying of prefrozen redwood: Fundamental and applied considerations. Forest Products Journal, V. 18, n. 6, p. 49-56, 1968., 1969ERICKSON, R.W. Effect of prefreezing upon hygroscopicity and shrinkage of thin cross sections of California redwood. Forest Products Journal, V.19, n.5, p.55-56, 1969.; Erickson & Petersen, 1969ERICKSON, R. W.; PETERSEN, H. D. The influence of prefreezing and cold water extraction on the shrinkage of wood. Forest Products Journal, V. 19, n. 4, p. 53-57, 1969.). Entretanto, para outras espécies Erickson et al. (1966)ERICKSON, R. W. HAYGREEN, J.; HOSSFELD, R. Drying prefrozen redwood. Forest Products Journal, v. 16, n. 8, p. 57-65, 1966. encontraram uma redução na taxa de secagem da madeira de Lithocarpus densiflorus e um aumento para a madeira de Juglans nigra. Para essa mesma espécie, Cooper et al. (1970)COOPER, G. A.; ERICKSON, R. W.; HAYGREEN, J. G. Drying behavior of prefrozen black walnut. Forest Products Journal, V. 20, n.1, p.30-35, 1970., utilizando uma temperatura de -87ºC, detectaram um aumento na taxa de secagem, principalmente nas fases iniciais do processo.

Para avaliação da temperatura, os resultados encontrados foram submetidos à análise de regressão. Na tabela 3, estão expostos os coeficientes e estatísticas obtidas para essa variável.

O modelo quadrático foi o que melhor descreveu o comportamento da taxa de secagem em função da temperatura, para os pré-tratamentos. Os valores do coeficiente de determinação, como mostra a tabela 3, foram de 73,5; 81,6 e 85,8%, para o pré-tratamento em água quente, congelamento e testemunha, respectivamente, demonstrando um bom ajuste das equações aos dados observados.

Tabela 3
Parâmetros estatísticos do modelo (y=b0+ b1x+ b2x2) utilizado para estimar a taxa de secagem (g/cm2.h) dos pré-tratamentos em função da temperatura.
Table 3
Statistical parameters of the model (y=b0+ b1x+ b2x2) used to estimate the drying rate (g/cm2h) of the pretreatments as a function of temperature.

Os valores de F calculado também foram altos, variando entre 149,5 e 323,4, confirmando a significância da regressão.

A taxa de secagem estimada em cada pré-tratamento em função das três temperaturas empregadas é ilustrada na figura 2. Observa-se a existência de diferenças na taxa de secagem entre as temperaturas de secagem utilizadas.

Figura 2
Variação da taxa de secagem da madeira em função da temperatura, para os pré-tratamentos estudados.
Figure 2.
Variation of the drying rate of the wood as a function of the temperature for the pre-treatments utilized.

O efeito da temperatura na taxa de secagem pode ser observado na figura 2. Independente do pré-tratamento, constatou-se que a taxa de secagem aumenta com a elevação da temperatura na faixa entre 45 e 75oC. Esse comportamento já havia sido observado anteriormente para madeira de Pinus elliottii, no intervalo entre 60 e 180oC (Santini, 1980SANTINI, E. J. Influência de temperatura na taxa de secagem e contração da madeira de Pinus elliottii proveniente de plantios de rápido crescimento. Curitiba: FUPEF, 1980, 15p. (Série Técnica, 5).). Segundo Galvão & Jankowsky (1985)GALVÃO, A. P. M.; JANKOWSKY, I. P. Secagem racional da madeira. São Paulo: Nobel, 1985. p.111., a elevação da temperatura implica o fornecimento de uma maior quantidade de energia às moléculas de água em menor período de tempo, o que aumenta a velocidade de secagem.

CONCLUSÕES

Os resultados desse estudo evidenciaram que o pré-aquecimento em água provocou um aumento significativo na taxa de secagem da madeira de E. grandis nas temperaturas de 45, 60 e 75oC, em comparação com a testemunha. Já o congelamento prévio da madeira não produziu mudanças significativas na taxa de secagem para as três temperaturas utilizadas. Nos dois pré-tratamentos, contudo, a taxa de secagem aumentou com a elevação da temperatura de secagem.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    03 Nov 2023
  • Data do Fascículo
    Apr-Jun 2003
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