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Crescimento da Cordia trichotoma (Vell.) Arrab. Ex Steud., na depressão central do Estado do Rio Grande do Sul

Growth of Cordia trichotoma (Vell.) Arrab. Ex Steud., in the central area of Rio Grande do Sul State

Resumo

Esta pesquisa teve como objetivo determinar o crescimento em diâmetro, volume comercial, incremento corrente anual em percentagem do volume comercial e o fator de forma comercial para Cordia trichotoma (Vell.) Arrab. Ex Steud., na área central do Estado do Rio Grande do Sul. A equação de Backman foi mais eficiente, sendo selecionada para o ajuste do incremento corrente anual em percentagem do volume comercial e o fator de forma comercial, em função do DAP. O fator de forma comercial variou desde 0,51 aos 15 anos de idade, até um valor máximo de 0,80 aos 90 anos. O incremento corrente anual em percentagem do volume comercial variou de 25,90 a 2,22% dos 15 aos 90 anos de idade, respectivamente.

Palavras-chave:
Dendrocronologia; crescimento

Abstract

This research had the objectives to determinate the growth in diameter, commercial volume, current annual increment in percentage of the commercial volume and the commercial form factor for Cordia trichotoma (Vell.) Arrab. Ex Steud., in the central area of the Rio Grande do Sul State. Backman´s equation was more efficient, being selected for the adjust of the current annual increment in percentage of the commercial form factor as function of DBH. The commercial form factor variation ranged from 0.51 at 15 years of age, to a maximum value of 0.80 at 90 years old. The current annual increment in percentage of the commercial volume varied from 25.90 to 2.22 %, obtained at 15 and 90 years old, respectively.

Key words:
Dendrocronology; growth

Introdução

A espécie Cordia trichotoma (Vell.) Arrab. Ex Steud. é conhecida pelos nomes populares de amora-do-mato-alto (PR), canela-batata (RJ, SP), louro-do-mato (RJ), louro-verdadeiro e louro-daserra (PR, RS), louro-pardo (RS), louro-negro (SC), peterevy (Paraguai), entre outras denominações (Carvalho, 1994CARVALHO, P. E. Espécies florestais brasileiras: recomedações silviculturais, potencialidades e usos da madeira. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, Centro Nacional de Pesquisa de Florestas. Colombo: EMBRAPA. 1994. 640 p.).

A área de ocorrência do louro-pardo, Cordia trichotoma, inclui a Argentina (nordeste), Paraguai (leste) e em vários estados brasileiros, desde o nordeste, centro-oeste ao sul (Rizzini, 1971RIZZINI, C. T. Árvores e Madeiras úteis do Brasil: manual de dendrologia brasileira. São Paulo: Edgar Blucher. Ed. USP, 1971. 244 p.).

No aspecto ecológico de grupo sucessional, é considerada uma espécie secundária inicial, com tendência à pioneira, mas não uma espécie clímax. No estágio sucessional, sua presença é comum na vegetação secundária, no estágio de capoeira e capoeirões (Carvalho, 1994CARVALHO, P. E. Espécies florestais brasileiras: recomedações silviculturais, potencialidades e usos da madeira. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, Centro Nacional de Pesquisa de Florestas. Colombo: EMBRAPA. 1994. 640 p.).

Segundo Reitz et al. (1983)REITZ, R.; KLEIN, R. M.; REIS, A. Projeto Madeira do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Secretaria de Agricultura e Abastecimento, 1983. 524p., o louro-pardo é uma das árvores mais típica e comuns na região das Florestas do Alto Uruguai, depois do angicovermelho (Parapiptadenia rigida) e da guajuvira (Patagonula americana). Na descrição morfológica, o louro-pardo é caracterizado como árvore decidual de 25 até 35 m de altura e de até 100 cm de diâmetro. O tronco é reto e cilíndrico, com fuste comprido de dez a quinze metros e casca cinza-clara com sulcos longitudinais.

O louro-pardo é uma espécie extremamente variável, sobretudo na densidade do indumento, havendo formas quase glabras e forma fortemente pilosas, estas com tonalidade fulva. Floresce nos meses de fevereiro a abril, aparecendo as abundantes flores brancas reunidas em grandes e densas inflorescências. A maturação dos frutos verifica-se de maio a julho, quando devem ser colhidas as sementes. O fruto é aquênio, com perianto marscescente, adnato ao cálice, com ovário ínfero, de oito a treze milímetros de comprimento por três a quatro milímetros de largura. A semente de dispersão encontra-se presa à parede do fruto pela base do estigma, tendo formato elipsoidal com aproximadamente seis milímetros de comprimento por dois milímetros de diâmetro. (Carvalho, 1994CARVALHO, P. E. Espécies florestais brasileiras: recomedações silviculturais, potencialidades e usos da madeira. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, Centro Nacional de Pesquisa de Florestas. Colombo: EMBRAPA. 1994. 640 p.; Pedroso & Mattos, 1987PEDROSO, O.; MATTOS, J. R. Estudo sobre madeiras do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, RS: Instituto de Pesquisas de Recursos Naturais Renováveis “Ataliba Paz”, 1987. 181p.; Reitz et al., 1983REITZ, R.; KLEIN, R. M.; REIS, A. Projeto Madeira do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Secretaria de Agricultura e Abastecimento, 1983. 524p.).

De acordo com Carvalho (1994)CARVALHO, P. E. Espécies florestais brasileiras: recomedações silviculturais, potencialidades e usos da madeira. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, Centro Nacional de Pesquisa de Florestas. Colombo: EMBRAPA. 1994. 640 p., a dispersão das sementes éanemocórica.As sementes, envolvidas pelo cálice persistente, voam longe, graças à corola marcescente, sendo facilmente reconhecida no chão da floresta. Além disto, com respeito à exigência lumínica, o louro-pardo é uma espécie heliófila. Quando jovem ela suporta meia sombra e tolerância ao frio, o que permite concluir que em área aberta, árvores jovens de louro-pardo são medianamente tolerantes ao frio, sofrendo principalmente com as geadas tardias. Porém, no nordeste da Argentina, é considerada como uma espécie extremamente susceptível ao frio. Em florestas naturais, árvores adultas toleram temperaturas de até 110C. O hábito de crescimento da espécie apresenta crescimento monopodial quando jovem, com inserção dos galhos a intervalos regulares (pseudo-verticilos), com três a cinco ramos saindo da mesma altura do tronco com boa forma do fuste (Carvalho, 1994CARVALHO, P. E. Espécies florestais brasileiras: recomedações silviculturais, potencialidades e usos da madeira. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, Centro Nacional de Pesquisa de Florestas. Colombo: EMBRAPA. 1994. 640 p.).

A propagação vegetativa, em estacas de brotações caulinares, alcança índices de até 67% de enraizamento, utilizando-se a ANA (ácido naftaleno-acético) e a AIB (ácido indol-butírico). A sobrevivência dessas estacas alcança 88%. Também, propaga-se por estacas radicais e brotações de raízes. O melhoramento genético pode melhorar em muito o seu desempenho silvicultural em crescimento e forma, tornando-o mais atrativo aos produtores (Carvalho,1994CARVALHO, P. E. Espécies florestais brasileiras: recomedações silviculturais, potencialidades e usos da madeira. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, Centro Nacional de Pesquisa de Florestas. Colombo: EMBRAPA. 1994. 640 p.).

Para Reitz et al. (1983)REITZ, R.; KLEIN, R. M.; REIS, A. Projeto Madeira do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Secretaria de Agricultura e Abastecimento, 1983. 524p. o louro-pardo é uma das espécies florestais que, presta-se biológica, social e economicamente para combinar sua plantação com a agricultura durante a primeira fase do crescimento e logo com pastoreio controlado, pois a árvore não exerce competência sobre os campos naturais, nem sobre as árvores cultivadas.

Quanto à utilização da madeira é amplamente empregada na confecção de mobiliário, para revestimentos decorativos e na fabricação de portas e janelas. Sua utilização em tornearia permite obter valiosas peças, como também em esculturas. Na construção de embarcações encontram importantes e vastas aplicações nos interiores e estrutura sobre a linha de flutuação, confecção de pequenas embarcações, tonéis, caixilhos, etc. Apresenta qualidades ornamentais e pode ser utilizada na paisagem em geral. É ótima para reflorestamentos heterogêneos destinados a recomposição de áreas degradadas de preservação permanente (Lorenzi, 1998LORENZI, H. Árvores brasileiras: Manual de identificação de plantas arbóreas nativas do Brasil. 2.ed. São Paulo: Editora Plantarum, 1998. 368 p.).

O louro-pardo apresenta uma madeira com massa específica aparente de 0,57 a 0,78 g/cm3, a 15 % de umidade, massa específica básica de 0,65 g/cm3, com alburno de coloração amarelo-parda e o cerne é pardo-claro-amarelado uniforme ou com lista levemente escurecida. A superfície da madeira é lustrosa, levemente áspera ao tato, textura grosseira e grã-direita. O cheiro é pouco acentuado e agradável e o gosto ligeiramente amargo. As madeira do louro-pardo mostra boa resistência mecânica e média retratibilidade. Apresenta, também, boa resistência a organismos xilófagos (Carvalho,1994CARVALHO, P. E. Espécies florestais brasileiras: recomedações silviculturais, potencialidades e usos da madeira. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, Centro Nacional de Pesquisa de Florestas. Colombo: EMBRAPA. 1994. 640 p.).

No Brasil, o louro-pardo apresenta crescimento de lento a moderado. Os melhores incrementos volumétricos registrados em plantios são de 9,7 m3/ha/ano, aos dez anos e 10,7 m3/ha/ano aos cinco anos. Porém, na Argentina, na região de Missiones, seu crescimento é maior, tendo sido estimando, para uma população de 100 indivíduos por hectare, uma produção volumétrica de até 23 m3/ha/ano com casca aos 13 anos de idade (Carvalho, 1994CARVALHO, P. E. Espécies florestais brasileiras: recomedações silviculturais, potencialidades e usos da madeira. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, Centro Nacional de Pesquisa de Florestas. Colombo: EMBRAPA. 1994. 640 p.).

Neste mesmo sentido, Rivero apud Reitz et al. (1983)REITZ, R.; KLEIN, R. M.; REIS, A. Projeto Madeira do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Secretaria de Agricultura e Abastecimento, 1983. 524p. informa que, em plantações manejadas de louro-pardo, pode-se projetar crescimento volumétrico superior a 20 m3/ha/ano.

Em relação a isto, Rizzini (1971)RIZZINI, C. T. Árvores e Madeiras úteis do Brasil: manual de dendrologia brasileira. São Paulo: Edgar Blucher. Ed. USP, 1971. 244 p. nos seus estudos conclui de que, em plantações, o louropardo pode ser explorado com rotação entre trinta e quarenta anos, condicionado a qualidade do sítio.

Face ao exposto, este trabalho foi desenvolvido com o objetivo básico de estudar do louro-pardo, originado de florestas nativas, o crescimento em diâmetro e volume comercial no tempo, bem como o incremento corrente anual percentual em volume comercial e fator de forma comercial em função do diâmetro, utilizando-se, para isto, a técnica da dendrocronológica.

Material e Métodos

As árvores de Cordia trichotoma, utilizadas neste estudo foram obtidas no Campo de Instrução do Ministério da Defesa (Cisme), localizado no município de Santa Maria, Rio Grande do Sul.

A área do estudo caracteriza-se por ser uma floresta natural sem intervenção, nos últimos 40 anos, após a passagem de sua posse para o Ministério da Defesa.

A vegetação primitiva dessa região é caracterizada por uma floresta estacional decídual com ocorrência natural de louro-pardo (Reitz et al., 1983REITZ, R.; KLEIN, R. M.; REIS, A. Projeto Madeira do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Secretaria de Agricultura e Abastecimento, 1983. 524p.).

Lemos et al. (1973)LEMOS, R. C.; AZOLIN, M. D.; ABRAO, P. V. R., et al. Levantamento dos solos do Estado do Rio Grande do Sul. Recife: Ministério da Agricultura - Departamento Nacional de Pesquisa Agropecuária - Divisão de Pesquisa Pedológica, 1973. 423p. (Boletim Técnico no 301)., mencionam que o solo da região é formado pela Associação Ciríaco-Charrua, sendo medianamente profundo, entre 80 a 120 cm, moderadamente drenados, de coloração brunoavermelhada escura, textura argilosa e desenvolvidos a partir de rochas basálticas. Este solo apresenta horizontes A e B, ligeiramente ácidos, com saturação de bases e com alumínio trocável praticamente nulo. O pH é variável de acordo com a profundidade, passando de 6,2 no horizonte A para 5,2 no B.

O clima da região, segundo a classificação de Köppen, é do tipo “Cfa”, subtropical úmido, tendo como características climáticas principais a temperatura média anual de 19oC e precipitação média anual de 1769 mm (Moreno, 1961MORENO, J. A. Clima do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Secretaria da Agricultura, RS. 1961. 41p.).

Neste estudo foram utilizadas quatro árvores adultas, por limitação de licença oficial de corte e por ser um número suficiente, para representar o crescimento em diâmetro, volume comercial, incremento corrente anual percentual em volume comercial e o fator de forma comercial. Para isso, foi utilizada a técnica da dendrocronologia, desenvolvida por Andrew Douglass em 1920, aplicada sob fatias tomadas ao nível da base, ao nível do DAP e fatias tomadas no ponto de altura comercial das árvores. Essas fatias foram etiquetadas, onde constava o número da árvore amostrada e a posição de retirada da fatia no tronco. Posteriormente foram transportadas em sacos para o local de secagem.

Tabela 1
Equações para o crescimento em diâmetro, volume, incremento corrente anual percentual em volume comercial e fator de forma em função da idade.
Table 1
Equations for the growth in diameter, volume, current annual increment in percentage and commercial form factor in function of the age.
Tabela 2
Parâmetros estatísticos das equações para predizer o crescimento em diâmetro e volume comercial em função da idade.
Table 2
Parameters of the equation to study the growth in diameter and commercial volume in function of age.

A medição dos anéis de crescimento foi feita com o auxílio do aparelho Lintab II, sobre dois raios marcados sobre as fatias. O primeiro raio foi marcado com um ângulo de 45º no sentido anti-horário em relação ao maior raio da secção. O segundo raio como o prolongamento da primeira no sentido medula casca e, os demais raios, perpendiculares a estes.

O volume comercial sem casca foi determinado através do método de Smalian, para secções tomadas até a altura comercial. O fator de forma comercial foi obtido pela razão entre o volume comercial rigoroso pelo volume comercial cilíndrico.

Para estudar as tendências do crescimento em diâmetro e volume comercial foram testados três modelos de regressão, recomendadas para este fim, apresentados na Tabela 1. Da mesma forma, estas equações, também, foram ajustadas equações para o volume comercial sem casca, incremento corrente anual percentual em volume comercial e fator de forma comercial em função do diâmetro à altura do peito.

O processamento das equações testadas para estimar o crescimento em diâmetro, volume comercial, incremento corrente anual percentual em volume comercial e fator de forma comercial, em função da idade e diâmetro, foi realizado no pacote estatístico SAS (Statistical Analysis System).

Resultados e Discussão

Os resultados estatísticos do processamento das equações testadas para ajustar o crescimento em diâmetro e volume comercial sem casca em função da idade, encontram-se na Tabela 2.

Figura 1
Crescimento do diâmetro à altura do peito em função da idade.
Figure 1
Growth in diameter in function of age.

Figura 2
Crescimento do volume comercial sem casca em função da idade.
Figure 2
Growth in the debarket commercial volume in function of age.

Na Tabela 2, observa-se que todas as equações testadas apresentaram uma ótima precisão estatística e poderiam ser utilizadas para estimar o diâmetro e volume comercial no tempo das árvores. Entretanto, para as variáveis dependentes, definidas pelo diâmetro e volume comercial sem casca em função da idade, a equação que apresentou maior precisão foi a de Backman, expressa pelo modelo 2, da Tabela 1. Esta equação apresentou um excelente ajuste, tanto para o diâmetro como para o volume comercial sem casca, um coeficiente de determinação superior a 0,95, erro padrão da estimativa baixo, inferior a 0,32 para o volume comercial sem casca e 0,13 para o diâmetro, e um coeficiente de variação de 97,97% e 69,25 % para o volume comercial sem casca e diâmetro, respectivamente.

Nas Figuras 1 e 2, encontram-se representadas as tendências de crescimento em diâmetro e volume comercial sem casca em função da idade, obtidas através da função de Backman, expressa pelo modelo 2 da

Tabela 1, e os coeficientes apresentados na Tabela 2.

Verifica-se que, tanto o diâmetro como o volume comercial sem casca, o crescimento mostra-se ascendente, representando, aproximadamente, uma forma sigmoidal de crescimento, permitindo visualizar a tendência de atingir a assíntota próxima da idade final analisada.

Com a finalidade de uso prático, as três equações foram ajustadas também para incremento corrente anual, percentual em volume comercial sem casca e fator de forma comercial, em função do diâmetro à altura do peito, conforme está indicado na Tabela 3.

Para o incremento corrente anual, percentual em volume comercial sem casca a equação de Backman de número 2 gerou melhores resultados, com um coeficiente de determinação de 0,88, erro padrão de estimativa de 0,28 e coeficiente de variação de 2,76 %. Devido a isto, esta equação de Backman também foi utilizada para representar o incremento corrente anual percentual em volume comercial, por apresentar melhor precisão estatística.

Tabela 3
Parâmetros estatísticos das equações testadas para predizer o incremento corrente anual em percentagem do volume comercial sem casca e fator de forma comercial, em função do diâmetro.
Table 3
Parameters of the equations to study the increment current annual in percentage, commercial volume and commercial form factor in function of the diameter.

Figura 3
Incremento corrente anual percentual do volume comercial em função do diâmetro.
Figure 3
Current annual increment in percentage of the commercial volume in function of the diameter.

Figura 4
Fator de forma comercial em função do diâmetro.
Figure 4
Commercial form factor in function of the diameter.

Na Figura 3 pode ser constatada a tendência de desenvolvimento do incremento corrente anual percentual em volume comercial sem casca, em função do diâmetro à altura do peito, ajustada pela equação de Backman. Observa-se que o incremento corrente anual percentual em volume comercial sem casca revelou-se com uma forma exponencial negativa, diminuindo progressivamente com o aumento do diâmetro, passando de um valor máximo de 25,9% na idade de 15 anos, com um diâmetro de aproximadamente 5 cm, para um mínimo de 2,22%, aos 90 anos, com um diâmetro de 37,2 cm.

Conforme os dados da Tabela 3, a equação de Backman também apresentou a melhor precisão estatística para estimar o fator de forma comercial em função do DAP, com coeficiente de determinação igual a 0,74, erro padrão da estimativa de 0,10 e coeficiente de variação de 16,56 %. Na Figura 4 encontra-se representada a tendência do fator de forma comercial em função do diâmetro, que tende a aumentar o valor com o aumento do diâmetro.

Na Tabela 4, encontram-se os valores estimados, por idade, através das equações selecionadas para o diâmetro à altura do peito, volume comercial sem casca, incremento corrente anual em percentagem do volume comercial sem casca e fator de forma comercial. Observa-se que, na idade de 40 anos, a espécie produziu um diâmetro médio sem casca de 0,193 m ou 19,3 cm, volume comercial sem casca de 0,223 m3, incremento corrente anual em volume comercial sem casca de 7,36 % ano-1, e um fator de forma comercial de 0,5681. Estes dados comprovam que esta espécie apresenta um bom potencial de crescimento, ao que ainda pode ser acrescido o valor da madeira no mercado, face de suas excelentes características tecnológicas de utilização.

Conclusões

Os resultados deste artigo, usando a técnica da dendrocronologia, permitiu concluir para o louro-pardo, Cordia trichotoma, até os 88 anos de idade, que:

a) A função de Backman, expressa pelo modelo 2 da Tabela 1, apresentou um excelente ajuste e ótima precisão estatística, tanto para o diâmetro à altura do peito, volume comercial sem casca, incremento corrente anual em percentagem do volume comercial sem casca e fator de forma comercial;

b) O incremento corrente anual em percentagem do volume comercial sem casca apresentou uma tendência exponencial negativa, partindo de um valor máximo de 25,28 %, aos 10 anos, para chegar a um valor mínimo de 2,15 %, aos 88 anos;

c) O fator de forma comercial apresentou uma tendência significativa no tempo e com o diâmetro, variando de 0,54 a 0,81 dos 12 aos 88 anos, respectivamente.

Tabela 4
Crescimento do diâmetro, volume comercial sem casca, incremento corrente anual percentual em volume comercial sem casca e fator de forma comercial por idade.
Table 4
Growth of the commercial volume, current annual increment in percentage in commercial volume and commercial form factor by age.

Referências Bibliográficas

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    27 Nov 2023
  • Data do Fascículo
    Jan-Mar 2006

Histórico

  • Recebido
    13 Maio 2005
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