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Rubiaceae ornamentais do Campus da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica, R.J.

Rubiaceae ornamentals of the Campus of the Universidade Federal Rural of Rio de Janeiro, Seropédica, R.J.

Resumo

Este trabalho consiste no levantamento e identificação das espécies ornamentais da família Rubiaceae do Campus da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica. Foram feitas coletas semanais no período de novembro/ 2007 a setembro /2008, nas quais seis espécies foram identificadas pertencentes à subfamília Cinchonoideae. O gênero mais representado foi Ixora L. com três táxons, Mussaenda L., Genipa L. e Calycophyllum DC. com uma única espécie. São apresentadas neste trabalho chave para identificação das espécies, descrições, ilustrações, comentários sobre o material examinado, distribuição e dados sobre floração e frutificação de cada espécie.

Palavras-chaves
Cinchonoideae; Ixora; Levantamento.

Abstract

This work consists on the survey and identification of the ornamental species of the Rubiaceae from Campus of the Universidade Federal Rural of Rio de Janeiro, Seropédica. Weekly collections during the period of November of 2007 until September of 2008 had been made, when six species were identified as the subfamily Cinchonoideae. The most representative genus was Ixora L., with three species and Mussaenda L., Genipa L. e Calycophyllum DC., were represented by only one species each. An identification key for the species, descriptions, illustrations, commentaries on the examined material, distribution and data on flowering and fruit of each species are presented.

Key words
Cinchonoideae; Ixora; Survey.

Introdução

A família Rubiaceae Juss. compreende cerca de 13.150 espécies e 615 gêneros, apresentando distribuição cosmopolita, com maior diversidade nos trópicos e subtrópicos (Heywood et al., 2007HEYWOOD, V. H; BRUMMITT, R. K; CULHAM, A. & SEBERG, O. Flowering Plant Families of the World. Ontario, Canada: A Firefly Book, 2007. 424p.). No Brasil ocorrem cerca de 130 gêneros e 1.500 espécies, correspondendo a uma das principais famílias da flora brasileira (Souza & Lorenzi, 2005SOUZA, V.C. & LORENZI, H. Botanica Sistemática: Guia Ilustrado para Identificação das Famílias de Angiospermas da Flora Brasileira, Baseado em APG II. .1. ed. Nova Odessa: Instituto Plantarum de Estudos da Flora Ltda, 2005. 640 p.). É facilmente reconhecida pelas folhas simples e opostas, estípulas interpeciolares e ovário ínfero. Atualmente, Rubiaceae está dividida em duas subfamílias: Cinchonoideae e Rubioideae (Robbrecht & Manem, 2006).

Na categoria de ornamentais podem ser enquadradas plantas utilizadas no paisagismo de parques e jardins, na arborização de ruas e avenidas e na formação de aléias ao longo de caminhos e estradas. Seus atributos estão relacionados à exuberância de seu florescimento, à beleza e textura de sua copa, ao colorido, desenho, forma, volume de suas folhas, troncos e frutos (Lorenzi et at., 2003LORENZI, H; SOUZA, H. M; TORRES, M. A. V; BACHER, L.B. Árvores exóticas no Brasi: madeireiras, ornamentais e aromáticas. 1.ed. Nova Odessa: Instituto Plantarum de Estudos da Flora Ltda, 2003. 368 p.).

No Brasil, a família Rubiaceae possui várias espécies originadas de outros países que são cultivadas como ornamentais. Pereira (1984)PEREIRA, B. A. S. Rubiáceas ornamentais nativas do Distrito Federal. Rodriguésia, Rio de Janeiro, V.36, n.59, p. 73-78, 1984. estudou 13 espécies da família Rubiaceae nativas do Distrito Federal, as quais podem ser introduzidas em parques e jardins pelo valor ornamental, entre elas, Genipa americana L.

O objetivo do trabalho foi estudar as espécies ornamentais de Rubiaceae ocorrentes no Campus da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, no município de Seropédica, disponibilizar uma chave de identificação e fornecer descrições sobre cada uma delas, de modo a contribuir para o conhecimento da família.

Material e Métodos

O Campus da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro está localizado na BR - 465, Km 7, no município de Seropédica, estado do Rio de Janeiro (22° 45′ 48.74″ S, 43° 41′ 19.01″ W). Possui área de 3.439 hectares, com 150.638 m2 de área construída, revestida por uma mistura de plantas nativas do Brasil e exóticas cultivadas.

Foram realizadas expedições semanais no período de novembro/2007 a setembro/2008, em diversas áreas do Campus da Universidade Rural para coletas e observações dos exemplares no campo. Os materiais coletados foram herborizados, identificados mediante literatura especializada e encontram-se depositados no Herbário do Departamento de Botânica da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (RBR).

As siglas dos herbários estão de acordo com Holmgren et al. (1990)HOLMGREN, P. K; HOLMGREN, N. H & BARNETT, L.C. Index herbariorum. Part I: The Herbaria of the World. 8. ed. New York: New York Botanical Garden, 1990. 693 p.. Adotou-se o sistema de classificação de Robbrecht & Manen (2006)ROBBRECHT, E. & MANEN, J. F. The major evolutionary lineages of the coffee family (Rubiaceae, angiosperms). Combined analysis (nDNA and cpDNA) to infer the position of Coptosapelta and Luculia, and supertree construction based on rbcL ,rps16, trnL- trnF and atpB-rbcL data. A new classification in two subfamilies, Cinchonoideae and Rubioideae. Systematics Geografphy of Plants, Meise, V.76, p. 85-145, 2006. para subfamília. A terminologia para caracterização das folhas foi baseada em Rizzini (1977)RIZZINI, C.T. Sistemática terminológica da folha. Rodriguésia, Rio de Janeiro, V. 29, n.41, p.103-125,1977., para tipo de venação Hickey (1979)HICKEY, L.J. A Revised Classification of The Architecture of Dicotyledonous Leaves. In: Metcalfe, C.R. & Chalk,L. (Eds.). Anatomy the Dicotyledons. Oxford: Oxford University Press, 1979. V. 1. p. 1-276., inflorescência Radford (1974)RADFORD, A.E.; DICKISON, W.C; MASSEY, J.R & BELL, C. R. Vascular Plant Systematicas. New York: Harper & Row, 1974. 891p. e frutos seguem Barroso et al. (1999)BARROSO, G. M.; MORIM, M. P.; PEIXOTO, A. L. & ICHASO, C.L.F. Frutos e sementes: morfologia aplicada à sistemática de dicotiledôneas. 1. ed. Viçosa: Editora Universidade Federal de Viçosa, 1999. 443 p..

Resultados e Discussão

Foram encontradas, no Campus da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, seis espécies pertencentes a quatro gêneros de Cinchonoideae, sendo Ixora L. o gênero com o maior número de espécies (três), e os demais, com uma espécie.

Chave para identificação das espécies ornamentais de Rubiaceae do Campus da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro.

  • 1.Arbustos.

  • 2. Estames exsertos, inseridos na fauce do tubo da corola.

  • 3. Corola de coloração vermelha, laranja ou amarela.

  • 4. Base foliar obtusa e ápice agudo; paucifloras;lobosdacorolacomápiceagudo. 1.Ixora coccinea

  • 4’.Base foliar aguda e ápice obtuso; multifloras; lobos da corola com ápice obtuso. 2.Ixora chinensis

  • 3’ Corola de coloração branca ou creme. 3. Ixora finlaysoniana

  • 2’. Estames inclusos, inseridos da base até a metade do tubo da corola. 4.Mussaenda erythrophylla

  • 1’.Arvoretas ou árvores.

  • 5. Flores pentâmeras, unissexuais femininas; frutos bacóides. 5. Genipa americana

  • 5’. Flores hexâmerasouheptâmeras, hermafroditas; frutos capsulares. 6.Calycophyllum spruceanum

Ixora L.

O gênero Ixora L. é de origem asiática, com distribuição pantropical, ocorrendo na América, África, Madagascar, Ásia e Oceania (Robbrecht, 1988ROBBRECHT, E. Tropical woody Rubiaceae. Characteristic features and progressions. Contributions to a new subfamilial classification. Opera Botonica Belgica, Meise, V.1, p. 1-272, 1988.), com 400 espécies, sendo 17 cultivadas (Fosberg & Sachett, 1989FOSBERG, F. R. & SACHET, H.H. Three cultivated Ixoras (Rubiaceae). Baileya, Beltsville, V.23, n.2, p.74-85, 1989.). No Brasil o gênero está representado por aproximadamente 25 espécies (Delprete, 2007DELPRETE, P. G. Ixora L.. In: WANDERLEY, M.G.L; SHEPHERD, G.J; MELHEM, T.S. & GIULIETTI, A.M. (Eds). Flora Fanerogâmica do Estado de São Paulo. São Paulo: Instituto de Botânica, 2007. V. 5. p.354-358.), sendo que, quatro foram descritas recentemente por Di Maio (2003)DI MAIO, F.R. O Gênero Ixora L. (Rubiaceae, Ixoreae) no Brasil extra-amazônico. 2003.145 f. Tese (Doutorado em Ciências Biológicas) - Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro., para os estados da Bahia e do Espírito Santo. No Campus ocorrem três espécies, Ixora coccinea L., I. chinensis Lam. e I. finlaysoniana Wall.

1. Ixora coccinea L. Sp. Pl. 1: 110. 1753

Figura 1
Nome popular: ixora-vermelha, ixora-coral.
Figure 1
Popular Name: ixora-vermelha, ixora-coral.

Arbusto ca. 2 m. Ramos delgados, verdes a castanhos, glabros. Estípulas unidas na base, limbo triangular, arista pontiaguda, maior que o limbo, 0,5-1,0 x 0,3-0,5 cm, glabras, persistentes, verdes a castanha, presença de coleteres na face interna. Folhas opostas. Lâmina elíptica, base obtusa, ápice agudo, 5,5-8 x 2,5-4 cm, cartácea, glabra; venação broquidódroma; nervuras secundárias 10-14 pares; pecíolo 1-3 mm, glabro. Inflorescências tirsóides, corimbosas, terminais, 3-5 x 3-4 cm, pedunculadas, 27-45 flores, 2 bractéolas florais, ca. 1 mm, glabras. Flores hermafroditas, tetrâmeras. Pedicelos 1-4 mm ou ausentes. Cálice triangular, verde, 4-laciniado, ca. 1 mm, glabro. Corola hipocrateriforme, vermelha, amarela ou alaranjada, glabra; tubo 3-5 cm, glabro; lobos ápice agudos, 1-1,5 x 0,6-0,9 cm. Estames 4, exsertos, presos na fauce da corola; filetes ca. 1 mm; anteras ca. 4 mm, amarelas. Hipanto 1-2 mm. Ovário bilocular, placentação axial, um óvulo por lóculo, preso na metade superior do septo; disco nectarífero anular; estilete exserto, 3-5 cm, glabro; estigma bífido, 1-2 mm.

Frutos drupóides, globosos, 1,0-1,2 x 1,0-1,3 cm, verdes, vináceos a nigrescentes; pirênios 2,5-8 x 4-6 mm, livres, côncavos.

Material examinado: Brasil. Rio de Janeiro: Seropédica, Campus da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, casa de hóspedes, 13.XI.1965 (fl.), Grenha s.n. (RBE 561); ibidem, 18.XI.1965 (fl.), Mesquita s.n. (RBE 557); canteiro do Horto Botânico, Instituto de Pesquisa Experimental Agropecuária do Centro Sul (IPEACS), 15.VI.1970 (fl.), Lobão s.n. (RBE 560); Jardim Botânico, 09.IV.1997 (fl.), Rodrigues s.n. (RBE 1359); Jardim Botânico, 15.V.1999 (fl.), Pereira s.n. (RBR 4243); gramado em frente ao prédio principal, 01.XII.2005 (fl.), Figueira s.n. (RBR 22322); Jardim Botânico, 18.II.2008 (fl.), Paiva 01 (RBR); gramado em frente ao prédio principal, 18.II.2008 (fr.), Paiva et.al. 03 (RBR).

A espécie diferencia-se das demais pela ramificação densa, ápice foliar agudo e base obtusa, inflorescência com 27-45 flores e lobos da corola com ápice agudo. Floresce de novembro a setembro e frutifica de fevereiro a setembro.

2. Ixora chinensis Lam. Encycl. Méth. Bot. 3: 344. 1789.

Figura 2
Nome popular: ixora-vermelha.
Figure 2
Popular Name: ixora-vermelha.

Arbusto ca. 2 m. Ramos delgados, verdes a castanhos, glabros. Estípulas unidas na base, limbo triangular, arista pontiaguda maior que o limbo, 0,3-0,5 x 0,1-0,3 cm, glabras, persistentes, verdes a castanha, presença de coleteres na face interna. Folhas opostas. Lâmina obovada-oblonga a cuneada-oblonga, base aguda, ápice obtuso, 6-8 x 2-4 cm, cartácea, glabra; venação broquidódroma; nervuras secundárias 5-9 pares; pecíolo 1-3 mm, verde, glabro. Inflorescências tirsóides, corimbosas, terminais, 2,5-3,5 x 3-5 cm, pedunculadas, 60-90 flores, 2 bractéolas florais, ca. 1 mm, glabras. Flores hermafroditas, tetrâmeras. Pedicelos 1-4 mm ou ausente. Cálice triangular, verde, 4-laciniado, ca. 1 mm, glabro. Corola hipocrateriforme, vermelha, amarela ou alaranjada, glabra; tubo 2,5-3,5 cm, glabro; lobos ápice obtuso, 0,5-0,7 x 0,3-0,5 cm. Estames 4, exsertos, presos na fauce da corola; filetes ca. 2 mm; anteras ca. 4 mm, amarelas. Hipanto 1-2 mm. Ovário bilocular, placentação axial, um óvulo por lóculo, preso na metade superior do septo; disco nectarífero anular; estilete exserto, 2,5-3,5 cm, glabro; estigma bífido, 1-2 mm. Frutos drupóides, globosos, ca. 5 mm, vináceos, cálice persistente; pirênios 2,1-3 x 1-2 mm, livres, côncavos.

Material examinado: Brasil. Rio de Janeiro: Seropédica, Campus da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Jardim Botânico, 28.III.2008 (fl.fr.), Paiva 08 (RBR).

Caracteriza-se por apresentar base foliar aguda e ápice obtuso, inflorescência com 60-90 flores e lobos da corola com ápice obtuso. Floresce de novembro a setembro e frutifica de março a julho.

3. Ixora finlaysoniana Wall. ex G. Don. Gen. Hist. 3: 572. 1834.

Figura 3
Nome popular: ixora-branca.
Figure 3
Popular Name: ixora-branca.

Arbusto ca. 2,5 m. Ramos delgados, verdes a castanhos, glabros. Estípulas unidas na base, limbo ovado a triangular, arista menor ou do mesmo tamanho que o limbo, 0,3-0,5 x 0,3-0,4 cm, persistentes, verdes a castanha, presença de coleteres na face interna. Folhas opostas. Lâmina lanceolada, base aguda, ápice agudo e mucronado, 7-16 x 2-5 cm, cartáceas, glabras; venação broquidódroma; nervuras secundárias 7-11 pares; pecíolo 0,8-1,0 cm, avermelhado, glabro. Inflorescências tirsóides, corimbosas, terminais, 4-6 x 5-7 cm, pedunculadas, 80-150 flores, 3 bractéolas florais, 3-5 mm, glabras. Flores hermafroditas, tetrâmeras. Pedicelos 1-3 mm ou ausentes. Cálice lanceolado, verde, 4-laciniado, 4-6 x 1-3 mm, glabro. Corola hipocrateriforme, branca ou creme; tubo 2,5-4 cm; lobos ápice arredondado, 6-9 x 3-5 mm. Estames 4, exsertos, persistentes, presos na fauce da corola; filetes 1-2 mm; anteras 3-5 mm, amarelas. Hipanto 1-2 mm. Ovário bilocular, placentação axial, um óvulo por lóculo, presos na metade superior do septo; disco nectarífero anular; estilete exserto, 3,5-4 cm, glabro; estigma bífido, 2-4 mm. Frutos drupóides, globosos, ca. 1 cm , verdes, cálice persistente; pirênios 2, 4-7 x 2-4 mm, livres, côncavos.

Material examinado: Brasil. Rio de Janeiro: Seropédica, Campus da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Horto Botânico, 07.VI.1967 (fl.), Lobão s.n. (RBE 556); Jardim Botânico, 01.XII.2005 (fl.), Figueira s.n. (RBR 22323); ibidem, 03.II.2006 (fl.), Figueira s.n. (RBR 18966); ibidem, 24.III.2008 (fl.fr.), Paiva 06 (RBR); ibidem, 04.IV.2008 (fl.fr.), Paiva 12 (RBR).

Diferencia-se das demais espécies pela lâmina foliar lanceolada, corola com coloração branca ou creme e pelo cálice mais desenvolvido. Floresce de dezembro a setembro e frutifica de março a maio.

Mussaenda L.

Gênero de origem africana, de distribuição pantropical, com cerca de 150 espécies (Delprete et al., 2005DELPRETE, P.G; SMITH, L.B. & KLEIN, R. M. Rubiáceas. In: Reis, A. (Eds.). Flora Ilustrada Catarinense. Itajaí: Herbário “Barbosa Rodrigues”, 2005. V. 2. p. 349-842.). No Campus ocorrem as espécies M. erythrophylla Schumach e M. alicia Hort. Foi excluída do trabalho M. alicia Hort. por ser uma planta originada de melhoramento genético (Lorenzi & Souza, 2001LORENZI, H. & SOUZA, H.M. Plantas ornamentais no Brasil: arbustivas, herbáceas e trepadeiras. 3. ed. Nova Odessa: Instituto Plantarum de Estudos da Flora Ltda, 2001. 1088 p.), caracterizada pela presença de todos os lobos do cálice expandidos (calicofilos).

4. Mussaenda erythrophylla C.F.Schumach. & Thonn. Beskr. Guin. Pl. 116. 1827.

Figura 4
Nome popular: mussaenda-vermelha.
Figure 4
Popular Name: mussaenda-vermelha.

Arbusto escandente, ca. 2 m. Ramos flexíveis, cilíndricos, pubescentes. Estípulas livres, ovadas a triangulares, arista bipartida, 0,7-1,0 x 0,6-0,8 cm, pubescentes, coleteres na face interna. Folhas opostas. Lâmina ovada, base obtusa, ápice agudo, 6-8,5 x 4-5,5 cm, membranácea, pubescente; venação eucamptódroma; nervuras secundárias, avermelhadas, 7-10 pares; pecíolo 0,4-1,0 x 0,2-0,4 cm, pubescente. Inflorescências cimosas, terminais, 5-8 x 6-11 cm, pedunculadas, 3-5 flores. Flores hermafroditas, pentâmeras Pedicelos 3-5 mm. Cálice lobos lanceolados, 1-1,5 x 0,1-0,3 cm; um deles expandido em um calicofilo, vermelho, lâmina ovada, 6,5-8 x 5-7 cm, pubescente. Corola hipocrateriforme, creme; tubo cilíndrico, 2-2,5 x 0,3-0,5 cm, avermelhado, pubescente externamente, internamente com denso anel de pêlos da porção mediana a apical; lobos ápice agudo, 5-7 x 3-5 mm. Estames 5, inclusos, presos da base até a metade do tubo da corola; filetes 1-1,5 cm; anteras ca. 5 mm, creme. Hipanto 3-5 mm. Ovário bilocular, pluriovulado, placentação axial, óvulos presos ao longo de todo o septo; disco nectarífero anular; estilete incluso, 0,9-1,2 cm, pubescente; estigma bífido, 2-4 mm. Frutos não foram observados.

Material examinado: Brasil. Rio de Janeiro: Seropédica, Campus da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Jardim Botânico, 28.III.2008 (fl.), Paiva 09 (RBR).

Espécie cultivada em todo o mundo (Delprete et al., 2005DELPRETE, P.G; SMITH, L.B. & KLEIN, R. M. Rubiáceas. In: Reis, A. (Eds.). Flora Ilustrada Catarinense. Itajaí: Herbário “Barbosa Rodrigues”, 2005. V. 2. p. 349-842.), diferenciando-se das demais pela pilosidade e pelo lobo do cálice expandido num calicofilo petalóide vermelho. Floresce de novembro a setembro.

Genipa L.

Este gênero Genipa L. possui distribuição neotropical, com grande diversidade na Amazônia e norte da América do Sul, representado apenas por três espécies Genipa americana L., G. infundibuliformis Zappi & Semir e G. spruceana Steyerm. (Zappi, 2007ZAPPI, D. C. Genipa L. In: WANDERLEY, M.G. L; SHEPHERD, G.J; MELHEM, T.S. & GIULIETTI, A.M. (Eds). Flora Fanerogâmica do Estado de São Paulo. São Paulo: Instituto de Botânica, 2007. V. 5, p. 344-345.). No Campus ocorre apenas a espécie Genipa americana L.

5. Genipa americana L. Syst. Nat. ed. 10, 2: 931. 1759.

Figura 5
Nome popular: jenipapo.
Figure 5
Popular Name: jenipapo.

Árvore 3-10 m. Ramos cilíndricos, copa irregular. Estípulas livres, decíduas, somente em folhas mais jovens, marrons, 1,3-1,5 x 0,7-0,8 cm, triangulares, coleteres na face adaxial. Folhas opostas. Lâmina obovada, base aguda, ápice agudo, 17-25 x 6,3-10 cm, cartácea, margem inteira; venação eucamptódroma; nervuras secundárias 12-16 pares; pecíolo 1,0-1,5 X 0,2-0,5 cm. Inflorescências tirsóides, paniculadas, terminais, 2-3 x 5-10 cm, pedunculadas, 4-12 flores. Flores unissexuais femininas, pentâmeras. Pedicelos 3-5 mm. Cálice campanulado, apicalmente crenado, 0,6-1,0 x 0,5-0,7 mm, glabro. Corola hipocrateriforme, branca a amarelada; tubo cilíndrico, 0,8-1,0 x 0,5-0,7 mm, com denso anel de pêlos na porção interna apical; lobos com ápice obtuso, 1,5-2,5 x 0,5-0,7 cm. Estames 5, exsertos, presos na fauce do tubo; filetes ca. de 1 mm, anteras 1,2-1,5 cm. Hipanto ovóide, 0,8-1,0 x 0,6-0,8 mm. Ovário bilocular, pluriovulado, placentação axial, óvulos presos na porção superior do septo; disco nectarífero cilíndrico fundido com o receptáculo; estilete incluso, 0,9-1,0 cm, glabro; estigma bífido, 1,4-1,6 cm. Frutos bacóides, carnosos, ovóides, 4-10 x 3,5-8 cm, marrons, cálice persistente. Sementes numerosas em meio à polpa, achatadas, 0,8-1,5 x 0,6-0,9 mm.

Material examinado: Brasil. Rio de Janeiro: Seropédica, Campus da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Horto Botânico, 09 XI.1948 (fl.), Prata 2018 (RBE); 23.IV.1964 (fr.), Santos s.n. (RBE 554); 12.I.1972 (fl.), Santos s.n. (RBE 552); Jardim Botânico, 23.XI.2006 (fl.), Couto 04 (RBR); caminho para o Instituto de Florestas e Agronomia, 11.XII.2006 (fl.fr.), Couto 05 (RBR); Jardim Botânico, 28. III. 2008 (fr.), Paiva et. al.10 (RBR).

Espécie neotropical (Delprete et al., 2005DELPRETE, P.G; SMITH, L.B. & KLEIN, R. M. Rubiáceas. In: Reis, A. (Eds.). Flora Ilustrada Catarinense. Itajaí: Herbário “Barbosa Rodrigues”, 2005. V. 2. p. 349-842.). Ocorre em todo o território nacional crescendo em terrenos úmidos de regiões baixas, inundáveis ou à margem de rios, cujas águas colaboram para a dispersão desta planta (Guimarães et. al., 1993GUIMARÃES, F. E.; MAUTONE, L.; RIZZINI, T.C. & FILHO, M. A. Árvores do Jardim Botânico do Rio de Janeiro. 1.ed. Rio de Janeiro: Jardim Botânico, 1993. 198p.). Genipa americana difere das outras por apresentar flores unissexuais femininas e frutos bacóides. A madeira é usada em construção naval e civil. Seus frutos possuem propriedades medicinais e, também, são usados na forma de sucos, doces e licores. A espécie é recomendada para arborização urbana e reflorestamento ambiental (Carvalho, 1994CARVALHO, P. R. R. Espécies Florestais Brasileiras: recomendações, silviculturais, potencialidades e uso da madeira. Colombo: Embrapa-CNPF, 1994. 640p.). Floresce de novembro a janeiro. Frutifica de dezembro a setembro.

Calycophyllum DC.

Gênero neotropical, com aproximadamente nove espécies, centro de diversidade nas Guianas e Bacia Amazônica (Andersson & Taylor, 1994ANDERSSON, L. & TAYLOR, C. M. Rubiaceae-Cinchoneae-Coptosapelteae. In: Harling, G. & Andersson, L. (Eds.). Flora of Ecuador. Copenhagen: Council for Nordic Publications in Botany, 1994. V. 50, p. 1-114.). No Campus está representado por Calycophyllum spruceanum (Benth.) Hook. f. ex K. Schum.

6. Calycophyllum spruceanum (Benth.) Hook.f.ex K. Schum. Fl. Bras. 6(6): 191. 1889.

Árvore ca. 6 m. Ramos cilíndricos; tronco retilíneo, liso, glabro. Estípulas livres, decíduas, somente na gema, ca. 1 mm , triangulares. Folhas opostas. Lâmina ovadas a lanceolada-ovada, base obtusa, ápice agudo, 10-15 x 5,5-8 cm, cartácea; venação eucamptódroma; nervuras secundárias 9-11 pares; pecíolo 0,5-3,0 x 0,1-0,3 cm. Inflorescências tirsóides, paniculadas, terminais, 20-30 x 30-40 cm, pedunculadas, 200-350 flores. Flores hermafroditas, 6-7 (-meras), com. 1-1,5 cm. Pedicelos 1-2 mm. Cálice marron, 6-7 laciniado, ca de 1 mm. Corola hipocrateriforme, branca; tubo cilíndrico, ca. 5 mm, internamente com denso anel de pêlos na porção apical; lobos com ápice agudo, 0,3-0,6 x 0,1-0,3 cm. Estames 6 (7), exsertos, presos na fauce do tubo; filetes ca. 3 cm; anteras ca. 1 mm, vináceas. Hipanto ca. 5 mm. Ovário bilocular, pluriovulado, placentação axial, óvulos presos ao longo de todo o septo; disco nectarífero bilobado; estilete exsertos, 0,5 mm; estigma bífido, 1-3 mm. Frutos cápsula, secos,

Figura 6
Nome popular: pau-mulato.
Figure 6
Popular Name: pau-mulato.

Material examinado: Brasil. Rio de Janeiro: Seropédica, Campus da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, IPEACS, 29. V.1969 (fl.), Clovis s.n. (RBE 545); Horto Botânico, 10.X.1969 (fl.), Lobão s.n. (RBE 546); próximo ao Instituto de Florestas, 22.V.1991 (fl.), Germano Filho & Carneiro 35 (RBR); Instituto de Florestas, 05.VI.2003 (fl.), Figueira s.n. (RBR); próximo ao Instituto de Florestas, 19.V.2006 (fl.), Pereira-Moura & Germano Filho s.n.(RBR 23024); do lado da sede do Instituto de Florestas, 25.IV.2008 (fl.) Paiva et al., 14 (RBR), 22.VII.2008 (Fr.) Paiva et al., 15 (RBR), 20.VIII.2008 (Fr.) Paiva et al., 19 (RBR).

Espécie neotropical, distribuindo-se pelo Brasil (principalmente na Amazônia), Peru e Bolívia (Andersson & Taylor, 1994ANDERSSON, L. & TAYLOR, C. M. Rubiaceae-Cinchoneae-Coptosapelteae. In: Harling, G. & Andersson, L. (Eds.). Flora of Ecuador. Copenhagen: Council for Nordic Publications in Botany, 1994. V. 50, p. 1-114.). Facilmente reconhecida no Campus pelo tronco retilíneo, liso e pelas flores brancas perfumadas com 6 a 7 pétalas. Sua madeira pode fornecer cerca de 40% de celulose de papel, também usada na marcenaria em construção civil e naval (Guimarães et. al., 1993GUIMARÃES, F. E.; MAUTONE, L.; RIZZINI, T.C. & FILHO, M. A. Árvores do Jardim Botânico do Rio de Janeiro. 1.ed. Rio de Janeiro: Jardim Botânico, 1993. 198p.). Floresce de abril a dezembro. Frutifica em junho a setembro.

Agradecimentos

Os autores agradecem as professoras Denise Monte Braz e Maria Beatriz Barbosa de Barros Barreto pelas correções no Abstract e aos graduandos Arthur Vinícius dos Santos Couto, Vinícius Costa Cysneiros e Affonso Henrique Nascimento de Souza pelo auxílio nas coletas de materiais botânicos no campo.

Referências Bibliográficas

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    03 Nov 2023
  • Data do Fascículo
    Jan-Mar 2009

Histórico

  • Recebido
    01 Abr 2008
  • Aceito
    01 Abr 2008
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