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Estrutura da Vegetação em Dois Fragmentos de Caatinga Antropizada na Paraíba

Vegetation Structure in Two Anthropic Fragments of Caatinga in Paraiba State, Brazil

RESUMO

Objetivou-se neste trabalho avaliar as diferenças florísticas e estruturais entre dois fragmentos contíguos de caatinga sujeitos a intervenções antrópicas na Paraíba. Foram alocadas 25 parcelas de 20 m × 20 m, em duas áreas (A e B) e medidos todos os indivíduos com circunferência ao nível do solo ≥ 10 cm e com altura ≥ 1 m. A área A apresentou 2.226 indivíduos, 21 espécies, 21 gêneros e 11 famílias. A área B, 1.930 indivíduos, 17 espécies, 16 gêneros e 9 famílias. Os índices de Shannon-Wienner e a equabilidade de Pielou foram 1,92 nats/ind. e 0,63 (área A) e 1,76 nats/ind. e 0,62 (área B). A similaridade de Sørensen entre as áreas foi de 79%. Famílias mais ricas em espécies: Fabaceae e Euphorbiaceae. Espécies mais abundantes: Poincianella pyramidalis, Mimosa tenuiflora, Aspidosperma pyrifolium, Croton blanchetianus e Combretum leprosum. Houve diferenças nos parâmetros estudados obtidos, o que explica processos de regeneração distintos.

Palavras-chave:
fitossociologia; florística; semiárido

ABSTRACT

This study aimed to assess the floristic and structural differences between two contiguous fragments of Caatinga vegetation in Paraiba state, Brazil. To this end, 25 plots of 20 × 20 m were allocated in each area (A and B), and all individuals with circumference at soil level ≥ 10 cm and height ≥ 1 m were sampled. Area A: 2.226 individuals of 21 species, 21 genera and 11 families. Area B: 1.930 individuals of 17 species, 16 genera and 9 families. The Shannon-Wienner index and Pielou equability values were 1.92 nats/ind. and 0.63 (area A), and 1.76 nats/ind. and 0.62 (area B), respectively. The Sørensen’s similarity index between the areas was 79%. Poincianella pyramidalis, Mimosa tenuiflora, Aspidosperma pyrifolium, Croton blanchetianus, and Combretum leprosum were the richest species found in both areas. The floristic and structural parameters measured in both areas showed differences between them, most likely because of the different levels of anthropic intervention, which were larger in the B area.

Keywords:
phytosociology; floristics; semiarid

1 INTRODUÇÃO

Compõe a caatinga uma vegetação xerófila essencialmente heterogênea no que diz a respeito à fitofisionomia e estrutura. O aspecto da vegetação caracteriza-se por árvores e arbustos de porte pequeno, folhas pequenas e caducifólias, com mecanismos de adaptação como espinhos, desenvolvidos como forma de recolher o excesso de transpiração causada pelo longo período de estiagem (Drumond et al., 2002Drumond MA, Kill LHP, Nascimento CES. Inventário e sociabilidade de espécies arbóreas e arbustivas da Caatinga na região de Petrolina, PE. Brasil Florestal 2002; 74: 37-43.).

O modelo extrativista predatório nas áreas de caatinga tem trazido consequências drásticas para os recursos naturais renováveis. Assim, perdas irrecuperáveis na diversidade florística e faunística são observadas após práticas como a supressão da vegetação, uso irracional do solo e assoreamento dos corpos d’água (Drumond et al., 2000Drumond MA, Kill LHP, Lima PCF, Oliveira MC, Oliveira VR, Albuquerque SG, Nascimento CES, Cavalcante J. Estratégias para o uso sustentável da biodiversidade da Caatinga: documento para discussão no GT do Bioma Caatinga. Petrolina: Fundação Biodiversitas; 2000.), assim como aumento das áreas sujeitas a desertificação (Brasil, 2002Brasil. Ministério do Meio Ambiente. Avaliação e ações prioritárias para a conservação da biodiversidade da Caatinga. Brasília: Universidade Federal de Pernambuco, Fundação de Apoio ao Desenvolvimento da Conservação do Brasil, Fundação Biodiversidade, Embrapa Semiárido; 2002.).

O conhecimento da composição florística e estrutura fitossociológica das espécies têm contribuído para a conservação, recuperação e manejo dos ecossistemas (Borém & Ramos, 2001Borém RAT, Ramos DP. Estrutura fitossociológica da comunidade arbórea de uma topossequência pouco alterada de uma área de floresta atlântica, no município de Silva Jardim RJ. Revista Árvore 2001; 25(1): 131-140.; Velazco et al., 2015Velazco SJE, Galvão F, Keller HA, Bedrij NA. Florística e fitossociologia de uma floresta estacional semidecidual, reserva privada Osununú-Misiones, Argentina. Floresta e Ambiente 2015; 22(1): 1-12. http://dx.doi.org/10.1590/2179-8087.038513.
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). Estudos que abordam o levantamento da flora da caatinga têm sido alvo de vários trabalhos realizados por diversos pesquisadores (Barbosa et al., 2007Barbosa MRV, Lima IB, Lima JR, Cunha JP, Agra MF, Thomas WW. Vegetação e flora no Cariri Paraibano. Oecologia Brasiliensis 2007; 11(3): 313-322. http://dx.doi.org/10.4257/oeco.2007.1103.01.
http://dx.doi.org/10.4257/oeco.2007.1103...
; Rodal & Sales, 2007Rodal MJN, Sales MF. Composição da flora vascular em um remanescente de floresta Montana no semi-árido do nordeste do brasil. Hoehnea 2007; 34(4): 433-446. http://dx.doi.org/10.1590/S2236-89062007000400002.
http://dx.doi.org/10.1590/S2236-89062007...
; Souza & Rodal, 2010Souza JAN, Rodal MJN. Levantamento florístico em trecho de vegetação ripária de Caatinga no Rio Pajeú, Floresta/Pernambuco-Brasil. Revista Caatinga 2010; 23: 54-62.).

A diversidade de uma comunidade de plantas pode ser entendida pelos índices de Shannon-Weaver, de Simpson e de equabilidade de Pielou (Leitão et al., 2014Leitão AC, Vasconcelos WA, Cavalcante AMB, Tinôco LBM, Fraga VS. Florística e estrutura de um ambiente transicional Caatinga – Mata Atlântica. Revista Caatinga 2014; 27(3): 200-210.; Schorn et al., 2014Schorn LA, Meyer L, Sevegnani L, Vibrans AC, Lingner DV, Gasper AL et al. Fitossociologia de fragmentos de floresta estacional decidual no Estado de Santa Catarina – Brasil. Ciência Florestal 2014; 24(4): 821-831. http://dx.doi.org/10.5902/1980509816582.
http://dx.doi.org/10.5902/1980509816582...
). A fitossociologia identifica os diversos tipos de vegetação e comunidades de plantas (Khan et al., 2014Khan N, Ali K, Shaukat S. Phytosociology, structure and dynamics of Pinus roxburghii associations from Northern Pakistan. Journal of Forest Research 2014; 25(3): 511-521. http://dx.doi.org/10.1007/s11676-014-0490-x.
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). Já levantamentos florísticos objetivam listar as espécies vegetais localizadas em determinada área de estudo (Ferraz et al., 2013Ferraz RC, Mello AA, Ferreira RA, Prata APN. Levantamento fitossociológico em área de Caatinga no monumento natural Grota do Angico, Sergipe, Brasil. Revista Caatinga 2013; 26(3): 89-98.).

Poucos estudos têm sido feitos comparando fragmentos de caatinga antropizada acerca da biologia e ecologia das espécies (Machado & Lopes, 2003Machado IC, Lopes AV. Recursos florais e sistemas de polinização e sexuais em Caatinga. In: Leal IR, Tabarelli M, Silva JMC. Ecologia e conservação da Caatinga. Recife: Editora Universitária, Universidade Federal de Pernambuco; 2003.). Nesse contexto, este trabalho objetivou avaliar as diferenças florísticas e estruturais entre dois fragmentos contíguos de caatinga sujeitos a intervenções antrópicas no município de Patos, Paraíba.

2 MATERIAL E MÉTODOS

A pesquisa foi conduzida em fragmento de caatinga antropizado, com área de 80 ha, na Fazenda Nupeárido, localizada nas coordenadas 7º 4’ 58” S e 37º 15’ 37” W, no município de Patos, Paraíba, Brasil. A vegetação na área é classificada como caatinga arbustiva arbórea aberta (CAAA), com indivíduos dominantes de angico (Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan), aroeira (Myracrodruon urundeuva M. Allemão), faveleira (Cnidoscolus quercifolius Pohl) e imburana de cambão (Commiphora leptophloeos (Mart.) J. B. Gillett) no estrato arbóreo (Souza, 2012Souza AD. Diagnóstico para implantação de modelos agroflorestais na fazenda NUPEÁRIDO, Patos – PB [dissertação]. Patos: Universidade Federal de Campina Grande; 2012.). O perímetro total foi demarcado por Souza (2012)Souza AD. Diagnóstico para implantação de modelos agroflorestais na fazenda NUPEÁRIDO, Patos – PB [dissertação]. Patos: Universidade Federal de Campina Grande; 2012., sendo localizados duas áreas (A e B), contíguas, com base na fisionomia e tipos de antropismo, separadas por um afloramento rochoso (Figura 1).

Figura 1
Áreas A e B com as parcelas georreferenciadas e separadas por um afloramento rochoso, em fragmento de caatinga alterado, na Fazenda Nupeárido, município de Patos, PB (imagem do Google Earth georreferenciada no módulo Reformat/Resample do software Idrisi Andes v.15.0).
Figure 1
Areas A and B with georeferenced parcels and separated by a rocky outcrop in savanna fragment changed at Nupeárido Farm, in Patos, Paraíba, Brazil. Google Earth image and georeferenced in the module Reformat / software Resample Idrisi Andes v.15.0.

O município de Patos está inserido na Mesorregião do Sertão Paraibano. A região apresenta o tipo climático tropical semiárido (Bsh), conforme a classificação de Köppen. A precipitação média não ultrapassa 800 mm/ano e as temperaturas médias variam de 24 °C a 28 °C. Na área em estudo, a constituição granulométrica do solo se encontra nas classes texturais areia franca, solo franco e franco arenoso, e, no geral, os solos são relativamente homogêneos, com limitações quanto à profundidade, estrutura, textura e fertilidade (Souza, 2012Souza AD. Diagnóstico para implantação de modelos agroflorestais na fazenda NUPEÁRIDO, Patos – PB [dissertação]. Patos: Universidade Federal de Campina Grande; 2012.).

Foram alocadas 25 parcelas em cada área de estudo de 20 m × 20 m, totalizando uma área de 400 m2 (Souza, 2009Souza PF. Análise da vegetação de um fragmento de Caatinga na microbacia hidrográfica do açude jatobá – Paraíba [monografia]. Patos: Centro de Saúde e Tecnologia Rural, Universidade Federal de Campina Grande; 2009., 2012Souza AD. Diagnóstico para implantação de modelos agroflorestais na fazenda NUPEÁRIDO, Patos – PB [dissertação]. Patos: Universidade Federal de Campina Grande; 2012.; Guedes et al., 2012Guedes RS, Zanella FCV, Costa JEV Jr, Santana GM, Silva JA. Caracterização florístico-fitossociológica do componente lenhoso de um trecho de Caatinga no semiárido paraibano. Revista Caatinga 2012; 25(2): 99-108.), distantes 50 m entre si, totalizando um hectare em cada área amostrada. As parcelas foram distribuídas de forma sistemática, em alinhamentos, com distância de 100 m. Para a distribuição do local das parcelas em campo foi utilizado o programa Map Source. Para a demarcação das parcelas foi utilizado o GPS modelo Garmin 60CSx, com precisão de 2 m.

A pesquisa foi realizada em três etapas: visita à área em estudo, instalação das unidades amostrais e coleta dos dados e material botânico. Em cada parcela foram amostrados todos os indivíduos, vivos ou mortos, em pé, com circunferência ao nível do solo ≥ a 10 cm e altura ≥ a 1 m (Rodal et al., 1992Rodal MJN, Sampaio EVSB, Figueiredo MA. Métodos em estudos florísticos e fitossociológicos: ecossistema Caatinga. 1. ed. Brasília: Sociedade Brasileira de Botânica; 1992.). A circunferência foi medida com fita métrica graduada de 0 a 150 cm e para a estimativa da altura foi empregada vara de material do tipo PVC, graduada em intervalos de 0,5 metro, totalizando 8 metros. Todos os indivíduos receberam placa com número de identificação.

Amostras de material vegetativo e/ou reprodutivo foram coletadas de espécies lenhosas ocorrentes dentro e fora das parcelas, herborizadas e encaminhadas ao Herbário da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), no Centro de Saúde e Tecnologia Rural (CSTR). A identificação foi realizada por especialistas e consultas a listas florísticas, de acordo com a classificação do Angiosperm Philogeny Group (APG III, 2009Angiosperm Phylogeny Group – APG III. An update of the Angiosperm Phylogeny Group classification for the orders and families of flowering plants: APG III. Botanical Journal of the Linnean Society 2009; 161(2): 105-121. http://dx.doi.org/10.1111/j.1095-8339.2009.00996.x.
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).

Foram determinados os parâmetros fitossociológicos de densidade (absoluta e relativa), frequência (absoluta e relativa), dominância (absoluta e relativa) e índice de valor de importância (IVI) (Felfili & Venturoli, 2000Felfili JM, Venturoli F. Tópicos em análise de vegetação. 1. ed. Brasília: Departamento de Engenharia Florestal, Universidade de Brasília; 2000. Comunicações Técnicas Florestais.). A diversidade alfa da comunidade foi avaliada pelo índice de Shannon-Wienner (H’), calculado no programa Past (software estatístico), assim como o índice de equabilidade de Pielou. Com o emprego do índice de similaridade de Sørensen, comparou-se a similaridade entre as áreas levantadas. O teste t de Hutcheson (p < 0,05), um teste pareado, foi empregado para comparar a diversidade entre as áreas A e B. Esse é um teste pareado que compara índices de diversidade existente em duas amostras, com auxílio do software estatístico Past.

A análise da abrangência florística em relação ao esforço amostral foi realizada pela curva de rarefação (Magurran, 1988Magurran AE. Ecological diversity and its measurement. London: Chapman & Hall; 1988.), calculada com a utilização do software estatístico Past. A suficiência amostral foi calculada pelo erro padrão e o intervalo de confiança (p < 0,05), a partir dos dados da densidade e área basal da amostra. O limite do erro tomado foi de 10% a 95% de probabilidade.

A distribuição diamétrica e hipsométrica foi realizada nas duas áreas estudadas. A distribuição dos diâmetros foi elaborada com o emprego de intervalos de classe de 3 cm (Calixto & Drumond, 2011Calixto JT Jr, Drumond MA. Estrutura fitossociológica de um fragmento de Caatinga sensu stricto 30 anos após corte raso, Petrolina-PE, Brasil. Revista Caatinga 2011; 24: 67-74.; Guedes et al., 2012Guedes RS, Zanella FCV, Costa JEV Jr, Santana GM, Silva JA. Caracterização florístico-fitossociológica do componente lenhoso de um trecho de Caatinga no semiárido paraibano. Revista Caatinga 2012; 25(2): 99-108.) e a hipsométrica, com o emprego de classes de 1 m de altura (Calixto & Drumond, 2011Calixto JT Jr, Drumond MA. Estrutura fitossociológica de um fragmento de Caatinga sensu stricto 30 anos após corte raso, Petrolina-PE, Brasil. Revista Caatinga 2011; 24: 67-74.).

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 Composição florística do estrato lenhoso

Na área A foram amostrados 2.226 indivíduos pertencentes a 21 espécies, 21 gêneros e 11 famílias botânicas, enquanto que na área B foram levantados 1.930 indivíduos de 17 espécies, 16 gêneros e 9 famílias botânicas. Em ambas as áreas, as famílias Fabaceae e Euphorbiaceae foram as mais ricas, com 7 e 4 espécies, respectivamente. As famílias Olacaceae e Verbanaceae foram exclusivas à área A (Tabela 1).

Tabela 1
Lista de famílias/espécies lenhosas levantadas (A e B) em fragmento de caatinga antropizada, na Fazenda Nupeárido, Patos, PB.
Table 1
That illustrates List of families / of raised woody species (A and B) in fragment of anthropic savanna in Nupeárido Farm, Patos, Paraíba, Brazil.

A curva de rarefação apontou tendência para estabilidade em ambas as áreas e nelas representa o potencial de riqueza (Figura 2). Observa-se que a amostragem foi suficiente para representar a composição florística das áreas (Ferreira et al., 2012Ferreira PI, Paludo GF, Chaves CL, Bortoluzzi RLC, Mantovani A. Florística e fitossociologia arbórea de remanescentes florestais em uma fazenda produtora de Pinus sp. Floresta 2012; 42(4): 783-794. http://dx.doi.org/10.5380/rf.v42i4.21581.
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).

Figura 2
Curva de rarefação das áreas A e B, apresentando o número médio de espécie presentes em fragmento de caatinga antropizada, na Fazenda Nupeárido, Patos, PB.
Figure 2
Rarefaction curve of areas A and B, with the average number of species present in anthropic savanna fragment in Nupeárido Farm, Patos, Paraíba, Brazil.

O valor do estimador de riqueza de Jacknife de primeira ordem para a área A foi de 25,95 e, para a área B, de 21,12 espécies, próximos aos valores encontrados.

Fabaceae e Euphorbiaceae foram as famílias mais ricas em espécies, com 7 e 4 espécies na área A e 6 e 3 espécies na área B. Essas duas famílias concentraram o maior número de indivíduos nas duas áreas estudadas, com 1.239 (55,7%) e 529 (23,8%) do total de indivíduos, respectivamente, em A, e com 919 (47,6%) e 508 (26,3%) do total de indivíduos, respectivamente, em B.

3.2 Diversidade florística

O índice de Shannon-Wienner para área A foi de 1,92 nats/ind. e o índice de equabilidade de Pielou, de 0,63, superiores aos encontrados na área B, com registro de 1,76 nats/ind. e 0,62, respectivamente. Esses valores de diversidade são baixos quando comparados aos encontrados por Guedes et al. (2012)Guedes RS, Zanella FCV, Costa JEV Jr, Santana GM, Silva JA. Caracterização florístico-fitossociológica do componente lenhoso de um trecho de Caatinga no semiárido paraibano. Revista Caatinga 2012; 25(2): 99-108., 2,54 nats/ind., Silva (2005)Silva JA. Fitossociologia e relações alométricas em Caatinga nos Estados da Paraíba e Rio Grande do Norte [teste]. Viçosa: Universidade Federal de Viçosa; 2005., 2,24 nats/ind., e Souza (2009)Souza PF. Análise da vegetação de um fragmento de Caatinga na microbacia hidrográfica do açude jatobá – Paraíba [monografia]. Patos: Centro de Saúde e Tecnologia Rural, Universidade Federal de Campina Grande; 2009., 2,04 nats/ind., frequentemente encontrados em levantamentos de caatinga antropizada (Calixto & Drumond, 2011Calixto JT Jr, Drumond MA. Estrutura fitossociológica de um fragmento de Caatinga sensu stricto 30 anos após corte raso, Petrolina-PE, Brasil. Revista Caatinga 2011; 24: 67-74.).

Os valores do índice de equabilidade de Pielou (J) de 0,63 e 0,62 (para a área A e B, respectivamente) se mostraram inferiores aos encontrados por Guedes et al. (2012)Guedes RS, Zanella FCV, Costa JEV Jr, Santana GM, Silva JA. Caracterização florístico-fitossociológica do componente lenhoso de um trecho de Caatinga no semiárido paraibano. Revista Caatinga 2012; 25(2): 99-108., na Paraíba, e Silva (2005)Silva JA. Fitossociologia e relações alométricas em Caatinga nos Estados da Paraíba e Rio Grande do Norte [teste]. Viçosa: Universidade Federal de Viçosa; 2005., no Rio Grande do Norte, os quais obtiveram 0,71 e 0,72, respectivamente. O valor do índice de Pielou encontrado nas áreas reflete a dominância ecológica nelas (Calixto & Drumond, 2011Calixto JT Jr, Drumond MA. Estrutura fitossociológica de um fragmento de Caatinga sensu stricto 30 anos após corte raso, Petrolina-PE, Brasil. Revista Caatinga 2011; 24: 67-74.).

A soma dos indivíduos das cinco espécies mais abundantes, Poincianella pyramidalis, Aspidosperma pyrifolium, Mimosa tenuiflora, Croton blanchetianus e Combretum leprosum, respondeu por 90,61% e 92,43% dos indivíduos totais nas áreas A e B, respectivamente. Esses dados estão de acordo com os trabalhos realizados em caatinga antropizada, na qual as espécies supracitas são as mais abundantes (Calixto & Drumond, 2011Calixto JT Jr, Drumond MA. Estrutura fitossociológica de um fragmento de Caatinga sensu stricto 30 anos após corte raso, Petrolina-PE, Brasil. Revista Caatinga 2011; 24: 67-74.; Souza, 2009Souza PF. Análise da vegetação de um fragmento de Caatinga na microbacia hidrográfica do açude jatobá – Paraíba [monografia]. Patos: Centro de Saúde e Tecnologia Rural, Universidade Federal de Campina Grande; 2009., 2012Souza AD. Diagnóstico para implantação de modelos agroflorestais na fazenda NUPEÁRIDO, Patos – PB [dissertação]. Patos: Universidade Federal de Campina Grande; 2012.; Ferreira et al., 2012Ferreira PI, Paludo GF, Chaves CL, Bortoluzzi RLC, Mantovani A. Florística e fitossociologia arbórea de remanescentes florestais em uma fazenda produtora de Pinus sp. Floresta 2012; 42(4): 783-794. http://dx.doi.org/10.5380/rf.v42i4.21581.
http://dx.doi.org/10.5380/rf.v42i4.21581...
).

O índice de Sørensen, com valor de 79%, apontou alta similaridade entre as áreas, visto que valores acima de 50% caracterizam similaridade elevada (Felfili & Venturoli, 2000Felfili JM, Venturoli F. Tópicos em análise de vegetação. 1. ed. Brasília: Departamento de Engenharia Florestal, Universidade de Brasília; 2000. Comunicações Técnicas Florestais.). Embora tenham sofrido níveis diferentes de intervenção antrópica, é provável que a proximidade entre elas explique a alta similaridade florística.

3.3 Fitossociologia das áreas

As cinco espécies mais abundantes nas áreas A e B (Tabelas 2 e 3) representaram 30,46%; 20,44%; 18,24%; 13,7%; e 4,76%, respectivamente, do total dos indivíduos amostrados na área A, e 30,82%; 28,08%; 14,40%; 12,95%; e 6,15%, respectivamente, dos encontrados na área B. Poincianella pyramidalis, com 29,06% para a área A e 28,60% para a área B; Mimosa tenuiflora (16,75% e 16,95%); Aspidosperma pyrifolium (14,54% e 15,27%); Croton blanchetianus (12,30% e 14,73%); e Combretum leprosum (5,72% e 7,35%) apresentaram os maiores índices de valor de importância (IVI) para os dois fragmentos de caatinga antropizada estudados.

Tabela 2
Parâmetros fitossociológicos das espécies lenhosas amostradas na área A, em fragmento de caatinga antropizada, na Fazenda Nupeárido, Patos, PB.
Table 2
That illustrates Parameters Phytosociological of woody species shown in area A in anthropic savanna fragment in Nupeárido Farm, Patos, Paraíba, Brazil.
Tabela 3
Parâmetros fitossociológicos das espécies lenhosas amostradas na área B, em fragmento de caatinga antropizada, na Fazenda Nupeárido, Patos, PB.
Table 3
That illustrates phytosociological parameters of woody species shown in area B in anthropic savanna fragment in Nupeárido Farm, Patos, Paraíba, Brazil.

Resultados similares foram encontrados por Andrade et al. (2005)Andrade LA, Pereira IM, Leite UT, Barbosa MRV. Análise da cobertura de duas fitofisionomias de Caatinga, com diferentes históricos de uso, no Município de São João do Cariri, Estado da Paraíba. Cerne 2005; 11(3): 253-262., Silva (2005)Silva JA. Fitossociologia e relações alométricas em Caatinga nos Estados da Paraíba e Rio Grande do Norte [teste]. Viçosa: Universidade Federal de Viçosa; 2005., Souza (2009)Souza PF. Análise da vegetação de um fragmento de Caatinga na microbacia hidrográfica do açude jatobá – Paraíba [monografia]. Patos: Centro de Saúde e Tecnologia Rural, Universidade Federal de Campina Grande; 2009. e Guedes et al. (2012)Guedes RS, Zanella FCV, Costa JEV Jr, Santana GM, Silva JA. Caracterização florístico-fitossociológica do componente lenhoso de um trecho de Caatinga no semiárido paraibano. Revista Caatinga 2012; 25(2): 99-108. e comprovam dominância ecológica dessas espécies. Santana (2005)Santana JAS. Estrutura fitossociológica, produção de serapilheira e ciclagem de nutrientes em uma área de Caatinga no Seridó do Rio Grande do Norte [tese]. Areia: Universidade Federal da Paraíba; 2005. verificou que C. pyramidalis, A. pyrifolium e C. sonderianus responderam juntas por 58,66% do total dos indivíduos levantados em estudo realizado no Seridó do Rio Grande do Norte. Rodal et al. (2008)Rodal MJN, Martins FR, Sampaio EVSB. Levantamento quantitativo das plantas lenhosas em trechos de vegetação de Caatinga em Pernambuco. Revista Caatinga 2008; 21: 192-2005., em levantamento de plantas lenhosas em quatro trechos de vegetação caatinga em Custódia, PE, verificaram que houve variação das espécies mais densas nas quatros áreas estudadas. Contudo C. pyramidalis foi o táxon mais frequente no conjunto das áreas, com 23,1% do total de indivíduos amostrados.

Os parâmetros fitossociológicos relativos de densidade, frequência, dominância e índice de valor de importância, número de indivíduos e área basal das áreas A e B estão descritos nas Tabelas 2 e 3.

A densidade total de indivíduos nas áreas A e B foram, respectivamente, de 2.226 ind./ha (IC = +/- 11,93 ind./ha, p < 0,05 e erro padrão 6,83%) e 1.930 ind./ha (IC = +/- 11,84 ind./ha, p < 0,05 e erro padrão 7,83%), enquanto a área basal total para elas foram de 18,79 m2/ha (IC = +/- 0,10 m2/ha, p < 0,05, erro padrão 6,59%) e 15,13 m2/ha (IC = +/- 0,01 ind./ha, erro padrão 8,44%). Os valores dos erros encontrados, inferiores a 10%, apontaram que a amostragem foi suficiente para a estimativa dos parâmetros avaliados.

Os indivíduos mortos nas áreas representaram 5,71% na área A e 4,98% na área B, com relação ao total amostrado. Os resultados encontrados por Guedes et al. (2012)Guedes RS, Zanella FCV, Costa JEV Jr, Santana GM, Silva JA. Caracterização florístico-fitossociológica do componente lenhoso de um trecho de Caatinga no semiárido paraibano. Revista Caatinga 2012; 25(2): 99-108. e Souza (2012)Souza AD. Diagnóstico para implantação de modelos agroflorestais na fazenda NUPEÁRIDO, Patos – PB [dissertação]. Patos: Universidade Federal de Campina Grande; 2012., na depressão sertaneja, foram de 2,4% e 1,16%, respectivamente.

As cinco espécies com maior IVI na área A foram: Poincianella pyramidalis (29,07%), Mimosa tenuiflora (16,75%), Aspidosperma pyrifolium (14,54%), Croton blanchetianus (12,31%) e Combretum leprosum (5,72%) as quais, juntas, somaram 78,38% do IVI total (Tabela 2). Na área B, foram P. pyramidalis (28,60%), C. blanchetianus (16,95%), A. pyrifolium (15,27%), M. tenuiflora (14,73%) e C. leprosum (7,35%) que responderam por 82,90% do IVI total (Tabela 3). Em ambas as áreas, a espécie Poincianella pyramidalis apresentou-se com o maior índice de valor de importância. Para as demais espécies, ocorreu inversão nas posições fitossociológicas entre as duas áreas. Mimosa tenuiflora foi a 2ª de maior IVI na área A e a 4ª mais importante da área B. Croton blanchetianus foi a 4ª de maior IVI na área A e a 2ª mais importante na área B, enquanto Poincianella pyramidalis, Aspidosperma pyrifolium e Combretum leprosum permaneceram inalteradas em suas posições fitossociológicas em ambas as áreas, como 1ª, 3ª e 5ª espécies em importância, respectivamente.

Outros trabalhos mostraram a abundância da espécie Poincianella pyramidalis em seu levantamento, como os de Guedes et al. (2012)Guedes RS, Zanella FCV, Costa JEV Jr, Santana GM, Silva JA. Caracterização florístico-fitossociológica do componente lenhoso de um trecho de Caatinga no semiárido paraibano. Revista Caatinga 2012; 25(2): 99-108., com 23,88%; de Souza (2009)Souza PF. Análise da vegetação de um fragmento de Caatinga na microbacia hidrográfica do açude jatobá – Paraíba [monografia]. Patos: Centro de Saúde e Tecnologia Rural, Universidade Federal de Campina Grande; 2009., com 26%; Santana (2005)Santana JAS. Estrutura fitossociológica, produção de serapilheira e ciclagem de nutrientes em uma área de Caatinga no Seridó do Rio Grande do Norte [tese]. Areia: Universidade Federal da Paraíba; 2005., com 17,16%; Silva (2005)Silva JA. Fitossociologia e relações alométricas em Caatinga nos Estados da Paraíba e Rio Grande do Norte [teste]. Viçosa: Universidade Federal de Viçosa; 2005., com 7,52%; Rodal et al. (2008)Rodal MJN, Martins FR, Sampaio EVSB. Levantamento quantitativo das plantas lenhosas em trechos de vegetação de Caatinga em Pernambuco. Revista Caatinga 2008; 21: 192-2005., com 31,5%, em diferentes áreas e estados do Nordeste.

Levantamentos em áreas de caatinga, na depressão sertaneja, também apontam essas espécies entre as cinco de maior IVI (Silva, 2005Silva JA. Fitossociologia e relações alométricas em Caatinga nos Estados da Paraíba e Rio Grande do Norte [teste]. Viçosa: Universidade Federal de Viçosa; 2005.; Andrade et al., 2005Andrade LA, Pereira IM, Leite UT, Barbosa MRV. Análise da cobertura de duas fitofisionomias de Caatinga, com diferentes históricos de uso, no Município de São João do Cariri, Estado da Paraíba. Cerne 2005; 11(3): 253-262.; Souza, 2009Souza PF. Análise da vegetação de um fragmento de Caatinga na microbacia hidrográfica do açude jatobá – Paraíba [monografia]. Patos: Centro de Saúde e Tecnologia Rural, Universidade Federal de Campina Grande; 2009., 2012Souza AD. Diagnóstico para implantação de modelos agroflorestais na fazenda NUPEÁRIDO, Patos – PB [dissertação]. Patos: Universidade Federal de Campina Grande; 2012.; Guedes et al., 2012Guedes RS, Zanella FCV, Costa JEV Jr, Santana GM, Silva JA. Caracterização florístico-fitossociológica do componente lenhoso de um trecho de Caatinga no semiárido paraibano. Revista Caatinga 2012; 25(2): 99-108.). Naqueles levantamentos realizados em áreas fora da depressão sertaneja, essas espécies não foram amostradas, como no de Amaral et al. (2012)Amaral GC, Alves AR, Oliveira TM, Almeida KNS, Farias SGG, Botrel RT. Estudo florístico e fitossociológico em uma área de transição Cerrado-Caatinga no município de Batalha-PI. Scientia Plena 2012; 8: 1-5., em área de transição caatinga-cerrado no Piauí, e no de Trovão et al. (2010)Trovão DMBM, Freire AM, Melo JIM. Florística e fitossociologia do componente lenhoso da mata ciliar do riacho de Bodocongó, Semiárido Paraibano. Revista Caatinga 2010; 23: 78-86., em mata ciliar no Agreste da Paraíba. Esse fato pode ser explicado pelas unidades geomorfológicas distintas, com morfologia, estrutura e classificação do solo, fluxo hídrico e formação de relevo, dentre outros fatores. Para Rodal (1992)Rodal MJN. Fitossociologia do componente arbustivo-arbóreo em quatro áreas de Caatinga em Pernambuco [tese]. Campinas: Universidade Estadual de Campinas; 1992., a geomorfologia caracteriza aspectos importantes para entender a composição florística entre áreas de caatinga.

Poincianella pyramidalis teve o maior IVI nas áreas A e B, seus parâmetros relativos e absolutos apontaram que a espécie apresentou maior dominância em relação às outras. A frequência dessa espécie foi o parâmetro que mais contribuiu para o IVI, com valores de 100% (área A) e 92% (área B), e com o maior número de indivíduos (678 e 595) nas áreas A e B, respectivamente, o que pode indicar que a espécie não tem exigência ou preferência por hábitat. Os parâmetros fitossociológicos de Mimosa tenuiflora nas áreas A e B mostraram ser ela espécie frequente (80% e 84%), embora no fragmento B tenha invertido a posição no IVI com o C. blanchetianus, fato esse constatado pela sua baixa densidade (14,40%). M. tenuiflora, comparada com Poincianella pyramidalis, apresentou baixa dominância nos dois fragmentos estudados, provavelmente em decorrência de corte seletivo, pois a mesma é utilizada como lenha e para carvão na região.

Croton blanchetianus apresentou valores relativos de frequência e densidade altos, presente em 80% (área A) e 88% (área B), com 455 (área A) e 542 (área B) indivíduos, mas com valor relativo baixo de área basal (Tabelas 2 e 3), o que pode ser explicado por características da própria espécie de não apresentar indivíduos com diâmetros desenvolvidos. Combretum leprosum apresentou valores de parâmetros fitossociológicos baixos tanto de densidade (4,76% e 6,16%) como dominância (1,87% e 2,79%) nas áreas A e B, respectivamente, quando comparada às quatro espécies com maior IVI. A espécie Amburana cearensis teve registro de apenas um único indivíduo, e portanto, foi considerada uma espécie rara para o fragmento em estudo.

3.4 Distribuição dos diâmetros e das alturas

O diâmetro máximo encontrado na área A foi de 68 cm e na área B, de 56 cm, ambos em indivíduos de Poincianella pyramidalis. A distribuição dos indivíduos por classes de diâmetro em ambas as áreas teve tendência a J reverso (Figura 3), com maior presença de indivíduos nas classes de menor diâmetro que é considerada típica das florestas inequianeas (Guedes et al., 2012Guedes RS, Zanella FCV, Costa JEV Jr, Santana GM, Silva JA. Caracterização florístico-fitossociológica do componente lenhoso de um trecho de Caatinga no semiárido paraibano. Revista Caatinga 2012; 25(2): 99-108.), também registrado em outros levantamentos de caatinga (Rodal, 1992Rodal MJN. Fitossociologia do componente arbustivo-arbóreo em quatro áreas de Caatinga em Pernambuco [tese]. Campinas: Universidade Estadual de Campinas; 1992.; Silva, 2005Silva JA. Fitossociologia e relações alométricas em Caatinga nos Estados da Paraíba e Rio Grande do Norte [teste]. Viçosa: Universidade Federal de Viçosa; 2005.; Rodal et al., 2008Rodal MJN, Martins FR, Sampaio EVSB. Levantamento quantitativo das plantas lenhosas em trechos de vegetação de Caatinga em Pernambuco. Revista Caatinga 2008; 21: 192-2005.; Souza, 2009Souza PF. Análise da vegetação de um fragmento de Caatinga na microbacia hidrográfica do açude jatobá – Paraíba [monografia]. Patos: Centro de Saúde e Tecnologia Rural, Universidade Federal de Campina Grande; 2009., 2012Souza AD. Diagnóstico para implantação de modelos agroflorestais na fazenda NUPEÁRIDO, Patos – PB [dissertação]. Patos: Universidade Federal de Campina Grande; 2012.). Dos 2.226 indivíduos levantados na área A e 1.930 indivíduos levantados na área B, 89,04% e 90,52%, respectivamente, concentraram-se nas quatro primeiras classes diamétricas. De acordo com Machado et al. (2004)Machado ELM, Oliveira-Filho AT, Carvalho WAC, Souza JS, Borém RAT, Botezelli L. Análise comparativa da estrutura e flora do compartimento arbóreo-arbustivo de um remanescente florestal na fazenda Beira Lago, Lavras, MG. Revista Árvore 2004; 28(4): 499-516. http://dx.doi.org/10.1590/S0100-67622004000400005.
http://dx.doi.org/10.1590/S0100-67622004...
, a grande maioria dos inventários em comunidades arbóreo-arbustivas de florestas secundárias apresenta distribuição de diâmetro seguindo o modelo do J reverso ou exponencial negativo.

Figura 3
Distribuição do número de indivíduos em classes de diâmetro das áreas A e B, em fragmento de caatinga antropizada, na Fazenda Nupeárido, Patos, PB.
Figure 3
Distribution of the number of Individuals in classes diameters of areas A and B, in fragment of anthropic savanna in Nupeárido Farm, Patos, Paraíba, Brazil.

A primeira classe de diâmetro concentrou o maior número de indivíduos amostrados para as duas áreas, 38,41% (área A) e 39,79% (área B). Observou-se descontinuidade nas classes superiores, o que pode indicar corte seletivo dos indivíduos de maior diâmetro, especialmente na área B, com ausência de indivíduos nas quatro últimas classes.

3.5 Distribuição de altura das áreas A e B

Na distribuição de altura foi observado que 94,25% e 83,51% dos indivíduos estão agrupados nas três primeiras classes de altura nas áreas A e B, respectivamente (Figura 4). A altura máxima estimada na área A foi de 8 metros, em indivíduo de Cnidoscolus quercifolius, e, na área B, de 7 metros, em indivíduo de Anadenanthera colubrina.

Figura 4
Distribuição do número de indivíduos em classes de altura das áreas A e B, em fragmento de caatinga antropizada, na Fazenda Nupeárido, Patos, PB.
Figure 4
Distribution of the number of individuals in height classes of areas A and B in fragment anthropic savanna in NUPEÁRIDO Farm, Patos, Paraíba, Brazil.

A segunda classe de altura (2,6-3,6 m) foi aquela que concentrou a maior parte dos indivíduos amostrados nas duas áreas, perfazendo 933 (41,91%) do total de indivíduos na área A e 858 (44,45%) na área B. A maior concentração de indivíduos com altura de até 6 m encontrada neste estudo foi similar à encontrada em outros levantamentos de caatinga (Rodal et al., 2008Rodal MJN, Martins FR, Sampaio EVSB. Levantamento quantitativo das plantas lenhosas em trechos de vegetação de Caatinga em Pernambuco. Revista Caatinga 2008; 21: 192-2005.; Guedes et al., 2012Guedes RS, Zanella FCV, Costa JEV Jr, Santana GM, Silva JA. Caracterização florístico-fitossociológica do componente lenhoso de um trecho de Caatinga no semiárido paraibano. Revista Caatinga 2012; 25(2): 99-108.).

De acordo com Souza & Soares (2013)Souza AL, Soares CPB. Florestas Nativas: estrutura, dinâmica e manejo. Viçosa: Editora UFV; 2013., a estrutura vertical propicia a avaliação da posição sociológica de cada espécie com relação a sua altura, a qual pode classificar o fragmento florestal nos estratos verticais superior, médio, inferior e bosque.

4 CONCLUSÕES

O número de famílias botânicas e espécies lenhosas presentes assim como o índice de diversidade de Shannon-Wienner e de equabilidade de Pielou da área A foi maior do que os encontrados na área B. Tais resultados demonstram baixos valores quando comparados com os de caatinga preservada.

A densidade absoluta (2.226 indivíduos) e área basal (18,79 m2) na área A foram superiores às encontradas na área B (1.930 indivíduos e 15,31 m2), apesar de essa apresentar dominância relativamente satisfatória para áreas de caatinga alterada. Esse fato pode ter sido acarretado pelo corte seletivo de algumas espécies de potencial energético, a exemplo da Poincianella pyramidalis e Mimosa tenuiflora.

As cinco espécies de maior IVI nas duas áreas foram Poincianella pyramidalis, Mimosa tenuiflora, Aspidosperma pyrifolium, Croton blanchetianus e Combretum leprosum, com inversões das posições fitossociológicas das quatro últimas. Essas espécies têm apresentado essas mesmas ocorrências em áreas de caatinga antropizadas, o que demonstra que as inversões das posições muitas vezes resultam da antropização.

A estrutura diamétrica nas duas áreas estudadas apresentou tendência a J reverso. A área B apresentou ausência de indivíduos nas últimas classes de diâmetro, o que pode indicar exploração seletiva. Esse grau de perturbação tem sido encontrado em caatinga alterada, alvo do tráfico de lenha através do desmatamento ilegal.

A estrutura vertical mostrou que a maior parte dos indivíduos em ambas as áreas concentrou-se na classe de altura de 2,6-3,6 m.

Houve diferenças nos parâmetros florísticos e estruturais estudados entre as duas áreas, em função do antropismo, com a área B sujeita a maior nível de distúrbio antrópico.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    07 Jun 2016
  • Data do Fascículo
    Oct-Dec 2016

Histórico

  • Recebido
    13 Mar 2016
  • Aceito
    22 Mar 2016
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