Acessibilidade / Reportar erro

Comparação do perfil epidemiológico, clínico e dos resultados das intervenções coronárias percutâneas entre os gêneros masculino e feminino, na população brasileira: dados do Registro CENIC

Comparison of the epidemiologic and clinical profiles and results of percutaneous coronary interventions in men and women in Brazil: the CENIC Registry data

Resumos

FUNDAMENTOS: No cenário dos estudos controlados e randomizados, em mulheres, a doença arterial coronária (DAC) apresenta maiores desafios no que se refere ao diagnóstico e ao tratamento. Essas noções são mais controversas no âmbito do chamado "mundo real", especialmente no que tange ao tratamento por intervenção coronária percutânea (ICP). OBJETIVO: Comparar os resultados de procedimentos de ICP, na fase hospitalar, em brasileiras e brasileiros. MÉTODO: Análise retrospectivamente idealizada a partir dos dados inseridos no registro da Central Nacional de Intervenções Cardiovasculares (CENIC), em sua presente forma de captura eletrônica, conforme ficha padronizada, desde o início de 1999 até o final de 2007: características demográficas e da história clínica, inclusive fatores de risco no contexto da DAC; detalhes técnicos dos procedimentos, de seu sucesso e complicações; tratamento farmacológico adjunto. RESULTADOS: No período, 197.139 intervenções coronárias foram registradas, sendo 131.797 (66,85%) em homens e 65.342 (33,15%) em mulheres. A média de idade foi significativamente superior nas mulheres (64,0 ± 11,6 anos vs. 60,4 ± 11,7 anos; p < 0,0001), que apresentaram maior prevalência de diabetes melito (39,4% vs. 28,5%; p < 0,0001). Nos homens, houve maior prevalência de hipertensão arterial (25,6% vs. 28,9%; p < 0,0001), tabagismo (19,1% vs. 34,0%; p < 0,0001), antecedentes de infarto do miocárdio (21,1% vs. 26,8%; p < 0,0001), de ICP (17,5% vs. 19,3%; p < 0,0001) e de revascularização miocárdica cirúrgica prévia (8,3% vs. 11,0%; p < 0,0001). Em pacientes com ICP prévia, a nova intervenção ocorreu mais freqüentemente nos homens por progressão da doença, novas lesões (56,6% vs. 59,5%; p < 0,006), e, nas mulheres, por reestenose (39,2% vs. 36,4%; p < 0,0001). A ICP foi realizada nas mulheres em maior número de vezes que nos homens por indicações clínicas instáveis (56,5% vs. 55,8%; p = 0,003). Angiograficamente, verificou-se proporção maior de lesões de um único vaso entre as mulheres (53,2% vs. 49,3%; p < 0,0001), e menor prevalência de disfunção ventricular esquerda grave (4,1% vs. 4,6%; p < 0,0001), de lesões complexas (B2 e C) (64,3% vs. 66,0%; p < 0,0001), de trombo visível (14,6% vs. 17,6%; p < 0,0001), de lesões extensas (superiores a 20 mm) (26,6% vs. 28,1%; p < 0,0001) e de envolvimento de ramos secundários (26,6% vs. 27,6%; p < 0,0001). Em contraposição, nas mulheres observou-se mais calcificação (23,4% vs. 22,8%; p < 0,0001), e menor diâmetro (2,95 mm ± 0,66 mm vs. 3,04 mm ± 0,75 mm; p = 0,001) e extensão (17,2 mm ± 7,1 mm vs. 17,7 mm ± 7,3 mm; p = 0,04) dos stents implantados. As mulheres tenderam a ter taxa mais elevada de insucesso (0,75% vs. 0,68%; p = 0,077), e efetivamente apresentaram maiores taxas de óbito (1,20% vs. 0,79%; p < 0,0001) e de infartos miocárdicos nãofatais (0,54% vs. 0,41%; p < 0,0001). CONCLUSÕES: A ICP em mulheres brasileiras apresenta resultados imediatos discretamente menos satisfatórios que nos homens, em associação à tríade de idade mais avançada, maior prevalência de diabetes melito e menor calibre do vaso.

Angioplastia transluminal percutânea coronária; Angioplastia; Gênero e saúde; Fatores sexuais; Fatores de risco; Resultado de tratamento


BACKGROUND: There are major challenges in diagnosing and treating women with coronary artery disease (CAD), particularly in randomized and controlled studies. These notions are more controversial in the real world, especially with respect to percutaneous coronary intervention (PCI). OBJECTIVE: To compare results from in-hospital PCI procedures in male and female Brazilian patients. METHOD: A retrospective analysis was done, based on data electronically uploaded into the CENIC (Central Nacional de Intervenções Cardiovasculares) Registry. A standardized form to gather data from patients treated between the beginning of 1999 to the end of 2007 was used and included clinical, angiographic and procedural results, including clinical success and complications. RESULTS: In this period, 197,139 coronary interventions were reported; 131,797 (66.85%) in men and 65,342 (33.15%) in women. Women were older (64.0 ± 11.6 yrs vs. 60.4 ± 11.7 yrs; p < 0.0001), and had a higher prevalence of diabetes mellitus (39.4% vs. 28.5%; p < 0.0001). In contrast, men showed a higher prevalence of hypertension (25.6% vs. 28.9%; p < 0.0001), smoking (19.1% vs. 34.0%; p < 0.0001), previous myocardial infarction (21.1% vs. 26.8%; p < 0.0001), previous PCI (17.5% vs. 19.3%; p < 0,0001) and previous coronary artery bypass surgery (8.3% vs. 11.0%; p < 0.0001). In male patients with previous PCI, new interventions were done more frequently due to disease progression (56.6% vs. 59.5%; p < 0.006) whereas in women they were done predominantly due to restenosis (39.2% vs. 36.4%; p < 0.0001). PCI was performed in women more often than in men due to unstable clinical conditions (56.5% vs. 55.8%; p = 0.003). Angiographically, a higher number of single vessel lesions was noted among women (53.2% vs. 49.3%; p < 0.0001) as well as a lesser prevalence of severe left ventricle dysfunction (4.1% vs. 4.6%; p < 0.0001), complex lesions (B2 and C) (64.3% vs. 66.0%; p < 0.0001), visible thrombus (14.6% vs. 17.6%; p < 0.0001), lesions > 20 mm (26.6% vs. 28.1%; p < 0.0001) and involvement of secondary branches (26.6% vs. 27.6%; p < 0.0001). In contrast, in women there was higher rate of calcified lesions (23.4% vs. 22.8%; p < 0.0001) and a smaller vessel diameter (2.95 mm ± 0.66 mm vs. 3.04 mm ± 0.75 mm; p = 0,001) and stent length (17.2 mm ± 7.1 mm vs. 17.7 mm ± 7.3 mm; p = 0.04) was observed. Women tend to have a higher rate of unsuccessful procedures (0.75% vs. 0.68%; p = 0,077), and presented higher rates of death (1.20% vs. 0.79%; p < 0.0001) and non-fatal myocardial infarction (0.54% vs. 0.41%; p < 0.0001). CONCLUSION: PCI performed in female Brazilian patients showed a slightly less favorable in-hospital results compared to male patients and was associated, among other factors, to a triad of more advanced age, higher prevalence of diabetes mellitus and, probably, a smaller vessel diameter.

Angioplasty, transluminal, percutaneous coronary; Angioplasty; Gender and health; Sex factors; Risk factors; Treatment outcome


ARTIGO ORIGINAL

Comparação do perfil epidemiológico, clínico e dos resultados das intervenções coronárias percutâneas entre os gêneros masculino e feminino, na população brasileira: dados do Registro CENIC

Comparison of the epidemiologic and clinical profiles and results of percutaneous coronary interventions in men and women in Brazil: the CENIC Registry data

Marcelo Antônio Cartaxo Queiroga LopesI; Marco Antonio De Vivo BarrosI; Itamar Ribeiro de OliveiraI; Helman Campos MartinsII; Maria Sanali PaivaIII; João Alfredo Cunha LimaI; Gustavo Souto MaiorII; Hugo Diógenes de Oliveira PaivaIII; Luiz Alberto MattosIV; José Antonio Marin-NetoV; pelos colaboradores da CENIC* * Lista de colaboradores em Apêndice

ICardiocenter - Hospital Santa Paula - João Pessoa, PB

IIInCor - Natal, RN

IIINatal Hospital Center - Natal, RN

IVInstituto Dante Pazzanese de Cardiologia - São Paulo, SP

VDivisão de Cardiologia, Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, USP - Ribeirão Preto, SP

Correspondência Correspondência: Marcelo Antônio Cartaxo Queiroga Lopes Av. Max Zagel, 91 Cabedelo, PB - CEP 58310-000 E-mail: mqueiroga@terra.com.br

RESUMO

FUNDAMENTOS: No cenário dos estudos controlados e randomizados, em mulheres, a doença arterial coronária (DAC) apresenta maiores desafios no que se refere ao diagnóstico e ao tratamento. Essas noções são mais controversas no âmbito do chamado "mundo real", especialmente no que tange ao tratamento por intervenção coronária percutânea (ICP).

OBJETIVO: Comparar os resultados de procedimentos de ICP, na fase hospitalar, em brasileiras e brasileiros.

MÉTODO: Análise retrospectivamente idealizada a partir dos dados inseridos no registro da Central Nacional de Intervenções Cardiovasculares (CENIC), em sua presente forma de captura eletrônica, conforme ficha padronizada, desde o início de 1999 até o final de 2007: características demográficas e da história clínica, inclusive fatores de risco no contexto da DAC; detalhes técnicos dos procedimentos, de seu sucesso e complicações; tratamento farmacológico adjunto.

RESULTADOS: No período, 197.139 intervenções coronárias foram registradas, sendo 131.797 (66,85%) em homens e 65.342 (33,15%) em mulheres. A média de idade foi significativamente superior nas mulheres (64,0 ± 11,6 anos vs. 60,4 ± 11,7 anos; p < 0,0001), que apresentaram maior prevalência de diabetes melito (39,4% vs. 28,5%; p < 0,0001). Nos homens, houve maior prevalência de hipertensão arterial (25,6% vs. 28,9%; p < 0,0001), tabagismo (19,1% vs. 34,0%; p < 0,0001), antecedentes de infarto do miocárdio (21,1% vs. 26,8%; p < 0,0001), de ICP (17,5% vs. 19,3%; p < 0,0001) e de revascularização miocárdica cirúrgica prévia (8,3% vs. 11,0%; p < 0,0001). Em pacientes com ICP prévia, a nova intervenção ocorreu mais freqüentemente nos homens por progressão da doença, novas lesões (56,6% vs. 59,5%; p < 0,006), e, nas mulheres, por reestenose (39,2% vs. 36,4%; p < 0,0001). A ICP foi realizada nas mulheres em maior número de vezes que nos homens por indicações clínicas instáveis (56,5% vs. 55,8%; p = 0,003). Angiograficamente, verificou-se proporção maior de lesões de um único vaso entre as mulheres (53,2% vs. 49,3%; p < 0,0001), e menor prevalência de disfunção ventricular esquerda grave (4,1% vs. 4,6%; p < 0,0001), de lesões complexas (B2 e C) (64,3% vs. 66,0%; p < 0,0001), de trombo visível (14,6% vs. 17,6%; p < 0,0001), de lesões extensas (superiores a 20 mm) (26,6% vs. 28,1%; p < 0,0001) e de envolvimento de ramos secundários (26,6% vs. 27,6%; p < 0,0001). Em contraposição, nas mulheres observou-se mais calcificação (23,4% vs. 22,8%; p < 0,0001), e menor diâmetro (2,95 mm ± 0,66 mm vs. 3,04 mm ± 0,75 mm; p = 0,001) e extensão (17,2 mm ± 7,1 mm vs. 17,7 mm ± 7,3 mm; p = 0,04) dos stents implantados. As mulheres tenderam a ter taxa mais elevada de insucesso (0,75% vs. 0,68%; p = 0,077), e efetivamente apresentaram maiores taxas de óbito (1,20% vs. 0,79%; p < 0,0001) e de infartos miocárdicos nãofatais (0,54% vs. 0,41%; p < 0,0001).

CONCLUSÕES: A ICP em mulheres brasileiras apresenta resultados imediatos discretamente menos satisfatórios que nos homens, em associação à tríade de idade mais avançada, maior prevalência de diabetes melito e menor calibre do vaso.

Descritores: Angioplastia transluminal percutânea coronária. Angioplastia. Gênero e saúde. Fatores sexuais. Fatores de risco. Resultado de tratamento.

SUMMARY

BACKGROUND: There are major challenges in diagnosing and treating women with coronary artery disease (CAD), particularly in randomized and controlled studies. These notions are more controversial in the real world, especially with respect to percutaneous coronary intervention (PCI).

OBJECTIVE: To compare results from in-hospital PCI procedures in male and female Brazilian patients.

METHOD: A retrospective analysis was done, based on data electronically uploaded into the CENIC (Central Nacional de Intervenções Cardiovasculares) Registry. A standardized form to gather data from patients treated between the beginning of 1999 to the end of 2007 was used and included clinical, angiographic and procedural results, including clinical success and complications.

RESULTS: In this period, 197,139 coronary interventions were reported; 131,797 (66.85%) in men and 65,342 (33.15%) in women. Women were older (64.0 ± 11.6 yrs vs. 60.4 ± 11.7 yrs; p < 0.0001), and had a higher prevalence of diabetes mellitus (39.4% vs. 28.5%; p < 0.0001). In contrast, men showed a higher prevalence of hypertension (25.6% vs. 28.9%; p < 0.0001), smoking (19.1% vs. 34.0%; p < 0.0001), previous myocardial infarction (21.1% vs. 26.8%; p < 0.0001), previous PCI (17.5% vs. 19.3%; p < 0,0001) and previous coronary artery bypass surgery (8.3% vs. 11.0%; p < 0.0001). In male patients with previous PCI, new interventions were done more frequently due to disease progression (56.6% vs. 59.5%; p < 0.006) whereas in women they were done predominantly due to restenosis (39.2% vs. 36.4%; p < 0.0001). PCI was performed in women more often than in men due to unstable clinical conditions (56.5% vs. 55.8%; p = 0.003). Angiographically, a higher number of single vessel lesions was noted among women (53.2% vs. 49.3%; p < 0.0001) as well as a lesser prevalence of severe left ventricle dysfunction (4.1% vs. 4.6%; p < 0.0001), complex lesions (B2 and C) (64.3% vs. 66.0%; p < 0.0001), visible thrombus (14.6% vs. 17.6%; p < 0.0001), lesions > 20 mm (26.6% vs. 28.1%; p < 0.0001) and involvement of secondary branches (26.6% vs. 27.6%; p < 0.0001). In contrast, in women there was higher rate of calcified lesions (23.4% vs. 22.8%; p < 0.0001) and a smaller vessel diameter (2.95 mm ± 0.66 mm vs. 3.04 mm ± 0.75 mm; p = 0,001) and stent length (17.2 mm ± 7.1 mm vs. 17.7 mm ± 7.3 mm; p = 0.04) was observed. Women tend to have a higher rate of unsuccessful procedures (0.75% vs. 0.68%; p = 0,077), and presented higher rates of death (1.20% vs. 0.79%; p < 0.0001) and non-fatal myocardial infarction (0.54% vs. 0.41%; p < 0.0001).

CONCLUSION: PCI performed in female Brazilian patients showed a slightly less favorable in-hospital results compared to male patients and was associated, among other factors, to a triad of more advanced age, higher prevalence of diabetes mellitus and, probably, a smaller vessel diameter.

Descriptors: Angioplasty, transluminal, percutaneous coronary. Angioplasty. Gender and health. Sex factors. Risk factors. Treatment outcome.

Comparativamente aos homens, no contexto da doença arterial coronária (DAC), as mulheres apresentam múltiplos aspectos desconcertantes1. Por exemplo, entre outros fatores, os hormônios naturais as protegem nitidamente quanto à prevalência de DAC, enquanto permanecem em idade fértil2. Entretanto, a terapia de reposição hormonal não se mostrou eficaz, após a menopausa, seja como prevenção secundária seja como medida preventiva primária3,4. Isso, a despeito dos indícios de proteção que advinham de estudos observacionais anteriores, que, aparentemente, corroboravam a atraente hipótese fisiopatológica então prefigurada5. As mulheres apresentam maiores problemas para o diagnóstico da DAC estável, são encaminhadas para angiografia menos freqüentemente, e recebem menos tratamento clínico e de revascularização miocárdica que homens6. Por conta desses fatores, e provavelmente de outros ainda não esclarecidos, como verdadeira nêmese fisiopatológica, oferecem maiores riscos prognósticos diante de qualquer das modalidades terapêuticas empregadas, na forma crônica da DAC, e no contexto do infarto agudo do miocárdio com supradesnivelamento de ST, ainda que não necessariamente nas outras síndromes isquêmicas miocárdicas instáveis (SIMI)7.

Mesmo após a consolidação da intervenção coronária percutânea (ICP), em sua forma de atuação com stents, passou-se a relatar, também nesse contexto, o prognóstico adverso das mulheres relativamente à população masculina, em qualquer das formas clínicas de DAC, em termos de resultados imediatos e também a longo prazo após o procedimento8-10.

Esse panorama mais desfavorável poderia resultar em condutas diversas para homens e mulheres, relativamente às indicações de ICP. Assim, análises de subgrupos femininos incluídos nos estudos FRISC-2 e RITA-3 permitiram questionar se a conduta intervencionista seria igualmente benéfica e aplicável às mulheres11,12. Em contraste, outras análises pré-especificadas de estudos controlados e randomizados, como o TACTICSTIMI-18 e o CADILLAC, evidenciaram que o benefício dos tratamentos então testados usualmente se mantinha em mulheres portando SIMI e tratadas por estratégia intervencionista13,14. Em especial para SIMI sem supradesnivelamento de ST, o benefício da estratégia intervencionista estende-se inquestionavelmente às pacientes do gênero feminino de médio e alto risco, segundo revisão metanalítica recente15.

Em síntese, o efeito gênero tem potencial de influenciar os resultados da ICP, quando aplicada nos vários cenários clínicos da DAC, e seu impacto em condições diversas daquelas relativamente artificializadas dos estudos controlados e randomizados é menos conhecido e mais controverso. No Brasil, o registro CENIC (Central Nacional de Intervenções Cardiovasculares) permite comparar o desfecho dos procedimentos de ICP realizados em dezenas de milhares de homens e mulheres, e correlacioná-lo a vários fatores e aspectos durante a fase hospitalar, capturados pelo processo de notificação. Esse foi o objetivo do presente trabalho.

MÉTODO

Este estudo consistiu de análise retrospectivamente idealizada a partir dos dados inseridos no registro CENIC, em sua presente forma de captura eletrônica, conforme ficha padronizada, desde o início de 1999 até o final de 2007, e constante no website da Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista (www.shbci.org.br). Nesse período, as informações sobre todas as intervenções coronárias registradas na CENIC abrangeram dezenas de instituições, com participação efetiva de centenas de associados espontaneamente vinculados ao Registro, conforme lista anexa em apêndice apêndice a este manuscrito.

A inclusão das informações coletadas no Registro da CENIC foi recentemente aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, instituição na qual todos os procedimentos, sem exceção, são sempre relatados à CENIC.

Os dados coletados e utilizados neste estudo são relacionados a características demográficas, da história médica, angiográficas, e dos procedimentos, incluindo as complicações da fase hospitalar. Os dados foram informados por todos os centros ou instituições envolvidas, não tendo sido realizadas análises laboratoriais centralizadas ou adjudicação de quaisquer informações clínicas, angiográficas ou detalhes dos procedimentos.

As definições de sucesso ou insucesso do procedimento, complicações da fase hospitalar (óbito, infarto do miocárdio não-fatal, etc.), são as habitualmente empregadas quando do preenchimento das fichas relativas a cada procedimento, e constam de publicações anteriores, referentes aos dados da CENIC.

As variáveis contínuas foram apresentadas como médias e desvios padrão, e as comparações foram feitas pelo testes t de Student ou ANOVA, quando apropriado, para dados paramétricos, e de Wilcoxon, para dados não-paramétricos. As variáveis categóricas foram tabeladas como números absolutos e porcentagens, e comparadas com o teste do qui-quadrado. Nível de significância foi fixado para todas as comparações em p = 0,05, sendo as análises realizadas por meio do pacote estatístico Primer of Biostatistics, versão 3.0.

RESULTADOS

Entre 1º de janeiro de 1999 e 31 de dezembro de 2007, foram cadastradas, pelo sistema eletrônico on line do Registro CENIC, 197.139 fichas correspondentes a procedimentos de intervenção coronária. Destes, 131.797 (66,85%) foram executados em homens e 65.342 (33,15%), em mulheres.

Na Tabela 1, aparecem as características clínicas dos dois grupos, sendo os aspectos que os diferenciaram: a média de idade, significativamente superior nas mulheres (64,0 ± 11,6 anos vs. 60,4 ± 11,7 anos; p < 0,0001), e, também, maior prevalência, entre as mulheres, de diabetes melito (39,4% em mulheres vs. 28,5% em homens; p < 0,0001). Em contraste, fatores de risco como hipertensão arterial sistêmica (25,6% vs. 28,9%; p < 0,0001) e tabagismo (19,1% vs. 34,0%; p < 0,0001) foram mais prevalentes entre os homens. Estes também tiveram mais antecedentes de infarto do miocárdio (21,1% vs. 26,8%; p < 0,0001), de ICP (17,5% vs. 19,3%; p < 0,0001) e de revascularização miocárdica cirúrgica prévias (8,3% vs. 11,0%; p < 0,0001). Em pacientes com ICP prévia, a nova intervenção ocorreu mais freqüentemente nos homens por progressão da doença, novas lesões (56,6% vs. 59,5%; p < 0,006), e, nas mulheres, por reestenose (39,2% vs. 36,4%; p < 0,0001). A ICP foi realizada nas mulheres mais vezes que nos homens por causa de indicações clínicas instáveis (56,5% vs. 55,8%; p = 0,003); finalmente, a estratificação de risco pelo escore TIMI para síndromes coronárias instáveis mostrou prevalência comparável de baixa, moderada e alta gravidade entre os dois grupos.

Quanto às características angiográficas, descritas na Tabela 2, dois grupos se discriminaram com relação a: proporção maior de uniarteriais entre as mulheres (53,2% vs. 49,3%; p < 0,0001) e, em contraste, por maior prevalência de disfunção ventricular esquerda grave (4,1% vs. 4,6%; p < 0,0001), de lesões complexas (B2 e C) (64,3% vs. 66,0%; p < 0,0001), de trombo visível (14,6% vs. 17,6%; p < 0,0001), de lesões extensas (superiores a 20 mm) (26,6% vs. 28,1%; p < 0,0001), envolvimento de ramos secundários (26,6% vs. 27,6%; p < 0,0001) e fluxo TIMI < 3 (42,7% vs. 44,9%; p < 0,0001 entre os homens. Finalmente, o diâmetro (2,95 mm ± 0,66 mm vs. 3,04 mm ± 0,75 mm; p = 0,001) e a extensão (17,2 mm ± 7,1 mm vs. 17,7 mm ± 7,3 mm; p = 0,04) dos stents implantados foram significantemente menores nas mulheres. Houve menor uso de inibidores do complexo glicoprotéico IIb/IIIa entre as mulheres, comparativamente aos homens.

Os resultados imediatos do procedimento, expostos na Tabela 3, demonstram que os dois grupos se diferenciaram com relação a: procedimentos de urgência, mais freqüentemente realizados nos homens que nas mulheres (13,3% vs. 12,6%; p < 0,0001). Comparativamente aos homens, as mulheres tenderam a ter maior taxa de insucesso (0,75% vs. 0,68%; p = 0,077), e efetivamente apresentaram mais elevadas taxas de óbito (1,20% vs. 0,79%; p < 0,0001) e de infarto miocárdico não-fatal (0,54% vs. 0,41%; p < 0,0001).

DISCUSSÃO

A habitualmente observada proporção de cerca de um terço apenas dos pacientes tratados com ICP ser constituído de mulheres, mais uma vez, encontrase reproduzida nos dados deste estudo16-20. Além dis-so, as mulheres receberam esse tratamento em fase significantemente mais avançada de suas vidas, com a média de idade em seu grupo sendo superior à dos homens em 3,6 anos. Essa diferença etária entre os dois grupos é similar à reportada em séries análogas descritas na literatura16-20.

Com relação às outras características clínicas que tradicionalmente conferem maior risco aos procedimentos de ICP, apenas a maior prevalência de diabetes melito foi registrada entre as mulheres, similarmente ao relatado na literatura16-20. Nas demais ocorreu equiparação entre os grupos ou os fatores de risco eram mais prevalentes entre os homens, como mais antecedentes de infarto agudo, de procedimentos de revascularização miocárdica, de síndromes coronarianas agudas requerendo a ICP, de mais elevado risco clínico nesse contexto (escore TIMI), e de mais disfunção grave do ventrículo esquerdo.

Também, quanto às características angiográficas usualmente indigitando pior prognóstico, verificou-se nítido predomínio entre os homens de: lesões mais complexas, extensas (inclusive requerendo implante de stents mais longos), e em múltiplos vasos, envolvendo ramificações, com mais trombos detectados angiograficamente, mais intensa redução do grau TIMI de fluxo, e correspondente maior percepção visual de circulação colateral.

Entretanto, nesse contexto angiográfico, deve-se assinalar o significativamente menor diâmetro dos stents implantados nas mulheres, característica essa que deve expressar indiretamente também o mais reduzido calibre coronário de referência no grupo feminino. Esse aspecto tem sido relativamente negligenciado em relatos comparando homens e mulheres tratados com ICP. Nos artigos em que o diâmetro de referência do vaso tratado foi diretamente mencionado, registrou-se calibre vascular estatisticamente menor em mulheres16,17. Além disso, em revisões sobre o tema, o menor calibre coronário em mulheres é apontado como fator preponderante em tornar os procedimentos mais dificultosos até o ponto de comprometer os resultados imediatos e o prognóstico a longo prazo21,22.

Nesse cenário clínico e angiográfico em que poucas características prognosticamente negativas eram predominantes entre as mulheres, em comparação com os homens, de forma surpreendente os resultados imediatos dos procedimentos foram significantemente piores no grupo feminino. Essa observação foi registrada não somente quanto a desfechos essencialmente mecanísticos e básicos dos procedimentos, como nítida tendência a insucesso (p = 0,077) e significativamente maior necessidade de revascularização emergencial, porém, e ainda mais marcantemente, de desfechos clinicamente relevantes, como mais elevadas taxas de mortalidade e de infarto agudo do miocárdio no período hospitalar.

Assim, pode-se constatar que, no cenário brasileiro, a angioplastia coronária realizada em mulheres, do ponto de vista de resultados imediatos, incluídos os desfechos clinicamente relevantes e o próprio sucesso dos procedimentos, se torne mais ominosa pela particular combinação de idade mais avançada, menor calibre luminal e de mais adverso remodelamento vascular, esta última feição dependente da marcantemente maior prevalência de diabetes melito na população de gênero feminino quando recebe ICP. Essa tríade confere pior prognóstico a essa série extensa de pacientes do gênero feminino inseridas no Registro CENIC, contrabalançando inclusive o peso dos outros fatores de risco clínico e angiográfico que foram preponderantes entre os homens.

Finalmente, torna-se possível concluir que os resultados da presente análise, espelhando fielmente aqueles relatados em diversos outros registros contemporâneos similares, conferem credibilidade, indiretamente, a pelo menos parte das informações processadas espontaneamente pelos associados da SBHCI.

Recebido em: 5/9/2008

Aceito em: 9/12/2008

APÊNDICE

Lista de associados da SBHCI que se mantiveram efetivamente contribuindo com dados à CENIC, durante o biênio 2006-2007

ABDU NEME JORGE MAKHLUF NETO

ADEMAR SANTOS FILHO

ADNAN ALI SALMAN

ADRIANO DIAS DOURADO OLIVEIRA

ADRIANO MENDES CAIXETA

ALAN NASCIMENTO PAIVA

ALAOR QUEIROZ ARAUJO FILHO

ALBERTO NAJJAR

ALCIDES FERREIRA JUNIOR

ALCIDES JOSE ZAGO

ALDO FERNANDO SOMAVILLA DUARTE

ALESSANDRA OLIVEIRA

ALESSANDRO PINA PEDROSO

ALEXANDRE DA SILVA MEDEIROS

ALEXANDRE DAMIANI AZMUS

ALEXANDRE DO CANTO ZAGO

ALEXANDRE JACKSON VON SPERLING

DE VASCONCELLOS

ALEXANDRE LOJA ANELLO

ALEXANDRE SOARES DOS SANTOS

ALEXANDRE VENTURELLI

ALEXANDRE XAVIER BRANT

ALFREDO NUNES FERREIRA FILHO

ALUISIO CRUZ JUNIOR

ALVARO DE MORAES JUNIOR

ALVARO LUIS MACHADO SOARES

ANA PAULA SCHER BARRETO LEAL

ANDERSON H P COSTA

ANDRE EDUARDO GOMES

ANDRE FRANCISCO DE PAULA ANTONANGELO

ANDRE GASPARINI SPADARO

ANDRE LABRUNIE

ANDRE LUIZ DA FONSECA FEIJO

ANDRE LUIZ SILVEIRA SOUSA

ANGELO AMATO VICENZO DE PAOLA

ANSELMO ANTONIO SALGADO

ANTENOR LAGES FORTES PORTELA

ANTENORIO AIOLFI

ANTONIO CARLOS MANSUR BEDETI

ANTONIO CARLOS NEVES FERREIRA

ANTONIO CESAR DE SOUZA

ANTONIO DONIZETTI DE SENA PEREIRA

ANTONIO ESTEVES FILHO

ANTONIO FERNANDINO DE CASTRO BAHIA NETO

ANTONIO GILSON LAPA GODINHO

ANTONIO JOSE MUNIZ

ANTONIO MORAES DE AZEVEDO JUNIOR

ANTONIO WATSON MENESES VIANA

ARI MANDIL

ARTHUR LUIZ WALLBACH BARRETO

AUGUSTO DAIGE DA SILVA

AUGUSTO LIMA FILHO

BERNARDO AMORIM

BRENO DE ALENCAR ARARIPE FALCAO

BRENO OLIVEIRA ALMEIDA

BRUNO MOULIN MACHADO

CARLAILE ANTONIO SARMENTO DE ARAUJO COSTA

CARLOS AUGUSTO FORMIGA AREAS

CARLOS EDUARDO DINIZ COUTO

CARLOS EDUARDO FARIA SILVA

CARLOS EDUARDO MAGALHAES DOMINGUES

CARLOS HENRIQUE EIRAS FALCAO

CARLOS ROBERTO CARDOSO

CELMO FERREIRA DE SOUZA JUNIOR

CESAR AUGUSTO ESTEVES

CESAR ROCHA MEDEIROS

CHARLES LUIZ VIEIRA

CIRO JONES CARDOSO

CLACIR STAUDT

CLARISSA CAMPO DALL ORTO

CLAUDIA MARIA RODRIGUES ALVES

CLAUDIA MATTOS

CLAUDIO AKSTEIN

CLEITON DA SILVA RAMOS

CLEMENTE GREGUOLO

CONSTANTINO GONZALES SALGADO

COSTANTINO ROBERTO FRACK CONSTANTINI

CRISTIANO NONATO MADUREIRA LUCENA

CYRO VARGUES RODRIGUES

DANIEL FERREIRA MUGRABI

DANIEL IZZET POTERIO

DEBORAH CHRISTINA NERCOLINI

DECIO SALVADORI JUNIOR

DENIS MOULIN DOS REIS BAYERL

DIMITRI MIKAELIS ZAPPI

DINALDO CAVALCANTI DE OLIVEIRA

DIRCEU RODRIGUES ALMEIDA

DOMENICO RODRIGO GHINELLI ZAPATER

EDISON CARVALHO SANDOVAL PEIXOTO

EDMUNDO ANDRE VIVEIROS PESSANHA

EDMUR CARLOS DE ARAUJO

EDSON ADEMIR BOCCHI

EDSON ANTONIO BREGAGNOLLO

EDUARDO ARANTES NOGUEIRA

EDUARDO FREDERICO BORSARINI FELIPE

EDUARDO HENRIQUE CURADO ELIAS

EDUARDO JOSE PEREIRA FERREIRA

EDUARDO KEI MARQUESINI WASHIZU

EDUARDO LUCIO NICOLELA JUNIOR

EDUARDO SZUSTER

ELIAS DE MELLO AYRES NETO

EMERSON DE ALBUQUERQUE SEIXAS

ENIO EDUARDO GUERIOS

EOLO MORANDI JUNIOR

ERIKA PRACCHIA RIBEIRO

ESMERALCI FERREIRA

EULOGIO EMILIO MARTINEZ FILHO

EUSDEMAR LIMA STEFANE

EVANDRO GOMES DE MATOS JUNIOR

EVANDRO KARLO PRACCHIA RIBEIRO

EVANDRO LUIS QUEIROZ FLORES

EXPEDITO EUSTAQUIO RIBEIRO DA SILVA

FABIANO CARAZZAI PACHECO

FABIO CARDOSO DE CARVALHO

FABIO DE MEIRELES COSTA

FABIO MONTEIRO MOTA

FABIO RIDOLFI DE FIGUEIREDO

FABIO SANDOLI DE BRITO JUNIOR

FABIO SOLANO DE FREITAS SOUZA

FAUSTO FERES

FELIPE BORTOT CESAR

FELIPE CAMELO BIAGI

FELIPE EDUARDO HATSUMURA

FERNANDO BULLOS FILHO

FERNANDO DE MARTINO

FERNANDO MENDES SANT ANNA

FERNANDO STUCHI DEVITO

FILIPE GOLDBERG

FLAVIO ARAUJO CANEDO

FLAVIO BORGES

FLAVIO JOSE ROCHA DE SOUZA

FLAVIO PASSOS BARBOSA

FLAVIO ROBERTO AZEVEDO DE OLIVEIRA

FRANCISCO CLAUDIO COUTO FALCAO

FRANCISCO JUAREZ CRUZ DE VASCONCELOS FILHO

FREDERICK MALTA BUARQUE DE GUSMAO

FREDERICO AUGUSTO LIMA E SILVA

GALO ALFREDO MALDONADO ANDRADE

GEORGE CESAR XIMENES MEIRELLES

GERALDO LUIZ DE FIGUEIREDO

GERSON MIRANDA

GIANCARLO GONCALVES

GIANCARLO RABELO E SILVA

GILBERTO GUILHERME AJJAR MARCHIORI

GILBERTO HEINECK

GILBERTO LAHORGUE NUNES

GLAUCO SOARES MAIA PIASSI

GUILHERME ALVES

GUILHERME BRANDAO ALMEIDA

GUILHERME ESHER

GUILHERME FERRAGUTTI ATTIZZANI

GUILHERME RODRIGUES MAFFEIS

GUSTAVO A.BARRUEO

GUSTAVO ADOLFO BRAVO RANDO

GUSTAVO ANDRE BARRUECO

GUSTAVO BAIOCHI VIEIRA

GUSTAVO CARVALHO

GUSTAVO DE MORAES RAMALHO

GUSTAVO ENRIQUE SANCHES ALVAREZ

GUSTAVO ITHAMAR SOUTO MAIOR

GUSTAVO OLIVEIRA DE ALBUQUERQUE

GUSTAVO SOUTO MAIOR

GYOVANY MENDES ALMEIDA

HAROLDO CARLOS CORREA GLAVAM

HEITOR GHISSONI DE CARVALHO

HELIO JOSE CASTELLO JR

HELIO ROQUE FIGUEIRA

HELMAN CAMPOS MARTINS

HENRIQUE ISSA ARTONI EBAID

HUMBERTO ALENCAR DE ARAUJO SANCHEZ

HUMBERTO MAGNO PASSOS

IGOR MATOS LAGO

ITAMAR RIBEIRO DE OLIVEIRA

IVAN FERREIRA DE FREITAS

JAIRON NASCIMENTO ALENCAR

JAMIL ABDALLA SAAD

JAMIL RIBEIRO CADE

JOAO ADDISON PESSOA

JOAO ALEXANDRE FARJALLA CARACAS

JOAO ALFREDO FALCAO CUNHA LIMA

JOAO BATISTA DE OLIVEIRA NETO

JOAO BATISTA FREITAS GUIMARÃES

JOAO BATISTA LOPES LOURES

JOAO BOSCO DA SILVA FILHO

JOAO CARLOS BELO LISBOA DIAS

JOAO EDUARDO TINOCO DE PAULA

JOAO FELIPE BARROS DE TOLEDO

JOAO FRANCISCO DE SOUZA

JOAO GUILHERME ALVES LOURES

JOAO LOURENÇO VILLARI HERRMANN

JOAO LUCAS O CONNELL

JOAO LUIZ DE ALENCAR ARARIPE FALCAO

JOAO MIGUEL MALTA DANTAS

JOAO ORAVIO DE FREITAS JUNIOR

JOAO PAULO ZOUVI

JOCELINO PEREGRINO SOARES

JORGE DE CAMARGO NETO

JORGE LUIS HADDAD

JORGE PEREGRINO BRAGA

JOSE AIRTON DE ARRUDA

JOSE ALBINO MALTA DE SOUZA

JOSE ALFREDO SEJOPOLES

JOSE ANTONIO JATENE

JOSE ANTONIO MARIN NETO

JOSE ARMANDO MANGIONE

JOSE ARY BOECHAT E SALLES

JOSE AUGUSTO MARCONDES DE SOUZA

JOSE AUGUSTO ROCHA ARAUJO

JOSE CARLOS FELIPE ABUD

JOSE CARLOS RAIMUNDO BRITO

JOSE DEL CARMEN SOLANO ALIAGA

JOSE ERIRTONIO FACANHA BARRETO

JOSE FABIO FABRIS JUNIOR

JOSE GUILHERME CARNEIRO

JOSE LUIS ARREDONDO QUINONES

JOSE LUIS ATTAB DOS SANTOS

JOSE MARCONI ALMEIDA SOUZA

JOSE MARIA DIAS AZEREDO BASTOS

JOSE MARIANI JUNIOR

JOSE MATOS BRITO CASTELLO BRANCO

JOSE RICARDO BUENO DE MORAES BIROLLI

JOSE ROBERTO MAIELLO

JOSE RONALDO MONT ALVERNE FILHO

JOSE WALTER MENDES NOGUEIRA

JOSILAVIO DE ALMEIDA ARAUJO

JULIO CESAR FRANCISCO VARDI

JULIO CESAR MACHADO ANDREA

JULIO DE PAIVA MAIA

JUNIOR CAMILO DE QUEIROZ

KLEBER BOMFIM ARAUJO MARTINS

LA HORE CORREA RODRIGUES

LAERCIO FONSECA ANTELO

LAZARO CLAUDOVINO GARCIA

LEANDRO ASSUNPCAO CORTES

LEANDRO COUMBIS MANDALOUFAS

LEANDRO DE CARVALHO PEREIRA

LEANDRO LOBAO LUZ FILHO

LEONARDO ALVES

LEONARDO ALVES BATISTA

LEONARDO AVANY NUNES

LEONARDO COGO BECK

LEONARDO FURTADO OLIVEIRA

LEONARDO JOSE DUARTE SILVA

LEONARDO MARTINS BARROSO

LEONIDAS ALVARENGA HENRIQUES

LIVIA R.FERNANDES

LIVIA RIBEIRO FERNANDES

LUCIANA CONSTANT DAHER

LUCIANO DE MOURA SANTOS

LUCIANO MAURICIO DE ABREU FILHO

LUCIANO NOGUEIRA LIBERATO DE SOUSA

LUDIMILA PEREIRA TARTUCE

LUDMILLA ALMEIDA ROCHA RIBEIRO DE OLIVEIRA

LUIS ANTONIO OLIVEIRA FERREIRA

LUIS GUSTAVO DE MIRANDA MARQUES

LUIS MARIA CABRERA YORDI

LUIZ ALBERTO PIVA E MATTOS

LUIZ ANTONIO GUBOLINO

LUIZ CARLOS TELES CORREA

LUIZ CLAUDIO MENDES CARVALHO

LUIZ EDUARDO KOENIG SAO THIAGO

LUIZ EMILIO SALOME

LUIZ HEITOR DEMOLINARI JUNIOR

LUIZ JUNYA KAJITA

LUIZ KOHN

MAEVE DE BARROS CORREIA

MANOEL AUGUSTO BAPTISTA ESTEVES

MANUEL NICOLAS CANO

MARCEL ROGERS RAVANELLI

MARCELO BASTOS BRITO

MARCELO EMILIO ARNDT

MARCELO GOES ALVES DA SILVA

MARCELO JOSE CANTARELLI

MARCELO LEMOS RIBEIRO

MARCELO SABEDOTTI

MARCIO ANDRADE DE OLIVEIRA

MARCIO ANTONIO DOS SANTOS

MARCIO AUGUSTO TRUFFA

MARCIO JOSE MONTENEGRO DA COSTA

MARCO ANTONIO NAZARE CASTRO

MARCO ANTONIO PERIN

MARCO CESAR MIGUITA

MARCOS ANTONIO MARINO

MARCOS FLAVIO MOELLMAN RIBEIRO

MARCOS FRANCHETTI

MARCOS JULIANO DE ABREU

MARCOS KYOSHI SUMITA

MARCUS NOGUEIRA DA GAMA

MARDEN ANDRE TEBET

MARIA CRISTINA MEIRA FERREIRA

MARIA DA CONCEICAO ALVES PINTO

MARIA SANALI MOURA DE OLIVEIRA PAIVA

MARIO I.M.BONILLA

MATEUS ROSSATO

MAURICIO LOPES PRUDENTE

MAURICIO REZENDE BARBOSA

MAURO ISOLANI PENA

MICHELI ZANOTI GALON

MICHELI ZANOTTI GALON

MIGUEL ANTONIO NEVES RATI

MILTON DE MACEDO SOARES NETO

MILTON FERREIRA NEVES FILHO

MONICA BUCHALLA

MOYSES DE OLIVEIRA LIMA FILHO

MURILLO KENJI FURUKAWA

NAHALIEL PESSOA RODRIGUES

NILSON BORGES RAMOS

NILSON DE MOURA FE FILHO

NILTON CARLOS SPINOLA MACHADO

NORBERTO TOAZZA DUDA

NORIAKI TAKESHITA

OSCAR BITTENCOURT LINS NETO

OTAVIO EBOLI

PABLO TOME TEIXEIRENSE

PAULO HENRIQUE JORGE

PAULO MAURICIO PIA DE ANDRADE

PAULO RENATO MERCIO MACHADO

PAULO RICARDO AVANCINI CARAMORI

PAULO RICARDO FRANCIOZI DE GOIS

PAULO ROBERTO FERREIRA TARTUCE FILHO

PAULO ROGERIO DE OLIVEIRA MONTEIRO

PAULO SERGIO DE OLIVEIRA

PEDRO ABILIO RIBEIRO RESECK

PEDRO ALVES LEMOS NETO

PEDRO AUGUSTO PASCOLI

PEDRO BERALDO DE ANDRADE

PEDRO EDUARDO HORTA

PEDRO ESBERARD ARAGAO BELTRAO

PEDRO G./ANA P.LEAL

PEDRO GOMES DE ALMEIDA GARZON

PEDRO PAULO NEVES DE CASTRO

RAIMUNDO ANTONIO DE MELO

RALDIR BASTOS FILHO

REGIS ARY MOSSMANN

RENATO GIESTAS SERPA

RICARDO CESAR CAVALCANTI

RICARDO JOSE ARAUJO SILVEIRA

RICARDO JOSE TOFANO

RICARDO LASEVITCH

RICARDO MONTEIRO LOURENCO

RICARDO PERESSONI FARACO

RICARDO UEDA

RICARDO ZAUITH SILVA

RIZZIERI MOURA GOMES

ROBERTO DE ALMEIDA CESAR

ROBERTO JOSE DA PAIXAO

ROBERTO JOSE DE QUEIROZ CREPALDI

ROBERTO LEO DA SILVA

ROBERTO LUCIO DE GUSMAO VERCOZA

ROBERTO LUCIO DE GUSMÃO VERÇOZA

ROBERTO OTSUBO

ROBERTO REIS VIEIRA

ROBERTO VIEIRA BOTELHO

ROBSON BUENO DE CARVALHO

RODOLFO ALBERTO SILVEIRA MALTA ALENCAR

RODOLFO DE FRANCO CARDOSO

RODOLFO STAICO

RODRIGO COSTA QUINTAO

RODRIGO DE FRANCO CARDOSO

RODRIGO JULIO CERCI

RODRIGO TRAJANO SANDOVAL PEIXOTO

RODRIGO VERNEY CASTELLO BRANCO

ROGERIO DE BARROS WANDERLEY

ROGERIO DE CASTRO PIMENTEL

ROGERIO EDUARDO GOMES SARMENTO LEITE

ROGERIO FELIPPE TIOSSI

RONE MARQUES PADILHA

RONEI BOSCO DE MATOS

ROSALY GONÇALVES

SALVADOR ANDRE BAVARESCO CRISTOVAO

SAMIR SEME ARAB REIS

SANDRO ANTONIO TEIXEIRA

SANDRO OLIVEIRA SACRE

SERGIO CORREA PRATA

SERGIO GUSTAVO TARBINE

SERGIO KREIMER

SERGIO LUIS BERTI

SIDNEY MUNHOZ JUNIOR

SILVIA MACHADO ABREU

SILVIO GIOPATTO

SILVIO SERGIO PONTES CAMARA

STEFAN COSTA DA SILVEIRA

TAMMUZ FATTAH

TARCIO FIGUEIREDO SILVA

TARCISIO MARIZ MAIA FILHO

THIAGO NOBREGA DE OLIVEIRA

TIAGO PORTO DI NUCCI

TRAJANO ALFONSO

UBIRAJARA LIMA FILHO

ULISES ENRIQUE ACUNA SOLORZANO

VAGNER VINICIUS FERREIRA

VALDEMAR DE SOUZA OLIVEIRA JUNIOR

VALERIO FUKS

VALTER CORREIA DE LIMA

VICTOR DUTRA VIEIRA FILHO

VINICIUS DAHER VAZ

VINICIUS FRAGA MAURO

VIRGILIO RIBEIRO FRANCO JUNIOR

VITOR GOMES BARRETO

VITOR OSORIO GOMES

WALASSE ROCHA VIEIRA

WALKIMAR URURAY GLORIA VELOSO

WALTER BENEDUZZI FIOROTTO

WELLINGTON BORGES CUSTODIO

WENCESLAU DE CARVALHO RIBAS

WESLEY FERRAZ DA SILVEIRA

WILSON ALBINO PIMENTEL FILHO

  • 1. Castelli WP. Cardiovascular disease in women. Am J Obstet Gynecol. 1988;158(6 Pt 2):1553-60.
  • 2. Wenger NK, Speroff L, Packard B. Cardiovascular health and disease in women. N Engl J Med. 1993;329(4):247-56.
  • 3. Hulley S, Grady D, Bush T, Furberg C, Herrington D, Riggs B, et al. Randomized trial of estrogen plus progestin for secondary prevention of coronary heart disease in postmenopausal women. Heart and Estrogen/progestin Replacement Study (HERS) Research Group. JAMA. 1998;280(7):605-13.
  • 4. Rossouw JE, Anderson GL, Prentice RL, LaCroix AZ, Kooperberg C, Stefanick ML, et al. Writing Group for the Women's Health Initiative Investigators. Risks and benefits of estrogen plus progestin in healthy postmenopausal women: principal results From the Women's Health Initiative randomized controlled trial. JAMA. 2002;288(3):321-33.
  • 5. Nelson HD, Humphrey LL, Nygren P, Teutsch SM, Allan JD. Postmenopausal hormone replacement therapy: scientific review. JAMA. 2002;288(7):872-81.
  • 6. Daly C, Clemens F, Lopez Sendon JL, Tavazzi L, Boersma E, Danchin N, et al. Euro Heart Survey Investigators. Gender differences in the management and clinical outcome of stable angina. Circulation. 2006;113(4):490-8.
  • 7. Bradshaw PJ, Thompson PL. Sex in the CCU: women with non-ST-segment elevation acute coronary syndrome may do no worse despite less intervention. Heart. 2007;93(11):1327-8.
  • 8. Kelsey SF, James M, Holubkov AL, Holubkov R, Cowley MJ, Detre KM. Results of percutaneous transluminal coronary angioplasty in women.1985-1986 National Heart, Lung, and Blood Institute's Coronary Angioplasty Registry. Circulation. 1993;87(3):720-7.
  • 9. Bell MR, Grill DE, Garratt KN, Berger PB, Gersh BJ, Holmes DR Jr. Long-term outcome of women compared with men after successful coronary angioplasty. Circulation. 1995;91(12):2876-81.
  • 10. Malenka DJ, O'Connor GT, Quinton H, Wennberg D, Robb JF, Shubrooks S, et al. Differences in outcomes between women and men associated with percutaneous transluminal coronary angioplasty. A regional prospective study of 13,061 procedures. Northern New England Cardiovascular Disease Study Group. Circulation. 1996;94(9 Suppl):II99-104.
  • 11. Lagerqvist B, Säfström K, Stahle E, Wallentin L, Swahn E. Is early invasive treatment of unstable coronary artery disease equally effective for both women and men? FRISC II Study Group Investigators. J Am Coll Cardiol. 2001;38(1):41-8.
  • 12. Clayton TC, Pocock SJ, Henderson RA, Poole-Wilson PA, Shaw TR, Knight R, et al. Do men benefit more than women from an interventional strategy in patients with unstable angina or non-ST-elevation myocardial infarction? The impact of gender in the RITA 3 trial. Eur Heart J. 2004;25(18):1641-50.
  • 13. Glaser R, Herrmann HC, Murphy SA, Demopoulos LA, DiBattiste PM, Cannon CP, et al. Benefit of an early invasive management strategy in women with acute coronary syndromes. JAMA. 2002;288(24):3124-9.
  • 14. Lansky AJ, Pietras C, Costa RA, Tsuchiya Y, Brodie BR, Cox DA, et al. Gender differences in outcomes after primary angioplasty versus primary stenting with and without abciximab for acute myocardial infarction: results of the Controlled Abciximab and Device Investigation to Lower Late Angioplasty Complications (CADILLAC) trial. Circulation. 2005;111(13):1611-8.
  • 15. O'Donoghue M, Boden WE, Braunwald E, Cannon CP, Clayton TC, de Winter RJ, et al. Early invasive vs conservative treatment strategies in women and men with unstable angina and non-ST-segment elevation myocardial infarction: a meta-analysis. JAMA. 2008;300(1):71-80.
  • 16. Mehilli J, Kastrati A, Dirschinger J, Bollwein H, Neumann FJ, Schömig A. Differences in prognostic factors and outcomes between women and men undergoing coronary artery stenting. JAMA. 2000;284(14):1799-805.
  • 17. Jacobs AK, Johnston JM, Haviland A, Brooks MM, Kelsey SF, Holmes DR Jr, et al. Improved outcomes for women undergoing contemporary percutaneous coronary intervention: a report from the National Heart, Lung, and Blood Institute Dynamic registry. J Am Coll Cardiol. 2002;39(10):1608-14.
  • 18. Argulian E, Patel AD, Abramson JL, Kulkarni A, Champney K, Palmer S, et al. Gender differences in short-term cardiovascular outcomes after percutaneous coronary interventions. Am J Cardiol. 2006;98(1):48-53.
  • 19. Berger JS, Sanborn TA, Sherman W, Brown DL. Influence of sex on in-hospital outcomes and long-term survival after contemporary percutaneous coronary intervention. Am Heart J. 2006;151(5):1026-31.
  • 20. Singh M, Rihal CS, Gersh BJ, Roger VL, Bell MR, Lennon RJ, et al. Mortality differences between men and women after percutaneous coronary interventions. A 25-year, single-center experience. J Am Coll Cardiol. 2008;51(24):2313-20.
  • 21. Mikhail GW. Coronary revascularization in women. Heart. 2006;92(Suppl 3):iii19-23.
  • 22. Benamer H, Chevalier B, Morice MC. L'angioplastie coronaire chez la femme. Ann Cardiol Angeiol (Paris). 2008;57(6):371-5.

apêndice

  • Correspondência:
    Marcelo Antônio Cartaxo Queiroga Lopes
    Av. Max Zagel, 91
    Cabedelo, PB - CEP 58310-000
    E-mail:
  • *
    Lista de colaboradores em Apêndice
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      14 Ago 2012
    • Data do Fascículo
      2008

    Histórico

    • Aceito
      09 Dez 2008
    • Recebido
      05 Set 2008
    Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista - SBHCI R. Beira Rio, 45, 7o andar - Cj 71, 04548-050 São Paulo – SP, Tel. (55 11) 3849-5034, Fax (55 11) 4081-8727 - São Paulo - SP - Brazil
    E-mail: sbhci@sbhci.org.br