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DIRIGENTES PARTIDÁRIOS, MUDANÇA POLÍTICA E PERCURSOS SOCIAIS: OS DESTINOS DE LIDERANÇAS DO PARTIDO CONSERVADOR PARANAENSE APÓS A QUEDA DO IMPÉRIO (DÉCADA DE 1890)

PARTY LEADERS, POLITICAL CHANGE AND SOCIAL TRAJECTORIES: THE DESTINATIONS OF LEADERSHIPS OF THE CONSERVATIVE PARTY OF PARANÁ AFTER THE FALL OF THE EMPIRE (1890S)

Resumo

Neste artigo investigam-se os percursos políticos de lideranças do Partido Conservador paranaense nos anos seguintes à queda do Império. Há três argumentos sustentados neste trabalho. Primeiro, demonstra-se que os próceres do Partido Conservador do Paraná, ao tempo da implantação da República, estavam politicamente cindidos. A mudança de regime político ocorreu em uma época de instabilidade na vida interna da grei. O segundo argumento reconhece que os conservadores que pertenceram à última diretoria da agremiação permaneceram como aliados nos anos posteriores a 1889. A aproximação com os republicanos históricos foi crucial para que conquistassem posições destacadas nas instituições políticas e nos novos partidos. O terceiro argumento afirma que, na Primeira República, os conservadores dissidentes não se mantiveram unidos. As trajetórias dessa parcela de correligionários foram marcadas pela baixa competitividade eleitoral e por breves passagens pelos partidos minoritários do estado.

Palavras-chave:
Elites provinciais; Partido Conservador; trajetórias políticas

Abstract

This article analyzes the political paths of leaders of the Conservative Party of the state of Paraná in the years following the fall of the Empire. This analysis shows three arguments. The first argument claims that the leaders of the Conservative Party of Paraná were politically split at the time of the establishment of the Republic; the change of political regime occurred in a moment of internal instability the party. The second recognizes that the conservatives that belonged to the last board of the association remained as allies in the years after 1889. The alliance with the historic republicans was crucial in gaining prominent positions in the political institutions and the new parties. The third argument states that dissenting conservatives did not hold together in the First Republic. The trajectories of this group of coreligionists were marked by low electoral competitiveness and short-term affiliation with minority parties of the state.

Keywords:
Conservative Party; Political trajectories; Regional elites

1. Introdução

Neste artigo, empreende-se uma investigação sobre os percursos políticos de lideranças do Partido Conservador paranaense nos anos posteriores à queda do Império. Por meio de um estudo de caso, o objetivo deste trabalho é produzir conhecimento acerca das formas de inserção de dirigentes das agremiações monárquicas na vida partidária da Primeira República.

O recorte temporal do trabalho abrange a década de 1890. Nesse decênio, a maior parte dos egressos do Partido Conservador paranaense estava politicamente ativa. Tal época foi o momento em que os ex-integrantes da cúpula da agremiação tiveram um envolvimento mais consistente na cena partidária do Paraná republicano. Os anos 1890 foram o período em que a camada majoritária dos antigos dirigentes locais do partido obteve suas últimas oportunidades na vida política regional.

De fato, no decorrer desta análise são estudados os movimentos de alguns desses dirigentes na cena partidária paranaense durante as primeiras duas décadas do século XX. Cumpre demonstrar que, em tal contexto, a atuação política desses indivíduos foi episódica. Eles não recuperaram a projeção que tiveram no quadro político do estado entre os anos finais do Império e o limiar da Primeira República.

Há três argumentos sustentados neste artigo. Primeiro, é evidenciado que, nos anos finais do Império, o Partido Conservador paranaense se encontrava internamente dividido. Tal divisão não era decorrente apenas da pretensão de dois grupos exercerem o controle local da agremiação. Ela também derivava de distintos entendimentos sobre o modelo de gestão partidária. Por meio do caso do Paraná, cumpre evidenciar que os anos finais do período monárquico foram marcados pela coexistência de diferentes ideias acerca da estruturação de diretórios partidários.

O segundo argumento afirma que os indivíduos que exerceram o controle do diretório oficial do Partido Conservador no Paraná mantiveram entre si uma aliança política após o ano de 1889. Eles desenvolveram estratégias análogas com o objetivo de assegurar um espaço no cenário partidário do estado ao tempo da Primeira República. Uma das estratégias consistiu na aproximação com os republicanos históricos. Nesse âmbito, convém salientar que uma parcela das lideranças do Partido Conservador paranaense permaneceu integrada às instituições administrativas locais após a mudança de regime político.

O terceiro argumento comporta a constatação de que, durante a Primeira República, os conservadores paranaenses que criaram um diretório dissidente não permaneceram unidos. Contudo houve semelhanças quanto aos seus percursos políticos. O ingresso em partidos minoritários foi uma característica dos destinos dos dissidentes. Os malogros eleitorais e o abandono das lides partidárias no início da época republicana também foram aspectos inerentes às trajetórias da maior parte dos conservadores que abriram uma dissidência no Partido Conservador do Paraná.

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Cumpre destacar duas limitações intrínsecas aos estudos sobre a ação política dos indivíduos que exerceram localmente o controle dos partidos monárquicos. Uma limitação diz respeito à compreensão do modelo de governo de diretórios que aplicaram nos últimos anos do Império. Assim, permanecem pouco conhecidas as mudanças que ocorreram nos modos de administração de partidos políticos nos momentos finais do Segundo Reinado.

Há poucos avanços no estudo referente às concepções de gestão partidária advogadas pelos dirigentes regionais dos partidos monárquicos. O desenvolvimento de tal perspectiva de análise possibilita salientar que os embates entre os gestores locais dessas agremiações eram comumente motivados por visões distintas sobre a forma de administrar um partido. Na historiografia, são episódicas as referências às cisões que ocorreram nos diretórios partidários nos últimos anos do Império. Por consequência, permanecem pouco avançadas as análises a respeito da relação entre as divergências entre chefes partidários e as mudanças nos modos de gestão local das agremiações monárquicas.

Nos estudos históricos, a cisão do Partido Conservador paulista, ocorrida em meados dos anos 1870, obteve maior atenção. Todavia mantém-se pouco desenvolvida a investigação acerca dos impactos de tal dissídio no modelo administrativo da grei3 3 Tal cisão ocorreu em 1876, época em que os conservadores liderados por Antônio da Silva Prado (1840-1929) se reuniram em um diretório denominado União Conservadora. Essa ala do partido realizou uma aliança com as lideranças paulistas do Partido Republicano. A aliança não foi aceita pelos conservadores que pertenciam ao grupo de João Mendes de Almeida (1831-1898). Em seguida, tal jurista se tornou o líder da dissidência conservadora. A distância entre ambos foi mantida nos anos 1880. GOMES, Amanda Muzzi. Fragilidade monarquista: das dissidências políticas do fim do Império às reações da primeira década republicana (1860-1900). 2013. 373 f. Tese (Doutorado em História Social) -Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2013, p. 111. . O caso das querelas entre dirigentes conservadores em São Paulo não é situado como promotor de mudanças nas formas de gestão da grei. Esse acontecimento é reconhecido como o evento que propiciou a ascensão de um novo grupo de gestores no partido4 4 São pouco frequentes os avanços no entendimento sobre as formas de organização interna dos diretórios locais do Partido Conservador. Houve modestas inovações em relação às análises que se imbuíram de reconstituir as etapas do afastamento entre os próceres regionais dessa agremiação. Dentre esses trabalhos, cumpre mencionar DEBES, Célio. O Partido Republicano na propaganda (1872-1889). São Paulo: [s. n.], 1972; PRADO, Nazareth. Antônio Prado no Império e na República: seus discursos e atos. Rio de Janeiro: F. Briguiet, 1929. . Ele também é encarado como uma decorrência de antagonismos sobre o problema da emancipação dos escravos5 5 Robert Conrad destacou que um fator capital para o dissídio entre os conservadores paulistas derivou da adesão do grupo de Antônio Prado à causa abolicionista. CONRAD, Robert. Os últimos anos da escravatura no Brasil: 1850-1888. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1978, p. 303-304. A relação entre a cisão no Partido Conservador paulista e as divergências sobre o problema da escravidão também foi assinalada por Paula Beiguelman. A esse respeito, cf. BEIGUELMAN, Paula. A formação do povo no complexo cafeeiro. São Paulo: Edusp, 2005, p. 78. .

Respeitante ao caso do Paraná, a contenda entre conservadores, no fim dos anos 1880, permanece como um episódio pouco estudado. Mais precisamente, mantém-se incompleta a tarefa de salientar os impactos de tal conflito na organização interna e no desempenho eleitoral da agremiação6 6 Identificaram-se os participantes de tal confronto no estudo de ALVES, Alessandro Cavassin. A Província do Paraná (1853-1889): a classe política, a parentela no Governo. 2014. 495 f. Tese (Doutorado em Sociologia) - Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2014, p. 307-308. . Em boa medida, os estudos atinentes às rivalidades entre dirigentes partidários no âmbito provincial são orientados pelo propósito de reconhecer os posicionamentos de elites regionais sobre temas nacionais7 7 Na historiografia, as disputas ocorridas entre lideranças políticas da Província de São Paulo permanecem como um frequente objeto de estudo. Nota-se, pois, o esforço para concatenar tais disputas a fenômenos como a crise do cativeiro no Brasil. Concernente aos conflitos políticos que surgiram em tal província no fim dos anos 1880, cf. SANTOS, Marco Aurélio. Lutas políticas, desagregação do escravismo e a desagregação da ordem escravista: Bananal, 1878-1888. Almanack, São Paulo, n. 11, p. 749-773, dez. 2015. .

De fato, tal corrente de análise tem renovado a compreensão acerca das ideias e das formas de associação dos membros de elites políticas8 8 RIBEIRO, Filipe Nicoletti. Monarquia federativa e democrática: o Congresso Liberal de 1889 e os sentidos do reformismo nos anos finais do Império. Clio, Recife, n. 34, p. 52-72, 2016. . Por outro lado, o avanço no estudo sobre a vida política brasileira nos anos finais do Império demanda reconhecer que existiram ocasiões em que as disputas entre dirigentes partidários não decorreram de entendimentos contrastantes sobre assuntos econômicos e sociais. Houve casos em que as cizânias entre lideranças políticas das províncias foram geradas por divergências quanto ao modelo de tomada de decisões que vigorava nos diretórios das agremiações monárquicas.

De outra parte, compete mencionar que os estudos políticos permanecem carentes de análises sobre a participação de conservadores e liberais no jogo partidário da Primeira República. Mantém-se pouco frequente a produção de abordagens relativas à atuação política, após a queda do Império, de dirigentes provinciais dos partidos Conservador e Liberal. A historiografia conferiu maior ênfase aos percursos de políticos de projeção nacional que não experimentaram o declínio de suas carreiras depois do fim do regime monárquico9 9 Dentre os políticos monarquistas de projeção nacional que foram objetos de investigações históricas, cabe mencionar os conservadores Antônio da Silva Prado e Francisco de Paula Rodrigues Alves (1848-1919). Cf. FRANCO, Afonso Arinos de Melo. Rodrigues Alves: apogeu e declínio do presidencialismo. Rio de Janeiro: José Olympio, 1973, 2 v.; LEVI, Darell E. A família Prado. São Paulo: Cultura 70, 1977. . Remanesce limitado o estudo da incorporação de antigos monarquistas à vida interna dos partidos estaduais após o ano de 188910 10 Em verdade, José Ênio Casalecchi e Marieta de Moraes Ferreira destacaram a presença de remanescentes das agremiações monarquistas nas agremiações predominantes existentes nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro nos anos 1890, respectivamente. CASALECCHI, José Ênio. O Partido Republicano Paulista: política e poder (1889-1926). São Paulo: Brasiliense, 1987; FERREIRA, Marieta de Moraes. Em busca da Idade de Ouro: elites políticas fluminenses na Primeira República (1889-1930). Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1994. Contudo a historiografia ainda carece de análises acerca das diferenças entre os monarquistas no que concerne à duração de suas carreiras políticas ao tempo da Primeira República. Em última instância, ela se ressente da falta de estudos que deem maior atenção às distinções quanto à força eleitoral dos egressos dos partidos monárquicos. . Em suma, é pouco comum o aparecimento de trabalhos que investiguem as implicações da queda do Império nas condições de ação política dos dirigentes provinciais das agremiações monárquicas11 11 A esse respeito, nota-se maior ênfase no estudo sobre a reorganização da vida política de pequenos municípios após 1889. Cf. CAMELUCCI, Anderson Luís. Crise monárquica e experiências de República no município de Franca (1880-1906). 2008. 160 f. Dissertação (Mestrado em História) - Universidade Estadual “Júlio de Mesquita Filho”, Franca, 2008; MARTINY, Carina. “Os seus serviços públicos e políticos estão de certo modo ligados à prosperidade do município”: constituindo redes e consolidando o poder: uma elite política local (São Sebastião do Caí, 1875-1900). 2010. 364 f. Dissertação (Mestrado em História) - Universidade do Vale do Rio dos Sinos, São Leopoldo, 2010. .

Cumpre avançar no estudo acerca dos destinos dos políticos paranaenses que se acomodaram, nos anos finais do Império, na qualidade de dirigentes locais dos partidos monárquicos. Para tanto, este trabalho emprega métodos de análise inspirados na prosopografia12 12 Acerca das origens e bases de tal metodologia, cf. CHARLE, Christophe. A prosopografia ou biografias coletivas: balanço e perspectivas. In: HEINZ, Flávio (org.). Por outra história das elites. Rio de Janeiro: FGV Editora, 2010, p. 41-54; STONE, Lawrence. Prosopografia. Revista de Sociologia e Política, Curitiba, n. 39, p. 115-137, 2011. . Conforme destacado por Fernande Roy e Jocelyn Saint-Pierre, essa linha de investigação “reúne dados biográficos de atores históricos que têm algo em comum, seja uma função, uma atividade, ou ainda uma posição social. Ela é, portanto, um ‘estudo coletivo’ de suas vidas”13 13 ROY, Fernande; SAINT-PIERRE, Jocelyn. A alta redação dos jornais de Quebec (1850-1920). In: HEINZ, Flávio (Org.). Por outra história das elites… Op. cit., p. 204-205. Há tempos, tal perspectiva de análise é adotada em estudos alusivos à vida política do Segundo Reinado e da Primeira República. O método prosopográfico foi empregado, por exemplo, na investigação de José Murilo de Carvalho acerca da composição da elite imperial. Ele também foi adotado por Sergio Miceli em sua análise dos processos de absorção de intelectuais pelo Estado a partir da Primeira República. Cf. CARVALHO, José Murilo de. A construção da ordem: a elite política imperial. Rio de Janeiro: Campus, 1980; BARROS, Sergio Miceli Pessôa de. Biografia e cooptação (estudo atual das fontes para a história social e política das elites do Brasil). In: BARROS, Sergio Miceli Pessôa de. Intelectuais à brasileira. São Paulo: Companhia das Letras, 2001, p. 345-356. Analogamente à abordagem desenvolvida nessas obras, o estudo das trajetórias coletivas empreendido neste artigo confere maior ênfase a informações sobre origens familiares, carreiras profissionais e atuação político-partidária. Trata-se de reconhecer as esferas da vida social nas quais houve o convívio entre os líderes paranaenses do Partido Conservador. Assim, a abordagem prosopográfica permite identificar a natureza e a gênese das relações entre esses aliados. Em síntese, ela possibilita reconhecer as interações entre esses indivíduos no interior dos partidos, da administração pública, das redes familiares e das empresas da província. .

O emprego de tal método possibilita a construção de um retrato de grupo. Mais especificamente, ele favorece a identificação de semelhanças quanto ao desenvolvimento das carreiras políticas dos indivíduos que comandaram o Partido Conservador paranaense às vésperas da implantação da República. A reunião massiva de informações sobre tais carreiras permite um entendimento a respeito dos fatores da emergência e do ocaso da atividade política dos chefes locais daquela agremiação14 14 As informações estudadas neste artigo foram extraídas de jornais editados nas cidades de Curitiba, Rio de Janeiro e São Paulo. Esses periódicos estão disponíveis para consulta no sítio eletrônico da Hemeroteca Digital Brasileira: memoria.bn.br. Acesso em: 2 fev. 2021. . Assim, compete destacar as analogias entre os percursos de conservadores cuja ação política foi limitada à esfera provincial.

2. Gestão partidária e competição eleitoral: a vida interna do Partido Conservador paranaense nos anos finais do Império

A finalidade desta seção é evidenciar as características da organização interna do Partido Conservador do Paraná na época anterior à sua cisão. Tal abordagem permite conhecer o processo de implantação de um modelo de gestão partidária que, oito meses antes da queda do Império, gerou a desagregação dos conservadores paranaenses. Conforme destacado ao longo deste artigo, tal desagregação foi mantida ao longo da Primeira República.

A esse respeito, cumpre fundamentar quatro constatações. Primeiro, trata-se de salientar que, no decorrer dos anos 1880, essa agremiação não possuía um diretório provincial. O partido era controlado por um chefe supremo, o advogado Manuel Eufrásio Correia (1839-1888). De fato, a partir do ano de 1868, houve tentativas de manter em funcionamento um diretório conservador no Paraná. Essas tentativas não foram limitadas a tal província. Em São Paulo, por exemplo, os conservadores criaram um diretório provincial em julho de 186715 15 CORREIO PAULISTANO. São Paulo, n. 3627, 10 jul. 1867, p. 2. . Nesse ano, houve províncias em que os conservadores se organizaram com celeridade para promover a reestruturação do partido. A fundação de diretórios municipais e provinciais era uma etapa crucial dessa reestruturação. Os líderes nacionais da grei entendiam que a interiorização de diretórios tornaria o partido mais ativo na vida eleitoral das províncias16 16 Além de São Paulo, as províncias nas quais houve rápida reativação de diretórios conservadores eram seguintes: Alagoas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Minas Gerais, Pernambuco. O CONSTITUCIONAL. Desterro, 11 set. 1867, p. 2. Acerca da reorganização do Partido Conservador em Minas Gerais, em 1867, cf. SALDANHA, Michel Diogo. A ordem na barriga do progresso: o Partido Conservador e as relações de poder em Minas Gerais (1860-1868). 2020. 210 f. Dissertação (Mestrado em História) -Universidade Federal de São João del-Rei, São João del-Rei, 2020, p. 160. .

No Paraná, os conservadores atingiram de modo vagaroso a unidade necessária para fundar um diretório. Realizado no decorrer deste artigo, o comparativo entre o funcionamento do Partido Conservador em São Paulo e no Paraná permite reconhecer que, na província sulina, as divisões entre os correligionários tornaram inviável a longa duração dos diretórios. Em São Paulo, tais divisões não impediram a manutenção de formas coletivas de tomada de decisões. Assim, nos anos finais do Império os conservadores paranaenses estavam habituados a um modelo centralizado de gestão partidária.

As dificuldades para o funcionamento permanente de um diretório conservador no Paraná decorreram do fato de que a autoridade dessa entidade para lançar candidaturas parlamentares não era reconhecida por uma parcela dos correligionários. A homologação de candidaturas à Câmara dos Deputados era um acontecimento que suscitava cizânias entre os chefes locais da agremiação.

A primeira manifestação dessas cizânias ocorreu em 1872, ano em que houve uma eleição para duas vagas de deputado geral pelo Paraná17 17 Cumpre salientar que a primeira iniciativa voltada à implantação de um diretório conservador do Paraná data de setembro de 1868. Na ocasião, o diretório instaurado na cidade de Curitiba assumiu o nome de Grêmio Conservador do Paraná. CORREIO MERCANTIL. Rio de Janeiro, n. 271, 2 out. 1868, p. 2. O retorno dos conservadores ao comando do Gabinete Ministerial, em 16 de julho de 1868, estimulou a reorganização do partido do Paraná. A principal finalidade do primeiro diretório consistiu em sustentar as candidaturas da grei às duas vagas de deputado geral pelo Paraná. DEZENOVE DE DEZEMBRO. Curitiba, n. 970, 24 jan. 1869, p. 3. Após a eleição, foram pouco frequentes os encontros realizados pelos membros nesse diretório. Em 1870, por exemplo, o diretório voltou a se reunir para tratar da ação do partido no pleito para a Assembleia Legislativa. DEZENOVE DE DEZEMBRO. Curitiba, n. 1.151, 23 nov. 1870, p. 3. No contexto correspondente ao fim dos anos 1860 e ao início dos anos 1870, o diretório conservador da província atuou como um comitê eleitoral, cuja atividade era circunscrita a uma campanha política. . Nessa ocasião, tornou-se evidente a limitada influência do diretório sobre o comportamento político das lideranças municipais da grei. Originários da cidade litorânea de Paranaguá, os aliados do citado Eufrásio Correia não acataram as candidaturas sugeridas pelo diretório sediado em Curitiba, a capital paranaense. Em virtude da determinação de lideranças nacionais do partido, um dos postulantes recomendados pelo diretório não se apresentou à disputa18 18 Tal candidato era o advogado Bento Fernandes de Barros (1834-1908), natural da Província do Ceará. . Em seguida, o bacharel Correia foi oficializado como candidato e obteve a segunda colocação no pleito19 19 ALVES, Alessandro Cavassin. A Província do Paraná… Op. cit., p. 188. . O apoio do Gabinete Ministerial, na época comandado pelo Visconde do Rio Branco, foi capital para a confirmação da candidatura de Correia. O respaldo do então presidente do Paraná, Venâncio José Lisboa, também favoreceu a oficialização dessa candidatura. Tal episódio foi encarado pelos adversários de Correia como uma afronta à autoridade do diretório conservador da província20 20 Ao analisar os eventos da campanha eleitoral ocorrida no Paraná, em 1872, o advogado Manuel Alves de Araújo (1836-1908), do Partido Liberal, formulou o seguinte comentário: “Eis que surge a candidatura do Sr. Dr. Manuel Eufrásio Correia, recebida pelo Partido Conservador [paranaense] como desairosa aos seus brios, por expressar unicamente o predomínio de uma família”. ARAÚJO, Manuel Alves de. Histórico da eleição da Província do Paraná. Rio de Janeiro: Villeneuve, 1872, p. 4. De fato, em tal época já se iniciara o fortalecimento político dos membros família Correia. A esse respeito, cumpre salientar que o primeiro colocado no pleito de deputado geral do Paraná, em 1872, foi o bacharel Manuel Francisco Correia (1831-1905), sobrinho de Eufrásio Correia. .

Em 1877, as divisões internas ao Partido Conservador paranaense se intensificaram. Nessa época, houve nova tentativa de organizar um diretório e mantê-lo em permanente atividade. Contudo os cargos dessa associação não foram distribuídos aos aliados de Eufrásio Correia21 21 DEZENOVE DE DEZEMBRO. Curitiba, n. 1845, 29 set. 1877, p. 4. . Houve, pois, o aprofundamento da distância entre os conservadores da capital e do litoral da província. Em 1878, esse bacharel pleiteou uma das duas vagas para deputado geral pelo Paraná. O diretório não respaldou a sua candidatura. O apoio desse órgão foi destinado ao advogado Adolfo Lamenha Lins (1845-1881), que não pertencia ao rol de aliados de Correia22 22 O PARANAENSE. Curitiba, n. 4, 30 dez. 1877, p. 4. . Ambos os candidatos foram derrotados pelos postulantes apresentados pelo Partido Liberal. A falta de apoio dos conservadores da capital não impediu que Correia tivesse uma votação ligeiramente superior à do candidato chancelado pelo diretório provincial23 23 Tal eleição ocorreu na época em que o liberal Visconde de Sinimbu presidia o Gabinete. Ou seja, os adversários dos conservadores estavam politicamente fortalecidos. Em 1878, o resultado da votação para as duas vagas de deputado geral pelo Paraná foi o seguinte: Manuel Alves de Araújo (liberal), 254 votos; Sérgio de Castro (liberal), 241 votos; Manuel Eufrásio Correia (conservador), 20 votos; Adolfo Lamenha Lins (conservador), 19 votos; Jesuíno Marcondes de Oliveira e Sá (liberal), 12 votos. DEZENOVE DE DEZEMBRO. Curitiba, n. 1.935, 12 set. 1878, p. 3. .

Desse modo, um dos fatores do insucesso da consolidação do diretório conservador do Paraná era concorrência com uma família (os Correia) que tinha conexões com próceres nacionais da agremiação. Os membros dessa parentela exerceram uma interferência na vida interna da grei sem manterem um vínculo com o diretório provincial. Tal influência minou a legitimidade do diretório para liderar localmente o partido. A referida parentela experimentou o crescimento de sua projeção política ao tempo dos Gabinetes conservadores presididos pelo Visconde do Rio Branco (1871-1875) e pelo Duque de Caxias (1875-1878). O envolvimento em esquemas de nomeações para cargos da administração imperial permitiu a elevação do capital político de integrantes da família Correia no decorrer dos anos 187024 24 Em 1871, o citado bacharel Manuel Francisco Correia foi nomeado ministro dos Negócios Estrangeiros pelo presidente do Gabinete, o Visconde do Rio Branco. NEEDELL, Jeffrey D. The Party of Order: the Conservatives, the State, and Slavery in Brazilian Monarchy, 1831-1871. Stanford: Stanford University Press, 2006, p. 282. A integração de Manuel Francisco na elite política imperial também se constata no fato de que pertenceu ao Conselho de Estado, de 1887 a 1889. Cf. MARTINS, Maria Fernanda Vieira. A velha arte de governar: um estudo sobre política e elites a partir do Conselho de Estado (1842-1889). Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 2007, p. 157. .

Nesse contexto, o Partido Conservador paranaense conheceu a ascensão de dois bacharéis (Eufrásio Correia e Manuel Francisco Correia) cujos percursos possuíam semelhanças com as trajetórias dos membros da elite política do Segundo Reinado. A formação jurídica, a atuação em instituições administrativas do Governo Imperial e o exercício de mandatos no Parlamento eram elementos inerentes às carreiras de tais membros25 25 Acerca dos aspectos comuns aos perfis sociais de membros da elite imperial, cf. CARVALHO, José Murilo de. A construção da ordem… Op. cit. .

A ascensão política de tal parentela ocasionou uma mudança no modelo de gestão do Partido Conservador paranaense. O diretório provincial foi dissolvido em 1879. Os seus dirigentes não ofereceram uma consistente resistência ao crescimento da influência da família Correia sobre o partido. Ao contrário, ocorreu uma aproximação entre os membros do diretório e os políticos pertencentes a essa parentela. Em fevereiro do mencionado ano, às vésperas de sua extinção, o diretório promoveu uma reunião na qual houve uma homenagem a Manuel Francisco Correia, que já exercia o cargo de senador pelo Paraná26 26 O PARANAENSE. Curitiba, n. 42, 16 fev. 1879, p. 1. .

A elevação da força política de Eufrásio Correia e de seus familiares levou o partido a ser governado, no Paraná, de maneira mais centralizada. Ao longo dos anos 1880, esse bacharel foi o chefe supremo da grei. Essa situação também foi peculiar ao Partido Liberal da província. No período em tela, a agremiação não possuía um diretório provincial. Desde o fim dos anos 1870, essa grei era comandada localmente pelo advogado Jesuíno Marcondes de Oliveira e Sá (1827-1903)27 27 DEZENOVE DE DEZEMBRO. Curitiba, n. 28, 13 abr. 1889, p. 1. . Dessa maneira, a ausência de diretórios partidários e de decisões colegiadas eram aspectos inerentes ao funcionamento dos partidos Conservador e Liberal no Paraná. Nessa província, no contexto do fim da Monarquia, a existência de chefes supremos era um elemento inerente à gestão das agremiações rivais.

Trata-se, por consequência, de fundamentar a segunda constatação sobre a vida interna do Partido Conservador paranaense. Cabe destacar que, de 1879 a 1889, o diretório provincial da grei permaneceu desativado. Um desdobramento da ascensão de Eufrásio Correia ao controle da agremiação consistiu na implantação de um modelo pouco complexo de gestão partidária. Foi apenas em 1885 que lideranças do partido residentes no planalto e no litoral da província se mobilizaram para criar diretórios municipais. Essa iniciativa não era destinada a assegurar maior participação dos correligionários na gestão do partido em âmbito provincial. A fundação desses diretórios objetivava manter o partido politicamente coeso em áreas distantes da capital28 28 De setembro a novembro de 1885, tais diretórios foram implantados nas cidades de Antonina, Campo Largo, Castro, Guarapuava, Guaratuba, Ponta Grossa e Rio Negro. GAZETA PARANAENSE. Curitiba, n. 402, 17 nov. 1885, p. 3. .

Desse modo, os gestores locais da grei não se opunham à falta de participação dos diretórios municipais nas decisões sobre a condução do partido. O apoio de chefes conservadores do interior foi decisivo para a longa permanência de Eufrásio Correia no comando da grei. Esses chefes defendiam o modelo administrativo marcado pela existência de um líder regional dotado de amplos poderes29 29 Em 20 de setembro de 1885, por exemplo, os gestores do diretório conservador de Guarapuava encaminharam a Eufrásio Correia uma carta na qual comunicavam a criação desse órgão. Esses gestores solicitaram àquele advogado o reconhecimento do novo diretório. Leia-se, pois, o seguinte excerto da mensagem: “Illm. Exm. Sr. Dr. Manoel Euphfrasio Corrêa. Temos a honra de levar ao conhecimento de V. Ex. que, tendo-se organizado o Partido Conservador desta parochia, foi por ele criado um directorio para representa-lo […]. Esperamos que V. Ex. e o Partido Conservador, atendendo a uma necessidade que há de nossa união, possa acolher-nos”. GAZETA PARANAENSE. Curitiba, n. 370, 9 out. 1885, p. 1. . Conforme salientado no decorrer deste artigo, a dificuldade de conquistar o apoio das lideranças municipais impediu que os conservadores dissidentes do Paraná se tornassem eleitoralmente competitivos.

Compete, pois, fundamentar a terceira constatação desta seção. Essa constatação possibilita situar o Partido Conservador paranaense em um contexto marcado por distinções, entre as unidades provinciais da grei, quanto ao seu modelo de gestão. No período em tela, não eram homogêneas as formas de direção local dessa agremiação. Em meados dos anos 1880, existiam lideranças partidárias que instituíram um modelo de administração de diretórios menos centralizado em relação àquele que vigorava no Paraná.

Atente-se, pois, à situação da Província de São Paulo. De modo análogo ao caso paranaense, em 1885 houve ali a criação de diretórios municipais do Partido Conservador30 30 CORREIO PAULISTANO. São Paulo, n. 8.589, 10 abr. 1885, p. 2. . Nessa época, em tal província, também estava em funcionamento um diretório central. As unidades municipais da grei escolhiam representantes para participar das atividades do diretório sediado na capital paulista31 31 CORREIO PAULISTANO. São Paulo, n. 8.711, 5 set. 1885, p. 1. . Dentre as unidades, havia aquelas que apresentavam precisos critérios para substituir os membros de sua cúpula32 32 CORREIO PAULISTANO. São Paulo, n. 9.229, 5 jun. 1887, p. 3. . Assim, os conservadores paulistas adotaram a prática da tomada de decisões colegiadas. Em âmbito provincial e municipal, não vigorava a autoridade de um chefe supremo.

Os membros dos diretórios municipais do Partido Conservador paulista não se limitaram a manter os correligionários organizados em contextos eleitorais. Tais membros cultivaram uma interação permanente com as lideranças maiores da grei em São Paulo. Nessa época, o citado Antônio da Silva Prado não era o chefe supremo do partido. Ele era o presidente do diretório central, mas existiam outros próceres da agremiação nessa província. Esses próceres também participavam das decisões do diretório instalado na capital. De modo análogo a Prado, os membros da cúpula do diretório tinham sua influência política reconhecida pelos diretórios municipais. Dentre essas lideranças, estava Manuel Antônio Duarte de Azevedo (1831-1912), que conseguira se eleger deputado geral em 188533 33 CORREIO PAULISTANO. São Paulo, n. 8.543, 11 fev. 1885, p. 2. .

Na referida época, os conservadores paulistas conceberam um modelo de governo partidário marcado por uma divisão de tarefas mais complexa do que aquela adotada pelos conservadores paranaenses. Tal comparativo evidencia que nos anos finais do Império o modelo administrativo implantado por Eufrásio Correia no Partido Conservador paranaense não promoveu a ascensão de lideranças dotadas da legitimidade de interferir na gestão da grei. Após a morte desse chefe partidário, foram os membros de sua parentela que assumiram o controle do partido no Paraná. O longo domínio familiar sobre a grei criou uma situação em que as reações a esse formato centralizado de governo partidário demoraram a ocorrer. Foi lenta a união entre os críticos do legado administrativo de Eufrásio Correia.

Por fim, cabe fundamentar a quarta constatação desta seção. Cumpre salientar que, no contexto da morte desse advogado, o Partido Conservador paranaense era eleitoralmente competitivo. Ele tinha uma força eleitoral mais elevada em relação às unidades da agremiação existentes em províncias como a Bahia. Ocorrido no dia 4 de fevereiro de 1888, o falecimento do citado dirigente provocou a abertura de uma vaga de deputado geral pelo Paraná.

Nessa época, o comando local da grei era exercido por um sobrinho do finado bacharel, a saber, o negociante ervateiro Ildefonso Pereira Correia (1845-1894), detentor do título de Barão do Serro Azul. Ele indicou outro negociante, Manuel Antônio Guimarães (1813-1893), para disputar a mencionada vaga. Atuante na vida política paranaense desde a época da criação da província, em 1853, Guimarães possuía o título de Visconde de Nácar. Ele era cunhado e sogro de Eufrásio Correia34 34 Acerca das relações familiares entre membros da elite política paranaense do século XIX, cf. OLIVEIRA, Ricardo Costa de. O silêncio dos vencedores: genealogia, classe dominante e Estado do Paraná (1853-1930). Curitiba: Moinho do Verbo, 2001. . Em síntese, a morte desse advogado não pôs fim ao domínio de sua parentela sobre a vida interna do Partido Conservador paranaense.

Houve correligionários do Partido Conservador que não aprovaram a pretensão eleitoral de Guimarães35 35 A REPÚBLICA. Curitiba, n. 12, 20 mar. 1888, p. 1. . Entretanto os descontentes ainda não estavam suficientemente unidos para combater essa indicação e apresentar outro candidato. Nessa oportunidade, os republicanos e os liberais teceram críticas à candidatura do citado negociante36 36 A imprensa republicana do Paraná considerou que a candidatura de Manuel Antônio Guimarães foi imposta pela dinastia que comandava o Partido Conservador nessa província. De acordo com o jornal A República, os dirigentes locais da agremiação impediram a renovação do quadro de lideranças do partido. A REPÚBLICA. Curitiba, n. 12, 20 mar. 1888, p. 1. A imprensa liberal também combateu a candidatura de Guimarães. Segundo o jornal Dezenove de Dezembro, esse negociante não era dotado de preparação intelectual para atuar no Parlamento do Império. DEZENOVE DE DEZEMBRO. Curitiba, n. 30, 18 abr. 1888, p. 1. .

No Paraná, em 1888, a indicação de um candidato conservador era realizada exclusivamente pelo chefe supremo. Assim, não havia um processo regrado e coletivo para a homologação dos postulantes a cargos como o de deputado geral. Ildefonso Correia chancelou, sem dificuldades, o nome de sua preferência. Manuel Guimarães foi oficializado como postulante da grei e venceu os demais candidatos. Por consequência, ele obteve seu único mandato de deputado geral37 37 Entre as décadas de 1850 e 1880, a atuação política de Manuel Antônio Guimarães foi marcada pelo exercício de mandatos na Assembleia Legislativa do Paraná e na Câmara Municipal de Paranaguá. ALVES, Alessandro Cavassin. A Província do Paraná… Op. cit., p. 357. . Atente-se, pois, ao desempenho de Guimarães no mencionado pleito.

Tabela 1
Votação dos candidatos a deputado geral pelo 1º Distrito Eleitoral da Província do Paraná (1888)

No primeiro semestre de 1888 também ocorreu uma eleição suplementar para deputado geral no 14ª Distrito Eleitoral da Província da Bahia. Nessa ocasião, o Partido Conservador apresentou um candidato. O postulante escolhido pela grei era Luís Antônio Pereira Franco (1827-1902), então desembargador da Relação da Corte e ex-deputado geral pela Bahia. Nesse período, os conservadores baianos e paranaenses optaram por lançar candidatos que se enquadravam na categoria de políticos veteranos. Nos anos finais do Império, existiam províncias nas quais jovens políticos ligados ao Partido Conservador não conquistaram prerrogativa de pleitear o acesso a instituições nacionais. Ao contrário, houve ocasiões em que a agremiação preferiu avalizar as candidaturas de suas antigas lideranças.

Nessa época, o Partido Conservador estava na condição de situacionista, visto que comandava o Gabinete Ministerial. O fortalecimento político do partido propiciado por tal condição não gerou, em todos os casos, a vitória de seus candidatos. Em 1888, houve conservadores que experimentaram derrotas em eleições municipais e provinciais39 39 Nessa época, por exemplo, o conservador Trajano Marques foi derrotado pelo liberal Alfredo Marques na disputa por uma vaga de deputado provincial pelo 2º Distrito Eleitoral do Maranhão. GAZETA DE NOTÍCIAS. Rio de Janeiro, n. 155, 4 jun. 1888, p. 1. Na cidade mineira de Ouro Preto, por sua vez, o Partido Conservador não conseguiu eleger um candidato na disputa por vaga à Câmara Municipal. GAZETA DE NOTÍCIAS. Rio de Janeiro, n. 198, 17 jul. 1888, p. 2. .

Dessa forma, existiam diferenças regionais quanto à força eleitoral dessa agremiação. As unidades provinciais da grei se distinguiam em virtude da maior ou menor capacidade de formar uma relevante base de apoiadores. O magistrado Pereira Franco, por exemplo, foi derrotado pelo candidato de oposição, Elpídio de Mesquita (1857-1926). Nesse pleito, o postulante vitorioso havia exercido apenas um mandato eletivo, o de deputado provincial. Ele era, pois, um bacharel cuja carreira política estava em fase inicial. Atente-se, assim, às informações da Tabela 2.

Tabela 2
Votação dos candidatos a deputado geral pelo 14º Distrito Eleitoral da Província da Bahia (1888)

Em última análise, a morte do chefe supremo do Partido Conservador paranaense não promoveu a imediata desorganização da grei. Em 1888, a agremiação manteve uma base eleitoral que lhe permitiu assegurar uma cadeira na Câmara dos Deputados depois do falecimento de seu antigo dirigente. De outra parte, cabe destacar que, no ano seguinte ao pleito de deputado geral, o partido se cindiu. Essa divisão entre os conservadores paranaenses impactou a cena política regional no limiar da Primeira República.

3. A abertura de uma dissidência no Partido Conservador paranaense: fatores do conflito e perfil social das lideranças da agremiação

A historiografia tem destacado que os últimos anos do Império foram marcados por querelas entre lideranças nacionais do Partido Conservador. Houve, também, dissídios entre os conservadores cuja atividade política era circunscrita ao âmbito provincial. Em grande medida, as divergências entre os próceres da agremiação se tornaram mais acentuadas ao tempo do Gabinete conservador presidido pelo Barão de Cotegipe (1885-1888). Os distintos entendimentos sobre o tema da abolição da escravidão potencializaram essas contendas41 41 A respeito dos projetos sobre o fim da escravidão sustentados por membros do Partido Conservador, cf. NASCIMENTO, Carla Silva do. O Barão de Cotegipe e a crise do Império. 2012. 130 f. Dissertação (Mestrado em História) - Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2012. .

Nas províncias, os embates entre os chefes do partido eram motivados pela disputa de posições no comando local da grei. Eles também eram decorrentes da competição por maior espaço nas esferas da administração pública42 42 BARMAN, Roderick J. Imperador cidadão. São Paulo: Editora Unesp, 2012, p. 455. . Em larga medida, a natureza dos conflitos entre os conservadores paranaenses não se distinguia da natureza dos confrontos que envolveram dirigentes do Partido Conservador de outras províncias. No Paraná, as disputas pelo controle local da grei se tornaram mais frequentes no primeiro semestre de 1889.

Dessa forma, foi somente um ano após a morte de Eufrásio Correia que os descontentes com a herança administrativa desse bacharel atingiram um nível de organização interna suficiente para reivindicar a instalação de um diretório provincial. Essa demanda começou a ser defendida em maio de 188843 43 SETE DE MARÇO. Curitiba, n. 5, 23 maio 1888, p. 4. . Nesse contexto, os principais entusiastas da reinstalação do diretório eram indivíduos que haviam pertencido à cúpula do Partido Conservador paranaense no fim dos anos 1870. Dentre tais indivíduos, estavam os advogados Joaquim de Almeida Faria Sobrinho (1847-1893) e Justiniano de Mello e Silva (1852-1940)44 44 Em 1877, Justiniano de Mello e Joaquim de Almeida exerceram, respectivamente, a 2ª e a 3ª vice-presidência do diretório conservador do Paraná. DEZENOVE DE DEZEMBRO. Curitiba, n. 1.845, 29 set. 1877, p. 4. . Em última instância, essa reivindicação era uma tentativa de antigos dirigentes da grei de recuperarem uma posição central na gestão do partido.

Os apelos para a reabertura do diretório não foram atendidos imediatamente por Ildefonso Correia. Uma efetiva mudança no modelo de gestão do Partido Conservador paranaense ocorreu dez meses após circularem as primeiras ideias a favor dessa reabertura. Em 10 de março de 1889, os conservadores residentes na capital da província se reuniram com a finalidade de instalar um diretório provincial. Porém os correligionários da grei não chegaram a um consenso quanto ao preenchimento dos cargos do novo órgão partidário. Um ala de filiados não reconheceu a autoridade de Ildefonso Correia sobre a agremiação. Em seguida, os descontentes abriram uma dissidência e criaram o seu próprio diretório. Desse modo, dois diretórios conservadores passaram a funcionar no Paraná45 45 DEZENOVE DE DEZEMBRO. Curitiba, n. 21, 16 mar. 1889, p. 2. .

Nessa província, a coexistência de dois diretórios conservadores perdurou até o momento da queda do Império46 46 A REPÚBLICA. Curitiba, n. 44, 21 nov. 1889, p. 3. . O estudo da composição social do diretório formado por aliados da família Correia requer a atenção às informações do Quadro 1.

Quadro 1
Atuação política e profissional dos membros do diretório oficial do Partido Conservador paranaense (época do Segundo Reinado)

As quatro constatações desenvolvidas a seguir têm por finalidade reconhecer elementos convergentes quanto às origens sociais e à atividade política dos integrantes do diretório oficial do Partido Conservador. Neste estágio da investigação, torna-se crucial realizar uma abordagem prosopográfica acerca dos percursos desses integrantes. Cumpre salientar que as afinidades entre os dirigentes conservadores não eram decorrentes apenas de sua filiação partidária. Elas também derivavam de vínculos econômicos. Por meio da análise de trajetórias coletivas, compete identificar os padrões de carreiras políticas dos integrantes do diretório oficial da mencionada agremiação. Tal corrente de investigação favorece a identificação das condições de ingresso e mobilidade dos conservadores no quadro partidário regional47 47 Acerca da operacionalidade do método prosopográfico para os estudos de história política, cf. FERRARI, Marcela. Prosopografía e historia política: algunas aproximaciones. Antíteses, Londrina, v. 3, n. 5, p. 529-550, 2010. .

Primeiro, cumpre salientar que o diretório oficial do Partido Conservador paranaense era marcado pela coexistência de duas gerações de políticos. Uma geração era composta por veteranos que, nos anos 1870, respaldaram a ascensão de Eufrásio Correia ao comando local da grei. Tais indivíduos pertenciam a parentelas que, desde a época da criação da Província do Paraná, estavam vinculadas àquela agremiação. José Pereira dos Santos Andrade (1842-1900), Ildefonso Correia e Manuel Miró eram os dirigentes conservadores que estavam ligados a essas parentelas. As famílias desses dirigentes não se aproximavam apenas pelo fato de que, havia décadas, exerciam acentuada influência na vida interna do Partido Conservador paranaense. Uma semelhança entre essas parentelas era decorrente das atividades econômicas que desenvolveram durante o século XIX.

As informações mais antigas sobre essas atividades datam da época do Primeiro Reinado. Nos anos 1820, os ascendentes dos gestores do diretório oficial do Partido Conservador paranaense começaram a cultivar relações comerciais entre si. Essas relações foram iniciadas no contexto em que os membros de tais parentelas viviam no litoral da futura Província do Paraná. Um dos integrantes do diretório oficial era Manuel Miró. Ele era filho de um negociante homônimo. Em 1824, tal negociante participou de uma sociedade comercial com Antônio Ricardo dos Santos, avô paterno de Antônio Ricardo dos Santos Neto e José Pereira dos Santos Andrade. Essa sociedade também era composta pelo português Manuel Antônio Pereira (1782-1857), imigrante que era avô materno de Ildefonso Pereira Correia48 48 Tal sociedade foi constituída para arrematar o contrato das passagens do rio Cubatão, em Morretes. Os citados negociantes adquiriram, no Governo de São Paulo, o direito de cobrar taxas pela movimentação de embarcações no mencionado rio. Esse contrato vigorou no triênio 1824-1826. SANTOS, Antônio Vieira dos. Memória histórica da Vila de Morretes. Curitiba: Museu Paranaense, 1950, p. 124. . Em síntese, as conexões entre as parentelas que comandavam localmente o Partido Conservador foram constituídas a partir de alianças econômicas.

As famílias Correia, Miró e Santos atuaram no comércio de erva-mate nas regiões correspondentes ao litoral e ao primeiro planalto do Paraná. Elas começaram a participar de tal comércio nas primeiras décadas do século XIX. O envolvimento nessa atividade econômica permitiu que essas parentelas pertencessem ao quadro das famílias mais abastadas da província. Uma evidência da prosperidade dos negociantes ervateiros do Paraná era a concessão de empréstimos ao Governo Provincial49 49 Em 1876, o negociante Antônio Ricardo dos Santos Filho (1819-1888), pai de Antônio Ricardo dos Santos Neto e José Pereira dos Santos Andrade, concedeu um empréstimo de 25 contos de réis ao Governo do Paraná. DEZENOVE DE DEZEMBRO. Curitiba, n. 1.808, 19 maio 1877, p. 2. . No início da Primeira República, havia membros das citadas parentelas que ainda integravam o rol dos principais negociantes do estado50 50 Em 1890, a empresa da família de José Pereira dos Santos Andrade era a terceira maior exportadora paranaense de erva-mate. Nessa época, a companhia de Ildefonso Correia era a oitava maior exportadora. Por fim, a empresa da família de Manuel Miró ocupava a décima quarta posição no rol das companhias paranaenses que exportavam o referido produto. A REPÚBLICA. Curitiba, n. 170, 22 jul. 1890, p. 2. . Nos anos 1890, o mate permanecia como o principal produto da economia paranaense51 51 A esse respeito, cf. LINHARES, Temístocles. História econômica do mate. Rio de Janeiro: José Olympio, 1969. .

Cabe destacar que as famílias da elite do litoral da província foram caracterizadas pela diversificação de atividades econômicas. O comércio marítimo era uma dessas atividades. A renda dos negociantes ligados a essas parentelas também provinha do aluguel de imóveis e dos juros derivados da concessão de empréstimos. No período, esses comerciantes foram os controladores do mercado de crédito no litoral da província. Assim, uma parcela dos integrantes do diretório oficial teve como ascendentes negociantes que pertenceram à categoria dos rentistas urbanos52 52 Na primeira metade do século XIX, as citadas famílias se consolidaram como integrantes das elites de municípios do litoral do atual Estado do Paraná. A parentela de José Pereira dos Santos Andrade pertenceu à elite dos negociantes de Morretes. De sua parte, os membros das famílias Correia e Miró estiveram envolvidos na vida econômica e política da cidade de Paranaguá. Acerca das práticas econômicas realizadas pelos negociantes do litoral do paranaense na referida época, cf. CAVAZZANI, André Luiz Moscaleski. Tendo o sol por testemunha: população portuguesa na Baía de Paranaguá (c. 1750-1830). 2013. 352 f. Tese (Doutorado em História Social) -Universidade de São Paulo, 2013. Na segunda metade do século XIX, as atividades econômicas desenvolvidas pela elite social do litoral paranaense não experimentaram substancial modificação. Nesse contexto, a posse de imóveis e de escravos permaneceu como o elemento central do patrimônio de tal elite. A esse respeito, cf. LEANDRO, José Augusto. Gentes do grande mar redondo: riqueza e pobreza na Comarca de Paranaguá (1850-1888). 2003. 336 f. Tese (Doutorado em História Social) - Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2003. .

A outra geração de membros do diretório oficial do Partido Conservador paranaense era constituída por novatos da cena política. Essa geração era formada por indivíduos cujos ascendentes não apresentavam históricas ligações com os partidos e as instituições administrativas da província. Esses novatos se integraram na vida partidária ao longo dos anos 1880. A primeira etapa dessa integração foi marcada pela participação em esquemas de preenchimento de cargos públicos. Em 1885, quando recuperaram o comando o Gabinete Ministerial, os conservadores reassumiram o controle desses esquemas.

Houve membros do diretório oficial que obtiveram nomeações ao tempo em que os líderes do Partido Conservador paranaense voltaram a interferir nas políticas de nomeações para cargos comissionados. Eduardo de Vasconcelos Chaves (1854-1896) e Vidal José de Siqueira pertenceram a essa nova geração de correligionários. Cumpre destacar que Chaves era originário da Província da Paraíba53 53 OLIVEIRA, Ricardo Costa de. O silêncio dos vencedores… Op. cit., p. 59. , informação que denota que os componentes do diretório oficial não eram infensos à aliança com adventícios. Ela também evidencia que uma das formas de atração de correligionários ao Partido Conservador consistia em acomodar os novatos em órgãos públicos.

Os integrantes da nova geração se distinguiam entre si em virtude das oportunidades que obtiveram após ingressarem naquela grei. Eles se diferenciavam em decorrência das posições mais ou menos proeminentes que auferiram na administração provincial. Em síntese, esses novatos estavam desigualmente posicionados nas agências do Governo do Paraná54 54 Em 1885, Eduardo de Vasconcelos Chaves conquistou o cargo de tesoureiro do Tesouro Provincial do Paraná. GAZETA PARANAENSE. Curitiba, n. 357, 15 set. 1885, p. 1. Nesse ano, Vidal José de Siqueira obteve um cargo menos destacado no ordenamento administrativo do Paraná. O cargo era o de 2º suplente de subdelegado do Distrito Policial das colônias de Abranches, Lamenha e Santa Cândida, as quais estavam situadas em Curitiba. GAZETA PARANAENSE. Curitiba, n. 387, 29 out. 1885, p. 1. .

Há evidências de que as relações entre os integrantes de ambas as gerações não eram limitadas aos assuntos políticos. Nesse âmbito, compete salientar que Eduardo de Vasconcelos Chaves manteve relações econômicas com Ildefonso Correia55 55 Concernente às atividades econômicas desenvolvidas por Ildefonso Correia nas últimas décadas do século XIX, cf. COSTA, Odah Regina Guimarães. Ação empresarial do Barão do Serro Azul. Curitiba: Grafipar, 1981. . Em 1889, eles atuaram como diretores do Banco Mercantil e Industrial do Paraná56 56 A REPÚBLICA. Curitiba, n. 73, 26 dez. 1889, p. 5. . No ano seguinte, um filho homônimo de Manuel Miró se tornou diretor desse banco57 57 A REPÚBLICA. Curitiba, n. 151. 29 jun. 1890, p. 2. . Dessa forma, na época da passagem do Império para a República eram multifacetadas as interações entre os membros do diretório oficial do Partido Conservador paranaense.

Compete, por conseguinte, fundamentar a segunda constatação desta seção. Cabe asseverar que, em 1889, o diretório oficial do Partido Conservador paranaense era comandado por integrantes do empresariado da cidade de Curitiba. A maior parte desses empresários se dedicava ao comércio da erva-mate. Dentre os industriais ligados a esse diretório, apenas Gottlieb Müeller (1843-1902) não atuava no ramo ervateiro. Oriundo da Suíça, ele possuía uma fundição na capital paranaense58 58 LINHARES, Temístocles. História Econômica do Mate… Op. cit., p. 176. .

De um lado, a análise do Quadro 1 permite destacar que, nos anos finais do Império, no Paraná, era pouco relevante a presença de diplomados no rol de gestores locais da citada agremiação. Nesse contexto, tal situação não era limitada a essa província. Em 1885, por exemplo, ocorreu a reorganização do diretório conservador de Santa Catarina. A Mesa Diretora dessa associação contava com a participação de apenas um graduado59 59 Tal membro era o engenheiro geógrafo José Teodoro de Sousa Lobo. Ele ocupou a função de 2º secretário do diretório conservador de Santa Catarina. GAZETA PARANAENSE. Curitiba, n. 365, 3 out. 1885, p. 4. . De outro lado, a presença do imigrante Müeller no diretório central do Partido Conservador paranaense evidencia a pretensão de setores da elite provincial de angariar o apoio político de europeus nacionalizados. Essa pretensão, no Paraná dos anos 1880, era característica tanto dos partidos monárquicos quanto dos defensores do ideário republicano60 60 LIVRE PARANÁ. Paranaguá, n. 44, 27 out. 1885, p. 1-2. .

A terceira constatação desta seção afirma que, às vésperas do fim da Monarquia no Brasil, o diretório oficial do Partido Conservador paranaense era composto por indivíduos cujas trajetórias políticas eram limitadas à atuação em instituições municipais e provinciais. Eufrásio Correia foi o último dirigente da grei que desenvolveu um percurso marcado pela circulação em instituições nacionais. Assim, eram indivíduos de baixa projeção política que se incumbiram da tarefa de reativar o diretório conservador do Paraná. As carreiras desses dirigentes foram caracterizadas pelo exercício eventual de cargos comissionados, bem como pela atuação episódica na Assembleia Provincial e na Câmara de Curitiba. Essa situação não ocorria apenas no Paraná. Em Santa Catarina, em 1885, a presidência do Partido Conservador foi conferida ao advogado provisionado Manuel José de Oliveira (1827-1891). O principal cargo eletivo que ele desempenhou foi o de deputado provincial61 61 Acerca da composição da elite política catarinense ao tempo do Segundo Reinado, cf. CABRAL, Oswaldo Rodrigues. História da Política de Santa Catarina durante o Império. Florianópolis: Ed. da UFSC, 2004. .

Por fim, a quarta constatação ressalta que a formação do diretório oficial do Partido Conservador promoveu a restauração de um cenário político que existiu no Paraná em meados dos anos 1850. A situação consistia na acentuada influência dos negociantes, notadamente os ervateiros, sobre a vida administrativa da agremiação. Os membros dessa categoria profissional tinham a prerrogativa de confeccionar chapas de candidatos e organizar a ação eleitoral do partido. Dentre os membros dessa primeira geração de dirigentes do Partido Conservador paranaense, o citado Manuel Antônio Guimarães continuava politicamente ativo no fim dos anos 1880. O desaparecimento de Eufrásio Correia lhe permitiu exercer um cargo eletivo para além do âmbito provincial62 62 Manuel Antônio Guimarães era a principal liderança conservadora do Paraná ao tempo da eleição do primeiro deputado geral da província, em 1855. Tal negociante foi o responsável por amealhar os apoios que permitiram a vitória eleitoral de seu genro, o advogado Antônio Cândido Ferreira de Abreu (1823-1876). CORREIO MERCANTIL. Rio de Janeiro, n. 83, 25 mar. 1855, p. 2. .

Por consequência, é necessário reconhecer as aproximações entre a composição social do diretório oficial e do diretório dissidente do Partido Conservador do Paraná. Esse reconhecimento permite salientar que os dissidentes não eram novatos nas lides partidárias. Ao contrário, eles eram veteranos que não tiveram destacada atuação na vida política ao tempo em que um chefe supremo comandou a grei. A análise efetuada nesta seção também possibilita evidenciar que, em sua maior parte, o grupo dos dissidentes era composto por empresários da capital paranaense. Os insurgentes tiveram dificuldades para amealhar apoios no interior da província. Assim, eles permaneceram em uma posição periférica no Partido Conservador. Para o desenvolvimento dessa análise, cabe dedicar atenção às informações presentes no Quadro 2.

Quadro 2
Atuação política e profissional dos membros do diretório dissidente do Partido Conservador paranaense (época do Segundo Reinado)

A análise desse Quadro permite salientar que, analogamente à situação verificada no diretório oficial, havia diferenças quanto às origens sociais dos membros do diretório dissidente. Uma parte dos insurgentes pertencia a parentelas que, desde a época da criação da Província do Paraná, estavam vinculadas ao Partido Conservador. Os integrantes dessas parentelas dedicavam-se a atividades como o comércio varejista, na capital paranaense, e o beneficiamento de erva-mate, em municípios do litoral e do primeiro planalto. Esses insurgentes eram José Ribeiro de Macedo, Tobias de Macedo, José Lourenço Taborda e Mathias Taborda Ribas63 63 A origem das conexões familiares entre membros da elite política do Paraná remonta ao período anterior à criação da província. A esse respeito, cf. OLIVEIRA, Ricardo Costa de. O silêncio dos vencedores… Op. cit. Cumpre também destacar que as famílias Macedo e Ribas principiaram a atuar em instituições políticas municipais a partir da época colonial. Houve membros de ambas as parentelas que exerceram cargos eletivos na cidade de Curitiba em diferentes contextos políticos. Nas épocas colonial e imperial, existiram integrantes de tais famílias que desempenharam funções na Câmara do município. Cf. CUNHA, Fernando. Elites políticas municipais no Brasil-Colônia: homens bons na Curitiba setecentista. 2003. 118 f. Dissertação (Mestrado em História) - Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2003. . Portanto houve membros históricos do Partido Conservador paranaense que, no fim dos anos 1880, fizeram parte da ala minoritária da agremiação.

O segundo grupo de insurgentes era formado pelos indivíduos que auferiram suas principais oportunidades políticas a partir dos anos 1870, na época em que os conservadores comandavam o Gabinete Ministerial. Tais indivíduos constam no Quadro 2 como ocupantes de poucos cargos públicos. A criação do diretório dissidente consistiu em uma estratégia para que esse grupo de filiados exercesse alguma influência sobre a gestão local do Partido Conservador.

As informações contidas no Quadro 2 permitem corroborar a afirmação segundo a qual os negociantes, no fim do Império, recuperaram o protagonismo na cena partidária do Paraná. Conforme demonstrado nas seções subsequentes deste artigo, tal protagonismo não foi mantido no contexto da Primeira República. Os dissidentes do Partido Conservador eram indivíduos cuja experiência política foi conquistada no exercício de cargos em órgãos da administração provincial. No momento pouco anterior à extinção da Monarquia, a elite administrativa do Partido Conservador paranaense não era formada por indivíduos que tiveram a oportunidade de atuar em instituições imperiais.

Há de se destacar, por fim, os limites da força política dos dissidentes do Partido Conservador paranaense. Um desses limites decorreu do fato de que, no interior da província, não houve numerosas adesões ao diretório cujos membros se opunham aos antigos correligionários de Eufrásio Correia. Os conservadores de Arraial Queimado, localidade situada no primeiro planalto, aderiram ao grupo dos insurgentes64 64 SETE DE MARÇO. Curitiba, n. 62, 29 jun. 1889, p. 4. . O diretório conservador de Rio Negro, município localizado no segundo planalto, também se vinculou à ala dos dissidentes65 65 SETE DE MARÇO. Curitiba, n. 48, 16 mar. 1889, p. 4. . Todavia a maior parte dos diretórios municipais reconhecia o citado Ildefonso Correia como o chefe do partido no 2º Distrito eleitoral da província. Manuel Guimarães liderava a grei na área correspondente ao 1º Distrito66 66 GAZETA PARANAENSE. Curitiba, n. 61, 16 mar. 1889, p. 1. .

Outro limite da atuação política dos dissidentes era concernente à sua força eleitoral. No Paraná, em 31 de agosto de 1889, houve uma disputa para duas vagas de deputado geral. Este foi o último pleito para a Câmara ocorrido nessa província ao tempo do Segundo Reinado. O diretório controlado pela família Correia lançou um candidato à vaga de deputado pelo 1º Distrito Eleitoral. A principal atribuição dos diretórios locais que aderiram ao grupo político de Ildefonso Correia consistia em deliberar sobre a participação ou abstenção dos seus filiados em um pleito. O diretório gerido por esse negociante não contava com a presença de representantes dos municípios. Dessa forma, os líderes locais do Partido Conservador tinham a função de mobilizar seus correligionários para apoiar os candidatos indicados pela cúpula do diretório oficial67 67 Em 1889, por exemplo, os conservadores de Porto de Cima, município da região da Serra do Mar, optaram por participar das eleições gerais e apoiar o candidato do diretório oficial. Este era, portanto, o limite da autonomia das unidades municipais do Partido Conservador paranaense. SETE DE MARÇO. Curitiba, n. 62, 29 jun. 1889, p. 4. .

O diretório dissidente optou por não apresentar um postulante. Para justificar essa abstenção, os insurgentes alegaram que a crise interna do partido impossibilitou a ampla consulta aos correligionários para decidir sobre a escolha dos candidatos68 68 SETE DE MARÇO. Curitiba, n. 68, 10 ago. 1889, p. 1. . Tal justificativa evidencia que, no entendimento dos dissidentes, eram necessárias decisões coletivas antes de o partido se envolver em um pleito. Nota-se, assim, uma tentativa de abandono do modelo de gestão marcado por deliberações de cúpula ou mesmo por decisões unilaterais de um chefe supremo.

Nessa época, o Partido Conservador fazia oposição ao Gabinete Ministerial, o qual era presidido pelo liberal Visconde de Ouro Preto. A condição de agremiação oposicionista e a coexistência de dois diretórios provinciais desorganizaram a ação eleitoral da grei. Esse antagonismo entre conservadores não foi restrito ao Paraná. Em São Paulo, também havia correligionários do partido que não apoiavam as candidaturas lançadas pelo diretório provincial69 69 Nessa província, nos anos finais do Império, os conservadores permaneciam divididos entre o grupo de Antônio Prado, majoritário, e o grupo de João Mendes de Almeida, dissidente. Mendes se candidatou a senador em 1888, mas não teve êxito no pleito. Nessa ocasião, os aliados de Prado foram bem-sucedidos nas eleições. BOEHRER, George C. A. Da Monarquia à República: história do Partido Republicano no Brasil (1870-1889). Rio de Janeiro: Ministério da Educação e Cultura, 1954, p. 109. .

O diretório oficial do Partido Conservador paranaense não reuniu os apoios necessários para pleitear as duas vagas em disputa para a Câmara dos Deputados. O candidato lançado pelo partido era sobrinho do novo dirigente da grei, Ildefonso Correia. Assim, uma ala dos conservadores permanecia inclinada a conferir oportunidades políticas a uma parentela que, havia uma década, exercia absoluto controle sobre a agremiação. Atente-se, pois, ao desempenho eleitoral do candidato conservador. Nessa ocasião, o postulante apoiado pela grei foi derrotado.

Tabela 3
Votação dos candidatos a deputado geral pelo 1º Distrito Eleitoral do Paraná (1889)

Um dos conservadores dissidentes, Antônio Ribeiro de Macedo (1842-1931), irmão de José Ribeiro de Macedo (1840-1917), recebeu votos no 2º Distrito eleitoral da província. A despeito do fato de ele não ter se apresentado como candidato, houve correligionários da grei que não se eximiram de formalizar o apoio àquele negociante. Esses apoios foram suficientes para que o Partido Conservador, naquele Distrito, suplantasse o candidato do Partido Republicano. O comparativo entre as Tabelas 3 e 4 evidencia que em tal pleito os partidários do diretório oficial proporcionaram ao seu candidato um desempenho eleitoral mais expressivo do que o desempenho do conservador apoiado pelos dissidentes.

Tabela 4
Votação dos candidatos a deputado geral pelo 2º Distrito Eleitoral do Paraná (1889)

Os resultados desse pleito permitem destacar que os membros do diretório oficial e do diretório dissidente estavam politicamente enfraquecidos no contexto pouco anterior à implantação da República. As diferenças entre ambos os grupos se acentuou após o ano de 1889. Uma diferença era referente à maior ou menor capacidade de conquistar um espaço nos partidos estaduais. Outra diferença concernia ao grau de unidade interna entre os remanescentes desses diretórios. Compete demonstrar que a curta duração das agremiações oposicionistas que surgiram no Paraná da Primeira República tornou pouco estável a atividade política dos gestores do diretório dissidente do Partido Conservador.

Para a execução dessa abordagem, é necessário analisar o cenário partidário formado no estado nos anos seguintes à queda da Monarquia. O estudo desse cenário possibilita situar o quadro político paranaense em um contexto mais amplo. Nesse contexto, em diferentes estados, não era incomum a aliança entre antigos monarquistas e republicanos históricos.

4. Implantação da República e reorganização do quadro partidário: os grupos políticos no Paraná dos anos 1890

O propósito desta seção é reconhecer as mudanças ocorridas no cenário partidário paranaense nos anos imediatamente posteriores ao fim do Império. Para tanto, salienta-se a natureza das oportunidades políticas auferidas pelos ex-integrantes dos diretórios conservadores que funcionaram na antiga província durante o ano de 1889. Nesse âmbito, são sustentadas quatro constatações.

Primeiro, cumpre asseverar que a época correspondente aos anos de 1890 e 1891 foi marcada por acentuada competição partidária no Paraná. Um dos fatores dessa acirrada disputa era a pluralidade de agremiações. Assim, evidencia-se que, em 1890, coexistiam três partidos estaduais: o Partido Republicano, a União Republicana e o Partido Operário. Pertencente ao campo governista, o Partido Republicano acomodou em seus quadros tanto republicanos históricos quanto remanescentes do Partido Conservador72 72 O grupo fundador do Partido Republicano paranaense era composto pelos dirigentes do Clube Republicano de Curitiba, criado em 1885. Nos anos finais do Império, o Clube já lançava candidaturas. Porém os postulantes que apoiava não eram eleitoralmente competitivos. A respeito da ação política dos republicanos históricos do Paraná, cf. CORRÊA, Amélia Siegel. Imprensa e política no Paraná: prosopografia dos redatores e pensamento republicano no final do século XIX. 2006. 230 f. Dissertação (Mestrado em Sociologia) -Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2006. . A União Republicana, por sua vez, era uma agremiação oposicionista constituída por egressos do Partido Liberal. Por fim, o Partido Operário atuava na oposição e era composto majoritariamente por novatos na vida política73 73 O Partido Operário foi instituído por membros do Clube dos Operários e Artistas Paranaenses. Desse modo, no início da Primeira República, no Paraná, o associativismo entre trabalhadores urbanos originou uma iniciativa de envolvimento nas lides partidárias. Todavia foi apenas no começo dos anos 1890 que essa grei atingiu um grau de organização interna necessário para lançar uma chapa completa de candidatos. Conforme demonstrado no decorrer deste artigo, a absorção de um político originário do Partido Conservador foi um aspecto inerente ao processo de formação do Partido Operário do Paraná. Ou seja, a agremiação não rejeitou a presença de um veterano da cena partidária do estado. Acerca das formas de ação política de trabalhadores no Paraná da Primeira República, cf. ARAÚJO, Sílvia; CARDOSO, Alcina. Jornalismo e militância operária. Curitiba: Editora UFPR, 1992; VALENTE, Silza Maria Pazello. A presença rebelde na cidade sorriso: contribuição ao estudo do anarquismo em Curitiba, 1890-1920. Londrina: Eduel, 1997. . Tal pluralidade não perdurou para além do ano de 1892. Foi nessa época que surgiu o Partido Democrático, de orientação oposicionista. Conforme destacado na última seção deste artigo, essa agremiação era controlada por antigos membros do diretório dissidente do Partido Conservador paranaense. Porém a fundação dessa grei não propiciou uma duradoura aliança entre os conservadores insurgentes.

A fundação da União Republicana e do Partido Republicano possibilitou que políticos veteranos permanecessem politicamente ativos. Ambas as agremiações contavam com a presença de parentelas que, havia décadas, estavam integradas ao jogo eleitoral e aos órgãos da administração paranaense. No litoral e no planalto do estado, nos anos 1890, os membros de elites locais permaneceram envolvidos nas disputas eleitorais e nos esquemas de nomeações para cargos comissionados74 74 Acerca da atividade política das famílias da elite social do Paraná no contexto da passagem do Império para a República, cf. OLIVEIRA, Ricardo Costa de. O silêncio dos vencedores… Op. cit. .

Por fim, destaca-se o caso do Partido Operário. Nos anos 1890, o operariado paranaense era composto majoritariamente por artesãos. Mais especificamente, ele era formado por trabalhadores que desenvolviam seus misteres no interior de uma oficina75 75 No Paraná, particularmente na cidade de Curitiba, a formação do operariado das fábricas ocorreu a partir dos anos 1900. Para conhecer a relação das associações de trabalhadores criadas nesse estado ao tempo da Primeira República, cf. ARAÚJO, Sílvia; CARDOSO, Alcina. Jornalismo e militância operária… Op. cit., p. 149-158. . Há indícios de que era significativo o número de integrantes do Partido Operário que exerciam ofícios manuais76 76 A atenção às profissões dos 29 filiados do Partido Operário que assinaram um manifesto contra as candidaturas lançadas pela grei em 1890 permite corroborar tal afirmação. Esses filiados estavam divididos nas seguintes ocupações: alfaiate (3), barbeiro (1), barriqueiro (7), carpinteiro (3), maquinista (1), marceneiro (3), marmorista (2), pedreiro (2), pintor (2), sapateiro (2), tamanqueiro (1), tanoeiro (2). GOULART, Mônica Helena Harrich Silva. Classe dominante e jogo político na Assembleia Legislativa do Paraná (1889-1930). 2008. 595 f. Tese (Doutorado em Sociologia) - Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2008, p. 302. .

Essa agremiação surgiu como uma novidade na cena política regional. Convém ressaltar dois fatores que distinguiam essa grei dos demais partidos então existentes no estado. O primeiro fator era o repertório de propostas. No período, as agremiações predominantes permaneciam apegadas a uma prática característica da vida política do Império. A prática consistia em veicular suas propostas por meio das circulares eleitorais, breves textos que faziam a defesa dos candidatos inseridos em uma chapa77 77 DIÁRIO DO COMMERCIO. Curitiba, n. 51, 4 mar. 1891, p. 3. .

De sua parte, o Partido Operário despontou na vida eleitoral por meio da apresentação de detalhadas sugestões programáticas78 78 Para conhecer as propostas dos partidos operários no Brasil, nos anos 1890, cf. CARONE, Edgard. O Movimento Operário no Brasil (1873-1944). São Paulo: Difel, 1979. . Os fundadores dessa grei defendiam, por exemplo, a criação de bancos populares, cooperativas, creches e liceus de ofícios. As propostas desse partido conferiam maior ênfase aos assuntos sociais. Os membros dessa agremiação também apoiavam as propostas do Partido Operário, que funcionava na cidade do Rio de Janeiro79 79 Dentre as propostas do Partido Operário do Rio de Janeiro, estava a construção de habitações populares. Outra proposta era a criação de novas escolas públicas. SETE DE MARÇO. Curitiba, n. 106, 10 mai. 1890, p. 1. . Em síntese, o Partido Operário do Paraná foi instalado em um contexto no qual, em distintas regiões do país, houve a criação de agremiações destinadas a sustentar demandas de interesse dos trabalhadores80 80 Em relação ao surgimento de tais agremiações no início da Primeira República, cf. SCHMIDT, Benito Bisso. Os partidos socialistas na nascente República. In: FERREIRA, Jorge; REIS, Daniel Aarão. A formação das tradições (1889-1945). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2007, v. 1, p. 131-183. .

A fundação de tal partido não consistiu na primeira iniciativa destinada a promover a associação entre os operários paranaenses. Essas iniciativas existiam desde os anos 1880. No entanto as entidades de classe que surgiram no Paraná, nos anos finais do Império, não eram voltadas a organizar os trabalhadores para participar de pleitos eleitorais. Elas desenvolviam ações beneficentes e recreativas81 81 A primeira associação de trabalhadores do Paraná foi criada na cidade de Curitiba, em 1883. Essa associação era denominada de Sociedade Protetora Beneficente dos Operários. DEZENOVE DE DEZEMBRO. Curitiba, n. 40, 27 jun. 1883, p. 4 Em julho de 1884, na capital paranaense, foi fundada a Sociedade Recreativa Beneficente dos Operários Alemães. CARNEIRO, Newton. Um precursor da justiça social: David Carneiro e a economia paranaense. Curitiba: Impressora Paranaense, 1965, p. 102. . A partir da implantação do Partido Operário, os trabalhadores - notadamente os artífices - se envolveram de forma mais ostensiva na vida eleitoral do estado82 82 Em 1890, um artífice ocupou uma posição central na vida interna do Partido Operário - o encadernador João Crispim Caetano da Silva. Ele exerceu o posto de secretário da agremiação. SETE DE MARÇO. Curitiba, n. 123, 6 set. 1890, p. 4. .

O segundo fator da diferença entre o Partido Operário e as demais agremiações paranaenses consistia na sua organização interna. O diretório dessa grei contava com a presença de operários e, em menor escala, de membros da antiga elite política da província83 83 O citado Justiniano de Mello Silva foi um político veterano que se integrou ao Partido Operário. Outro veterano que pertenceu a essa grei foi o empresário Agostinho Leandro da Costa (1857-1904), o primeiro presidente do Partido Operário. SETE DE MARÇO. Curitiba, n. 123, 6 set. 1890, p. 4. Ao tempo do Segundo Reinado, Agostinho Leandro exerceu um mandato de vereador em Morretes, município do litoral do Paraná. Ele foi eleito para tal cargo em 1882. DEZENOVE DE DEZEMBRO. Curitiba, n. 58, 2 ago. 1882, p. 3. . Portanto essa agremiação foi marcada pelo convívio entre egressos dos partidos monárquicos e personagens emergentes na cena política. Conforme evidenciado na última seção deste artigo, a presença desses egressos no movimento operário local não foi duradoura84 84 Cumpre mencionar que, em 1896, os membros da primeira diretoria do Partido Operário já não participavam da gestão do partido. A REPÚBLICA. Curitiba, n. 189, 21 ago. 1896, p. 3. Em síntese, em meados daquela década, a agremiação vivenciou um processo de desarticulação política entre as suas principais lideranças. .

Cabe salientar que a atividade eleitoral do Partido Operário se circunscreveu à primeira década republicana. Ele pertenceu ao rol das agremiações minoritárias do Paraná85 85 O Partido Operário elegeu um candidato a deputado estadual em 1892. A REPÚBLICA. Curitiba, n. 617, 17 fev. 1892, p. 2. Em 1896, a agremiação elegeu o seu segundo e último candidato para tal cargo. A REPÚBLICA. Curitiba, n. 214, 23 set. 1896, p. 2. Esses êxitos eleitorais foram decorrentes do fato de que o partido governista apresentou uma chapa incompleta. Assim, os grupos políticos minoritários disputaram as vagas restantes. . Contudo, nos seus primórdios, essa grei conseguiu adesões em cidades distantes da capital do estado, a exemplo de Antonina e Ponta Grossa86 86 Em 1890, na cidade litorânea de Antonina, foi instalado um diretório do Partido Operário. SETE DE MARÇO. Curitiba, n. 114, 3 jul. 1890, p. 4. Em 1891, os correligionários dessa agremiação que residiam em Ponta Grossa, município do segundo planalto, ambicionaram criar um diretório local. Porém a instauração desse órgão foi proibida pelo delegado de Polícia. SETE DE MARÇO. Curitiba, n. 144, 7 fev. 1891, p. 3. . Assim, o aparecimento do Partido Operário estimulou os trabalhadores de distintas regiões do Paraná se envolverem conjuntamente no jogo eleitoral.

Ao longo da Primeira República, o Partido Republicano exerceu o domínio absoluto nas eleições e nas instituições políticas do estado. Dentre as agremiações existentes no Paraná em 1890, o Partido Republicano foi o único que permaneceu em atividade até o ano de 193087 87 Em março de 1909, a agremiação situacionista adotou a denominação de Partido Republicano Paranaense. A REPÚBLICA. Curitiba, n. 72, 27 mar. 1909, p. 1. . A maior parte das agremiações fundadas nesse estado, no início da Primeira República, não tinha um grau elevado de unidade interna. O insucesso das candidaturas era um fator que promovia a rápida desagregação dos correligionários. A União Republicana, por exemplo, se dissolveu em 1895. Desde 1892, ela experimentava derrotas eleitorais e possuía uma instável vida administrativa88 88 Acerca da composição do quadro partidário do Paraná no início da Primeira República, cf. SÊGA, Rafael Augustus. Tempos belicosos: a Revolução Federalista no Paraná e a rearticulação da vida político-administrativa do Estado (1889-1907). Curitiba: Aos Quatro Ventos, 2005. . Assim, no biênio 1890-1891 já se desenhava uma situação que marcou a atividade política da oposição paranaense durante a Primeira República. Tal situação era a breve duração das agremiações que combatiam o situacionismo e sua duração variava de quatro meses a dois anos89 89 A agremiação estadual de existência mais breve foi o Partido Republicano Liberal, cuja duração abrangeu os meses de novembro de 1923 a fevereiro de 1924. O DIA. Curitiba, n.199, 16 fev. 1924, p. 4. .

A carreira da maior parte dos egressos do diretório dissidente do Partido Conservador paranaense foi impactada por tal situação. Ao se integrarem ao campo oposicionista, eles desenvolveram uma ação política episódica. O caráter intermitente de sua participação no jogo partidário era derivado do fato de que, no Paraná, havia épocas em que não existiam agremiações oposicionistas em funcionamento. Após o referido biênio, a vida eleitoral do estado foi caracterizada pelo confronto entre o Partido Republicano e os efêmeros partidos de oposição, os quais se dissolviam após um pleito90 90 Essa situação perdurou até o fim da Primeira República. A última agremiação oposicionista criada no Paraná foi o Partido Democrático, em 1926. De modo semelhante às agremiações oposicionistas que o precederam, o Partido Democrático não conseguiu suplantar os postulantes da agremiação situacionista nas eleições parlamentares. No ano seguinte à sua fundação, ele já estava extinto. Cf. GRANATO, Natália Cristina. O Partido Democrático Paranaense: um estudo sobre os capitais familiares e sociais de seus dirigentes. Revista do Núcleo de Estudos Paranaenses, Curitiba, n. 1, p. 36-55, 2018. .

A segunda constatação desta seção afirma que, no início da Primeira República, a oposição paranaense era eleitoralmente competitiva. Em 1891, por exemplo, a União Republicana elegeu todos os seus candidatos a deputado estadual91 91 DIÁRIO DO COMMERCIO. Curitiba, n. 103, 8 maio 1891, p. 3. . A redução dessa competitividade levou os oposicionistas a adotarem estratégias eleitorais análogas àquelas empregadas pelas oposições de distintas regiões do país. Uma dessas estratégias era lançar chapas incompletas de candidatos nas disputas para os cargos de deputado estadual e deputado federal. Essa medida buscava concentrar os votos da oposição nos nomes eleitoralmente mais fortes das agremiações minoritárias. e, também, objetivava evitar a dispersão dos votos do partido em candidatos pouco competitivos. Assim, os partidos de oposição surgiam nas campanhas cientes da impossibilidade de amealhar todas as vagas em disputa. Eles reconheciam, pois, os limites de seu eleitorado92 92 Acerca dos impactos eleitorais da utilização dessa estratégia em estados como Minas Gerais, cf. FIGUEIREDO, Vítor Fonseca. Voto e competição política na Primeira República: o caso de Minas Gerais. 2016. 273 f. Tese (Doutorado em História) - Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, 2016. .

Outra estratégia das oposições estaduais era contestar o êxito eleitoral dos governistas. Essa contestação era realizada junto às Comissões de Verificação de Poderes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. Ambas as Comissões analisavam reclamações que questionavam a lisura dos processos eleitorais que resultavam na vitória dos situacionistas. Dos anos 1890 aos anos 1920, a prática da contestação foi realizada pelas oposições de distintos estados. Os estudos históricos têm salientado que essa estratégia é uma evidência da permanente disposição das oposições para enfrentarem os partidos governistas. Elas não eram inclinadas a se abster dos pleitos eleitorais93 93 Para conhecer a natureza e efeitos das estratégias eleitorais das oposições estaduais em tal contexto, cf. RICCI, Paolo; ZULINI, Jaqueline Porto. Partidos, competição política e fraude eleitoral: a tônica das eleições na Primeira República. Dados, Rio de Janeiro, v. 57, n. 2, p. 443-479, 2014. Acerca das decisões da Comissão de Verificação de Poderes da Câmara dos Deputados sobre as reclamações apresentadas pelas oposições estaduais, cf. ZULINI, Jaqueline Porto. Modos do bom governo na Primeira República brasileira: o papel do Parlamento no regime de 1889-1930. 2016. 323 f. Tese (Doutorado em Ciência Política) - Universidade de São Paulo, São Paulo, 2016. .

No Paraná, os antagonistas do situacionismo também adotaram essa forma de combate aos governistas. Contudo houve apenas uma ocasião em que a contestação de um resultado eleitoral beneficiou a oposição94 94 Em tal ocasião, a oposição paranaense contestou a vitória de Ubaldino do Amaral Fontoura (1842-1920) na eleição para o cargo de senador. A Comissão de Poderes do Senado acatou a reclamação e não reconheceu a eleição de Amaral. Em seguida, o candidato da oposição, Francisco Xavier da Silva (1838-1922), assumiu o mandato. GAZETA DE NOTÍCIAS. Rio de Janeiro, n. 159, 8 jun. 1915, p. 2. . Ao mesmo tempo, nota-se que a oposição estadual não se eximia de apresentar candidaturas. Foram raras as situações em que ela não participou de eleições95 95 Em 1903, os oposicionistas do Paraná não apresentaram candidaturas à Câmara dos Deputados. A REPÚBLICA. Curitiba, 14 jan. 1903, p. 1. No início dos anos 1920, a oposição estadual voltou a se desorganizar. Por consequência, não participou de disputas para os cargos dos Poderes Executivo e Legislativo. Essa situação se modificou em 1927. Nesse ano, os oposicionistas ligados ao Partido Democrático lançaram um candidato a deputado federal, porém não tiveram êxito no pleito. O DIA. Curitiba, n. 1.196, 25 mar. 1927, p. 1. . Ressalta-se que a oposição paranaense conseguiu eleger, durante a Primeira República, apenas três candidatos a deputado federal, eleições que ocorreram nos anos de 1906, 1912 e 191596 96 A REPÚBLICA. Curitiba, n. 56; 10 mar. 1915, p. 1. . Tais êxitos eleitorais foram decorrentes da apresentação de chapas incompletas pela agremiação predominante. A partir da derrocada da União Republicana, em meados dos anos 1890, tornou-se ocasional a presença de oposicionistas paranaenses nas instituições políticas.

A terceira constatação afirma que, no limiar da Primeira República, malograram as tentativas de fusão partidária. Eram volúveis as alianças entre os próceres da vida política estadual. Em 1890, por exemplo, o Partido Republicano e a União Republicana lançaram chapa única na disputa para as vagas da bancada paranaense na Assembleia Nacional Constituinte, e seus candidatos foram eleitos97 97 DIÁRIO DO PARANÁ. Curitiba, n. 115, 6 set. 1890, p. 3. . Entretanto a união entre tais agremiações não originou um novo partido. Ao final daquele ano, a aliança entre elas se desfez98 98 Acerca dos conflitos políticos ocorridos no Paraná da Primeira República, cf. GOULART, Mônica Helena Harrich Silva. Classe dominante e jogo político… Op. cit. .

A cisão interna a grupos políticos estaduais foi um aspecto da vida partidária de distintos estados ao longo dos anos 189099 99 No Rio de Janeiro, em meados dos anos 1890, o Partido Republicano estava cindido. FERREIRA, Marieta de Moraes. Em busca da Idade de Ouro… Op. cit., p. 124. . No entanto o Partido Republicano do Paraná foi uma agremiação cujos confrontos internos não levaram ao enfraquecimento de sua força eleitoral ou mesmo à sua extinção. Em relação aos partidos oposicionistas criados nesse estado no contexto da Primeira República, o modelo administrativo dessa grei era mais sólido100 100 No ano de 1896, por exemplo, essa agremiação já tinha suas diretrizes administrativas. Tratava-se, pois, de um documento que tornava mais regrada a vida interna do partido. A REPÚBLICA. Curitiba, n. 256, 6 nov. 1896, p. 1. O propósito de atingir um nível maior de organização dos assuntos administrativos, no fim dos anos 1890, não foi exclusivo dos governistas paranaenses. Em Minas Gerais, a agremiação situacionista, denominada Partido Republicano Mineiro, também formulou as suas diretrizes administrativas. RESENDE, Maria Efigênia Lage de. Formação da estrutura de dominação em Minas Gerais: o novo PRM (1889-1906). Belo Horizonte: UFMG; Proed, 1982, p. 166-167. .

Nesse âmbito, compete investigar a acomodação dos dirigentes oficiais e dissidentes do Partido Conservador paranaense na cena partidária formada no estado a partir de 1889. Destaca-se que, nos anos seguintes à queda do Império, uma parcela dos conservadores desse estado conseguiu recuperar seu pertencimento a esferas da administração pública e do Poder Legislativo.

5. Situacionismo, nomeações estaduais e instituições políticas locais: os percursos dos dirigentes do diretório oficial do Partido Conservador paranaense

Nesta seção, são investigadas as formas de atuação dos membros do diretório oficial do Partido Conservador paranaense nas instituições políticas após o ano de 1889. Nesse âmbito, observa-se que a maior parte desses dirigentes desenvolveu uma ação conjunta na vida partidária. Eles se integraram ao campo governista do Paraná. Ao mesmo tempo, compete reconhecer as diferenças entre tais dirigentes no que concerne à natureza das oportunidades políticas que obtiveram durante a Primeira República. Para tanto, é necessário dedicar atenção às informações expostas no Quadro 3.

Quadro 3
Atuação política e profissional dos dirigentes diretório oficial do Partido Conservador paranaense (época da Primeira República)

O estudo desse Quadro possibilita a formulação de quatro constatações. Primeiro, ressalta-se que o exercício de cargos comissionados e de mandatos legislativos foi o principal efeito do vínculo dos antigos dirigentes do Partido Conservador paranaense ao grupo governista formado no estado no começo dos anos 1890. Ao tempo da Primeira República, os adesistas tiveram suas carreiras marcadas pela atuação em instituições políticas de âmbito local.

O desempenho de funções temporárias no Governo do Estado e de mandatos de deputado estadual foi um aspecto inerente à maior parte das trajetórias dos conservadores que se filiaram ao Partido Republicano do Paraná. Esses antigos correligionários do Partido Conservador não demoraram a se inserir nos esquemas de nomeações implantados no estado. Essa conquista não foi acompanhada pela ascensão nas esferas administrativas. A esse respeito, atente-se aos casos de Laurentino Azambuja e Vidal Siqueira. O primeiro, por interferência do governador do Paraná, foi nomeado para o corpo de médicos do Exército, em 1890101 101 A REPÚBLICA. Curitiba, n. 71, 22 mar. 1890, p. 2. . O segundo, por sua vez, exerceu três cargos públicos no decorrer daquele ano. Entretanto esses cargos lhe conferiram somente a condição de autoridade municipal102 102 As nomeações obtidas por Vidal Siqueira nessa época foram as seguintes: (1) Presidente da Intendência do município de Tamandaré, localidade adjacente à capital paranaense; (2) Subdelegado; e (3) Inspetor Paroquial na cidade de Curitiba. A REPÚBLICA. Curitiba, n. 78, 30 mar. 1890, p. 2. .

No decorrer desta seção, evidencia-se que os conservadores que provinham do diretório oficial não obtiveram análogo poder sobre as esferas administrativas do Paraná a partir do ano de 1889. Foram raras as ocasiões em que os controladores do diretório oficial do Partido Conservador tiveram acesso a posições decisivas na administração pública. Desse modo, a implantação do regime republicano não promoveu uma mudança em relação à natureza da atuação política que eles desenvolveram durante o Segundo Reinado.

No decorrer dos anos 1890, as antigas lideranças do Partido Conservador paranaense permaneceram marcadas pela baixa circulação institucional. Ao tempo da Primeira República, não era incomum que membros de elites políticas atuassem exclusivamente em instituições locais. Tal característica foi peculiar, por exemplo, aos percursos de uma parte da elite política do Estado de São Paulo103 103 LOVE, Joseph. A Locomotiva: São Paulo na federação (1889-1937). São Paulo: Paz e Terra, 1982, p. 228. .

A segunda constatação, por seu turno, afirma que os controladores do extinto diretório oficial do Partido Conservador paranaense se beneficiaram politicamente da aproximação com os republicanos históricos. Conforme ressaltado neste trabalho, o Partido Republicado criado no Paraná, em 1889, era liderado por membros do antigo Clube Republicano de Curitiba. Nesse contexto, em distintos estados, foi estabelecida uma aliança entre egressos dos partidos monárquicos e republicanos históricos104 104 No Estado de São Paulo, houve a aproximação entre alas do Partido Republicano Paulista e antigos membros do Governo Imperial. CASALECCHI, José Ênio. O Partido Republicano Paulista… Op. cit., p. 64-65. De sua parte, o Partido Republicano Fluminense, nos anos 1890, era controlado por republicanos históricos e antigos monarquistas. FERREIRA, Marieta Moraes. Em busca da Idade de Ouro… Op. cit., p. 120. .

A peculiaridade do caso paranaense reside no fato de que os antigos monarquistas, nos dias imediatamente posteriores à implantação da República, dividiram-se em dois grupos. Um grupo era composto pelos gestores do diretório oficial do Partido Conservador e não demorou a aderir ao Partido Republicano.

Formado por liberais e conservadores dissidentes, o outro grupo planejou fundar sua própria agremiação. Ela seria denominada Partido Republicano Federalista105 105 A reunião desse grupo ocorreu dois dias após a queda da Monarquia. Esse encontro contou com a participação de conservadores e liberais. DEZENOVE DE DEZEMBRO. Curitiba, n. 169, 18 nov. 1889, p. 1. . Dessa maneira, no Paraná da Primeira República não houve políticos veteranos que se mantiveram como defensores do regime monárquico106 106 Acerca da ação política, no contexto da Primeira República, de defensores do regime monárquico, cf. JANOTTI, Maria de Lourdes Mônaco. Os subversivos da República. São Paulo: Brasiliense, 1986. . Por fim, cumpre mencionar que o projeto de instituir o Partido Republicano Federalista não se concretizou. Contudo uma parcela dos envolvidos nesse projeto permaneceu politicamente unida. Em 1890, os membros dessa parcela fundaram a União Republicana107 107 Acerca da composição do quadro de líderes dessa grei, cf. SÊGA, Rafael Augustus. Tempos belicosos… Op. cit. .

Em síntese, nas eleições parlamentares ocorridas naquele ano, os idealizadores do Partido Republicano Federalista já estavam apartados. A esse respeito, atente-se aos casos dos ex-deputados provinciais Justiniano de Mello e Silva e Tertuliano Teixeira de Freitas (1835-1910), que participaram da reunião destinada a criar tal agremiação108 108 DEZENOVE DE DEZEMBRO. Curitiba, n. 169, 18 nov. 1889, p. 1. . Esses bacharéis eram aliados de longa data, visto que atuaram juntos como dirigentes do Partido Conservador do Paraná, nos anos 1870109 109 Em 1877, Tertuliano Teixeira era o presidente do diretório conservador do Paraná. Nessa ocasião, conforme destacado, Justiniano de Mello exercia a segunda vice-presidência desse órgão. DEZENOVE DE DEZEMBRO. Curitiba, n. 1.845, 29 set. 1877, p. 4 . Ambos pertenceram ao setor da grei que experimentou o declínio de sua força política no contexto em que a família Correia controlou localmente essa agremiação.

Porém, conforme salientado, em 1890 esses antigos correligionários não faziam parte do mesmo grupo político. Nessa época, Tertuliano Teixeira pertencia à União Republicana, partido composto por seus adversários da época do Segundo Reinado. Justiniano de Mello, por sua vez, estava ligado aos novatos que constituíram o Partido Operário110 110 SETE DE MARÇO. Curitiba, n. 120, 15 ago. 1890, p. 4. . Em 1891, no pleito para as vagas do Congresso Legislativo do Paraná, apenas Teixeira conseguiu se eleger111 111 Tertuliano Teixeira foi o sétimo colocado nesse pleito. Ele angariou 6.907 votos. De sua parte, Justiniano de Mello obteve 165 sufrágios. Ele foi o septuagésimo primeiro colocado. Havia 36 vagas em disputa. DIARIO DO COMMERCIO. Curitiba, n. 103, 8 maio 1891, p. 3. .

Cabe ressaltar que outro dirigente do Partido Conservador do Paraná nos anos 1870, o citado Joaquim de Almeida Faria Sobrinho, conseguiu se integrar rapidamente nos esquemas de nomeações comandados pelos republicanos. Em 1890, ele foi investido no cargo federal de auditor de guerra. Joaquim de Almeida desempenhou a função na cidade de Curitiba112 112 A REPÚBLICA. Curitiba, n. 76, 28 mar. 1890, p. 1. . Naquela época, esse bacharel estava politicamente próximo dos governistas que comandavam os mencionados esquemas.

No início da Primeira República, esses ex-integrantes do Partido Conservador paranaense se distinguiam em virtude da força eleitoral e da posição no campo político. Eles também se diferenciavam em decorrência do maior ou menor envolvimento nos esquemas de nomeações para cargos públicos. Nesse contexto, portanto, foram malsucedidas as tentativas de construção de um grupo político composto por antigos dirigentes do referido partido. Esses dirigentes romperam a aliança que cultivaram durante o Segundo Reinado.

Desde o início da Primeira República, os conservadores ligados ao diretório oficial desenvolveram uma atividade política mais estável em relação à atividade dos indivíduos que lideraram o Partido Conservador paranaense nos anos 1870. Essa estabilidade não ocasionou uma relevante ascensão dos membros do diretório oficial nas instituições políticas do Paraná. Entretanto os políticos ligados a esse diretório ocuparam posições mais sólidas na cena partidária do estado em relação aos dissidentes.

Essa solidez era derivada do fato de que os situacionistas estavam integrados a uma agremiação dotada de alto grau de competitividade eleitoral. É necessário destacar que a vitória dos candidatos da União Republicana no pleito para as vagas de deputado estadual, em 1891, foi o único momento da história eleitoral do Paraná em que o Partido Republicano não conseguiu eleger seus postulantes113 113 DIARIO DO COMMERCIO. Curitiba, n. 103, 8 maio 1891, p. 3. . Os egressos do diretório dissidente do Partido Conservador pertenceram a agremiações que se caracterizavam pela dificuldade de reunir apoios entre os próprios oposicionistas. Esses partidos funcionaram como comitês eleitorais destinados a respaldar as candidaturas de ex-integrantes do campo governista. Ao mesmo tempo, cumpre ressaltar que uma parte dos conservadores dissidentes não obteve espaço nas cúpulas das agremiações estaduais.

Cabe, pois, fundamentar a terceira constatação desta seção. Os remanescentes do diretório oficial do Partido Conservador paranaense se distinguiam em virtude da natureza dos benefícios conquistados ao se filiarem à agremiação predominante do estado. Um desses benefícios consistiu em assumir posições relevantes no interior da agremiação. Ildefonso Correia e José Pereira dos Santos Andrade obtiveram a faculdade de influir na vida interna do Partido Republicano. Eles eram membros do diretório central dessa grei. Nesse âmbito, estavam incumbidos da tarefa de montar as chapas de candidatos às eleições parlamentares. Em 1891, por exemplo, tais indivíduos confeccionaram uma chapa de postulantes ao Congresso Legislativo do Paraná114 114 DIÁRIO DO COMMERCIO. Curitiba, n. 77, 6 abr. 1891, p. 3. .

A obtenção de funções análogas no interior de um partido não foi sucedida pela conquista de equivalente grau de competividade eleitoral. Ao passo que Santos Andrade não experimentou derrotas eleitorais na Primeira República, Ildefonso Correia malogrou no intento de se tornar deputado estadual em 1891115 115 DIÁRIO DO COMMERCIO. Curitiba, n. 103, 8 maio 1891, p. 3. . As limitações da atividade política desse industrial ocorreram na época em que os partidos paranaenses voltaram a ser comandados pelos bacharéis. Portanto foi pouco duradouro o predomínio dos negociantes do estado nas cúpulas partidárias116 116 No Paraná, durante as décadas de 1890 e 1900, os campos da situação e da oposição eram liderados por bacharéis. A situação era comandada por Vicente Machado da Silva Lima (1860-1907). A oposição, por seu turno, era controlada por Generoso Marques dos Santos (1844-1928). Acerca da atividade política de ambos os dirigentes partidários, cf. SÊGA, Rafael Augustus. Tempos belicosos… Op. cit. .

De todo modo, a aliança política mantida entre os gestores do diretório oficial do Partido Conservador paranaense não foi interrompida com a queda do Império. No início da Primeira República, esses correligionários se diferenciaram em decorrência de fatores como o maior ou menor envolvimento em instituições políticas nacionais.

A carreira de Santos Andrade não permaneceu circunscrita ao âmbito estadual. Ele pertenceu ao contingente de egressos de partidos monárquicos que conseguiram desempenhar mandatos em instituições como o Senado Federal117 117 José Pereira dos Santos Andrade foi eleito senador em 1890 e participou da Assembleia Nacional Constituinte. Nessa época, não era incomum a presença de antigos monarquistas em instituições políticas nacionais. Conforme salientado por Cláudia Viscardi, a Assembleia era composta por 17 senadores que haviam integrado os partidos monárquicos (9 liberais e 8 conservadores). Ela também era formada por 32 deputados provenientes do Partido Liberal e 24 originários do Partido Conservador. VISCARDI, Cláudia Maria Ribeiro. Unidos perderemos: a construção do federalismo republicano brasileiro. Curitiba: Editora CRV, 2017, p. 71. . Esse bacharel estava inserido no grupo de monarquistas que, no início da República, ocuparam posições decisivas na vida política. Essas posições eram mais proeminentes em relação àquelas que haviam assumido durante o Segundo Reinado118 118 Acerca dos perfis sociais e dos percursos políticos dos senadores brasileiros ao tempo da Primeira República, cf. SOUZA, Lucas Massimo Tonial Antunes de. A profissionalização da oligarquia no Brasil: um estudo sobre a estrutura da carreira política dos senadores na Primeira República. 2018. 173 f. Tese (Doutorado em Ciência Política) - Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2018. .

Outro benefício decorrente do envolvimento com o partido predominante no Paraná era a manutenção de relações econômicas com o Governo Estadual. Este foi o caso de Benedito Pereira da Silva Carrão. Além de exercer o ofício de jornalista, ele atuava como empresário. Em 1887, ao tempo em que políticos conservadores exerceram a função de presidente do Paraná, Carrão começou a estabelecer relações contratuais com o Governo Provincial. Nessa época, ele obteve um subsídio da administração paranaense para implantar o transporte por carruagens entre as cidades de Curitiba e Rio Negro119 119 GAZETA PARANAENSE. Curitiba, n. 72, 1 abr. 1887, p. 1. .

Benedito Carrão também recebeu auxílio pecuniário do Governo para publicar em seu jornal, a Gazeta Paranaense, informações sobre as medidas administrativas dos presidentes do Paraná120 120 GAZETA PARANAENSE. Curitiba, n. 93, 29 abr. 1887, p. 1. . No limiar dos anos 1890, o Congresso Legislativo do Estado aprovou a renovação do contrato que o Executivo estadual celebrou com Carrão para que este oferecesse o serviço de transporte por carruagens no mencionado trecho121 121 A REPÚBLICA. Curitiba, n. 833, 15 dez. 1892, p. 1. . O percurso desse jornalista nos anos posteriores ao fim do regime monárquico no Brasil concentra evidências sobre as consequências mais recorrentes do vínculo à agremiação situacionista do Paraná.

Uma dessas consequências era o exercício permanente de funções comissionadas na administração pública. O desempenho de mandatos de deputado estadual também era uma implicação do citado vínculo. Assim, Carrão estava enquadrado no perfil de um governista cuja carreira não conheceu uma ascensão no decorrer da Primeira República. Ele pertenceu ao rol dos situacionistas cujas trajetórias foram distinguidas pela frequente atuação em instituições locais.

Trata-se, por fim, de sustentar a quarta constatação desta seção. A ligação com o partido predominante permitiu que integrantes da família Correia conquistassem um espaço no jogo partidário do estado. Houve membros dessa parentela que conseguiram se acomodar de forma célere na vida política do Paraná republicano.

A permanência dessa família no quadro partidário era vista por uma parte da imprensa como um obstáculo à promoção de transformações na cena política do estado. Um setor da imprensa considerava que a continuidade dessa parentela no jogo eleitoral criaria dificuldades para a renovação dos costumes políticos. Atente-se a um comentário formulado em 1891 pelo redator do jornal curitibano Diário do Comércio. Esse comentário faz parte de uma análise sobre a composição da chapa do Partido Republicano ao Congresso Legislativo do Paraná, chapa formada por egressos do Partido Conservador, a exemplo de Ildefonso Correia:

A funesta política das oligarquias, que atrofiou o Paraná e matou completamente a iniciativa particular; essa política que tratava somente dos arranjos de família e desprezava os interesses do povo, de que só se lembravam por ocasião das eleições; essa política dos ignorantes e dos compadres, que antepunha ao bem público a satisfação das ambições de meia dúzia; essa política ruim, sem patriotismo, sem ideal, sem princípios, está sendo levantada novamente pela República [jornal ligado aos governistas do Paraná].122 122 DIÁRIO DO COMMERCIO. Curitiba, n. 54, 7 mar. 1891, p. 3.

O poder político da família Correia experimentou uma redução a partir dos anos 1890. Na década seguinte, os seus membros já se encontravam afastados das instituições políticas. De maneira análoga ao caso da família Prado, de São Paulo, no decorrer da Primeira República os remanescentes da família Correia se integraram ao campo oposicionista de seu estado de origem123 123 O desfecho da carreira política do citado Antônio da Silva Prado, no fim dos anos 1920, foi marcado pela participação em uma agremiação oposicionista, o Partido Democrático. Cf. PRADO, Maria Lígia Coelho. A democracia ilustrada: o Partido Democrático de São Paulo, 1926-1934. São Paulo: Ática, 1986. Uma diferença entre as famílias Correia e Prado reside no fato de que a primeira conheceu já nos anos 1890 o esgotamento de sua influência política. No início da Primeira República, por exemplo, o ex-senador Manuel Francisco Correia alimentou a pretensão de se inserir na vida partidária do Paraná. JORNAL DO COMMERCIO. Rio de Janeiro, n. 155, 5 jun. 1890, p. 2. Porém, ele não teve o apoio das agremiações de seu estado natal. Nessa época, Antônio da Silva Prado conseguiu ser eleito deputado federal por São Paulo. Cf. LEVI, Darell E. A Família Prado… Op. cit. .

Um dos integrantes dessa parentela que atuou na vida partidária era o jornalista Leôncio Correia (1865-1950), sobrinho de Ildefonso Correia. Na primeira década republicana, esse escritor pertenceu ao campo da situação. No início dos anos 1900, mudou de posição no quadro partidário. Nos decênios de 1900 e 1910, ele tentou se consolidar como liderança oposicionista no Paraná, porém malogrou em todas as suas candidaturas. Após deixar o grupo governista, Leôncio Correia não teve destacada atuação política124 124 Na condição de oposicionista, Leôncio Correia disputou eleições para os cargos de senador e deputado federal. A sua última derrota eleitoral ocorreu em 1918, em uma disputa para a Câmara dos Deputados. Ele angariou 293 votos. Por consequência, obteve a sexta - e última - colocação no pleito. BRASIL. Anais da Câmara dos Deputados. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1919, v. 1, p. 85-86. .

Egresso do Partido Republicano, o advogado Manuel de Alencar Guimarães (1865-1940) foi o principal nome da oposição paranaense de meados dos anos 1910 ao início dos anos 1920. Ele era neto de um aliado de Ildefonso Correia, a saber, o citado negociante Manuel Antônio Guimarães. O grupo oposicionista que Alencar Guimarães comandou era eleitoralmente pouco competitivo. Os partidos de oposição fundados por esse bacharel não conseguiram contrabalançar o predomínio da agremiação situacionista125 125 De 1915 a 1921, ele liderou as seguintes agremiações: Concentração Republicana (1915), Partido Republicano Conservador (1915-1918), Partido Autonomista (1919-1921). Porém os candidatos lançados por tais partidos não foram eleitos. Acerca da filiação partidária dos membros da elite política paranaense da Primeira República, cf. GOULART, Mônica Helena Harrich Silva. Classe dominante e jogo político… Op. cit. .

A atuação de Alencar Guimarães como liderança oposicionista foi alvo de críticas. A imprensa governista salientou que ele estava apegado ao modelo de gestão partidária que seus ascendentes aplicaram ao tempo do Império. Tratava-se do modelo da centralização de decisões por um chefe supremo, modelo esse que inviabilizava a renovação do quadro político estadual126 126 Em 1921, época derradeira de sua atuação como oposicionista, Alencar Guimarães era criticado pelo modo como geria as agremiações oposicionistas. Os críticos desse bacharel consideravam que, em virtude do exacerbado controle que impusera aos partidos que presidiu, ele tornou inviável o aparecimento de novas lideranças no campo da oposição. A REPÚBLICA. Curitiba, n. 17, 21 jan. 1921, p. 1. .

No Paraná, a passagem do Império para a República não promoveu uma rápida diminuição da força eleitoral de antigas parentelas. Porém o jogo partidário que existiu nesse estado não era estanque. Em virtude do aparecimento de novas lideranças no partido governista, os integrantes da família Correia vivenciaram a redução de sua força política no decorrer da Primeira República127 127 De fato, houve descendentes de lideranças conservadoras que tiveram uma estável participação no jogo político no Paraná, no início Primeira República. Alguns desses descendentes se acomodaram em posições pouco destacadas no interior do partido governista. Atente-se, por exemplo, ao caso da família Miró. Nos anos 1890, seus integrantes se vincularam aos quadros do Partido Republicano paranaense. Filiados a essa grei, os irmãos Joaquim e Manuel Miró exerceram mandatos ao Congresso do Paraná nos decênios de 1890 e 1900. Contudo jamais pertenceram à cúpula da agremiação situacionista. Eles eram filhos do dirigente conservador Manoel Miró. Acerca das conexões familiares e atividades econômicas dessa parentela, cf. NEGRÃO, Francisco. Genealogia paranaense. Curitiba: Imprensa Oficial do Paraná, 2004. v. 2. .

6. Dispersão de correligionários, partidos minoritários e derrotas eleitorais: os percursos dos dirigentes do diretório dissidente do Partido Conservador paranaense

Nesta seção analisam-se os destinos políticos, ao tempo da Primeira República, dos dirigentes do diretório dissidente do Partido Conservador paranaense. De um lado, cumpre demonstrar que as trajetórias desses indivíduos foram marcadas por limitações quanto à atuação nas lides partidárias. Foram ocasionais os êxitos eleitorais dos membros desse grupo. Nesse contexto, eram instáveis as suas relações com as agremiações da situação e da oposição.

De outro lado, é evidenciado que esses egressos do Partido Conservador não se mantiveram como aliados após o ano de 1889. Em sua maior parte, eles não atuaram juntos nos partidos de oposição. Foi pouco duradoura a união entre esses dissidentes. No período em tela, uma semelhança entre tais indivíduos era a posição secundária que ocuparam nas agremiações que combatiam o partido situacionista do Paraná. Para a corroboração dessas afirmações, é necessário dedicar atenção às informações inseridas no Quadro 4.

Quadro 4
Atuação política e profissional dos membros do diretório dissidente do Partido Conservador paranaense (época da Primeira República)

As informações contidas nesse Quadro permitem a elaboração de cinco constatações. Primeiro, verifica-se que a maior parte dos dissidentes almejou se inserir no cenário partidário do Paraná republicano. Essa tentativa de permanência na vida política não foi acompanhada pela manutenção da aliança entre os mencionados dissidentes. O fim do regime monárquico pôs fim à unidade entre os antagonistas do diretório oficial do Partido Conservador paranaense. De todo modo, uma semelhança entre os dissidentes ao tempo da Primeira República diz respeito à sua atividade econômica. Outra semelhança é referente à natureza de seus vínculos sociais.

Tais indivíduos continuaram atuantes em ramos do comércio. Houve dissidentes que se assemelhavam em virtude do pertencimento a um círculo social composto por membros da elite de negociantes e funcionários públicos do litoral do estado. Ricardo de Souza Dias Negrão (1835-1921) e Tobias de Macedo integraram esse grupo de egressos do Partido Conservador do Paraná.

Em 1895, um sobrinho de Ricardo Negrão se casou com uma filha de Antônio José de Santana. Radicado em Paranaguá, Antônio José era Inspetor da Alfândega local. Vinculado ao campo situacionista, ele era envolvido em esquemas de preenchimento de cargos públicos. Negrão foi testemunha desse matrimônio. Realizado naquela cidade portuária, o evento denota a existência de interações, no período republicano, entre ex-integrantes do Partido Conservador. A esse respeito, cabe salientar que uma das testemunhas da união foi o negociante Antônio Henriques Gomes, o qual pertencera a essa agremiação128 128 A REPÚBLICA. Curitiba, n. 176, 31 jul. 1895, p. 1. .

Tobias de Macedo, por sua vez, dedicou-se a gerir a empresa Tobias de Macedo & Cia, cuja criação data de 1891129 129 CHAVES, Maria de Lourdes Marques. Voltando ao passado: histórico de determinadas indústrias e casas comerciais de Curitiba. Curitiba: Fiep, 1995, p. 75. Tobias de Macedo não manteve vínculo formal com um partido durante a Primeira República. No entanto, é possível enquadrá-lo como um oposicionista pelo fato de que foi um apoiador da candidatura de Rui Barbosa à Presidência da República em 1910. DIÁRIO DA TARDE. Curitiba, n. 3431, 24 fev. 1890, p. 2. . Sebastião de Santana Lobo era sócio dessa firma. Em 1890, ele exerceu o cargo de vogal da Intendência Municipal de Paranaguá130 130 A REPÚBLICA. Curitiba, n. 219, 21 set. 1890, p. 2. . De 1892 a 1893, atuou como suplente de vereador em Curitiba131 131 A REPÚBLICA. Curitiba, n. 115, 4 jun. 1893, p. 4. . Assim, houve dissidentes que cultivaram laços econômicos e familiares com novos personagens da vida político-administrativa do estado.

Por fim, salienta-se o caso de Zacarias de Paula Xavier (1854-1925). Nos anos 1890, ele presidiu a Associação Comercial do Paraná, uma entidade composta pela elite empresarial do estado. A projeção social que esse indivíduo obteve decorreu de sua capacidade de articular a concretização de demandas de seu grupo profissional132 132 Ao tempo em que Zacarias Xavier presidiu a Associação Comercial do Paraná, uma das ações mais frequentes dessa entidade era demandar ao Governo Federal e ao Governo Estadual a suspenção do aumento de tarifas que incidiam sobre os negócios do empresariado paranaense. A REPÚBLICA. Curitiba, n. 17, 17 jan. 1896, p. 2. . Dessa forma, uma parcela dos dissidentes conservadores permaneceu ativa na vida empresarial ao tempo da Primeira República. Nessa época, eles estiveram mais inclinados a ampliar suas conexões sociais com membros da elite econômica do estado do que a atuar permanentemente no jogo político.

A segunda constatação, por seu turno, afirma que foi pouco duradoura a presença dos conservadores dissidentes nas instituições políticas do Paraná republicano. A atuação de tais indivíduos foi limitada a dois momentos: o início dos anos 1890 e os meados da década de 1910. Houve dois fatores que permitiram a esses dissidentes exercer cargos administrativos e mandatos eletivos. Um deles consistiu na aproximação circunstancial com os situacionistas. Tal pertencimento possibilitou que Justiniano de Mello desempenhasse o posto de diretor da Instrução Pública do Paraná de 1891 a 1892133 133 A REPÚBLICA. Curitiba, n. 724, 30 jul. 1892, p. 3. .

O outro fator era a prática, adotada pelos governistas, de não apresentação de chapas completas em pleitos para cargos do Poder Legislativo. Essa prática permitiu a José Francisco da Rocha Pombo (1857-1933) ser eleito deputado ao Congresso do Paraná em 1915. Nesse pleito, ele fez parte da chapa de candidatos apresentada pela Associação Comercial do Paraná. Na ocasião, os governistas destinaram dez cadeiras à oposição134 134 A REPÚBLICA. Curitiba, n. 263, 12 nov. 1915, p. 2. .

Em suma, o exercício de cargos públicos pelos referidos dissidentes se tornou possível em virtude de concessões dos governistas. Uma concessão era facultar a antigos opositores a participação em esquemas de nomeações para cargos comissionados. Outra concessão consistia no entendimento segundo o qual, ocasionalmente, caberia aos situacionistas assegurar aos seus adversários um terço das vagas nas instituições legislativas.

A terceira constatação afirma que os conservadores dissidentes se dispersaram por partidos minoritários. Essas agremiações se caracterizaram pela baixa competitividade eleitoral e pela breve duração. Ao mesmo tempo, cabe destacar que uma parte dos dissidentes que se filiaram a pequenos partidos não conquistou uma posição de protagonismo no interior dos diretórios. Esse protagonismo foi exercido de forma breve pelos dissidentes que participaram de agremiações fundadas nos anos seguintes à implantação da República. Compete, assim, reconhecer as semelhanças e diferenças entre as agremiações mencionadas no Quadro 4.

Dentre os partidos minoritários que constam no Quadro 4, o Partido Operário foi aquele cuja atividade eleitoral mais intensa data de 1890, o seu ano de fundação. Nesse contexto, a grei conseguiu apresentar uma chapa completa para o Senado Federal e para a Câmara dos Deputados135 135 SETE DE MARÇO. Curitiba, n. 123, 6 set. 1890, p. 4. . Os postulantes apresentados pelo partido não foram eleitos136 136 A REPÚBLICA. Curitiba, n. 243, 19 out. 1890, p. 3. . Conforme ressaltado, Justiniano de Mello pertenceu a essa grei e foi um dos principais divulgadores das ideias programáticas desse partido137 137 SETE DE MARÇO. Curitiba, n. 106, 10 mai. 1890, p. 1. .

Foi breve o período em que esse bacharel se manteve politicamente articulado ao operariado paranaense. Mello, portanto, não exerceu marcante liderança junto a tal grupo profissional. Em 1897, ele deixou o Paraná e retornou a Sergipe, seu estado natal138 138 ALVES, Alessandro Cavassin. A Província do Paraná… Op. cit., p. 415. . Essas informações evidenciam que foram pouco estáveis as ligações mantidas pelos conservadores dissidentes com os partidos estaduais. Foram pouco numerosos os momentos em que os dissidentes ocuparam posições destacadas nessas agremiações. Eles não exerceram um prolongado protagonismo na vida partidária estadual pelo fato de que adotaram um comportamento político muito inconstante.

Cumpre mencionar que o dissidente Conrado Kruckmann também se aproximou dos operários. Essa aproximação não foi realizada em conjunto com Justiniano de Mello. Os dissidentes não desenvolveram um projeto comum para amealhar o apoio eleitoral dos trabalhadores. Salienta-se que, em 1893, Kruckmann foi dirigente do Centro Operário Cosmopolita. Essa entidade lançou candidaturas de deputado estadual naquele ano. Kruckmann fez parte dessa chapa. A agremiação, porém, não conseguiu eleger os seus postulantes e se dissolveu139 139 A REPÚBLICA. Curitiba, n. 125, 16 jun. 1893, p.3. .

Em suma, uma estratégia adotada por uma parcela dos dissidentes consistiu em se aproximar de novos personagens da cena política, sobretudo os operários. Porém as agremiações criadas para absorver tal parcela do eleitorado não atingiram um grau de organização interna suficiente para disputar eleições consecutivas e formar uma relevante base eleitoral.

Sustenta-se, por conseguinte, a quarta constatação. As informações do Quadro 4 evidenciam que houve uma tentativa de ação política unificada entre alguns dos dissidentes. Uma ala dos insurgentes tentou criar um partido que se tornasse uma alternativa tanto à agremiação predominante (Partido Republicano) quanto ao partido de oposição mais antigo (União Republicana). Para alcançar esse objetivo, foi implantado o Partido Democrático em 1892140 140 O DEMOCRATA. Curitiba, n. 1, 19 abr. 1892, p. 1. . Extinta no ano seguinte ao de sua fundação, essa grei não participou de disputas eleitorais141 141 NEGRÃO, Francisco. Genealogia paranaense… Op. cit., p. 318. .

Trata-se de salientar dois aspectos inerentes ao contexto da implantação do Partido Democrático. Primeiro, o surgimento dessa grei evidencia que a atividade política dos dissidentes foi mais intensa no período em que havia uma cena partidária mais diversificada. Na época, no Paraná, havia maior número de partidos minoritários em atividade. Segundo, nesse contexto, os contendores do governismo ainda eram eleitoralmente competitivos142 142 Em 1892, por exemplo, o partido oposicionista denominado União Republicana lançou um candidato ao Senado. Seu postulante foi derrotado pelo candidato situacionista. Contudo a oposição conseguiu vencer em dez dos trinta e um municípios paranaenses. A REPÚBLICA. Curitiba, n. 703, 21 jun. 1892, p. 2. .

Dessa maneira, nota-se que a atividade política dos dissidentes começou a arrefecer após as primeiras derrotas eleitorais dos partidos aos quais pertenceram. O fato de alguns dos dirigentes do Partido Democrático terem migrado para o grupo situacionista evidencia que não houve uma unidade suficiente para que os conservadores insurgentes permanecessem dedicados por longo tempo ao projeto de manter uma agremiação oposicionista em funcionamento. Essa situação não foi peculiar apenas à história política do Paraná. A historiografia tem demonstrado que, no período em tela, não era incomum o rompimento da aliança entre oposicionistas nos estados143 143 No Rio Grande do Sul, os dissidentes do partido governista não mantiveram uma perene aliança. A adoção de movimentos conjuntos no campo político foi limitada ao início dos anos 1890. Cf. SACCOL, Tassiana Maria Parcianello. De líderes históricos a opositores: as dissidências republicanas e o jogo político regional (Rio Grande do Sul, 1890-1907). 2018. 190 f. Tese (Doutorado em História) - Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2018. .

Por fim, fundamenta-se a quinta constatação desta seção. Foi pouco relevante o número de dissidentes que permaneceram ativos na vida política do Paraná após os malogros eleitorais experimentados de 1890 a 1892. Foi longa a ausência desses veteranos nas eleições e nos quadros partidários. Os citados Rocha Pombo e Zacarias Xavier puseram fim a essa longa ausência. Porém eles experimentaram dificuldades ao regressarem à cena política. Em 1913, Rocha Pombo não teve sucesso em sua candidatura de deputado estadual pelo Partido Republicano Liberal144 144 A REPÚBLICA. Curitiba, n. 284, 18 dez. 1913, p. 2. , agremiação que funcionava em âmbito nacional. Seu líder maior era o senador Rui Barbosa145 145 LYNCH, Christian Edward Cyril. Da Monarquia à Oligarquia: história institucional e pensamento político brasileiro (1822-1930). São Paulo: Alameda, 2014, p. 91. .

Rocha Pombo não pertenceu à cúpula do partido no Paraná. Trata-se, assim, de uma evidência da redução da capacidade dos conservadores dissidentes de exercerem influência sobre a organização interna e as estratégias eleitorais da oposição. De outra parte, menciona-se que o Partido Republicano Liberal não prosperou nesse estado. No segundo semestre de 1915, o diretório regional da grei não lançou candidaturas. Em seguida, tal diretório se extinguiu146 146 A REPÚBLICA. Curitiba, n. 137, 16 jun. 1915, p. 1. Em tal época, foram encerradas as atividades desse partido nos demais estados. JORNAL DO BRASIL. Rio de Janeiro, n. 7, 7 jan. 1916, p. 9. .

Nos anos 1910, a oposição continuava a ter dificuldades para se tornar coesa e competitiva. Conforme destacado, Rocha Pombo conseguiu sua única vitória eleitoral, ao tempo da Primeira República, na qualidade de candidato de uma associação de classe. Ou seja, esse mandato não foi conquistado em decorrência do vínculo com um partido estadual. Nessa época, permanecia pouco consistente seu envolvimento no jogo eleitoral do Paraná. Em 1917, ao final de seu mantado no Congresso do Paraná, Rocha Pombo se desligou definitivamente da vida política regional147 147 Desde os anos 1890, Rocha Pombo residia na cidade do Rio de Janeiro. Portanto sua atuação política no Paraná republicano foi limitada às épocas em que lançou suas candidaturas de deputado estadual. Acerca da trajetória desse escritor, cf. BEGA, Maria Tarcisa da Silva. Letras e política no Paraná: simbolistas e anticlericais na República Velha. Curitiba: Editora UFPR, 2013, p. 74-93. .

Zacarias Xavier, por sua vez, foi membro do Partido Autonomista, agremiação constituída por egressos do campo governista. A criação desse partido foi decisiva para que antigos situacionistas se reintegrassem à cena política148 148 O Partido Autonomista contava com expressivo contingente de egressos do grupo situacionista do Paraná. Em sua maior parte, esses egressos romperam com os governistas em 1915. Acerca do contexto político em que ocorreu esse rompimento, cf. GOULART, Mônica Helena Harrich Silva. Classe dominante… Op. cit. . A participação de Xavier nessa grei se limitou à presença em reuniões dedicadas à montagem de uma chapa de candidatos a deputado estadual, em 1919149 149 A REPÚBLICA. Curitiba, n. 233, 3 out. 1919, p. 2. . Ao tempo de sua inserção no Partido Autonomista, havia 27 anos que ele não exercia um mandato. Nesse contexto, o predomínio da agremiação governista estava consolidado havia duas décadas. Era muito desigual a competição partidária no Paraná.

Um dos motivos dessa desigualdade é que, nos anos 1910, a agremiação governista abandonou a prática de não preencher por completo suas chapas de postulantes a cargos legislativos. A prática foi empregada pela última vez em 1915150 150 A REPÚBLICA. Curitiba, n. 227, 12 out. 1919, p. 1. . Por consequência, a oposição perdeu o pequeno espaço que eventualmente conquistava em instituições como o Congresso Estadual. A polarização partidária no Paraná, no fim daquela década, era menos acentuada em relação àquela que vigorava em áreas como o Distrito Federal151 151 Em 1918, no Distrito Federal, não era muito desigual o nível de competitividade eleitoral da Aliança Republicana e do Partido Republicano do Distrito Federal. Nesse ano, a Aliança Republicana elegeu quatro candidatos à Câmara Federal. Seu competidor, por sua vez, elegeu três deputados. Nesse contexto, também estava em funcionamento outra entidade política no Distrito Federal, o Centro Republicano. Tratava-se, assim, de uma cena partidária mais competitiva do que aquela que existia no Paraná. PINTO, Surama Conde Sá. Só para iniciados: o jogo político na antiga capital federal. Rio de Janeiro: Mauad, 2011, p. 103. .

A presença de Zacarias Xavier no grupo de correligionários do Partido Autonomista é uma evidência de que essa grei absorveu veteranos que haviam perdido espaço na cena partidária do estado. O desfecho da atividade política desse dissidente consistiu em experimentar a redução de sua projeção no jogo político. O desfecho ocorreu em um contexto em que antigos governistas haviam assumido o controle dos partidos da oposição paranaense.

7. Considerações finais

A finalidade deste artigo foi produzir conhecimento sobre as formas de atuação política, no contexto da Primeira República, de antigos dirigentes dos partidos monárquicos. Por meio da análise do caso do Paraná, foram reconhecidas as diferenças entre antigos dirigentes do Partido Conservador que concerne à natureza das oportunidades políticas que conquistaram após o fim do Império. A investigação desenvolvida ao longo deste trabalho permite a apresentação de três afirmações.

Primeiro, evidenciou-se que o Partido Conservador paranaense, às vésperas da implantação da República, estava internamente cindido. O principal fator dessa cisão era o modelo de gestão partidária que a agremiação adotou nos anos 1880. Assim, os conservadores paranaenses se dividiam entre defensores e opositores do modelo centralizado de gestão partidária. Os opositores advogavam a reativação dos diretórios. Eles defendiam, pois, a retomada das decisões colegiadas.

Ao pleitearem a reabertura e expansão dos diretórios, os conservadores dissidentes não buscavam apenas democratizar a vida interna do partido. Eles também almejavam recuperar a influência que exerceram sobre a agremiação na década de 1870. Esse antagonismo promoveu uma irreversível divisão entre as lideranças da grei. Desse modo, o caso da política paranaense contém evidências de que, no fim do Império, a vida política do Brasil foi marcada por divergências quanto à adoção de modelos de governo de diretórios partidários.

Segundo, demonstrou-se que, no Paraná dos anos 1890, defensores e críticos do modelo centralizado de gestão partidária seguiram percursos políticos muito distintos entre si. Os defensores desse modelo permaneceram unidos. A principal estratégia que deflagraram consistiu em estabelecer uma aliança com os republicanos históricos e se vincular à agremiação predominante no Paraná. A conquista de mandatos eletivos e de cargos comissionados foi o aspecto comum às trajetórias dos conservadores que controlaram o diretório oficial do partido nessa província. Após 1889, a atuação política dessa ala de dirigentes conservadores foi mais estável em relação à atuação de seus adversários da época do Império.

Terceiro, foi destacado que não prosperaram as iniciativas para os conservadores dissidentes permanecerem politicamente unidos após a extinção da Monarquia no Brasil. Uma semelhança entre os percursos desses dissidentes reside no fato de que mantiveram uma relação volúvel com os partidos. O lacônico pertencimento às agremiações minoritárias foi um elemento inerente a esses percursos. Em relação aos seus antigos contendores, tais indivíduos conquistaram posições menos decisivas na cena partidária estadual.

Os malogros eleitorais minaram a disposição desse grupo de conservadores para permanecerem ativos no jogo partidário. Em boa medida, a redução da competitividade eleitoral de tais dissidentes decorreu do aparecimento de uma nova geração de lideranças de oposição. Ela também foi derivada do fortalecimento eleitoral do Partido Republicano. Nesse cenário, a eleição de oposicionistas tornava-se inviável nos momentos em que os situacionistas decidiam disputar todas as vagas para os cargos do Poder Legislativo.

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  • 3
    Tal cisão ocorreu em 1876, época em que os conservadores liderados por Antônio da Silva Prado (1840-1929) se reuniram em um diretório denominado União Conservadora. Essa ala do partido realizou uma aliança com as lideranças paulistas do Partido Republicano. A aliança não foi aceita pelos conservadores que pertenciam ao grupo de João Mendes de Almeida (1831-1898). Em seguida, tal jurista se tornou o líder da dissidência conservadora. A distância entre ambos foi mantida nos anos 1880. GOMES, Amanda Muzzi. Fragilidade monarquista: das dissidências políticas do fim do Império às reações da primeira década republicana (1860-1900). 2013. 373 f. Tese (Doutorado em História Social) -Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2013, p. 111.
  • 4
    São pouco frequentes os avanços no entendimento sobre as formas de organização interna dos diretórios locais do Partido Conservador. Houve modestas inovações em relação às análises que se imbuíram de reconstituir as etapas do afastamento entre os próceres regionais dessa agremiação. Dentre esses trabalhos, cumpre mencionar DEBES, Célio. O Partido Republicano na propaganda (1872-1889). São Paulo: [s. n.], 1972; PRADO, Nazareth. Antônio Prado no Império e na República: seus discursos e atos. Rio de Janeiro: F. Briguiet, 1929.
  • 5
    Robert Conrad destacou que um fator capital para o dissídio entre os conservadores paulistas derivou da adesão do grupo de Antônio Prado à causa abolicionista. CONRAD, Robert. Os últimos anos da escravatura no Brasil: 1850-1888. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1978, p. 303-304. A relação entre a cisão no Partido Conservador paulista e as divergências sobre o problema da escravidão também foi assinalada por Paula Beiguelman. A esse respeito, cf. BEIGUELMAN, Paula. A formação do povo no complexo cafeeiro. São Paulo: Edusp, 2005, p. 78.
  • 6
    Identificaram-se os participantes de tal confronto no estudo de ALVES, Alessandro CavassinALVES, Alessandro Cavassin. A Provincia do Parana (1853-1889): a classe politica, a parentela no Governo. 2014. 495 f. Tese (Doutorado em Sociologia) - Universidade Federal do Parana, Curitiba, 2014.. A Província do Paraná (1853-1889): a classe política, a parentela no Governo. 2014. 495 f. Tese (Doutorado em Sociologia) - Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2014, p. 307-308.
  • 7
    Na historiografia, as disputas ocorridas entre lideranças políticas da Província de São Paulo permanecem como um frequente objeto de estudo. Nota-se, pois, o esforço para concatenar tais disputas a fenômenos como a crise do cativeiro no Brasil. Concernente aos conflitos políticos que surgiram em tal província no fim dos anos 1880, cf. SANTOS, Marco Aurélio. Lutas políticas, desagregação do escravismo e a desagregação da ordem escravista: Bananal, 1878-1888. Almanack, São Paulo, n. 11, p. 749-773, dez. 2015.
  • 8
    RIBEIRO, Filipe Nicoletti. Monarquia federativa e democrática: o Congresso Liberal de 1889 e os sentidos do reformismo nos anos finais do Império. Clio, Recife, n. 34, p. 52-72, 2016.
  • 9
    Dentre os políticos monarquistas de projeção nacional que foram objetos de investigações históricas, cabe mencionar os conservadores Antônio da Silva Prado e Francisco de Paula Rodrigues Alves (1848-1919). Cf. FRANCO, Afonso Arinos de Melo. Rodrigues Alves: apogeu e declínio do presidencialismo. Rio de Janeiro: José Olympio, 1973, 2 v.; LEVI, Darell E. A família Prado. São Paulo: Cultura 70, 1977.
  • 10
    Em verdade, José Ênio Casalecchi e Marieta de Moraes Ferreira destacaram a presença de remanescentes das agremiações monarquistas nas agremiações predominantes existentes nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro nos anos 1890, respectivamente. CASALECCHI, José Ênio. O Partido Republicano Paulista: política e poder (1889-1926). São Paulo: Brasiliense, 1987; FERREIRA, Marieta de Moraes. Em busca da Idade de Ouro: elites políticas fluminenses na Primeira República (1889-1930). Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1994. Contudo a historiografia ainda carece de análises acerca das diferenças entre os monarquistas no que concerne à duração de suas carreiras políticas ao tempo da Primeira República. Em última instância, ela se ressente da falta de estudos que deem maior atenção às distinções quanto à força eleitoral dos egressos dos partidos monárquicos.
  • 11
    A esse respeito, nota-se maior ênfase no estudo sobre a reorganização da vida política de pequenos municípios após 1889. Cf. CAMELUCCI, Anderson Luís. Crise monárquica e experiências de República no município de Franca (1880-1906). 2008. 160 f. Dissertação (Mestrado em História) - Universidade Estadual “Júlio de Mesquita Filho”, Franca, 2008; MARTINY, Carina. “Os seus serviços públicos e políticos estão de certo modo ligados à prosperidade do município”: constituindo redes e consolidando o poder: uma elite política local (São Sebastião do Caí, 1875-1900). 2010. 364 f. Dissertação (Mestrado em História) - Universidade do Vale do Rio dos Sinos, São Leopoldo, 2010.
  • 12
    Acerca das origens e bases de tal metodologia, cf. CHARLE, Christophe. A prosopografia ou biografias coletivas: balanço e perspectivas. In: HEINZ, Flávio (org.). Por outra história das elites. Rio de Janeiro: FGV Editora, 2010, p. 41-54; STONE, Lawrence. Prosopografia. Revista de Sociologia e Política, Curitiba, n. 39, p. 115-137, 2011.
  • 13
    ROY, Fernande; SAINT-PIERRE, Jocelyn. A alta redação dos jornais de Quebec (1850-1920). In: HEINZ, Flávio (Org.). Por outra história das elites… Op. cit., p. 204-205. Há tempos, tal perspectiva de análise é adotada em estudos alusivos à vida política do Segundo Reinado e da Primeira República. O método prosopográfico foi empregado, por exemplo, na investigação de José Murilo de Carvalho acerca da composição da elite imperial. Ele também foi adotado por Sergio Miceli em sua análise dos processos de absorção de intelectuais pelo Estado a partir da Primeira República. Cf. CARVALHO, José Murilo de. A construção da ordem: a elite política imperial. Rio de Janeiro: Campus, 1980; BARROS, Sergio Miceli Pessôa de. Biografia e cooptação (estudo atual das fontes para a história social e política das elites do Brasil). In: BARROS, Sergio Miceli Pessôa de. Intelectuais à brasileira. São Paulo: Companhia das Letras, 2001, p. 345-356. Analogamente à abordagem desenvolvida nessas obras, o estudo das trajetórias coletivas empreendido neste artigo confere maior ênfase a informações sobre origens familiares, carreiras profissionais e atuação político-partidária. Trata-se de reconhecer as esferas da vida social nas quais houve o convívio entre os líderes paranaenses do Partido Conservador. Assim, a abordagem prosopográfica permite identificar a natureza e a gênese das relações entre esses aliados. Em síntese, ela possibilita reconhecer as interações entre esses indivíduos no interior dos partidos, da administração pública, das redes familiares e das empresas da província.
  • 14
    As informações estudadas neste artigo foram extraídas de jornais editados nas cidades de Curitiba, Rio de Janeiro e São Paulo. Esses periódicos estão disponíveis para consulta no sítio eletrônico da Hemeroteca Digital Brasileira: memoria.bn.br. Acesso em: 2 fev. 2021.
  • 15
    CORREIO PAULISTANO. São Paulo, n. 3627, 10 jul. 1867, p. 2.
  • 16
    Além de São Paulo, as províncias nas quais houve rápida reativação de diretórios conservadores eram seguintes: Alagoas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Minas Gerais, Pernambuco. O CONSTITUCIONAL. Desterro, 11 set. 1867, p. 2. Acerca da reorganização do Partido Conservador em Minas Gerais, em 1867, cf. SALDANHA, Michel Diogo. A ordem na barriga do progresso: o Partido Conservador e as relações de poder em Minas Gerais (1860-1868). 2020. 210 f. Dissertação (Mestrado em História) -Universidade Federal de São João del-Rei, São João del-Rei, 2020, p. 160.
  • 17
    Cumpre salientar que a primeira iniciativa voltada à implantação de um diretório conservador do Paraná data de setembro de 1868. Na ocasião, o diretório instaurado na cidade de Curitiba assumiu o nome de Grêmio Conservador do Paraná. CORREIO MERCANTIL. Rio de Janeiro, n. 271, 2 out. 1868, p. 2. O retorno dos conservadores ao comando do Gabinete Ministerial, em 16 de julho de 1868, estimulou a reorganização do partido do Paraná. A principal finalidade do primeiro diretório consistiu em sustentar as candidaturas da grei às duas vagas de deputado geral pelo Paraná. DEZENOVE DE DEZEMBRO. Curitiba, n. 970, 24 jan. 1869, p. 3. Após a eleição, foram pouco frequentes os encontros realizados pelos membros nesse diretório. Em 1870, por exemplo, o diretório voltou a se reunir para tratar da ação do partido no pleito para a Assembleia Legislativa. DEZENOVE DE DEZEMBRO. Curitiba, n. 1.151, 23 nov. 1870, p. 3. No contexto correspondente ao fim dos anos 1860 e ao início dos anos 1870, o diretório conservador da província atuou como um comitê eleitoral, cuja atividade era circunscrita a uma campanha política.
  • 18
    Tal candidato era o advogado Bento Fernandes de Barros (1834-1908), natural da Província do Ceará.
  • 19
    ALVES, Alessandro Cavassin. A Província do Paraná… Op. cit., p. 188.
  • 20
    Ao analisar os eventos da campanha eleitoral ocorrida no Paraná, em 1872, o advogado Manuel Alves de Araújo (1836-1908), do Partido Liberal, formulou o seguinte comentário: “Eis que surge a candidatura do Sr. Dr. Manuel Eufrásio Correia, recebida pelo Partido Conservador [paranaense] como desairosa aos seus brios, por expressar unicamente o predomínio de uma família”. ARAÚJO, Manuel Alves de. Histórico da eleição da Província do Paraná. Rio de Janeiro: Villeneuve, 1872, p. 4. De fato, em tal época já se iniciara o fortalecimento político dos membros família Correia. A esse respeito, cumpre salientar que o primeiro colocado no pleito de deputado geral do Paraná, em 1872, foi o bacharel Manuel Francisco Correia (1831-1905), sobrinho de Eufrásio Correia.
  • 21
    DEZENOVE DE DEZEMBRO. Curitiba, n. 1845, 29 set. 1877, p. 4.
  • 22
    O PARANAENSE. Curitiba, n. 4, 30 dez. 1877, p. 4.
  • 23
    Tal eleição ocorreu na época em que o liberal Visconde de Sinimbu presidia o Gabinete. Ou seja, os adversários dos conservadores estavam politicamente fortalecidos. Em 1878, o resultado da votação para as duas vagas de deputado geral pelo Paraná foi o seguinte: Manuel Alves de Araújo (liberal), 254 votos; Sérgio de Castro (liberal), 241 votos; Manuel Eufrásio Correia (conservador), 20 votos; Adolfo Lamenha Lins (conservador), 19 votos; Jesuíno Marcondes de Oliveira e Sá (liberal), 12 votos. DEZENOVE DE DEZEMBRO. Curitiba, n. 1.935, 12 set. 1878, p. 3.
  • 24
    Em 1871, o citado bacharel Manuel Francisco Correia foi nomeado ministro dos Negócios Estrangeiros pelo presidente do Gabinete, o Visconde do Rio Branco. NEEDELL, Jeffrey D. The Party of Order: the Conservatives, the State, and Slavery in Brazilian Monarchy, 1831-1871. Stanford: Stanford University Press, 2006, p. 282. A integração de Manuel Francisco na elite política imperial também se constata no fato de que pertenceu ao Conselho de Estado, de 1887 a 1889. Cf. MARTINS, Maria Fernanda Vieira. A velha arte de governar: um estudo sobre política e elites a partir do Conselho de Estado (1842-1889). Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 2007, p. 157.
  • 25
    Acerca dos aspectos comuns aos perfis sociais de membros da elite imperial, cf. CARVALHO, José Murilo de. A construção da ordem… Op. cit.
  • 26
    O PARANAENSE. Curitiba, n. 42, 16 fev. 1879, p. 1.
  • 27
    DEZENOVE DE DEZEMBRO. Curitiba, n. 28, 13 abr. 1889, p. 1.
  • 28
    De setembro a novembro de 1885, tais diretórios foram implantados nas cidades de Antonina, Campo Largo, Castro, Guarapuava, Guaratuba, Ponta Grossa e Rio Negro. GAZETA PARANAENSE. Curitiba, n. 402, 17 nov. 1885, p. 3.
  • 29
    Em 20 de setembro de 1885, por exemplo, os gestores do diretório conservador de Guarapuava encaminharam a Eufrásio Correia uma carta na qual comunicavam a criação desse órgão. Esses gestores solicitaram àquele advogado o reconhecimento do novo diretório. Leia-se, pois, o seguinte excerto da mensagem: “Illm. Exm. Sr. Dr. Manoel Euphfrasio Corrêa. Temos a honra de levar ao conhecimento de V. Ex. que, tendo-se organizado o Partido Conservador desta parochia, foi por ele criado um directorio para representa-lo […]. Esperamos que V. Ex. e o Partido Conservador, atendendo a uma necessidade que há de nossa união, possa acolher-nos”. GAZETA PARANAENSE. Curitiba, n. 370, 9 out. 1885, p. 1.
  • 30
    CORREIO PAULISTANO. São Paulo, n. 8.589, 10 abr. 1885, p. 2.
  • 31
    CORREIO PAULISTANO. São Paulo, n. 8.711, 5 set. 1885, p. 1.
  • 32
    CORREIO PAULISTANO. São Paulo, n. 9.229, 5 jun. 1887, p. 3.
  • 33
    CORREIO PAULISTANO. São Paulo, n. 8.543, 11 fev. 1885, p. 2.
  • 34
    Acerca das relações familiares entre membros da elite política paranaense do século XIX, cf. OLIVEIRA, Ricardo Costa de. O silêncio dos vencedores: genealogia, classe dominante e Estado do Paraná (1853-1930). Curitiba: Moinho do Verbo, 2001.
  • 35
    A REPÚBLICA. Curitiba, n. 12, 20 mar. 1888, p. 1.
  • 36
    A imprensa republicana do Paraná considerou que a candidatura de Manuel Antônio Guimarães foi imposta pela dinastia que comandava o Partido Conservador nessa província. De acordo com o jornal A República, os dirigentes locais da agremiação impediram a renovação do quadro de lideranças do partido. A REPÚBLICA. Curitiba, n. 12, 20 mar. 1888, p. 1. A imprensa liberal também combateu a candidatura de Guimarães. Segundo o jornal Dezenove de Dezembro, esse negociante não era dotado de preparação intelectual para atuar no Parlamento do Império. DEZENOVE DE DEZEMBRO. Curitiba, n. 30, 18 abr. 1888, p. 1.
  • 37
    Entre as décadas de 1850 e 1880, a atuação política de Manuel Antônio Guimarães foi marcada pelo exercício de mandatos na Assembleia Legislativa do Paraná e na Câmara Municipal de Paranaguá. ALVES, Alessandro Cavassin. A Província do Paraná… Op. cit., p. 357.
  • 38
    DEZENOVE DE DEZEMBRO. Curitiba, n. 32, 29 abr. 1888, p. 2.
  • 39
    Nessa época, por exemplo, o conservador Trajano Marques foi derrotado pelo liberal Alfredo Marques na disputa por uma vaga de deputado provincial pelo 2º Distrito Eleitoral do Maranhão. GAZETA DE NOTÍCIAS. Rio de Janeiro, n. 155, 4 jun. 1888, p. 1. Na cidade mineira de Ouro Preto, por sua vez, o Partido Conservador não conseguiu eleger um candidato na disputa por vaga à Câmara Municipal. GAZETA DE NOTÍCIAS. Rio de Janeiro, n. 198, 17 jul. 1888, p. 2.
  • 40
    GAZETA DE NOTÍCIAS. Rio de Janeiro, n. 23, 23 jan. 1888, p. 1.
  • 41
    A respeito dos projetos sobre o fim da escravidão sustentados por membros do Partido Conservador, cf. NASCIMENTO, Carla Silva do. O Barão de Cotegipe e a crise do Império. 2012. 130 f. Dissertação (Mestrado em História) - Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2012.
  • 42
    BARMAN, Roderick J. Imperador cidadão. São Paulo: Editora Unesp, 2012, p. 455.
  • 43
    SETE DE MARÇO. Curitiba, n. 5, 23 maio 1888, p. 4.
  • 44
    Em 1877, Justiniano de Mello e Joaquim de Almeida exerceram, respectivamente, a 2ª e a 3ª vice-presidência do diretório conservador do Paraná. DEZENOVE DE DEZEMBRO. Curitiba, n. 1.845, 29 set. 1877, p. 4.
  • 45
    DEZENOVE DE DEZEMBRO. Curitiba, n. 21, 16 mar. 1889, p. 2.
  • 46
    A REPÚBLICA. Curitiba, n. 44, 21 nov. 1889, p. 3.
  • 47
    Acerca da operacionalidade do método prosopográfico para os estudos de história política, cf. FERRARI, Marcela. Prosopografía e historia política: algunas aproximaciones. Antíteses, Londrina, v. 3, n. 5, p. 529-550, 2010.
  • 48
    Tal sociedade foi constituída para arrematar o contrato das passagens do rio Cubatão, em Morretes. Os citados negociantes adquiriram, no Governo de São Paulo, o direito de cobrar taxas pela movimentação de embarcações no mencionado rio. Esse contrato vigorou no triênio 1824-1826. SANTOS, Antônio Vieira dos. Memória histórica da Vila de Morretes. Curitiba: Museu Paranaense, 1950, p. 124.
  • 49
    Em 1876, o negociante Antônio Ricardo dos Santos Filho (1819-1888), pai de Antônio Ricardo dos Santos Neto e José Pereira dos Santos Andrade, concedeu um empréstimo de 25 contos de réis ao Governo do Paraná. DEZENOVE DE DEZEMBRO. Curitiba, n. 1.808, 19 maio 1877, p. 2.
  • 50
    Em 1890, a empresa da família de José Pereira dos Santos Andrade era a terceira maior exportadora paranaense de erva-mate. Nessa época, a companhia de Ildefonso Correia era a oitava maior exportadora. Por fim, a empresa da família de Manuel Miró ocupava a décima quarta posição no rol das companhias paranaenses que exportavam o referido produto. A REPÚBLICA. Curitiba, n. 170, 22 jul. 1890, p. 2.
  • 51
    A esse respeito, cf. LINHARES, Temístocles. História econômica do mate. Rio de Janeiro: José Olympio, 1969.
  • 52
    Na primeira metade do século XIX, as citadas famílias se consolidaram como integrantes das elites de municípios do litoral do atual Estado do Paraná. A parentela de José Pereira dos Santos Andrade pertenceu à elite dos negociantes de Morretes. De sua parte, os membros das famílias Correia e Miró estiveram envolvidos na vida econômica e política da cidade de Paranaguá. Acerca das práticas econômicas realizadas pelos negociantes do litoral do paranaense na referida época, cf. CAVAZZANI, André Luiz Moscaleski. Tendo o sol por testemunha: população portuguesa na Baía de Paranaguá (c. 1750-1830). 2013. 352 f. Tese (Doutorado em História Social) -Universidade de São Paulo, 2013. Na segunda metade do século XIX, as atividades econômicas desenvolvidas pela elite social do litoral paranaense não experimentaram substancial modificação. Nesse contexto, a posse de imóveis e de escravos permaneceu como o elemento central do patrimônio de tal elite. A esse respeito, cf. LEANDRO, José Augusto. Gentes do grande mar redondo: riqueza e pobreza na Comarca de Paranaguá (1850-1888). 2003. 336 f. Tese (Doutorado em História Social) - Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2003.
  • 53
    OLIVEIRA, Ricardo Costa de. O silêncio dos vencedores… Op. cit., p. 59.
  • 54
    Em 1885, Eduardo de Vasconcelos Chaves conquistou o cargo de tesoureiro do Tesouro Provincial do Paraná. GAZETA PARANAENSE. Curitiba, n. 357, 15 set. 1885, p. 1. Nesse ano, Vidal José de Siqueira obteve um cargo menos destacado no ordenamento administrativo do Paraná. O cargo era o de 2º suplente de subdelegado do Distrito Policial das colônias de Abranches, Lamenha e Santa Cândida, as quais estavam situadas em Curitiba. GAZETA PARANAENSE. Curitiba, n. 387, 29 out. 1885, p. 1.
  • 55
    Concernente às atividades econômicas desenvolvidas por Ildefonso Correia nas últimas décadas do século XIX, cf. COSTA, Odah Regina Guimarães. Ação empresarial do Barão do Serro Azul. Curitiba: Grafipar, 1981.
  • 56
    A REPÚBLICA. Curitiba, n. 73, 26 dez. 1889, p. 5.
  • 57
    A REPÚBLICA. Curitiba, n. 151. 29 jun. 1890, p. 2.
  • 58
    LINHARES, Temístocles. História Econômica do Mate… Op. cit., p. 176.
  • 59
    Tal membro era o engenheiro geógrafo José Teodoro de Sousa Lobo. Ele ocupou a função de 2º secretário do diretório conservador de Santa Catarina. GAZETA PARANAENSE. Curitiba, n. 365, 3 out. 1885, p. 4.
  • 60
    LIVRE PARANÁ. Paranaguá, n. 44, 27 out. 1885, p. 1-2.
  • 61
    Acerca da composição da elite política catarinense ao tempo do Segundo Reinado, cf. CABRAL, Oswaldo Rodrigues. História da Política de Santa Catarina durante o Império. Florianópolis: Ed. da UFSC, 2004.
  • 62
    Manuel Antônio Guimarães era a principal liderança conservadora do Paraná ao tempo da eleição do primeiro deputado geral da província, em 1855. Tal negociante foi o responsável por amealhar os apoios que permitiram a vitória eleitoral de seu genro, o advogado Antônio Cândido Ferreira de Abreu (1823-1876). CORREIO MERCANTIL. Rio de Janeiro, n. 83, 25 mar. 1855, p. 2.
  • 63
    A origem das conexões familiares entre membros da elite política do Paraná remonta ao período anterior à criação da província. A esse respeito, cf. OLIVEIRA, Ricardo Costa de. O silêncio dos vencedores… Op. cit. Cumpre também destacar que as famílias Macedo e Ribas principiaram a atuar em instituições políticas municipais a partir da época colonial. Houve membros de ambas as parentelas que exerceram cargos eletivos na cidade de Curitiba em diferentes contextos políticos. Nas épocas colonial e imperial, existiram integrantes de tais famílias que desempenharam funções na Câmara do município. Cf. CUNHA, Fernando. Elites políticas municipais no Brasil-Colônia: homens bons na Curitiba setecentista. 2003. 118 f. Dissertação (Mestrado em História) - Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2003.
  • 64
    SETE DE MARÇO. Curitiba, n. 62, 29 jun. 1889, p. 4.
  • 65
    SETE DE MARÇO. Curitiba, n. 48, 16 mar. 1889, p. 4.
  • 66
    GAZETA PARANAENSE. Curitiba, n. 61, 16 mar. 1889, p. 1.
  • 67
    Em 1889, por exemplo, os conservadores de Porto de Cima, município da região da Serra do Mar, optaram por participar das eleições gerais e apoiar o candidato do diretório oficial. Este era, portanto, o limite da autonomia das unidades municipais do Partido Conservador paranaense. SETE DE MARÇO. Curitiba, n. 62, 29 jun. 1889, p. 4.
  • 68
    SETE DE MARÇO. Curitiba, n. 68, 10 ago. 1889, p. 1.
  • 69
    Nessa província, nos anos finais do Império, os conservadores permaneciam divididos entre o grupo de Antônio Prado, majoritário, e o grupo de João Mendes de Almeida, dissidente. Mendes se candidatou a senador em 1888, mas não teve êxito no pleito. Nessa ocasião, os aliados de Prado foram bem-sucedidos nas eleições. BOEHRER, George C. A. Da Monarquia à República: história do Partido Republicano no Brasil (1870-1889). Rio de Janeiro: Ministério da Educação e Cultura, 1954, p. 109.
  • 70
    DEZENOVE DE DEZEMBRO. Curitiba, n. 118, 18 set. 1889, p. 2.
  • 71
    DEZENOVE DE DEZEMBRO. Curitiba, n. 119, 19 set. 1889, p. 2.
  • 72
    O grupo fundador do Partido Republicano paranaense era composto pelos dirigentes do Clube Republicano de Curitiba, criado em 1885. Nos anos finais do Império, o Clube já lançava candidaturas. Porém os postulantes que apoiava não eram eleitoralmente competitivos. A respeito da ação política dos republicanos históricos do Paraná, cf. CORRÊA, Amélia Siegel. Imprensa e política no Paraná: prosopografia dos redatores e pensamento republicano no final do século XIX. 2006. 230 f. Dissertação (Mestrado em Sociologia) -Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2006.
  • 73
    O Partido Operário foi instituído por membros do Clube dos Operários e Artistas Paranaenses. Desse modo, no início da Primeira República, no Paraná, o associativismo entre trabalhadores urbanos originou uma iniciativa de envolvimento nas lides partidárias. Todavia foi apenas no começo dos anos 1890 que essa grei atingiu um grau de organização interna necessário para lançar uma chapa completa de candidatos. Conforme demonstrado no decorrer deste artigo, a absorção de um político originário do Partido Conservador foi um aspecto inerente ao processo de formação do Partido Operário do Paraná. Ou seja, a agremiação não rejeitou a presença de um veterano da cena partidária do estado. Acerca das formas de ação política de trabalhadores no Paraná da Primeira República, cf. ARAÚJO, Sílvia; CARDOSO, Alcina. Jornalismo e militância operária. Curitiba: Editora UFPR, 1992; VALENTE, Silza Maria Pazello. A presença rebelde na cidade sorriso: contribuição ao estudo do anarquismo em Curitiba, 1890-1920. Londrina: Eduel, 1997.
  • 74
    Acerca da atividade política das famílias da elite social do Paraná no contexto da passagem do Império para a República, cf. OLIVEIRA, Ricardo Costa de. O silêncio dos vencedores… Op. cit.
  • 75
    No Paraná, particularmente na cidade de Curitiba, a formação do operariado das fábricas ocorreu a partir dos anos 1900. Para conhecer a relação das associações de trabalhadores criadas nesse estado ao tempo da Primeira República, cf. ARAÚJO, Sílvia; CARDOSO, Alcina. Jornalismo e militância operária… Op. cit., p. 149-158.
  • 76
    A atenção às profissões dos 29 filiados do Partido Operário que assinaram um manifesto contra as candidaturas lançadas pela grei em 1890 permite corroborar tal afirmação. Esses filiados estavam divididos nas seguintes ocupações: alfaiate (3), barbeiro (1), barriqueiro (7), carpinteiro (3), maquinista (1), marceneiro (3), marmorista (2), pedreiro (2), pintor (2), sapateiro (2), tamanqueiro (1), tanoeiro (2). GOULART, Mônica Helena Harrich Silva. Classe dominante e jogo político na Assembleia Legislativa do Paraná (1889-1930). 2008. 595 f. Tese (Doutorado em Sociologia) - Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2008, p. 302.
  • 77
    DIÁRIO DO COMMERCIO. Curitiba, n. 51, 4 mar. 1891, p. 3.
  • 78
    Para conhecer as propostas dos partidos operários no Brasil, nos anos 1890, cf. CARONE, Edgard. O Movimento Operário no Brasil (1873-1944). São Paulo: Difel, 1979.
  • 79
    Dentre as propostas do Partido Operário do Rio de Janeiro, estava a construção de habitações populares. Outra proposta era a criação de novas escolas públicas. SETE DE MARÇO. Curitiba, n. 106, 10 mai. 1890, p. 1.
  • 80
    Em relação ao surgimento de tais agremiações no início da Primeira República, cf. SCHMIDT, Benito Bisso. Os partidos socialistas na nascente República. In: FERREIRA, Jorge; REIS, Daniel Aarão. A formação das tradições (1889-1945). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2007, v. 1, p. 131-183.
  • 81
    A primeira associação de trabalhadores do Paraná foi criada na cidade de Curitiba, em 1883. Essa associação era denominada de Sociedade Protetora Beneficente dos Operários. DEZENOVE DE DEZEMBRO. Curitiba, n. 40, 27 jun. 1883, p. 4 Em julho de 1884, na capital paranaense, foi fundada a Sociedade Recreativa Beneficente dos Operários Alemães. CARNEIRO, Newton. Um precursor da justiça social: David Carneiro e a economia paranaense. Curitiba: Impressora Paranaense, 1965, p. 102.
  • 82
    Em 1890, um artífice ocupou uma posição central na vida interna do Partido Operário - o encadernador João Crispim Caetano da Silva. Ele exerceu o posto de secretário da agremiação. SETE DE MARÇO. Curitiba, n. 123, 6 set. 1890, p. 4.
  • 83
    O citado Justiniano de Mello Silva foi um político veterano que se integrou ao Partido Operário. Outro veterano que pertenceu a essa grei foi o empresário Agostinho Leandro da Costa (1857-1904), o primeiro presidente do Partido Operário. SETE DE MARÇO. Curitiba, n. 123, 6 set. 1890, p. 4. Ao tempo do Segundo Reinado, Agostinho Leandro exerceu um mandato de vereador em Morretes, município do litoral do Paraná. Ele foi eleito para tal cargo em 1882. DEZENOVE DE DEZEMBRO. Curitiba, n. 58, 2 ago. 1882, p. 3.
  • 84
    Cumpre mencionar que, em 1896, os membros da primeira diretoria do Partido Operário já não participavam da gestão do partido. A REPÚBLICA. Curitiba, n. 189, 21 ago. 1896, p. 3. Em síntese, em meados daquela década, a agremiação vivenciou um processo de desarticulação política entre as suas principais lideranças.
  • 85
    O Partido Operário elegeu um candidato a deputado estadual em 1892. A REPÚBLICA. Curitiba, n. 617, 17 fev. 1892, p. 2. Em 1896, a agremiação elegeu o seu segundo e último candidato para tal cargo. A REPÚBLICA. Curitiba, n. 214, 23 set. 1896, p. 2. Esses êxitos eleitorais foram decorrentes do fato de que o partido governista apresentou uma chapa incompleta. Assim, os grupos políticos minoritários disputaram as vagas restantes.
  • 86
    Em 1890, na cidade litorânea de Antonina, foi instalado um diretório do Partido Operário. SETE DE MARÇO. Curitiba, n. 114, 3 jul. 1890, p. 4. Em 1891, os correligionários dessa agremiação que residiam em Ponta Grossa, município do segundo planalto, ambicionaram criar um diretório local. Porém a instauração desse órgão foi proibida pelo delegado de Polícia. SETE DE MARÇO. Curitiba, n. 144, 7 fev. 1891, p. 3.
  • 87
    Em março de 1909, a agremiação situacionista adotou a denominação de Partido Republicano Paranaense. A REPÚBLICA. Curitiba, n. 72, 27 mar. 1909, p. 1.
  • 88
    Acerca da composição do quadro partidário do Paraná no início da Primeira República, cf. SÊGA, Rafael Augustus. Tempos belicosos: a Revolução Federalista no Paraná e a rearticulação da vida político-administrativa do Estado (1889-1907). Curitiba: Aos Quatro Ventos, 2005.
  • 89
    A agremiação estadual de existência mais breve foi o Partido Republicano Liberal, cuja duração abrangeu os meses de novembro de 1923 a fevereiro de 1924. O DIA. Curitiba, n.199, 16 fev. 1924, p. 4.
  • 90
    Essa situação perdurou até o fim da Primeira República. A última agremiação oposicionista criada no Paraná foi o Partido Democrático, em 1926. De modo semelhante às agremiações oposicionistas que o precederam, o Partido Democrático não conseguiu suplantar os postulantes da agremiação situacionista nas eleições parlamentares. No ano seguinte à sua fundação, ele já estava extinto. Cf. GRANATO, Natália Cristina. O Partido Democrático Paranaense: um estudo sobre os capitais familiares e sociais de seus dirigentes. Revista do Núcleo de Estudos Paranaenses, Curitiba, n. 1, p. 36-55, 2018.
  • 91
    DIÁRIO DO COMMERCIO. Curitiba, n. 103, 8 maio 1891, p. 3.
  • 92
    Acerca dos impactos eleitorais da utilização dessa estratégia em estados como Minas Gerais, cf. FIGUEIREDO, Vítor Fonseca. Voto e competição política na Primeira República: o caso de Minas Gerais. 2016. 273 f. Tese (Doutorado em História) - Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, 2016.
  • 93
    Para conhecer a natureza e efeitos das estratégias eleitorais das oposições estaduais em tal contexto, cf. RICCI, Paolo; ZULINI, Jaqueline Porto. Partidos, competição política e fraude eleitoral: a tônica das eleições na Primeira República. Dados, Rio de Janeiro, v. 57, n. 2, p. 443-479, 2014. Acerca das decisões da Comissão de Verificação de Poderes da Câmara dos Deputados sobre as reclamações apresentadas pelas oposições estaduais, cf. ZULINI, Jaqueline Porto. Modos do bom governo na Primeira República brasileira: o papel do Parlamento no regime de 1889-1930. 2016. 323 f. Tese (Doutorado em Ciência Política) - Universidade de São Paulo, São Paulo, 2016.
  • 94
    Em tal ocasião, a oposição paranaense contestou a vitória de Ubaldino do Amaral Fontoura (1842-1920) na eleição para o cargo de senador. A Comissão de Poderes do Senado acatou a reclamação e não reconheceu a eleição de Amaral. Em seguida, o candidato da oposição, Francisco Xavier da Silva (1838-1922), assumiu o mandato. GAZETA DE NOTÍCIAS. Rio de Janeiro, n. 159, 8 jun. 1915, p. 2.
  • 95
    Em 1903, os oposicionistas do Paraná não apresentaram candidaturas à Câmara dos Deputados. A REPÚBLICA. Curitiba, 14 jan. 1903, p. 1. No início dos anos 1920, a oposição estadual voltou a se desorganizar. Por consequência, não participou de disputas para os cargos dos Poderes Executivo e Legislativo. Essa situação se modificou em 1927. Nesse ano, os oposicionistas ligados ao Partido Democrático lançaram um candidato a deputado federal, porém não tiveram êxito no pleito. O DIA. Curitiba, n. 1.196, 25 mar. 1927, p. 1.
  • 96
    A REPÚBLICA. Curitiba, n. 56; 10 mar. 1915, p. 1.
  • 97
    DIÁRIO DO PARANÁ. Curitiba, n. 115, 6 set. 1890, p. 3.
  • 98
    Acerca dos conflitos políticos ocorridos no Paraná da Primeira República, cf. GOULART, Mônica Helena Harrich Silva. Classe dominante e jogo político… Op. cit.
  • 99
    No Rio de Janeiro, em meados dos anos 1890, o Partido Republicano estava cindido. FERREIRA, Marieta de Moraes. Em busca da Idade de Ouro… Op. cit., p. 124.
  • 100
    No ano de 1896, por exemplo, essa agremiação já tinha suas diretrizes administrativas. Tratava-se, pois, de um documento que tornava mais regrada a vida interna do partido. A REPÚBLICA. Curitiba, n. 256, 6 nov. 1896, p. 1. O propósito de atingir um nível maior de organização dos assuntos administrativos, no fim dos anos 1890, não foi exclusivo dos governistas paranaenses. Em Minas Gerais, a agremiação situacionista, denominada Partido Republicano Mineiro, também formulou as suas diretrizes administrativas. RESENDE, Maria Efigênia Lage de. Formação da estrutura de dominação em Minas Gerais: o novo PRM (1889-1906). Belo Horizonte: UFMG; Proed, 1982, p. 166-167.
  • 101
    A REPÚBLICA. Curitiba, n. 71, 22 mar. 1890, p. 2.
  • 102
    As nomeações obtidas por Vidal Siqueira nessa época foram as seguintes: (1) Presidente da Intendência do município de Tamandaré, localidade adjacente à capital paranaense; (2) Subdelegado; e (3) Inspetor Paroquial na cidade de Curitiba. A REPÚBLICA. Curitiba, n. 78, 30 mar. 1890, p. 2.
  • 103
    LOVE, Joseph. A Locomotiva: São Paulo na federação (1889-1937). São Paulo: Paz e Terra, 1982, p. 228.
  • 104
    No Estado de São Paulo, houve a aproximação entre alas do Partido Republicano Paulista e antigos membros do Governo Imperial. CASALECCHI, José Ênio. O Partido Republicano Paulista… Op. cit., p. 64-65. De sua parte, o Partido Republicano Fluminense, nos anos 1890, era controlado por republicanos históricos e antigos monarquistas. FERREIRA, Marieta Moraes. Em busca da Idade de Ouro… Op. cit., p. 120.
  • 105
    A reunião desse grupo ocorreu dois dias após a queda da Monarquia. Esse encontro contou com a participação de conservadores e liberais. DEZENOVE DE DEZEMBRO. Curitiba, n. 169, 18 nov. 1889, p. 1.
  • 106
    Acerca da ação política, no contexto da Primeira República, de defensores do regime monárquico, cf. JANOTTI, Maria de Lourdes Mônaco. Os subversivos da República. São Paulo: Brasiliense, 1986.
  • 107
    Acerca da composição do quadro de líderes dessa grei, cf. SÊGA, Rafael Augustus. Tempos belicosos… Op. cit.
  • 108
    DEZENOVE DE DEZEMBRO. Curitiba, n. 169, 18 nov. 1889, p. 1.
  • 109
    Em 1877, Tertuliano Teixeira era o presidente do diretório conservador do Paraná. Nessa ocasião, conforme destacado, Justiniano de Mello exercia a segunda vice-presidência desse órgão. DEZENOVE DE DEZEMBRO. Curitiba, n. 1.845, 29 set. 1877, p. 4
  • 110
    SETE DE MARÇO. Curitiba, n. 120, 15 ago. 1890, p. 4.
  • 111
    Tertuliano Teixeira foi o sétimo colocado nesse pleito. Ele angariou 6.907 votos. De sua parte, Justiniano de Mello obteve 165 sufrágios. Ele foi o septuagésimo primeiro colocado. Havia 36 vagas em disputa. DIARIO DO COMMERCIO. Curitiba, n. 103, 8 maio 1891, p. 3.
  • 112
    A REPÚBLICA. Curitiba, n. 76, 28 mar. 1890, p. 1.
  • 113
    DIARIO DO COMMERCIO. Curitiba, n. 103, 8 maio 1891, p. 3.
  • 114
    DIÁRIO DO COMMERCIO. Curitiba, n. 77, 6 abr. 1891, p. 3.
  • 115
    DIÁRIO DO COMMERCIO. Curitiba, n. 103, 8 maio 1891, p. 3.
  • 116
    No Paraná, durante as décadas de 1890 e 1900, os campos da situação e da oposição eram liderados por bacharéis. A situação era comandada por Vicente Machado da Silva Lima (1860-1907). A oposição, por seu turno, era controlada por Generoso Marques dos Santos (1844-1928). Acerca da atividade política de ambos os dirigentes partidários, cf. SÊGA, Rafael Augustus. Tempos belicosos… Op. cit.
  • 117
    José Pereira dos Santos Andrade foi eleito senador em 1890 e participou da Assembleia Nacional Constituinte. Nessa época, não era incomum a presença de antigos monarquistas em instituições políticas nacionais. Conforme salientado por Cláudia Viscardi, a Assembleia era composta por 17 senadores que haviam integrado os partidos monárquicos (9 liberais e 8 conservadores). Ela também era formada por 32 deputados provenientes do Partido Liberal e 24 originários do Partido Conservador. VISCARDI, Cláudia Maria Ribeiro. Unidos perderemos: a construção do federalismo republicano brasileiro. Curitiba: Editora CRV, 2017, p. 71.
  • 118
    Acerca dos perfis sociais e dos percursos políticos dos senadores brasileiros ao tempo da Primeira República, cf. SOUZA, Lucas Massimo Tonial Antunes de. A profissionalização da oligarquia no Brasil: um estudo sobre a estrutura da carreira política dos senadores na Primeira República. 2018. 173 f. Tese (Doutorado em Ciência Política) - Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2018.
  • 119
    GAZETA PARANAENSE. Curitiba, n. 72, 1 abr. 1887, p. 1.
  • 120
    GAZETA PARANAENSE. Curitiba, n. 93, 29 abr. 1887, p. 1.
  • 121
    A REPÚBLICA. Curitiba, n. 833, 15 dez. 1892, p. 1.
  • 122
    DIÁRIO DO COMMERCIO. Curitiba, n. 54, 7 mar. 1891, p. 3.
  • 123
    O desfecho da carreira política do citado Antônio da Silva Prado, no fim dos anos 1920, foi marcado pela participação em uma agremiação oposicionista, o Partido Democrático. Cf. PRADO, Maria Lígia Coelho. A democracia ilustrada: o Partido Democrático de São Paulo, 1926-1934. São Paulo: Ática, 1986. Uma diferença entre as famílias Correia e Prado reside no fato de que a primeira conheceu já nos anos 1890 o esgotamento de sua influência política. No início da Primeira República, por exemplo, o ex-senador Manuel Francisco Correia alimentou a pretensão de se inserir na vida partidária do Paraná. JORNAL DO COMMERCIO. Rio de Janeiro, n. 155, 5 jun. 1890, p. 2. Porém, ele não teve o apoio das agremiações de seu estado natal. Nessa época, Antônio da Silva Prado conseguiu ser eleito deputado federal por São Paulo. Cf. LEVI, Darell E. A Família Prado… Op. cit.
  • 124
    Na condição de oposicionista, Leôncio Correia disputou eleições para os cargos de senador e deputado federal. A sua última derrota eleitoral ocorreu em 1918, em uma disputa para a Câmara dos Deputados. Ele angariou 293 votos. Por consequência, obteve a sexta - e última - colocação no pleito. BRASIL. Anais da Câmara dos Deputados. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1919, v. 1, p. 85-86.
  • 125
    De 1915 a 1921, ele liderou as seguintes agremiações: Concentração Republicana (1915), Partido Republicano Conservador (1915-1918), Partido Autonomista (1919-1921). Porém os candidatos lançados por tais partidos não foram eleitos. Acerca da filiação partidária dos membros da elite política paranaense da Primeira República, cf. GOULART, Mônica Helena Harrich Silva. Classe dominante e jogo político… Op. cit.
  • 126
    Em 1921, época derradeira de sua atuação como oposicionista, Alencar Guimarães era criticado pelo modo como geria as agremiações oposicionistas. Os críticos desse bacharel consideravam que, em virtude do exacerbado controle que impusera aos partidos que presidiu, ele tornou inviável o aparecimento de novas lideranças no campo da oposição. A REPÚBLICA. Curitiba, n. 17, 21 jan. 1921, p. 1.
  • 127
    De fato, houve descendentes de lideranças conservadoras que tiveram uma estável participação no jogo político no Paraná, no início Primeira República. Alguns desses descendentes se acomodaram em posições pouco destacadas no interior do partido governista. Atente-se, por exemplo, ao caso da família Miró. Nos anos 1890, seus integrantes se vincularam aos quadros do Partido Republicano paranaense. Filiados a essa grei, os irmãos Joaquim e Manuel Miró exerceram mandatos ao Congresso do Paraná nos decênios de 1890 e 1900. Contudo jamais pertenceram à cúpula da agremiação situacionista. Eles eram filhos do dirigente conservador Manoel Miró. Acerca das conexões familiares e atividades econômicas dessa parentela, cf. NEGRÃO, Francisco. Genealogia paranaense. Curitiba: Imprensa Oficial do Paraná, 2004. v. 2.
  • 128
    A REPÚBLICA. Curitiba, n. 176, 31 jul. 1895, p. 1.
  • 129
    CHAVES, Maria de Lourdes Marques. Voltando ao passado: histórico de determinadas indústrias e casas comerciais de Curitiba. Curitiba: Fiep, 1995, p. 75. Tobias de Macedo não manteve vínculo formal com um partido durante a Primeira República. No entanto, é possível enquadrá-lo como um oposicionista pelo fato de que foi um apoiador da candidatura de Rui Barbosa à Presidência da República em 1910. DIÁRIO DA TARDE. Curitiba, n. 3431, 24 fev. 1890, p. 2.
  • 130
    A REPÚBLICA. Curitiba, n. 219, 21 set. 1890, p. 2.
  • 131
    A REPÚBLICA. Curitiba, n. 115, 4 jun. 1893, p. 4.
  • 132
    Ao tempo em que Zacarias Xavier presidiu a Associação Comercial do Paraná, uma das ações mais frequentes dessa entidade era demandar ao Governo Federal e ao Governo Estadual a suspenção do aumento de tarifas que incidiam sobre os negócios do empresariado paranaense. A REPÚBLICA. Curitiba, n. 17, 17 jan. 1896, p. 2.
  • 133
    A REPÚBLICA. Curitiba, n. 724, 30 jul. 1892, p. 3.
  • 134
    A REPÚBLICA. Curitiba, n. 263, 12 nov. 1915, p. 2.
  • 135
    SETE DE MARÇO. Curitiba, n. 123, 6 set. 1890, p. 4.
  • 136
    A REPÚBLICA. Curitiba, n. 243, 19 out. 1890, p. 3.
  • 137
    SETE DE MARÇO. Curitiba, n. 106, 10 mai. 1890, p. 1.
  • 138
    ALVES, Alessandro Cavassin. A Província do Paraná… Op. cit., p. 415.
  • 139
    A REPÚBLICA. Curitiba, n. 125, 16 jun. 1893, p.3.
  • 140
    O DEMOCRATA. Curitiba, n. 1, 19 abr. 1892, p. 1.
  • 141
    NEGRÃO, Francisco. Genealogia paranaense… Op. cit., p. 318.
  • 142
    Em 1892, por exemplo, o partido oposicionista denominado União Republicana lançou um candidato ao Senado. Seu postulante foi derrotado pelo candidato situacionista. Contudo a oposição conseguiu vencer em dez dos trinta e um municípios paranaenses. A REPÚBLICA. Curitiba, n. 703, 21 jun. 1892, p. 2.
  • 143
    No Rio Grande do Sul, os dissidentes do partido governista não mantiveram uma perene aliança. A adoção de movimentos conjuntos no campo político foi limitada ao início dos anos 1890. Cf. SACCOL, Tassiana Maria Parcianello. De líderes históricos a opositores: as dissidências republicanas e o jogo político regional (Rio Grande do Sul, 1890-1907). 2018. 190 f. Tese (Doutorado em História) - Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2018.
  • 144
    A REPÚBLICA. Curitiba, n. 284, 18 dez. 1913, p. 2.
  • 145
    LYNCH, Christian Edward Cyril. Da Monarquia à Oligarquia: história institucional e pensamento político brasileiro (1822-1930). São Paulo: Alameda, 2014, p. 91.
  • 146
    A REPÚBLICA. Curitiba, n. 137, 16 jun. 1915, p. 1. Em tal época, foram encerradas as atividades desse partido nos demais estados. JORNAL DO BRASIL. Rio de Janeiro, n. 7, 7 jan. 1916, p. 9.
  • 147
    Desde os anos 1890, Rocha Pombo residia na cidade do Rio de Janeiro. Portanto sua atuação política no Paraná republicano foi limitada às épocas em que lançou suas candidaturas de deputado estadual. Acerca da trajetória desse escritor, cf. BEGA, Maria Tarcisa da Silva. Letras e política no Paraná: simbolistas e anticlericais na República Velha. Curitiba: Editora UFPR, 2013, p. 74-93.
  • 148
    O Partido Autonomista contava com expressivo contingente de egressos do grupo situacionista do Paraná. Em sua maior parte, esses egressos romperam com os governistas em 1915. Acerca do contexto político em que ocorreu esse rompimento, cf. GOULART, Mônica Helena Harrich Silva. Classe dominante… Op. cit.
  • 149
    A REPÚBLICA. Curitiba, n. 233, 3 out. 1919, p. 2.
  • 150
    A REPÚBLICA. Curitiba, n. 227, 12 out. 1919, p. 1.
  • 151
    Em 1918, no Distrito Federal, não era muito desigual o nível de competitividade eleitoral da Aliança Republicana e do Partido Republicano do Distrito Federal. Nesse ano, a Aliança Republicana elegeu quatro candidatos à Câmara Federal. Seu competidor, por sua vez, elegeu três deputados. Nesse contexto, também estava em funcionamento outra entidade política no Distrito Federal, o Centro Republicano. Tratava-se, assim, de uma cena partidária mais competitiva do que aquela que existia no Paraná. PINTO, Surama Conde Sá. Só para iniciados: o jogo político na antiga capital federal. Rio de Janeiro: Mauad, 2011, p. 103.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    12 Mar 2021
  • Data do Fascículo
    2021

Histórico

  • Recebido
    02 Dez 2019
  • Aceito
    07 Set 2020
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