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Espécies de Parmotrema (Parmeliaceae, Ascomycota) no Parque Estadual da Cantareira, Estado de São Paulo, Brasil, II: as espécies emaculadas ou com máculas irregulares

Parmotrema species (Parmeliaceae, Ascomycota) of Parque Estadual da Cantareira, São Paulo State, Brazil, II: emaculate or irregulary maculate species

Resumos

O levantamento das espécies pertencentes a Parmotrema no Parque Estadual da Cantareira e arredores revelou a ocorrência de 20 espécies, 14 delas caracterizadas por serem emaculadas ou irregularmente maculadas. Parmotrema xanthinum está sendo citada pela primeira vez para o Estado de São Paulo. São apresentados uma chave de identificação, descrições, comentários e ilustrações.

cílios; fungos liquenizados; Serra da Cantareira


The survey of species belonging to the genus Parmotrema in the Parque Estadual da Cantareira and adjacencies revealed the occurrence of 20 species, 14 of them having an emaculate or irregularly maculate upper cortex. Parmotrema xanthinum is being cited for São Paulo State for the first time.A key for identification, descriptions, comments, and illustrations are provided.

Cantareira Mountain Range; cilia; lichenized fungi


ARTIGOS

Espécies de Parmotrema (Parmeliaceae, Ascomycota) no Parque Estadual da Cantareira, Estado de São Paulo, Brasil, II. As espécies emaculadas ou com máculas irregulares

Parmotrema species (Parmeliaceae, Ascomycota) of Parque Estadual da Cantareira, São Paulo State, Brazil, II. Emaculate or irregulary maculate species

Michel Navarro Benatti* * Autor para correspondência: michel_benatti@yahoo.com.br

Instituto de Botânica, Núcleo de Pesquisa em Micologia, Caixa Postal 68041, 04045-972 São Paulo, SP, Brasil

RESUMO

O levantamento das espécies pertencentes a Parmotrema no Parque Estadual da Cantareira e arredores revelou a ocorrência de 20 espécies, 14 delas caracterizadas por serem emaculadas ou irregularmente maculadas. Parmotrema xanthinum está sendo citada pela primeira vez para o Estado de São Paulo. São apresentados uma chave de identificação, descrições, comentários e ilustrações.

Palavras-chave: cílios, fungos liquenizados, Serra da Cantareira.

ABSTRACT

The survey of species belonging to the genus Parmotrema in the Parque Estadual da Cantareira and adjacencies revealed the occurrence of 20 species, 14 of them having an emaculate or irregularly maculate upper cortex. Parmotrema xanthinum is being cited for São Paulo State for the first time.A key for identification, descriptions, comments, and illustrations are provided.

Keywords: Cantareira Mountain Range, cilia, lichenized fungi.

Introdução

Conforme explicado inicialmente em Benatti (2013), o gênero Parmotrema A. Massal é caracterizado entre as Parmeliaceae (Parmelia senso latu) pelos talos foliosos com lobos em geral largos (≥ 0,5 cm larg.) e de ápices arredondados, sem pseudocifelas, com uma zona marginal inferior nua ou rizinada, rizinas normalmente simples, havendo espécies ciliadas e eciliadas, com ou sem isídios, sorédios, lóbulos ou pústulas, e pelos típicos ascósporos elipsóides hialinos (Brodo et al. 2001, Nash & Elix 2002). A química medular é bastante variável apresentando diversas substâncias, tais como ácidos alectorônico, equinocárpico, girofórico, lecanórico, norstíctico, salazínico, estíctico, diversos ácidos graxos, dentre mais de mil substâncias conhecidas (Hüneck & Yoshimura 1996, Stocker-Wörgöter 2008).

Mais de 300 espécies são conhecidas mundialmente (Nash & Elix 2002), das quais mais de 90 espécies, em torno de um terço, são conhecidas para o Brasil segundo Marcelli (2004), somando-se ainda a esta listagem várias novas espécies que vem sendo gradualmente citadas (Eliasaro & Donha 2003, Marcelli et al. 2007, Benatti & Marcelli 2008, 2009a-b, 2010, 2011, Marcelli & Benatti 2008, 2010 a-b, 2011, Spielmann & Marcelli 2009, Gerlach & Eliasaro 2012) ou descritas (Donha & Eliasaro 2006, Marcelli et al. 2007, Benatti et al. 2008, Marcelli et al. 2008, Benatti et al. 2010, Marcelli et al. 2011) na última década, o que faz o número de espécies atual ultrapassar 120.

Dados aproximados do número de espécies de fungos liquenizados para o Brasil indicam para a Mata Atlântica um total de 400 espécies publicadas em uma estimativa total de 850 espécies esperadas para a região na qual está inclusa a Serra da Cantareira (Marcelli 1998a). Para essa região, até o presente, conhece-se apenas 111 espécies de fungos liquenizados pertencentes a 47 gêneros (Marcelli 1998b). Dando continuidade aos estudos dos liquens do PE da Cantareira, já foram publicados um artigo com as pequenas espécies de Parmeliaceae ciliadas (Benatti 2012), outro abordando as espécies de cianoliquens (Benatti et al. 2013a), e mais outro que abordou as espécies de Parmotrema com máculas efiguradas ou reticulares (Benatti 2013) que incluem 20 espécies pertencentes a sete gêneros, somando outras 10 espécies à lista. Este último trabalho objetivou realizar o levantamento das espécies de Parmotrema que ocorrem no Parque Estadual da Cantareira e regiões circunvizinhas. Nesta segunda parte do trabalho com o gênero Parmotrema são fornecidos uma chave artificial de identificação, descrições comentadas e dados das localidades para todas as espécies emaculadas ou com máculas irregulares. Existem ainda muitos poucos trabalhos florísticos desta natureza no Brasil, mesmo para o Estado de São Paulo (vide literatura mencionada), sendo todos ainda bem recentes.

Material e métodos

A metodologia de coleta para fungos liquenizados foliosos é descrita em Hale (1987), Malcolm & Galloway (1997) e Benatti & Marcelli (2007). As análises morfológicas consistiram na observação das características macro e microscópicas dos espécimes, através de estereomicroscópio e microscópio óptico. Foram analisadas as estruturas somáticas e de reprodução, tanto direta como indireta dos talos.

O material coletado na área da Parque Estadual da Serra da Cantareira e depositado no herbário Maria Eneyda P. Kauffmann Fidalgo (SP) do Instituto de Botânica foi identificado conforme a metodologia tradicional de liquenologia, descrita, por exemplo, em Fink (1905), Hale (1979), Galloway (1985, 2007), Brodo et al. (2001). Os dados a respeito da localidade de estudo e sua caracterização podem ser vistos em Benatti (2012).

A metodologia de análises químicas consistiu em testes de coloração, irradiação por luz UV, testes de microcristalização com reagentes G.E. e G.A.W., e cromatografia em camada delgada (CCD) com solvente C, seguindo Asahina & Shibata (1954), Walker & James (1980), White & James (1985), Huneck & Yoshimura (1996), Bungartz (2001) e Orange et al. (2001). As substâncias encontradas são mencionadas seguindo à descrição morfológica dos materiais analisados, com seus respectivos testes de coloração.

Resultados e discussão

Foi analisado um total de 85 amostras de fungos liquenizados foliosos pertencentes ao gênero Parmotrema da família Parmeliaceae (que incluem as espécies abordadas também em Benatti 2013). No Parque Estadual da Cantareira foram encontradas 14 espécies emaculadas ou de maculação irregular, que correspondem aos 71 espécimes abordados neste trabalho. Todas são conhecidas para o Estado, com exceção de Parmotrema xanthinum (Müll. Arg.) Hale, porém não existem muitas citações para a grande maioria (vide distribuições geográficas das espécies) e este é o primeiro registro para a localidade de estudo, uma densa área florestal em meio a maior região urbana do continente sul americano, e faz parte do primeiro registro em uma Unidade de Conservação de Mata Atlântica em meio urbano no Brasil. Já foram apresentadas as espécies maculadas efiguradas ou reticuladas (Benatti 2013). Parmotrema hydrium Benatti, Gernert & Schmitt é uma espécie descoberta para a localidade, recentemente descrita (Benatti et al. 2013), e incluída aqui para efeitos de facilidade de consulta e comparação de dados.

A química medular é bastante diversificada em Parmotrema, sendo os ácidos alectorônico, equinocárpico, girofórico, lecanórico, estíctico, salazínico, e ácidos graxos as substâncias mais comumente encontradas nos espécimes da área de estudo. As espécies aqui descritas apresentam como substância cortical a atranorina ou no caso de P. aberrans (Vain.) Canêz & Marcelli e de P. xanthinum, o ácido úsnico. Parmotrema araucariarum (Zahlb.) Hale e P. permutatum (Stirt.) Hale apresentam medula pigmentada.

Parmotrema aberrans, P. internexum (Nyl.r) Hale ex DePriest & B. Hale, P. mellissii (C.W. Dodge) Hale, P. peralbidum (Hale) Hale, P. tinctorum (Nyl.) Hale e P. xanthinum apresentam formação de isídios. Parmotrema araucariarum (Zahlb.) Hale, P. eitenii Marcelli & Benatti, P. grayanum (Hue) Hale, P. hydrium, P. cf. mordenii (Hale) Hale, P. permutatum e P. sancti-angeli (Lynge) Hale apresentam formação de sorédios. Parmotrema bangii (Vain.) Hale apresenta formação de pústulas sorediadas. Os espécimes de P. araucariarum, P. bangii, P. hydrium, P. internexum, P. mellissii, P. sancti-angeli e de P. xanthinum encontrados são corticícolas em troncos, galhos ou ramos de árvores. Apenas espécimes de P. aberrans e de P. grayanum foram encontrados sobre rocha.

Apenas alguns espécimes de P. internexum e de P. cf. mordenii apresentaram formação de apotécios enquanto que outros espécimes de P. cf. mordenii e de P. sancti-angeli apresentaram apenas alguns apotécios rudimentares. Alguns espécimes de P. permutatum, P. sanci-angeli e de P. tinctorum também apresentam picnídios, tendo sido encontrados conídios em parte dos materiais.

Neste trabalho é apresentada a chave e descrições das espécies emaculadas ou irregularmente maculadas, já tendo sido publicadas as espécies com máculas efiguradas ou reticulares (Benatti 2013) que compunham anteriormente os gêneros Canomaculina e Rimelia).

Chave de identificação para as espécies de Parmotrema emaculadas ou irregularmente maculadas do Parque Estadual da Cantareira

1. Talos com margens eciliadas

2. Talo isidiado

3. Medula K-, C+ avermelhado, KC+ avermelhado, P-, contendo ácido lecanórico ...... Parmotrema tinctorum

3. Medula K-, C-, KC+ róseo, P+ alaranjado, contendo ácido protocetrárico ............. Parmotrema peralbidum

2. Talo sorediado

4. Sorais lineares a mais ou menos labriformes originados diretamente a partir de lacínulas marginais ou das bordas dos lobos, também parcialmente subcapitados laminais; medula K+ amarelo, C-, KC-, P- ou às vezes P+ fraco amarelado, com ácidos graxos e atranorina medulares ............................................................................................. Parmotrema cf. mordenii

4. Sorais originados a partir de inchaços pustulares efêmeros, marginais a submarginais irregulares e difusos, tornando-se em parte corticados com aspecto pustular ou isidióide; medula K-, C+ vermelho, KC+ vermelho claro, P- com ácido lecanórico ...................... Parmotrema eitenii

1. Talos com margens ciliadas, cílios escassos a abundantes

5. Córtex superior verde amarelado K-, com ácido úsnico

6. Medula C+ e KC+ róseos, contendo ácido girofórico ................................................... Parmotrema aberrans

6. Medula C- e KC-, contendo somente ácidos graxos .................................................. Parmotrema xanthinum

5. Córtex superior cinza esverdeado K+ amarelo, com atranorina

7. Medula parcial a totalmente pigmentada, toda amarela ou multicolorida

8. Cílios marginais escassos; medula totalmente pigmentada, amarela a amarela alaranjada, K+, C+ e KC+ amarelos mais acentuados, sem ácido girofórico ...................... Parmotrema araucariarum

8. Cílios marginais frequentes; medula parcialmente pigmentada, branca na porção superior e amarela clara a salmão na porção inferior, K-, C+ e KC+ róseo avermelhados, com ácido girofórico ............................................................ Parmotrema permutatum

7. Medula totalmente branca

9. Medula K+ amarelo, P+ alaranjado (ácidos do complexo estíctico)

10. Talo pustulado-sorediado, com cílios marginais frequentes ................................... Parmotrema bangii

10. Talo isidiado, cílios marginais escassos ..................... Parmotrema internexum

9. Medula K-, P- (ácidos graxos, girofórico ou alectorônico), ou K+ e P+ amarelo restrito aos sorais ou parte dos lobos jovens (atranorina medular)

11. Talo isidiado, medula C-, KC+ róseo, UV+ azul esverdeado, contendo ácido alectorônico ..............................................................................................Parmotrema mellissii

11. Talo sorediado, medula C- e KC- ou C+ e KC+ róseo avermelhado, contendo ácidos graxos (protoliquesterínico) ou girofórico, ou ainda apenas atranorina medular restrita a partes específicas

12. Medula C+ e KC+ róseo avermelhado, contendo ácido girofórico ......... Parmotrema sancti-angeli

12. Medula C- e KC-, contendo ácido protoliquesterínico ou somente atranorina medular

13. Saxícola, sorais labriformes; contendo ácido protoliquesterínico, sem partes reagindo a testes K ou P ......................................................... Parmotrema grayanum

13. Corticícola, sorais lineares; contendo diversos ácidos graxos (sendo o liquesterínico o principal) e atranorina concentrada nos sorais e partes jovens do talo, estes K+ e P+ amarelos ............................................................... Parmotrema hydrium

Parmotrema aberrans (Vainio) Canêz & Marcelli, Mycotaxon 105: 231. 2008 Parmelia xanthina Müller Argoviensis f. aberrans Vainio. Acta Societatis pro Fauna et Flora Fennica 7(1): 37. 1890. Tipo: BRASIL. MINAS GERAIS: Sítio (atual município de Antônio Carlos), col. Vainio, Lichenes brasiliensis exsiccati 664 (TUR V nº 02758, holótipo n.v.).

Figura 1


Talo amarelo esverdeado pardo em herbário, fragmentos com até 8,0 cm de de diâmetroetro. Lobos de ramificação irregular, (1,5-)3,0-8,0(-13,5) mm larg., adnatos a sutilmente elevados, pouco aderidos, contíguos a sobrepostos lateralmente, de ápices arredondados a subarredondados, a margem crenulada a subirregular com linha negra distinta, as axilas ovais, a superfície contínua com quebras irregulares principalmente em partes velhas, lisa a subrugosa. Lacínulas ou lóbulos adventícios ausentes. Cílios negros, simples, 0,10-1,80 × ca. 0,03 mm, abundantes por toda a margem. Máculas ausentes ou fracas, irregulares, laminais, às vezes originando quebras. Sorédios e pústulas ausentes. Isídios 0,05-0,60 × ca. 0,05(-0,10) mm, granulares a cilíndricos lisos, simples ou mais comumente ramificados a coralóides, laminais principalmente sobre dobras ou às vezes marginais, eretos, firmes, concoloridos, comumente de ápices acastanhados, ciliados. Medula branca, sem manchas de pigmentos K+ púrpura. Lado de baixo negro, lustroso, liso a rugoso ou raramente venado, zona marginal marrom, às vezes negra ou variegada, atenuada, lustrosa, lisa, ocasionalmente pouco papilada, nua. Rizinas 0,10-2,50 × ca. 0,05 mm, negras, simples a raramente furcadas ou de ramificação irregular, homogeneamente distribuídas, abundantes. Apotécios e picnídios não encontrados.

Substâncias de importância taxonômica: ácido úsnico e traços de atranorina (córtex superior, K-, UV-), ácido girofórico e alguns ácidos graxos não identificados (segundo Jungbluth 2006, possivelmente praesorediósico, protopraesorediósico, liquesterínico) (medula, K-, C+ róseo, KC+ róseo, P-, UV+? fraco azulado).

Distribuição: África, América do Norte, América Central e América do Sul. No Brasil é citada para os Estados de MG, PR, RJ, RS, e SP (Hale 1965, Krog & Swinscow 1981, Swinscow & Krog 1988, Fleig 1997, Marcelli 1998a, Ribeiro 1998, Eliasaro 2001, Nash & Elix 2002, Eliasaro & Donha 2003, Canêz 2005, Jungbluth 2006, Spielmann 2006, Feuerer 2008; as citações para a África e para o Brasil, exceto por Canêz 2005 e Jungbluth 2006, os materiais foram citados como P. xanthinum, apesar de possuírem o ácido girofórico e, portanto, se tratarem de fato de P. aberrans).

Material estudado: BRASIL. SÃO PAULO: Município de São Paulo, Serra da Cantareira, Parque Estadual da Cantareira, à beira da estrada do Pé de Galinha para Mairiporã, 25-VI-1991, leg. M.P. Marcelli, O. Yano, A. Rezende & F.M.M. Coppola 11587 (SP).

Comentários: O único espécime encontrado é um talo saxícola fragmentado, sem apotécios ou picnídios. Esta espécie pode ser distinguida das demais encontradas na área de estudo pela característica coloração verde amarelada devido à presença de ácido úsnico no córtex superior, pelos isídios frequentemente ciliados e abundantes principalmente nas partes submarginais e marginais dos lobos, e pela reação C+ rósea da medula devido à presença do ácido girofórico, apesar de diversos ácidos graxos também presentes.

Em comparações com material de herbário (SP) e com a bibliografia de Hale (1965) e Ribeiro (1998), e tal como discutido por Canêz (2005), Jungbluth (2006) e Marcelli & Canêz (2008), percebe-se grande semelhança morfológica desta espécie com P. xanthinum, que também tem ácido úsnico no córtex. Hale (1965) cita que P. aberrans pode ser separada pela ausência do ácido protoliquestérico (C-) e pelo fato de que P. aberrans, originalmente como descrita por Vainio de distribuição sul-americana, contém ainda o ácido girofórico, ausente em P. xanthinum (ver comentários).

Uma ampla e detalhada discussão envolvendo as características que relacionam P. aberrans, P. xanthinum e P. madagascariaceum (Hue) Hale pode ser encontrada em Canêz (2005).

Parmotrema araucariarum (Zahlbruckner) Hale, Phytologia 28: 335. 1974 Parmelia araucariarum Zahlbruckner. Denkschriften Akademie der Wissenschaften Mathematisch- Naturwissenschaptiliche in. Wien 83:179. 1909. Tipo: BRASIL. SÃO PAULO: Santo Amaro, col. Shiffner s.n. (W, holótipo n.v.; BPI, MICH, isótipos, n.v.).

Figura 2

Talo cinza esverdeado pardo em herbário, com até 9,0 cm de diâmetro. Lobos de ramificação irregular, (3,0-)4,0-8,0(-12,0) mm larg., sutilmente elevados a elevados, pouco aderidos a soltos, contíguos a sobrepostos lateralmente ou amontoados, de ápices arredondados a subarredondados, a margem lisa a subirregular sem linha negra distinta, as axilas ovais, a superfície contínua e lisa nas partes distais tornando-se muito rugosa vilosa e irregularmente quebrada nas partes proximais. Lacínulas ou lóbulos adventícios ausentes. Cílios negros, simples a ocasionalmente furcados, 0,50-1,50(-2,00) × ca. 0,05 mm, escassos em pequenos agrupamentos aleatórios pela margem (mais comuns em áreas jovens pouco ou não sorediadas). Máculas ausentes ou fracas, puntiformes, laminais. Sorédios granulares, sorais originados de pústulas marginais a submarginais ou laminais que se formam a partir das vilosidades corticais. Pústulas originadas de rugas vilosas algo similares a pregas, que rebentam em sorais. Isídios ausentes. Medula amarela clara a amarela alaranjada, sem manchas de pigmentos K+ púrpura. Lado de baixo negro, lustroso, liso a rugoso ou venado, zona marginal marrom, às vezes negra ou variegada, atenuada, lustrosa, lisa a venada, nua. Rizinas 0,10-1,00 × ca. 0,05 mm, negras, simples a raramente furcadas, homogeneamente distribuídas, escassas a frequentes em alguns trechos. Apotécios e picnídios não encontrados.

Substâncias de importância taxonômica: atranorina (córtex superior, K+ amarelo, UV-), pigmentos amarelos desconhecidos (segundo Hale 1974, uma dessas substâncias se trata de uma entoteína) e um ácido graxo indeterminado (medula, K+ amarelo alaranjado, C+ amarelo, KC+ amarelo, P-, UV-).

Distribuição: América do Sul. No Brasil é citada para os Estados de MG, PR e SP (Hale 1965, 1974, Ribeiro 1998, Donha 2005).

Material estudado: BRASIL. SÃO PAULO: Município de São Paulo, Serra da Cantareira, Parque Estadual da Cantareira, nas proximidades do lago perto da Administração, 16-VII-1991, leg. M.P. Marcelli, A. Rezende, O. Yano & F.M.M. Coppola 11752 (SP); idem, 15-VI-1991, leg. M.P. Marcelli & A. Rezende 11804, 11805 (SP).

Comentários: Esta espécie pode ser facilmente identificada pela medula amarela, a única com esta característica encontrada na área de estudo (todas as demais têm medulas brancas, e P. permutatum tem outro padrão de pigmentação, ver comentários). Os talos apresentam fortes rugas laminais que rebentam em sorédios a maneira de pústulas, e cílios marginais são muito escassos, tal como ocorre em Parmotrema internexum. Existe pouquíssima bibliografia a respeito desta espécie (Hale 1965, Ribeiro 1998, Donha 2005) e não há dados sobre ascomas e ascósporos, sendo que picnídios e conídios foram mencionados apenas por Donha (2005) como "picnídios não frequentes, submarginais; conídios sublageniformes 5-7 ×1 µm".

O material de P. araucariarum da Serra da Cantareira é bastante similar ao descrito por Donha (2005) para o Estado do PR, incluindo o córtex superior muito rugoso viloso e os escassos cílios marginais, estes últimos constatados também por Hale (1974), Krog & Swinscow (1981) e Swinscow & Krog (1988).

Parmotrema bangii (Vainio) Hale, Phytologia 28: 335. 1974 Parmelia bangii Vainio, in Schmidt, Botanisk Tidskrift 29: 104. 1909. Tipo: BOLÍVIA, La Paz, 1891, col. M. Bang 13 (H-NYL 35500, holótipo n.v.).

Figura 3

Talo cinza esverdeado pardo em herbário, com até 19,0 cm de diâmetro. Lobos de ramificação irregular, 2,5-8,0 mm larg., pouco adnatos a elevados, pouco aderidos a soltos, sobrepostos lateralmente a geralmente amontoados, de ápices arredondados a subarredondados, a margem lisa a subcrenada ou subirregular sem linha negra distinta, sublacinulada, as axilas ovais, a superfície contínua e lisa nas partes distais tornando-se gradualmente rugosa e irregularmente quebrada ou ± reticulada nas partes proximais. Lacínulas ou lóbulos adventícios ocasionais, simples, curtos. Cílios negros, simples 0,30-1,50 (-2,00) × ca. 0,05 mm, frequentes principalmente nas axilas dos lobos ou em trechos não sorediados da margem. Máculas ausentes. Sorédios granulares, sorais originados de pústulas ou a partir da desintegração do córtex superior, frequentemente coalescendo e formando agregados irregulares. Pústulas comumente verruciformes, normalmente surgindo a partir da submargem, ocasionalmente capitadas laminais, que rebentam em sorais, raramente surgindo nos subápices de lacínulas adventícias ocasionais. Isídios ausentes. Medula branca, sem manchas de pigmentos K+ púrpura. Lado de baixo negro, lustroso, liso a subrugoso ou venado, zona marginal marrom de tonalidade variável, comumente negra ou variegada sob os sorais, atenuada a nítida, lustrosa, lisa a rugosa ou venada, nua tornando-se rizinada na transição para o centro. Rizinas 0,50-2,00 × ca. 0,05(-0,10) mm, negras, simples a ocasionalmente esquarrosas ou irregularmente ramificadas, homogeneamente distribuídas, frequentes. Apotécios e picnídios não encontrados.

Substâncias de importância taxonômica: atranorina (córtex superior, K+ amarelo, UV-), ácidos estíctico, constíctico, criptostíctico, hipostíctico, hipoconstíctico (?) e traços de duas substâncias não identificadas (medula K+ amarelo, C-, KC-, P+ alaranjado, UV-; Spielmann (2005) e Spielmann & Marcelli (2009) mencionaram ter encontrado algo que supuram ser ácido rizocárpico).

Distribuição: África e América do Sul. No Brasil é citada para os Estados de RS e SP (Vainio 1909, Zahlbruckner 1930, Hale 1965, Østhagen & Krog 1976, Krog & Swinscow 1981, Sérusiaux 1984, Swinscow & Krog 1988, Feuerer et al. 1998, Marcelli 2004, Feuerer 2008, Spielmann & Marcelli 2009). Esta é segunda menção da espécie para SP.

Material estudado: BRASIL. SÃO PAULO: Município de São Paulo, Serra da Cantareira, Parque Estadual da Cantareira, Núcleo da Pedra Grande, na beira do lago, 18-V-1992, leg. M.P. Marcelli, A. Rezende & O. Yano 13578 (SP); idem, Parque Estadual da Cantareira, V-2000, leg. M.N. Benatti 15 (SP); idem, VI-2000, leg. M.N. Benatti 1055 (SP).

Comentários: Os poucos espécimes encontrados assemelham-se bastante ao material descrito por Spielmann (2005) e Spielmann & Marcelli (2009), com sorais pustulares principalmente submarginais, galgando gradualmente a lamina e retorcendo os lobos, contudo sem haverem grandes aglomerados irregulares nas partes mais centrais.

Há algumas poucas variações para com os materiais de Spielmann (2005) e Spielmann & Marcelli (2009). Os autores mencionaram cílios parcialmente penicilados, mas que não foram visualizados nos espécimes aqui estudados (todos em geral são simples), e o córtex inferior em lobos pustulados sorediados visto aqui é normalmente negro como o centro ou variegado, porém nunca branco como mencionado pelos autores, mesmo embaixo dos trechos pustulados-sorediados.

Pelas descrições de Spielmann (2005) e Spielmann & Marcelli (2009), os sorais dos materiais do RS são prevalecentemente laminais, seguindo-se as margens - sendo que no material estudado aqui, eles são restritos em sua maioria a submargem, de aspecto semelhante e forçando torção dos lobos tal como descrito também pelos autores. Há também alguns capitados desenvolvendo-se aleatoriamente sobre a lâmina, mas no geral os sorais não se tornam muito extensivos cobrindo largas áreas. As demais características estão de acordo com as descrições citadas na distribuição conhecida para a espécie, com poucas variações.

Há em alguns espécimes a presença de lacínulas com sorais, semelhantes às encontradas, por exemplo, em P. perlatum (Hudson) M. Choisy, embora também estes sorais sejam submarginais e pustulares em origem como os dos lobos (as lacínulas são adventícias, e não formadas propositalmente tal como propágulos de aspecto regular). Nenhum espécime contém apotécios ou picnídios.

Parmotrema eitenii Marcelli & Benatti, Bibliotheca Lichenologica 96: 212. 2007. Tipo: BRASIL. SÃO PAULO, Praia Grande, leg. M.P. Marcelli & O.Yano 14345 (SP!, holótipo).

Figura 4

Talo verde acinzentado pardo em herbário, de até 17,0 cm de diâmetro. Lobos de ramificação irregular, 3,0-12,0 mm larg., de contíguos a sobrepostos lateralmente ou parcialmente amontoados no centro, pouco adnatos a elevados, pouco aderidos, às vezes parte pregueados e subcanaliculados, os ápices arredondados a subarredondados, a margem lisa próxima aos ápices tornando-se subcrenada em direção ao centro ou mais sinuosa em lobos sorediados, sem linha negra distinta, as axilas ovais, a superfície em geral contínua com quebras restritas às partes velhas ou pequenos trechos aleatórios, lisa a rugosa. Lacínulas ausentes, às vezes com pequenos lóbulos adventícios simples e arredondados, raros em partes velhas. Máculas ausentes. Cílios ausentes. Sorédios granulares gradualmente tornando-se corticados, originados a partir de sorais lineares marginais interrompidos a irregulares ou sobre dobras então se espalhando sobre a lâmina, gradualmente coalescendo e aglutinando, assumindo aspecto granular, pustular ou às vezes ± isidióide. Pústulas e Isídios ausentes. Medula branca, sem manchas de pigmento alaranjado K+. Lado de baixo negro, lustroso, com áreas lisas a frequentemente rugosas, com trechos livres de rizinas. Margem inferior marrom a marrom clara ou raramente ± variegada, lustrosa, atenuada, lisa a ocasionalmente rugosa, nua. Rizinas negras, simples a raramente furcadas ou irregularmente ramificadas, 0,20-1,30 × 0,05-0,10(-0,15) mm, poucas a frequentes, esparsas e agrupadas. Apotécios e picnídios não encontrados.

Substâncias de importância taxonômica: atranorina (córtex superior, K+ amarelo, UV-), ácido lecanórico (medula, K-, C+ vermelho, KC+ avermelhado, P-, UV-).

Distribuição: América do Sul. No Brasil é conhecida para o Estado de SP (Marcelli et al. 2007, Benatti & Marcelli 2009a).

Material estudado: BRASIL. SÃO PAULO: Município de São Paulo, Serra da Cantareira, Bairro Cachoeira, sopé da Serra da Cantareira próximo à Rodovia Fernão Dias, 20-VII-1990, leg. M.P.Marcelli, A. Rezende, O. Yano & R.C. Lourenço 9727, 9729, 9731 (SP).

Comentários: Este é o primeiro registro da espécie fora do litoral paulista, e em uma área de latitude muito superior. Assim como os materiais do litoral, os espécimes da Cantareira apresentam sorais com sorédios granulares de origem aparentemente pustular e que adquirem um aspecto irregular, sendo bastante difusos entre as margens e submargens dos lobos, e ocasionalmente surgindo também sobre dobras do talo. Ambos os espécimes aqui estudados apresentam sorais com aspecto mais pustular, porém podem ser visualizados sorais de aspecto isidióide (os sorais frequentemente tornando-se corticados). Detalhes de ascomas e picnídios ainda são desconhecidos para a espécie, tendo ela sido recentemente descrita (Marcelli et al. 2007, Benatti & Marcelli 2009a).

Variações anatômicas estudadas por Barbosa & Marcelli (2010) indicam a possibilidade de haver mais de um táxon identificável pelo nome de Parmotrema eitenii. Mais estudos são necessários para confirmar esta suposição sendo necessário averiguar a ausência de formas intermediárias e confirmar se de fato os perfis anatômicos corroboram sempre para certas variações morfológicas, como por exemplo, correlação de determinada morfologia com determinada anatomia para espécimes puramente sorediados, pustulados-sorediados e sorediados-isidióides, ou mesmo se para mais de uma variedade - ainda há a complicação de que alguns espécimes apresentam num mesmo talo múltiplos aspectos nos sorais. Estudos moleculares também podem ser úteis para elucidar este problema.

O material da Serra da Cantareira apresenta córtex inferior mais rugoso em comparação com o material do litoral paulista. As rizinas também são frequentemente maiores e mais espessas em comparação (Benatti & Marcelli 2009a). As características visualizadas no material aqui estudado de fato não são diferentes, apenas nitidamente mais acentuadas que as visualizadas em Benatti & Marcelli (2009a).

Parmotrema grayanum (Hue) Hale, Phytologia 28: 336. 1974 ≡ Parmelia grayana Hue, Nouvelles Archives du Museum d'Histoire Naturelle. Paris IV, 1: 184. 1899. Tipo: ÍNDIA, Coonoor in montibus Nilguerrensibus, 1893, col. Gray s.n. (PC, holótipo n.v.).

Figura 5

Talo cinza esverdeado claro em herbário, fragmentos com até 4,5 cm de diâmetro. Lobos de ramificação irregular, 1,5-5,0 mm larg., adnatos a sutilmente elevados, pouco aderidos, contíguos a sobrepostos lateralmente, de ápices arredondados a subarredondados, a margem crenada sem linha negra distinta, as axilas ovais, a superfície contínua e lisa com raras quebras irregulares em partes velhas. Lacínulas ou lóbulos adventícios ausentes. Cílios negros, simples, 0,20-1,30 × 0,03-0,05 mm, frequentes, surgindo a partir das crenas. Máculas ausentes. Sorédios farinhosos, originados de sorais marginais lineares interrompidos a labriformes, às vezes enegrecidos. Pústulas e Isídios ausentes. Medula branca, sem manchas de pigmentos K+ púrpura. Lado de baixo negro, lustroso, rugoso, zona marginal marrom clara, atenuada, ebúrnea ou variegada em lobos sorediados, nítida, lustrosa, lisa a subrugosa ou pouco venada, pouco papilada, tornando-se rizinada na transição para o centro. Rizinas 0,10-0,60 × ca. 0,05 mm, negras, simples, homogeneamente distribuídas, ± frequentes. Apotécios e picnídios não encontrados.

Substâncias de importância taxonômica: córtex superior K+ amarelo, UV- (atranorina); medula K-, C-, KC-, P-, UV- (ácido protoliquesterínico e traços de outros ácidos graxos não identificados).

Distribuição: Oceania, Ásia, África, América do Norte e América do Sul. No Brasil é citada para os Estados de MG e SP (Hale 1965, Kurokawa 1969, Krog & Swinscow 1981, Swinscow & Krog 1988, Elix 1994, Ribeiro 1998, Marcelli 2004, Chen et al. 2005, Divakar & Upreti 2005, Jungbluth 2006, Feuerer 2008).

Material estudado: BRASIL. SÃO PAULO: Município de São Paulo, Serra da Cantareira, Parque Estadual da Cantareira, próximo ao Lago das Carpas, 18-V-1992, leg. M.P. Marcelli, A. Rezende, O. Yano & F.M.M. Coppolla 11573 (SP).

Comentários: Parmotrema grayanum assemelha-se à Parmotrema praesorediosum (Nyl.) Hale no aspecto geral, porém é ciliada e tem lobos mais estreitos (normalmente < 5,0 mm larg., enquanto que P. praesorediosum tem lobos comumente ≥ 5,0 mm larg.), sendo encontrada normalmente saxícola (o único espécime encontrado também estava sobre rocha) ou em condições de substrato similares como bases de palmeiras sob sol e vento direto (Jungbluth 2006). Esta é a segunda citação para o Estado de São Paulo.

Parmotrema hydrium é semelhante, porém é uma espécie corticícola que apresenta diversos ácidos graxos medulares e que concentra atranorina em determinadas porções da medula, como os sorais e parte dos lobos mais jovens (ver comentários). Em comparação direta, os sorais de P. hydrium parecem tender mais para o formato linear, enquanto que os de P. grayanum tendem mais para o labriforme, tal qual P. praesorediosum. Parmotrema praesorediosum não foi encontrada na área de estudo, e difere também por ser normalmente encontrada corticícola, por ser eciliada e também por apresentar somente ácidos graxos medulares. Por comparação com literatura (e.g., Jungbluth 2006, Spielmann & Marcelli 2009 e Marcelli & Benatti 2010b), os lobos de P. praesorediosum aparentam ser também mais largos, em média o dobro da largura dos de P. grayanum.

Parmotrema hydrium Benatti, Gernert & Schmitt, Acta Botanica Brasilica 27: 811. 2013. Tipo: BRASIL. SÃO PAULO: Município de São Paulo, Serra da cantareira, Parque Estadual da Cantareira, leg. M.P. Marcelli, O. Yano, A. Rezende & F.M.M. Coppola 11580 (SP!, holótipo).

Figura 6

Talo cinza esverdeado a cinza pardo claro em herbário, com até 7,0 cm de diâmetro. Lobos de ramificação irregular, 1,5-11,5 mm larg., adnatos a sutilmente elevados, pouco aderidos, contíguos a sobrepostos lateralmente, de ápices arredondados a subarredondados, a margem sinuosa a crenada sem linha negra distinta, as axilas ovais, a superfície contínua e lisa com raras quebras irregulares em partes velhas. Lacínulas ou lóbulos adventícios ausentes a ocasionais, simples, curtos. Cílios negros, simples, 0,30-1,50 × ca. 0,03 mm, frequentes, surgindo nas crenas, espaçados e intercalares aos sorais. Máculas ausentes. Sorédios farinhosos a subgranulares, originados de sorais marginais labriformes a lineares interrompidos, surgindo ocasionalmente nos ápices de lacínulas ou capitados laminais, frequentemente escurecidos. Pústulas e Isídios ausentes. Medula branca, sem manchas de pigmentos K+ púrpura. Lado de baixo negro, lustroso, rugoso a venado, zona marginal marrom clara, atenuada, ebúrnea ou variegada em lobos sorediados, nítida, lustrosa, lisa a subrugosa ou pouco venada, pouco papilada, tornando-se rizinada na transição para o centro. Rizinas 0,10-1,20 × ca. 0,05 mm, negras, simples, irregularmente agrupadas, poucas ou frequentes a abundantes. Apotécios e picnídios não encontrados.

Substâncias de importância taxonômica: atranorina, cloroatranorina (córtex superior, K+ amarelo, UV-), ácido liquesterínico (presente em todas as amostras), protoliquesterínico, turingiona, e algumas substâncias desconhecidas, com possível concentração de pequenas quantidades de atranorina em trechos aleatórios (medula K-, C-, KC-, P-, sendo K+ amarelo e P+ amarelo, em sorais e lobos jovens, UV-).

Distribuição: América do Sul. No Brasil é citada para o Estado de SP (Benatti et al. 2013b).

Material estudado: BRASIL. SÃO PAULO: Município de São Paulo, Serra da Cantareira, Sítio da Cachoeira, 20-VII-1990, leg. M.P. Marcelli, O. Yano, A. Rezende & R.C. Lourenço 9771, 9772, 9791 (SP); idem, estrada do Pé-de-Galinha para Mairiporã, 25-VI-1991, leg. M.P. Marcelli, O. Yano, A. Rezende & F.M.M. Coppola 11580 (holótipo, SP); idem, Parque Estadual da Cantareira, VI-2000, leg. M.N. Benatti 1066 (SP).

Comentários: O material encontrado na Serra da Cantareira trata-se de uma espécie recentemente descrita de difícil circunscrição; morfologicamente é semelhante a espécies como P. hababianum (Gyelnik) Hale ou P. grayanum, com poucas diferenças aparentes, embora morfologicamente pareça com uma ou a outra dependendo da característica, porém apresenta química medular complexa e distinta (Benatti et al. 2013b).

Embora nenhuma substância K+ que não a atranorina tenha sido constatada, a maioria dos espécimes apresenta também reações K+ e P+ amareladas em pontos aleatórios jovens e sorais, de cor semelhante a reação cortical, o que pode ser um indicativo de pequenas quantidades de atranorina acumulada em alguns trechos. Apenas traços de terpenos e esteróis foram confirmados fora a presença da atranorina, e estas substâncias não justificariam as reações encontradas.

Reações K+ e P+ amarelas semelhantes podem ser constatadas também nos sorais de P. direagens (Hale) Hale, tal como mencionada em Hale (1965) e Swinscow & Krog (1988), sendo que nos espécimes estudados de P. hydrium ela varia de fraca a normalmente distinta, e a reação mais comum observada diretamente na medula na maior parte dos talos é negativa. Parmotrema direagens contém ácido psorômico concentrado nos sorais (Hale 1965, Swinscow & Krog 1988). Existe pouca literatura a respeito desta espécie com descrições sucintas e diversos quimiotipos são citados por Swinscow & Krog (1988), um deles em acordo com a descrição de Hale (1965). Swinscow & Krog (1988) não mencionaram quantos materiais de P. direagens foram estudados e Hale (1965) citou um único espécime além do material tipo.

Parmotrema internexum (Nylander) Hale ex DePriest & B. Hale, Mycotaxon 67: 204. 1998 Parmelia internexa Nylander, Flora 69 (24): 609. 1885. Tipo: BRASIL. SÃO PAULO: Serra near to Santos, 1844, col. Weddel s.n. (H-NYL, holótipo n.v.)

Figura 7


Talo cinza pardo claro em herbário, de até 12,0 cm de diâmetro. Lobos de ramificação irregular, (2,0-)4,0-10,0 mm larg., ± adnatos, pouco aderidos a soltos, contíguos a sobrepostos lateralmente, de ápices arredondados a subarredondados, a margem lisa a subcrenada ou subirregular sem linha negra distinta, as axilas ovais, a superfície com poucas quebras e lisa nas partes distais tornando-se bastante rachada e rugosa nas partes velhas (difícil visualizar devido a densa cobertura de isídios). Lacínulas ou lóbulos adventícios ausentes a muito escassos e restritos a partes velhas, simples, arredondados, planos, 0,2-0,8 × 0,2-0,60 mm, lado de baixo concolorido a margem inferior. Cílios negros, simples, 0,10-0,50 × ca. 0,03-0,05 mm, escassos a raros, ausentes em partes jovens. Máculas ausentes. Sorédios e pústulas ausentes. Isídios 0,05-0,70(-1,10) × ca. 0,05 (-0,10) mm, granulares a cilíndricos lisos, inicialmente simples tornando-se coralóides e densamente agregados, surgindo sobre ápices de dobras passando a laminais ou ocasionalmente marginais em partes velhas, eretos, firmes, concoloridos, comumente de ápices acastanhados, eciliados. Medula branca, sem manchas de pigmentos K+ púrpura. Lado de baixo negro, ocasionalmente com manchas marrons escuras, ± lustroso, subrugoso ou venado, parcialmente papilado, zona marginal marrom clara, atenuada, lustrosa, lisa a subrugosa ou sutilmente venada, nua tornando-se papilada na transição para o centro. Rizinas 0,10-0,60(-0,80) × ca. 0,05 mm, negras, simples a ocasionalmente furcadas ou de ramificação irregular, ± homogeneamente distribuídas a parcialmente agregadas em alguns trechos, frequentes. Apotécios laminais, côncavos a urceolados, 0,5-9,5 mm de diâmetro, adnatos a substipiados, margens e anfitécios lisos porém densamente isidiados, disco marrom claro, não pruinoso, imperfurado, ascósporos elipsoides a ou raramente subarredondados, (22,0-) 28,0-37,0 × 15,0-21,0 µm, epispório 2,0-3,0 µm. Picnídios não encontrados.

Substâncias de importância taxonômica: atranorina (córtex superior, K+ amarelo, UV-), ácido estíctico, constíctico, criptostíctico, hipoconstíctico, e variavelmente norlobaridona (medula, K+ amarelo, C-, KC- ou + róseo, P+ alaranjado, UV-).

Distribuição: África, América do Norte e América do Sul. No Brasil é citada para os Estados de MG, PR, RS, SC e SP (Zahlbruckner 1930, Dodge 1959 como o sinônimo Parmelia meiosperma (Hue) C.W. Dodge, Hale 1979, Marcelli 1991, 1992, 2004, Esslinger 1997, Fleig 1997, Ribeiro 1998, Eliasaro 2001, Eliasaro & Donha 2003, Canêz 2005, Spielmann 2005, 2006, Spielmann & Marcelli 2009, Benatti & Marcelli 2010).

Material estudado: BRASIL. SÃO PAULO: Município de São Paulo, Serra da Cantareira, Parque Estadual da Cantareira, Núcleo da Pedra Grande, à margem do lago, 18-VI-1992, leg. M.P.Marcelli, A. Rezende & O. Yano 13569, 13570 (SP).

Comentários: Semelhante ao material visto por Spielmann & Marcelli (2009) e Benatti & Marcelli (2010), o material da Serra da Cantareira apresenta cílios marginais ainda mais escassos e menores, sendo difíceis de serem visualizados, o que numa primeira impressão faz parecer que se tratam de talos eciliados. Entretanto todas as demais características morfológicas e químicas condizem com os materiais analisados pelos autores oriundos de outras localidades, especialmente no tocante ao aspecto dos isídios coralóides e densos sobre a lâmina, revestindo o córtex superior exceto pelas partes distais jovens dos lobos.

Parmotrema internexum difere de P. tinctorum e de P. peralbidum pela química medular, repectivamente ácidos lecanórico (K- e P-, C+ e KC+ vermelhos) e protocetrárico (K- e C-, KC+ róseo, P+ alaranjado), sendo ainda que ambas estas espécies têm sempre as margens completamente eciliadas.

Parmotrema mellissii (Dodge) Hale, Phytologia 28: 337. 1974 Parmelia mellissii Dodge, Annals of the Missouri Botanical Garden 46: 134. 1959. Tipo: ÁFRICA. SANTA HELENA, leg. J.C. Melliss 23 (K, holótipo n.v.; US, isótipo, n.v.).

Figura 8

Talo cinza esverdeado pardo em herbário, de até 7,0 cm de diâmetro. Lobos de ramificação irregular, 1,0-4,0 mm larg., de contíguos a sobrepostos lateralmente ou às vezes parcialmente amontoados no centro, pouco adnatos, pouco aderidos, os ápices subarredondados a irregulares, a margem lisa próxima aos ápices tornando-se crenada ou irregular em direção ao centro, sem linha negra distinta, as axilas ovais, a superfície contínua nas partes distais tornando-se irregularmente quebrada e por vezes desprendendo-se nas partes velhas, lisa a subrugosa com algumas rugas proeminentes. Lacínulas ausentes. Máculas ausentes. Cílios negros, geralmente simples, 0,10-2,20 × ca. 0,05 mm, abundantes a contíguos, distribuídos por toda a margem sendo menos comuns nos ápices de lobos jovens, ocasionalmente com pigmento cor de cobre. Sorédios subgranulares a granulares, originados a partir dos isídios. Pústulas ausentes. Isídios cilíndricos lisos a granulares, 0,050-0,50 (-1,00) × 0,05-0,25(-0,50) mm, simples a ramificados e eventualmente coralóides, marginais a submarginais ou parcialmente laminais surgindo principalmente sobre ápices de dobras ou rugas extensivas, os maiores eventualmente desmanchando-se em sorédios, eretos a tortuosos, firmes, concoloridos, comumente ciliados. Medula branca, manchas de pigmento alaranjado K+ vermelho escuro ausentes ou presentes. Lado de baixo negro, lustroso, com áreas lisas a venadas ou subrugosas, pouco papiladas. Margem inferior marrom, tornando-se creme, branca, negra ou variegada em lobos isidiados, lustrosa, atenuada quando marrom a nítida quando creme, branca, ou variegada, lisa a venada ou subrugosa, nua. Rizinas negras, simples a raramente furcadas ou irregularmente ramificadas, 0,20-2,30 × 0,05-0,10 mm, frequentes, esparsas e irregularmente agrupadas. Apotécios e picnídios não encontrados.

Substâncias de importância taxonômica: atranorina (córtex superior, K+ amarelo, UV-), ácidos alectorônico e a-colatólico, e variavelmente pigmento alaranjado K+ avermelhado escuro do tipo antraquinona/esquirina (medula, K-, C-, KC+ róseo, P-, UV+ azul esverdeado). Uma parte pequena dos cílios apresenta pigmentação cor de cobre (K+ púrpura).

Distribuição: Oceania, Ásia, Pacífico Norte, África, Atlântico Norte, América do Norte, América Central, Caribe e América do Sul. No Brasil é conhecida para os estados de MG, PR, RS, SC e SP (Hale 1959 como o sinônimo Parmelia allardii, Hale 1965, Awasthi 1976, Krog & Swinscow 1981, Swinscow & Krog 1988, Pereira & Marcelli 1989, Kurokawa 1991, 1993, Osório 1992a, Elix 1994, Fleig 1997, Malcolm & Galloway 1997, Galloway & Quilhot 1998, Louwhoff & Elix 1998, 1999, 2002, Ribeiro 1998, Sipman 2000, Eliasaro 2001, Kurokawa & Lai 2001, Kantvilas et al. 2002, Nash & Elix 2002, Marcelli 2004, Canêz 2005 como o sinônimo Parmelia allardii Hale, Spielmann 2006, Feuerer 2008, Spielmann & Marcelli 2009, Marcelli & Benatti 2011). Vide comentários sobre a relação entre Parmelia allardii e Parmotrema mellissii em Spielmann (2005) e em Marcelli & Benatti (2011).

Material estudado: BRASIL. SÃO PAULO: Município de Mairiporã, Serra da Cantareira, construção de condomínio, 11-III-1989, leg. M.P. Marcelli 6064 (SP). Município de São Paulo, Serra da Cantareira, Parque Estadual da Cantareira, beira da estrada para o lago, 9-I-1991, leg. M.P.Marcelli, A. Rezende & I. Riquelme 10956 (SP); idem, próximo ao Lago das Carpas, 25-VI-1991, leg. M.P. Marcelli, A. Rezende, O. Yano & F.M.M. Coppolla 11476, 11491 (SP).

Comentários: Todos os espécimes encontrados apresentam isídios coralóides que eventualmente se decompõem em sorédios granulares. São escassos os cílios em que é perceptível a presença do pigmento cúpreo K+ púrpura, e não foram visualizadas manchas de pigmento alaranjado na porção inferior da medula na maior parte dos talos, o que é aparentemente comum ocorrer nesta espécie, à exceção do espécime M.P. Marcelli 11491.

Os talos encontrados tem córtex frequentemente mais rachado que os materiais do litoral paulista (Marcelli & Benatti 2011) sendo neste aspecto mais semelhantes aos encontrados em outras regiões montanhosas, tais como os citados por Spielmann & Marcelli (2009). Não foram encontradas variações como presença de sorais ou de pústulas de aspectos típicos, nem estruturas que se assemelhem a estas junto aos isídios num mesmo espécime.

Parmotrema cf. mordenii (Hale) Hale, Phytologia 28: 337. 1974 Parmelia mordenii Hale. Smithsonian Contributions to Botany 4: 19. 1971. Tipo: DOMINICA, Norte de Coulibistri, Hale 35649 (US holótipo n.v.).

Figura 9

Talo cinza esverdeado em herbário, de até 17,5 cm de diâmetro. Lobos de ramificação irregular, (1,5-)2,5-7,5 mm larg., de contíguos a pouco sobrepostos lateralmente, adnatos, adpressos, os ápices subarredondados, as axilas ovais a irregulares, a margem lisa a subcrenada tornando-se ocasionalmente mais sinuosa a subirregular (principalmente quando sorediada), parcialmente sublacinulada, sem linha negra distinta, a superfície contínua e lisa nas partes distais tornando-se irregularmente quebrada e pouco rugosa nas partes velhas. Lacínulas marginais curtas, planas, truncadas, 0,2-1,5 × 0,2-0,6 mm, simples, mais comuns no centro do talo a raras em lobos jovens, junto a lóbulos ocasionais em partes velhas lado de baixo concolorido a margem inferior. Máculas ausentes. Cílios ausentes. Sorédios subgranulares a granulares, ocasionalmente um pouco escurecidos, originados de sorais lineares interrompidos a ±labriformes em lacínulas ou diretamente na margem, em parte laminais subcapitados de aspecto pustular sendo estes mais frequentes nas partes distais dos lobos, todos frequentemente adquirindo aspecto irregular conforme tornam-se mais desenvoltos. Pústulas e isídios ausentes. Medula branca, sem manchas de pigmentações K+. Lado de baixo negro, lustroso, liso a subrugoso, raramente venado ou pouco papilado. Margem inferior marrom, lustrosa, atenuada, lisa a subrugosa ou pouco venada, nua, raramente papilada na transição para o centro. Rizinas negras, em geral simples e em pequena parte irregularmente ramificadas, 0,20-0,50 × 0,05-0,10(-0,15) mm, poucas a frequentes a ocasionalmente abundantes em alguns trechos, com frequência aglutinadas, agrupadas. Apotécios laminais a submarginais, de côncavos a retorcidos e fendidos quando velhos, 0,5-7,5 mm de diâmetro, substipiados a adnatos quase sésseis, margens lisas e anfitécios inicialmente lisos, ambos porém comumente tornando-se rugosos e sorediados, eciliados, disco marrom enegrecido, não pruinoso, imperfurado, ascósporos elipsoides a ovalados, (13,0-)14,0-17,0 × 7,0-10,0 µm, epispório ca. 0,75 µm. Picnídios não encontrados.

Substâncias de importância taxonômica: atranorina (córtex superior, K+ amarelo), atranorina, acidos caperático, praesorediósico, protoliquesterínico, protopraesorediósico e dois outros ácidos graxos indeterminados (medula, K+ amarelo, C-, KC-, P- ou ocasionalmente P+ fraco amarelado, UV-).

Distribuição: África, América do Norte, América Central, Caribe e América do Sul. Brasil: RS e SP (Hale 1971, Winnem 1975, Jackson & Hopkins 1980, Marcelli 1991, Esslinger & Egan 1995, Benatti 2005, Spielmann 2005, Jungbluth 2006, Feuerer 2008, Spielmann & Marcelli 2009, Marcelli & Benatti 2010,).

Material estudado: BRASIL. SÃO PAULO: Município de São Paulo, Serra da Cantareira, Sítio da Cachoeira, 20-VII-1990, leg. M.P. Marcelli, A. Rezende, O. Yano & R.C. Lourenço 9792, 9797, 9798, 9799, 9800, 9801 (SP).

Comentários: Todo o material da Cantareira aparenta pertencer a um mesmo táxon, a despeito de o substrato ser corticícola ou saxícola (os espécimes M.P. Marcelli 9799, 9800 e 9801 foram coletados sobre lajotas de cerâmica enquanto que os espécimes M.P. Marcelli 9792, 9797 e 9798 foram coletados sobre troncos de árvores sombreadas).

Devido às características encontradas e por comparação com materiais de herbário, o material descrito neste trabalho está sendo identificado como Parmotrema mordenii pela maior proximidade de características para com esta espécie, incluindo o aspecto terminal dos sorais e a presença de atranorina medular constatada facilmente pelos testes de coloração K+. O material da Serra da Cantareira pode talvez se tratar de uma forma atípica de P. mordenii que pode ser encontrada tanto sobre rocha como córtex arbóreo, sem apresentar nenhuma distinção morfológica ou química entre os espécimes encontrados sobre diferentes substratos. Apenas dois espécimes encontrados (M.P. Marcelli 9797 e 9801) têm apotécios, e somente em um foram encontrados ascósporos.

Parmotrema mordenii é normalmente encontrada apenas saxícola, entretanto os materiais da Cantareira tanto corticícolas como saxícolas apresentam morfologia indistinguível entre si, e todos, sem exceção, apresentam claramente uma reação K+ amarela que denota a presença de atranorina na medula. Todos os espécimes estudados apresentam sorais marginais inicialmente lineares ou labriformes e que eventualmente se tornam irregulares, junto com pequenos sorais orbiculares a irregulares principalmente submarginais ou ocasionalmente laminais em menor quantidade. Assim sendo, os sorais são quase como intermediários das formas distintas encontradas em P. mordenii e P. praesorediosum por exemplo em Jungbluth (2006) Spielmann & Marcelli (2009) e Marcelli & Benatti (2010).

A relação de P. mordenii com P. praesorediosum é complicada e uma revisão dos materiais com estudos mais aprofundados (incluindo análises moleculares) é necessária para averiguar a relação entre as espécies, e até mesmo o possível envolvimento de outras espécies morfológica e quimicamente semelhantes, identificadas com estes nomes e interpretadas como sendo variedades; P. mordenii e P. praesorediosum são normalmente diferenciadas pelo hábito, a primeira referida somente a substratos rochosos enquanto a segunda preferencialmente corticícola, pelo aspecto dos sorais marginais mais lineares e ocasionalmente orbiculares de origem aparentemente pustular em P. mordenii enquanto que são normalmente marginais labriformes em P. praesorediosum, e finalmente a total ausência de reações medulares em P. praesorediosum devido à presença somente de ácidos graxos.

Parmotrema peralbidum (Hale) Hale, Phytologia 28: 338. 1974 Parmelia peralbida Hale. Contributions from the United States National Herbarium 36: 257. 1965. Tipo: JAMAICA, J. Hart 124 (FH-Tuck, holótipo n.v. ; US, isótipo, n.v.).

Figura 10

Talo pardo acinzentado claro em herbário, com até 12,0 cm de diâmetro. Lobos de ramificação irregular, (1,5-)3,5-9,0 mm larg., adnatos a sutilmente elevados, pouco aderidos, contíguos a sobrepostos lateralmente, de ápices arredondados a subarredondados, a margem lisa a subcrenada ou subirregular sem linha negra distinta, as axilas ovais, a superfície contínua com quebras irregulares em partes velhas, lisa a subrugosa. Lacínulas ou lóbulos adventícios ausentes. Cílios ausentes. Máculas ausentes. Sorédios e pústulas ausentes. Isídios 0,05-0,30(-0,40) × ca. 0,05(-0,10) mm, granulares a cilíndricos lisos, simples a ocasionalmente pouco ramificados, laminais a submarginais, eretos, firmes, concoloridos, comumente de ápices acastanhados, eciliados. Medula branca, sem manchas de pigmentos K+ púrpura. Lado de baixo negro, lustroso, liso a subrugoso, zona marginal marrom escura, atenuada, lustrosa, lisa, tornando-se pouco papilada na transição para o centro, nua. Rizinas 0,10-0,50 × 0,05-0,10 mm, negras tornando-se amarronzadas ou de ápices claros quando próximas as margens, geralmente simples a raramente furcadas ou de ramificação irregular, homogeneamente distribuídas, poucas a frequentes às vezes mais esparsas. Apotécios laminais, côncavos a urceolados ou retorcidos quando velhos, 0,5-5,5 mm de diâmetro, adnatos a substipiados, margens lisas a irregularmente crenadas, anfitécios lisos, ambos porém comumente tornando-se isidiados desde jovens, disco marrom claro, não pruinoso, imperfurado, ascósporos não encontrados (himênios sem ascos). Picnídios não encontrados.

Substâncias de importância taxonômica: atranorina (córtex superior, K+ amarelo, UV-), ácido protocetrárico (medula, K- ou + fraco amarelado, C-, KC+ róseo avermelhado, P+ alaranjado, UV-).

Distribuição: América do Norte, América Central e América do Sul. No Brasil é citada para os Estados de RS e SP (Hale 1965, Fleig 1997, Breuss 2001, Canêz 2005).

Material estudado: BRASIL. SÃO PAULO: Município de São Paulo, Serra da Cantareira, Parque Estadual da Cantareira, próximo ao Lago das Carpas, 25-VI-1991, leg. M.P. Marcelli, O. Yano, A. Rezende & F.M.M. Coppola 11543, 11544 (SP); idem, beira de mata, sobe córtex, 5-X-1993, leg. M. Fleig s.n. (ICN).

Comentários: O conceito de P. peralbidum aplicado neste trabalho é o mesmo de Fleig (1997) e Canêz (2005), sendo que Fleig citou em sua tese um espécime corticícola para a localidade de estudo deste trabalho (visto e incluído aqui), ainda que a espécie seja mais comumente encontrada saxícola (há pouquíssima literatura a respeito, e Hale 1965 não menciona o substrato).

Embora ambos os outros dois espécimes encontrados estejam férteis, um deles inclusive com muitos apotécios bem desenvolvidos, todos os cortes realizados mostraram apenas himênios sem ascos. Segundo Hale (1965), um himênio baixo (ca. 35-40 µm alt.) contendo ascósporos pequenos (8-10 × 5-7 µm) seria típico da espécie. A altura dos himênios vista corrobora com essas medidas (ca. 30-40 µm alt.), embora não tenham sido encontrados ascósporos para comparação. O espécime de Fleig (ICN) não tem apotécios.

Os talos encontrados na Cantareira depositados no herbário SP são ambos saxícolas, tal como a maior parte do material citado por Fleig (1997) e todo o citado por Canêz (2005). Os dois espécimes saxícolas aqui citados possuem muitos apotécios, o que não foi encontrado nos materiais de Fleig (1997) e de Canêz (2005). Os espécimes da Cantareira assim como os citados pelas autoras também não apresentam picnídios.

Parmotrema peralbidum é similar à P. internexum, porém esta espécie apresenta lobos mais estreitos, escassos cílios marginais e outra substância medular (ácido estíctico). Em comparação direta, os isídios de P. peralbidum tendem também a serem em geral pequenos e simples (como comentado por Hale 1965), enquanto que em P. internexum tendem a ter o dobro do tamanho ou mais e serem mais ramificados (vide descrição).

Até o momento, esta espécie é conhecida para São Paulo apenas na área da Serra da Cantareira estudada, e somente pelos três espécimes citados aqui, um deles previamente por Fleig (1997) ao compará-lo com seu material oriundo do Estado do Rio Grande do Sul.

Parmotrema permutatum (Stirton) Hale, Phytologia 28: 338. 1974 Parmelia permutata Stirton. Scottish Naturalist 4: 252. 1877-78. Tipo: AUSTRÁLIA, próximo à Brisbane, col. Bailey 25 (BM!, lectótipo; GLAM!, isolectótipo).

Figura 11

Talo cinza esverdeado pardo em herbário, de até 9,5 cm de diâmetro. Lobos de ramificação irregular, (1,5-)3,0-7,0 mm larg., de contíguos a sobrepostos lateralmente ou parcialmente amontoados no centro, adnatos, de pouco aderidos a soltos quando sorediados, os ápices subarredondados, as axilas ovais, a margem lisa a subcrenada, tornando-se mais sinuosa quando sorediada, sublacinulada, sem linha negra distinta, a superfície contínua e lisa nas partes distais tornando-se irregularmente quebrada e parcialmente enrugada nas partes velhas. Lacínulas marginais curtas, planas, truncadas, 0,2-1,5(-3,0) × 0,2-1,0 mm, simples, surgindo no centro do talo ou às vezes em lobos mais jovens, lado de baixo de coloração creme. Máculas ausentes. Cílios negros, simples a raramente furcados, 0,30-1,80 × ca. 0,05 mm, frequentes, distribuídos por toda a margem, tornando-se mais escassos a ausentes em vários trechos pelo surgimento dos sorais. Sorédios farinhosos, ocasionalmente escurecidos, originados de sorais lineares interrompidos ou subcapitados surgindo nos ápices das lacínulas marginais, ou às vezes na própria margem ou submarginais, em parte coalescentes formando aglutinações de aspecto irregular. Pústulas e isídios ausentes. Medula com duas camadas, branca na porção superior, amarela a salmão na porção inferior, mas sem manchas de pigmentações K+. Lado de baixo negro, lustroso, liso a rugoso ou venado. Margem inferior marrom, tornando-se creme ou variegada em lobos lacinulados e sorediados, lustrosa, atenuada quando marrom a nítida quando creme, lisa a subrugosa ou venada, nua, tornando-se raramente pouco papilada na transição para o centro. Rizinas negras, simples a ocasionalmente furcadas ou irregularmente ramificadas, 0,20-1,50 (-2,00) × 0,05-0,10 mm, poucas a frequentes ou ocasionalmente abundantes, irregularmente agrupadas. Apotécios ausentes. Picnídios submarginais, escassos, de ostíolo negro, conídios baciliformes a curto filiformes, 7,0-10,0 × ca. 1,0 mm.

Substâncias de importância taxonômica: atranorina (córtex superior, K+ amarelo), acido girofórico e pigmentos do tipo eumitrina (medula, K+ amarelado, C+ e KC+ róseos→alaranjados, P-, UV-).

Distribuição: Oceania, Ásia, África, América Central, Caribe e América do Sul. No Brasil é citada para os Estados de PR, RS e SP (Hale 1965, Winnen 1975, Awasthi 1976, Kurokawa 1979, Krog & Swinscow 1981, Swinscow & Krog 1988, Aptroot 1991, Marcelli 1991, 1998b, 2004, Elix 1994, Fleig 1997, Louwhoff & Elix 1999, Eliasaro 2001, Kurokawa & Lai 2001, Eliasaro & Donha 2003, Canêz 2005, Divakar & Upreti 2005, Donha 2005, Spielmann 2006, Benatti & Marcelli 2009b).

Material estudado: BRASIL. SÃO PAULO: Município de São Paulo, Serra da Cantareira, sopé da Serra da Cantareira, próximo à Rodovia Fernão Dias, 20-VII-1990, leg. M.P. Marcelli, A. Rezende, O. Yano & R.C. Lourenço 9776 (SP).

Comentários: Apenas um único espécime foi encontrado, bastante similar ao material examinado por Benatti & Marcelli (2009b) no litoral paulista. O espécime apresenta a porção inferior da medula com uma transição apenas bicolor, de amarelo para salmão, sem a tonalidade ocre. Alguns trechos têm a porção branca da medula mais reduzida, como se pode observar da parte distal dos lobos ao centro do talo. Todos os demais caracteres conferem, sem grandes variações para com os espécimes do litoral.

Espécimes identificados como P. permutatum para o Estado do Rio Grande do Sul (Fleig 1997, Canêz 2005) apresentam normalmente uma medula estritamente bicolor, branca na porção superior e amarela clara na porção inferior. É possível que se trate de espécies diferentes, com conjuntos diferentes de pigmentos medulares, apesar da morfologia próxima.

Parmotrema sancti-angeli (Lynge) Hale, Phytologia 28(4): 339. 1974 Parmelia sancti-angeli Lynge. Arkiv för Botanik 13:35. 1914. Tipo: BRAZIL. RIO GRANDE DO SUL: Colonia Santo Angelo prope Cachoeira (nowadays Agudo), leg. G.O. Malme s.n. (S, holótipo n.v.; US, isótipo n.v.)

Figura 12

Talo cinza esverdeado pardo em herbário, de até 11,0 cm de diâmetro. Lobos de ramificação irregular, (2,0-)3,0-9,0(-10,0) mm larg., de contíguos a sobrepostos lateralmente ou raramente amontoados, de adnatos e pouco adpressos a elevados e soltos quando sorediados, os ápices arredondados a subarredondados, as axilas ovais, a margem lisa a crenada, tornando-se mais sinuosa em direção ao centro, sem linha negra distinta, a superfície contínua e lisa às vezes com poucas quebras e pouco rugosa nas partes velhas. Lacínulas ausentes. Máculas ausentes a fracas e raras, lineares, laminais, originadas por quebras. Cílios negros, simples ou às vezes furcados, 0,30-3,20 × 0,05-0,10 mm, frequentes a abundantes, distribuídos por toda a margem, tornando-se mais escassos a ausentes em vários trechos pelo surgimento dos sorais. Sorédios de farinhosos a subgranulares, ocasionalmente escurecidos, originados de sorais marginais lineares contínuos a interrompidos, raramente subcapitados submarginais. Pústulas e isídios ausentes. Medula branca, sem pigmentações. Lado de baixo negro, lustroso, liso a rugoso ou venado. Margem inferior marrom clara, tornando-se creme, branca ou variegada em lobos sorediados, lustrosa a ± opaca, atenuada quando marrom a nítida quando creme ou branca, lisa a rugosa ou às vezes venada, nua. Rizinas em geral negras a raramente marrons, simples a ocasionalmente furcadas ou irregularmente ramificadas, 0,30-1,70 × 0,05-0,10(-0,15) mm, poucas a frequentes ou ocasionalmente abundantes, irregularmente agrupadas. Apotécios ausentes (alguns poucos espécimes apresentam apenas primórdios rudimentares de apotécios, não excedendo 0,5 mm de de diâmetroetro). Picnídios escassos (apenas uma pequena quantidade em alguns poucos espécimes), submarginais, de ostíolo negro, conídios sublageniformes 5,0-6,0(-8,0) × 1,0 µm.

Substâncias de importância taxonômica: atranorina (córtex superior, K+ amarelo) e ácido girofórico (medula, K-, C+ e KC+ róseos avermelhados, P-, UV-).

Material estudado: BRASIL. SÃO PAULO: Município de Mairiporã, Serra da Cantareira, construção de condomínio, 11-III-1989, leg. M.P. Marcelli 6061, 6067 (SP). Município de São Paulo, Parque Estadual da Cantareira, VI-2000, leg. M.N. Benatti 1005, 1028, 1037, 1043, 1277, 1389, 1408, 1411 (SP); idem, Bairro da Cachoeira, sopé da Serra da Cantareira, próximo à Rodovia Fernão Dias, 20-VII-1990, leg. M.P. Marcelli, A. Rezende, O. Yano & R.C. Lourenço 9720, 9722 (SP); idem, Sítio da Cachoeira, árvores em estacionamento, 20-VII-1990, leg. M.P. Marcelli, A. Rezende, O. Yano & R.C. Lourenço 9775, 9777, 9806 (SP); idem, Parque Estadual da Cantareira, nas proximidades da Pedra Grande, 9-I-1991, leg. M.P. Marcelli, A. Rezende & I. Riquelme 10917 (SP); idem, nas proximidades do Lago das Carpas, 9-I-1991, leg. M.P. Marcelli, A. Rezende & I. Riquelme 10947, 10954, 10955, 10959, 10990 (SP); idem, Núcleo da Pedra Grande, 18-V-1992, leg. M.P. Marcelli, A. Rezende & O. Yano 13614, 13615 (SP).

Distribuição: Oceania, Ásia, África, América do Norte, América Central, Caribe, e América do Sul. No Brasil é citada para os Estados de MG, MT, PR, RS, SC e SP (Lynge 1914, Zahlbruckner 1930, Hale 1965, Vareschi 1973, Winnen 1975, Awasthi 1976, Osorio 1977a-b, 1989, Krog & Swinscow 1981, Swinscow & Krog 1988, Pereira & Marcelli 1989, Marcelli 1991, 2004, Kurokawa 1993, Elix 1994, Fleig 1997, Ribeiro 1998, Louwhoff & Elix 1999, Eliasaro 2001, Elix & Schumm 2001, Kurokawa & Lai 2001, Calvelo & Liberatore 2002, Spielmann 2006, Benatti & Marcelli 2009a, Spielmann & Marcelli 2009).

Comentários: É a espécie do gênero mais facilmente encontrada na localidade de estudo, sobre troncos, galhos e ramos de árvores. O material da Serra da Cantareira apresenta lobos em geral com medidas pequenas, embora dentro das variações normalmente encontradas para a espécie, sendo mais similares aos encontrados por Canêz (2005), ca. 2,5-8,0 mm larg. Medidas obtidas, por exemplo, por Benatti & Marcelli (2009a) e por Spielmann & Marcelli (2009) apontam lobos ainda mais largos, respectivamente 2,0-16,5 mm larg. e 4,0-25,0 mm larg. Os conídios encontrados no material da Serra da Cantareira estão de acordo na forma e no tamanho com os mencionados por Benatti & Marcelli (2009a) e Spielmann & Marcelli (2009), embora normalmente próximos aos tamanhos mínimos normalmente encontrados.

Apesar da abundância na localidade de estudo, quase nenhum espécime contendo ascomas ou picnídios foi encontrado - apenas com rudimentos de apotécios, e poucos picnídios maduros contendo conídios. Alguns espécimes mais sorediados apresentam menos cílios nas margens que os demais, enquanto alguns outros podem apresentar sorais com sorédios ocasionalmente enegrecidos, embora não tenha sido percebida nenhuma outra diferença maior entre os materiais.

Parmotrema tinctorum (Despréux ex Nylander) Hale, Phytologia 28: 339. 1974 Parmelia tinctorum Despéux ex Nylander, Flora 55: 547. 1872. Tipo: ILHAS CANÁRIAS, J.M.Despréaux s.n. (H-NYL 35365, holótipo n.v.).

Figura 13


Talo cinza esverdeado pardo em herbário, com até 21,0 cm de diâmetro. Lobos de ramificação irregular, (3,0-)4,0-17,0 mm larg., ± adnatos a elevados, pouco aderidos, sobrepostos lateralmente tornando-se amontoados, de ápices arredondados a subarredondados, a margem lisa a subcrenada quando do surgimento de isídios e sem linha negra distinta, as axilas ovais, a superfície contínua com poucas quebras irregulares em partes velhas, lisa a subrugosa. Lacínulas ausentes, lóbulos adventícios raros e escassos, simples e arredondados, restritos a partes velhas ou às vezes brotando em meio aos isídios. Cílios ausentes. Máculas ausentes. Sorédios e pústulas ausentes. Isídios 0,05-0,50 × 0,05-0,10 mm, cilíndricos lisos, simples a pouco ramificados a ocasionalmente muito ramificados ou coralóides, laminais principalmente sobre ápices de dobras, ocasionalmente marginais em lobos mais velhos a raros nas margens de lobos jovens, eretos, firmes, concoloridos ou de ápices marrons, eciliados, às vezes em parte de ápices decorticados. Medula branca, sem manchas de pigmentos K+ púrpura. Lado de baixo negro, lustroso, liso a subrugoso ou pouco venado, com áreas livres de rizinas, zona marginal marrom a marrom clara, atenuada, lustrosa, lisa a subrugosa ou venada, nua. Rizinas 0,10-0,50(-1,50) × 0,05-0,15 mm, negras, simples a raramente furcadas ou de ramificação irregular, agrupadas, poucas a frequentes e às vezes esparsas, ocasionalmente aglutinadas. Apotécios não encontrados. Picnídios raros e escassos, submarginais, de ostíolo negro. Conídios filiformes, 10,0-15,0 × ca. 1,0 mm.

Substâncias de importância taxonômica: atranorina (córtex superior, K+ amarelo, UV-), ácido lecanórico (medula, K-, C+ vermelho, KC+ avermelhado, P-, UV-).

Distribuição: Oceania, Ásia e Pacífico Norte, Europa, África, América do Norte e Atlântico Norte, América Central, Caribe, e América do Sul. No Brasil é citada para os estados de: MG, MS, MT, PA, PR, RJ, RS, SC e SP (Lynge 1914, Vareschi 1962, 1973, Hale 1965, Osorio 1972, 1977a-b, 1989, 1992b, Winnen 1975, Awasthi 1976, Krog & Swinscow 1981, Brako et al. 1985, Swinscow & Krog 1988, Nagaoka & Marcelli 1989, Fleig & Riquelme 1991, Kurokawa 1991, Marcelli 1991, 2004, Purvis et al. 1992, Kurokawa 1993, Elix 1994, Fleig 1997, Malcolm & Galloway 1997, Louwhoff & Elix 1999, Brodo et al. 2001, Eliasaro 2001, Kurokawa & Lai 2001, Eliasaro & Donha 2003, Calvelo & Liberatore 2002, Louwhoff & Elix 2002, Benatti 2005, Canêz 2005, Donha 2005, Feuerer 2008, Benatti & Marcelli 2009a, Ribeiro 1998, Spielmann 2005, Spielmann 2006, Spielmann & Marcelli 2009).

Material estudado: BRASIL. SÃO PAULO: Município de São Paulo, Serra da Cantareira, Parque Estadual da Cantareira, próximo ao Lago das Carpas, 25-VI-1991, leg. M.P. Marcelli, A. Rezende, O. Yano & F.M.M. Coppolla 11436 (SP); idem, no cruzamento Pé-de-Galinha, 25-VI-1991, leg. M.P. Marcelli, O. Yano, A. Rezende & F.M.M. Coppola 11545 (SP); idem, próximo ao lago perto da administração, 16-VII-1991, leg. M.P. Marcelli, O. Yano, A. Rezende & F.M.M. Coppola 11756, 11778, 11786, 11809 (SP); idem, na estrada principal para o Lago das Carpas, 30-III-1992, leg. M.P. Marcelli, A. Rezende & O. Yano 13473 (SP); idem, Sítio da Cachoeira, 20-VII-1990, leg. M.P. Marcelli, O. Yano, A. Rezende & R.C. Lourenço 9824 (SP); idem, VI-2000, leg. M.N. Benatti 997, 1002 (SP); idem, Município de Mairiporã, construção de condomínio, 11-III-1989, leg. M.P. Marcelli, 6024, 6027, 6048, 6060 (SP); idem, construção de condomínio, 22-V-1989, leg. M.P. Marcelli, 6260 (SP).

Comentários: Junto com Parmotrema sancti-angeli, P. tinctorum é uma das espécies mais facilmente encontradas na localidade de estudo. O aspecto dos lobos largos (frequentemente com mais de 1 cm larg.) com a presença de muitos pequenos isídios laminais e a total ausência da formação de cílios nas margens é bem característico, assim como a nítida reação vermelha a testes C e KC medulares pela presença do ácido lecanórico. Somente um dos espécimes encontrados apresenta apenas alguns poucos apotécios, de himênio enegrecido.

Esta espécie assemelha-se a P. eitenii, no que se refere ao aspecto dos lobos e a química medular, mas que difere pela formação de sorais principalmente marginais a submarginais de aspecto pustular ou isidióide, os sorédios frequentemente tornando-se corticados, sem formação de isídios.

O espécime M.P. Marcelli 9824 é o único que contém conídios, com as mesmas medidas encontradas nos materiais do litoral paulista (Benatti & Marcelli 2009a). O espécime M.N. Benatti 997 é estranhamente verde amarelado pardo, porém não apresenta traços de outra substância que justifique essa coloração tal como ácido úsnico, e possui a medula nitidamente branca, tendo a mesma composição química dos demais.

O espécime M.P. Marcelli 6048 representa um caso complicado - parece conter estruturas que em início tem forma de isídio tais quais os vistos nos demais espécimes, mas que eventualmente dão origem a sorédios granulares que formam sorais com o aspecto similar aos dos talos de P. eitenii ou que ainda mantém aspecto de isídio. O talo, portanto, parece conter tanto isídos como sorédios, diferente de P. eitenii onde eventualmente os sorais podem em parte adquirir um aspecto isidióide pela forma da aglutinação dos sorédios. É difícil confirmar sua classificação; pode tanto se tratar realmente de uma forma isidiado/sorediada de P. tinctorum, com a qual se parece mais (especialmente no tocante a largura dos lobos e a forma dos isídios), ou talvez estar relacionado a P. eitenii. Como discutido nos comentários para esta última, este grupo de espécies carece de uma revisão e mais estudos morfológicos, anatômicos e possivelmente moleculares são necessários para elucidar a correta circunscrição dos táxons envolvidos.

Parte do material da Serra da Cantareira apresenta com frequência as margens inferiores e alguns trechos centrais venados e as rizinas relativamente mais espessas e aglutinadas quando comparado com o material encontrado no litoral paulista (Benatti & Marcelli 2009a). A constância dessas características, entretanto, varia entre os espécimes estudados, sendo mais perceptível e frequente em alguns talos do que em outros.

Parmotrema xanthinum (Müll. Arg.) Hale, Phytologia 28: 339. 1974 Parmelia proboscídea var. xanthina Müller Argoviensis. Lichenologische Beiträge 20: 7. 1884. Tipo: MADAGASCAR. MADAGASCAR CENTRAL: col. Hildebrant s.n. (G, holótipo n.v.).

Figura 14

Talo amarelo esverdeado em herbário, fragmentos com até 4,0 cm de diâmetro. Lobos de ramificação irregular, 1,5-6,0 mm larg., pouco adnatos a sutilmente elevados, pouco aderidos, contíguos a sobrepostos lateralmente, de ápices arredondados a subarredondados, a margem crenulada a subirregular com linha negra distinta, as axilas ovais, a superfície contínua com raras quebras irregulares, lisa a subrugosa. Lacínulas ou lóbulos adventícios ausentes. Cílios negros, simples, 0,10-1,60 × ca. 0,03 mm, abundantes por toda a margem. Máculas ausentes. Sorédios e pústulas ausentes. Isídios 0,05-0,50 × ca. 0,05(-0,15) mm, granulares a cilíndricos lisos, simples a ramificados ou ocasionalmente coralóides, laminais principalmente sobe dobras ou às vezes marginais, eretos, firmes, concoloridos, comumente de ápices acastanhados, ciliados. Medula branca, sem manchas de pigmentos K+ púrpura. Lado de baixo negro, lustroso, liso a subrugoso ou pouco venado, zona marginal marrom, às vezes negra ou variegada, atenuada, lustrosa, lisa, nua. Rizinas 0,10-2,60 × ca. 0,05 mm, negras, simples a raramente furcadas ou de ramificação irregular, homogeneamente distribuídas, abundantes. Apotécios e picnídios não encontrados.

Substâncias de importância taxonômica: ácido úsnico (córtex superior, K-, UV-), ácidos graxos não identificados (segundo Hale 1965 e Jungbluth 2006, um deles pode ser possivelmente protoliquesterínico) (medula, K-, C-, KC-, P-, UV-).

Distribuição: devido à confusão com Parmotrema aberrans, os dados de distribuição na literatura encontram-se mesclados, sendo necessários estudos com esta espécie e P. aberrans a fim de clarificar a fitogeografia de ambas as espécies. Vide distribuição de P. aberrans.

Material estudado: BRASIL. SÃO PAULO: Município de São Paulo, Serra da Cantareira, Parque Estadual da Cantareira, próximo ao lago perto da administração, 16-VII-1991, leg. M.P. Marcelli, A. Rezende, O. Yano & F.M.M. Coppola 11782 (SP).

Comentários: Apenas um espécime foi encontrado, e está sendo aqui interpretado como P. xanthinum, já que difere do espécime de P. aberrans pela ausência de ácido girofórico medular e pelo que aparenta ser uma composição parcialmente diferente de ácidos graxos medulares, ao menos em relação a uma substância que pode tratar-se do ácido protoliquesterínico. Curiosamente, o único talo de P. xanthinum encontrado é corticícola, enquanto que o único talo encontrado de P. aberrans é saxícola, e não foram detectados traços de atranorina, tal como mencionado por Fleig (1997) para o material de P. aberrans que a autora interpretou como P. xanthinum. O talo de P. xanthinum é também mais amarelado, tem lobos mais estreitos e isídios menos ramificados/coralóides que o de P. aberrans.

Para o esclarecimento das composições químicas de ácidos graxos de ambas as espécies seria necessário estudo com cromatrografia liquida de alta performance (HPLC) de diversos espécimes uma vez que se trata de um conjunto de substâncias de difícil interpretação sem o auxílio do equipamento, padrões estabelecidos para comparações, e de um especialista químico. Devido a morfologia similar à P. aberrans e a composição química, esta é possivelmente a primeira confirmação de P. xanthinum para o Estado de São Paulo.

Agradecimentos

O Autor agradece à assessoria pela revisão do artigo; à FAPESP (Fundação para o Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) pela concessão da Bolsa de Iniciação Científica nº 00/01009-1; à Dra. Neli Kika Honda (UFMS), pelo auxílio com a confirmação de substâncias de diversos espécimes; ao Dr. Adriano Afonso Spielmann (UFMS), pela discussão a respeito de algumas espécies.

Literatura citada

Recebido: 21.08.2013

Aceito: 8.11.2013

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  • *
    Autor para correspondência:
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      10 Abr 2014
    • Data do Fascículo
      Mar 2014

    Histórico

    • Aceito
      08 Nov 2013
    • Recebido
      21 Ago 2013
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