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Composição da comunidade liquênica em floresta ribeirinha na APA do Ibirapuitã, RS, Brasil

Lichen community composition in riparian forest in the APA of Ibirapuitã, Rio Grande do Sul State, Brazil

RESUMO

Os liquens fazem parte de um grupo extremamente diverso e são componentes importantes em áreas florestais. O objetivo deste trabalho foi analisar a composição da comunidade liquênica e verificar os padrões fitossociológicos de táxons ocorrentes em áreas florestais ribeirinhas, na APA do Ibirapuitã, RS, Brasil. O mapeamento dos liquens foi realizado através do método do acetato, em 60 forófitos (palavra masculina que designa árvores que servem de suporte para epífitas) distribuídos em 12 áreas florestais. Foram registrados 254 táxons liquênicos, destes 199 registrados no estudo quantitativo com duas novas espécies para a ciência, três novas citações para o Brasil e 14 novos registros para o Estado do Rio Grande do Sul. A espécie Heterodermia obscurata (Nyl.) Trev. foi a mais importante na comunidade, apresentando maior valor de importância, frequência e cobertura. A boa qualidade ambiental de algumas áreas florestais ribeirinhas, associada à disponibilidade de forófitos adequados e as condições microclimáticas das áreas florestais são fatores que contribuíram para os resultados encontrados. A preservação das florestas ribeirinhas nas áreas analisadas é de vital importância para assegurar a diversidade das espécies como também para a proteção dos cursos d' água do rio Ibirapuitã e seus afluentes.

Palavras-chave:
bioma Pampa; fitossociologia; fungos liquenizados; liquens corticícolas

ABSTRACT

The lichens are part of an extremely diverse group and are important components in forested areas. The aim of this study is to analyze the lichen species composition and investigate the phytosociological patterns of taxa occurring in riparian forest, in the APA of Ibirapuitã, Rio Grande do Sul State, Brazil. The mapping of lichen species was performed using the acetate method, in 60 phorophytes distributed in 12 riparian forest areas. Two hundred fifty-four lichenized fungi taxa were recorded, of which 199 were registered in the quantitative study, with two new species to science, three new citations for Brazil and 14 new records for the state of Rio Grande do Sul. The species Heterodermia obscurata (Nyl.) Trev. was the most important in the community, showing the highest value of importance, frequency, and coverage. The environmental quality of some riparian forest areas, associated with the availability of appropriate phorophyte and microclimate conditions of forest areas are factors that contributed to the results. The preservation of riparian forests in the analyzed areas is of vital importance to ensure the biodiversity of species, but also for the protection of watercourses of Ibirapuitã River and its tributaries.

Keywords:
corticicolous lichens; lichenized fungi; Pampa biome; phytosociology

Introdução

As modificações na paisagem das florestas e as práticas de manejo influenciam fortemente a biodiversidade, tanto em termos de composição e riqueza de espécies como no tamanho das populações.

Os liquens, especialmente as espécies ocorrentes em áreas florestais antigas são os mais afetados entre os grupos de organismos, reagindo inclusive por pequenas alterações na estrutura do seu habitat (Richardson & Cameron 2004Richardson D.H.S. & Cameron, R.P. 2004. Cyanolichens: their response to pollution and possible management strategies for their conservation in northeastern North America. Northeast Naturalist 11: 1-22.), sendo utilizados como indicadores de estágios florestais.

Estes organismos são mais desenvolvidos em florestas antigas do que em florestas jovens e permitem demonstrar se o ecossistema florestal permaneceu inalterado ao longo do tempo (McCune 1993McCune, B. 1993. Gradients in epiphyte biomass in three Pseudotsuga-Tsuga forests of different ages in western Oregon and Washington. Bryologist 96: 405-411., Esseen et al. 1996Esseen, P.A., Renhorn, K.E. & Pettersson, R.B. 1996. Epiphytic lichen biomass in managed and old-growth boreal forests: effect of branch quality. Ecology Applied 6: 228-238., Tuvi et al. 2011Tuvi, E.L., Vellak, A., Reier, Ü., Szava-Kovats, R. & Pärtel, M. 2011. Establishment of protected areas in different ecoregions, ecosystems, and diversity hotspots under successive political systems. Biological Conservation 144: 1726-1732., Nascimbene et al. 2013Nascimbene, J., Benesperi, R., Brunialti, G., Catalano, I., Vedove, M.D., Grillo, M., Isocrono, D., Matteucci, E., Potenza, G., Puntillo, D., Puntillo, M., Ravera, S., Rizzi, G. & Giordani, P. 2013. Patterns and drivers of b-diversity and similarity of Lobaria pulmonariacommunities in Italian forests. Journal Ecology 101: 493-505.). Mesmo que algumas comunidades sejam capazes de sobreviver a este tipo de impacto, muitas outras podem sofrer extinção local de espécies, as quais são restritas aos ecossistemas com baixos regimes de perturbações (Werth 2001Werth S. 2001. Key factors for epiphytic macrolichen vegetation in deciduous forests of Troms county, northern Norway: human impact, substrate, climate or spatial variation? Thesis, Department of Biology, Faculty of Science, University of TromsØ, TromsØ, Norway.). Em algumas comunidades pode ocorrer perda de diversidade e/ou se encontrar dominadas por espécies mais resistentes a ambientes perturbados ou poluídos (Brunialti & Giordani 2003Brunialti, G. & Giordani, P. 2003. Variability of lichen diversity in a climatically heterogeneous area (Liguria, NW Italy). Lichenologist 35: 55-69., Jüriado et al. 2003Jüriado, I., Paal, J. & Liira, J. 2003. Epiphytic and epixylic lichen species diversity in Estonian natural forests. Biodiversity and Conservation 12:1587-1607.).

Os campos temperados do sul da América do Sul (Bioma Pampa) originalmente abrigavam uma área de mais de um milhão de km2; no entanto, um pequeno percentual permanece em estado natural e o pouco do que resta está ameaçado pela intensificação agrícola (WBW 2012World Bird Watch. 2012. Protecting the Pampas. June 2012. Disponível em http://www.savebrasil.org,br (acesso em 22-VIII-2013).
http://www.savebrasil.org,br...
). Esse bioma abriga alta biodiversidade, com cerca de duas mil espécies vegetais (Boldrini 2009Boldrini, I. 2009. A flora dos Campos do Rio Grande do Sul. In : V.D. Pillar, S.C. Müller, Z.M.S. Castilhos, A.V.A. Jacques (eds.). Campos Sulinos: Conservação e Uso Sustentável da Biodiversidade. Ministério do Meio Ambiente. Brasília, pp. 63-77.); entretanto, o conhecimento de outros grupos biológicos ainda é escasso.

Os liquens fazem parte de um grupo extremamente diverso e exercem diferentes funções nos ecossistemas. Servem de habitat para alguns animais e contribuem para reciclagem de nutrientes, com a fixação de nitrogênio pelas cianobactérias associadas (Brunialti & Giordani 2003Brunialti, G. & Giordani, P. 2003. Variability of lichen diversity in a climatically heterogeneous area (Liguria, NW Italy). Lichenologist 35: 55-69., Gunnarsson et al. 2004Gunnarsson, B., Hake, M. & Hultengren, S. 2004. A functional relationship between species richness of spiders and lichen in spruce. Biodiversity and Conservation 13: 685-693.).

No Brasil, são poucos os estudos que abordam os efeitos ambientais em áreas florestais sobre a comunidade liquênica (Käffer & Martins-Mazzitelli 2005Käffer, M.I. & Martins-Mazzitelli, S.M.A. 2005. Fungos liquenizados corticícolas e terrícolas da área da sub-bacia do Sinos e Taquari-Antas, RS, Brasil. Acta Botanica Brasilica, 19: 813-817., Cáceres et al. 2008Cáceres, M.E., Lücking, R. & Rambold, G. 2008. Corticolous microlichens in northeastern Brazil: habitat differentiation between coastal Mata Atlântica, Caatinga and Brejos de Altitude. The Bryologist 111: 98-117., Fleig & Grüninger 2008Fleig, M. & Grüninger, W. 2008. Liquens da Floresta com Araucária no Rio Grande do Sul. Pró-Mata: Guia de Campo 3. University of Tübingen, Germany., Käffer et al. 2009Käffer, M.I., Ganade, G. & Marcelli, M.P. 2009. Lichen diversity and composition in Araucaria forests and tree monocultures in southern Brazil. Biodiversity and Conservation 18: 3543-3561., 2010Käffer, M.I., Marcelli, M.P. & Ganade, G. 2010. Distribution and composition of the lichenized mycota on a landscape mosaic from southern Brazil. Acta Botanica Brasilica 24: 790-802., Martins & Marcelli 2011Martins, S.M.A. & Marcelli, M.P. 2011. Specific distribution of lichens on Dodonaea viscosa L. in the restinga area of Itapuã State Park in Southern Brazil. Hoehnea 38: 397-411., Koch et al. 2012Koch, N.M., Maluf, R.W. & Martins, S.M.A. 2012. Comunidade de liquens foliosos em Piptocarpha angustifolia Dusén ex Malme (Asteraceae) em área de Floresta Ombrófila Mista no estado do Rio Grande do Sul, Brasil. Iheringia, Sér. Bot. 67: 47-57.).

Para a área do Bioma Pampa, Käffer & Martins (2014)Käffer, M.I. & Martins, S.M.A. 2014a. Evaluation of the environmental quality of a protected riparian forest in Southern Brazil. Bosque (Valdivia. Impresa) 35: 325-331. analisaram a qualidade ambiental de algumas áreas florestais empregando os liquens como indicadores ambientais, uma vez que estes são considerados organismos pioneiros na colonização de ambientes (Valencia & Ceballos 2002Valencia M.C. de, Ceballos J.A. 2002. Hongos liquenizados. Universidad Nacional de Colombia, Bogotá.) e sensíveis às variações ambientais (Giordani et al. 2012Giordani, P., Brunialti, G., Bacaro, G. & Nascimbene, J. 2012. Functional traits of epiphytic lichens as potential indicators of environmental conditions in forest ecosystems. Ecological Indicators 18:413-420.). Desta forma, este trabalho tem por objetivos: i) analisar a composição da comunidade liquênica corticícola de áreas florestais ribeirinhas na região sul da APA do Ibirapuitã; e ii) verificar a frequência, cobertura e valor de importância dos táxons identificados.

Material e métodos

Área de estudo - A Área de Proteção Ambiental (APA) do Ibirapuitã é uma Unidade de Conservação Federal da Categoria "Uso Sustentável". Possui uma extensão de, aproximadamente, 317.000 hectares representativos do Bioma Pampa, sendo a única UC Federal deste Bioma. Seu território está distribuído em quatro municípios do Estado do Rio Grande do Sul, Brasil: Alegrete (15%), Quaraí (12%), Rosário do Sul (16%) e Santana do Livramento (57%). A vegetação predominante é o campo e, ao longo dos rios, há a presença de floresta de galeria; nas demais áreas, remanescentes de floresta de encosta e capões de mata (Backes 2012Backes, A. 2012. Áreas protegidas no estado do Rio Grande do Sul: o esforço para a conservação. Pesquisas Botânica 63: 225-355., Andrade 2013Andrade, R.O. 2013. Intervenções sustentáveis. Revista da FAPESP on line, 206, São Paulo, pp. 52. Disponível em http://www.revistapesquisa.fapesp.br/BiotaFapesp.pdf. (acesso em 19-VIII-2013).
http://www.revistapesquisa.fapesp.br/Bio...
).

O presente trabalho foi realizado no período de junho de 2011 a março de 2013. Foram analisadas 12 áreas amostrais, situadas na região sul da APA do Ibirapuitã, em Santana do Livramento: Fazenda Lolita (LO1-LO6), Estância São Maurício (MA1-MA3) e Fazenda Rincão Bonito (RB1-RB3) (figura 1).

Figura 1
Mapa de localização das áreas de estudo da comunidade liquênica, na região sul da APA do Ibirapuitã, Santana do Livramento, RS, Brasil. Figure 1. Location map of the areas of study of lichenized community in the southern region of the APA do Ibirapuitã, Santana do Livramento, Rio Grande do Sul State, Brazil.

Amostragem e identificação - Para o estudo da comunidade liquênica foram empregadas análise quali-quantitativa. No estudo qualitativo, os liquens foram observados e/ou coletados em substratos (árvores, rochas, solo) através do método de caminhadas (Filgueiras et al. 1994Filgueiras, T.S., Nogueira, P.E., Brochado, A.L. & Guala II, G. F. 1994. Caminhamento - Um método expedito para levantamentos florísticos qualitativos. Cadernos de Geociências 12: 39-43.), por trilhas e acessos localizados junto e/ou próximo às matas ribeirinhas, nas mesmas áreas do estudo quantitativo.

Na amostragem quantitativa, em cada área amostrada foram selecionados cinco forófitos, preferencialmente de troncos eretos, que não apresentassem ramificações abaixo de 150 cm de altura e com diâmetro altura do peito (DAP) acima de 7,3cm, totalizando 60 forófitos.

Para o mapeamento da micota liquenizada foi utilizado o método das folhas de acetato. Este consiste em dispor cinco folhas de acetato de 20 × 20 cm ao longo do tronco dos forófitos, a partir de 50 cm acima do solo até 150 cm, amostrando o tronco em cinco níveis de altura, nas faces Norte e Sul dos mesmos.

Os liquens não identificados no local foram coletados para posterior confirmação em laboratório. Para a identificação das espécies foi utilizado o procedimento padrão em liquenologia. Foram realizadas análises morfológicas através da identificação dos caracteres macro e microscópicos dos espécimes, com o uso de estereomicroscópio e de microscópio óptico. As análises químicas foram realizadas através dos testes de spot baseados na coloração, utilizando-se reagentes químicos, e de luz UV (ondas longas) no córtex e medula das amostras para constatação de substâncias (ácidos liquênicos).

Também foi utilizada bibliografia especializada para cada grupo taxonômico, consulta com material constante no Herbário Prof. Dr. Alarich Schultz (HAS) do Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul, Brasil. A confirmação de algumas espécies foi realizada por especialistas, para alguns grupos. O material coletado encontra-se herborizado e catalogado no herbário HAS (89232 a 89436).

Análise dos dados fitossociológicos - A riqueza de espécies foi considerada como o número total de liquens ocorrentes nos cinco forófitos. A estimativa da frequência baseou-se na presença x ausência das espécies nos troncos dos forófitos, de todas as áreas de amostragens. A estimativa da cobertura para cada espécie foi realizada através da soma total da cobertura de todos os talos presentes, em cada uma das cinco folhas de acetato, de todos os forófitos analisados. A abundância por espécie foi considerada como a soma da contagem individual de cada espécime que ocorreu nas folhas de acetato, nos cinco níveis de altura do tronco dos forófitos amostrados. O valor de importância (VI) de cada espécie foi calculado em relação à comunidade como um todo, somando-se os dados de frequência e cobertura relativa.

Resultados

Florística - No estudo qualitativo foram identificadas 254 espécies liquênicas distribuídas em 71 gêneros e 27 famílias (tabela 1). Duas espécies são novas para ciência, as quais estão sendo analisadas por especialistas do grupo: Chapsa sp. e Pseudocyphellaria sp. Três espécies são citadas aqui pela primeira vez para o Brasil: Coenogonium byssothallinum Aptroot & Lücking, Hyperphyscia viridissima (Müll. Arg.) Scutari e Phyllopsora cf. santensis (Tuck.) Swinsc. & Krog.

Tabela 1
Famílias e espécies liquênicas registradas nas áreas florestais ribeirinhas, na região sul da APA do Ibirapuitã, RS, Brasil. Espécies novas para a ciência (*), novos registros para o Brasil (**) e novas citações para o RS (***). Families and species lichenized recorded in riparian forest areas in the southern region of the APA do Ibirapuitã, Rio Grande do Sul State, Brazil. Species new to science (*), new record for Brazil (**) and new citations for the RS (***)

Para o Estado do Rio Grande do Sul, 14 são novos registros: Coenogonium pyrophthalmum (Mont.) Lücking, Aptroot & Sipman, Hafelia cf. curatelliae (Malme) Marbach, Heterodermia africana (Kurok.) M.P. Marcelli & M.F.N. Martins, Heterodermia tremulans (Müll.Arg.) W.L. Culb, Hypotrachyna sublaevigata (Nyl.) Hale, Leptogium corticola (Taylor) Tuck., Leptogium diaphanum (Mont.) Nyl., Leptogiumsp. 1, Leptogium sp. 3, Physcia sinuosa Moberg., Punctelia crispa Marcelli, Jungbluth & Elix., Punctelia fimbriata Marcelli & Canêz, Punctelia sp. 3 e Punctelia sp. 4.

Do total das espécies, 92,9% são colonizadas por clorofíceas e 7,1% por cianofíceas. Quanto ao hábitat, o maior predomínio foi de espécies corticícolas (95%) e as demais ocorrentes em habitat saxícola, muscícola e terrícola.

Em relação ao hábito foi registrado maior percentual de espécies foliosas (50%), seguido do grupo morfológico crostoso (35,4%), fruticoso (9,4%), filamentoso (1,6%), esquamuloso (2,4%) e dimórfico (1,2%). As famílias mais representativas, em relação à riqueza de espécies, foram Parmeliaceae (29,5%), Physciaceae (16,5%) e Graphidaceae (8,3%). Os gêneros com maior número de espécies foram Parmotrema (24), Punctelia (18), Heterodermia (17) e Usnea (16).

Estudo quantitativo - Foram registradas 199 espécies liquênicas distribuídas em 52 gêneros com 22 famílias. Parmeliaceae, Physciaceae, Graphidaceae e Ramalinaceae foram as famílias com maior número de espécies (61, 33, 19 e 17), sendo os gêneros com maior número de espécies: Parmotrema (24), Punctelia (16), Usnea (13) e Physcia (11) (tabela 2).

Tabela 2
Parâmetros fitossociológicos da comunidade liquênica nas áreas florestais ribeirinhas, na região sul da APA do Ibirapuitã, RS, Brasil. NI: número de indivíduos amostrados; CA: cobertura absoluta; CR: cobertura relativa; FA: frequência absoluta; FR: frequência relativa;VI: valor de importância. Phytosociological parameters of the lichenized community in the riparian forest areas in the southern region of APA do Ibirapuitã, Rio Grande do Sul State, Brazil. NI: number of individuals sampled; CA: absolute cover; CR: relative cover; FA: absolute frequency; FR: relative frequency; VI: value of importance

A análise da composição demonstrou que a soma dos VIs dos cinco táxons com maior valor de importância representou 77,6% do VI total (∑ = 200). A espécie Heterodermia obscura ta apresentou o maior valor de importância da comunidade (VI = 31,28), o maior número de indivíduos (NI = 390) e altos valores de cobertura (CA = 1069,2). Punctelia sp. 5 foi a segunda espécie mais importante na comunidade (VI = 13,44), porém, apresentou menor número de indivíduos em relação as outras espécies (NI = 135). Ricasolia erosa foi a terceira espécie com maior valor de importância (VI = 11,09), porém foi registrado um menor número de indivíduos (NI = 105). As espécies Parmotrema cetratum e Crespoa carneopruinata obtiveram o quarto e quinto maiores lugares na comunidade, apresentando valores de importância de 11,05 e 10,77, respectivamente. No entanto, estas tiveram uma variação no número de indivíduos em relação à R. erosa, NI = 161 e NI = 141 respectivamente (tabela 2).

Do total de espécies registradas no estudo quantitativo, o grupo morfológico crostoso representou 28,07% do VI total (∑ = 200). Deste grupo, Herpothallon rubrocinctum obteve o maior número de indivíduos (NI = 48) e frequencia relativa (FR = 1,71), seguida de Diorygma pruinosum (NI = 46, FR = 1,64). Dos representantes da família Graphidaceae, se destaca a espécie Graphis obtectostriata que apresentou o segundo maior valor de importância (VI = 1,68) e número de indivíduos (NI = 22).

Do grupo morfológico folioso, composto pelas espécies H. obscurata, Punctelia sp. 5 e R. erosa citadas anteriormente apresentaram os maiores valores de importância, cobertura absoluta e número de indivíduos. Da família Parmeliaceae, se destaca ainda a espécie Parmotrema reticulatum que ocupou o sexto maior valor de importância na comunidade (VI = 7,89) e no número de indivíduos (NI = 102).

O grupo morfológico fruticoso também se destacou na comunidade, com 13,88% do VI total (∑ = 200). As espécies Ramalina peruviana e R. celastri pertencentes a este grupo, apresentaram os maiores valores de importância (VI = 4,71 e VI = 2,06) e número de indivíduos, 68 e 42 respectivamente. Ressalta-se também o gênero Usnea que obteve a maior representatividade (4,88%).

Os liquens que portam cianobactérias tiveram baixo percentual no valor de importância na comunidade, apenas 9,93% do VI total (∑ = 200). As espécies deste grupo que se destacaram na comunidade pelo número de indivíduos foram Leptogium azureum (NI = 57) e L. phyllocarpum (NI = 38).

Discussão

A elevada riqueza de espécies para as áreas florestais ribeirinhas da região sul da APA do Ibirapuitã associada aos novos registros de espécies para a ciência, Brasil e o Estado do Rio Grande do Sul demonstra a carência de estudos, principalmente de cunho ecológico, para a região.

As famílias Parmeliace, Physciaceae e Graphidaceae se destacaram pela maior representatividade de espécies na comunidade liquênica da APA do Ibirapuitã. As duas primeiras são predominantes nas paisagens liquênicas, onde espécimes de Parmeliaceae são característicos de bordas de mata com maior luminosidade e vento (Marcelli 1998Marcelli, M.P. 1998. History and current knowledge of Brazilian lichenology. In : M.P. Marcelli & M.R.D. Seaward (ed.). Lichenology in Latin America: history, current knowledge and application. São Paulo, CETESB: SMA, pp. 25-45.). Esta é a família liquênica que detém a maior dominância e riqueza de espécies para o país. De acordo com Blanco et al. (2005)Blanco, O., Crespo A., Divakar, P.K., Elix, J.A. & Lumbsch, H.T. 2005. Molecular phylogeny of parmotremoid lichens (Ascomycota, Parmeliaceae). Mycologia, 97: 150-159. estima-se que existam, aproximadamente, 2.400 espécies distribuídas em 85 gêneros. Nossos estudos corroboram com outros trabalhos realizados em áreas florestais do Estado (Käffer & Martins-Mazzitelli 2005Käffer, M.I. & Martins-Mazzitelli, S.M.A. 2005. Fungos liquenizados corticícolas e terrícolas da área da sub-bacia do Sinos e Taquari-Antas, RS, Brasil. Acta Botanica Brasilica, 19: 813-817., Martins et al. 2008Martins, S.M.A., Käffer, M.I. & Lemos, A. 2008. Liquens como bioindicadores da qualidade do ar numa área de termoelétrica, Rio Grande do Sul, Brasil. Hoehnea 35 :425-433., Käffer et al. 2009Käffer, M.I., Ganade, G. & Marcelli, M.P. 2009. Lichen diversity and composition in Araucaria forests and tree monocultures in southern Brazil. Biodiversity and Conservation 18: 3543-3561., 2010Käffer, M.I., Marcelli, M.P. & Ganade, G. 2010. Distribution and composition of the lichenized mycota on a landscape mosaic from southern Brazil. Acta Botanica Brasilica 24: 790-802., Martins & Marcelli 2011Martins, S.M.A. & Marcelli, M.P. 2011. Specific distribution of lichens on Dodonaea viscosa L. in the restinga area of Itapuã State Park in Southern Brazil. Hoehnea 38: 397-411., Martins et al. 2011Martins, S.M.A. & Marcelli, M.P. 2011. Specific distribution of lichens on Dodonaea viscosa L. in the restinga area of Itapuã State Park in Southern Brazil. Hoehnea 38: 397-411., Koch et al. 2012Koch, N.M., Maluf, R.W. & Martins, S.M.A. 2012. Comunidade de liquens foliosos em Piptocarpha angustifolia Dusén ex Malme (Asteraceae) em área de Floresta Ombrófila Mista no estado do Rio Grande do Sul, Brasil. Iheringia, Sér. Bot. 67: 47-57.). Graphidaceae é a segunda maior família de fungos liquenizados e dominam grande parte da comunidade liquênica das regiões tropicais, com mais de 1.800 espécies conhecidas (Rivas-Plata et al. 2013Rivas-Plata, E., Parnmen, S., Staiger, B., Mangold, A., Frisch, A., Weerakoon, G., Hernández, J.E. Cáceres, M., M.E.S., Kalb, K., Sipman, H.J.M., Common, R.S., Nelsen, M.P., Lücking, R. & Lumbsch. H.T. 2013. A molecular phylogeny of Graphidaceae (Ascomycota: Lecanoromycetes: Ostropales) including 428 species. MycoKeys 6: 55-64.). Kaffer et al. (2011)Käffer, M.I., Alves, C., Caceres, M.E., Martins, S.M.A. & Vargas, V.M.F. 2011. Caracterização da comunidade liquênica corticícola de Porto Alegre e áreas adjacentes, RS, Brasil. Acta Botanica Brasilica, 25: 832-844. em trabalho realizado em área urbana na região sul do Brasil, citou esta família como a terceira em número de espécies. Para a APA do Ibirapuitã, Käffer et al. (2014 bKäffer, M.I., Martins, S.M.A., Caceres, M.E.S. & Aptroot, A. 2014b. A new, locally common Graphis (Graphidaceae) species from southern Brazil. Cryptogamie. Mycologie, 35: 233-237., 2015)Käffer, M.I., Koch, N.M., Aptroot, A. & Martins, S.M.A.2015. New records of corticolous lichens for South America and Brazil. Plant Ecology and Evolution 148: 111-118. registraram nove espécies de Graphis como novas ocorrências para o Brasil e Estado do Rio Grande do Sul, além de uma nova espécie, sendo que esta obteve o 24º maior valor de importância na comunidade (VI = 1,68).

Nas áreas florestais ribeirinhas foram registrados baixo percentual de liquens que portam cianobactérias, estes normalmente estão relacionados à ambientes úmidos e sombreados. Espécies do gênero Leptogium foram mais frequentes em forófitos localizados no interior das áreas florestais ribeirinhas. Espécies deste gênero representaram 4,50% do valor de importância da comunidade, com destaque para Leptogium azureum que obteve o maior número de indivíduos da família (NI = 57). As florestas ribeirinhas analisadas da região sul da APA do Ibirapuitã se caracterizam pela vegetação de médio porte, sub-bosque variando de denso a esparso e pela presença de curso d' água. Segundo Renhorn et al. (1997)Renhorn, K.E., Esseen, P.A., Palmqvist, K. & Sundberg, B. 1997. Growth and vitality of epiphytic lichens: I. Responses to microclimate along a forest edge-interior gradient. Oecologia, 109: 1-9., as espécies que portam cianobactérias como fotobionte são geralmente sensíveis ao estresse ambiental como a borda de uma floresta. O gênero Leptogium é um dos maiores dentro da família Collemataceae, que compreende os foliosos grandes, crescem nas partes úmidas de vários ambientes, desde o nível do mar até 3.400 metros de altitude, sendo que o grau de especificidade apresentada em relação ao substrato é bastante variável de acordo com a espécie. Possuem ampla distribuição, mas algumas espécies são restritas em regiões tropicais onde a diversidade do gênero é grande (Sierk 1964Sierk, H.A. 1964. The genus Leptogium in north America and north of Mexico. Bryologist 67: 1-317., Swinscow & Krog 1988Swinscow, T.D.V. & Krog, H. 1998. Macrolichens of East Africa. British Museum (Natural History) London., Otalora et al. 2014Otálora, M.A.G., JØrgensen, P.M. & Wedin, M.2014. A revised generic classification of the jelly lichens, Collemataceae. Fungal Diversity, 64: 275-293.).

As espécies com maior valor de importância na comunidade estão relacionadas às suas características ecológicas. Heterodermia obscurata apresentou o maior valor de importância obtendo também elevada frequência absoluta (6,5), cobertura relativa (13,87%) e maior número de indivíduos (390), apesar de seu talo pequeno. Esta espécie pertence à família Physciaceae que, de acordo com Marcelli (1998)Marcelli, M.P. 1998. History and current knowledge of Brazilian lichenology. In : M.P. Marcelli & M.R.D. Seaward (ed.). Lichenology in Latin America: history, current knowledge and application. São Paulo, CETESB: SMA, pp. 25-45., é a segunda maior família em número de espécies no Brasil. As espécies do gênero Heterodermia ocorrem em locais relativamente abertos, com boa luminosidade, como beira de mata, mata aberta e clareiras (Martins 2007Martins, M.F.N. 2007. O gênero Heterodermia (Physciaceae, Ascomycota liquenizados) no Estado de São Paulo, Brasil. Universidade Estadual de São Paulo, Botucatu, SP.). A região da Campanha apresenta um número considerável de espécies do gênero Heterodermia, compreendendo metade das ocorrentes no Estado do Rio Grande do Sul (Eliasaro 1992Eliasaro, S. 1992. Liquens do gênero Heterodermia (Pyxinaceae-Ascomycotina) no Rio Grande do Sul, Brasil. Dissertação de Mestrado, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre.).

As espécies Punctelia sp. 5 e Parmotrema cetratumocuparam o segundo e terceiro maior valor de importância na comunidade por apresentarem maiores valores de cobertura e frequência absoluta, respectivamente e, ambas pertencem à família Parmeliaceae. Espécies do gênero Parmotrema se caracterizam por apresentar talos geralmente grandes (Spielmann & Marcelli 2008Spielmann, A.A. & Marcelli, M.P. 2008. Parmeliaceae (Ascomycota liquenizados) nos barrancos e peraus da encosta da Serra Geral, Vale do rio Pardo, Rio Grande do Sul, Brasil. I. Introdução e chave para gêneros. Iheringia, Série Botânica 63: 159-169.), enquanto que espécimes de Punctelia podem variar de 3,0 a 20 cm de diâmetro (Canêz 2009Canêz, L.S. 2009. Estudos taxonômicos em Punctelia (Parmeliaceae, Ascomycetes Liquenizados). Tese de Doutorado, Instituto de Botânica, São Paulo.). Este último gênero tem seu centro de dispersão na África e América do Sul (Elix 1994Elix, J.A. 1994. Parmeliaceae. Flora of Australia 55: 1-360.) e o RS é o Estado com maior diversidade de espécies (Canêz 2009Canêz, L.S. 2009. Estudos taxonômicos em Punctelia (Parmeliaceae, Ascomycetes Liquenizados). Tese de Doutorado, Instituto de Botânica, São Paulo.). Em todas as áreas analisadas foram registradas espécies de Parmotrema e Punctelia cobrindo grandes extensões de troncos, galhos e/ou ramos.

Outra espécie de destaque na comunidade foi Ricasolia erosa que ocupou o terceiro maior valor de importância. Liquens foliosos de talo grande como R. erosa são mais comuns em áreas preservadas ou mais antigas do que em florestas mais jovens. Muitos trabalhos têm demonstrado que isto ocorre devido ao lento crescimento dos liquens, ao fato do microhabitat dessas florestas serem mais estáveis, e pela baixa eficiência de dispersão das espécies (Hinds & Hinds 2007Hinds, J.W. & Hinds, P.L. 2007. The macrolichens of New England. Memoirs of the New York Botanical Garden 96. The New York Botanical Garden Press. New York, USA.). Espécies deste gênero têm sido citadas como indicadoras de ecossistemas florestais preservados e associadas a áreas de floresta de elevada continuidade ecológica (Campbell & Fredeen 2004Campbell, J. & Fredeen A.L. 2004. Lobaria pulmonaria abundance as an indicator of macrolichen diversity in Interior Cedar-Hemlock forests of east-central British Columbia. Canadian Journal of Botany 82: 970-982., Liira & Sepp 2009Liira, J. & Sepp, T. 2009. Indicators of structural and habitat natural quality in boreo-nemoral forests along the management gradient. Annals Botanny Fennici 46: 308-325). Sua ocorrência também está associada com uma variedade de outras espécies raras ou em extinção, podendo ser considerada como uma espécie de guarda-chuva (Nascimbene et al. 2010Nascimbene, J., Benesperi, R., Brunialti, G., Catalano, I., Vedove, M.D., Grillo, M., Isocrono, D., Matteucci, E., Potenza, G., Puntillo, D., Puntillo, M., Ravera, S., Rizzi, G. & Giordani, P. 2013. Patterns and drivers of b-diversity and similarity of Lobaria pulmonariacommunities in Italian forests. Journal Ecology 101: 493-505.). Espécies do gênero Ricasolia foram registradas em 80% das áreas florestais ribeirinhas analisadas e presentes em 61,7% dos forófitos amostrados.

O grupo morfológico fruticoso foi também de grande relevância na estrutura da comunidade, contribuindo com 21 táxons e perfazendo um total de 245 indivíduos, com destaque para os gêneros Usnea e Ramalina. Espécies deste grupo foram mais frequentes nos níveis mais elevados do tronco (acima de 100 cm de altura do solo), em forófitos localizados próximos a bordas das matas, em áreas florestais mais abertas, onde o sub-bosque se encontrava mais esparso e/ou em árvores isoladas. Também foram registrados muitos espécimes em galhos e ramos das árvores no levantamento florístico. Os liquens fruticosos são mais abundantes em ambientes mais abertos e ensolarados (Wodal 2006Wodal, C., Huber A. & Dohrenbuschl, A. 2006. Vegetación epífita y captación de neblina en bosques siempre verdes en la Cordillera Pelada, Sur de Chile. Bosque 24 : 231-240., Fleig & Grüninger 2008Fleig, M. & Grüninger, W. 2008. Liquens da Floresta com Araucária no Rio Grande do Sul. Pró-Mata: Guia de Campo 3. University of Tübingen, Germany.) e são considerados mais sensíveis a alterações ambientais (Hawksworth et al. 2005Hawksworth, D.L., Iturriaga, T. & Crespo, A. 2005. Líquenes como bioindicadores inmediatos de contaminación y cambios medio-ambientales en los trópicos. Revista Iberoamericano Micology 22: 71-82.). Espécies do gênero Usnea possuem ampla distribuição em regiões tropicais e temperadas do mundo (Knight 2014Knight, A. 2014. Lichens of New Zealand. An Introductory illustrated guide. Dunebin: New Zealand. pp. 1-56.). E em regiões mais úmidas dos trópicos, este gênero produz uma abundância de morfo e quimiotipos (Swinscow & Krog 1979Swinscow, T.D.V. & Krog, H. 1979. The fruticose species of Usnea subgenus Usnea in east Africa. Lichenologis 11: 207-252.).

O grande número de espécies, especialmente os novos registros, vem a contribuir com os estudos da liquenologia nas florestas ribeirinhas na APA do Ibirapuitã e para a região da campanha, no sul do Brasil. A boa qualidade ambiental de algumas áreas florestais, especialmente aquelas localizadas na Estância São Maurício e Fazenda Rincão Bonito (Käffer et al. 2014aKäffer, M.I. & Martins, S.M.A. 2014a. Evaluation of the environmental quality of a protected riparian forest in Southern Brazil. Bosque (Valdivia. Impresa) 35: 325-331.), a disponibilidade de forófitos adequados e as condições microclimáticas das áreas florestais são fatores que contribuíram para os resultados encontrados.

Os resultados deste estudo poderão ser utilizados como subsídio para a elaboração do Plano de manejo da área da APA do Ibirapuitã e contribuir para o conhecimento da liquenobiota do Estado do Rio Grande do Sul e do Brasil. E, a preservação das florestas ribeirinhas nas áreas analisadas é de vital importância para assegurar não somente a biodiversidade, representada pela variabilidade genética existente nas populações naturais, como também para a proteção dos cursos d' água do rio Ibirapuitã e seus afluentes.

Agradecimentos

Agradecemos aos liquenólogos Dr. André Aptroot da ABL Herbarium, Holanda, Dra. Marcela E. da S. Cáceres da Universidade Federal de Sergipe, Dr. Marcos J. Kitaura do Instituto de Biociências da UNESP e Dra. Luciana Canêz da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, pela identificação e/ou confirmação de algumas espécies crostosas e foliosas; ao Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul, por oferecer as dependências para as atividades de laboratório; e ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq (processo número 160115/2012-4), pela bolsa de Pós-Doc do primeiro Autor.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Apr-Jun 2015

Histórico

  • Recebido
    22 Set 2014
  • Aceito
    11 Fev 2015
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