Acessibilidade / Reportar erro

Epífitas vasculares da Estação Ecológica Barreiro Rico, Anhembi, SP, Brasil: diversidade, abundância e estratificação vertical

Vascular epiphytes in Estação Ecológica Barreiro Rico Ecological Station, Anhembi, São Paulo State, Brazil: diversity, abundance, and vertical stratification

RESUMO

A diversidade, abundância e estratificação vertical das epífitas vasculares foram estudadas na Estação Ecológica Barreiro Rico, área de floresta estacional semidecidual na região central de São Paulo, Brasil. Das 25 espécies encontradas (15 gêneros e seis famílias), as Angiospermas foram representadas por 20 espécies. e as samambaias por cinco. A diversidade de Shannon (H') foi de 2,77 nats. Os holoepífitos característicos (88%) foram predominantes na área, bem como as espécies com dispersão anemocórica (60%). Orchidaceae apresentou maior riqueza, no entanto também o maior número de espécies raras (Valor de Importância Epifítica < 1). As zonas de altura intermediárias apresentaram o maior número de espécies e de registros. A zona próxima ao solo e aquela mais externa no dossel foram dominadas por espécies com características distintas, melhor adaptadas aos ambientes sombreados ou de luminosidade extrema, respetivamente. A distribuição das espécies e das abundâncias indica uma comunidade epifítica relativamente simples, na qual atuam poucos fatores dominantes, sendo limitada por fatores microclimáticos.

Palavras-chave:
bromélias; fitossociologia de epífitas; Floresta Estacional Semidecídua; orquídeas; samambaias

ABSTRACT

Diversity, abundance, and vertical stratification of vascular epiphytes were studied in the Barreiro Rico Ecological Station, a Semideciduous Seasonal Forest in São Paulo State, Brazil. Of the 25 species found (15 genera and six families), the Angiosperms were represented by 20 species and the ferns by five. The Shannon diversity (H') was 2.77 nats. The characteristic holoepiphytes are dominant in the area (88%) as well as the anemochoric species (60%). The orchid family showed the greatest richness, but also the rarest species (Epiphytic Importance Value < 1). The intermediate height zones had the highest number of species and records.The zones next to the ground and the outermost canopy were dominated by species with distinctive features, adapted to shaded environments or extreme luminosity respectively. The species distribution and abundance indicate a relatively simple epiphytic community influenced by few dominant factors and limited by microclimatic factors.

Keywords:
bromeliads; ferns; orchids; Phytosociology of epiphytes; Semideciduous Seasonal Forest

Introdução

Epífitas vasculares constituem um importante componente das florestas tropicais, não só pelo número de espécies que elas representam (Nieder et al. 2001Nieder, J., Prosperi, J. & Michaloud, G. 2001. Epiphytes and their contribution to canopy diversity. Plant Ecology 153: 51-63.), mas também pela biomassa que acumulam (Gentry & Dodson 1987aGentry, A.H. & Dodson, C.H. 1987a. Diversity and biogeography of neotropical vascular epiphytes. Annals of the Missouri Botanical Garden 74: 205-233., Benzing 1990Benzing, D.H. 1990. Vascular epiphytes: general biology and related biota. Cambridge University Press, Cambridge.). Além disso, epífitas vasculares contribuem para a maior diversidade de nichos e microhábitats, aumentando o espaço físico e a oferta de alimento a muitas espécies de animais (Benzing 1990Benzing, D.H. 1990. Vascular epiphytes: general biology and related biota. Cambridge University Press, Cambridge.), especialmente aves e insetos (Nadkarni & Matelson 1989Nadkarni, N.M. & Matelson, T.J. 1989. Bird use of epiphyte resources in Neotropical trees. The Condor 91: 891-907. , Benzing 1990Benzing, D.H. 1990. Vascular epiphytes: general biology and related biota. Cambridge University Press, Cambridge.). Determinados grupos dentre as epífitas têm sido utilizados como indicadores de mudanças climáticas, poluição e degradação ambiental (Lugo & Scatena 1992Lugo, A.E. & Scatena, F.N. 1992. Epiphytes and climate change research in the Caribbean: a proposal. Selbyana 13: 123-130., Graciano et al. 2003Graciano, C., Fernández, L.V. & Caldiz, D.O. 2003. Tillandsia recurvata L. as a bioindicator of sulfur atmospheric pollution. Ecología Austral 13: 3-14.).

Respondendo por cerca de 10% de toda a diversidade de plantas vasculares (Gentry & Dodson 1987aGentry, A.H. & Dodson, C.H. 1987a. Diversity and biogeography of neotropical vascular epiphytes. Annals of the Missouri Botanical Garden 74: 205-233., Kress 1986Kress, J.W. 1986. A symposium: The biology of tropical epiphytes. Selbyana 9: 1-22., Zotz 2013), as epífitas são comuns às florestas tropicais úmidas (Madison 1977Madison, M. 1977. Vascular epiphytes: their systematic occurrence and salient features. Selbyana 2: 1-13.), representando mais de 25% da flora vascular de muitos países (Nieder et al. 2001Nieder, J., Prosperi, J. & Michaloud, G. 2001. Epiphytes and their contribution to canopy diversity. Plant Ecology 153: 51-63.). Em algumas florestas brasileiras são responsáveis por mais de 50% das espécies (Kersten 2010Kersten, R.A. 2010. Epífitas vasculares - Histórico, participação taxonômica e aspectos relevantes, com ênfase na Mata Atlântica. Hoehnea 37: 9-38.). Embora sejam componentes característicos de florestas tropicais úmidas, muitas espécies ocorrem em ambientes como manguezais (Olmsted & Juárez 1996Olmsted, I. & Juarez, M.G. 1996. Distribution and conservation of epiphytes on the YucatanPeninsula. Selbyana 17: 58-70.), florestas decíduas e semidecíduas (Rogalski & Zanin 2003Rogalski, J.M. & Zanin, E.M. 2003. Composição florística de epífitos vasculares no estreito de Augusto César, Floresta Estacional Decidual do Alto Uruguai, RS, Brasil. Revista Brasileira de Botânica 26: 551-556., Bataghin et al. 2010Bataghin, F.A., Barros, F. & Pires, J.S.R. 2010. Distribuição da comunidade de epífitas vasculares em sítios sob diferentes graus de perturbação na Floresta Nacional de Ipanema, São Paulo, Brasil. Revista Brasileira de Botânica 33: 531-542.), cerrados (Bataghin et al. 2012Bataghin, F.A., Muller, A., Pires, J.S.R., Barros, F., Fushita, A.T. & Scariot, E.C. 2012. Riqueza e estratificação vertical de epífitas vasculares na Estação Ecológica de Jataí: área de Cerrado no Sudeste do Brasil. Hoehnea 39: 615-626.) e até mesmo em ambientes semi-áridos (Montaña et al. 1997Montaña, C., Dirzo, R. & Flores, A. 1997. Structural parasitism of an epiphytic bromeliad upon Cercidium praecox in an intertropical semiarid ecosystem. Biotropica 29: 517-521.).

Taxonomicamente, as epífitas vasculares são muito diversas, sendo sua riqueza estimada em 25.000 (Kress 1986Kress, J.W. 1986. A symposium: The biology of tropical epiphytes. Selbyana 9: 1-22.), 29.000 (Gentry & Dodson 1987aGentry, A.H. & Dodson, C.H. 1987a. Diversity and biogeography of neotropical vascular epiphytes. Annals of the Missouri Botanical Garden 74: 205-233.) e 27.614 (Zotz 2013) espécies. Mundialmente Orchidaceae, Bromeliaceae e Araceae respondem por mais de 70% do total de espécies epifíticas (Madison 1977Madison, M. 1977. Vascular epiphytes: their systematic occurrence and salient features. Selbyana 2: 1-13.). Kersten (2010)Kersten, R.A. 2010. Epífitas vasculares - Histórico, participação taxonômica e aspectos relevantes, com ênfase na Mata Atlântica. Hoehnea 37: 9-38., considerando apenas a Floresta Atlântica indicou que cerca de 60% das epífitas deste ambiente pertencem a Orchidaceae, Bromeliaceae e Polypodiaceae. No entanto, Freitas et al. (2016)Freitas, L., Salino, A., Menini Neto, L., Almeida, T.E., Mortara, S.R., Stehmann, J.R., Amorim, A.M., Guimarães, E.F., Coelho, M.N., Zanin, A. & Forzza, R.C. 2016. A comprehensive checklist of vascular epiphytes of the Atlantic Forest reveals outstanding endemic rates. PhytoKeys 58: 65-79. afirmam que mais de 93% da riqueza de epífitas na Floresta Atlântica estão concentradas em dez famílias, sendo 73% das espécies pertencentes a Orchidaceae e Bromeliaceae. No Brasil, o número de espécies pode variar desde poucas em florestas como o Cerrado (Ishara et al. 2008Ishara, K.L., Déstro, G.F.G., Maimoni-Rodella, R.C.S. & Yanagizawa, Y.A.N.P. 2008. Composição florística de remanescente de cerrado sensu stricto em Botucatu, SP. Revista Brasileira de Botânica 31: 575-586.), até centenas de espécies em florestas úmidas, como nos levantamentos realizados em Floresta Atlântica (Kersten & Kuniyoshi 2009Kersten, R.A. & Kuniyoshi, Y.S. 2009. Conservação das florestas na Bacia do Alto Iguaçu, Paraná - Avaliação da comunidade de epífitas vasculares em diferentes estágios serais. Floresta 39: 51-66., Blum et al. 2011Blum, C.T., Roderjan, C.V. & Galvão, F. 2011. Composição florística e distribuição altitudinal de epífitas vasculares da Floresta Ombrófila Densa na Serra da Prata, Morretes, Paraná, Brasil. Biota Neotropica 11: 141-159., Bianchi et al. 2012Bianchi, J.S., Bentos, C.M. & Kersten, R.A. 2012. Epífitas vasculares de uma área de ecótono entre as Florestas Ombrófilas Densa e Mista, no Parque Estadual do Marumbi, PR. Estudos de Biologia 34: 37-44., Alves & Menini Neto 2014Alves, F.E. & Menini Neto, L. 2014. Vascular epiphytes in a forest fragment of Serra da Mantiqueira and floristic relationships with Atlantic high altitude areas in Minas Gerais. Brazilian Journal of Botany 37: 187-196.).

A diversidade de espécies epifíticas vasculares bem como a densidade de indivíduos tende a ser inversamente relacionada ao grau de alteração do ecossistema florestal, o que permite considerar as epífitas como um importante indicador do estado de conservação das florestas (Barthlott et al. 2001Barthlott, W., Schmit-Neuerburg, V., Nieder, J. & Engwald, S. 2001. Diversity and abundance of vascular epiphytes: a comparison of secondary vegetation and primary montane rain forest in the Venezuelan Andes. Plant Ecology 152: 145-156.). Wolf (2005)Wolf, J.H.D. 2005. The response of epiphytes to anthropogenic disturbance of pine-oak forests in the highlands of Chiapas, Mexico. Forest Ecology and Management 212: 376-393., analisando a flora epifítica de áreas com diferentes níveis de perturbação, concluiu que o distúrbio nas florestas tem efeito negativo sobre a biomassa epifítica e sua diversidade alfa, assim como sobre a flora das árvores remanescentes. Barthlott et al. (2001)Barthlott, W., Schmit-Neuerburg, V., Nieder, J. & Engwald, S. 2001. Diversity and abundance of vascular epiphytes: a comparison of secondary vegetation and primary montane rain forest in the Venezuelan Andes. Plant Ecology 152: 145-156. estudando a comunidade epifítica vascular em diferentes fragmentos florestais apontou que a diversidade destas é menor em áreas de florestas secundárias ou de florestas perturbadas, quando comparadas com as florestas primárias.

A distribuição das epífitas vasculares dentro do ambiente florestal está relacionada com a espécie, diâmetro e idade de seus forófitos (Arévalo & Betancur 2006Arévalo, R. & Betancur, J. 2006. Vertical distribution of vascular epiphytes in four forest types of the Serranía de Chiribiquete, Colombian Guayana. Selbyana 27: 175-185., Zotz & Schultz 2008Zotz, G. & Schultz, S. 2008. The vascular epiphytes of a lowland forest in Panama-species composition and spatial structure. Plant Ecology 195: 131-141.), com as condições micro-climáticas do ambiente (Johansson 1974Johansson, D. 1974. Ecology of vascular epiphytes in West African rain forest. Acta Phytogeographica Suecica 59: 1-136., Freiberg 1996Freiberg, M. 1996. Spatial distribution of vascular epiphytes on three emergent canopy trees in French Guiana. Biotropica 28: 345-355.) e com fatores mais abrangentes como a temperatura, umidade, incidência e composição do espectro de luz, e polarização dos raios que se apresentam de forma diferenciada dentro da floresta (Benzing 1995Benzing, D.H. 1995. The physical mosaic and plant variety in forest canopies. Selbyana 16: 159-168.). Esses fatores podem influenciar a presença de epífitas vasculares no gradiente vertical (Johansson 1974Johansson, D. 1974. Ecology of vascular epiphytes in West African rain forest. Acta Phytogeographica Suecica 59: 1-136.), uma vez que adaptações ecofisiológicas às variações de luminosidade e umidade são determinantes às espécies epifíticas (Arévalo & Betancur 2006Arévalo, R. & Betancur, J. 2006. Vertical distribution of vascular epiphytes in four forest types of the Serranía de Chiribiquete, Colombian Guayana. Selbyana 27: 175-185., Krömer et al. 2007Krömer, T., Kessler, M. & Gradstein, R.S. 2007. Vertical stratification of vascular epiphytes in submontane and montane forest of the Bolivian Andes: the importance of the understory. Plant Ecology 189: 261-278.).

Talvez a chamada evolução vertical seja uma das características mais marcantes das epífitas vasculares (Kersten 2010Kersten, R.A. 2010. Epífitas vasculares - Histórico, participação taxonômica e aspectos relevantes, com ênfase na Mata Atlântica. Hoehnea 37: 9-38.); esta caracteriza-se pela troca de espaços, ou seja, na busca de maior insolação as plantas ficaram expostas a condições de maior estresse para aquisição de água e nutrientes (Benzing 1990Benzing, D.H. 1990. Vascular epiphytes: general biology and related biota. Cambridge University Press, Cambridge.). O dossel oferece maior luminosidade quando comparado ao sub-bosque (Kira & Yoda 1989Kira, T. & Yoda, K. 1989. Vertical stratification in microclimate. In: H. Lieth & M.J.A. Werger (eds.). Ecosystems of the world. v. 14b. Tropical Rain Forest ecosystems. Elsevier, Amsterdam, pp. 7-53.), porém outros recursos são limitantes nas copas, como a relativa escassez de nutrientes, a instabilidade do substrato e, principalmente, o estresse hídrico (Lüttge 1989Lüttge, U. 1989. Vascular epiphytes: Setting the scene. In: U. Lüttge (ed.). Vascular plants as epiphytes. Ecological Studies 79. Springer-Verlag, Berlin, pp.1-14.). Considera-se que o estresse hídrico é uma das maiores dificuldades para a sobrevivência acima do solo (Laube & Zotz 2003Laube, S. & Zotz, G. 2003. Which abiotic factors limit vegetative growth in a vascular epiphyte? Functional Ecology 17: 598-604.) e boa parte da estratificação pode ser atribuída às variações de umidade existentes nas florestas (Zotz & Schultz 2008Zotz, G. & Schultz, S. 2008. The vascular epiphytes of a lowland forest in Panama-species composition and spatial structure. Plant Ecology 195: 131-141.).

Apesar de haver um aumento do interesse no estudo do dossel (Nadkarni et al. 2011Nadkarni, N.M., Parker, G.G. & Lowman, M.D. 2011. Forest canopy studies as an emerging field of science. Annals of Forest Science 68: 217-224.), sobretudo da contribuição das epífitas vasculares para a biodiversidade (Köster et al. 2009Köster, N., Friedrich, K., Nieder, J. & Barthlott, W. 2009. Conservation of epiphyte diversity in an Andean landscape transformed by human land use. Conservation Biology 23: 911-919.), não há estudo sobre a dinâmica de distribuição vertical e o estado de conservação das epífitas vasculares para a área aqui estudada. Nesse contexto, este trabalho avalia a diversidade, abundância e distribuição vertical das epífitas vasculares na Estação Ecológica Barreiro Rico, a fim de gerar informações sobre esse componente da biodiversidade para essa área protegida, contribuindo para aumentar o conhecimento sobre a sinúsia epifítica em áreas de Floresta Estacional Semidecídua.

Material e métodos

A pesquisa foi realizada na Estação Ecológica Barreiro Rico, uma unidade de conservação de proteção integral, localizada à 48º8'34"W e 22º40'25"S, que possui 292,82 ha no município de Anhembi-SP (figura 1). A floresta é do tipo estacional semidecídua (Assumpção et al. 1982Assumpção, C.T., Leitão-Filho, H. F. & Cesar, O. 1982. Descrição das matas da fazenda Barreiro Rico, estado de São Paulo. Revista Brasileira de Botânica 5: 53-66., Cesar & Leitão Filho 1990Cesar, O. & Leitão Filho, H.F. 1990. Estudo fitossociológico de mata mesófila semidecídua na fazenda Barreiro Rico, município de Anhembi, SP. Revista Brasileira de Biologia 50: 443-452.), na qual cita-se como espécies arbóreas indicadoras a peroba - Aspidosperma polyneuron Müll. Arg. (Apocynaceae), o canxim - Pachystroma longifolium (Nees) I.M. Johnst. (Euphorbiaceae) e o guarantã - Esenbeckia leiocarpa Engl. (Rutaceae) (Antunes 2005Antunes, A.Z. 2005. Alterações na composição da comunidade de aves ao longo do tempo em um fragmento florestal no sudeste do Brasil. Ararajuba 13:47-61.). O clima da região e do tipo Cwa, segundo o sistema de classificação de Köppen, tropical com a estação chuvosa de setembro a março e a estação seca de abril a agosto (Cesar & Leitão Filho 1990), a pluviosidade média anual é de cerca de 1.280 mm, com temperatura média de 21,5 ºC (Magalhães 1999Magalhães, J.C.R. 1999. As aves na fazenda Barreiro Rico. Editora Plêiade, São Paulo.). A altitude da área varia entre 500 e 580 m.

Figura 1
Localização da Estação Ecológica de Barreiro Rico, São Paulo, Brasil.
Figure 1
Location of Barreiro Rico Ecological Station, São Paulo State, Brazil.

A área foi estabelecida como UC no final de 2006 pelo Decreto Estadual 51.381, visando conservar os importantes remanescentes de Floresta Atlântica (São Paulo 2006São Paulo (Estado). 2006. Decreto no 51.381, de 19 de dezembro de 2006. Cria, no Município de Anhembi, a Estação Ecológica do Barreiro Rico, e dá providências correlatas. Poder Executivo, São Paulo, v. 116, n. 240, 20 dez. 2006. Seção I, pp. 1.). Localmente a área estudada pode ser considerada de grande porte, considerando que a maior parte das florestas foi reduzida ou removida para o cultivo agrícola. A região da Estação Ecológica de Barreiro Rico é considerada uma área de extrema importância biológica e prioritária para a conservação (Conservation International do Brasil 2000Conservation International do Brasil. 2000. Fundação SOS Mata Atlântica, Fundação Biodiversitas, Instituto de Pesquisas Ecológicas, Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo, Instituto Estadual de Florestas-MG. Avaliação e ações prioritárias para conservação da biodiversidade da Mata Atlântica e Campos Sulinos. Secretaria de Biodiversidade e Florestas do Ministério do Meio Ambiente. Brasília.). Além disso, é a única Unidade de Conservação em categoria de proteção integral dentro da Bacia Hidrográfica dos Rios Sorocaba e Médio Tietê, uma área de grande amplitude geográfica, com cerca de 11.828 km2 (Relatório Técnico 80-401 2005).

A coleta de dados foi realizada entre outubro de 2011 e outubro de 2013, com visitas mensais à área, e a riqueza de epífitas vasculares foi avaliada pelo método de caminhamento (Filgueiras et al. 1994Filgueiras, T.S., Nogueira, P.E., Brochado, A.L. & Guala II, G.F. 1994. Caminhamento: um método expedito para levantamentos florísticos qualitativos. Cadernos de Geociências 12: 39-43.) ao longo da Unidade de Conservação, cobrindo uma área amostral de aproximadamente 4 ha. O número de indivíduos (abundância) das espécies epifíticas foi obtido pela amostragem de 90 forófitos com DAP ≥ 20 cm, considerando um único indivíduo por zona no caso dos representantes dotados de rizomas, que não apresentassem evidente distinção, como exemplares do gênero Microgramma. O método utilizando foi o de ponto quadrante (Durigan 2006Durigan, G. 2006. Métodos para análise de vegetação arbórea. In: L. Cullen Jr, R. Rudran & C. Valladares-Pádua (orgs.). Métodos de Estudos em Biologia da Conservação e Manejo da Vida Silvestre. 2 ed. Universidade Federal do Paraná, UFPR, Curitiba, 455-480.), com intervalo mínimo entre pontos de 20 metros, desde a borda até o interior do fragmento florestal e excluindo-se os indivíduos arbóreos que não apresentavam epífitas. A presença/ausência e a abundância de espécies epifíticas vasculares sobre os forófitos foram registradas em seis zonas de acordo com ter Steege & Cornelissen (1989)Ter Steege, H. & Cornelissen, J.H.C. 1989. Distribution and ecology of vascular epiphytes in lowland rain forest of Guyana. Biotropica 21: 331-339.: Z1 - Fuste baixo; Z2 - Fuste médio; Z3 - Fuste alto; Z4 - Base da Copa; Z5 - Copa interna; Z6 - Copa externa. As epífitas foram classificadas em categorias ecológicas, de acordo com sua relação com o forófito, a saber: holoepífitos característicos, holoepífitos facultativos, holoepífitos acidentais, hemiepífitos primários e hemiepífitos secundários (Benzing 1990Benzing, D.H. 1990. Vascular epiphytes: general biology and related biota. Cambridge University Press, Cambridge., Kersten & Silva 2001Kersten, R.A. & Silva, S.M. 2001. Composição florística e distribuição espacial de epífitas vasculares em floresta da planície litorânea da Ilha do Mel, Paraná, Brasil. Revista Brasileira de Botânica 24: 213-226.), e quanto à síndrome de dispersão em duas categorias: anemocóricas (dispersão pelo vento) e zoocóricas (dispersão por animais).

O material testemunho das epífitas vasculares foi processado e depositado no Herbário da Universidade Federal de São Carlos, campus São Carlos - SP (UFSCar). A identificação foi feita com base em bibliografia especializada para cada família vegetal amostrada, por comparação com material previamente identificado e por consulta a especialistas. Os nomes das espécies foram verificados nos sites especializados (www.tropicos.org e/ou epic.kew.org/searchepic/searchpage.do) e em publicações taxonômicas, utilizando-se as abreviaturas dos autores sugeridas por Brummitt & Powell (1992)Brummitt, R.K. & Powell, C.E. 1992. Authors of plant names. 1 ed. Royal Botanic Gardens, Kew..

Foram calculadas as frequências absolutas de ocorrência nas zonas (FAz), frequência absoluta de ocorrência nos indivíduos forofíticos (FAi) e o valor de importância epifítica (VIE), que foi calculado segundo a fórmula sugerida por Waechter (1998)Waechter, J.L. 1998. Epifitismo vascular em uma floresta de restinga do Brasil subtropical. Revista Ciência e Natura 20: 43-66., modificada por Kersten & Silva (2002)Kersten, R.A. & Silva, S.M. 2002. Florística e estrutura do componente epifítico vascular em Floresta Ombrófila Mista Aluvial do rio Barigüi, Paraná, Brasil. Revista Brasileira de Botânica 25: 259-267., e adaptadas para este estudo, considerando o somatório do número de indivíduos de espécies equivalente ao somatório das notas obtidas pela espécie. As fórmulas empregadas foram: FAz = (nr.na-1).100; FAi = (ni.nt-1).100; VIE = [vt.(Σ vt)-1].100, onde nr = número de regiões com ocorrência da espécie epifítica; na = número total de regiões amostradas; ni = número de indivíduos com ocorrência da espécie; nt = número total de indivíduos; vt = somatório do número de indivíduos de espécies.

Para avaliar a diversidade de espécies epifíticas vasculares da Estação Ecológica de Barreiro Rico foram utilizados os índices de Shannon-Weaver (H'), Simpson (1/λ) e de Margalef (d), utilizando como pi (abundância relativa) o valor de importância epifítica, e para avaliar a partição dos indivíduos entre as espécies foi utilizada a Equidade de Pielou (J) (Magurran 1988Magurran, A.E. 1988. Ecological diversity and its measurement. Princeton University Press, Princeton.). Para testar a hipótese (h1) de que existem diferenças entre a distribuição vertical das epífitas sobre os forófitos ou de que (h0) não existem diferenças entre a distribuição vertical das epífitas sobre os forófitos foram aplicados o teste-t de Hutcheson (Zar 1996Zar, J.H. 1996. Biostatistical analysis. Third edition. Prentice-Hall International Editions, New Jersey.) com base nos valores obtidos pelo índice de Shannon-Weaver e o teste de Kolmogorov-Smirnov (Magurran 1988Magurran, A.E. 1988. Ecological diversity and its measurement. Princeton University Press, Princeton.) - que verifica entre duas amostras independentes se os dados obtidos provêm de populações com a mesma distribuição - com base nos valores de abundância, realizando a correção de Bonferroni para o valor de p. Para ilustrar a distribuição das abundâncias das espécies epífitas vasculares entre as diferentes zonas foi elaborado o diagrama de Whittaker (Whittaker 1967Whittaker, R.H. 1967. Dominance and diversity in land plant communities. Science 147: 250-260. ) com base nos valores de importância epifítica (Log10), e discutindo sua aplicação segundo os modelos de distribuição proposto por Whittaker (1972)Whittaker, R.H. 1972. Evolution and measurement of species diversity. Taxon 21: 213-251. , a saber, LogSérie, LogNormal, Série Geométrica e Vara Quebrada (randon niche). Para realização das análises estatísticas foram utilizados os programas computacionais Past. versão 2.17b (Hammer et al. 2001Hammer, Ø., Harper, D.A.T. & RYAN, P.D. 2001. PAST: Paleontological Statistics software package for education and data analysis. Palaeontologia Electronica 4:1-9.) e BioEstat 5.9 (Ayres et al. 2007Ayres, M., Ayres-Júnior, M., Ayres, D.L. & Santos, A.S. 2007. BIOESTAT 5.9: aplicações estatísticas nas áreas das ciências biológicas e médicas. Belém: MCT; IDSM; CNPq, 2007.).

Resultados

Foram amostradas 1.148 epífitas vasculares pertencentes a 25 espécies, 15 gêneros e seis famílias na Estação Ecológica de Barreiro Rico (tabela 1). Todas as espécies encontradas no levantamento florístico foram amostradas em pelo menos um forófito durante a avaliação quantitativa. A diversidade de epífitas vasculares na UC foi de 2,77 nats. segundo o índice de Shannon-Weaver (H'), de 0,91 segundo o índice de Simpson (1/λ) e de 3,41 segundo o índice de Margalef (d). Já a partição entre as espécies epífitas foi de 0,79 segundo a Equidade de Pielou (J).

Tabela 1
Diversidade de epífitas vasculares encontradas na Estação Ecológica de Barreiro Rico. FAz: frequência absoluta de ocorrência nas zonas, N. For.: número de forófitos, VIE: valor de importância epifítico, Classificação nas Categorias Ecológicas (CE) – HLC: holoepífito característico, HLF: holoepífito facultativo, HLA: holoepífito acidental, HMP: hemiepífito primário: HMS: hemiepífito secundário. Forma de dispersão (Disp.) – Zo: Zoocórica, An: Anemocórica.
Table 1
Diversity of vascular epiphytes found in Barreiro Rico Ecological Station. FAz: Absolute frequency of occurrence in the zones, N. For.: host tree number, VIE: epiphytic importance value. Ecological categories (CE) – HLC: caracteristic holoepiphyte, HLF: facultative holoepiphyte, HLA: accidental holoepiphyte, HMP: primary hemiepiphyte, HMS: secondary hemiepiphyte. Dispersion form (Disp.) – Zo: zoochoric; An: anemocoric.

A classificação das epífitas em categorias ecológicas de relação com os forófitos indicou o predomínio de holoepífitos característicos com 22 espécies (88%). Já os holoepífitos facultativos foram representados por uma espécie (4%), os hemiepífitos primários por uma espécie (4%), e os hemiepífitos secundários por uma espécie (4%). Não foram registradas espécies holoepífitas acidentais. Quanto à síndrome de dispersão, 15 espécies foram classificadas como anemocóricas (60%) e 10 espécies como zoocóricas (40%).

As Angiospermas foram representadas por 20 espécies e as samambaias por cinco espécies. As famílias com maior riqueza foram Orchidaceae (seis espécies), Bromeliaceae, Cactaceae e Polypodiaceae (cinco espécies cada), Araceae e Piperaceae (duas espécies cada). Polypodiaceae apresentou o maior número de indivíduos, seguida pelas famílias Cactaceae e Bromeliaceae. A família Orchidaceae, a mais rica da área de estudo, apresentou a quarta maior abundância.

Microgramma squamulosa (Polypodiaceae) foi a espécie mais abundante da UC (tabela 1), seguida por Microgramma tecta (Polypodiaceae), Lepismium lumbricoides (Cactaceae) e Peperomia rotundifolia (Piperaceae). A família Orchidaceae apresentou maior número de espécies "raras" na área de estudo; das seis espécies dessa família, quatro apresentaram VIE < 1,0 (tabela 1). O registro das espécies epifíticas vasculares sobre os forófitos indicou que Microgramma squamulosa ocorreu em 48% dos forófitos, Microgramma tecta ocorreu em 28%, e Lepismium lumbricoides em 27% destes, de forma semelhante estas três espécies apresentaram frequência de ocorrência nas zonas de 24%, 14% e 10%, respectivamente.

A estratificação vertical das epífitas vasculares revelou maior número de espécies nas zonas intermediárias. As zonas Z3 e Z4 apresentaram 20 e 21 espécies epifíticas, respectivamente (figura 2a), na Z2 foram registradas 16 espécies, a Z5 apresentou 14 espécies e nas zonas Z1 e Z6 ocorreram 12 e cinco espécies, respectivamente. Piperaceae dominou a ocorrência na Z1, tendo o número de indivíduos reduzidos gradativamente nas Z2 e Z3, e abruptamente nas zonas de dossel Z4-Z6 (figura 2b). Orchidaceae apresentou distribuição irregular, tendo maior número de indivíduos nas Z2, Z1, Z4 e Z3, poucos representantes na Z5, estando ausente na Z6. Polypodiaceae foi a família mais abundante nas zonas intermediárias, respectivamente nas Z4, Z5 e Z3, embora em todas as zonas tenham sido registrados exemplares dessa família. Um padrão semelhante às Polypodiaceae foi observado para a família Cactaceae sendo, no entanto, as zonas mais abundantes Z4, Z3 e Z5, com uma redução para Z2 e Z1. Esse mesmo padrão foi observado para a família Araceae, embora com um número menos expressivo de indivíduos. A família Bromeliaceae foi a mais abundante no dossel, dominando a zona Z6, apesar de ter apresentado indivíduos em toda a extensão vertical. Além de Bromeliaceae, apenas a família Polypodiaceae teve representantes em todas as zonas de ocupação vertical.

Figura 2
Riqueza de espécies (a) e percentual de indivíduos nas famílias epifíticas (b) em área de floresta no sudeste brasileiro. Ara: Araceae; Brom: Bromeliaceae; Cac: Cactaceae; Orch: Orchidaceae; Pip: Piperaceae; Poly: Polypodiaceae.
Figure 2
Species richness and percentages of records of the epiphytic families in the Barreiro Rico Station forest area. Ara: Araceae; Brom: Bromeliaceae; Cac: Cactaceae; Orch: Orchidaceae; Pip: Piperaceae; Poly: Polypodiaceae.

Três Polypodiaceae - Microgramma squamulosa, Microgramma tecta e Pleopeltis pleopeltifolia - entre estas as duas espécies com maior VIE da área estudada (tabela 1), foram registradas em todas as zonas (figura 3). As zonas Z6 e Z1 apresentaram as maiores dominâncias de espécies. Peperomia rotundifolia foi predominante na Z1 e duas espécies de Tillandsia (T. recurvata e T. tricholepis) dominaram em Z6. As oitos espécies raras (VIE < 1) foram registradas nas zonas intermediárias (Z2-Z4), com exceção de Aechmea distichantha e Baptistonia lietzei que foram registradas na Z1 e de Rhipsalis baccifera e Tillandsia stricta que ocorrem na Z5, mais próximas ao dossel da floresta. Apenas uma zona apresentou exclusividade de espécie: exemplares de Bulbophyllum epiphytum (Orchidaceae) ocorreram apenas na Z4 (figura 3). A distribuição das abundâncias das espécies epifíticas nas zonas (figura 3) seguiu o modelo LogSérie (P < 0,001), exceto Z1 que teve distribuição LogNormal, e Z6, que apresentou distribuição geométrica (P < 0,05).

Figura 3
Diagrama de Whittaker apresentando a distribuição das abundâncias das epífitas vasculares (VIE Log10) nas zonas ecológicas em área de floresta no sudeste do Brasil.
Figure 3
Whittaker diagram showing the abundance distribution of vascular epiphytes (VIE Log10) in the ecological zones in the Barreiro Rico Station forest area.

O teste de Kolmogorov-Smirnov revelou uma diferença significativa na distribuição das epífitas que ocorrem em: Z1-Z4 (P < 0,01), Z2-Z6 (P < 0,01), Z3-Z6 (P < 0,001), Z4-Z6 (P < 0,001) e entre as zonas Z5-Z6 (P < 0,001), indicando que os resultados obtidos dessas amostras independentes provêm de populações que não tem a mesma distribuição. As demais zonas não foram significativamente diferentes. O teste t aplicado à diversidade com base nos valores do índice de Shannon-Weaver H'(Z1 = 2,10; Z2 = 2,46; Z3 = 2,57; Z4 = 2,59; Z5 = 2,28 e Z6 = 1,22) revelou Z1, Z5 e Z6 significativamente diferentes de todas as outras zonas (P < 0,05) e também entre si, enquanto Z2, Z3 e Z4 não foram significativamente diferentes entre si.

Discussão

A baixa riqueza de espécies epifíticas encontradas na Estação Ecológica de Barreiro Rico, especialmente se comparada aos estudos realizados em Floresta Estacional Semidecídua de Rogalski & Zanin (2003)Rogalski, J.M. & Zanin, E.M. 2003. Composição florística de epífitos vasculares no estreito de Augusto César, Floresta Estacional Decidual do Alto Uruguai, RS, Brasil. Revista Brasileira de Botânica 26: 551-556. - 70 espécies; Giongo & Waechter (2004)Giongo, C. & Waechter, J.L. 2004. Composição florística e estrutura comunitária de epífitos vasculares em uma floresta de galeria na Depressão Central do Rio Grande do Sul. Revista Brasileira de Botânica 27: 563-572. - 57 espécies; Cervi & Borgo (2007)Cervi, A.C. & Borgo, M. 2007. Epífitos vasculares no Parque Nacional do Iguaçu, Paraná (Brasil). Levantamento preliminar. Fontqueria 55: 415-422. - 56 espécies; Perleberg et al. (2013)Perleberg, T.D., Garcia, E.N. & Pitrez, S.R. 2013. Epífitos vasculares em área com floresta estacional semidecidual, Pelotas, Rio Grande do Sul, Brasil. Ciência e Natura 35: 65-73. - 63 espécies; e Barbosa et al. (2015)Barbosa, D.E.F., Basílio, G.A., Silva, F.R. & Menini Neto, L. 2015. Vascular epiphytes in a remnant of Seasonal Semideciduous Forest in the Zona da Mata, state of Minas Gerais, Brazil. Bioscience Journal 31: 623-633. - 91 espécies, está relacionada com dois fatores condicionantes de diversidade epifítica: a sazonalidade climática, em especial o regime de distribuição hídrico durante o período (Yeaton & Gladstone 1982Yeaton, R.I. & Gladstone, D.E. 1982. The pattern of colonization of epiphytes on Calabash trees (Crescentia alata HBK.) in Guanacaste Province, Costa Rica. Biotropica 14: 137-140., Werneck & Espírito-Santo 2001, Breier 2005Breier, T.B. 2005. O epifitismo vascular em florestas do sudoeste do Brasil. Tese de Doutorado, Universidade Estadual de Campinas, Campinas., Ishara et al. 2008Ishara, K.L., Déstro, G.F.G., Maimoni-Rodella, R.C.S. & Yanagizawa, Y.A.N.P. 2008. Composição florística de remanescente de cerrado sensu stricto em Botucatu, SP. Revista Brasileira de Botânica 31: 575-586., Bataghin et al. 2012Bataghin, F.A., Muller, A., Pires, J.S.R., Barros, F., Fushita, A.T. & Scariot, E.C. 2012. Riqueza e estratificação vertical de epífitas vasculares na Estação Ecológica de Jataí: área de Cerrado no Sudeste do Brasil. Hoehnea 39: 615-626.) e o estágio sucessional e/ou estado de conservação do ambiente florestal que afeta as condições micro-climáticas (Johansson 1974Johansson, D. 1974. Ecology of vascular epiphytes in West African rain forest. Acta Phytogeographica Suecica 59: 1-136., Freiberg 1996Freiberg, M. 1996. Spatial distribution of vascular epiphytes on three emergent canopy trees in French Guiana. Biotropica 28: 345-355., Barthlott et al. 2001Barthlott, W., Schmit-Neuerburg, V., Nieder, J. & Engwald, S. 2001. Diversity and abundance of vascular epiphytes: a comparison of secondary vegetation and primary montane rain forest in the Venezuelan Andes. Plant Ecology 152: 145-156., Laube & Zotz 2006Laube, S. & Zotz, G. 2006. Long-term changes of the vascular epiphyte assemblage on the palm Socratea exorrhiza in a lowland forest in Panama. Journal of Vegetation Science 17: 307-314.). Ambos os fatores são observados na Unidade de Conservação, seja pela fitofisionomia de Floresta Estacional Semidecídua, com chuvas concentradas no período de verão (Cesar & Leitão Filho 1990Cesar, O. & Leitão Filho, H.F. 1990. Estudo fitossociológico de mata mesófila semidecídua na fazenda Barreiro Rico, município de Anhembi, SP. Revista Brasileira de Biologia 50: 443-452.), ou pelas visíveis alterações antrópicas (presença de trilhas e árvores suprimidas) dado que a área passou a ser protegida como Unidade de Conservação apenas recentemente (São Paulo 2006São Paulo (Estado). 2006. Decreto no 51.381, de 19 de dezembro de 2006. Cria, no Município de Anhembi, a Estação Ecológica do Barreiro Rico, e dá providências correlatas. Poder Executivo, São Paulo, v. 116, n. 240, 20 dez. 2006. Seção I, pp. 1.).

A perda de diversidade epifítica em função das interferências antrópicas nos ambientes tem sido apontada em várias pesquisas (Barthlott et al. 2001Barthlott, W., Schmit-Neuerburg, V., Nieder, J. & Engwald, S. 2001. Diversity and abundance of vascular epiphytes: a comparison of secondary vegetation and primary montane rain forest in the Venezuelan Andes. Plant Ecology 152: 145-156., Wolf 2005Wolf, J.H.D. 2005. The response of epiphytes to anthropogenic disturbance of pine-oak forests in the highlands of Chiapas, Mexico. Forest Ecology and Management 212: 376-393., Dettke et al. 2008Dettke, G.A., Orfrini, A.C. e Milaneze-Gutierre, M.A. 2008. Composição florística e distribuição de epífitas vasculares em um remanescente alterado de Floresta Estacional Semidecidual no Paraná, Brasil. Rodriguésia 59: 859-872.), além disso, Engwald et al. (2000)Engwald, S., Schimit-Neuerburg, V. & Barthlott, W. 2000. Epiphytes in rain forest of Venezuela - diversity and dynamics of a biocenosis. In: S.W. Breckle, B. Schweizer & U. Arndt (eds.). Results of worldwide ecological studies. Proceedings of the first symposium by the AFW Foundation. Günter Heimbach, Hoheneim, pp. 425-434. relatam que a ausência de complexidade estrutural de florestas antropizadas faz com que a comunidade epifítica, além de ser pouco diversa, apresente baixo número de indivíduos, demandando um tempo muito maior para seu estabelecimento ou restabelecimento. Em adição, a redução da riqueza por estes motivos também foi registrada em trabalhos realizados em ambientes com condições semelhantes (Dislich & Mantovani 1998Dislich, R. & Mantovani, W. 1998. Flora de epífitas vasculares da Reserva da Cidade Universitária "Armando de Salles Oliveira" (São Paulo, Brasil). Boletim de Botânica da Universidade de São Paulo 17: 61-83., Breier 2005Breier, T.B. 2005. O epifitismo vascular em florestas do sudoeste do Brasil. Tese de Doutorado, Universidade Estadual de Campinas, Campinas., Dettke et al. 2008Dettke, G.A., Orfrini, A.C. e Milaneze-Gutierre, M.A. 2008. Composição florística e distribuição de epífitas vasculares em um remanescente alterado de Floresta Estacional Semidecidual no Paraná, Brasil. Rodriguésia 59: 859-872., Bataghin et al. 2010Bataghin, F.A., Barros, F. & Pires, J.S.R. 2010. Distribuição da comunidade de epífitas vasculares em sítios sob diferentes graus de perturbação na Floresta Nacional de Ipanema, São Paulo, Brasil. Revista Brasileira de Botânica 33: 531-542., Einzmann & Zotz 2016Einzmann, H.J.R. & Zotz, G. 2016. How diverse are epiphyte assemblages in plantations and secondary forests in tropical lowlands? Tropical Conservation Science 9: 629-647.).

O grande número de espécies holoepífitas características observadas (quase 90% do total) era esperado e tem sido comum tanto em florestas úmidas (Dittrich et al. 1999Dittrich, V.A.O., Kozera, C. & Silva, S.M. 1999. Levantamento florístico de epífitos vasculares no Parque Barigüi, Paraná, Brasil. Iheringia, série Botânica 52: 11-22., Kersten & Kuniyoshi 2009Kersten, R.A. & Kuniyoshi, Y.S. 2009. Conservação das florestas na Bacia do Alto Iguaçu, Paraná - Avaliação da comunidade de epífitas vasculares em diferentes estágios serais. Floresta 39: 51-66., Blum et al. 2011Blum, C.T., Roderjan, C.V. & Galvão, F. 2011. Composição florística e distribuição altitudinal de epífitas vasculares da Floresta Ombrófila Densa na Serra da Prata, Morretes, Paraná, Brasil. Biota Neotropica 11: 141-159.) quanto em áreas com maior sazonalidade climática, como no Cerrado (Breier 2005Breier, T.B. 2005. O epifitismo vascular em florestas do sudoeste do Brasil. Tese de Doutorado, Universidade Estadual de Campinas, Campinas., Ishara et al. 2008Ishara, K.L., Déstro, G.F.G., Maimoni-Rodella, R.C.S. & Yanagizawa, Y.A.N.P. 2008. Composição florística de remanescente de cerrado sensu stricto em Botucatu, SP. Revista Brasileira de Botânica 31: 575-586., Bataghin et al. 2012Bataghin, F.A., Muller, A., Pires, J.S.R., Barros, F., Fushita, A.T. & Scariot, E.C. 2012. Riqueza e estratificação vertical de epífitas vasculares na Estação Ecológica de Jataí: área de Cerrado no Sudeste do Brasil. Hoehnea 39: 615-626.), e em áreas de Floresta Estacional Semidecídua (Dislich & Mantovani 1998Dislich, R. & Mantovani, W. 1998. Flora de epífitas vasculares da Reserva da Cidade Universitária "Armando de Salles Oliveira" (São Paulo, Brasil). Boletim de Botânica da Universidade de São Paulo 17: 61-83., Rogalski & Zanin 2003Rogalski, J.M. & Zanin, E.M. 2003. Composição florística de epífitos vasculares no estreito de Augusto César, Floresta Estacional Decidual do Alto Uruguai, RS, Brasil. Revista Brasileira de Botânica 26: 551-556., Bataghin et al. 2010Bataghin, F.A., Barros, F. & Pires, J.S.R. 2010. Distribuição da comunidade de epífitas vasculares em sítios sob diferentes graus de perturbação na Floresta Nacional de Ipanema, São Paulo, Brasil. Revista Brasileira de Botânica 33: 531-542.), no entanto em áreas de Cerrado seu predomínio tem sido maior (Bataghin et al. 2012Bataghin, F.A., Muller, A., Pires, J.S.R., Barros, F., Fushita, A.T. & Scariot, E.C. 2012. Riqueza e estratificação vertical de epífitas vasculares na Estação Ecológica de Jataí: área de Cerrado no Sudeste do Brasil. Hoehnea 39: 615-626.).

A anemocoria tem predominado como síndrome de dispersão entre as espécies epifíticas (Benzing 1987Benzing, D.H. 1987. Vascular epiphytism: taxonomic participation and adaptive diversity. Annals of the Missouri Botanical Garden 74: 183-204, Breier 2005Breier, T.B. 2005. O epifitismo vascular em florestas do sudoeste do Brasil. Tese de Doutorado, Universidade Estadual de Campinas, Campinas., Dettke et al. 2008Dettke, G.A., Orfrini, A.C. e Milaneze-Gutierre, M.A. 2008. Composição florística e distribuição de epífitas vasculares em um remanescente alterado de Floresta Estacional Semidecidual no Paraná, Brasil. Rodriguésia 59: 859-872., Menini Neto et al. 2009Menini Neto, L., Forzza, R.C. & Zappi, D. 2009. Angiosperm epiphytes as conservation indicators in forest fragments: A case study from southeastern Minas Gerais, Brazil. Biodiversity and Conservation 18: 3785-3807., Geraldino et al. 2010Geraldino, H.C.L., Caxambu, M.G. & Souza, D.C. 2010. Composição florística e estrutura da comunidade de epífitas vasculares em uma área de ecótono em Campo Mourão, PR, Brasil. Acta Botânica Brasilica 24: 469-482.), especialmente em florestas com menor precipitação (Gentry & Dodson 1987aGentry, A.H. & Dodson, C.H. 1987a. Diversity and biogeography of neotropical vascular epiphytes. Annals of the Missouri Botanical Garden 74: 205-233., Bataghin et al. 2012Bataghin, F.A., Muller, A., Pires, J.S.R., Barros, F., Fushita, A.T. & Scariot, E.C. 2012. Riqueza e estratificação vertical de epífitas vasculares na Estação Ecológica de Jataí: área de Cerrado no Sudeste do Brasil. Hoehnea 39: 615-626.), como é o caso da Floresta Estacional Semidecídua aqui estudada, na qual 60% das espécies epifíticas apresentaram essa forma de dispersão.

O maior número de espécies da família Orchidaceae está relacionada com o fato de ser esta a família mais rica em epífitas tanto no mundo (Madison 1977Madison, M. 1977. Vascular epiphytes: their systematic occurrence and salient features. Selbyana 2: 1-13., Gentry & Dodson 1987bGentry, A.H. & Dodson, C.H. 1987b. Contribution of non trees species toe the richness of a tropical rain forest. Biotropica 19: 149-156.), quanto no Brasil (Kersten 2010Kersten, R.A. 2010. Epífitas vasculares - Histórico, participação taxonômica e aspectos relevantes, com ênfase na Mata Atlântica. Hoehnea 37: 9-38.). Além disso, a representatividade da Orchidaceae pode estar relacionada à presença de características adaptativas, como os órgãos suculentos de reserva, o que as torna bem adaptadas a ambientes secos e com maior exposição à luz (Smith 1986Smith, J.A.C. 1986. Comparative ecophysiology of crassulacean acid metabolism and 3-carbon pathway bromeliads. 4. Plant water relations. Plant, Cell and Environment 9: 395-410.). No entanto, a baixa abundância dessa família na Unidade de Conservação revela o notável efeito da sazonalidade climática típica desse tipo de floresta, bem como os efeitos da interferência humana no ambiente estudado, dado que das seis espécies de orquídeas encontradas quatro apresentam valor de importância epifítica (VIE) menor que 1 (tabela 1), fazendo com que a família Orchidaceae apresentasse o maior número de espécies raras para a área.

A família Polypodiaceae, que foi a mais abundante na UC, além de ser uma das mais diversas mundialmente e no Brasil (Gentry & Dodson 1987bGentry, A.H. & Dodson, C.H. 1987b. Contribution of non trees species toe the richness of a tropical rain forest. Biotropica 19: 149-156., Kersten 2010Kersten, R.A. 2010. Epífitas vasculares - Histórico, participação taxonômica e aspectos relevantes, com ênfase na Mata Atlântica. Hoehnea 37: 9-38.), apresenta adaptações que lhe conferem a capacidade de resistir a períodos de déficit hídrico, como é o caso das espécies do gênero Microgramma que apresentam a lâmina coberta por uma cutícula espessa (Dubuisson et al. 2009Dubuisson, J.Y., Schneider, H. & Hennequin, S. 2009. Ephiphytism in ferns: diversity and history.C. R. Biologies 332: 120-128. ). Na área estudada M. squamulosa e M. tecta foram as espécies mais abundantes e também apresentaram o maior percentual de registro sobre os forófitos e nas diferentes zonas, o que é indicativo de seu sucesso em tais condições ambientais. O farto registro dessas duas espécies nos forófitos pode estar relacionado, além das adaptações vegetativas, com a plasticidade fenotípica de seus esporos e a capacidade de mantê-los viáveis por longos períodos (Tryon 1970Tryon, R.M. 1970. Development and evolution of Fern Floras of Oceanic Islands. Biotropica 2: 76-84.) o que é fundamental à sobrevivência em situações de sazonalidade climática.

No caso da Bromeliaceae, além do endemismo neotropical da família (Versieux & Wendt 2006Versieux, L.M., & Wendt, T. 2006. Checklist of Bromeliaceae of Minas Gerais, Brazil, with notes on taxonomy and endemism. Selbyana 27: 107-146., Freitas et al. 2016Freitas, L., Salino, A., Menini Neto, L., Almeida, T.E., Mortara, S.R., Stehmann, J.R., Amorim, A.M., Guimarães, E.F., Coelho, M.N., Zanin, A. & Forzza, R.C. 2016. A comprehensive checklist of vascular epiphytes of the Atlantic Forest reveals outstanding endemic rates. PhytoKeys 58: 65-79.), a presença de características adaptativas como os tanques formados pelas folhas, fazem com que sejam bem adaptadas a ambientes secos e com maior exposição à luz (Smith 1986Smith, J.A.C. 1986. Comparative ecophysiology of crassulacean acid metabolism and 3-carbon pathway bromeliads. 4. Plant water relations. Plant, Cell and Environment 9: 395-410.) apresentando, por vezes, maior diversidade em floresta secundária do que em floresta primária (Barthlott et al. 2001Barthlott, W., Schmit-Neuerburg, V., Nieder, J. & Engwald, S. 2001. Diversity and abundance of vascular epiphytes: a comparison of secondary vegetation and primary montane rain forest in the Venezuelan Andes. Plant Ecology 152: 145-156.). A família Cactaceae, que foi a segunda mais abundante neste estudo, ocorre quase exclusivamente na região neotropical, apresentando grande diversidade, sendo registradas mais de 1.400 espécies, além disso, suas espécies possuem grande resistência ao estresse hídrico, devida às adaptações fisiológicas e morfológicas, como metabolismo CAM e a presença de caules suculentos (Hunt et al. 2006Hunt, D., Taylor, N. & Charles, G. 2006. The new cactus lexicon. DH Books, Milborne Port.). Isso fez com que sua presença fosse expressiva na floresta estudada. Lepismium lumbricoides, a Cactaceae mais abundante na área, apresenta características típicas de plantas xeromórficas como caule suculento fotossintetizante, ausência de folhas e a epiderme coberta por uma cutícula espessa (Silva et al. 2013Silva, C.H.G., Calvente, A., Soller, A., Maranho, L.T., Boeger, M.R.T. & Soffiatti, P. 2013. Anatomia de Rhipsalis subgênero Erythrorhipsalis A. Berger (Rhipsalideae, Cactaceae). Iheringia, Sér. Bot. 68: 249-259.). A presença da família Cactaceae entre as mais abundantes da área também pode estar relacionada ao grande número de aves (Antunes 2005Antunes, A.Z. 2005. Alterações na composição da comunidade de aves ao longo do tempo em um fragmento florestal no sudeste do Brasil. Ararajuba 13:47-61.) e mamíferos (Antunes & Eston 2009Antunes, A.Z. & Eston, M.R. 2009. Mamíferos (Chordata: Mammalia) florestais de médio e grande porte registrados em Barrreiro Rico, Anhembi, Estado de São Paulo. Revista do Instituto Florestal 21: 201-215.) encontrados na área, que atuam na dispersão das espécies dessa família (tabela 1).

A distribuição espacial das epífitas vasculares depende, em grande parte, da variabilidade estrutural dos forófitos (Arévalo & Betancur 2006Arévalo, R. & Betancur, J. 2006. Vertical distribution of vascular epiphytes in four forest types of the Serranía de Chiribiquete, Colombian Guayana. Selbyana 27: 175-185.), especialmente do incremento de tamanho destes (Zotz et al. 2001Zotz, G., Hietz, P. & Schmidt, G. 2001. Small plants, large plants: the importance of plant size for the physiological ecology of vascular epiphytes. Journal of Experimental Botany 52: 2051-2056.), da qualidade do subosque (Krömer et al. 2007Krömer, T., Kessler, M. & Gradstein, R.S. 2007. Vertical stratification of vascular epiphytes in submontane and montane forest of the Bolivian Andes: the importance of the understory. Plant Ecology 189: 261-278.), e da complexidade estrutural da floresta (Bennet 1996Bennet, B.C. 1986. Patchiness, diversity, and abundance relatioships of vascular epiphytes. Selbyana 9: 70-75.). Quanto mais complexo o tipo de floresta maior a proporção de forófitos e epífitas (Arévalo & Betancur 2006Arévalo, R. & Betancur, J. 2006. Vertical distribution of vascular epiphytes in four forest types of the Serranía de Chiribiquete, Colombian Guayana. Selbyana 27: 175-185.). Assim, a macro-estrutura do tipo de floresta característica da área reflete a quantidade de forófitos disponíveis e, consequentemente, a riqueza e abundância de flora epifítica encontrada. De forma semelhante, a distribuição vertical das espécies epifíticas é influenciada pela complexidade estrutural da floresta (Arévalo & Betancur 2006Arévalo, R. & Betancur, J. 2006. Vertical distribution of vascular epiphytes in four forest types of the Serranía de Chiribiquete, Colombian Guayana. Selbyana 27: 175-185.) uma vez que variações microclimáticas, como alteração da umidade relativa, velocidade do vento e intensidade luminosa são fatores influenciados pelas modificações estruturais da floresta (Benzing 1995Benzing, D.H. 1995. The physical mosaic and plant variety in forest canopies. Selbyana 16: 159-168., Freiberg 1996Freiberg, M. 1996. Spatial distribution of vascular epiphytes on three emergent canopy trees in French Guiana. Biotropica 28: 345-355., Nieder et al. 1999Nieder, J., Engwald, S. & Barthlott, W. 1999. Patterns of neotropical diversity. Selbyana 20: 66-75., Wolf 2005Wolf, J.H.D. 2005. The response of epiphytes to anthropogenic disturbance of pine-oak forests in the highlands of Chiapas, Mexico. Forest Ecology and Management 212: 376-393.).

Em termos de distribuição da sinúsia epifítica vascular no gradiente vertical, a presença de maior riqueza foi observada nas zonas intermediárias, Z3 e Z4 (figura 2a). Nessas zonas o nível de luminosidade é razoavelmente alto, enquanto a presença de bifurcações ou inserção de galhos faz com que haja acúmulo de matéria orgânica, favorecendo a implantação das raízes das espécies epifíticas (Krömer et al. 2007Krömer, T., Kessler, M. & Gradstein, R.S. 2007. Vertical stratification of vascular epiphytes in submontane and montane forest of the Bolivian Andes: the importance of the understory. Plant Ecology 189: 261-278.); a presença dessa matéria orgânica contribui para a manutenção da umidade, um dos principais fatores limitantes ao epifitismo (Nieder et al. 1999Nieder, J., Engwald, S. & Barthlott, W. 1999. Patterns of neotropical diversity. Selbyana 20: 66-75., Zotz et al. 2001Zotz, G., Hietz, P. & Schmidt, G. 2001. Small plants, large plants: the importance of plant size for the physiological ecology of vascular epiphytes. Journal of Experimental Botany 52: 2051-2056.). A presença de todas as famílias nas zonas próximas ao solo (Z1 e Z2) indica que nessa floresta não há restrições de luminosidade para as espécies epifíticas nas zonas mais próximas ao solo (figura 2a), entretanto, é notável a importância da umidade para a sinúsia que ocorre nessas zonas, especialmente pela maior abundância das famílias Orchidaceae e Piperaceae (figura 2b). Esta última é mais sensível às variações de luminosidade e umidade, reduzindo sua abundância gradativamente no gradiente vertical, estando completamente ausente nas zonas mais externas da copa (Z5 e Z6), padrão de distribuição semelhante ao das Piperaceae foi observando em outras florestas próximas à área de estudo (Bataghin et al. 2012Bataghin, F.A., Muller, A., Pires, J.S.R., Barros, F., Fushita, A.T. & Scariot, E.C. 2012. Riqueza e estratificação vertical de epífitas vasculares na Estação Ecológica de Jataí: área de Cerrado no Sudeste do Brasil. Hoehnea 39: 615-626., Bataghin et al. 2010Bataghin, F.A., Barros, F. & Pires, J.S.R. 2010. Distribuição da comunidade de epífitas vasculares em sítios sob diferentes graus de perturbação na Floresta Nacional de Ipanema, São Paulo, Brasil. Revista Brasileira de Botânica 33: 531-542.).

A maior riqueza de espécies da família Orchidaceae na Z4, deve-se à maior disponibilidade de locais favoráveis à sua implantação, dada a presença de bifurcações e/ou galhos em uma posição horizontal que acumulam algum substrato e umidade, no entanto, a limitação hídrica nas zonas mais altas do dossel fez com que a maior abundância de orquídeas fosse registrada nas zonas próximas ao solo, buscando, sobretudo um balanço microclimático favorável à disponibilidade hídrica em detrimento do acesso à luz, isso fez com que essa família fosse mais abundante em Z2 e Z1. Nas zonas intermediárias (Z3-Z5) predominaram Polypodiaceae e Cactaceae (figura 3), embora Araceae tenha sido expressiva, indicando as vantagens adaptativas dessas famílias às regiões com maior disponibilidade luminosa, mas que necessitam níveis de umidade maiores do que aqueles presentes no dossel. Uma estratificação vertical semelhante dessas famílias foi observada por Bataghin et al. (2012)Bataghin, F.A., Muller, A., Pires, J.S.R., Barros, F., Fushita, A.T. & Scariot, E.C. 2012. Riqueza e estratificação vertical de epífitas vasculares na Estação Ecológica de Jataí: área de Cerrado no Sudeste do Brasil. Hoehnea 39: 615-626. em área de Cerrado do sudeste brasileiro, e uma distribuição taxonômica similar foi observada nos estudos de ter Steege & Cornelissen (1989)Ter Steege, H. & Cornelissen, J.H.C. 1989. Distribution and ecology of vascular epiphytes in lowland rain forest of Guyana. Biotropica 21: 331-339., Acebey & Krömer (2001)Acebey, A. & Krömer, T. 2001. Diversidad y distribución vertical de epífitas en los alrededores del campamento río Eslabón y de la laguna Chalalán, Parque Nacional Madidi, Dpto. La Paz, Bolivia. Revista de la Sociedad Boliviana de Botánica 3: 104-123. e Krömer et al. (2007)Krömer, T., Kessler, M. & Gradstein, R.S. 2007. Vertical stratification of vascular epiphytes in submontane and montane forest of the Bolivian Andes: the importance of the understory. Plant Ecology 189: 261-278..

A família Bromeliaceae, embora presente em todas as zonas no gradiente vertical, foi mais abundante na Z6, tendo expressivo número de indivíduos em Z5 e Z1. O registro abundante da família Bromeliaceae na Z1 deve-se a uma espécie, Vriesea bituminosa (figura 3), que é mesófila (Reitz 1983Reitz, R. 1983. Bromeliáceas e a malária-bromélia endêmica. Flora Ilustrada Catarinense. Herbário Barbosa Rodrigues, Itajaí.) e tem preferência por regiões de interior nas florestas (Lima & Wanderley 2007Lima, T.T. & Wanderley, M.G.L. 2007. Diversidade de Bromeliaceae da Serra do Lopo Extrema - Minas Gerais. Revista Brasileira de Biociências. 5: 1146-1148.). Nas zonas superiores, a maior abundância de bromélias ocorre pela contribuição de duas espécies de Tillandsia (figura 3) que apresentam adaptações e mecanismos que permitem sua ocorrência em locais com acentuadas variações microclimáticas, como os longos período de baixa umidade relativa, altas temperaturas e luminosidade, ou seja, ambiente pouco propício ao epifitismo (Bonnet & Queiroz 2006Bonnet, A. & Queiroz, M.H. 2006. Estratificação vertical de bromélias epifíticas em diferentes estádios sucessionais da Floresta Ombrófila Densa, Ilha de Santa Catarina, Santa Catarina, Brasil. Revista Brasileira de Botânica 29: 217-228., Tryon 1970Tryon, R.M. 1970. Development and evolution of Fern Floras of Oceanic Islands. Biotropica 2: 76-84., Hunt et al. 2006Hunt, D., Taylor, N. & Charles, G. 2006. The new cactus lexicon. DH Books, Milborne Port.).

As Polypodiaceae M. squamulosa, M. tecta e P. pleopeltifolia, que foram registradas em todas as zonas no gradiente vertical, apresentam peculiaridades que conferem vantagens em ambientes com fortes variações microclimáticas, como é o caso das florestas secas. Ambos os gêneros apresentam adaptações morfológicas características de plantas xeromórficas, como lâminas foliares encorpadas e cutícula espessa nas Microgramma e o hábito poiquiloídrico em Pleopeltis (Dubuisson et al. 2009Dubuisson, J.Y., Schneider, H. & Hennequin, S. 2009. Ephiphytism in ferns: diversity and history.C. R. Biologies 332: 120-128. ), no qual as espécies, durante os períodos de seca, perdem a coloração e a umidade, e adquirem aspecto retorcido e esturricado, mas com o aumento da umidade retornam à forma original. A alta dominância de espécies distintas que ocupam as zonas extremas do forófito (Z1 e Z6) indicam a presença de características específicas que fazem, destas, especialistas em ambientes de sombra (troncos) ou de sol (copa). Na Z6, as Bromeliaceae T. recurvata e T. tricholepis, apresentam mecanismos ou adaptações que permitem o crescimento em locais com acentuadas variações microclimáticas, caracterizadas pelos prolongados períodos de altas temperaturas, luminosidade, e intensidade do vento o que reduz a umidade relativa do ar (Benzing 1995Benzing, D.H. 1995. The physical mosaic and plant variety in forest canopies. Selbyana 16: 159-168., Krömer et al. 2007Krömer, T., Kessler, M. & Gradstein, R.S. 2007. Vertical stratification of vascular epiphytes in submontane and montane forest of the Bolivian Andes: the importance of the understory. Plant Ecology 189: 261-278.) tornando o ambiente pouco propício ao epifitismo (Bonnet & Queiroz 2006Bonnet, A. & Queiroz, M.H. 2006. Estratificação vertical de bromélias epifíticas em diferentes estádios sucessionais da Floresta Ombrófila Densa, Ilha de Santa Catarina, Santa Catarina, Brasil. Revista Brasileira de Botânica 29: 217-228., Tryon 1970Tryon, R.M. 1970. Development and evolution of Fern Floras of Oceanic Islands. Biotropica 2: 76-84., Hunt et al. 2006Hunt, D., Taylor, N. & Charles, G. 2006. The new cactus lexicon. DH Books, Milborne Port.). Já na Z1, a dominância de P. rotundifolia deve-se ao fato desta ser adaptada a ambientes sombreados, como as florestas mesófilas (Reitz 1983Reitz, R. 1983. Bromeliáceas e a malária-bromélia endêmica. Flora Ilustrada Catarinense. Herbário Barbosa Rodrigues, Itajaí.) ou as regiões mais próximas ao solo e que apresentam menor luminosidade e maior disponibilidade hídrica em florestas mais secas (Bataghin et al. 2012Bataghin, F.A., Muller, A., Pires, J.S.R., Barros, F., Fushita, A.T. & Scariot, E.C. 2012. Riqueza e estratificação vertical de epífitas vasculares na Estação Ecológica de Jataí: área de Cerrado no Sudeste do Brasil. Hoehnea 39: 615-626.).

O registro de maior abundância de Polypodiaceae, Cactaceae e Orchidaceae nas zonas intermediárias, representa um arranjo semelhante da distribuição taxonômica observada nas pesquisas de Acebey & Krömer (2001)Acebey, A. & Krömer, T. 2001. Diversidad y distribución vertical de epífitas en los alrededores del campamento río Eslabón y de la laguna Chalalán, Parque Nacional Madidi, Dpto. La Paz, Bolivia. Revista de la Sociedad Boliviana de Botánica 3: 104-123. e Krömer et al. (2007)Krömer, T., Kessler, M. & Gradstein, R.S. 2007. Vertical stratification of vascular epiphytes in submontane and montane forest of the Bolivian Andes: the importance of the understory. Plant Ecology 189: 261-278.. Nesse contexto, o registro das Piperaceae dominando a região mais próxima ao solo e do gênero Tillandsia (Bromeliaceae) predominando na região mais alta do dossel indica o mesmo padrão observado por Bataghin et al. (2012)Bataghin, F.A., Muller, A., Pires, J.S.R., Barros, F., Fushita, A.T. & Scariot, E.C. 2012. Riqueza e estratificação vertical de epífitas vasculares na Estação Ecológica de Jataí: área de Cerrado no Sudeste do Brasil. Hoehnea 39: 615-626. em área de floresta no Cerrado brasileiro.

A distribuição das abundâncias das espécies epifíticas nas zonas (figura 3) segundo a proposta de Whittaker (1967)Whittaker, R.H. 1967. Dominance and diversity in land plant communities. Science 147: 250-260. , indicou semelhança no comportamento da sinúsia epifítica que ocorre nas zonas Z2-Z3, decorrente da maior diversidade e maior equidade no VIE das espécies nessas zonas. Nas zonas Z1 e Z5, embora com número grande de espécies para a floresta estudada, a distribuição dos pontos na curva mostrou a ocorrência de poucas espécies dominantes, pequeno número de espécies com baixa abundância e maior número de espécies com abundância intermediária. Na Z6 há a dominância de poucas espécies, com uma redução rápida na abundância para as demais espécies (figura 3). A distribuição das abundâncias no diagrama revela que, na área de floresta estudada, a comunidade epifítica é relativamente simples com espécies que competem ou resistem de modo forte e hierárquico sob pressão de um ou poucos fatores dominantes (Whittaker 1967Whittaker, R.H. 1967. Dominance and diversity in land plant communities. Science 147: 250-260. ), possivelmente os que afetam o regime hídrico e de luminosidade. Em adição, os testes T e de Kolmogorov-Smirnov revelaram que tanto as zonas próximas ao solo quanto as mais externas no dossel, apresentam diferença significativa no número de registros e na diversidade epifítica vascular em relação às demais zonas estudadas, modelo semelhante ao que foi observado por Bataghin et al. (2012)Bataghin, F.A., Muller, A., Pires, J.S.R., Barros, F., Fushita, A.T. & Scariot, E.C. 2012. Riqueza e estratificação vertical de epífitas vasculares na Estação Ecológica de Jataí: área de Cerrado no Sudeste do Brasil. Hoehnea 39: 615-626. na distribuição das epífitas em área de Cerrado no sudeste brasileiro.

De forma geral, a diversidade epifítica encontrada é semelhante à de estudos realizados em áreas de florestas com baixa disponibilidade hídrica (florestas estacionais, cerrados, etc.) especialmente quando estas apresentam histórico de ações antrópicas influenciando o desenvolvimento da comunidade vegetal. O fato da maior diversidade desta sinúsia ser observada nas zonas intermediárias dos forófitos reflete a busca por uma condição climática favorável, na qual há equilíbrio entre a disponibilidade hídrica e a luminosidade. A distribuição das espécies e das abundâncias fornece indícios de uma comunidade epifítica relativamente simples, limitada pelos fatores microclimáticos (poucos fatores dominantes) especialmente pelo número de espécies com adaptações para resistir às mudanças. Pesquisas elucidativas para a comunidade devem envolver o estado de conservação do fragmento florestal, no caso específico, a importância da complexidade estrutural da floresta e a contribuição desta para o aumento da diversidade epifítica, uma vez que esses fatores exercem influência sobre a disponibilidade de água e nutrientes, principais limitações à comunidade epifítica vascular.

Agradecimentos

Os autores agradecem a direção da Estação Ecológica de Barreiro Rico, Anhembi-SP, por permitir a realização desta pesquisa. À Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo pelo apoio financeiro (Processo 2009/08204-9 - As opiniões, hipóteses e conclusões ou recomendações expressas neste material são de responsabilidade do(s) autor(es) e não necessariamente refletem a visão da Fapesp) e ao laboratório de Análise e Planejamento Ambiental (LAPA-UFSCar) por possibilitar a realização desse trabalho. O terceiro autor agradece ao CNPq pela bolsa de produtividade recebida (Processo 304506/2013-3).

Literatura citada

  • Acebey, A. & Krömer, T. 2001. Diversidad y distribución vertical de epífitas en los alrededores del campamento río Eslabón y de la laguna Chalalán, Parque Nacional Madidi, Dpto. La Paz, Bolivia. Revista de la Sociedad Boliviana de Botánica 3: 104-123.
  • Alves, F.E. & Menini Neto, L. 2014. Vascular epiphytes in a forest fragment of Serra da Mantiqueira and floristic relationships with Atlantic high altitude areas in Minas Gerais. Brazilian Journal of Botany 37: 187-196.
  • Antunes, A.Z. 2005. Alterações na composição da comunidade de aves ao longo do tempo em um fragmento florestal no sudeste do Brasil. Ararajuba 13:47-61.
  • Antunes, A.Z. & Eston, M.R. 2009. Mamíferos (Chordata: Mammalia) florestais de médio e grande porte registrados em Barrreiro Rico, Anhembi, Estado de São Paulo. Revista do Instituto Florestal 21: 201-215.
  • Arévalo, R. & Betancur, J. 2006. Vertical distribution of vascular epiphytes in four forest types of the Serranía de Chiribiquete, Colombian Guayana. Selbyana 27: 175-185.
  • Assumpção, C.T., Leitão-Filho, H. F. & Cesar, O. 1982. Descrição das matas da fazenda Barreiro Rico, estado de São Paulo. Revista Brasileira de Botânica 5: 53-66.
  • Ayres, M., Ayres-Júnior, M., Ayres, D.L. & Santos, A.S. 2007. BIOESTAT 5.9: aplicações estatísticas nas áreas das ciências biológicas e médicas. Belém: MCT; IDSM; CNPq, 2007.
  • Barbosa, D.E.F., Basílio, G.A., Silva, F.R. & Menini Neto, L. 2015. Vascular epiphytes in a remnant of Seasonal Semideciduous Forest in the Zona da Mata, state of Minas Gerais, Brazil. Bioscience Journal 31: 623-633.
  • Barthlott, W., Schmit-Neuerburg, V., Nieder, J. & Engwald, S. 2001. Diversity and abundance of vascular epiphytes: a comparison of secondary vegetation and primary montane rain forest in the Venezuelan Andes. Plant Ecology 152: 145-156.
  • Bataghin, F.A., Barros, F. & Pires, J.S.R. 2010. Distribuição da comunidade de epífitas vasculares em sítios sob diferentes graus de perturbação na Floresta Nacional de Ipanema, São Paulo, Brasil. Revista Brasileira de Botânica 33: 531-542.
  • Bataghin, F.A., Muller, A., Pires, J.S.R., Barros, F., Fushita, A.T. & Scariot, E.C. 2012. Riqueza e estratificação vertical de epífitas vasculares na Estação Ecológica de Jataí: área de Cerrado no Sudeste do Brasil. Hoehnea 39: 615-626.
  • Bennet, B.C. 1986. Patchiness, diversity, and abundance relatioships of vascular epiphytes. Selbyana 9: 70-75.
  • Benzing, D.H. 1987. Vascular epiphytism: taxonomic participation and adaptive diversity. Annals of the Missouri Botanical Garden 74: 183-204
  • Benzing, D.H. 1990. Vascular epiphytes: general biology and related biota. Cambridge University Press, Cambridge.
  • Benzing, D.H. 1995. The physical mosaic and plant variety in forest canopies. Selbyana 16: 159-168.
  • Bianchi, J.S., Bentos, C.M. & Kersten, R.A. 2012. Epífitas vasculares de uma área de ecótono entre as Florestas Ombrófilas Densa e Mista, no Parque Estadual do Marumbi, PR. Estudos de Biologia 34: 37-44.
  • Blum, C.T., Roderjan, C.V. & Galvão, F. 2011. Composição florística e distribuição altitudinal de epífitas vasculares da Floresta Ombrófila Densa na Serra da Prata, Morretes, Paraná, Brasil. Biota Neotropica 11: 141-159.
  • Bonnet, A. & Queiroz, M.H. 2006. Estratificação vertical de bromélias epifíticas em diferentes estádios sucessionais da Floresta Ombrófila Densa, Ilha de Santa Catarina, Santa Catarina, Brasil. Revista Brasileira de Botânica 29: 217-228.
  • Breier, T.B. 2005. O epifitismo vascular em florestas do sudoeste do Brasil. Tese de Doutorado, Universidade Estadual de Campinas, Campinas.
  • Brummitt, R.K. & Powell, C.E. 1992. Authors of plant names. 1 ed. Royal Botanic Gardens, Kew.
  • Cervi, A.C. & Borgo, M. 2007. Epífitos vasculares no Parque Nacional do Iguaçu, Paraná (Brasil). Levantamento preliminar. Fontqueria 55: 415-422.
  • Cesar, O. & Leitão Filho, H.F. 1990. Estudo fitossociológico de mata mesófila semidecídua na fazenda Barreiro Rico, município de Anhembi, SP. Revista Brasileira de Biologia 50: 443-452.
  • Conservation International do Brasil 2000. Fundação SOS Mata Atlântica, Fundação Biodiversitas, Instituto de Pesquisas Ecológicas, Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo, Instituto Estadual de Florestas-MG. Avaliação e ações prioritárias para conservação da biodiversidade da Mata Atlântica e Campos Sulinos. Secretaria de Biodiversidade e Florestas do Ministério do Meio Ambiente. Brasília.
  • Dettke, G.A., Orfrini, A.C. e Milaneze-Gutierre, M.A. 2008. Composição florística e distribuição de epífitas vasculares em um remanescente alterado de Floresta Estacional Semidecidual no Paraná, Brasil. Rodriguésia 59: 859-872.
  • Dislich, R. & Mantovani, W. 1998. Flora de epífitas vasculares da Reserva da Cidade Universitária "Armando de Salles Oliveira" (São Paulo, Brasil). Boletim de Botânica da Universidade de São Paulo 17: 61-83.
  • Dittrich, V.A.O., Kozera, C. & Silva, S.M. 1999. Levantamento florístico de epífitos vasculares no Parque Barigüi, Paraná, Brasil. Iheringia, série Botânica 52: 11-22.
  • Dubuisson, J.Y., Schneider, H. & Hennequin, S. 2009. Ephiphytism in ferns: diversity and history.C. R. Biologies 332: 120-128.
  • Durigan, G. 2006. Métodos para análise de vegetação arbórea. In: L. Cullen Jr, R. Rudran & C. Valladares-Pádua (orgs.). Métodos de Estudos em Biologia da Conservação e Manejo da Vida Silvestre. 2 ed. Universidade Federal do Paraná, UFPR, Curitiba, 455-480.
  • Einzmann, H.J.R. & Zotz, G. 2016. How diverse are epiphyte assemblages in plantations and secondary forests in tropical lowlands? Tropical Conservation Science 9: 629-647.
  • Engwald, S., Schimit-Neuerburg, V. & Barthlott, W. 2000. Epiphytes in rain forest of Venezuela - diversity and dynamics of a biocenosis. In: S.W. Breckle, B. Schweizer & U. Arndt (eds.). Results of worldwide ecological studies. Proceedings of the first symposium by the AFW Foundation. Günter Heimbach, Hoheneim, pp. 425-434.
  • Filgueiras, T.S., Nogueira, P.E., Brochado, A.L. & Guala II, G.F. 1994. Caminhamento: um método expedito para levantamentos florísticos qualitativos. Cadernos de Geociências 12: 39-43.
  • Freiberg, M. 1996. Spatial distribution of vascular epiphytes on three emergent canopy trees in French Guiana. Biotropica 28: 345-355.
  • Freitas, L., Salino, A., Menini Neto, L., Almeida, T.E., Mortara, S.R., Stehmann, J.R., Amorim, A.M., Guimarães, E.F., Coelho, M.N., Zanin, A. & Forzza, R.C. 2016. A comprehensive checklist of vascular epiphytes of the Atlantic Forest reveals outstanding endemic rates. PhytoKeys 58: 65-79.
  • Gentry, A.H. & Dodson, C.H. 1987a. Diversity and biogeography of neotropical vascular epiphytes. Annals of the Missouri Botanical Garden 74: 205-233.
  • Gentry, A.H. & Dodson, C.H. 1987b. Contribution of non trees species toe the richness of a tropical rain forest. Biotropica 19: 149-156.
  • Geraldino, H.C.L., Caxambu, M.G. & Souza, D.C. 2010. Composição florística e estrutura da comunidade de epífitas vasculares em uma área de ecótono em Campo Mourão, PR, Brasil. Acta Botânica Brasilica 24: 469-482.
  • Giongo, C. & Waechter, J.L. 2004. Composição florística e estrutura comunitária de epífitos vasculares em uma floresta de galeria na Depressão Central do Rio Grande do Sul. Revista Brasileira de Botânica 27: 563-572.
  • Graciano, C., Fernández, L.V. & Caldiz, D.O. 2003. Tillandsia recurvata L. as a bioindicator of sulfur atmospheric pollution. Ecología Austral 13: 3-14.
  • Hammer, Ø., Harper, D.A.T. & RYAN, P.D. 2001. PAST: Paleontological Statistics software package for education and data analysis. Palaeontologia Electronica 4:1-9.
  • Hunt, D., Taylor, N. & Charles, G. 2006. The new cactus lexicon. DH Books, Milborne Port.
  • Ishara, K.L., Déstro, G.F.G., Maimoni-Rodella, R.C.S. & Yanagizawa, Y.A.N.P. 2008. Composição florística de remanescente de cerrado sensu stricto em Botucatu, SP. Revista Brasileira de Botânica 31: 575-586.
  • Johansson, D. 1974. Ecology of vascular epiphytes in West African rain forest. Acta Phytogeographica Suecica 59: 1-136.
  • Kersten, R.A. 2010. Epífitas vasculares - Histórico, participação taxonômica e aspectos relevantes, com ênfase na Mata Atlântica. Hoehnea 37: 9-38.
  • Kersten, R.A. & Kuniyoshi, Y.S. 2009. Conservação das florestas na Bacia do Alto Iguaçu, Paraná - Avaliação da comunidade de epífitas vasculares em diferentes estágios serais. Floresta 39: 51-66.
  • Kersten, R.A. & Silva, S.M. 2001. Composição florística e distribuição espacial de epífitas vasculares em floresta da planície litorânea da Ilha do Mel, Paraná, Brasil. Revista Brasileira de Botânica 24: 213-226.
  • Kersten, R.A. & Silva, S.M. 2002. Florística e estrutura do componente epifítico vascular em Floresta Ombrófila Mista Aluvial do rio Barigüi, Paraná, Brasil. Revista Brasileira de Botânica 25: 259-267.
  • Kira, T. & Yoda, K. 1989. Vertical stratification in microclimate. In: H. Lieth & M.J.A. Werger (eds.). Ecosystems of the world. v. 14b. Tropical Rain Forest ecosystems. Elsevier, Amsterdam, pp. 7-53.
  • Köster, N., Friedrich, K., Nieder, J. & Barthlott, W. 2009. Conservation of epiphyte diversity in an Andean landscape transformed by human land use. Conservation Biology 23: 911-919.
  • Kress, J.W. 1986. A symposium: The biology of tropical epiphytes. Selbyana 9: 1-22.
  • Krömer, T., Kessler, M. & Gradstein, R.S. 2007. Vertical stratification of vascular epiphytes in submontane and montane forest of the Bolivian Andes: the importance of the understory. Plant Ecology 189: 261-278.
  • Laube, S. & Zotz, G. 2003. Which abiotic factors limit vegetative growth in a vascular epiphyte? Functional Ecology 17: 598-604.
  • Laube, S. & Zotz, G. 2006. Long-term changes of the vascular epiphyte assemblage on the palm Socratea exorrhiza in a lowland forest in Panama. Journal of Vegetation Science 17: 307-314.
  • Lima, T.T. & Wanderley, M.G.L. 2007. Diversidade de Bromeliaceae da Serra do Lopo Extrema - Minas Gerais. Revista Brasileira de Biociências. 5: 1146-1148.
  • Lugo, A.E. & Scatena, F.N. 1992. Epiphytes and climate change research in the Caribbean: a proposal. Selbyana 13: 123-130.
  • Lüttge, U. 1989. Vascular epiphytes: Setting the scene. In: U. Lüttge (ed.). Vascular plants as epiphytes. Ecological Studies 79. Springer-Verlag, Berlin, pp.1-14.
  • Madison, M. 1977. Vascular epiphytes: their systematic occurrence and salient features. Selbyana 2: 1-13.
  • Magalhães, J.C.R. 1999. As aves na fazenda Barreiro Rico. Editora Plêiade, São Paulo.
  • Magurran, A.E. 1988. Ecological diversity and its measurement. Princeton University Press, Princeton.
  • Menini Neto, L., Forzza, R.C. & Zappi, D. 2009. Angiosperm epiphytes as conservation indicators in forest fragments: A case study from southeastern Minas Gerais, Brazil. Biodiversity and Conservation 18: 3785-3807.
  • Montaña, C., Dirzo, R. & Flores, A. 1997. Structural parasitism of an epiphytic bromeliad upon Cercidium praecox in an intertropical semiarid ecosystem. Biotropica 29: 517-521.
  • Nadkarni, N.M. & Matelson, T.J. 1989. Bird use of epiphyte resources in Neotropical trees. The Condor 91: 891-907.
  • Nadkarni, N.M., Parker, G.G. & Lowman, M.D. 2011. Forest canopy studies as an emerging field of science. Annals of Forest Science 68: 217-224.
  • Nieder, J., Engwald, S. & Barthlott, W. 1999. Patterns of neotropical diversity. Selbyana 20: 66-75.
  • Nieder, J., Prosperi, J. & Michaloud, G. 2001. Epiphytes and their contribution to canopy diversity. Plant Ecology 153: 51-63.
  • Olmsted, I. & Juarez, M.G. 1996. Distribution and conservation of epiphytes on the YucatanPeninsula. Selbyana 17: 58-70.
  • Perleberg, T.D., Garcia, E.N. & Pitrez, S.R. 2013. Epífitos vasculares em área com floresta estacional semidecidual, Pelotas, Rio Grande do Sul, Brasil. Ciência e Natura 35: 65-73.
  • Reitz, R. 1983. Bromeliáceas e a malária-bromélia endêmica. Flora Ilustrada Catarinense. Herbário Barbosa Rodrigues, Itajaí.
  • Relatório Técnico 80.401 2005. Atualização do relatório de situação dos recursos hídricos 1995 da bacia do Sorocaba e Médio Tietê como subsídio à elaboração do plano de bacia. Relatório técnico nº 80 401-205. IPT, São Paulo.
  • Rogalski, J.M. & Zanin, E.M. 2003. Composição florística de epífitos vasculares no estreito de Augusto César, Floresta Estacional Decidual do Alto Uruguai, RS, Brasil. Revista Brasileira de Botânica 26: 551-556.
  • São Paulo (Estado) 2006. Decreto no 51.381, de 19 de dezembro de 2006. Cria, no Município de Anhembi, a Estação Ecológica do Barreiro Rico, e dá providências correlatas. Poder Executivo, São Paulo, v. 116, n. 240, 20 dez. 2006. Seção I, pp. 1.
  • Silva, C.H.G., Calvente, A., Soller, A., Maranho, L.T., Boeger, M.R.T. & Soffiatti, P. 2013. Anatomia de Rhipsalis subgênero Erythrorhipsalis A. Berger (Rhipsalideae, Cactaceae). Iheringia, Sér. Bot. 68: 249-259.
  • Smith, J.A.C. 1986. Comparative ecophysiology of crassulacean acid metabolism and 3-carbon pathway bromeliads. 4. Plant water relations. Plant, Cell and Environment 9: 395-410.
  • Ter Steege, H. & Cornelissen, J.H.C. 1989. Distribution and ecology of vascular epiphytes in lowland rain forest of Guyana. Biotropica 21: 331-339.
  • Tryon, R.M. 1970. Development and evolution of Fern Floras of Oceanic Islands. Biotropica 2: 76-84.
  • Versieux, L.M., & Wendt, T. 2006. Checklist of Bromeliaceae of Minas Gerais, Brazil, with notes on taxonomy and endemism. Selbyana 27: 107-146.
  • Waechter, J.L. 1998. Epifitismo vascular em uma floresta de restinga do Brasil subtropical. Revista Ciência e Natura 20: 43-66.
  • Werneck, M.S. & Espírito-Santo, M.M. 2002. Species diversity and abundance of vascular epiphytes on Vellozia peresiana in Brazil. Biotropica 34: 51-57.
  • Whittaker, R.H. 1972. Evolution and measurement of species diversity. Taxon 21: 213-251.
  • Whittaker, R.H. 1967. Dominance and diversity in land plant communities. Science 147: 250-260.
  • Wolf, J.H.D. 2005. The response of epiphytes to anthropogenic disturbance of pine-oak forests in the highlands of Chiapas, Mexico. Forest Ecology and Management 212: 376-393.
  • Yeaton, R.I. & Gladstone, D.E. 1982. The pattern of colonization of epiphytes on Calabash trees (Crescentia alata HBK.) in Guanacaste Province, Costa Rica. Biotropica 14: 137-140.
  • Zar, J.H. 1996. Biostatistical analysis. Third edition. Prentice-Hall International Editions, New Jersey.
  • Zotz, G. & Schultz, S. 2008. The vascular epiphytes of a lowland forest in Panama-species composition and spatial structure. Plant Ecology 195: 131-141.
  • Zotz, G., Hietz, P. & Schmidt, G. 2001. Small plants, large plants: the importance of plant size for the physiological ecology of vascular epiphytes. Journal of Experimental Botany 52: 2051-2056.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Apr-Jun 2017

Histórico

  • Recebido
    18 Ago 2016
  • Aceito
    15 Fev 2017
Instituto de Pesquisas Ambientais Av. Miguel Stefano, 3687 , 04301-902 São Paulo – SP / Brasil, Tel.: 55 11 5067-6057, Fax; 55 11 5073-3678 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: hoehneaibt@gmail.com