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Flora do Parque Estadual do Ibitipoca, Estado de Minas Gerais, Brasil: Begoniaceae C. Agardh1 1 Parte da Dissertação de Mestrado da primeira Autora

Flora of the Parque Estadual do Ibitipoca, Estado de Minas Gerais, Brazil: Begoniaceae C. Agardh

RESUMO

O presente estudo refere-se ao levantamento das espécies de Begoniaceae ocorrentes no Parque Estadual do Ibitipoca (PEIB), Minas Gerais, Brasil. No Parque foram encontradas oito espécies de Begonia (B. altamiroi, B. angularis, B. angulata, B. apparicioi, cucullata, B. fischeri, B. luxurians e B. rufa), as quais são diferenciadas principalmente pelo hábito e por características das folhas (indumento e forma das lâminas). Do total, seis espécies são exclusivas do Brasil e cinco endêmicas da Mata Atlântica. Este estudo baseou-se em bibliografia, consulta aos principais herbários do país e observações de campo. Constam, também, descrições, ilustrações e comentários para cada espécie, assim como uma chave de identificação para todas as espécies.

Palavras-chave:
Begonia; floresta nebular; Mata Atlântica; PEIB; taxonomia

ABSTRACT

A taxonomic survey for Begoniaceae occurring in the Parque Estadual do Ibitipoca (PEIB), Minas Gerais State, Brazil is presented. Eight species of Begonia were found in the Park (B. altamiroi, B. angularis, B. angulata, B. apparicioi, B. cucullata, B. fischeri, B. luxurians and B. rufa), which are distinguished mainly by their general aspect and by the characteristics of leaves, such as, indumentum and blade shape. Of the total of species found, six are restricted to Brazil, whilst five are endemic from the Atlantic Forest. This study was based on a bibliographic review, consult to the main Brazilian herbaria and field observations. Descriptions, illustrations, and comments are also presented for each species. A key to all species is included.

Keywords:
Atlantic Forest; Begonia; nebular forest; PEIB; taxonomy

Introdução

Begoniaceae C. Agardh compreende aproximadamente 1500 espécies (Neale et al. 2006Neale, S., Goodall-Copestake, W. & Kidner, C.A. 2006. The evolution of diversity in Begonia. In: J.A. Teixeira da Silva (ed.), Floriculture, Ornamental and Plant Biotechnology. Global Science Books, Middlesex, pp. 606-611.), agrupadas em dois gêneros: Hillebrandia Oliv., monotípico e exclusivo das ilhas Havaianas, e Begonia L., amplamente distribuído nos trópicos e subtrópicos (Clement et al. 2004Clement, W.L., Tebbit, M.C., Forrest, L.L., Blair, J.E., Brouillet, L., Erikson, T. & Swensen, S.M. 2004. Phylogenetic position and biogeography of Hillebrandia sandwicensis (Begoniaceae): a rare Hawaiian relict. American Journal of Botany 91: 905-917.). A maior riqueza específica de Begonia está na região Neotropical, a qual inclui cerca de 530 espécies (Doorenbos et al. 1998Doorenbos, J., Sosef, M.S.M. & Wilde, J.J.F.E. 1998. The sections of Begonia including descriptions, keys and species lists: studies in Begoniaceae VI. Wageningen Agricultural University, Wageningen.), sendo o Brasil representado por aproximadamente 211 espécies e a Mata Atlântica a área mais rica tanto em endemismo (174 espécies) quanto em número de espécies (183 espécies) (BFG 2015BFG (The Brazil Flora Group). 2015. Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113., Begoniaceae in Flora do Brasil 2020 em construçãoBegoniaceae in Flora do Brasil 2020 (em construção). Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em http://floradobrasil.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB5562 (acesso em 30-X-2017).
http://floradobrasil.jbrj.gov.br/reflora...
).

Begoniaceae está inserida em Cucurbitales (APG IV 2016APG IV (Angiosperm Phylogeny Group). 2016. An update of the Angiosperm Phylogeny Group classification for the orders and families of flowering plants: APG IV. Botanical Journal of the Linnean Society 181: 1-20.) e caracteriza-se pelos caules suculentos, estípulas amplas, lâminas geralmente assimétricas, flores unissexuais e pelas cápsulas loculicidas trialadas (Clement et al. 2004Clement, W.L., Tebbit, M.C., Forrest, L.L., Blair, J.E., Brouillet, L., Erikson, T. & Swensen, S.M. 2004. Phylogenetic position and biogeography of Hillebrandia sandwicensis (Begoniaceae): a rare Hawaiian relict. American Journal of Botany 91: 905-917.). Entretanto, há inúmeras variações desses estados de caráter, particularmente no que se refere à parte vegetativa (i.e., forma, tamanho e cor das folhas, densidade do indumento), as quais estão relacionadas às adaptações a diferentes condições ambientais (Hughes & Hollingsworth 2008Hughes, M. & Hollingsworth, P.M. 2008. Population genetic divergence corresponds with species level biodiversity patterns in the large genus Begonia. Molecular ecology 17: 2643-2651.). A maioria das espécies apresenta potencial ornamental com folhas vistosas e frequentemente variegadas e diversas delas, incluindo híbridos, são cultivadas no Brasil com essa finalidade (Brade 1957Brade, A.C. 1957. Flora do Itatiaia. I. As "Begoniaceae" como fator fisionômico. Rodriguésia 20: 15-166., Souza & Lorenzi 2012Souza, V.C. & Lorenzi, H. 2012. Botânica Sistemática. Guia ilustrado para a identificação das famílias de Fanerógamas nativas e exóticas no Brasil, baseado em APG III. 3 ed. Instituto Plantarum de Estudos da Flora, Nova Odessa.).

Devido ao grande número de espécies, Begoniaceae foi dividida em categorias menores ao longo do tempo, de acordo com diversos autores que a estudaram. Com base em características do perianto, androceu e gineceu, Klotzsch (1854Klotzsch, J.F. 1854. [sem título]. Bericht über die zur Bekanntmachunggeeigneten Verhandlungen der königl. Akademie der Wissenschaften zu Berlin, Berlin, pp. 119-128., 1855aKlotzsch, J.F. 1855a. Begoniaceen - Gattugen und Arten. Nicolaischen Buchhandlungen, Berlin., 1855b)Klotzsch, J.F. 1855b. Begoniaceen - Gattugen und Arten. Abhandlungen der königl. Akademie der Wissenschaften zu Berlin, Berlin, pp. 121-255. reconheceu duas subfamílias e 41 gêneros. Considerando ambígua a classificação proposta por Klotzsch (1854Klotzsch, J.F. 1854. [sem título]. Bericht über die zur Bekanntmachunggeeigneten Verhandlungen der königl. Akademie der Wissenschaften zu Berlin, Berlin, pp. 119-128., 1855aKlotzsch, J.F. 1855a. Begoniaceen - Gattugen und Arten. Nicolaischen Buchhandlungen, Berlin., 1855b)Klotzsch, J.F. 1855b. Begoniaceen - Gattugen und Arten. Abhandlungen der königl. Akademie der Wissenschaften zu Berlin, Berlin, pp. 121-255., Candolle (1859Candolle, A.P. 1859. Memoire sur la famille des Begoniacees. Annales des Sciences Naturelles, Botanique serie IV, 11: 93-115., 1861)Candolle, A.P. 1861 Begoniaceae. In: C.P.F. Martius (ed.). Flora Brasiliensis, v. 4, pars I, pp. 337-396. rebaixou alguns gêneros em seções e séries, propôs diversas sinonímias e reconheceu três gêneros: Mezierea Gaudich., Casparya Klotzsch e Begonia, este último incluindo 71 seções (Candolle 1864Candolle, A.P. 1864. Ordo CLXXII. Begoniaceae. Prodromus systematis naturalis regni vegetabilis 15. Victoris Masson et filii, Paris, pp. 266-408.). Warburg (1894)Warburg, O. 1984. Begoniaceae. In: A. Engler & K. Prantl (eds.). Die natürlichen Pflanzenfamilien. Wilhelm Engelmann, Leipzig. v. 3, n. 6a, pp. 121-150. agrupou as seções utilizando critérios geográficos e reconheceu 58 seções, sendo 31 americanas, 15 asiáticas, 12 africanas e três duvidosas. Doorenbos et al. (1998)Doorenbos, J., Sosef, M.S.M. & Wilde, J.J.F.E. 1998. The sections of Begonia including descriptions, keys and species lists: studies in Begoniaceae VI. Wageningen Agricultural University, Wageningen. foram os últimos autores que dividiram Begoniaceae em categorias infragenéricas, aceitando os gêneros Symbegonia Warb., Hillebrandia e Begonia (este com 63 seções), também baseando-se em critérios geográficos. Finalmente, Smith et al. (1986)Smith, L.B., Wasshausen, D.C., Golding, J. & Karegeannes, C.E. 1986. Begoniaceae: Part. I: Illustrated key. Part. II: Annotated species list. Smithsonian Contributions to Botany 60: 1-584. e Golding &Wasshausen (2002)Golding, J. & Wasshausen, D.C. 2002. Begoniaceae. Part. I: Annotated species list. Part. II: Illustrated key. 2 ed. Smithsonian Institution, Washington. publicaram chaves de identificação para todas as espécies da família, incluindo uma lista de nomes, ilustrações originais ou fotos das espécies, geralmente do tipo. Nesses estudos, não há referências a categorias infragenéricas.

No que se refere à filogenia, análises baseadas em dados morfológicos (Tebbitt 1997Tebbitt, M.C. 1997. A systematic investigation of Begonia section Sphenanthera (Hassk.) Benth. & Hook. F. Doctoral dissertation, University of Glasgow, Glasgow., Badcock 1998Badcock, Z. 1998. A phylogenetic investigation of Begonia L. section Knesebeckia (Klotzsch) A. DC. Doctoral dissertation, University of Glasgow, Glasgow.) e em sequências de ITS, rbcL e trnL-F (Plana 2003Plana, V. 2003. Phylogenetic relationships of the Afro-Malagasy members of the large genus Begonia inferred from trnL intron sequences. Systematic Botany 28: 693-704., Forrest & Hollingsworth 2003Forrest, L.L. & Hollingsworth, P.M. 2003. A recircumscription of Begonia based on nuclear ribosomal sequences. Plant Systematics and Evolution 241: 193-211., Clement et al. 2004Clement, W.L., Tebbit, M.C., Forrest, L.L., Blair, J.E., Brouillet, L., Erikson, T. & Swensen, S.M. 2004. Phylogenetic position and biogeography of Hillebrandia sandwicensis (Begoniaceae): a rare Hawaiian relict. American Journal of Botany 91: 905-917., Plana et al. 2004Plana, V., Gascoigne, A., Forrest, L.L., Harris, D., & Pennington, R.T. 2004. Pleistocene and pre-Pleistocene Begonia speciation in Africa. Molecular Phylogenetics and Evolution 31: 449-461., Forrest et al. 2005Forrest, L.L., Hughes, M. & Hollingsworth, P.M. 2005. A phylogeny of Begonia using nuclear ribosomal sequence data and morphological characters. Systematic Botany 30: 671-682.) confirmaram o monofiletismo de Begonia s.l., com a inclusão de Symbegonia em seus limites (Forrest & Hollingsworth 2003Forrest, L.L. & Hollingsworth, P.M. 2003. A recircumscription of Begonia based on nuclear ribosomal sequences. Plant Systematics and Evolution 241: 193-211.). Por outro lado, nenhuma das categorias infragenéricas tradicionais apresentaram respaldo filogenético, sendo as espécies de Begonia segregadas em três clados principais: dois clados com espécies Africanas e um clado transcontinental incluindo espécies do sul da África, América, Ásia e do arquipélago de Socotran (Forrest et al. 2005Forrest, L.L., Hughes, M. & Hollingsworth, P.M. 2005. A phylogeny of Begonia using nuclear ribosomal sequence data and morphological characters. Systematic Botany 30: 671-682.).

Para a flora de Minas Gerais, foram registradas 31 espécies de Begonia (Delfini 2009Delfini, C. 2009. Flora de Minas Gerais: Begoniaceae. Dissertação de Mestrado, Instituto de Biociências, Universidade de São Paulo, São Paulo.), as quais encontram condições climáticas mais favoráveis nas regiões do Vale do Rio Doce, Serra do Espinhaço, Serra do Cipó, Serra da Mantiqueira e na Zona da Mata (Duarte 1961Duarte, A.P. 1961. Considerações acerca do comportamento e dispersão de algumas espécies de Begônias do Estado da Guanabara. Arquivos do Jardim Botânico do Rio de Janeiro 17: 56-105.). Tratamentos taxonômicos regionais no Domínio Atlântico referiram 10 espécies para o Parque Estadual da Serra do Brigadeiro (Delfini & Souza 2016Delfini, C. & Souza, V.C. 2016. Flora Fanerogâmica do Parque Estadual da Serra do Brigadeiro, Minas Gerais, Brasil: Begoniaceae. Rodriguésia 67: 893-903.) e nove para o Parque Nacional do Caparaó (Feliciano et al. 2010Feliciano, C.D., Savassi-Coutinho, A.P. & Souza, V.C. 2010. Flora Fanerogâmica do Parque Nacional do Caparaó: Begoniaceae. Pabstia 21: 4-20.), e nos Domínios de Cerrado, foram registradas quatro espécies na Serra do Cipó (Jacques 1999Jacques, E.L. 1999. Flora da Serra do Cipó, Minas Gerais: Begoniaceae. Boletim de Botânica da Universidade de São Paulo 18: 33-37.) e Begonia grisea A. DC. para a Serra de Grão Mogol (Jacques 2003Jacques, E.L. 2003. Flora de Grão-Mogol, Minas Gerais: Begoniaceae. Boletim de Botânica da Universidade de São Paulo 21: 107.).

O Parque Estadual do Ibitipoca (PEIB) está localizado na Zona da Mata Mineira, nos Domínios da Mata Atlântica, abrangendo os municípios de Lima Duarte e Santa Rita do Ibitipoca, entre as coordenadas 21°40'15", 21°43'30" S e 43°52'35", 43°54'15" W. O PEIB faz parte do complexo da Serra da Mantiqueira Meridional e possui uma área de 1.488 ha com altitudes que variam de 1200 a 1784 metros (CETEC 1983CETEC (Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais). 1983. Diagnóstico ambiental de Minas Gerais. CETEC, Belo Horizonte., Forzza et al. 2013Forzza, R.C., Menini Neto, L., Salimena, F.R.G. & Zappi, D.C. 2013. Flora do Parque Estadual do Ibitipoca e seu entorno. Editora UFJF, Juiz de Fora.). O clima da região é do tipo Cwb de Köppen, caracterizado pelos invernos frios e secos e verões quentes e úmidos. A temperatura média anual é de 18,9 ºC, com mínima de 4 °C (Rodela & Tarifa 2002Rodela, L.G. & Tarifa, J.R. 2002. O clima da Serra do Ibitipoca, sudeste de Minas Gerais. GEOUSP- Espaço e Tempo 11: 101-113., Rocha 2013Rocha, G.C. 2013. O meio físico da região de Ibitipoca: Características e Fragilidade. In: R.C. Forzza, L. Menini Neto, F.R.G. Salimena & D.C. Zappi (eds.). Flora do Parque Estadual do Ibitipoca e seu entorno. Editora UFJF, Juiz de Fora, pp. 27-52.). De acordo com Oliveira-Filho et al. (2013)Oliveira-Filho, A.T., Fontes, M.A.L., Viana, P.L., Valente, A.S.M., Salimena, F.R.G. & Ferreira, F.M. 2013. O mosaico de fitofisionomias do Parque Estadual do Ibitipoca. In: R.C. Forzza , L. Menini Neto, F.R.G. Salimena & D.C. Zappi (eds.). Flora do Parque Estadual do Ibitipoca e seu entorno. Editora UFJF, Juiz de Fora, pp. 54-93., o PEIB é composto por fitofisionomias florestais (floresta e nanofloresta nebulares), arbustivas (arbustal nebular), savânicas (savana arbustivo-arbórea nebular e savana arbustiva nebular) e campestres (campina lenhosa nebular e campina nebular).

Por ser uma área de extrema importância biológica para a conservação, a flora do PEIB foi estudada por diversos autores, entre eles, Forzza et al. (2013)Forzza, R.C., Menini Neto, L., Salimena, F.R.G. & Zappi, D.C. 2013. Flora do Parque Estadual do Ibitipoca e seu entorno. Editora UFJF, Juiz de Fora., apresentando uma listagem completa das espécies de Briófitas, Pteridófitas e Fanerógamas para o Parque e seu entorno, além de monografias para diversas famílias (e.g., Chiavegatto & Baumgratz 2007Chiavegatto, B.E. & Baumgratz, J.F.A. 2007. A família Melastomataceae nas formações campestres do Parque Estadual do Ibitipoca, Minas Gerais, Brasil. Boletim de Botânica da Universidade de São Paulo 25: 195-226., Medeiros & Guimarães 2007Medeiros, E.V.S.S. & Guimarães, E.F. 2007. Piperaceae do Parque Estadual de Ibitipoca, Minas Gerais, Brasil. Boletim de Botânica da Universidade de São Paulo 25: 227-252., Menini Neto et al. 2007Menini Neto, L., Alves, R.J.V., Barros, F. & Forzza, R.C. 2007. Orchidaceae do Parque Estadual de Ibitipoca, MG, Brasil. Acta Botanica Brasilica 21: 687-696., Milward-de-Azevedo 2007Milward-de-Azevedo, M.A. 2007. Passifloraceae do Parque Estadual de Ibitipoca, Minas Gerais. Boletim de Botânica da Universidade de São Paulo 25: 71-79., Monguilhott & Mello- Silva 2009Monguilhott, L. & Mello-Silva, R. 2009. Apocynaceae do Parque Estadual de Ibitipoca, Minas Gerais, Brasil. Boletim de Botânica da Universidade de São Paulo 26: 93-130., Blaser et al. 2011Blaser, J.G., Eiterer, M., Salimena, F.R.G. & Chautems, A. 2011. Gesneriaceae do Parque Estadual do Ibitipoca, Minas Gerais, Brasil. Boletim de Botânica da Universidade de São Paulo 29: 1-12., Lopes & Mello-Silva 2012Lopes, J.C. & Mello-Silva, R. 2012. Annonaceae do Parque Estadual de Ibitipoca, Minas Gerais. Boletim de Botânica da Universidade de São Paulo 30: 157-164., Montserrat & Mello-Silva 2013Montserrat, L. & Mello-Silva, R. 2013. Velloziaceae do Parque Estadual de Ibitipoca, Minas Gerais, Brasil. Boletim de Botânica da Universidade de São Paulo 31: 131-139., Gonzaga et al. 2014Gonzaga, D.R., Zappi, D.C., Furtado, S.G. & Menini Neto, L. 2014. Cactaceae no Parque Estadual do Ibitipoca, Minas Gerais, Brasil. Boletim de Botânica da Universidade de São Paulo 32: 1-8., Nardy et al. 2016Nardy, C., Furtado, S.G., Salimena, F.R.G. & Menini Neto, L. 2016. As subtribos Laeliinae e Ponerinae (Epidendroideae, Orchidaceae) no Parque Estadual do Ibitipoca, Minas Gerais, Brasil. Boletim de Botânica da Universidade de São Paulo 34: 27-47.). De acordo com Forzza et al. (2013)Forzza, R.C., Menini Neto, L., Salimena, F.R.G. & Zappi, D.C. 2013. Flora do Parque Estadual do Ibitipoca e seu entorno. Editora UFJF, Juiz de Fora., Begoniaceae está representada no PEIB por quatro espécies e duas variedades (i.e., B. angularis var. angularis, B. angularis var. angustifolia, B. angulata, B. luxurians e B. rufa), entretanto, os resultados do presente estudo registraram o dobro de espécies para essa área. Assim, a presente contribuição teve como objetivo catalogar e descrever a diversidade das espécies de Begoniaceae ocorrentes no PEIB, apresentando descrições, ilustrações, chave para a identificação das espécies e comentários sobre distribuição geográfica, ecológicos e taxonômicos. Além disso, este trabalho também contribui para o conhecimento da flora de Minas Gerais, sobretudo, das espécies de Begonia do Domínio da Mata Atlântica.

Material e métodos

Os estudos foram conduzidos com base nas coleções dos herbários BHCB, CESJ, ESA, GFJP, K, MBM, PAMG, R, RB, SP, SPF e VIC (acrônimos de acordo com Thiers, continuamente atualizadoThiers, B. 2017. [continuously updated]. Index Herbariorum: A global directory of public herbaria and associated staff. New York Botanical Garden's Virtual Herbarium. Disponível em http://sweetgum.nybg.org/ih/ (acesso em 12-II-2017).
http://sweetgum.nybg.org/ih/...
) e por expedições de campo, realizadas em diferentes épocas dos anos de 2008, 2016 e 2017. A classificação das fitofisionomias do PEIB está de acordo com as propostas de Oliveira-Filho et al. (2013)Oliveira-Filho, A.T., Fontes, M.A.L., Viana, P.L., Valente, A.S.M., Salimena, F.R.G. & Ferreira, F.M. 2013. O mosaico de fitofisionomias do Parque Estadual do Ibitipoca. In: R.C. Forzza , L. Menini Neto, F.R.G. Salimena & D.C. Zappi (eds.). Flora do Parque Estadual do Ibitipoca e seu entorno. Editora UFJF, Juiz de Fora, pp. 54-93.. A descrição do gênero foi baseada nos espécimes examinados, assim como nos tratamentos taxonômicos prévios para o grupo (Jacques 2002Jacques, E.L. 2002. Estudos taxonômicos das espécies brasileiras do gênero Begonia L. (Begoniaceae) com placenta partida. Tese de Doutorado, Instituto de Biociências, Universidade de São Paulo, São Paulo., Delfini 2009Delfini, C. 2009. Flora de Minas Gerais: Begoniaceae. Dissertação de Mestrado, Instituto de Biociências, Universidade de São Paulo, São Paulo., Mamede et al. 2012Mamede, M.C.H., Silva, S.J.G., Jacques, E.L. & Arenque, B.C. 2012. Begoniaceae. In: M.G.L. Wanderley, G.J. Shepherd, T.S. Melhem, , A.M. Giulietti & S.E. Martins (eds.). Flora Fanerogâmica do Estado de São Paulo. Instituto de Botânica, São Paulo, v. 7, pp. 73-115., Delfini 2017Delfini, C. 2017. Familia Begoniaceae C. Agardh. In: A.M.R. Anton, F.O. Zuloaga & M.J. Belgrano (eds.), Flora Vascular de la República Argentina (Flora of Argentina), Instituto Multidisciplinario de Biología Vegetal (CONICET-UNC), Buenos Aires, pp. 1-16.) e as descrições das espécies foram baseadas exclusivamente nos materiais examinados. A terminologia morfológica utilizada nas descrições das espécies está de acordo com Font Quer (1953)Font Quer, P. 1953. Diccionário de Botánica. Ed. Labor, Barcelona., Radford et al. (1974)Radford, A.E., Dickison, W.C., Massey, J.R. & Bell, C.R. 1974. Vascular plant systematics. Harper & Row, New York., Smith et al. (1986)Smith, L.B., Wasshausen, D.C., Golding, J. & Karegeannes, C.E. 1986. Begoniaceae: Part. I: Illustrated key. Part. II: Annotated species list. Smithsonian Contributions to Botany 60: 1-584., Golding & Wasshausen (2002)Golding, J. & Wasshausen, D.C. 2002. Begoniaceae. Part. I: Annotated species list. Part. II: Illustrated key. 2 ed. Smithsonian Institution, Washington., além de Weberling (1992)Weberling, F. 1992. Morphology of flowers and inflorescences. Cambridge University Press, Cambridge. para inflorescências e Harris & Harris (2001)Harris, J.G. & Harris, M.W. 2001. Plant identification terminology: an illustrated glossary. 2 ed. Missouri Botanical Garden Library, Saint Louis.. Os dados sobre distribuição geográfica e floração e frutificação foram obtidos a partir de levantamento bibliográfico, observações de campo e das etiquetas dos espécimes.

Resultados e Discussão

Begoniaceae está representada no Parque Estadual do Ibitipoca por oito espécies: Begonia altamiroi Brade, B. angularis Raddi, B. angulata Vell., B. apparicioi Brade, B. cucullata Willd., B. fischeri Schrank, B. luxurians Scheidw. e B. rufa Thunb., diferenciadas principalmente por caracteres vegetativos, tais como forma e indumento dos caules, pecíolos e folhas e duração das estípulas. No Parque as espécies são encontradas entre 1300 e 1700 metros, predominantemente nas formações florestais, normalmente associadas a cavernas e/ou próximas de cursos d'água, e também em formações campestres.

Entre as espécies de Begonia encontradas no PEIB, seis são exclusivas do Brasil, sendo apenas B. cucullata e B. fischeri com distribuição extra-brasileira, enquanto B. altamiroi, B. angularis, B. angulata, B. apparicioi e B. luxurians são exclusivas da Mata Atlântica (BFG 2015BFG (The Brazil Flora Group). 2015. Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113., Begoniaceae in Flora do Brasil 2020 em construçãoBegoniaceae in Flora do Brasil 2020 (em construção). Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em http://floradobrasil.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB5562 (acesso em 30-X-2017).
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). Begonia altamiroi e B. apparicioi são as espécies com distribuição mais restrita, ocorrendo apenas nos Estados de Espírito Santo e Minas Gerais, classificadas na categoria "Em Perigo" segundo a Lista Vermelha da Flora do Brasil (BFG 2015BFG (The Brazil Flora Group). 2015. Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113., Begoniaceae in Flora do Brasil 2020 em construçãoBegoniaceae in Flora do Brasil 2020 (em construção). Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em http://floradobrasil.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB5562 (acesso em 30-X-2017).
http://floradobrasil.jbrj.gov.br/reflora...
, CNCFlora 2017aCNCFlora (Centro Nacional de Conservação da Flora). 2017a. Begonia altamiroi in Lista Vermelha da flora brasileira versão 2012.2 Centro Nacional de Conservação da Flora. Disponível em http://cncflora.jbrj.gov.br/portal/pt-br/profile/Begoniaaltamiroi (acesso em 30-III-2017).
http://cncflora.jbrj.gov.br/portal/pt-br...
, bCNCFlora (Centro Nacional de Conservação da Flora). 2017b. Begonia apparicioi in Lista Vermelha da flora brasileira versão 2012.2 Centro Nacional de Conservação da Flora. Disponível em http://cncflora.jbrj.gov.br/portal/pt-br/profile/Begoniaaltamiroi (acesso em 30-III-2017).
http://cncflora.jbrj.gov.br/portal/pt-br...
).

Em comparação aos tratamentos taxonômicos prévios realizados para a família no Domínio Atlântico em Minas Gerais, das dez espécies registradas para o Parque Estadual da Serra do Brigadeiro (Delfini & Souza 2016Delfini, C. & Souza, V.C. 2016. Flora Fanerogâmica do Parque Estadual da Serra do Brigadeiro, Minas Gerais, Brasil: Begoniaceae. Rodriguésia 67: 893-903.), cinco são compartilhadas com o PEIB, e das nove espécies ocorrentes no Parque Nacional do Caparaó (Feliciano et al. 2010Feliciano, C.D., Savassi-Coutinho, A.P. & Souza, V.C. 2010. Flora Fanerogâmica do Parque Nacional do Caparaó: Begoniaceae. Pabstia 21: 4-20.), apenas B. angularis é compartilhada com o PEIB. Para as áreas de cerrado no Estado, das quatro espécies registradas para a Serra do Cipó (Jacques 1999Jacques, E.L. 1999. Flora da Serra do Cipó, Minas Gerais: Begoniaceae. Boletim de Botânica da Universidade de São Paulo 18: 33-37.) apenas B. cucullata é compartilhada com a flora do PEIB, e B. grisea A. DC., registrada para a Serra de Grão-Mogol (Jacques 2003Jacques, E.L. 2003. Flora de Grão-Mogol, Minas Gerais: Begoniaceae. Boletim de Botânica da Universidade de São Paulo 21: 107.), não ocorre no PEIB.

Tratamento taxonômico:

1. Begonia L., Sp. Pl.: 1056. 1753.

Ervas ou subarbustos, terrestres ou epífitos. Caules geralmente carnosos, com estípulas. Lâminas alternas, raramente opostas ou verticiladas, simples, inteiras a profundamente partidas, frequentemente lobadas, geralmente assimétricas. Inflorescências cimosas, axilares, unissexuais ou bissexuais, flores diclinas, pediceladas, prefloração imbricada, 1 par de brácteas de 1ª ordem, bractéolas presentes e em número variável, tépalas petaloides, alvas, esverdeadas ou róseas. Flores estaminadas com 2-6 tépalas, mais comumente 2 ou 4, neste caso, dispostas em dois verticilos (dois maiores e dois menores). Estames 15 a numerosos, filetes livres ou, às vezes, unidos na base, anteras rimosas. Flores pistiladas tépalas com 2-6 tépalas, mais frequentemente 5, imbricadas. Gineceu 2-5-carpelar, 2-5-locular (mais frequentemente 3-locular), ovário ínfero, placenta inteira ou partida, óvulos numerosos e bitegumentados, número de ramos do estigma igual ao número de carpelos, bífidos no ápice. Cápsulas loculicidas trialadas, deiscentes por fendas ou poros, normalmente com alas desiguais. Sementes numerosas, com testa ornamentada e pouco endosperma.

    Chave para as espécies de Begonia ocorrentes no Parque Estadual do Ibitipoca:
  • 1. Caules escabros a glabrescentes, lanuginosos quando jovens; lâminas palmatissectas, segmentos com venação peninérvea ....................................................................................................... Begonia luxurians

  • 1. Caules glabros a vilosos ou tomentosos; lâminas inteiras ou lobadas, venação actinódroma

    • 2. Lâminas inteiras

      • 3. Lâminas cordiformes a largamente obovais ou cuculadas; cápsula com placentas partidas

        • 4. Caules glabros; estípulas persistentes; lâminas membranáceas, cuculadas, glabras; cimeiras multifloras, bractéolas glabras ................. Begonia cucullata

        • 4. Caules vilosos; estípulas caducas; lâminas papiráceas, cordiformes a largamente obovais, vilosas; cimeiras paucifloras, bractéolas vilosas ............................................................... Begonia fischeri

      • 3. Lâminas oval-lanceoladas; cápsula com placentas inteiras

        • 5. Caules angulosos, glabros; estípulas reflexas; pecíolos angulosos, glabros; lâminas com margem ondulada a serreada, glabras; sementes oblongas ............................................. Begonia angularis

        • 5. Caules cilíndricos, glabrescentes; estípulas apressas; pecíolos cilíndricos, glabrescentes; lâminas com margem denteado-serrilhada, glabrescentes; sementes elípticas ................ Begonia angulata

    • 2. Lâminas 3-4(-5)-lobadas

      • 6. Lâminas com lobos e bractéolas lanceolados ...................................................................... Begonia altamiroi

      • 6. Lâminas com lobos triangulares ou pelo menos um deles largamente oval; bractéolas ovais ou triangulares

        • 7. Pecíolos 1-8,5 cm comp.; lâminas com lobo terminal triangular, os demais ou pelo menos um deles largamente oval; brácteas ovais, tomentosas; bractéolas triangulares; hipanto tomentoso .......................................................................................................................... Begonia rufa

        • 7. Pecíolos 15-26 cm comp.; lâminas com todos os lobos triangulares; brácteas triangulares, glabrescentes; bractéolas ovais; hipanto glabrescente ................................................... Begonia apparicioi

1.1. Begonia altamiroi Brade, Arq. Jard. Bot. Rio de Janeiro, 8: 230, pl. 4, 1948.

Figura 1 a

Figura 1
a. B. altamiroi: detalhe da folha. b. B. angularis: detalhe do caule e das estípulas. c. B. angulata: hábito. d. B. apparicioi: detalhe da folha. e. B. cucullata: detalhe da folha. f. B. fischeri: detalhe da folha. g. B. luxurians: folha e inflorescência. h. B. rufa: detalhe da folha. [A. C. Delfini 60 & R. Tsuji (ESA); B. C. Delfini 55 & R. Tsuji (ESA); C. Delfini 53 & R. Tsuji (ESA); D. L.R. Volpi 146 et al. (ESA); E. A. Cabral 161 et al. (CESJ); F. C. Delfini 54 & R. Tsuji (ESA); G. C. Delfini 45 & J. Paula-Souza (ESA); H. V.C. Souza 25086 et al. (ESA)].
Figure 1
a. B. altamiroi: leaf detail. b. B. angularis: detail of stem and stipules. c. B. angulata: habit. d. B. apparicioi: leaf detail. e. B. cucullata: leaf detail. f. B. fischeri: leaf detail. g. B. luxurians: leaf and inflorescence. h. B. rufa: leaf detail. [A. C. Delfini 60 & R. Tsuji (ESA); B. C. Delfini 55 & R. Tsuji (ESA); C. Delfini 53 & R. Tsuji (ESA); D. L.R. Volpi 146 et al. (ESA); E. A. Cabral 161 et al. (CESJ); F. C. Delfini 54 & R. Tsuji (ESA); G. C. Delfini 45 & J. Paula-Souza (ESA); H. V.C. Souza 25086 et al. (ESA)].

Ervas terrestres ou subarbustos, 0,4-2 m alt. Caules eretos, cilíndricos, ramificados, verdes a marrons, laxamente tomentosos, tricomas simples. Estípulas 0,9-2 × 0,3-0,5 cm, lanceoladas, ápice mucronulado, base truncada, margem inteira a levemente ondulada, membranáceas, caducas, apressas, carenadas, carenas tomentosas; pecíolos 1-10,5 cm compr., cilíndricos, tomentosos. Lâminas 6-18 × 2,5-10,5 cm, assimétricas, 3-4(-5)-lobadas, lobos lanceolados, basifixas, papiráceas, ápice acuminado a agudo, base cordada, margem serrilhada, tomentosas em ambas as faces, indumento mais concentrado sobre as nervuras, face adaxial verde, abaxial verde a avermelhada, venação actinódroma, nervuras 3-4, raramente 5. Cimeiras multifloras, pedúnculos 5-19 cm comp., glabrescentes; brácteas de 1ª ordem ca. 3 × 1 mm, triangulares, caducas, glabrescentes; bractéolas 1-4 pares. Flores estaminadas com 4 tépalas, as externas 8 × 6-7 mm, obovais, esparsamente tomentosas, as internas ca. 8 × 4 mm, elípticas, glabras, alvas a róseas; bractéolas ca. 3 × 1 mm, lanceoladas, caducas, carenadas, carenas tomentosas; estames 20-30, ca. 3 mm compr., filetes livres, anteras 1-2 mm compr., rimosas, oblongas. Flores pistiladas com 5 tépalas, subiguais, uma delas ligeiramente desigual no tamanho e forma, ca. 10 × 7 mm, elípticas, laxamente tomentosas, alvas a róseas; bractéolas ca. 3 × 1 mm, lanceoladas, caducas, laxamente tomentosas; estilete 3-4 mm compr., ramos do estigma ca. 2 mm compr., hipanto glabrescente. Cápsulas 1-2,6 × 0,6-1,4 cm, placentas inteiras, alas desenvolvidas e diferentes entre si, sendo a ala maior levemente ascendente com ápice arredondado. Sementes oblongas.

Begonia altamiroi possui distribuição restrita aos Estados de Espírito Santo e Minas Gerais (BFG 2015BFG (The Brazil Flora Group). 2015. Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113., Begoniaceae in Flora do Brasil 2020 em construçãoBegoniaceae in Flora do Brasil 2020 (em construção). Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em http://floradobrasil.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB5562 (acesso em 30-X-2017).
http://floradobrasil.jbrj.gov.br/reflora...
). Na área de estudo essa espécie ocorre em altitudes que variam entre 1300 e 1700 metros, sendo encontrada em áreas campestres ou no interior de nanoflorestas nebulares, assim como, associada a cavernas.

Begonia altamiroi possui as folhas assimétricas, 3-4(-5)-lobadas e lobos lanceolados como características marcantes. Essa espécie é morfologicamente afim de B. apparicioi e B. rufa, principalmente no que se refere ao aspecto geral e indumento dos caules, pecíolos e lâminas. No entanto, B. altamiroi distingue-se de seus congêneres morfológicos por características das lâminas, estípulas e bractéolas, conforme ilustrado na tabela 1.

Tabela 1
Características diagnósticas entre Begonia altamiroi, B. apparicioi e B. rufa.
Table 1
Diagnostic characteristics of Begonia altamiroi, B. apparicioi and B. rufa.

Para a diferenciação de B. altamiroi e B. rufa, Delfini & Souza (2016)Delfini, C. & Souza, V.C. 2016. Flora Fanerogâmica do Parque Estadual da Serra do Brigadeiro, Minas Gerais, Brasil: Begoniaceae. Rodriguésia 67: 893-903. comentaram que o porte das inflorescências e características do indumento das flores estaminadas também auxiliam no reconhecimento dessas espécies. Porém, esses caracteres não são constantes em B. rufa, observando-se frequentes sobreposições principalmente com relação ao porte das inflorescências, estas mais ou menos robustas.

Material examinado: BRASIL. Minas Gerais. Lima Duarte. Parque Estadual do Ibitipoca, 10-VII-1986, L. Krieger & P. Ivo s.n. (CESJ 21228); Gruta da Cruz, 18-XII-2015, G.B. Oliveira & G.C. Iote 118 (CESJ); 28-IV-2016, G.B. Oliveira & J.H.C. Ribeiro 171 (CESJ); Pedra do Gavião, em campo rupestre no pico do peão, 19-V-2001, R.M. Castro 356 (CESJ); Próximo ao alojamento, 18-I-2008, C. Delfini & R. Tsuji 60 (ESA); Próximo a casa de manutenção e estacionamento, 13-XII-1997, V.L. Gomes-Klein & G. Soares 3406 (CESJ). Parque Florestal da Serra do Ibitipoca, 24-III-1977, M.P. Coons et al. 294 (VIC).

Material adicional examinado: BRASIL. espírito santo: Itaguaçu. Alto Limoeiro, terrestre na mata, 900 m s.n., 23-V-1946, A.C. Brade et al. 18400 (RB (holótipo), SP).

1.2. Begonia angularis Raddi, Mem. Mat. Fis. Soc. Ital. Sci. Modena, Pt. Mem. Fis. 18: 407. 1820.

Figura 1 b

Ervas terrestres ou epífitas, 0,3-1,8 m alt. Caules eretos a escandentes, angulosos, simples ou pouco ramificados, verdes, glabros. Estípulas 1,2-3,5 × 0,5-1,5 cm, triangulares, ápice mucronulado, base truncada, margem inteira a levemente ondulada, às vezes ciliada, membranáceas, persistentes, reflexas, glabras ou com alguns tricomas na nervura central dorsal; pecíolos 1,3-9 cm compr., angulosos, glabros. Lâminas 7-18,9(-22) × 1,8-4,4(-8,4) cm, assimétricas, inteiras, basifixas, papiráceas, oval- lanceoladas, ápice acuminado, base cordada, margem ondulada a serreada, esparsamente ciliada, glabras em ambas as faces, face adaxial verde, abaxial verde a avermelhada, venação actinódroma, nervuras 4-7 na base. Cimeiras multifloras, pedúnculos 8,5-13,2(-20) cm compr., glabrescentes; brácteas de 1ª ordem 1,2-1,4 × 0,6-0,75 mm, elípticas, lanceoladas ou triangulares, caducas, glabras; bractéolas 1-2 pares. Flores estaminadas com 4 tépalas, as externas 7 × 6 mm, ovais a largamente ovais, glabras, frequentemente gibosas ou com um apêndice carnoso no dorso, as internas ca. 6 × 2 mm, obovadas, glabras, alvas a levemente róseas; bractéolas ca. 6 × 6 mm, estreitamente elípticas, caducas; estames 15-20, ca. 3 mm compr., filetes levemente unidos na base, anteras 2-3 mm comp., rimosas, oblongas. Flores pistiladas com 5 tépalas, subiguais, uma delas ligeiramente desigual no tamanho e forma, 3-6 × 2-4 mm, elípticas a obovadas, glabras, alvas a levemente róseas; bractéolas ca. 3 × 1 mm, estreitamente elípticas, caducas, glabras; estilete ca. 1 mm comp., ramos do estigma ca. 1 mm comp., hipanto glabro. Cápsulas 0,57-1,1(-1,6) × 0,5-1,5(-2) cm, placentas inteiras, alas desenvolvidas e diferentes entre si, sendo a ala maior levemente ascendente com ápice obtuso a agudo. Sementes oblongas.

Begonia angularis é uma espécie com distribuição exclusiva brasileira, ocorrendo desde a Bahia até o Paraná (BFG 2015BFG (The Brazil Flora Group). 2015. Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113., Begoniaceae in Flora do Brasil 2020 em construçãoBegoniaceae in Flora do Brasil 2020 (em construção). Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em http://floradobrasil.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB5562 (acesso em 30-X-2017).
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). Na área de estudo, B. angularis é encontrada entre 1300 e 1650 metros, habitando locais sombreados de nanoflorestas nebulares, assim como associada a cavernas. Begonia angularis pode ser prontamente diferenciada das demais espécies de Begonia ocorrentes no PEIB pela presença de caules e pecíolos angulosos e pelas estípulas reflexas (figura 1 b).

Com base em características vegetativas, Candolle (1861)Candolle, A.P. 1861 Begoniaceae. In: C.P.F. Martius (ed.). Flora Brasiliensis, v. 4, pars I, pp. 337-396. estabeleceu B. angularis var. angustifolia A. DC., diferenciando-a de B. angularis var. angularis pelas lâminas mais estreitas e com margens frequentemente involutas (Candolle 1861Candolle, A.P. 1861 Begoniaceae. In: C.P.F. Martius (ed.). Flora Brasiliensis, v. 4, pars I, pp. 337-396.). Além dessas, Mamede et al. (2012)Mamede, M.C.H., Silva, S.J.G., Jacques, E.L. & Arenque, B.C. 2012. Begoniaceae. In: M.G.L. Wanderley, G.J. Shepherd, T.S. Melhem, , A.M. Giulietti & S.E. Martins (eds.). Flora Fanerogâmica do Estado de São Paulo. Instituto de Botânica, São Paulo, v. 7, pp. 73-115. também distinguiram B. angularis var. angustifolia pela presença de uma crista de tricomas no dorso das estípulas e por um apêndice carnoso (lembrando uma giba) nas tépalas externas das flores estaminadas (Mamede et al. 2012Mamede, M.C.H., Silva, S.J.G., Jacques, E.L. & Arenque, B.C. 2012. Begoniaceae. In: M.G.L. Wanderley, G.J. Shepherd, T.S. Melhem, , A.M. Giulietti & S.E. Martins (eds.). Flora Fanerogâmica do Estado de São Paulo. Instituto de Botânica, São Paulo, v. 7, pp. 73-115.). Apesar disso, neste estudo não foram reconhecidas categorias infraespecíficas para B. angularis, uma vez que os padrões anteriormente estabelecidos não são constantes, observando-se sobreposições principalmente no que se refere ao indumento das estípulas e dimensões das lâminas.

Material examinado: BRASIL. Minas Gerais. Lima Duarte. Conceição do Ibitipoca, 15-VI-1979, L. Krieger & M. Sabino s.n. (CESJ 16236, MBM 279106); Cachoerinha, 31-III-2004, R.C. Forzza et al. 3333 (RB); Mata entre a Gruta do Viajante e a cantina, 10-III-2004, R.C. Forzza et al. 3129 (RB); Mata (portaria), 22-III-1988, P.M. Andrade & M.A. Drumond 22 (SP); Nanofloresta nebular, Gruta do Cruzeiro, 7-IX-2014, S.G. Furtado & L. Menini Neto 321 (CESJ); Próxima ao alojamento, 18-I- 2008, C. Delfini & R. Tsuji 55 (ESA); Trilha para a Cachoeirinha, Mata de Grotão, 31-III-2004, R.C. Forzza et al. 3320 (RB). Serra de Ibitipoca, 15-V- 1970, L. Krieger s.n. (CESJ 8527).

1.3. Begonia angulata Vell., Fl. Flum. Icon. 10: pl. 52. "1827", 1831.

Figura 1 c

Ervas terrestres, 0,5-1,5 m alt. Caules eretos a escandentes, cilíndricos, pouco ramificados, verdes, glabrescentes, tricomas simples. Estípulas 0,5-1,5 × 0,3-0,9 cm, lanceoladas a estreitamente elípticas, ápice mucronulado, base truncada, margem inteira, membranáceas, persistentes, apressas, com uma crista de tricomas no dorso; pecíolos 0,8-3,5(-4,7) cm compr., cilíndricos, glabrescentes. Lâminas (3-)4,5-11 × 1,5-3,5 cm, assimétricas, inteiras, basifixas, membranáceas a papiráceas, oval- lanceoladas, ápice acuminado, base subcordada a cordada, margem dentado-serrilhada, glabrescentes, indumento mais densamente distribuído na face abaxial, face adaxial verde, abaxial verde a avermelhada, venação actinódroma, nervuras 4-6. Cimeiras multifloras, pedúnculos (3,5-)4,5-15 cm comp., glabrescentes; brácteas de 1ª ordem 1-1,3 × 5 mm, triangulares, caducas, glabras; bractéolas 1-2 pares. Flores estaminadas com 4 tépalas, as externas 0,5-1 × 0,3-0,8 cm, ovais a largamente obovais, glabrescentes, as internas 0,5-1 × 0,1-0,4 cm, elípticas a estreitamente elípticas, glabras, alvas a levemente róseas; bractéolas 2-4 × 1 mm, lanceoladas, caducas, glabras; estames 15-25, 3-4 mm comp., filetes livres, anteras ca. 2 mm comp., rimosas, oblongas. Flores pistiladas com 5 tépalas, uma delas ligeiramente desigual no tamanho e forma, 0,5-0,7 × 0,2-0,7 cm, ovais a obovais, glabras, alvas a levemente róseas; bractéolas 5 × 1-2 mm, lanceoladas, caducas, glabras; estilete 2-3 mm comp., ramos do estigma 1-2 mm comp., hipanto glabro. Cápsulas 0,8-1,4 × 1,4-1,6 cm, placentas inteiras, alas desenvolvidas e diferentes entre si, sendo a maior levemente ascendente com ápice obtuso a agudo. Sementes elípticas.

Begonia angulata possui distribuição exclusiva no Brasil, ocorrendo nos Estados de Santa Catarina, Paraná e em toda a região Sudeste (BFG 2015BFG (The Brazil Flora Group). 2015. Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113., Begoniaceae in Flora do Brasil 2020 em construçãoBegoniaceae in Flora do Brasil 2020 (em construção). Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em http://floradobrasil.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB5562 (acesso em 30-X-2017).
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). No PEIB essa espécie ocorre em campos rupestres, florestas, nanoflorestas nebulares e nas proximidades de cavernas, em altitudes entre 1300 a 1650 metros.

No PEIB, B. angulata pode ser diferenciada das demais espécies de Begonia pelos caules e pecíolos cilíndricos, glabrescentes, pelas lâminas com margens dentado-serrilhadas e pelas estípulas persistentes e apressas (figura 1 c).

Com base em características das folhas e pedúnculos, Mamede et al. (2012)Mamede, M.C.H., Silva, S.J.G., Jacques, E.L. & Arenque, B.C. 2012. Begoniaceae. In: M.G.L. Wanderley, G.J. Shepherd, T.S. Melhem, , A.M. Giulietti & S.E. Martins (eds.). Flora Fanerogâmica do Estado de São Paulo. Instituto de Botânica, São Paulo, v. 7, pp. 73-115. reconheceram duas variedades para B. angulata: B. angulata var. angulata e B. angulata var. campos-portoi Brade (Mamede et al. 2012Mamede, M.C.H., Silva, S.J.G., Jacques, E.L. & Arenque, B.C. 2012. Begoniaceae. In: M.G.L. Wanderley, G.J. Shepherd, T.S. Melhem, , A.M. Giulietti & S.E. Martins (eds.). Flora Fanerogâmica do Estado de São Paulo. Instituto de Botânica, São Paulo, v. 7, pp. 73-115.). De acordo com esses autores, a primeira variedade caracteriza-se por apresentar lâminas com cerca de 2,5 mm larg. e pedúnculos glabros, enquanto B. angulata var. campos-portoi possui lâminas mais estreitas (1-1,5 mm larg.) e pedúnculos glabrescentes, além da distribuição restrita ao Estado de São Paulo (Mamede et al. 2012Mamede, M.C.H., Silva, S.J.G., Jacques, E.L. & Arenque, B.C. 2012. Begoniaceae. In: M.G.L. Wanderley, G.J. Shepherd, T.S. Melhem, , A.M. Giulietti & S.E. Martins (eds.). Flora Fanerogâmica do Estado de São Paulo. Instituto de Botânica, São Paulo, v. 7, pp. 73-115.). Assim, no PEIB há registros de ocorrência apenas de B. angulata var. angulata.

Material examinado: BRASIL. Minas Gerais. Lima Duarte. Parque Estadual do Ibitipoca; Gruta do Viajante, 10-III-2004, R.C. Forzza et al. 3109 (RB); Mata Dentro, 18-I-2005, L.G. Temponi et al. 393 (SPF); Mata Grande, 18-I-2005, L.G. Temponi et al. 393 (RB); 18-I-2008, C. Delfini & R. Tsuji 53 (ESA). Parque Florestal da Serra do Ibitipoca, 24-II-1977, M.P. Coons et al. 295 (VIC).

Material adicional examinado: BRASIL. Rio de Janeiro: Serra do Itatiaia, entre km 12 e 15, 1600 m s.n. do mar, E. Pereira 326 (RB). são paulo: Campos do Jordão. Est. de São Paulo - Campos do Jordão, 1000 m s.n. do mar, II 1937 (RB (holótipo de B. angulata var. campos-portoi)).

1.4. Begonia apparicioi Brade, Arq. Jard. Bot. Rio de Janeiro, 8: 229, Pl. 3. 1948.

Figura 1 d

Ervasterrestres, 1-2 malt. Cauleseretos, cilíndricos, ramificados, verdes a marrons, glabrescentes, tricomas simples. Estípulas 1,3-2 × 0,3-0,5 cm, lanceoladas, ápice mucronulado, base truncada, margem inteira a levemente ondulada, às vezes ciliada, membranáceas, caducas, apressas, geralmente carenadas, carenas tomentosas; pecíolos 15-26 cm comp., cilíndricos, tomentosos. Lâminas 8,8-17,2 × 4,5-10 cm, assimétricas, 4(-5) lobadas, basifixas, papiráceas, lobo terminal e os demais triangulares, ápice frequentemente acuminado, raramente agudo, base cordada, margem serrilhada, tomentosas em ambas as faces, indumento geralmente mais concentrado na face abaxial e sob as nervuras, face adaxial verde, abaxial verde a avermelhada, venação actinódroma, nervuras 4-6 na base. Cimeiras multifloras, pedúnculos 11,5-29 cm compr., glabrescentes; brácteas de 1ª ordem 4-9 × 3-4 mm, triangulares, caducas, glabrescentes; bractéolas 1-4 pares. Flores estaminadas com 4 tépalas, as externas 6-8 × 6-7 mm, obovais, tomentosas, as internas 6-7 × 3-4 mm, elípticas, glabras, alvas a róseas; bractéolas ca. 8 x 3 mm, ovais, caducas, tomentosas; estames 25-30, ca. 4 mm comp., filetes livres, anteras ca. 2 mm comp., rimosas, oblongas. Flores pistiladas com 5 tépalas, subiguais, uma delas ligeiramente desigual no tamanho e forma, 5-8 × 4-6 mm, ovais a elípticas, laxamente tomentosas, alvas a róseas; bractéolas ca. 8 × 3 mm, ovais, caducas, laxamente tomentosas; estilete ca. 4 mm comp., ramos do estigma ca. 2 mm comp., hipanto glabrescente. Cápsulas 1,6-2,1 × 0,9-1,1 cm, placentas inteiras, alas desenvolvidas e diferentes entre si, sendo a ala maior levemente ascendente com ápice arredondado a obtuso. Sementes oblongas a lineares.

Begonia apparicioi possui distribuição restrita aos Estados de Minas Gerais e Espírito Santo (BFG 2015BFG (The Brazil Flora Group). 2015. Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113., Begoniaceae in Flora do Brasil 2020 em construçãoBegoniaceae in Flora do Brasil 2020 (em construção). Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em http://floradobrasil.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB5562 (acesso em 30-X-2017).
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). Na área de estudo B. apparicioi foi encontrada apenas em nanoflorestas nebulares.

Begonia apparicioi é caracterizada pelas lâminas assimétricas, frequentemente 4-lobadas com lobos triangulares. Essa espécie apresenta afinidades morfológicas com B. altamiroi e B. rufa, das quais se diferencia por características dos lobos das lâminas e das estípulas, conforme discutido anteriormente na tabela 1.

Ao descrever B. apparicioi, o próprio Brade (1948) reconheceu a proximidade morfológica com B. altamiroi, ambas coletadas na mesma área, porém, B. apparicioi em beira de mata e B. altamiroi no interior (Brade 1948). Apesar disso, algumas características utilizadas por ele como diagnósticas (e.g., dimensões e duração das estípulas e indumento das flores estaminadas) são ambíguas e não servem para a segregação dessas espécies. Por outro lado, aqui foram observados padrões morfológicos distintos na forma dos lobos das lâminas, estípulas e bractéolas (tabela 1), características não mencionadas por Brade (1948) nem por autores subsequentes (Jacques 1992, Kollmann 2012Kollmann, L.J.C. 2012. Diversidade, Biogeografia e Conservação das Begoniaceae do Estado do Espírito Santo, Brasil. Dissertação de Mestrado, Universidade Federal do Espírito Santo, São Mateus., Mamede et al. 2012Mamede, M.C.H., Silva, S.J.G., Jacques, E.L. & Arenque, B.C. 2012. Begoniaceae. In: M.G.L. Wanderley, G.J. Shepherd, T.S. Melhem, , A.M. Giulietti & S.E. Martins (eds.). Flora Fanerogâmica do Estado de São Paulo. Instituto de Botânica, São Paulo, v. 7, pp. 73-115.), as quais corroboram o reconhecimento desses táxons em três espécies independentes.

Devido a pouca descontinuidade morfológica, esse complexo de espécies (denominado aqui 'complexo rufa'), recebeu diferentes interpretações conforme os autores que o estudaram: incluindo três espécies independentes (B. altamiroi, B. apparicioi e B. rufa) (Delfini 2009Delfini, C. 2009. Flora de Minas Gerais: Begoniaceae. Dissertação de Mestrado, Instituto de Biociências, Universidade de São Paulo, São Paulo., BFG 2015BFG (The Brazil Flora Group). 2015. Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113., Delfini & Souza 2016Delfini, C. & Souza, V.C. 2016. Flora Fanerogâmica do Parque Estadual da Serra do Brigadeiro, Minas Gerais, Brasil: Begoniaceae. Rodriguésia 67: 893-903., Begoniaceae in Flora do Brasil 2020 em construçãoBegoniaceae in Flora do Brasil 2020 (em construção). Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em http://floradobrasil.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB5562 (acesso em 30-X-2017).
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) ou com uma única espécie (B. rufa) altamente polimórfica (Kollmann 2012Kollmann, L.J.C. 2012. Diversidade, Biogeografia e Conservação das Begoniaceae do Estado do Espírito Santo, Brasil. Dissertação de Mestrado, Universidade Federal do Espírito Santo, São Mateus.). Ainda que Kollmann (2012)Kollmann, L.J.C. 2012. Diversidade, Biogeografia e Conservação das Begoniaceae do Estado do Espírito Santo, Brasil. Dissertação de Mestrado, Universidade Federal do Espírito Santo, São Mateus. tenha tratado B. altamiroi e B. apparicioi na sinonímia de B. rufa, nesse trabalho foram analisados apenas poucos espécimes procedentes do Espírito Santo e nenhuma justificativa ou discussão morfológica comparativa foi adicionada. Por esses motivos e, diante da ausência de uma revisão taxonômica incluindo todos os binômios associados à B. rufa e de estudos mais aprofundados que investiguem as populações desses táxons em toda sua amplitude geográfica com base em dados de DNA, na presente contribuição B. altamiroi, B. apparicioi e B. rufa foram mantidas como espécies independentes, de acordo, também, com Delfini & Souza (2016)Delfini, C. & Souza, V.C. 2016. Flora Fanerogâmica do Parque Estadual da Serra do Brigadeiro, Minas Gerais, Brasil: Begoniaceae. Rodriguésia 67: 893-903. e Begoniaceae in Flora do Brasil 2020 (em construção)Begoniaceae in Flora do Brasil 2020 (em construção). Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em http://floradobrasil.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB5562 (acesso em 30-X-2017).
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Material examinado: BRASIL. Minas Gerais. Lima Duarte. Parque Estadual do Ibitipoca, 10-II-2001, M.A. Heluey et al. 58 (CESJ). Santa Rita de Ibitipoca, na mata de galeria, 19-IV-1987, L. Krieger s.n. (CESJ 21420, SP 364024).

Material adicional examinado: BRASIL. espírito santo. Itaguaçu. Alto Limoeiro - Santa Maria, terrestre na beira da mata, 1000 m s.n., 23-V-1946, A.C. Brade et al. 18387 (K, RB (holótipo), SP).

1.5. Begonia cucullata Willd., Sp. Pl. 4: 414. 1805.

Figura 1 e

Ervas terrestres, ca 0,5 m alt. Caules eretos, cilíndricos, simples ou pouco ramificados, verdes a avermelhados, glabros. Estípulas 1,0-2,8 × 0,8-1,5 cm, oblongas a ovais, ápice arredondado, base truncada, margem denteada, membranáceas, persistentes, apressas, glabras; pecíolos 0,7-1,6 cm compr., cilíndricos, glabros. Lâminas 3,0-7,3 × 2,6-5,6 cm, assimétricas, inteiras, basifixas, membranáceas, cuculadas, ápice obtuso a arredondado, base subaguda, margem crenada a serreada, ciliada, glabras, verdes em ambas as faces, venação actinódroma, nervuras 5-8. Cimeiras multifloras, pedúnculos 1,6-2,6 cm compr., glabros; brácteas de 1ª ordem 0,5-0,6 × 0,1-0,3 mm, ovais a elípticas, tardiamente caducas, glabras; bractéolas 1-2 pares. Flores estaminadas com 4 tépalas, as externas 5-10 × 6-11 mm, orbiculares, glabras, as internas 5-7 × 2-3 mm, elípticas, glabras, alvas a róseas; bractéolas ca. 3 × 1 mm, espatuladas, persistentes, glabras; estames 40-70, 5-6 mm compr., filetes livres, anteras ca. 3 mm compr., rimosas, oblongas. Flores pistiladas com 5 tépalas, subiguais, uma delas ligeiramente desigual no tamanho e forma, 7-13 × 4-8 mm, ovais a largamente ovais, glabras, alvas a róseas; bractéolas 4-9 × 1-4,5 mm, ovais a obovais, persistentes, glabras; estilete 4-5 mm compr., ramos do estigma ca. 3 mm compr., hipanto glabro. Cápsulas 1,4-2,2 × 1,6-2,8 cm, placentas partidas, alas desenvolvidas e diferentes entre si, sendo a ala maior levemente ascendente com ápice agudo. Sementes elípticas a fusiformes.

Begonia cucullata é uma espécie com ampla distribuição na América do Sul, ocorrendo desde a Venezuela até a Argentina (Jacques 2002Jacques, E.L. 2002. Estudos taxonômicos das espécies brasileiras do gênero Begonia L. (Begoniaceae) com placenta partida. Tese de Doutorado, Instituto de Biociências, Universidade de São Paulo, São Paulo., Delfini 2017Delfini, C. 2017. Familia Begoniaceae C. Agardh. In: A.M.R. Anton, F.O. Zuloaga & M.J. Belgrano (eds.), Flora Vascular de la República Argentina (Flora of Argentina), Instituto Multidisciplinario de Biología Vegetal (CONICET-UNC), Buenos Aires, pp. 1-16.). No Brasil essa espécie também está amplamente distribuída, tendo registros de ocorrência nas regiões Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul (BFG 2015BFG (The Brazil Flora Group). 2015. Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113., Begoniaceae in Flora do Brasil 2020 em construçãoBegoniaceae in Flora do Brasil 2020 (em construção). Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em http://floradobrasil.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB5562 (acesso em 30-X-2017).
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). Begonia cucullata habita áreas antrópicas, campos rupestres, savanas, matas ciliares ou de galeria, Floresta Estacional Semidecidual e Florestas Ombrófilas (BFG 2015BFG (The Brazil Flora Group). 2015. Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113., Begoniaceae in Flora do Brasil 2020 em construçãoBegoniaceae in Flora do Brasil 2020 (em construção). Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em http://floradobrasil.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB5562 (acesso em 30-X-2017).
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). No PEIB, B. cucullata foi coletada somente na borda da estrada principal do Parque, área com fluxo intenso de carros e turistas.

Morfologicamente, B. cucullata é uma espécie altamente polimórfica, porém, facilmente distinta pelas folhas cuculadas (figura 1 e), estípulas amplas, persistentes e geralmente oblongas.

Material examinado: BRASIL. Minas Gerais. Lima Duarte. Parque Estadual do Ibitipoca, na estrada principal, próxima à entrada da Gruta dos Coelhos, 17-II-2017, A. Cabral et al. 161 (CESJ).

1.6. Begonia fischeri Schrank, Pl. Rar. Hort. Acad. Monac., 2(6): pl. 59. 1819 (1820).

Figura 1 f

Ervas terrestres, 0,3-1 m alt. Caules eretos, cilíndricos, pouco ramificados, verdes a avermelhados, vilosos, tricomas simples. Estípulas 0,5-1 × 0,3-0,5 cm, lanceoladas, ápice mucronulado, raramente obtuso, base truncada, margem fimbriada, membranáceas, caducas, apressas, vilosas; pecíolos 1-3 cm comp., cilíndricos, vilosos. Lâminas 2,5-6,5 × 1,5-4 cm, assimétricas, inteiras, basifixas, papiráceas, cordiformes a largamente obovais, ápice agudo, base cordada, margem irregularmente serreada a crenada, ciliada, vilosas, face adaxial verde, abaxial verde a rosada, venação actinódroma, nervuras 5-7. Cimeiras paucifloras; pedúnculos 2,5-4 cm compr., esparsamente viloso; brácteas de 1ª ordem ca. 5 × 3 mm, ovais, persistentes, vilosas; bractéolas 1-3 pares. Flores estaminadas com 4 tépalas, as externas 6-8 × 5-7 cm, largamente elípticas a orbiculares, glabras, as internas 5-7 × 2-3 cm, ovais, glabras, alvas a róseas; bractéolas 2-3 × 1 mm, obovais a espatuladas, persistentes, vilosas; estames 15-30, 3-4 mm compr., filetes livres, anteras ca. 2 mm compr., rimosas, oblongas. Flores pistiladas com 5 tépalas, semelhantes entre si, 3-5 × 3-4 cm, obovais, glabras, alvas a róseas; bractéolas 2-3 × 2 mm, ovais a espatuladas, persistentes, vilosas; estilete ca. 2,5 mm compr., ramos do estigma ca. 1 mm compr., hipanto glabro. Cápsulas 0,1-2,5 × 1,5-3,5 cm, placentas partidas, alas desenvolvidas e diferentes entre si, sendo a ala maior bastante ascendente com ápice agudo. Sementes estreitamente elípticas.

Begonia fischeri distribui-se desde o México até a Argentina (Smith & Smith 1971Smith, L.B. & Smith, R.C. 1971. Begoniáceas. In: P.R. Reitz (ed.). Flora Ilustrada Catarinense. Herbário Barbosa Rodrigues, Itajaí., Delfini 2017Delfini, C. 2017. Familia Begoniaceae C. Agardh. In: A.M.R. Anton, F.O. Zuloaga & M.J. Belgrano (eds.), Flora Vascular de la República Argentina (Flora of Argentina), Instituto Multidisciplinario de Biología Vegetal (CONICET-UNC), Buenos Aires, pp. 1-16.). No Brasil essa espécie ocorre nos Estados de Roraima, Bahia e Pernambuco, além de toda região Sudeste, Centro-Oeste e Sul, comumente em áreas de savanas, Florestas de Terra Firme e Florestas Ombrófilas (BFG 2015BFG (The Brazil Flora Group). 2015. Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113., Begoniaceae in Flora do Brasil 2020 em construçãoBegoniaceae in Flora do Brasil 2020 (em construção). Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em http://floradobrasil.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB5562 (acesso em 30-X-2017).
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). No PEIB, essa espécie habita áreas antrópicas, entre fendas de rochas úmidas.

Begonia fischeri possui os caules e pecíolos vilosos e lâminas cordiformes a largamente obovais como características marcantes (figura 1 f). Assemelha-se superficialmente à B. cucullata, porém, pode ser prontamente distinta pelo fato desta última possuir lâminas cuculadas (vs. cordiformes a largamente obovais) e caules e pecíolos glabros (vs. caules e pecíolos vilosos).

Material examinado: BRASIL. Minas Gerais. Lima Duarte. Conceição do Ibitipoca, estrada para Moreiras, 12-I-2002, D.S. Pifano & A. Valente 280 (CESJ); Parque Estadual do Ibitipoca, estrada para a entrada do Parque, sobre rochas úmidas, 18-I-2008, C. Delfini & R. Tsuji 54 (ESA).

1.7. Begonia luxurians Scheidw., Allg. Gartenzeitung, 16: 131. 1848.

Figura 1 g

Subarbustos terrestres, ca. 3 m alt. Caules eretos, cilíndricos, simples, verdes a avermelhados, escabros a glabrescentes, lanuginosos quando jovens, indumento ferrugíneo. Estípulas 0,6-1,5 × 0,3-0,7 cm, triangulares, ápice mucronulado, base truncada, margem inteira a irregularmente ondulada, papiráceas, tardiamente caducas, apressas, lanuginosas quando jovens, posteriormente glabrescentes; pecíolos (6,5-)7-11 cm compr., cilíndricos, glabrescentes. Lâminas palmatissectas, 9-15 segmentos, segmentos (13-)16-32,6 × (2-)3-4,5 cm, simétricos a levemente assimétricos, basifixos, papiráceos, elípticos, ápice acuminado, raramente agudo, base atenuada, margem serreada a serrilhada, glabrescentes, indumento mais densamente distribuído na face abaxial, face adaxial verde, abaxial verde a avermelhada, venação peninérvea. Cimeiras multifloras; pedúnculos (8,5-)15-40 cm compr., glabrescentes; brácteas de 1ª ordem ca. 1 × 0,4 cm, triangulares, caducas, lanuginosas quando jovens; bractéolas 1-2 pares. Flores estaminadas com 4 tépalas, as externas ca. 4 × 3 mm, largamente ovais, glabras ou com tricomas esparsos, as internas 4 × 2-3 mm, ovais, glabras, alvas a esverdeadas; bractéolas 6 × 1-2 mm, triangulares, caducas, lanuginosas quando jovens; estames 15-25, ca. 3 mm compr., filetes livres, anteras ca. 1 mm compr., rimosas, oblongas. Flores pistiladas com 5 tépalas, semelhantes entre si, 3-4 × 2 mm, elípticas, glabrescentes, alvas a esverdeadas; bractéolas 6 × 1-2 mm, triangulares, caducas, lanuginosas quando jovens; estilete ca. 2 mm compr., ramos do estigma ca. 1 mm, hipanto glabrescente. Cápsulas ca. 5 × 5-7 mm, placentas inteiras, alas semelhantes entre si, ápices arredondados. Sementes oblongas.

Begonia luxurians é uma espécie que se distribui exclusivamente na região Sudeste do Brasil, nos Domínios da Mata Atlântica (BFG 2015BFG (The Brazil Flora Group). 2015. Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113., Begoniaceae in Flora do Brasil 2020 em construçãoBegoniaceae in Flora do Brasil 2020 (em construção). Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em http://floradobrasil.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB5562 (acesso em 30-X-2017).
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). No PEIB, B. luxurians é encontrada em interiores de nanoflorestas e florestas nebulares.

Begonia luxurians é a única espécie de Begonia do PEIB que apresenta lâminas palmatissectas com segmentos elípticos levemente assimétricos (figura 1 g) e cápsulas com alas desenvolvidas semelhantes entre si. Além da forma das lâminas, o porte robusto subarbustivo e o indumento escabro a glabrescente dos caules e pecíolos também são características importantes para o reconhecimento dessa espécie.

Baseando-se em características das folhas, Brade (1944)Brade, A.C. 1944. Begoniaceae do herbário do Museu Nacional do Rio de Janeiro. Boletim do Museu Nacional de Rio de Janeiro 1: 1-29. estabeleceu B. luxurians var. sampaioana Brade, diferenciando-a de B. luxurians var. luxurians pela presença de lâminas com segmentos mais largos (5 cm), peciólulos (i.e., trecho basal da nervura central dos segmentos) maiores (2-3 cm compr.), margens serrilhadas e distribuição restrita ao Estado de Minas Gerais (Brade 1944Brade, A.C. 1944. Begoniaceae do herbário do Museu Nacional do Rio de Janeiro. Boletim do Museu Nacional de Rio de Janeiro 1: 1-29.). Apesar disso, na obra original de B. luxurians var. luxurians, Scheidweiler (1848)Scheidweiler, M.J.F. 1848. Befdbreibung einiger neuen Pflanzen: Gattungen und Arten. Allgemeine Gartenzeitung 16: 129-136. não incluiu as dimensões das estruturas anteriormente mencionadas, o que dificultou o estabelecimento de padrões morfológicos precisos para serem tomados como referência comparativa. Por esse motivo e, uma vez que o tipo de B. luxurians var. luxurians também não foi analisado, no presente estudo não foram reconhecidas categorias infraespecíficas para B. luxurians.

Material examinado: BRASIL. Minas Gerais. Lima Duarte. Parque Estadual do Ibitipoca, Mata Grande, 10-III-2004, R.C. Forzza et al. 3151 (RB); Mata pluvial Montana, 19-XI-1986, P.M. Andrade et al. 831 (SP). Serra do Ibitipoca, Mata do Açude, 18-IX-1940, M. Magalhães 395 (BHCB, RB).

Material adicional examinado: BRASIL. Minas Gerais. Fazenda Santa Alda, s.d., A.J. de Sampaio 810 (R (holótipo de B. luxurians var. sampaioana)).

1.8. Begonia rufa Thunb., Flora, 4: 331. 1821.

Figura 1 h

Ervas terrestres, 0,4-2,5 m alt. Caules eretos, cilíndricos, ramificados, verdes a ferrugíneos, glabrescentes, tricomas simples. Estípulas 1-2 × 0,5-1 cm, ovais a triangulares, ápice acuminado a mucronulado, base truncada, margem inteira a ondulada, membranáceas, tardiamente caducas, apressas, geralmente carinadas, carinas tomentosas, glabrescentes; pecíolos 1-8,5 cm compr., cilíndricos, tomentosos. Lâminas 2,5-15 × 2-8,2 cm, assimétricas, 3-5-lobadas, basifixas, papiráceas a cartáceas, lobo terminal triangular, os demais ou pelo menos um deles largamente oval, ápice arredondado a obtuso, base cordada, margem serrilhada, tomentosas em ambas as faces, indumento mais densamente distribuído na face abaxial, face adaxial verde às vezes com margem avermelhada, abaxial verde a avermelhada, venação actinódroma, nervuras 5-7 na base. Cimeiras multifloras, pedúnculos 8-30 cm compr., glabrescentes; brácteas de 1ª ordem 0,5-1 × 0,3-0,5 mm, ovais, caducas, tomentosas; bractéolas 1-4 pares. Flores estaminadas com 4 tépalas, as externas 0,9-1,2 × 0,7-1,2 mm, largamente elípticas a obovais, tomentosas, as internas ca. 6 × 3 mm, elípticas, tomentosas, alvas a róseas; bractéolas 4-9 × 1-3 mm, triangulares, caducas, tomentosas, estames 30-50, 3-4 mm compr., filetes livres, anteras 2-3 mm compr., rimosas, oblongas. Flores pistiladas com 5 tépalas, subiguais, uma delas ligeiramente desigual no tamanho e forma, 0,8-1 × 0,6-0,8 mm, elípticas a obovais, tomentosas, glabrescentes, alvas a róseas; bractéolas 4-9 × 1-3 mm, triangulares, caducas, tomentosas; estilete ca. 5 mm compr., ramos do estigma 2-3 mm compr., hipanto tomentoso. Cápsulas 1-2,2 × 0,6-1,3 cm, placentas inteiras, alas desenvolvidas e diferentes entre si, sendo a ala maior levemente ascendente com ápice frequentemente arredondado, raramente obtuso. Sementes oblongas.

Begonia rufa é uma espécie exclusiva da região Sudeste do Brasil (BFG 2015BFG (The Brazil Flora Group). 2015. Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113., Begoniaceae in Flora do Brasil 2020 em construçãoBegoniaceae in Flora do Brasil 2020 (em construção). Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em http://floradobrasil.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB5562 (acesso em 30-X-2017).
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). No PEIB, foi encontrada em áreas abertas próximas a cursos d'água e em interiores de nanoflorestas nebulares, em altitudes que variam entre 1300 a 1700 metros.

Begonia rufa caracteriza-se pelos caules ferrugíneos, lâminas assimétricas, 3-5-lobadas, com pelo menos um dos lobos largamente oval. Essa espécie é morfologicamente semelhante (e frequentemente confundida) com B. altamiroi e B. apparicioi, principalmente devido ao aspecto geral e ao indumento dos caules e pecíolos. Esses fatos levaram Kollmann (2012)Kollmann, L.J.C. 2012. Diversidade, Biogeografia e Conservação das Begoniaceae do Estado do Espírito Santo, Brasil. Dissertação de Mestrado, Universidade Federal do Espírito Santo, São Mateus. a incluir B. altamiroi e B. apparicioi na sinonímia de B. rufa, porém, essas espécies podem ser distintas por características das lâminas, estípulas e bractéolas, conforme discutido na tabela 1 e nos comentários de B. altamiroi e B. apparicioi.

Material examinado: BRASIL. Minas Gerais. Conceição do Ibitipoca. Parque Estadual do Ibitipoca, XII-2000, F.R.G. Salimena s.n. (CESJ 32697); Estrada para o Cruzeiro, 16-VI-1991, M. Eiterer & R.C. Oliveira s.n. (CESJ 25314); Perto de aceiro próximo à portaria, 30-IX-1970, M. Marinho s.n. (CESJ 9382); 18-VI-1994, M.C.M. Garcia 4 (CESJ); Distrito de Conceição do Ibitipoca, Entre Monjolinho e Lagoa Seca, 29-VI-2004, E. Medeiros et al. 305 (RB); Trilha descendo da lombada para a base do Parque, 26-IX-2001, R. Marquete et al. 3097 (RB); Trilha para a Ponte de Pedra próximo ao Rio do Salto, 8-V-2002, R. Marquete et al. 3213 (RB); Ibitipoca, Mata de Galeria, 24-II-1977, L. Krieger s.n. (CESJ 14621). Lima Duarte, Parque Estadual do Ibitipoca, Cachoeirinha, 31-III-2004, R.C. Forzza et al. 3330 (RB); Caminho para a ponte da pedra, 13-VII-2005, M.L.O. Trovó et al. 173 (SPF); Mata ao lado do camping, 17-XII-1986, P.M. Andrade & Hilde 847 (SP); Perto da caixa d'água, 15-X-1986, P.M. Andrade et al. 795 (SP); Pico do Pião, 13-V-1970, D. Sucre & L. Krieger 6783 (RB). Parque Florestal Serra de Ibitipoca, 14-VI-1977, J.M. Costa s.n. (VIC 5194); 13-VII-1997, M.P. Coons et al. 1012 (VIC); Próximo ao camping, 29-VI-1991, F.R.G. Salimena s.n. (CESJ 25455); Trilha do Pico do Peão, 20-II-1992, M. Eiterer & G.S. Freitas 78 (CESJ). Santa Rita de Ibitipoca, 19-IV-1987, L. Krieger s.n. (CESJ 21420). Serra de Ibitipoca, 15-VI-1979, L. Krieger 16237 (CESJ, ESA); 20-VIII-1992, R.F. Novelino s.n. (MBM 279105); Próximo ao caminho do centro de estudos, 20-VIII-1992, R.F. Novelino s.n. (CESJ28504).

  • 1
    Parte da Dissertação de Mestrado da primeira Autora

Agradecimentos

Agradecemos à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, pela bolsa de Mestrado concedida à primeira autora (FAPESP 2006/58589-6); ao Programa de Bolsas de Iniciação Científica da UFJF, pelas bolsas concedidas à segunda e terceira autoras; ao Instituto Estadual de Floresta, pelas licenças de coleta e pelo apoio logístico no Parque; aos curadores dos herbários consultados, por disponibilizarem suas coleções tanto durante as visitas pessoais quanto pelo envio de empréstimos e à Maíra Mezzacappa, pela ilustração.

Literatura citada

  • APG IV (Angiosperm Phylogeny Group). 2016. An update of the Angiosperm Phylogeny Group classification for the orders and families of flowering plants: APG IV. Botanical Journal of the Linnean Society 181: 1-20.
  • Badcock, Z. 1998. A phylogenetic investigation of Begonia L. section Knesebeckia (Klotzsch) A. DC. Doctoral dissertation, University of Glasgow, Glasgow.
  • Begoniaceae in Flora do Brasil 2020 (em construção). Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em http://floradobrasil.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB5562 (acesso em 30-X-2017).
    » http://floradobrasil.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB5562
  • BFG (The Brazil Flora Group). 2015. Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113.
  • Blaser, J.G., Eiterer, M., Salimena, F.R.G. & Chautems, A. 2011. Gesneriaceae do Parque Estadual do Ibitipoca, Minas Gerais, Brasil. Boletim de Botânica da Universidade de São Paulo 29: 1-12.
  • Brade, A.C. 1944. Begoniaceae do herbário do Museu Nacional do Rio de Janeiro. Boletim do Museu Nacional de Rio de Janeiro 1: 1-29.
  • Brade, A.C. 1945. Begônias novas do Brasil, III. Rodriguésia 18: 17-18.
  • Brade, A.C. 1957. Flora do Itatiaia. I. As "Begoniaceae" como fator fisionômico. Rodriguésia 20: 15-166.
  • Candolle, A.P. 1859. Memoire sur la famille des Begoniacees. Annales des Sciences Naturelles, Botanique serie IV, 11: 93-115.
  • Candolle, A.P. 1861 Begoniaceae. In: C.P.F. Martius (ed.). Flora Brasiliensis, v. 4, pars I, pp. 337-396.
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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    03 Dez 2018
  • Data do Fascículo
    2018

Histórico

  • Recebido
    08 Jul 2017
  • Aceito
    01 Ago 2018
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