Acessibilidade / Reportar erro

A Cristandade medieval entre o mito e a utopia

Resumos

Apresentaremos neste ensaio três temas para a reflexão: em primeiro lugar, discutiremos a hipótese sobre o caráter eminentemente religioso da ideologia na cristandade medieval. Em seguida, ressaltaremos o papel da "reforma gregoriana" no século XI para a reestruturação desta nova cristandade; por último analisaremos a reação particular que os "reformadores gregorianos" criaram com a temporalidade enquanto categoria antropológica. Cremos que entre o mito e a utopia, os "reformadores gregorianos" tentaram criar, por vezes sem muito êxito, uma fronteira entre uma escatologia oficial e uma escatologia apocalíptica e/ou milenarista, com o designio sobretudo de fazer prevalecer a ordem na sociedade/cristandade.


We will present in this essay three themes for reflection: first, the eminently religious character of ideology in medieval Christendom; second. the role of the "Gregorian Reformation" of the 11th century in the restructuring of this new Christendom; and last, the particular reaction created by the "Gregorian reformers" with temporality (meant as anthropological category). We believe that between myth and utopia, the "Gregorian reformers" tried to create, sometimes without being successful, a border between official and apocalyptic or millenarian eschatology, intending to promote order in society/Christendom.


Texto completo disponível apenas em PDF.

Full text available only in PDF format.

  • 1
    Gomes, Francisco José. O Sistema da Cristandade Colonial. Dissertação de Mestrado. Niterói: UFF, 1979, pp. 86-162; __________. Le projet de néo-chrétienté dans le diocèse de Rio de Janeiro de 1869 à 1915. Tese de Doutorado. Toulouse: UTM, 1991, pp. 25-32.
  • 2
    Idem; __________. A Igreja e o poder: representações e discursos. In Ribeiro, Maria Eurydice. A vida na Idade Média. Brasília: Ed UnB, 1997. pp. 33-37.
  • 3
    Idem. p. 44.
  • 4
    Houtart, François. Religião e modos de produção pré-capitalista. São Paulo: Paulinas, 1982.
  • 5
    Idem. pp. 243-249.
  • 6
    Idem, pp. 23-29; Furter, Pierre. A dialética da esperança. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1974. pp. 77-124.
  • 7
    Le Goff, Jacques. (Org.) Héresies et société dans l´Europe pré-industrielle (11e-18e siècles). Paris: La Haye: Mouton, 1968. pp. 121-138 e 209-218.
  • 8
    Forte, Bruno. Jesus de Nazaré. História de Deus, Deus da História. Ensaio de uma cristologia como história. São Paulo: Paulinas, 1985. pp. 65-86; Grelot, Pierre. A esperança judaica no tempo de Jesus. São Paulo: Loyola, 1996.
  • 9
    Gomes, Francisco José. Op.cit. pp. 48-50.
  • 10
    Congar, Yves. L´Eglise. De Saint Augustin à l'époque moderne. Paris: Cerf, 1970. pp. 89122; Cf. Vauchez, André. (Org.), Apogée de la Papauté et expansion de la Chrétienté (10541274) in Mayeur, Jean-Marie et al. (Org.) Histoire du Chritianisme. Paris: Desclée, 1993. tome V.
  • 11
    Congar, Yves. Op. cit. pp. 145-155; __________. Igreja e Papado. Perspectivas históricas. São Paulo: Loyola, 1997. pp. 11-32 e 103-126; Gomes, Francisco José. Op.cit. pp. 51-52.
  • 12
    Congar, YvesL´Eglise. De Saint Augustin à l'époque moderne. Paris: Cerf, 1970. pp. 142145 e 176-198; __________. Igreja e Papado. Perspectivas históricas. São Paulo: Loyola, 1997. pp. 127-206; GOMES, Francisco José. Op.cit. p. 52.
  • 13
    Para o conceito de utopia ver. Mannheim, Karl. Ideologia e utopia. Rio de Janeiro. Zahar, 1968; Freitas, Manuel da Costa. Utopia. In Logos. Enciclopédia luso-brasileira de Filosofia. Lisboa: Verbo, 1992. Vol. 5, pp. 365-371; Miller, David et al. (Org.) Dictionnaire de la pensée politique. Hommes et Idées. Paris: Hatier, 1989. pp. 813-824.
  • 14
    Libanio, João Batista, Bingemer, Maria Clara. Escatologia cristã. Petrópolis: Vozes, 1985. pp. 74-145.
  • 15
    Cullmann, Oscar. Le salut dans l´histoire. Neuchâtel: Delachaux, 1966. pp. 30-40.
  • 16
    Läpple, Alfred. As origens da Bíblia. Petrópolis: Vozes, 1973. pp. 70-80.
  • 17
    Cf. Russell, D. S. Desvelamento divino. Uma introdução à apocalíptica judaica. São Paulo: Paulinas, 1997.
  • 18
    Ricoeur, Paul. Mito. A interpretação filosófica. In Ricoeur, Paul et al. (Org.) Grécia e mito. Lisboa: Gradiva, 1988. pp. 9-40.
  • 19
    Libanio, João Batista, Gingemer, Maria Clara. Op. cit. pp. 19-30 e 74.
  • 20
    Forte, Bruno. Op.cit. pp. 136-162; Gomes, Francisco José. Op.cit. pp. 40-41.
  • 21
    Carozzi, Claude, Taviani-Carozzi, Huguette (Orgs.). La fin des temps. Terreurs et propheties au Moyen Age. Paris: Stock, 1982. pp. 171-233; Cohn, Norman. Na senda do milênio. Milenaristas, revolucionários, anarquistas e místicos da Idade Média. Lisboa: Presença, 1981. 22 Libanio, João Batista. e Bingemer, Maria Clara. Op. cit. pp. 57-73.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Dez 2002
Programa de Pós-Graduação em História Social da Universidade Federal do Rio de Janeiro Largo de São Francisco de Paula, n. 1., CEP 20051-070, Rio de Janeiro, RJ, Brasil, Tel.: (55 21) 2252-8033 R.202, Fax: (55 21) 2221-0341 R.202 - Rio de Janeiro - RJ - Brazil
E-mail: topoi@revistatopoi.org