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Varnhagen em movimento: breve antologia de uma existência

Resumos

O objetivo deste artigo é o de esboçar uma breve antologia da vida e obra do historiador Francisco Adolfo de Varnhagen (1816-1878), cuja existência transcorre praticamente toda fora do Brasil. Procuro relacionar parte da sua imensa obra a esse olhar distanciado, efeito de seu movimento quase ininterrupto em busca de arquivos e documentos sobre a história e a geografia do Brasil que se encontravam no exterior. Além disso, tento enfatizar a importância da viagem e da visão in locu como recursos cognitivos para a escrita da história em um contexto marcado pela emergência da história como ciência e sua ambição à objetividade narrativa e à imparcialidade do historiador.

Varnhagen; historiografia; escrita da História.


The purpose of this article is to outline a life and work brief anthology of historian Francisco Adolfo de Varnhagen (1816-1878), who lived mainly out of Brazil. I try to relate part of his extensive work to a distant look, as an effect of his continuous movement in search of files and documents on Brazil's history and geography which were found abroad. In addition, i intend to emphasize the relevance of journeys and in locu wiews as cognitive resources for writing history in a context characterized by the emergence of history as a science and its claim for narrative objectivity and for historians impartiality.

Varnhagen; historiography; History writing.


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  • VARNHAGEN, F.A. de. CHELMICKI, J.C.C. de. Corografia Cabo-Verdiana, ou descripção geografico-histórica da provincia das Ilhas de Cabo-Verde e Guiné. Lisboa: Typ. de L.C. da Cunha, 1841.
  • VARNHAGEN, F.A. de. Correspondência ativa. Org. por C.R. Lessa. Rio de Janeiro: INL/MEC, 1961.
  • VARNHAGEN, F.A. de. Reflexões criticas sobre o escripto do seculo XVI impresso com o titulo de Noticias do Brazil. Collecção de Notas para a Historia e Geographia Ultramarinas, V, II. Lisboa: Typographie da Academia, 1839.
  • VARNHAGEN, F.A. de. Réplica apologetica de um escriptor calumniado e juizo final de um plagiario diffamador que se intitula general. Madrid: D. Dominguez, 1846.
  • VARNHAGEN, F.A. de. O Caramurú perante a historia. Revista do IHGB, 1848, p. 129152.
  • VARNHAGEN, F.A. de. Florilegio da poesia brazileira. Lisboa: Imprensa Nacional, 1850.
  • VARNHAGEN, F.A. de. Historia geral do Brazil. Madrid: Imprensa da V. de Dominguez, 1854-1857.
  • VARNHAGEN, F.A. de. Examen de quelques points de l'histoire géographique du Brésil. Paris: L. Martinet, 1858.
  • VARNHAGEN, F.A. de. Carta do Sr. Francisco Adolfo de Varnhagen à redacção, acerca da reimpressão do Diario de Pero Lopes, e que lhe servirá de prologo. Revista do IHGB, 1861, p. 3-8.
  • VARNHAGEN, F.A. de. Succinta indicação de alguns manuscriptos importantes relativos ao Brazil e Portugal. Havana: Imprenta La Antilha, 1863.
  • VARNHAGEN, F.A. de. Carta ao Excmo. Ministro da Agricultura, a respeito principalmente de vários melhoramentos nos engenhos d'assucar das Antilhas, applicaveis ao Brazil. Caracas: Espinal, 1863. p. 1-15.
  • VARNHAGEN, F.A. de. La verdadera guanahani de Colon. Santiago: Imp. Nacional, 1864. VARNHAGEN, F.A. de.. Amerígo Vespucci. Son caractère, ses écrits (même les moins authentiques), sa vie et ses navigations. Lima: Imp. du Lercurio, 1865.
  • VARNHAGEN, F.A. de. Os Indios bravos e o Sr. Lisboa. Lima: Imprensa Liberal, 1867.
  • VARNHAGEN, F.A. de. Theophilo Braga e os antigos romanceiros de trovadores: (provarás para se juntarem ai processo). Vienna: Ed. por conta do autor, 1872.
  • VARNHAGEN, F.A. de. Les Hollandais au Brésil. Un mot de réponse à M. Netscher. Vienne: Éditions de l'Auteur, 1874.
  • VARNHAGEN, F.A. de. Quelques renseignements statistiques sur le Brésil, tirés de sources officielles par le délégué au congrès de Budapesth, Vicomte de Porto-Seguro. Vienne: Imprimerie de la Cour Impériale et Royale, 1876.
  • VARNHAGEN, F.A. de. L' Origine Touranienne des Américains Tupis-Caribes et des Anciens Egyptiens. Indiquée principalement par la philologie comparée: traces d'une ancienne migration en Amérique, invasion du Brésil par les Tupis etc. Vienne: Librairie I. et R. de Faesy & Frick, 1876.
  • VARNHAGEN, F.A. de. A questão da capital: maritima ou no interior? Vienna: Carlos Gerold, edição por conta do autor, 1877.
  • VARNHAGEN, F.A. de. Memoria sobre os trabalhos que se podem consultar nas negociações de limites do Império, com algumas lembranças para a demarcação destes. BN-RJ, mss. 21 folhas 7,4,87.s/d
  • VARNHAGEN, F.A. de. Noticia historica e decriptiva do mosteiro de Belem. Lisboa: Typographia da Sociedade Propagadora dos Conhecimentos Uteis, s/d.
  • VARNHAGEN, F.A. de. Historia da independencia do Brasil. Revista do IHGB, 1916, p. 5-598.
  • VARNHAGEN, F.A. de. História geral do Brasil (1877). 3a/4a edição. São Paulo: Melhoramentos, 1928.
  • 1
    VARNHAGEN, F. A. de. Correspondência ativa, organizada por Clado Lessa, RJ, INL/ MEC, 1961, p. 208-210 (a partir daqui CA). Agradeço a colega Maria da Glória Oliveira pelas sugestões a uma primeira versão deste trabalho, e a Fernando Nicolazzi, pelos comentários e revisão técnica do texto. Este artigo é dedicado aos meus alunos do seminário de Historiografia Brasileira (2006/II).
  • 2
    BARTHES, Roland. Michelet. Paris, Seuil, 1995, p. 22-23.
  • 3
    As biografias de Varnhagen não são numerosas, e as existentes, além de repetitivas, são, de modo geral, laudatórias. O trabalho mais completo e rico em informações, porém acrítico em relação à obra varnhageniana, é o de Clado Lessa, ver Revista do IHGB, volumes 223, 1954, p. 82-297; 224, 1954, p. 109-315; 225, 1954, p. 120-293; 226, 1955, p. 3-168; 227, 1955, p. 85-236. Por outro lado, Varnhagen tem muitos comentadores, começando por Capistrano de Abreu cujos artigos são fundamentais para o presente ensaio: "Necrologio de Francisco Adolpho de Varnhagen, Visconde de Porto Seguro", e "Sobre o Visconde de Porto Seguro (1882)", apud VARNHAGEN, F. A. de. História geral do Brasil, 3a/4a edição, SP, Melhoramentos, 1928, respectivamente tomo I, p. 502-508 e Appenso p. 435-444. Essa edição, organizada e comentada por Capistrano de Abreu e Rodolfo Garcia, reproduz a segunda edição da Historia geral do Brazil de 1877. (A partir daqui HGB, apenas especificando o volume, a edição e o ano). A lista que segue, embora não exaustiva, é significativa do interesse que a obra do historiador tem provocado nas últimas décadas: RODRIGUES, José Honório. "Varnhagen, mestre da história geral do Brasil", Revista do IHGB, 1967, p. 170-196; SCHWARTZ, Stuart B. "Francisco Adolfo de Varnhagen: diplomat, patriot, historian", The Hispanic American Historical Review, may, 1967, vol. XLVII, no 2, p. 185-202; ODÁLIA, Nilo. "Introdução", Varnhagen, SP, Ática, 1979, p. 7-31; ODÁLIA, Nilo. As formas do mesmo. Ensaios sobre o pensamento historiográfico de Varnhagen e Oliveira Vianna, SP, Edunesp, 1997; MARTINIÈRE, Guy. "Problèmes du développement de l'historiographie brésilienne", Storia della storiografia, Milano, 19, 1991, p. 117-146; SCHAPOCHNIK, Nelson. Letras de fundação: Varnhagen e Alencar - projetos de narrativa instituinte, Dissertação de Mestrado, PPG em História Social, USP, 1992, 245p.; VASQUEZ, George L. "Varnhagen, Francisco Adolfo de. (1816-1878)", WOOLF, D. R. (editor), A global encyclopedia of historical writing, vol. II, New York and London, Garland Publishing, 1998, p. 917; AMBROSIO, Ubiratan. "Varnhagen, Francisco Adolfo de. - 1816-1878: Brazilian historian", BOYD, Kelly. (ed.) Encyclopedia of historians and historical writing, vol. 2, London/Chigago, Fitzroy Dearborn Publishers, 1999, p. 1253-1254; REIS, J. C. "Varnhagen (1853-7): O elogio da colonização portuguesa", Varia história, Belo Horizonte, no 17, mar/1997, p. 106-131, reproduzido em REIS, J. C. "Ano 1850: Varnhagen. O elogio da colonização portuguesa", As identidades do Brasil. De Varnhagen a FHC, RJ, 1999, p. 23-50; WEHLING, A. Estado, história e memória: Varnhagen e a construção da identidade nacional, RJ, Nova Fronteira, 1999; GUIMARÃES, Lúcia Paschoal. "Francisco Adolfo de Varnhagen. História geral do Brasil", MOTA, Lourenço Dantas. Introdução ao Brasil. Um banquete no trópico, SP, SENAC, 2001, p. 75-96; PUNTONI, Pedro. "O Sr. Varnhagen e o patriotismo caboclo: o indígena e o indianismo perante a historiografia brasileira", JANCSÓ, István. (org.) Brasil: formação do Estado e da Nação, SP-Ijuí, Hucitec/EdUnijuí, 2003, p. 633-675.
  • 4
    A idéia de um movimento dentro da obra apareceu-me durante a leitura do excelente ensaio de Starobinski sobre Montaige, ver STAROBISNKI, Jean. Montaigne en mouvement, Paris: Gallimard, 1982, p. 8.
  • 5
    VARNHAGEN, F. A. L'Origine Touranienne des Américains Tupis-Caribes et des Anciens Egyptiens. Indiquée principalement par la philologie comparée: traces d'une ancienne migration en Amérique, invasion du Brésil par les Tupis, etc., Vienne, Librairie I. et R. de Faesy & Frick, 1876, p. XIV.
  • 6
    Para Arno Wehling, atualmente o mais importante comentador do historiador, Var-nhagen, seria "um historicista filosófico. Seu perfil e sua obra correspondem ao historicismo romântico-erudito". Porém, o próprio Varnhagen, ainda segundo Wehling, "como Martius, considerava-se adepto de uma história filosófica", WEHLING, A. op. cit., p. 44, 126-127. Para um Varnhagen próximo a Ranke ver GUIMARÃES, Lúcia M. Paschoal. Op. cit., p. 95 e MARTINIÈRE, Guy. Op. cit., 1991, p. 129. Para um Varnhagen mais próximo de uma tendência positivista ver SCHWARTZ, Stuart B. Op. cit., p. 192-193.
  • 7
    ABREU, Capistrano de. Op. cit., 1878, p. 507.
  • 8
    FREYRE, G. Casa grande e senzala. Rio de Janeiro: José Olympio, 5a ed., no 107, p. 466.
  • 9
    Ver KRIEGEL, Blandine. Les historiens et la monarchie. II. La défaite de l'érudition. Paris: PUF, 1998, e GRELL, Chantal. L'histoire entre érudition et philosophie. Étude sur la connaissance historique à l'âge des lumières. Paris: PUF, 1993. Para o caso brasileiro: GUIMARÃES, Manoel Salgado. Reinventando a tradição: sobre antiquariado e escrita da história. Humanas, Dossiê Historiografia e tradição clássica, Revista do IFCH/UFRGS, 2000, p. 111-143, sobretudo a parte dedicada às relações entre o IHGB e a Sociedade dos Antiquários do Norte da Dinamarca durante o século XIX.
  • 10
    Arno Wehling também chega a uma conclusão parecida. Para ele, Varnhagen teria sido influenciado pela "cultura savante" da época, WEHLING, A. Op. cit., p. 136-137.
  • 11
    VARNHAGEN, F. A. de. Historia das luctas com os Hollandezes no Brazil, desde 1624 a 1654. Vienna: Finsterback, 1871, p. XXV.
  • 12
    ARENDT, Hannah. The concept of history. Between past and future. London: Faber and Faber, 1961, sobretudo p. 51-52.
  • 13
    HGB, II, 1, 1854, p. 12.
  • 14
    ABREU, Capistrano de. Op. cit. 1882, p. 441.
  • 15
    Sobre os jesuítas, ver HGB, II, 1, 1857, p. 197-198; sobre a inquisição, ver HGB, I, 1, 1854, p. 87-88 e II, 1, 1857, p. 181-183.
  • 16
    Carta ao Imperador, Madri, 14 de julho de 1857, CA, p. 245.
  • 17
    Gonçalves de Magalhães, em polêmica com Varnhagen, levanta a questão da adesão do historiador às idéias do filósofo inglês, "Os indigenas do Brasil perante a historia", Revista do IHGB, 1860, p. 33. Anos antes, em 1849, Varnhagen escrevia que "ha hoje em dia uma tal praga de falsos philantropos, graças a Rousseau ou a Voltaire ou a nam sei quem, que a gente em materia d'indios quase nam pode piar, sem que lhe caiam em cima os franchinotes, com estas e aquellas sediças theorias pseudo-philantropicas", Memorial Organico, Madri, D. Dominguez, 1849, p. 32-33.
  • 18
    Sobre a colaboração de Varnhagen no Panorama, ver MOREIRA, Thiers. "Varnhagen e a história da literatura portuguesa e brasileira", Revista do IHGB, 1967, p. 155169. Acerca de Alexandre Herculano e o romantismo português CATROGA, Fernando. "Alexandre Herculano e o historicismo romântico", História da história de Portugal, séculos XIX-XX, Lisboa, Temas e Debates, 1998, p. 45-98.
  • 19
    BARTHES, R. "Aujourd'hui, Michelet", Le bruissement de la langue, Paris, Seuil, 1984, p. 244-245.
  • 20
    Luiz Costa Lima procura remediar a ausência de reflexão sobre o assunto em seu livro: História. Ficção. Literatura, São Paulo, Companhia das Letras, 2006. Para uma análise mais específica da relação entre história e poesia em Aristóteles, ver BOULAY, Bérenger. "Histoire et narrativité. Autour des chapitres 9 e 23 de La Poétique d'Aristote", Lailes, Paris, 26, 2006, p. 171-187.
  • 21
    As críticas desses autores ao estilo de Varnhagen encontram-se em: ABREU, Capis-trano de., op. cit., 1878, p. 506, e op. cit., 1882, p. 441; VERISSIMO, José. História da literatura brasileira (1915), RJ, José Olympio, 1954, p. 193; ARARIPE, Tristão de Alencar."Indicações sobre a História Nacional", Revista do IHGB, 1894, p. 288-289; OLIVEIRA LIMA, Manuel. "Elogio de Francisco Adolfo de Varnhagen, Visconde de Porto Seguro (1903)", Revista de Portugal, 222, 1964, p. 132-133.
  • 22
    "Aqueles que não são Michelet fazem como podem. Eles repartem entre si o traba-lho", PÉGUY, Charles. "De la situation faite à l'histoire et à la sociologie dans les temps modernes", Œuvres en prose complètes, II, Paris, Gallimard, 1988, p. 498. À excessão da obra que Varnhagen publicou com José Conrado Carlos de Chelmicki, cujas seções são bem distintas (Varnhagen ocupa-se da parte histórica, enquanto Chelmicki da parte geográfica), não encontrei, por enquanto, nenhuma outra obra de Varnhagen em co-autoria. Ver VARNHAGEN, F. A. de./ CHELMICKI, J. C. C. de. Corografia Cabo-Verdiana, ou descripção geografico-histórica da provincia das Ilhas de Cabo-Verde e Guiné. Lisboa, Typ. de L. C. da Cunha, 1841. 2 vol.
  • 23
    Oliveira Lima lembra em 1903, que quando jovem estudante de paleografia na Torre do Tombo, aluno do mestre José Basto (que fora um dos auxiliares de Alexandre Herculano na grandiosa Portugaliœ Monumenta Historica), tinha por hábito examinar minuciosamente velhos manuscritos em busca de documentos que, na sua "pretensão juvenil", julgava capaz de desvendar alguns enigmas da história do Brasil. Foi com surpresa e desapontamento que em quase todos os papéis observou uma "marca" discreta, a lápis de um pesquisador que o precedera: Varnhagen. OLIVEIRA LIMA, M. op. cit., p. 124. Luis Camilo de Oliveira Neto, alguns anos mais tarde, também na Torre do Tombo, confirmou ter visto nos documentos que consultou o mesmo que Oliveira Lima: o V de Varnhagen, apud LESSA, C. R. op. cit., 223, p. 106. Recentemente, em 2004, meu colega, o historiador Eduardo Neumann, relatou-me que pesquisando no arquivo de Simancas também encontrou documentos com a "marca" de Varnhagen.
  • 24
    CA, p. 103.
  • 25
    BARBOSA, J. C. "Discurso", Revista do IHGB, 1839, p. 9-18. Procurei analisar este discurso em "Lição sobre a escrita da história. Historiografia e Nação no Brasil do século XIX", Diálogos, Revista do Departamento de História da Universidade Estadual de Maringá, 2004, v. 8, n. 1, p. 11-29.
  • 26
    SIMMONS, Jack. Southey. London, Collins, 1945, p. 173-174.
  • 27
    HGB, II, 1857, p. 343-344.
  • 28
    VARNHAGEN, F. A. de. Examen de quelques points de l'histoire géographique du Brésil, Paris, L. Martinet, 1858, p. 7. Por sua vez, Southey reconhecia que apesar das qualidades de sua obra, ela era ainda incompleta. Ver History of Brazil, London, Longman, 1819, III, p. 879.
  • 29
    Carta a Januário da Cunha Barbosa, 1839, CA, p. 40.
  • 30
    VARNHAGEN, F. A. de. Les Hollandais au Brésil. Un mot de réponse à M. Netscher, Vienne, Éditions de l'Auteur, 1874, p. 8.
  • 31
    HGB, I,1,1854, p. 17-18.
  • 32
    HGB, 3/4, 1,1928, p. 77.
  • 33
    CA, p. 370-371. Em 26 de junho de 1874, Varnhagen agradece ao imperador pelo título de Visconde, idem, p. 425. No entanto, em uma nota de sua História da Independência, publicada postumamente em 1916, Varnhagen comenta que durante o processo que culmina na independência política do Brasil, houve um personagem secundário, cuja alcunha era Porto Seguro: "A lembrança de haver estado este nome já associado a um tal esbirro não deixou de concorrer a esfriar um pouco a satisfação que tivemos ao receber um título associado aos nossos trabalhos históricos de toda a vida", "Historia da Independencia do Brasil", Revista do IHGB, 1916, n. 31, p. 196.
  • 34
    BN-RJ, mss. I-46, 13, 37.
  • 35
    CA, p. 213.
  • 36
    A nacionalidade de d. Maria Flávia de Sá Magalhães, mãe de Varnhagen, ainda não foi estabelecida com exatidão. Geralmente, acredita-se que ela nasceu em Portugal, ver CA, p. 91. A origem da suspeição vem, ao que parece, de uma resposta de José Ignacio de Abreu e Lima a uma dura crítica que Varnhagen endereçara-lhe. Abreu e Lima chamou Varnhagen de "filho de alemão e de uma senhora que não era brasileira". Varnhagen, no opúsculo onde refuta Abreu e Lima, dá a entender que sua mãe teria nascido em São Paulo, ver VARNHAGEN, F. A. de. Réplica apologetica de um escriptor calumniado e juizo final de um plagiario diffamador que se intitula general, Madrid, d. Dominguez, 1846, p. 5. Gilberto Freyre, no início dos anos 40 do século XX, faz um comentário, de passagem, que demonstra que ainda naquele período a identidade de d. Maria Flávia podia ser não-portuguesa: "É o caso de Varnhagen - filho de alemães - , que recebeu o título profundamente nacional de Barão de Porto Seguro", Novo Mundo nos trópicos, Obra escolhida, RJ, Nova Aguilar, 1977, p. 961. Para José Honório Rodrigues, Varnhagen era "filho de um alemão e de portuguesa", "Varnhagen, o primeiro mestre da historiografia brasileira (1816-1878)". Revista de História da América, 88, 1979, p. 100.
  • 37
    IGLÉSIAS, Francisco. Historiadores do Brasil. Rio de Janeiro: Nova Fronteira/EUFMG, 2000, p. 77-78.
  • 38
    Trata-se do capítulo dedicado à análise do papel de seu pai na história brasileira intitu-lado: Minas de ferro. Varnhagen é o executor dos projectos d'elrei. HGB, II, 1, 1857, p. 357. Na segunda edição da História geral Varnhagen altera o título para: "Minas de ferro. Primeiras fundições em Ponto Grande". Procurei analisar a relação de Varnhagen, seu pai e José Bonifácio em: Em nome do pai, mas não do patriarca. Ensaio sobre os limites da imparcialidade na obra de Varnhagen. História, Unesp, 2005, 24/2, p. 207-240.
  • 39
    HGB, II, 1, 1857, p. 372.
  • 40
    VARNHAGEN, F. A. de. Reflexões criticas sobre o escripto do seculo XVI impresso com o titulo de Noticias do Brazil. Collecção de Notas para a Historia e Geographia Ultramarinas, V, II, Lisboa, Typographie da Academia, 1839, 120 p. As "Reflexões" são os comentários de Varnhagen à obra de Gabriel Soares de Sousa, que ele não apenas editou, mas também atribuiu-lhe a autoria. Procurei tratar do assunto em: Quando um manuscrito torna-se fonte histórica: as marcas de verdade no relato de Gabriel Soares de Sousa (1587). Ensaio sobre uma operação historiográfica. História em Revista, Dossiê Historiografia, UFPel, 6, dez. 2000, p. 37-58.
  • 41
    A maior parte das informações dos últimos três parágrafos encontram-se na carta de Var-nhagen a José de Sousa Soares de Andréa, de 16 de fevereiro de 1843, CA, p. 97-102.
  • 42
    Essa "narração ingenua e circunstanciada, feita a elrei" por uma "testemunha ocular", VARNHAGEN, F. A. de. Chronica do descubrimento do Brazil. O Panorama, 1840, p. 21. Ver SUSSEKIND, Flora. O Brasil não é longe daqui. São Paulo: Companhia das Letras, 1990, p. 19-20, p. 179.
  • 43
    VARNHAGEN, F. A. de. Os Indios bravos e o Sr. Lisboa. Lima: Imprensa Liberal, 1867, p. 36-38. A crítica de J. F. Lisboa encontra-se em: Sobre a escravidão e a Historia geral do Brazil. Obras de João Francisco Lisboa, v. 3, 1866, nota C, p. 468-515.
  • 44
    CA, p. 235.
  • 45
    CA, p. 101.
  • 46
    VARNHAGEN, F. A. de. Op. cit., 1846, p. 7.
  • 47
    No mesmo ano, o governo concede a Varnhagen o posto de 2o tenente do Imperial Corpo de Engenheiros, abaixo portanto do posto que ocupava em Portugal. Ele sempre se ressentirá por essa nomeação. LESSA, C.R. Op. cit., 223, 1954, p. 134.
  • 48
    CA, p. 39-40.
  • 49
    CA, p. 103-104.
  • 50
    CORREA FILHO, Virgílio. Missões Brasileiras nos Arquivos Europeus. México: IPGH, 1952, p. 15, no 5.
  • 51
    Esta "paixão pelo arquivo", segundo Anthony Grafton, ou o impacto causado pe-la documentação encontrada nos arquivos foi o que fez com que Ranke aparecesse como o fundador de uma nova escola. GRAFTON, Anthony. Les origines tragiques de l'érudition. Une histoire de la note en bas de page. Paris: Éditions du Seuil, 1998, p. 3877 (sobretudo p. 40, et p. 48-57). Isto não implica, contudo, segundo Georg Iggers, que Ranke tenha sido o primeiro a aplicar um "novo" método crítico a essas fontes, ver IGGERS, Georg. The german conception of history. Middletown/Connecticut: Wesleyan University Press, 1969, p. 65-66. Peter Gay também ressalta a "obssessão" de Ranke pelos arquivos e a relação com suas viagens, GAY, Peter. Style in History. New York: Basic Books, 1974, sobretudo p. 70-71. Sobre a noção de "gosto pelo arquivo", ver FARGE, Arlette. Le goût de l'archive. Paris: Seuil,1989.
  • 52
    VARNHAGEN, F. A. de. O Caramurú perante a historia. Revista do IHGB, 1848, p. 129-152. Ver atas das sessões de 3 de julho e 5 de agosto de 1847 na Revista do IHGB, 1847, respectivamente p. 410 e p. 431.
  • 53
    VARNHAGEN, F. A. de. Florilegio da poesia brazileira. Lisboa: T. I-II, Imprensa Nacional, 1850. Entre os estudiosos da literatura ver VERÍSSIMO, José. Op. cit., p. 192193; COUTINHO, A. A tradição afortunada (o espírito de nacionalidade na crítica brasileira). Rio de Janeiro: José Olympio, 1968, p. 13; MARTINS, Wilson. A crítica literária no Brasil. São Paulo: Departamento de Cultura, 1952, p. 68-69. Antônio Cândido o insere na formação do cânon literário brasileiro, CÂNDIDO, A. Formação da literatura brasileira. Belo Horizonte: Itatiaia, 1981, 1, p. 350.
  • 54
    "O livro de Varnhagen - escreve Ferdinand Wolf em 1862 - intitulado Florilegio é ainda mais importante [do que aqueles que o precedem, como as obras de Januário da Cunha Barbosa, Joaquim Norberto de Souza e Silva e J. M. Pereira da Silva]. O sábio autor desta obra não se contentou de publicar pela primeira vez um grande número de trechos inéditos extraídos de fontes muito raras; ele demonstra sua origem alemã pela exatitude e a profundidade que nós vemos na introdução histórica colocada na abertura do primeiro volume. É essa última parte da obra que nos serviu de modelo para os quatro primeiros períodos", WOLF, Ferdinand. Le Brésil littéraire. Histoire de la littérature brésilienne suivie d'un choix de morceaux tirés des meilleurs auteurs brésiliens. Berlin: Asher & Co., 1863, p. 4. ABREU, Capistrano de. Op. cit., 1878, p. 503.
  • 55
    VARNHAGEN, F. A. de. Memoria sobre os trabalhos que se podem consultar nas negociações de limites do Império, com algumas lembranças para a demarcação destes. BN/RJ: mss. 21 folhas 7, 4, 87.
  • 56
    GUIMARÃES, Manoel Salgado. Nação e civilização nos trópicos: o IHGB e o projeto de uma História Nacional. Estudos Históricos, Rio de Janeiro: 1988, p. 5-27.
  • 57
    Também em 1851, Varnhagen apresentou um memorial ao governo em que pedia pa-ra ser agraciado com a condecoração do oficialato da Ordem Imperial do Cruzeiro. Eu não consegui verificar ainda se ele foi atendido. Parece-me que não. Lessa publicou a solicitação, CA, p. 166-169.
  • 58
    ABREU, C. de. Op. cit., 1878, p. 505.
  • 59
    A despeito da enigmática carta que escreve a Joaquim Caetano Fernandes Pinheiro, então primeiro secretário do IHGB, em 22 de junho de 1859, na qual solicita que seu nome não seja proposto para sócio honorário: "Tenho motivos particulares para lhe pedir que não me proponha para honorário. As razões não são para agora. Um dia lh'as direi", CA, p. 268. No entanto, na ata da sessão do dia 25 de maio de 1860 do IHGB, encontra-se um agradecimento de Varnhagen pelo título de "membro honorário". Revista do IHGB, 1860, p. 617.
  • 60
    SOUZA, Pero Lopes de. Diário da navegação da Armada que foi à Terra do Brasil - em 1530. Lisboa: Typografia da Sociedade Propagadora dos Conhecimentos Uteis, 1839. Ver também a "Carta do Sr. Francisco Adolfo de Varnhagen à redacção, acerca da reimpressão do Diario de Pero Lopes, e que lhe servirá de prologo". Revista do IHGB, 1861, p. 3-8.
  • 61
    CA, p. 280.
  • 62
    LÉVI-STRAUSS, Claude. Tristes Tropiques. Paris: Plon, 1990, p. 103.
  • 63
    CA, p. 280.
  • 64
    HARTOG, Fr. Le miroir d'Hérodote. Essai sur la représentation de l'autre. Paris: Gallimard, 1991, p. 272.
  • 65
    VARNHAGEN, F. A. de. Op. cit.,1871, p. V-VI.
  • 66
    CA, p. 286.
  • 67
    VARNHAGEN, F. A. de. Succinta indicação de alguns manuscriptos importantes relativos ao Brazil e Portugal. Havana: Imprenta La Antilha, 1863. Ver também CA, p. 289-290.
  • 68
    Varnhagen, F. A. de. Carta ao Excmo. Ministro da Agricultura, a respeito principalmente de vários melhoramentos nos engenhos d'assucar das Antilhas, applicaveis ao Brazil. Caracas: Espinal, 1863, p. 1-15.
  • 69
    VARNHAGEN, F. A. de. La verdadera guanahani de Colon, Santiago, Imp. Nacional, 1864, p. X.
  • 70
    VARNHAGEN, F. A. de. Amerígo Vespucci. Son caractère, ses écrits (même les moins authentiques), sa vie et ses navigations. Lima: Imp. du Lercurio, 1865, p. 29.
  • 71
    CA, p. 287.
  • 72
    Revista do IHGB, 1840, p. 105-108.
  • 73
    Na carta ao imperador citada como epígrafe a este artigo, de 1853, Varnhagen anuncia uma correção a Humboldt. Apesar disso, ele não hesitou em se servir da sua autoridade ao publicar um comentário elogioso do sábio à HGB, ver o post-scriptum, II, 1, 1857, p. 485. A mesma, digamos assim, metodologia de citar Humboldt, criticá-lo e depois usálo como referência encomiástica a sua própria obra encontra-se em Amerigo Vespucci, op. cit., nota 4. Alguns anos mais tarde, já em Viena, Varnhagen, naquela que se tornaria uma de suas últimas polêmicas, com Téofilo Braga, recorda a este que os sábios também cometem erros, e dá como exemplo Humboldt: "O homem mais sabedor e encyclopedico deste seculo, o grande Alexandre Humboldt não esteve fora do erro (e de muitos erros isento). Nos cinco volumes da sua profunda Historia Geographica do Novo Continente, a verdade, graças à sua boa fé, so vae aparecendo com o estudo e exame; e os volumes que successivamente se iam publicando contêm rectificações que às vezes destroem completamente asserções consignadas no anterior ou anteriores", Theophilo Braga e os antigos romanceiros de trovadores: (provarás para se juntarem ai processo). Vienna: Ed. por conta do autor, 1872, p. 6-7.
  • 74
    VIEIRA, Celso. Varnhagen. O homem e a obra. Rio de Janeiro: Editor Alvaro Pinto, 1923, p. 34.
  • 75
    MAGALHÃES, Basilio de. Varnhagen. Revista da Academia Brasileira de Letras, 81, 1928, p. 108.
  • 76
    LIMA, M. de O. Op. cit., p. 141.
  • 77
    CA, p. 301. Brito Broca chega mesmo a dizer, com exagero, que por este episódio Varnhagen pode ser considerado como um "precursor do panamericanismo", Românticos, pré-romanticos, ultra-românticos. Vida literária e romantismo brasileiro. São Paulo: Polis, 1979, p. 195.
  • 78
    MAGALHÃES, B. de. Op. cit., p. 108-109. Joaquim Nabuco contesta esta opinião, ver Um estadista do império. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1975, p. 524.
  • 79
    LIMA, M. de O. op. cit., p. 141.
  • 80
    O fato de o Chile ter apoiado o Paraguai, por exemplo, é explicado por Lessa como produto de interpretações "positivistas como aquela de Basilio de Magalhães", LESSA, C. R. Op. cit., 225, p. 152-154.
  • 81
    CA, p. 302. Ver também, CA, p. 304-305.
  • 82
    D'AVEZAC, Armand. Sur l'histoire du Brésil. Examen critique d'une nouvelle His-toire Générale du Brésil. Bulletin de la Société de Géographie. Paris: Chez Arthus-Bertrand, agosto e setembro, 1857, p. 89-356. Ver a réplica de Varnhagen: Examen de quelques points de l'histoire géographique du Brésil, op. cit, 1858.
  • 83
    Procurei reconstituir o debate, ainda que resumidamente, em: A geografia servia, antes de tudo, para unificar o império. Escrita da história e saber geográfico no Brasil oitocentista. Ágora, Unisc/RS, 11, 1, 2005, p. 79-99.
  • 84
    CA, p. 298.
  • 85
    CA, p. 308.
  • 86
    CA, p. 312-314.
  • 87
    Heitor Lyra conta 37 cartas, porém na CA de Varnhagen organizada por Clado Lessa, encontram-se entre 241 cartas, 67 endereçadas ao Imperador. LYRA, H. História de d. Pedro II. Fastígio (1870-1880), II, BH/SP, Itatiaia/Edusp, 1977, p. 117.
  • 88
    No prefácio à primeira edição da HGB, Varnhagen declara-se: católico, monarquista (porém contrário ao absolutismo), justo e humano com os índios e defensor dos prestigíos honoríficos, II, 1, 1857, p. X. Essa declaração, no entanto, foi suprimida na segunda edição da obra.
  • 89
    MONIZ, J. R. Recordações acêrca de Varnhagen. Apud, RODRIGUES, J. H. Op. cit., 1967, p. 173-174.
  • 90
    PORTO ALEGRE, M. A. Correspondência com Paulo Barbosa da Silva. ABL/RJ, 1990, p. 60.
  • 91
    Major não apenas conhecia a obra de Varnhagen como o chama de "may valued friend", ver MAJOR, R. H. The life of prince Henry of Portugal, surnamed the navigator. London: A. Asher & Co., 1868, p. 372-378. Ver também carta de Varnhagen ao Imperador, 1868, CA, p. 323.
  • 92
    Varnhagen contestava, entre outras coisas, a afirmação de Major de que a "Vila do In-fante", fundada por d. Henrique, estivesse situada no promontório de Sagres. Um documento contemporâneo, a carta de doação de 19 de setembro de 1460, mostrava, claramente, segundo Varnhagen, que a Vila se situava sobre a ponte chamada "Terça Nabal". Ele criticava ainda o fato de Major não ter tratado das concessões feitas pelos reis d. Afonso e d. João II aos descobridores das novas terras, ver LESSA, C. R. Op. cit., 223, p. 238-239.
  • 93
    VARNHAGEN, F. A. de. Noticia historica e decriptiva do mosteiro de Belem, Lisboa, Typographia da Sociedade Propagadora dos Conhecimentos Uteis, s/d.
  • 94
    CA, p. 328-330.
  • 95
    CA, p. 326-327. A carta de Varnhagen foi lida na sessão do IHGB de 25 de setembro de 1868, Revista do IHGB, 1868, p. 346-348.
  • 96
    CA, 1869, p. 334.
  • 97
    CA, 1870, p. 338-339. Em 1918, Capistrano de Abreu, aparentemente sem conhecer essa carta de Varnhagen, coloca em dúvida seu domínio do idioma alemão: "creio que, se algum dia soube a língua paterna, esqueceu-a depressa quase por completo. Se soubesse, e aproveitasse o livro de Guths-Muths, poderia ter antecipado a Wappaeus a muitos respeitos", ABREU, Capistrano de. Correspondência. Rio de Janeiro, INL, II, p. 84. Encontrei pelo menos um texto atribuido a Varnhagen escrito em alemão. Trata-se do prefácio à obra do frei Luiz de Sousa, BN-RJ, 26,4,19D.
  • 98
    CA, p. 345-348.
  • 99
    CA, p. 348-349.
  • 100
    CA, p. 358.
  • 101
    Em uma carta datada de 1o de março de 1873 a seu biógrafo, José Carlos Rodrigues, então editor da revista, O novo mundo, publicada em Nova York, Varnhagen o previne através de um un post-scriptum: "Desculpe-me V. Sa se tomo a liberdade de lhe recommendar que esteja prevenido contra os juizos de Adolpho Coelho e Theophilo Braga contra Castilhos e outros amigos. São todos apaixonados e só pensam em fazer mal. Eu estive em Portugal, no anno passado e connheci todas estas miserias...", CA, p. 395-396.
  • 102
    Chegando um pouco antes do início do Congresso, Varnhagen aproveita a ocasião para visitar Moscou e ir a Nijni Novgorod. Para o relatório de Varnhagen sobre o Congresso ver: "Correspondência acerca do Congresso de estatistica reunido em São Petesburgo em 1872", CA, p. 372-380.
  • 103
    Ver o relatório de Varnhagen para o governo brasileiro, CA, 1873, p. 401-405.
  • 104
    "Quelques renseignements statistiques sur le Brésil, tirés de sources officielles par le délégué au congrès de Budapesth, Vicomte de Porto-Seguro", Vienne, Imprimerie de la Cour Impériale et Royale, 1876, 23p., apud CA, p. 466 e p. 468-476.
  • 105
    VARNHAGEN, F. A. de. Op. cit., 1876.
  • 106
    VARNHAGEN, F. A. de. Op. cit., 1867, p. 36.
  • 107
    DENIS, Ferdinand. Quelques mots sur la deuxième édition de l'Historia geral du vicomte de Porto Seguro, ms. 3970, I, Biblioteca Sainte-Geneviève de Paris, (provavelmente de 1877), p. 224-225.
  • 108
    ABREU, Capistrano de. Op. cit., 1878, p. 502.
  • 109
    HGB, III, 3/4, p. 373.
  • 110
    Em 1849, Varnhagen defendia que a capital não podia estar localizada em um por-to de mar, no entanto, não indica um lugar específico, somente afirma que ela deva ser transferida para o interior, ver VARNHAGEN, F. A. Op. cit., 1849, p. 3-6.
  • 111
    VARNHAGEN, F. A. de. A questão da capital: maritima ou no interior? Vienna, Carlos Gerold, Edição por conta do Autor, 1877, p. 1.
  • 112
    Idem, p. 12 (grifos T.C.).
  • 113
    Idem, p. 12-13.
  • 114
    CA, 1877, p. 487-490.
  • 115
    FOUCAULT, Michel. Naissance de la clinique. Paris: PUF, 1963, p. IX.
  • 116
    Varnhagen comunica suas conclusões sobre Cabral ao IHGB, ver "Nota acerca de como não foi na coroa Vermelha, na enseada de Santa Cruz, que Cabral primeiro desembarcou, e em que fez dizer a primeira missa", Revista do IHGB, 1877, p. 5-37. Suas afirmações foram fortemente contestadas. Para o comentário sobre o provável diário ver VARNHAGEN, F. A. de. A questão da capital: maritima ou no interior. Op. cit., p. 13.
  • 117
    Seu filho, Xavier de Porto Seguro confirma, em suas memórias, que a viagem foi a causa de sua morte: "no fim de nosso segundo ano de colégio, meu pai teve a infeliz idéia de fazer uma viagem ao Brasil. Essa viagem foi a causa de sua morte. Ele ficou seis meses ausente, e voltou com uma doença nos pulmões", PORTO-SEGURO, Xavier de. Mé-moires, recueillies et mises en ordre par Hippolyte Buffenoir. Paris: Bureaux de la Revue de la France Moderne, 1896, p. 21.
  • 118
    Citado em GARCIA, Rodolfo. Ensaio bio-bibliographico sobre Francisco Adolpho de Varnhagen, Visconde de Porto Seguro. Apud HGB, II, 3/4, 1928, p. 452.
  • 119
    VERÍSSIMO, José. Op. cit., p. 191.
  • 120
    Varnhagen deixou a esposa e dois filhos, Xavier e Luis. O primeiro, nascido em Lima, morre em 1894, aos 29 anos. Sua mãe publicou suas memórias, escritas originalmente em francês, em 1896. Luis, nasceu em Viena, e adotou a nacionalidade materna, e como o pai tornou-se diplomata, porém do governo chileno. Seu último posto foi o de Ministro Plenipotenciário em Berlim. Morreu no Rio de Janeiro em 1939. Os filhos de Varnhagen não tiveram descendentes. Os Porto-Seguro, antes da metade do século XX, não existiam mais. Ver PORTO SEGURO, Xavier, op.cit.; e LESSA, C. R. op. cit., 223, p. 296-297. Sobre a relação de Varnhagen com sua família é possível se ter alguma idéia a partir da sua correspondência e do pequeno livro de seu filho Xavier Porto-Seguro. No que se refere à perspectiva desse texto, no entanto, nota-se que não era raro Varnhagen deixar a família pelo trabalho intelectual. Ver, por exemplo, CA, p. 463 e p. 478-479.
  • 121
    Carta a d. Pedro II, 1854, CA, p. 213.
  • 122
    "Trata-se de aquisição para sempre, mais que de uma peça para um concurso", Prefá-cio à História da guerra do Peloponeso, apud HARTOG, F. A história de Homero a Santo Agostinho. BH: EUFMG, 2001, 22, (1), p. 81.
  • 123
    BOURDIEU, Pierre. L'illusion biographique. Actes de la Recherche en Sciences de Sociales, nos 62/63, 1986, p. 69-72.
  • 124
    MACEDO, J. M. Revista do IHGB, 1878, p. 489.
  • 125
    MAGALHÃES, B. de. Op. cit., p. 95; LESSA, C. R. Op. cit., 223, p. 293-294.
  • 126
    "Critica", apud MENEZES, R. Dicionário literário Brasileiro. São Paulo: Saraiva, 1969, p. 1289.
  • 127
    ABREU, C. de. Op. cit., 1878, p. 505.
  • 128
    BELLIDO, Remígio de. Varnhagen e a sua obra. Comemoração do centenário. São Paulo: Rothschild, 1916.
  • 129
    FLEIUSS, Max. Recordando (casos e perfis), III, Rio de Janeiro: IBGE, 1943, p. 106-107.
  • 130
    Este distanciamento não foi suficiente para impedir que, de certa forma, o "povo", que ironia, por circunstâncias que ainda desconheço, o tenha homenageado por meio da escola de samba Mocidade Independente de Padre Miguel, que, com o samba-enredo "Vida e obra de Francisco Adolfo de Varnhagen", ficou em 7o lugar no carnaval carioca de 1969. José Honório Rodrigues menciona o episódio, op. cit., 1979, p. 121. Agradeço ao meu bolsista de IC, Evandro Santos, o detalhe sobre a colocação da escola.
  • 131
    Ver sítio: http://www.sorocaba.com.br/fotos/monumentos.
  • 132
    ABREU, Capistrano de. Op. cit., 1882, p. 439.
  • 133
    No sentido que Paul Ricœur concede aos termos: "O começo é histórico, a origem é mítica", La mémoire, l'histoire, l'oubli. Paris: Seuil, 2000, p. 174.
  • 134
    Varnhagen, 'Heródoto do Brasil'. REIS, J. C. Op. cit., 1997, p. 106-107.
  • 135
    Para o caso de Heródoto, ver: MOMIGLIANO, A. The place of Herodotus in the history of historiography. Secondo Contributo. Roma: 1960, p. 29-44 (sobretudo as páginas iniciais); HARTOG, F. Op. cit., 1991, p. 12, p. 313-316, p. 379-380.
  • 136
    Segundo Arnaldo Momigliano, Heródoto foi, entre os autores da Antiguidade, aque-le que mais viajou, o que lhe confere também o título de pai da etnografia. MOMIGLIANO, A. Les fondations du savoir historique. Paris: Les Belles Lettres, 1992, p. 5859, ver também HARTOG, François., op. cit., 1991, p. 379.
  • 137
    Sobre a recepção de Tucídides pela historiografia oitocentista ver HARTOG, Fran-çois. L'œil de Thucydide et l'histoire 'véritable', Évidence de l'histoire. Ce que voient les historiens, Paris: EHESS, 2005, p. 82. Até o momento desconheço o motivo que levou Varnhagen a não publicar a História da independência. A hipótese mais comum é que ele não teve tempo. Pode ser. Desconfio, todavia, que não seja apenas essa a razão. Talvez fizesse parte dessa precaução, desse cuidado de si que mencionei acima, afinal, escrever sobre pessoas muito próximas poderia causar embaraços desnecessários. Ver CA, p. 432, p. 440 e p. 467 e também o prefácio à Historia da Independência e LESSA, C. Op. cit., 224, p. 150.
  • 138
    VARNHAGEN, F. A. de. Historia das luctas com os Hollandezes. Op. cit., 1871, p. XXIX.
  • 139
    MICHELET, J. Préface (1869). Histoire de France. Œuvres complètes. Paris: Flammarion, 1974, p. 11-14.
  • 140
    "E é verdade ainda que, brasileiro, escrevendo uma história da civilização do Bra-sil pelos portugueses, quer dizer pelos ancestrais da maior parte dos cidadãos brasileiros atuais, eu não poderia jamais colocar-me sob o ponto de vista francês, nem holandês, nem inglês, nem espanhol. Pela mesma razão, eu também não poderia colocar-me sob o ponto de vista negro ou indígena", VARNHAGEN, F. A. de. Op. cit., 1858, p. 53-54.
  • 141
    "O fato de ser um vencido constitui uma experiência histórica específica e original que não se aprende, nem se troca, e que permite a elaboração de um método capaz de conferir a um ganho de experiência uma existência durável", "Mutation de l'expérience et changement de méthode. Esquisse historique-anthropologique", KOSELLECK, Reinhart. L'expérience de l'histoire. Paris: Hautes Études/Gallimard/Le Seuil, 1997, p. 241.
  • 142
    Idem, p. 239.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Dez 2007

Histórico

  • Recebido
    Mar 2007
  • Aceito
    Ago 2007
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