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As armadilhas da memória: história e mito em Emir Rodríguez Monegal

Resumos

Um homem jovem, de uma família da classe média, converte-se em intelectual. Esse homem ocupa um espaço central na cultura literária do seu país (Uruguai) e, aos poucos, na América Latina. Mas, ele carrega consigo um drama pessoal, uma marca de origem, que sempre procura encobrir e que, no entanto, sua própria escrita acaba por desvendar. Este artigo explora a(s) história(s) e os caminhos de Emir Rodríguez Monegal (1921-1985), um dos principais especialistas em literatura latino-americana no século XX. Em especial, Monegal foi um leitor privilegiado, desde os anos 1940, da obra de Jorge Luis Borges, cuja escrita foi fundamental, também, para que o crítico pudesse compreender-se a si mesmo.

Emir Rodríguez Monegal; biografía; Literatura; História.


A young man from a middle-class family, becomes an intellectual. This man occupies a central place in the literary culture of his country (Uruguay) and, gradually, in Latin America. But he carries with him a personal drama, a mark of origin, who always tries to hide and that, however, his own writing reveals. This article explores the history (or the stories) and paths of Emir Rodríguez Monegal (1921-1985), a leading expert on Latin American literature in the twentieth century. In particular, Monegal was a privileged reader, since the 40's, of Jorge Luis Borges works, whose writing was crucial to the self-understanding of Monegal's own personality.

Emir Rodríguez Monegal; biography; Literature; History.


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  • BORDA, Juan Gustavo Cobo. Diálogo de ultratumba con Emir Rodríguez Monegal. Revista de la Universidad de Antioquia, Antioquia, v. LVI, no 213, jul.-set. 1988, p. 71-82.
  • BORGES, Jorge Luis. Prosa narrativa. Barcelona: Bruguera, 1982. 2 v.
  • BORGES, Jorge Luis. Obra poética, 1923-1976. Buenos Aires: Emecé, 1979.
  • CAPARRÓS, Martín. Hace diez años. Con Rodríguez Monegal. Relaciones, Montevidéu, no 130, março 1995, p. 29-31.
  • COTELO, Ruben. Emir Rodríguez Monegal: el olvido es una forma de la memoria. Jaque, Montevidéu, no 99, 7/2/1985, p. 34-37.
  • FREUD, Sigmund. Introducción al psicoanálisis. Trad. Luis López-Ballesteros y de Torres. Madri: Alianza, 1968.
  • LEJEUNE, Philippe. Le pacte autobiographique. Paris: Editions du Seuil, 1975.
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  • MONEGAL, Emir Rodríguez. Sexo y poesía en el Novecientos. Montevidéu: Alfa, 1969.
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  • MONEGAL, Emir Rodríguez. Graciliano Ramos y el regionalismo nordestino. Revista de la UNAM, México, Nueva época, v. XXXIX, no 30, outubro 1983, p. 34-41.
  • MONEGAL, Emir Rodríguez. El olvidado ultraísmo uruguayo. Revista Iberoamericana, Pittsburgh, no 118-119, janeiro-junho 1982, p.258-274. [ Recolhido em La obra crítica de Emir Rodríguez Monegal. Montevidéu: Ediciones de la Plaza, p. 85102, 1989. Coletânea e notas de Pablo Rocca e Homero Alsina Thevenet].
  • MONEGAL, Emir Rodríguez. Borges / de Man/ Derrida/ Bloom: La desconstrucción avant et aprés la lettre. In: Diseminario. La desconstrucción, otro descubrimiento de América. Montevidéu: XYZ Ed., 1987, p. 119-123.
  • MONEGAL, Emir Rodríguez. Las formas de la memoria, Los magos. México: Vuelta, 1989.
  • NEBOT, Joaquín Rodríguez. Borges y Emir: un cuento a desarrollar. [Comunicação lida no Congresso "Borges y el Uruguay", Montevidéu, Faculdade de Humanidades e Ciências da Educação, Universidad de la República, 11 de agosto de 1999. Manuscrito].
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  • ROCCA, Pablo. 35 años en Marcha (crítica y literatura en Marcha y en el Uruguay 1939-1974). Montevidéu: División Cultura de la IMM, 1992.
  • 1
    Rodríguez Monegal não conhecia detalhadamente a história da família. Na página 100 de suas memórias diz que os "Monegal haviam chegado ao Uruguai por volta da terceira ou quarta década do século XIX". Segundo o Diccionario biográfico de Maldonado, de Maria A. Díaz de Guerra (Montevidéu, IMCO, 1974), os Monegal aparecem no então povoado de Maldonado, no leste uruguaio, ao final do século XVIII. Alexo (ou Alejos) Monegal, nascido em Bagá (Catalunha), casa-se nesse povoado uruguaio, em 1785, com Joaquina Machado (natural do Rio Grande, Brasil). O casal tem seis filhos, o segundo deles (Alejos Justo, nascido no dia 19 de julho de 1788) casa-se em Maldonado, no dia 24 de abril de 1809, com Catalina Felipa Chalar. Desse casamento nascem sete filhos. O último, Pedro Liberato Monegal, nascido na mesma localidade no dia 23 de julho de 1819, casa-se em 1848 com Antonia Labrea, natural de San Carlos, localidade próxima a Maldonado. Dessa união, nascem cinco filhos, o primeiro deles chamou-se Cándido (nascido em Villa Artigas, posteriormente Rio Branco, no limite da fronteira com o Brasil, em 1854. As pesquisas que realizamos no Arquivo da Intendência Municipal de Cerro Largo, na cidade de Melo, em 1985 e 1989-90 - com a imprescindível contribuição do professor Víctor H. Ganello -, levaram-nos a apurar que Cándido Monegal casou-se em Melo no dia 13 de agosto de 1881 com Paula Sorondo. Nessa mesma vila, onde Cándido morreu em 3 de março de 1941, nasceram do matrimônio com Paula os seguintes filhos: Cándido (1882-1888); Casiano (1885-1944), poeta e jornalista e, segundo sugere Rodríguez Monegal em suas memórias, assassino de Héctor F. Suárez; Zulmira (1888, falecida no dia 18 de outubro desse ano, segundo consta na certidão de óbito "de siete meses, de sarampión"); Maria Elena (1888, falecida "de siete meses de sarampión", gêmea da anterior); Angelina (189027/3/1893); José (1892-1968), poeta, narrador, autor de teatro, jornalista com longo desempenho no jornal de seu pai e no diário El Dia, de Montevidéu; Guadiela (desconheço dados precisos); Nilza (desconheço dados precisos); Hilda Gertrudis (24/3/1899 -Montevidéu, 1950), mãe de Emir e Miguel Angel (1890-27/3/1893).
  • 2
    Para não ir mais longe e evitar referências concretas, cf. Rocca, 1992.
  • 3
    Referente aos naturais da República Oriental do Uruguai (nota do revisor).
  • 4
    José Monegal escreveu contos e foi historiador oficial do Partido Blanco ao longo das décadas de 1940 e 1950. Não escre-veu apenas o volume sobre Saravia, mas uma longa série de artigos no diário El País que reuniu, parcialmente, em seu Esquema de la historia del Partido Nacional(Montevidéu, Ciudadela, 1959). Sobre seu irmão Casiano, não há referências acerca de sua filiação política. Informações sobre os dois encontram-se em Nuevo diccionario de literatura uruguaya. Montevidéu: Banda Oriental, 2001. T. II, p. 87-88. Organizei a bibliografia completa, ativa e passiva, de José Monegal no Apêndice da Narrativa rural en la región entre los años veinte y cincuenta. Actas de las Jornadas. Montevidéu, Universidad de la República, 2002.
  • 5
    "Borges y Emir: un cuento a desarrollar", Joaquín Rodríguez Nebot (1999). Devo a Rodríguez Nebot o amistoso gesto de entregar-me uma cópia de sua palestra - original datilografado em cinco laudas, com espaço e meio. O texto não está incluído nos Anais do congresso, que saíram em 2000, sob a coordenação de Sylvia Lago e Alicia Torres (Borges y el Uruguay. Montevidéu, Universidad de la República).
  • 6
    Visto dessa maneira, como foi comentado por Cecília Molinari Lean-Cole, o último dos três conceitos tomados de Freud e de Lacan - o triângulo edípico, a contemplação da cena primária e o estágio do espelho - segundo a interpretação de Monegal sobre a formação da identidade de Borges, poderia ter envolvido o próprio Borges? ("¿La memória de Borges? Recuerdos de infancia en Borges: una biografia literaria", Montevidéu, FHCE, 2003. Inédito).
  • 7
    "Borges y Emir", em Jaque, Montevidéu, nº 99, 7 de novembro de 1985, p. 34. Texto enviado especialmente por Borges para ser lido na última conferência que Rodríguez Monegal pronunciou em Montevidéu. Nele se lê "Buenos Aires, 22 de octubre de 1985". Recolhido em La desconstrucción..., 1987.
  • 8
    Rodríguez Monegal desenvolveu uma interpretação semelhante sobre Leopoldo Lugones como pai simbólico de Horacio Quiroga, em seu livro El desterrado. Vida y obra de Horacio Quiroga (1968).
  • 9
    A versão original desse ensaio apareceu em Número, Montevidéu, nº 3-4, maio de 1964, p. 90-108. O texto final não registra variantes significativas.
  • 10
    O filho de Rodríguez Monegal recorda um apaixonado comentário de seu pai sobre Crónica de uma muerte anunciada (1981), de Gabriel García Márquez, pouco tempo após a publicação desse romance.
  • 11
    Tradução: Maira A. Pandolfi
  • 12
    Revisão técnica e edição: Maria Aparecida Rezende Mota

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Jun 2010
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