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Modelos e práticas de santidade feminina no Novo Orbe serafico brasilico, do frade Antônio de Santa Maria Jaboatão

Resumos

O artigo pretende analisar a construção de modelos de santidade feminina no Novo Orbe serafico brasilico, a obra mais conhecida do frade franciscano Antônio de Santa Maria Jaboatão (1695-1779). No livro em pauta, são analisados três relatos de vida: o da viúva Antônia de Pádua de Góes (†1643), o da beata Catharina Paes Landim (†1748) e o da freira Maria da Soledade (1668-1719). A hipótese sustentada é a de que as diferentes narrativas serviriam como modelos de virtude para as mulheres coloniais pertencentes aos estados de casada, viúva, beata e religiosa. Por outro lado, os relatos transcritos e adaptados por Jaboatão provavelmente sofreram influências de modelos narrativos hagiográficos, particularmente aqueles inspirados nas vidas de Santa Isabel, rainha de Portugal, e Santa Clara de Assis.

santidade feminina; práticas devocionais; catolicismo colonial; Bahia; século XVIII.


The article intends to discuss the construction of models of womanly holiness in Novo Orbe serafico brasilico, the bestknown work of the Franciscan friar Antônio de Santa Maria Jaboatão (1695-1779). In the book under discussion, are reviewed three reports of life: widow Antonia de Padua de Goes († 1643), beata Catharina Paes Landim († 1748) and nun Maria da Soledade (1668-1719). The hypothesis is that the different narratives serve as models of virtue for colonial women belonging to the states of married, widowed, beata and nun. On the other hand, reports transcribed and adapted by Jaboatão probably suffered influences of hagiographic narrative models, particularly those inspired by the lives of Santa Isabel (1271-1336), Queen of Portugal, and St. Clara of Assisi (1194-1253).

womanly holiness; devotional practices; colonial Catholicism; Bahia; XVIIIth century.


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  • 84
    Fontes impressas
  • 85
    ARBIOL, Fr. Antonio, OFM. Los terceros hijos de el humano serafin: La venerable y esclarecida Orden Tercera de nuestro serafico Patriarca San Francisco. (...) Quarta impression (...) Zaragaça: por Pedro Carreras, Año 1724.
  • 86
    Catálogo dos livros que se hão de ler para a continuação do Dicionário da Língua Portuguesa mandado publicar pela Academia Real das Sciencias de Lisboa. Lisboa: na Tipografia da mesma Academia, 1799.
  • 87
    Constituciones generales para todas las monjas y religiosas sujetas a la obediência de la orden de N. S. P. S. Francisco em toda esta família cismontana (...) Con Licencia. Em Madrid, En la Imprenta Real. Año de 1642.
  • 88
    CORNEJO, Fr. Damian, OFM. Chronica seraphica dedicada a la excelentissima Señora Duquesa de Aveyro y Maqueda (...). Segunda parte. Año 1727. Madrid: Em la Imprenta de la Viuda de Juan Garcia Infançon, p. 3-6 (a 1ª ed. é de 1682).
  • 89
    COUTO, D. Domingos do Loreto, OSB. Desagravos do Brasil e glórias de Pernambuco (1757). Ed. fac-similar da de 1904. Recife: Fundação de Cultura, 1981.
  • 90
    JABOATÃO, Fr. Antônio de Santa Maria, OFM. Novo Orbe serafico ou Crônica dos frades menores da Província do Brasil (...). Impressa em Lisboa em 1761, e reimpressa por ordem do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. Rio de Janeiro: Tip. Brasileira de Máximo Gomes Ribeiro, 1858-1862, 5 v.
  • 91
    MARIA, Fr. José de Jesus, O. Carm. Tesouro carmelitano manifesto e oferecido aos irmãos e irmãs da Venerável Ordem Terceira da Rainha dos Anjos, Mãe de Deus, Senhora do Carmo, pelo Padre Presentado (...), Comissário da mesma Ordem no Convento do Carmo de Lisboa. Lisboa: na Oficina de Miguel Manescal da Costa, Impressor do Santo Ofício, 1760.
  • 92
    RIBADENEIRA, Pe. Pedro de, SJ. Flos Sanctorum o libro de las vidas de los santos (...) Primera parte. Año 1675. Con Privilegio. En Madrid: Em la Imprenta Real.
  • 93
    SOLEDAD, Fr. Domingo de la, OFM. Sol Seraphico que colocado em el cenit del Catholico Cielo, ilustra al Christiano Orbe com los beneficos rayos del Origen, Excelencias, Frutos, Regla, e Indulgencias de la estimada de Dios, apreciada de los Pontifices, y venerada de los Hombres, la siempre Venerable Orden Tercera de Penitencia de N. S. P. S. Francisco (...). s. e, s/d [2. ed. Cádiz: Jeronimo de Peralta, 1728].
  • 94
    VILHENA, Luiz dos Santos. Recopilação de notícias soteropolitanas e brasílicas (1802). Bahia: Imprensa Oficial do Estado, 1921, 2 v.
  • 95
    WILLEKE, Fr. Venâncio, OFM (int. e notas explicativas). Atas capitulares da Província franciscana de Santo Antônio do Brasil (1649-1893). Revista do IHGB. Rio de Janeiro, v. 286, p. 92-222, jan.-mar. 1970.
  • 1
    MARTINS, William de Souza. D. Domingos do Loreto Couto e a construção de modelos de santidade feminina na época colonial. Revista do Mestrado de História. Vassouras, v. 11, p. 193-229, 2009. O Projeto em pauta foi beneficiado com o auxílio APQ1 da FAPERJ.
  • 2
    WILLEKE, Fr. Venâncio, OFM. Frei Antônio de Santa Maria Jaboatão, OFM. Revista de História. São Paulo, v. XLVI, n. 93, jan-mar. 1973, p. 47-67. Este artigo foi republicado com poucas modificações em Franciscanos na História do Brasil. Petrópolis: Vozes, 1977, p. 88-100.
  • 3
    JABOATÃO, Fr. Antônio de Santa Maria, OFM. Novo Orbe serafico, ou Crônica dos frades menores da Província do Brasil (...). Impressa em Lisboa em 1761, e reimpressa por ordem do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. Rio de Janeiro: Tip. Brasileira de Máximo Gomes Ribeiro, 1858-1862, 5 v. Nas citações desta obra, deixou-se de lado a divisão em partes, optando-se por considerar em ordem sequencial os volumes. Nesta obra, como nas demais citações de fontes, atualizou-se a grafia utilizada, respeitando-se apenas o uso das maiúsculas. Os títulos originais das publicações foram mantidos.
  • 4
    VAN DER VAT, Fr. Odulfo, OFM. Princípios da Igreja no Brasil. Petrópolis: Vozes, 1952, p. 104-123. MARTINS, William de Souza. Membros do corpo místico: ordens terceiras no Rio de Janeiro (c. 1700-1822). São Paulo: Edusp, 2009, p. 87.
  • 5
    COUTO, D. Domingos do Loreto, OSB. Desagravos do Brasil e glórias de Pernambuco (1757). Ed. fac-similar da de 1904. Recife: Fundação de Cultura, 1981, p. 511.
  • 6
    JABOATÃO, Fr. Antônio de Santa Maria, Novo Orbe serafico, v. 5, p. 770-779, onde há várias micro-biografias de religiosas do Convento de Santa Clara do Desterro.
  • 7
    Ibid., v. 4, p. 613.
  • 8
    Ibid., v. 5, p. 748.
  • 9
    ALGRANTI, Leila Mezan. Honradas e devotas: mulheres da Colônia. Condição feminina nos conventos e recolhimentos do Sudeste do Brasil, 1750-1822. Rio de Janeiro: José Olympio; Brasília: Ed. UnB, 1993, p. 55-81.
  • 10
    ALMEIDA, Suely Creusa Cordeiro de. O sexo devoto: normalização e resistência feminina no Império Português, XVI-XVIII. Recife: Ed. Universitária da UFPE, 2005, p. 289 e 338.
  • 11
    NASCIMENTO, Anna Amélia Vieira. Patriarcado e religião: as enclausuradas clarissas do Convento do Desterro da Bahia, 1677-1890. Bahia: Conselho Estadual de Cultura, 1994. BORGES, Célia Maia. As mensageiras do Senhor: a situação ambígua das beatas na península ibérica - séculos XVI a XVIII. In: ASSIS, Angelo Adriano Faria de e PEREIRA, Mabel Salgado (Orgs.). Religiões e religiosidades: entre a tradição e a modernidade. São Paulo: Paulinas, 2010, p. 15-27. GONÇALVES, Margareth de Almeida. Império da fé: andarilhas da alma na época barroca. Rio de Janeiro: Rocco, 2005.
  • 12
    BELLINI, Lígia. "Penas, e glorias, pezar e prazer": espiritualidade e vida monástica feminina em Portugal no Antigo Regime. In: BELLINI, Lígia; SOUZA, Evergton Sales e SAMPAIO, Gabriela dos Reis (Orgs.). Formas de crer: ensaios de história religiosa do mundo luso-afro-brasileiro, séculos XIV-XXI. Salvador: Corrupio, 2006, p. 81-105. BELLINI, Lígia e PACHECO, Moreno Laborda. Experiência e ideais de vida religiosa em mosteiros portugueses clarianos nos séculos XVII e XVIII. Revista de História. São Paulo, v. 160, p. 147-167, 2009.
  • 13
    FERNANDES, Maria de Lurdes Correia. Introdução. In: ANJOS, Fr. Luís dos. Jardim de Portugal (1626). Porto: Campo de Letras, 1999, p. 9-29.
  • 14
    CERTEAU, Michel de. A escrita da História. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1982, p. 272.
  • 15
    JABOATÃO, Fr. Antônio de Santa Maria, op. cit., v. 4, p. 564-572. Exceto quando indicado, as citações de Jaboatão que constam a seguir provém deste trecho.
  • 16
    LEITE, Padre Serafim, SJ. História da Companhia de Jesus no Brasil. Ed. fac-símile da de 1938. Belo Horizonte: Itatiaia, 2006, v. 1, p. 580. Nesta obra, Gaspar de Araújo, pai de Antônia de Pádua de Góes, figura entre os noviços no catálogo dos padres e irmãos da província jesuíta do Brasil no ano de 1600.
  • 17
    Luiz dos Santos VILHENA descreve da forma seguinte a mudança do estabelecimento inicial dos povoadores: "está a vila de Cairu fundada em uma Ilha que terá de duas a três léguas de circunferência situada no canal que divide a grande Ilha do Morro de S. Paulo da terra firme; fundaram ali aquela vila em razão de muitos Gentios que havia no Continente e tudo infestavam". Ver Recopilação de notícias soteropolitanas e brasílicas (1802). Bahia: Imprensa Oficial do Estado, 1921, v. 2, p. 517.
  • 18
    CAMPOS, João da Silva. Crônica da capitania de Ilhéus. 3. ed. Ilheús: Editus, 2006, p. 104.
  • 19
    A função deste tipo de recolhimento aparece especificada nas atas capitulares da Província no ano de 1653, para uma loca-lidade diversa da vila do Cairu: "Assentou-se em Mesa, que no Pontal de Nazareth ao pé do Monte no sítio mais conveniente se faça um recolhimento de Hospedagem com Oratório ou Igreja de taipas, onde estejam 3 ou 4 religiosos, para se evitarem os discursos inúteis, e agasalharem-se em casa de seculares, e principalmente por acudir ao bem das almas, e administrar os Sacramentos aos Fiéis daquele Povo" . WILLEKE, Fr. Venâncio, OFM (int. e notas explicativas). Atas capitulares da Província franciscana de Santo Antônio do Brasil (1649-1893). Revista do IHGB. Rio de Janeiro, v. 286, p. 99, jan.-mar. 1970.
  • 20
    Ibid., p. 77. As atas capitulares do ano de 1681 referem que "o Convento da Bahia dará todos os anos uma arroba de cera ao Convento de Cairu, e o Convento do Cairu não mandará pedir esmola de cera à Bahia".
  • 21
    JABOATÃO, Fr. Antônio de Santa Maria, op. cit., v. 4, p. 571. Grifos no original. A parte que está em itálico é uma citação feita pelo cronista do relato anônimo em que se baseia.
  • 22
    ARBIOL, Fr. Antonio, OFM. Los terceros hijos de el humano serafin: La venerable y esclarecida Orden Tercera de nuestro serafico Patriarca San Francisco. (...) Quarta impression (...) Zaragaça: por Pedro Carreras, Año 1724, p. 267.
  • 23
    Alguns estudiosos dos relatos hagiográficos de Santa Isabel comentam que o milagre das rosas foi atribuído também à Santa Isabel da Hungria (1207-1231), considerada tia-avó da santa portuguesa, não se sabe pela coincidência dos nomes ou das práticas de caridade. Ver HALLACK, Cecile and ANSON, Peter F. These Made Peace: Studies in the Lives of Beatified and Canonized Members of Third Order of Saint Francis of Assissi. Paterson (New Jersey): St. Anthony Guild Press, 1957, p. 48-52 e 94-98. Segundo estes autores, apenas a partir de 1562 a cena do milagre foi incorporada à vida da santa portuguesa.
  • 24
    ARBIOL, Fr. Antonio, op. cit., p. 260. Nesta passagem, o cronista franciscano refere a intensificação da vida espiritual de Santa Isabel no estado da viuvez: "Vendo-se já a Santa Rainha livre das leis do Mundo, e dos cuidados do Matrimônio, e por isto mais obrigada a servir a Deus no estado de tristeza e solidão de Viúva, com o Hábito de Penitência; procurou primeiramente ajustar sua vida com a Regra da Tercera Ordem de nosso Serafico Patriarca, empregando-se com especial cuidado em esmolas e obras de caridade".
  • 25
    JABOATÃO, Fr. Antônio de Santa Maria, op. cit., v. 4, p. 572.
  • 26
    BELLINI, Lígia e PACHECO, Moreno Laborda, op. cit., p. 159.
  • 27
    GÉLIS, Jacques. O corpo, a Igreja e o sagrado. In: VIGARELLO, Georges (Dir.). Da Renascença às Luzes (História do Corpo, sob a dir. de Alain Corbin, Jean-Jacques Courtine e Georges Vigarello, v. 1). 4. ed. Petrópolis: Vozes, 2010, p. 77.
  • 28
    A respeito das práticas de caridade no início da Europa Moderna, ver SÁ, Isabel dos Guimarães. Quando o rico se faz pobre: Misericórdias, caridade e poder no império português, 1500-1800. Lisboa: Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses, 1997, p. 25-40. Ver também O'MALLEY, John W. Os primeiros jesuítas. São Leopoldo: Ed. Unisinos; Bauru: Edusc, 2004, p. 259-312.
  • 29
    JABOATÃO, Fr. Antônio de Santa Maria, op. cit., v. 4, p. 573-574.
  • 30
    Catálogo dos livros que se hão de ler para a continuação do Dicionário da Língua Portuguesa mandado publicar pela Academia Real das Sciencias de Lisboa. Lisboa: na Tipografia da mesma Academia, 1799, p. 135.
  • 31
    JABOATÃO, Fr. Antônio de Santa Maria, op. cit., v. 4, p. 576.
  • 32
    Ibid., p. 576. A respeito da Academia, ver KANTOR, Iris. Esquecidos e Renascidos: historiografia acadêmica luso-americana (1724-1759). São Paulo: Hucitec; Salvador: Centro de Estudos Baianos, 2004, p. 155.
  • 33
    Sobre intermediários, ver VOVELLE, Michel. Ideologias e mentalidades. 2. ed. São Paulo: Brasiliense, 1991, p. 207-224.
  • 34
    VAINFAS, Ronaldo. Ideologia e escravidão: os letrados e a sociedade escravista no Brasil colonial. Petrópolis: Vozes, 1986, p. 107-115.
  • 35
    Apenas no catálogo da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, é possível listar as seguintes publicações: CARRILO, Juan. La Historia de Santa Isabel, Infanta de Aragon y Reina de Portugal (...) Caragoça: Juan de Lenaje y Quartanet, 1625; VERA Y ZUNIGA, Juan Antonio. Vida de la gloriosa Santa Isabel Reyna de Portugal (...) Roma: Jacomo Mascardi, 1625; e SOARES, Miguel de Leão. Relacion verdadera, Del aparato y solenidad co que em Roma se celebro la Canonizacion de Santa Isabel Reyna de Portugal (...) Em Madrid: por Diego Flamenco, 1625.
  • 36
    MARQUES, João Francisco. A parenética portuguesa e a Restauração (1640-1668): a revolta e a mentalidade. Porto: INIC, 1989, v. 1, p. 150-152.
  • 37
    JABOATÃO, Fr. Antônio de Santa Maria, op. cit., v. 4, p. 613-615, de onde provêm todas as informações referentes à Catharina Paes Landim, exceto quando indicado em contrário.
  • 38
    Ibid., p. 606. Ver também WILLEKE, fr. Venâncio. Atas capitulares da Província franciscana de Santo Antônio do Brasil, op. cit., p. 101.
  • 39
    JABOATÃO, Fr. Antônio de Santa Maria, op. cit., v. 4, p. 612.
  • 40
    Idem, Ibid.
  • 41
    Sobre as relações carnais ilícitas e adulterinas praticadas pelos irmãos terceiros fluminenses, ver MARTINS, William de Souza, Membros do corpo místico, cit., p. 334-340.
  • 42
    ARBIOL, Fr. Antonio, op. cit., p. 265.
  • 43
    O estudo clássico deste tema é o de GRUNDMANN, Herbert. Religious Movements in the Middle Ages: The Historical Links between Heresy, the Mendicant Orders, and Women's Religious Movement in the Twelfth and Thirteenth Century, with the Historical Foundations of German Mysticism. Notre Dame (Indiana): University of Notre Dame Press, 1995, p. 75-137.
  • 44
    Sobre as mudanças ocorridas na espiritualidade no Ocidente Medieval, que abriram espaços para um papel mais ativo dos leigos na vida religiosa, ver VAUCHEZ, André. A espiritualidade na Idade Média ocidental (séculos VIII a XIII). Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1995, p. 90-159.
  • 45
    KING, Margaret L. A mulher do Renascimento. Lisboa: Presença, 1994, p. 113-127.
  • 46
    SILVA, Maria Beatriz Nizza da. Donas e plebeias na sociedade colonial. Lisboa: Estampa, 2002, p. 103-108. Ver também MARIA, Fr. José de Jesus, O. Carm. Tesouro carmelitano manifesto e oferecido aos irmãos e irmãs da Venerável Ordem Terceira da Rainha dos Anjos, Mãe de Deus, Senhora do Carmo, pelo Padre Presentado (...), Comissário da mesma Ordem no Convento do Carmo de Lisboa. Lisboa: na Oficina de Miguel Manescal da Costa, Impressor do Santo Ofício, 1760, p. 233-240. Com relação à Ordem Terceira de São Francisco, o manual que foi possível consultar é menos preciso em relação à concessão de hábitos exteriores ou descobertos, sublinhando que apenas os prelados da Ordem poderiam legitimamente concedêlos. Ver SOLEDAD, Fr. Domingo de la, OFM. Sol Seraphico que colocado em el cenit del Catholico Cielo, ilustra al Christiano Orbe com los beneficos rayos del Origen, Excelencias, Frutos, Regla, e Indulgencias de la estimada de Dios, apreciada de los Pontifices, y venerada de los Hombres, la siempre Venerable Orden Tercera de Penitencia de N. S. P. S. Francisco (...). s. e, s/d [2. ed. Cádiz: Jeronimo de Peralta, 1728], p. 297-309.
  • 47
    RUBIAL GARCIA, Antonio. Profetisas y solitários. Espacios y mensajes de uma religión dirigida por ermitaños y beatas laicos em las ciudades de Nueva España. Mexico: UNAM: FCE, 2006, p. 31.
  • 48
    MATA, Sergio da. Para uma história das formas de ascetismo leigo em Minas colonial: o caso dos ermitães. In: ASSIS, Angelo Adriano Faria de e PEREIRA, Mabel Salgado, op. cit., p. 29-44.
  • 49
    A respeito dos ermitães na Nova Espanha, ver RUBIAL GARCIA, Antonio. La santidad controvertida. Hagiografia y conciencia criolla alredor de los venerables no canonizados de Nueva España. México: UNAM: FCE, 1999, p. 89-128.
  • 50
    JABOATÃO, Fr. Antônio de Santa Maria, op. cit., v. 5, p. 747-770.
  • 51
    Ibid., v. 5, p. 642-664. Nesta passagem, o cronista franciscano informa que a Madre Margarida da Coluna que redigiu o relato foi a segunda com o referido nome a viver no Convento. Entre as fundadoras do Desterro que vieram de Évora em 1677, estava uma religiosa homônima, que foi eleita como primeira abadessa conventual, entre 1677 e 1686. Neste último ano, o grupo de freiras eborense retornou ao Reino. Ainda em 1686, entrou no Convento como noviça Margarida da Costa Jardim, que adotou o nome religioso de Margarida da Coluna, talvez em homenagem à fundadora e primeira abadessa. Esta segunda Margarida da Coluna, autora do manuscrito compilado por Jaboatão, exerceu também a dignidade abacial, entre 1732 e 1735, falecendo em 1743, com a idade de 81 anos. Ver NASCIMENTO, Anna Amélia Vieira, op. cit., p. 451.
  • 52
    NASCIMENTO, Anna Amélia Vieira, op. cit., p. 111-114 e 307. Ver também SOEIRO, Susan A. A Baroque Nunnery: The Economic and Social Role of a Colonial Convent Santa Clara do Desterro, Salvador, Bahia, 1677-1800. New York University, Ph. D. Thesis, 1974, p. 67-84. SOEIRO, Susan A. The Feminine Orders in Colonial Bahia, Brazil: Economic, Social, and Demographic Implications, 1677-1800. In: LAVRIN, Asunción (Ed.). Latin American Women: Historical Perspectives. Westport (Connecticut): Greenwood Press, 1978, p. 173-197. Para as relações entre a reclusão conventual e o mercado matrimonial no sul da Europa no início do período moderno, ver LAVEN, Mary. Virgens de Veneza: vidas enclausuradas e quebra de votos no convento renascentista. Rio de Janeiro: Imago, 2003, p. 51-65. As mencionadas autoras apontam que os dotes atribuídos às mulheres que seguiam a vida conventual constituíam uma pequena fração do valor daqueles concedidos às que pretendiam o matrimônio.
  • 53
    JABOATÃO, Fr. Antônio de Santa Maria, op. cit., v. 5, p. 749. SOEIRO analisou rapidamente a biografia de Maria da Soledade, baseando-se também no Novo Orbe serafico. Ver A Baroque Nunnery, cit., p. 62-63.
  • 54
    BARTOLI, Marco. Clara de Assis. Petrópolis: Vozes, 1998, p. 27-50.
  • 55
    CORNEJO, Fr. Damian, OFM. Chronica seraphica dedicada a la excelentissima Señora Duquesa de Aveyro y Maqueda (...). Segunda parte. Año 1727. Madrid: Em la Imprenta de la Viuda de Juan Garcia Infançon, p. 3-6 (a 1ª ed. é de 1682).
  • 56
    JABOATÃO, Fr. Antônio de Santa Maria, op. cit., v. 5, p. 749.
  • 57
    Constituciones generales para todas las monjas y religiosas sujetas a la obediência de la orden de N. S. P. S. Francisco em toda esta família cismontana (...) Con Licencia. Em Madrid, En la Imprenta Real. Año de 1642, p. 22 e 60-66. Ver também NASCIMENTO, Anna Amélia Vieira, op. cit., P. 89-100.
  • 58
    JABOATÃO, Fr. Antônio de Santa Maria, op. cit., v. 5, p. 752.
  • 59
    Ibid., p. 757.
  • 60
    PO-CHIA HSIA, R. The World of Catholic Renewal, 1540-1770. Second Ed. Cambridge: Cambridge University Press, 2005, p. 15.
  • 61
    CHAHON, Sergio. Os convidados para a ceia do Senhor. As missas e a vivência leiga do catolicismo na cidade do Rio de Janeiro e arredores (1750-1820). São Paulo: Edusp, 2008, p. 335-355. LEBRUN, François. As reformas: devoções comunitárias e piedade social. In: ARIÈS, P. e CHARTIER, R. Da Renascença ao Século das Luzes (História da Vida Privada sob a dir. de ARIÈS, P. e DUBY, G., v. 3). São Paulo: Cia. das Letras, 1995, p. 73-83.
  • 62
    JABOATÃO, Fr. Antônio de Santa Maria, op. cit., v. 5, p. 761.
  • 63
    Ibid., p. 765.
  • 64
    BYNUM, Caroline Walker. Women Mystics and Eucharistic Devotion in the Thirteenth Century. In: Fragmentation and Redemption. Essays on Gender and Human Body in Medieval Religion. New York: Zone Books, 1992, p. 119-150.
  • 65
    JABOATÃO, Fr. Antônio de Santa Maria, op. cit., v. 5, p. 753.
  • 66
    CORNEJO, Fr. Damian, op. cit., p. 49. Ver também um trecho similar contido em um influente manual devocional: "entre outras devoções que a santa virgem tinha foi muito admirável a do santíssimo Sacramento. Comungava muito frequentemente; fiava com suas mãos, ainda estando doente de cama, lenços delicadíssimos para corporais e serviço do Altar, e repartia-os por todas as Igrejas da cidade de Assis". RIBADENEIRA, Pe. Pedro de, SJ. Flos Sanctorum o libro de las vidas de los santos (...) Primera parte. Año 1675. Con Privilegio. En Madrid: Em la Imprenta Real, p. 439.
  • 67
    BARTOLI, Marco, op. cit., p. 75-79.
  • 68
    JABOATÃO, Fr. Antônio de Santa Maria, op. cit., v. 5, p. 755.
  • 69
    BARTOLI, Marco, op. cit., p. 55.
  • 1
    JABOATÃO, Fr. Antônio de Santa Maria, op. cit., v. 5, p. 754.
  • 71
    NASCIMENTO, Anna Amélia Vieira, op. cit., p. 115-116 e 129.
  • 72
    SOEIRO, Susan A. A Baroque Nunnery, cit., p. 53-55.
  • 73
    NASCIMENTO, Anna Amélia Vieira, op. cit., p. 89-99. A citação está na primeira página.
  • 74
    Para a Regra, ver Constituciones generales, cit., p. 24-25. Quanto aos estatutos, ver NASCIMENTO, Anna Amélia Vieira, op. cit., p. 93. Segundo BARTOLI, Marco, op. cit., p. 104, "Clara nunca acolheu a proibição de falar. Fez do diálogo espiritual e da pregação pontos centrais da vida de sua comunidade", o que afasta a vivência religiosa de Maria da Soledade daquela desenvolvida pela fundadora da Ordem.
  • 75
    JABOATÃO, Fr. Antônio de Santa Maria, op. cit., v. 5, p. 755.
  • 76
    Ibid., p. 756.
  • 77
    KING, Margaret, op. cit., p. 91-103, acerca do quadro europeu.
  • 78
    BARTOLI, Marco, op. cit., p. 116, para a definição de topos hagiográfico.
  • 79
    JABOATÃO, Fr. Antônio de Santa Maria, op. cit., v. 5, p. 760.
  • 80
    LEITE, Pe. Serafim, SJ. História da Companhia de Jesus no Brasil. Rio de Janeiro: INL; Lisboa: Livraria Portugália, 1945, t. V, p. 156.
  • 81
    Ibid., p. 581. Na fonte em questão, os nomes aparecem latinizados: "Stephanus Gandolfi" e Antonius Mª Bonucius".
  • 82
    JABOATÃO, Fr. Antônio de Santa Maria, op. cit., v. 5, p. 761.
  • 83
    Ibid., p. 768-769.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Jan-Jun 2011
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