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O barroco gauchesco-missioneiro: reflexões a partir da memória coletiva dos contadores de causos e das paisagens fantásticas missioneiras

Resumos

Este artigo propõe uma reflexão em torno dos tempos turbulentos vivenciados na região missioneira do Rio Grande do Sul e suas implicações para a memória coletiva e para o imaginário dos contadores de causos que nela vivem. A memória dos diversos conflitos que ocorreram naquele território - do processo da conquista do Novo Mundo, passando pela edificação das sete cidades barrocas nas reduções jesuítico-guarani, até as diversas revoluções que agitaram suas fronteiras - persiste transfigurada nas imagens míticas que reatualizam o bestiário maravilhoso, a presença de espíritos e o terror nas paisagens missioneiras.

memória coletiva; imaginário; missões; Barroco; Rio Grande do Sul.


This article proposes a reflection on the turbulent times experienced missionary in the region of Rio Grande do Sul and its implications for collective memory and the imagination of the storytellers who live there. The memory of many conflicts that occurred in that territory - since the New World conquest process, through the building of baroque seven cities in the Jesuit-Guarani areas, to the various revolutions that stirred their borders - remains transfigured in mythic images that re-presenting the marvelous bestiary, the presence of spirits and terror in the missionary landscape.

collective memory; imaginary; missions; Baroque; Rio Grande do Sul.


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  • VERISSIMO, Érico. O continente. São Paulo: Globo, 2000. v. II.
  • 1
    Cf. CLOAREC, J. Le paysage "catastrophe". Symboles et réalites. Ethnologie Française, CNRS/Réunion des Musées nationaux, 3(19): 299-303, 1989.
  • 2
    Cf. SIMMEL, Georg. Las Ruínas. In: Cultura Femenina y otros ensaios. Madrid: Revista de Ocidente. p. 211-220, 1935.
  • 3
    Cf. BENJAMIN, Walter. O narrador. São Paulo: Abril Cultural, 1980.
  • 4
    Os Sete Povos das Missões pertencem ao chamado II Ciclo Missioneiro. Para o artigo em questão o interesse se volta para a reflexão sobre os povos localizados na banda oriental do Rio Uruguay, situados na região do Tape, atualmente estado do Rio Grande do Sul. De acordo com Beatriz M. da Cruz (Os primórdios do município de Cruz Alta - do período missioneiro até a fundação em 1821. Revista científica da UNICRUZ. Cruz Alta, (2): 41-52, 1999), os "Sete Povos das Missões eram os seguintes: São Francisco de Borja (1687), São Nicolau (1687), São Luiz Gonzaga (1687), São Miguel Arcanjo (1687), São Lourenço Mártir (1690), São João Batista (1697) e Santo Ângelo Custódio (1706 ou 1707)".
  • 5
    As reflexões sobre o tema da memória seguem os caminhos abertos por Walter Benjamin (O narrador. São Paulo: Abril Cultural, 1980a) e Maurice Halbwachs (A memória coletiva. São Paulo: Vértice, 1990), sendo que as referentes ao imaginário, às inspirações bachelardianas e durandianas. Quanto a etno-história, a consulta de uma vasta bibliografia acerca das Reduções Jesuíticas somou-se à leitura dos vários Anais do Simpósio Nacional de Estudos Missioneiros, realizados na cidade de Santa Rosa (RS) ao longo da década de 1980, e das publicações oriundas do Museu Anchietano e da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS).
  • 6
    Uma reflexão mais detalhada sobre este vasto material não cabe no escopo deste artigo, para tanto consultar SILVEIRA, Flávio L. A. da. As paisagens fantásticas e o barroquismo das imagens. Estudo da memória coletiva dos contadores de causos da região missioneira do Rio Grande do Sul. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social. Porto Alegre: UFRGS, 2004.
  • 7
    Cf. RICOEUR, Paul. Tempo e narrativa. São Paulo: Papirus, v. I, 1994.
  • 8
    Cf. FREYRE, Gilberto. Problemas Brasileiros de Antropologia. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio/MEC, 1973.
  • 9
    Cf. CARDOSO DE OLIVEIRA, Roberto. O trabalho do antropólogo. Brasília: Paralelo 15; São Paulo: UNESP, 2000.
  • 10
    Cf. ECKERT, Cornelia; ROCHA, Ana Luiza Carvalho da. Imagens do tempo nos meandros da memória: por uma etno-grafia da duração. In: Imagem e memória: ensaios de Antropologia Visual. Rio de Janeiro: Garamond, 2001. p. 19-40.
  • 11
    Cf. MONTOYA, Antonio R. de. Conquista Espiritual. Porto Alegre: Martins Livreiro, 1997 (1639).
  • 12
    Entre os jesuítas que pertenciam à empresa espanhola existiam alguns de outras nacionalidades europeias, entre eles ale-mães e italianos. Havia ainda, jesuítas criollos nascidos no Paraguay, por exemplo.
  • 13
    Cf. DURAND, Gilbert. As estruturas antropológicas do imaginário. Lisboa: Presença, 1989.
  • 14
    Cf. DECKMANN, Eliane C. Ensaio sobre Etno-História. Estudos Leopoldenses. São Leopoldo, Ed. UNISINOS. 24 (106): 39-46, 1988.
  • 15
    Cf. LEROI-GOURHAN, André. O gesto e a palavra. Técnica e Linguagem. Lisboa: Perspectiva do Homem/Edições 70, (1), s.d.
  • 16
    Cf. SAHLINS, Marshal. Ilhas de História. Rio de Janeiro: Zahar, 1990.
  • 17
    Cf. GRUZINSKI, Serge. La colonización de lo imaginario. México: Fondo de Cultura Económico, 1991.
  • 18
    Cf. PRATT, Mary L. Os olhos do Império: relatos de viagem e transculturação. São Paulo: EDUSC, 1999.
  • 19
    Cf. TAUSSIG, Michael. Xamanismo, colonialismo e o homem selvagem. Um estudo sobre o terror e a cura. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1993.
  • 20
    Cf. REVERBEL, Carlos. O gaúcho. Aspectos de sua formação no Rio Grande e no Rio da Prata. Porto Alegre: L&PM, 1986.
  • 21
    O termo "andarengo" é utilizado no Rio Grande do Sul, por vezes, como uma referência à vida nômade do gaúcho, apare-cendo poeticamente em músicas nativistas referido ao "destino errante" que seria próprio da alma gaúcha e de uma civilização guasca (Cf. REVERBEL, Carlos. Op. cit., p. 76), quando os gaudérios "não se aquerenciavam em parte alguma, vivendo no lombo do cavalo, sem rumo nem pouso certo como os índios-vagos". Utilizo o termo no sentido de uma "expressão nomádica" (Cf. MAFFESOLI, Michel. Du Nomadisme. Societés. Paris: Dunod, 1992. p. 403-412) dos grupos humanos nas paisagens austrais, bem como dos bandos de gaúchos guerreiros e salteadores em suas deambulações - uma "expressão bárbara" (Cf. RUAS, Tabajara e BONES, Eduardo. A cabeça de Gumercindo Saraiva. Rio de Janeiro: Record, 1997) - pelas várias regiões da Província de São Pedro (Cf. PESAVENTO, Sandra J. História do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, Mercado Aberto, 1980).
  • 22
    Cf. SAHLINS, op. cit.
  • 23
    Cf. ELIADE, Mircea. O mito do eterno retorno. São Paulo: Mercuryo, 1992.
  • 24
    C. TAUSSIG, op. cit. e BOLLE, Willi. O arcaico e o moderno na obra de Walter Benjamin. Belém: UFPA. Papers do NAEA, n. 55, 1996.
  • 25
    Cf. DURAND, op. cit.
  • 26
    Neste sentido é importante a referência à obra O Continente, de Érico Veríssimo, remetendo à figura do personagem Pedro Missioneiro, ou ao personagem Francisco Abiaru, na obra Breviário das terras do Brasil. Uma aventura nos tempos da Inquisição, de Luiz Antonio de Assis Brasil, posto que ambos os personagens possuem objetos oriundos das Missões.
  • 27
    Trata-se de uma categoria utilizada pelas pessoas nas Missões riograndenses, relacionada com um tempo recuado que pode ou não ter a sua data especificada.
  • 28
    Eram áreas de terras doadas por fazendeiros ao santo(a) padroeiro(a) da comunidade (São José, Nossa Senhora da Sole-dade, entre outros), como retribuição a uma dádiva alcançada devido a uma "promessa" feita a ele(a). Os grandes proprietários também doavam animais (gado bovino e suíno, galináceos) para serem sacrificados a fim de abastecer os festejos no dia do santo padroeiro. Existe uma grande quantidade de fotografias da primeira metade do século XX, doadas a Nossa Senhora da Soledade, como agradecimento por uma graça alcançada, que estão sob domínio de uma família moradora no interior de São Miguel das Missões.
  • 29
    Cf. ELIADE, op. cit.
  • 30
    Cf. SIMMEL, op. cit.
  • 31
    Cf. BOURDIEU, Pierre. 1998. O poder simbólico. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil.
  • 32
    Cf. TAUSSIG, op. cit.
  • 33
    "Cultura do terror" marcada pelas guerras guaraníticas, pelas várias guerrilhas de fronteira (Revolução Farroupilha; Revolução Federalista, entre outras), associadas aos sucessivos saques de caudilhos às comunidades locais, como foi a invasão às Missões por Fructuoso Rivera, em 1828.
  • 34
    Cf. CALABRESE. Omar. A idade neobarroca. Lisboa: Edições 70, 1989 e ROCHA, Ana. L. C. da. Le santuaire de désodre: l'art de savoir vivre des tendres barbares sous les Tristes Tropiques. Tese de Doutorado. Paris: Sorbonne - Paris V, 1994.
  • 35
    Cf. LE GOFF, Jacques. Lo maravilloso y lo cotidiano en el Occidente Medieval. Barcelona: Gedisa, 1986.
  • 36
    A importância dos trabalhos de Alejo Carpentier (Concerto barroco. São Paulo: Brasiliense, 1985; A literatura do maravilhoso. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 1987.) e José Lezama Lima (A expressão americana. São Paulo: Brasiliense, 1988) é significativa para as reflexões que realizo nesta parte do artigo, bem como a perspectiva de Jorge Luís Borges (Livro dos sonhos. São Paulo: Circulo do Livro, 1976) e de Borges e Maria Guerrero (O livro dos seres imaginários. São Paulo: Globo, 2000). O pensamento de Severo Sarduy (Escrito sobre um corpo. São Paulo: Perspectiva, 1979; Barroco. Lisboa: Veja, 1988) mostra-se de grande relevância para as considerações que realizo. A força poética e mítica dos escritos desses autores latinoamericanos é inspiradora, uma vez que auxilia a pensar o Novo Mundo como uma "expressão americana" (Cf. Lezama Lima, op. cit.), atravessada pela experiência barroca do fantástico e do maravilhoso cotejada pelo terror. Por outro lado, as pinturas de Salvador Dalí, dada à potência de suas imagens envolvendo o desvario e o fabuloso, dinamizam um imaginário onírico e mítico veiculador de arquétipos, bem como os trabalhos de Antonio Berni acerca do cotidiano argentino, considerando sua proximidade com os surrealistas. Tais produções artísticas só encontram paralelo em importância para este trabalho nas pinturas de Hyeronymus Bosch e de Goya, cuja densidade das imagens remete à alegoria de imagens fabulosas no mundo europeu enquanto expressões do terror e do fantástico.
  • 37
    Cf. BACHELARD, Gaston. A poética do espaço. São Paulo: Martins Fontes, 1988a.
  • 38
    Cf. TODOROV, Tzvetan. Fictions et verités. L'Homme. Paris, n. 111-112, 1989. p. 7-33.
  • 39
    Cf. TAUSSIG, op. cit.
  • 40
    Cf. ROCHA, 1994, op. cit.
  • 41
    Cf. THEODORO, Janice. América Barroca: tema e variações. São Paulo: Nova Fronteira, 1992.
  • 42
    Cf. PRATT, op. cit.
  • 43
    Cf. DURAND, 1989, op. cit.
  • 44
    Cf. PRATT, op. cit.
  • 45
    Cf. FREYRE, op. cit.
  • 46
    Cf. BACHELARD, 1988a, op. cit.
  • 47
    Cf. CERTEAU, Michel de. A invenção do cotidiano. Artes de fazer. V. I. Rio de Janeiro: Vozes, 1994.
  • 48
    Cf. SIMMEL, 1935, op. cit.
  • 49
    Cf. TAUSSIG, op. cit.
  • 50
    Cf. FREYRE, op. cit.
  • 51
    Cf. LEZAMA LIMA, op. cit.
  • 52
    Cf. SILVEIRA, op. cit.
  • 53
    Os relatos do padre Montoya (Cf. MONTOYA, Antonio R., op. cit.) estão repletos de alusões às visões do demônio entre os padres jesuítas e os índios guarani reduzidos. Haubert (Cf. HAUBERT, Maxime. Índios e jesuítas no tempo das missões. São Paulo: Companhia das Letras, 1990) faz referências a visões do maligno pelos índios e Meliá (Cf. MELIÁ, Bartomeu. A linguagem de sonhos e visões na redução do índio guarani. In: As missões jesuítico-guaranis: cultura e sociedade. Anais do VII Simpósio Nacional de Estudos Missioneiros. Santa Rosa: Faculdade de Filosofia e Letras Dom Bosco, 1988. p. 9-21) aponta a importância dos sonhos na cosmologia guarani, indicando a relevância do onirismo no processo de catequização perpetrado pelos jesuítas, uma vez que os sonhos entre os Guarani revelavam imagens de santos e de demônios, auxiliando assim no processo de evangelização.
  • 54
    Cf. DURAND, 1989, op. cit.
  • 55
    Cf. LEZAMA LIMA, op. cit.
  • 56
    Neste sentido, o termo barroco é utilizado aqui como representando uma forma singular de mestiçagem dada na conver-gência de imagens, na aderência e colagem dos contrários. Há uma transculturação criativa veiculada na "dialética sincrética" (Cf. CANEVACCI, Massimo. Sincretismos: uma exploração das hibridações culturais. São Paulo: StudioNobel, 1996), considerando ainda a disseminação de imagens e a ressignificação das mesmas. Trata-se, portanto, do surgimento de formas culturais singulares, porque plurais.
  • 57
    Cf. SILVEIRA, op. cit.
  • 58
    Néstor Perlongher (Prosa y Plebeya. Ensayos 1989-1992. Buenos Aires: Colihue, 1997) reflete sobre o "barroco gauchesco" na literatura latino-americana. Utilizo a expressão, passando a operar com a mesma enquanto um complexo de práticas e imagens resultantes dos contatos e fricções entre gaúchos platinos e riograndenses, as populações indígenas (guarani, charrua, minuano, guaicuru, entre outras), associadas à presença de brancos ibéricos e negros numa vasta região do território sulriograndense, uruguaio e argentino. Conforme Perlongher (op. cit., p. 94) o barroco "es una arte [ considero-a, aqui, como uma arte de viver, no sentido de Michel Maffesoli (No fundo das aparências. Petrópolis: Vozes, 1996) ] furiosamente antioccidental, listo a aliarse, a entrar en mixturas 'bastardas' con culturas no occidentales", posto que tem relação com uma "poética de la desterritorialización", ou ainda, com "una verdadera desterritorialización fabulosa". Portanto, trata-se de um processo tensional e sincrético, envolvendo permutas entre diversos grupos humanos americanos com a matriz luso-hispânica numa zona de fronteiras móveis, atravessada por conflitos que originam expressões singulares relacionadas a formas culturais de lidar com o espaço e o tempo na porção meridional americana. Sendo assim, o fato de a figura do gaúcho estar associada a acampamentos, charrua e minuano, não diminui o processo sócio-cultural intrincado de sua formação (e as influências platina, ibérica e negra), considerando ainda a confluência de imagens jesuítico-guarani, na complexificação de tal figura no contexto missioneiro. O tensional e o contraditório movem o processo de configuração de paisagens e de tipos humanos na porção austral americana, seja ele o gaúcho pampeano, litorâneo (relacionado aos campos neutrais) ou o gaúcho missioneiro.
  • 59
    Cf. GRUZINSKI, op. cit.
  • 60
    Nestes termos, teríamos aqui o surgimento de um "barroco nosso" (Cf. LEZAMA LIMA, op. cit.), um barroco americano ou criollo. De acordo com Trevisan (Cf. TREVISAN, Armindo. Um barroco indígena. In: TAVARES, E. Missões jesuítico-guaranis. São Leopoldo: UNISINOS, 1999. p. 86-111), este seria um "barroco triste", porque indianizado nas formas e expressões faciais dos "santos de pau oco". Tratar-se-ia assim, de um barroco que vivia de uma nostalgia do passado índio associado à nova experiência cultural engendrada junto ao jesuíta que intentava a conquista do imaginário guarani.
  • 61
    Cf. RICOEUR, 1994b, op. cit.
  • 62
    Cf. BOSI, Ecléa. Memória e sociedade. Lembranças de velhos. São Paulo: Companhia das Letras, 1994.
  • 63
    Cf. ECKERT, Cornelia e ROCHA, Ana Luiza Carvalho da. Memória, narrativa e as histórias do mundo. Iluminuras: Série do Banco de Imagens e Efeitos Visuais. Porto Alegre: BIEV, PPGAS/UFRGS, (14):1-14, 2000b.
  • 64
    Cf. BENJAMIN, 1980a, op. cit.
  • 65
    Cf. ROCHA, 1994, op. cit.
  • 66
    Cf. ROCHA, Ana L. C. da e ECKERT, C. O tempo e a cidade. Porto Alegre: UFRGS, 2005.
  • 67
    Cf. CALVEZ, M. Brocéliande et ses paysages légendaires. Ethnologie Française. CNRS/Réunion de Musées Nationaux, 3 (19): 215-226, 1989.
  • 68
    Cf. DOURADO, Ângelo. Voluntários do martírio. Narrativa da Revolução de 1893. Porto Alegre: Martins Livreiro, 1997.
  • 69
    As reflexões sobre a Revolução de 1893 quanto à participação de Gumersindo Saraiva naquele episódio sangrento da his-tória riograndense aparecem em S. Dornelles (Gumersindo Saraiva. O guerrilheiro pampaeano. Caxias do Sul: EDUCS, 1988.) e em Tabajara Ruas e Eduardo Bones (A cabeça de Gumercindo Saraiva. Rio de Janeiro: Record, 1997).
  • 70
    Cf. TAUSSIG, op. cit.
  • 71
    Cf. SAID, Edward. Orientalismo. O Oriente como invenção do Ocidente. São Paulo: Companhia das Letras, 1990.
  • 72
    Cf. CANEVACCI, op. cit., p. 17.
  • 73
    Tomo o expansionismo agropecuário vivido pelos missioneiros a partir da primeira metade do século XX, via mecanização do campo, como uma metáfora do monstruoso em terras missioneiras (assim como a intervenção do SPHAN na década de 40). Ou seja, enquanto forma ideológica do imaginário do terror e da expressão do "mal" em engendrar bruscas transformações no estilo de vida e nas experiências de sociação - com a ruptura de reciprocidades (Cf. VELHO, Otávio. O cativeiro da besta-fera. In: _____. Besta-fera: recriação do mundo. Rio de Janeiro: Relume-Dumará, 1995), por exemplo -, naquele contexto pluriétnico. As rupturas originadas pelo moderno capitalismo rural nas práticas técnico-culturais nativas desestruturaram parcialmente os vínculos com os lugares, fragmentando memórias e gerando endividamentos que, como decorrência, resultam em suicídios por motivos de "vergonha", frente às dívidas contraídas pelos agricultores. Tais aspectos associados à ação perniciosa dos agrotóxicos (entre elas a depressão) tendem a originar novos "espaços de morte" (Cf. TAUSSIG, op. cit.) na porção noroeste do Estado, como aparecem nos relatos dos missioneiros e nas observações de campo.
  • 74
    Cf. CERTEAU, op. cit.
  • 75
    Os assombros encontrados na região missioneira do Rio Grande do Sul convergem com uma parcela significativa daqueles encontrados por Elsa Pasteknik (1997) na região missioneira argentina. Alguns desses assombros como evidencia a autora, são narrados por descendentes de brasileiros que se sedentarizaram naquela região. Um estudo comparativo entre as duas regiões mostra-se promissor, no entanto, neste artigo me afasto das interpretações de teor folclorista da autora argentina.
  • 76
    Cf. BOHM, David. A totalidade e a ordem implicada. Uma nova percepção da realidade. São Paulo: Cultrix, 2001.
  • 77
    Cf. DELEUZE, Gilles. A dobra. Leibniz e o barroco. Campinas: Papirus, 1991.
  • 78
    O tesouro é um tema para o qual a literatura se debruça. Para o caso brasileiro, ressalto a importância do trabalho de Cyro Martins (Campo Fora. Porto Alegre: Movimento, 1984) e, para o argentino, os contos fantásticos de Horácio Quiroga (A la deriva y otros cuentos. Buenos Aires: Ediciones Colihue, 1992). Para o contexto uruguaio, o livro infanto-juvenil, O tesouro de Canhada Seca, de Julián Murguía (Porto Alegre: Mercado Aberto, 1998) é ilustrativo.
  • 79
    Cf. FREYRE, op. cit.
  • 80
    Cf. RUAS e BONES, op. cit.
  • 81
    Cf. BOHM, David. e PEAT, F. David. Ciência, ordem e criatividade. Lisboa: Gradiva, 1989; CAPRA, Fritjof. Sabedoria incomum. Conversas com pessoas notáveis. São Paulo: Cultrix, 1997; BOHM, 2001, op. cit.
  • 82
    Cf. PITT-RIVERS, Julian. A doença da honra. In: CZECHOWSKY, N. (Org.). A honra: imagem de si ou o dom de si - um ideal equívoco. Porto Alegre: L&PM, 1992. p. 17-32.
  • 83
    Cf. GASTAL, Suzana. A luz no imaginário gaúcho. In: GONZAGA, S e FISCHER, L. A. Nós, os Gaúchos. Porto Alegre: UFRGS, 1998.
  • 84
    Cf. LOPES NETO, Simões. Contos gauchescos & lendas do sul. Porto Alegre: L&PM, 1999.
  • 85
    É preciso lembrar que a presença dos bandeirantes junto às Missões está associada às imagens do demônio. Os relatos do padre Montoya, no primeiro ciclo missioneiro, demonstram que os Guarani sonhavam com os bandeirantes e viam aparições dos mesmos sob a forma de demônios. A imaginária barroca missioneira apresenta exemplos de representações dos bandeirantes como demônios, como é o caso de uma imagem de São Miguel dominando o diabo sob a forma de um bandeirante. Há o relato de um senhor com quem conversei que afirmou ter visto o demônio no interior do mato em São Miguel das Missões. Sobre o tema ver Bartomeu Meliá (A linguagem de sonhos e visões na redução do índio guarani, op. cit.).

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Jan-Jun 2011
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