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A escrita da arquitetura escolar na historiografia da educação brasileira(1999-2018)

The Writing of School Architecture in the Historiography of Brazilian Education(1999-2018)

La Escritura de la Arquitectura Escolar en la Historiografía de la Educación Brasileña(1999-2018)

Resumo:

Este artigo tem como objetivo apresentar uma cartografia das pesquisas realizadas entre os anos de 1999-2018 sobre a história da arquitetura escolar, originárias das áreas de conhecimento da educação, da história e da arquitetura, ressaltando as principais tendências historiográficas que foram mais determinantes.

Palavras-chave:
escrita da história; educação; história; arquitetura

Abstract:

This article aimed to present a cartography of the researchescarried out between 1999 and 2018, on the history of school architecture originating from the areas of knowledge of Education, History and Architecture, highlighting the main historiographical trends that were most determinant.

Keywords:
writing history; education; history; architecture

Resumen

:

Este artículo tiene como objetivo presentar una cartografía de las investigaciones, realizadas entre los años 1999-2018, sobre la historia de la arquitectura escolar originarias de las áreas de conocimiento de la Educación, de la Historia y de la Arquitectura, resaltando las principales tendencias historiográficas que fueron más determinantes.

Palabras clave:
escritura de la historia; educación; historia; arquitectura

Introdução

No momento de celebração de 20 anos de existência da Sociedade Brasileira de História da Educação (SBHE), tomo a liberdade de expor, no presente artigo, um conjunto de pesquisas que tiveram como ideia fulcral a temática da arquitetura escolar, com destaque especial para a sua contribuição à produção científica da história da educação brasileira nas últimas duas décadas (1999-2018).

Proponho um estudo historiográfico que tem como propósito realizar uma cartografia que opta por se debruçar, de modo mais intenso, nas cooperações intelectuais originárias de uma variedade temática que trata a arquitetura escolar. E, por entender a importância que a interseção de campos de pesquisa foi, para além do âmbito da produção em história da educação, não me furtei de visitar realces marcantes dessa temática nos campos da história e da história da arquitetura sem, contudo, perder o foco da proposta deste artigo.

Evidentemente, o escopo de minha escrita não me autoriza a sugerir ser este um exame completo, mesmo porque não é minha pretensão, mas tentarei abranger configurações e contornos que demonstrem a importância dessa colaboração em nossa historiografia. Trata-se, portanto, de um estudo qualitativo que se utiliza de informações quantitativas sobre essa produção, com o objetivo de desenhar os contornos das escritas históricas sobre a arquitetura escolar produzida no Brasil.

Apesar de a produção brasileira ter um alcance contido, se comparada à europeia e à norte-americana, cabe aqui um destaque para a multiplicidade de olhares internacionais sobre a temática da arquitetura escolar e os diferentes espaços de escolarização, em especial, quando propõem examinar a cultura escolar do ponto de vista dos relatos etnográficos [(Levinson, 1999Levinson, B. A. (1999). Resituating the place of educational discourse in anthropólogy. American Anthropologist, 101(3), 594-604.), Rockwell (2009Rockwell, E. (2009). La experiencia etnográfica: historia y cultura em los procesos educativos. Buenos Aires, AR: Paidós., 2011Rockwell, E. (2011). Recovering history in the anthropology of education. In B. Levison, M. Pollock (Eds.), A companion to the anthropology of education (p. 1-27). Oxford, UK: Wiley-Blackwell.), Heras Montoya (2001Heras Montoya, L. (2001): Espaciosculturales y educativos. Málaga, ES: Universidad de Málaga.)], antropológicos [Silvano (2001Silvano, F. (2001). Antropologia do espaço: uma introdução. Oeiras, PT: Celta.)], sociológicos [Derouet-Besson (1998Derouet-Besson, M.-C. (1998). Les murs de l’école. Éléments de réfexions sur l’espacescolaire. Paris, FR: Métailié.), Remess Pérez e Winfield Reyes (2008Remess Pérez, M., & Winfield Reyes, F. N. (2008). Espacios educativos y desarrollo: Alternativas desde la sustentabilidad y la regionalización. Revista Investigación y Ciencia, (42), 45-50.)], educacionais [Taylor e Enggass (2009Taylor, A. P., & Enggass, K. (2009). Linking architecture and education sustainable design for learning environments. Albuquerque, USA: University of New Mexico Press.), Dudek (2000Dudek, M. (2000). Architecture of schools: the new learning environments. Oxford, UK: Architectural Press.), Hille (2011Hille, T. (2011). Modern schools: a century of design for education. Oxford, UK: John Wiley & Sons.)], psicológicos [(Barrett, Davies, Zhang e Barrett (2016Barrett, P., Davies, F., Zhang, Y., & Barrett, L. (2016). The Holistic Impact of Classroom Spaces on Learning in Specific Subjects. Environment and Behavior, 49(4), 425-451.), Lawson (2001Lawson, B. (2001). The language of space. Oxford, UK: Architectural Press .), Moser (2009Moser, G. (2009). Psychologieenvironnementale: les relations homme-environnement. Bruxelles, BEL: De Boec.)] e designers [Monahan (2002Monahan, T. (2002). Flexible space & built pedagogy: emerging it embodiments. Inventio, (4), 1-19.), Brubaker (1998Brubaker, W. C. (1998). Planning and designing schools. New York, USA: McGraw-Hill) e Scott-Webber, Branch, Bartholomew e Nygaard (2014Scott-Webber, L., Branch, J., Bartholomew, P., & Nygaard, C. (2014). Learning space design in higher education. Oxfordshire, UK: Libri Publishing.)].

Portanto, se a minha ideia é construir uma amostra considerável, mas não completa, capaz de demonstrar aportes metodológicos que considero fundamentais para a análise dos dados, esclareço de antemão que nesse estudo foram considerados as teses, dissertações, livros e artigos de periódicos acadêmicos que, de modo aprofundado, investiram suas narrativas na história da arquitetura e do espaço escolar. Por um lado, estas foram concentradas em resultados de pesquisas de investigadore(a)s vinculado(a)s a instituições brasileiras, independente se suas abordagens tenham sido sobre contextos nacionais e/ou internacionais. Por outro, pela dificuldade de consulta nos diversos repertórios internacionais, não foi possível inserir a produção de pesquisadore(a)s que atuam em instituições no exterior que, porventura, tenham perfilhado análises sobre a arquitetura escolar brasileira, mesmo aqueles que tenham adotado métodos de histórica comparada.

O dinamismo dos estudos da história da arquitetura escolar no Brasil

O que pensam arquitetos, educadores, governantes e seus órgãos públicos sobre a arquitetura escolar.

Nesse recorte, há um conjunto de publicações que direcionou suas discussões e análises na ação de educadores, arquitetos, governantes e suas estruturas de Estado, influenciadores na esfera da arquitetura escolar.

O primeiro grupo que apresento é o dos arquitetos, com Francisca Baltar (1999Baltar, F. M. T. R. (1999). Programa de escolas na segunda metade do século XIX: as escolas construídas pelo arquiteto Bethencourt da Silva (Dissertação de Mestrado em História). Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro., 2001Baltar, F. M. T. R. (2001). Arquitetura de escolas no século XIX. Primeiras escolas construídas no Brasil. História da Educação, 5(10), 53-84.), que se utilizou da biografia de Francisco Joaquim Bethencourt da Silva para demonstrar como ele adotou programas arquitetônicos próprios para a construção de edifícios escolares no Rio de Janeiro do século XIX. Na sequência, publiquei artigo (Bencostta, 2016Bencostta, M. L. (2016). Cândido de Abreu: projetos do primeiro urbanista da cidade de Curitiba do início do século XX. Revista Brasileira de História, (36) 73, 231-254.) acerca do discurso arquitetural do engenheiro Cândido de Abreu, considerado o primeiro urbanista da cidade Curitiba, conhecido por seus projetos de construção de praças e jardins, solares e edifícios públicos e, pouco menos, como autor do projeto de construção do edifício do Grupo Escolar Dr. Xavier da Silva, inaugurado solenemente no final de 1903.

Com diferentes enfoques sobre os arquitetos Vilanova Artigas e Carlos Cascaldi, foi que Alexandre Seixas (2003Seixas, A. R. (2003). A arquitetura escolar de Vilanova Artigas e Carlos Cascaldi (1959-1962) (Dissertação de Mestrado em Arquitetura). Universidade de São Paulo, São Carlos.) e Fábio Valentim (2003Valentim, F. R. (2003). Casas para o ensino: as escolas de Vilanova Artigas (Dissertação de Mestrado em Arquitetura). Universidade de São Paulo, São Paulo.) se preocuparam em apresentar o repertório de edifícios escolares projetados por esses arquitetos, procurando estabelecer conexões entre as suas formações de arquitetos com o debate educacional. Já Hélio Hirao, Cristina Pasquini e Eliana Ribeiro (2016Hirao, H., Pasquini, C. A., & Ribeiro, E. N. (2016). Arquitetura escolar moderna paulista, apropriação sócio espacial, uso e preservação: o projeto de João Clodomiro de Abreu para Presidente Prudente, SP. Tópos, 4(1), 131-145.) se interessaram pelas ideias de Vilanova Artigas, transposicionados nos projetos de João Clodomiro Browne de Abreu. Foi seguindo os princípios modernistas da escola paulista de arquitetura que João Clodomiro, nas décadas de 1950-1960, idealizou a Escola Municipal João Franco de Godoy (Presidente Prudente, SP).

Carlos Ferrata (2008Ferrata, C. A. (2008). Escolas públicas em São Paulo (1962-1972) (Dissertação de Mestrado em Arquitetura). Universidade de São Paulo, São Paulo.) explorou os projetos dos arquitetos modernistas paulistas, como Paulo Mendes da Rocha, UbyrajaraGilioli, Paulo Bastos, Décio Tozzi, voltados para a construção de escolas públicas no Estado de São Paulo (1960-1972). Silvia Wollf (2010Wollf, S. F. S. (2010). Escolas para a República: os primeiros passos da Arquitetura das escolas públicas paulistas. São Paulo, SP: Editora da Universidade de São Paulo.) aborda a contribuição dos arquitetos Ramos de Azevedo, Victor Dubugras, José van Humbeeck, Manuel Sabater e Carlos Rosencrantz no processo de formação da linguagem arquitetural escolar paulista, desde o início da república até meados do século XX. E, Paola Nese (2015Nese, P. L. (2015). Benno Perelmutter e Marciel Peinado: estudo do processo de projeto para edificações escolares (Dissertação de Mestrado em Arquitetura). Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo.) que se empenhou investigar BennoPerelmutter e Marciel Peinado e seus projetos de escolas para a prefeitura de São Paulo e algumas cidades do interior paulista, durante os anos de 1967 a 2008.

No contexto nordestino, Nayane Costa (2017Costa, N. A. S. (2017). O moderno no urbano: reflexos de uma arquitetura escolar no patrimônio cultural de Teresina (1970-1985) Teresina (PI). (Dissertação de Mestrado em História). Universidade Federal do Piauí, Teresina.) se dedicou a investigar a obra do arquiteto piauiense, Miguel Dib Caddah Filho, lotado no Setor de Construções Escolares da Secretaria de Educação do Estado do Piauí. Ele foi responsável pelos projetos em estilo modernista do Centro Estadual de Educação Profissional Governador João Clímaco D’Almeida (1971); Centro Estadual de Educação Profissional Paulo Ferraz (1971); Unidade Escolar Clemente Fortes (1976); e Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí- IFPI (1985).

O segundo grupo que destaco é a dos educadores. Neste foram localizadas apenas as abordagens sobre Anísio Teixeira.

Célia Dórea (2000Dórea, C. R. D. (2000). Anísio Teixeira e a arquitetura escolar: planejando escolas, construindo sonhos. Revista da FAEEBA, 13, 151-160., 2003Dórea, C. R. D. (2003). Anísio Teixeira e a arquitetura escolar: planejamento escolas, construindo sonhos (Tese de Doutorado em Educação). Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo., 2013Dórea, C. R. D. (2013). A arquitetura escolar como objeto de pesquisa em História da Educação. Educar em Revista, 49, 161-181.) e Miriam Chaves (2002Chaves, M. W. (2002). A educação integral e o Sistema Platoon: a experimentação de uma nova proposta pedagógica no antigo Distrito Federal. Educação em Foco, 7(2), 115-125.) destacam a produção intelectual desse educador à frente da Diretoria de Instrução Pública do Distrito Federal (Rio de Janeiro, 1931-1935) e como secretário de Educação e Saúde do Estado da Bahia (1947-1951), que repercutiu diretamente na sua proposta de construção de escolas sintonizadas com as determinações da pedagogia moderna de educação integral. Em outro momento, Talita Silva, T. M. S. (2012). Espaço escolar, arquitetura e pedagogia no Recife: notas para uma modernização sem mudança (Dissertação de Mestrado em Educação). Universidade Federal de Pernambuco, Recife. Silva (2012Silva, T. M. S. (2012). Espaço escolar, arquitetura e pedagogia no Recife: notas para uma modernização sem mudança (Dissertação de Mestrado em Educação). Universidade Federal de Pernambuco, Recife.) indagou a sintaxe da arquitetura moderna recomendada por Anísio Teixeira na construção do Jardim de Infância Ana Rosa Falcão (Recife, 1956-1958), que pertenceu ao espaço do Instituto de Educação de Pernambuco. Samira Chahin (2018Chahin, S. B. (2018). Cidade nova, escolas novas? Anísio Teixeira, arquitetura e educação em Brasília (Tese de Doutorado em Arquitetura). Universidade de São Paulo, São Paulo.) utiliza uma leitura interdisciplinar entre arquitetura, educação e urbanismo para explicar a contribuição desse educador para a produção do espaço escolar no contexto da linguagem moderna arquitetural de Brasília. E, por fim, Alessandro Pereira (2007Pereira, A. G. (2007). Arquitetura escolar: notas comparativas sobre projetos em São Paulo e Brasília (Dissertação de Mestrado em Arquitetura). Universidade de Brasília, Brasília.) se dedica a investigar o conceito de ‘escola progressiva’ e sua influência sobre os arquitetos que projetaram o Grupo Escolar de Nova Utinga (São Paulo, 1959) e o Centro Educacional de Brasília (Distrito Federal, 1959).

O terceiro grupo de personagens é o dos governantes, no qual dois foram identificados como atores principais no estabelecimento de políticas de construção de escolas. O primeiro é apresentado por Marianna Al Assai (2009Al Assai, M. R. B. (2009). Arquitetura, identidade nacional e projetos políticos na Ditadura Varguista: as escolas práticas de agricultura do Estado de São Paulo (Dissertação de Mestrado em Arquitetura). Universidade de São Paulo, São Paulo.) que se interessou pelo período da Ditadura Vargas, em especial, a gestão do interventor de São Paulo, Fernando de Sousa Costa (1942-1945), responsável pelas políticas de construção das Escolas Práticas de Agricultura do Estado de São Paulo, sublinhadas por partidos arquitetônicos neocoloniais. O segundo é ressaltado nos livros e artigo de Claudemir Quadros (2001Quadros, C. (2001). Brizoletas: a ação do governo de Leonel Brizola na educação pública do Rio Grande do Sul (1959-1963). Teias, 3, 1-12., 2003Quadros, C. (2003). As brizoletas cobrindo o Rio Grande: a educação pública no Rio Grande do Sul durante o governo de Leonel Brizola (1959-1963). Santa Maria: Editora da Universidade Federal de Santa Maria., 2005Quadros, C. (2005). Marcas do tempo: imagens e memórias das brizoletas. Santa Maria, RS: Editora do Centro Universitário Franciscano.) sobre o governador do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola (1959-1963), criador do projeto educacional ‘Nenhuma criança sem escola no Rio Grande do Sul’, que ampliou o acesso à educação ao alargar o número de edifícios escolares daquele Estado, popularmente conhecidas como ‘brizoletas’.

Para arrematar esse item, ressalto, no interior desse terceiro grupo, a reunião de pesquisas que estudaram com afinco a ação de órgãos do governo responsáveis pela constituição de normas e aglutinação de recursos financeiros para a construção de edifícios escolares. Nesse âmbito estão André Alves (2008Alves, A. A. A. (2008). Arquitetura escolar em São Paulo 1957-1965: o PAGE o IPESP e os arquitetos modernos paulistas (Tese de Doutorado em Arquitetura). Universidade de São Paulo, São Paulo.), Flávio Hadlich, (2009Hadlich, F. (2009). As escolas do IPESP: projetos de edifícios escolares produzidos para o Instituto de Previdência do Estado de São Paulo de 1959 a 1962 (Dissertação de Mestrado em Arquitetura). Universidade de São Paulo, São Paulo.), Camila Lima, (2013Lima, C. V. (2013). As escolas implementadas no interior do Estado de São Paulo pelo Plano de Ação do Governo do Estado entre os anos de 1959 e 1963 (Dissertação de Mestrado em Arquitetura). Universidade de São Paulo, São Carlos.) e Angélica Costa (2015Costa, A. I. (2015). As obras escolares do Plano de Ação do Governo do Estado de São Paulo (PAGE): a educação em novas formas (Tese de Doutorado em Arquitetura). Universidade de São Paulo, São Paulo.), que trataram do Plano de Ação do Governo do Estado (PAGE), implementado pelo governador de São Paulo, Carlos Alberto de Carvalho Pinto (1959-1963).

A síntese desses trabalhos destaca a atuação do Instituto de Previdência do Estado de São Paulo (IPESP) para a propagação de uma nova arquitetura escolar no sistema público que contou com a participação de jovens arquitetos que contribuíram na organização do Fundo Estadual de Construções Escolares (FECE). Sintonizados com esses trabalhos, Mário Caldeira (2005Caldeira, M. H. C. (2005). Arquitetura para educação: escolas públicas na cidade de São Paulo (1934-1962) (Tese de Doutorado em Arquitetura). Universidade de São Paulo, São Paulo.) encarrega-se de escrutinar a história dos dois Convênios Escolares do Estado de São Paulo (1943-1948/1949-1954), posteriormente substituídos pela Comissão de Construções Escolares, que assumiram o compromisso de planejar e executar a política de construção de grupos escolares, ginásios, piscinas e bibliotecas para o sistema público de ensino municipal e estadual. Do mesmo modo, Avany Ferreira & Mirela Mello (2006Ferreira, A. F., & Mello, M. G. (Org.). (2006). Arquitetura escolar paulista: anos 1950 e 1960. São Paulo, SP: FDE.), em obra encomendada pela Fundação para o Desenvolvimento da Educação (FDE) da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, organizaram, em formato de livro, os projetos de escolas públicas idealizados nas décadas de 1950 e 1960, por recomendação do Convênio Escolar e pelo IPESP. No plano da historiografia da arquitetura escolar paulista, André Alves (2011Alves, A. A. A. (2011). Implicações historiográficas da consulta às fontes primárias no estudo da arquitetura escolar pública paulista (1959-1962). Fórum Patrimônio, 4(2), 24-48.) revisa como o IPESP, ao dar preferência, entre os anos de 1959-1963, ao caráter modelar dos prédios escolares que saíram da prancheta de Vilanova Artigas, revela contradições entre o discurso desse órgão e suas bases documentais.

Continuando no contexto paulista, mas em período posterior, Mirela Mello (2012Mello, M. G. (2012). Arquitetura escolar pública paulista: Fundo Estadual de Construções Escolares - FECE 1966/1976 (Dissertação de Mestrado em Arquitetura). Universidade de São Paulo, São Paulo.) realizará sua pesquisa acerca da produção do FECE, que foi o órgão responsável por planejar, projetar e edificar escolas para a rede estadual de ensino, entre os anos de 1966-1976, considerado período de grande exuberância para a arquitetura escolar pública no Estado de São Paulo.

Sobre o Estado de Minas Gerais, junto com Marina Braga (Bencostta & Braga, 2011Bencostta, M. L., & Braga, M. F. (2011). História e arquitetura escolar: a experiência dos regulamentos franceses e brasileiros para os edifícios escolares (1880-1910). Linhas, 12(1), 51-72.), escolhemos as determinações para a construção dos edifícios escolares mineiros, publicadas no ‘Regimento interno dos grupos escolares e escolas isoladas’ [Minas Gerais, 1907], e realizamos um exercício comparativo com o contexto francês, a partir do ‘Regulamento para a Construção e Mobiliário de Casas Escolares’ [França, 1880]. Continuando em Minas, Geraldo Silva (2016Silva, R. O. (2016). Cultura escolar no Colégio Nossa Senhora do Rosário em Alagoa Grande - PB (1955-1965) (Dissertação de Mestrado em História). Universidade Federal de Campina Grande, Campina Grande.), que tratou da Campanha de Reparo e Restauração dos Prédios Escolares do Estado (CARRPE) e da Comissão de Construção, Ampliação e Reconstrução dos Prédios Escolares do Estado (CARPE), é um interessante exemplo de pesquisa historiográfica que coloca em cena a arquitetura escolar mineira, durante os anos de 1958-1987, a partir do exame minucioso das políticas desses órgãos públicos.

História das instituições e história da arquitetura: continuam em cena os edifícios escolares

Desde as últimas décadas, a produção em história da arquitetura escolar vem se desenvolvendo no cenário historiográfico com regularidade. E, nessa continuidade, um caminho que tem seduzido a atenção do(a)s pesquisador(a)s é aquele que trata da história de instituições educacionais, com ênfase na configuração e tipificação arquitetural de seus edifícios. E, nesse quadro, posso afirmar com bastante tranquilidade que a maioria dos trabalhos esteve preocupada com o universo escolar público, onde é perceptível a quantidade de pesquisas concluídas sobre a arquitetura voltada para as instituições de ensino primário, em especial, a escola graduada, representada pelos grupos escolares. Por isso, inicio minha abordagem por este tipo de nível de ensino por considerar sua expressiva produção, se comparada àquelas relacionadas às instituições dos demais níveis de ensino.

Quando o livro de Ester Buffa & Gelson Pinto (2002Buffa, E., & Pinto, G. A. (2002). Arquitetura e educação: organização do espaço e propostas pedagógicas dos grupos escolares paulistas (1893-1971) São Carlos, SP: Editora da Universidade Federal de São Carlos .) e aquele por mim organizado (Bencostta, 2005Bencostta, M. L. (2005). História da educação, arquitetura e espaço escolar. São Paulo, SP: Cortez.), decorrente de artigo anteriormente publicado (Bencostta, 2001Bencostta, M. L. (2001). Arquitetura e espaço escolar: reflexões acerca do processo de implantação dos primeiros grupos escolares de Curitiba (1903-1928). Educar em Revista, 18, 103-141.), convergiram suas investigações para o tema da história da arquitetura dos grupos escolares, o primeiro sobre o Estado de São Paulo e o segundo sobre a cidade de Curitiba (Paraná), eles não somente pontuaram, com suas pesquisas, a importância da contribuição desse tópico para a historiografia da educação brasileira, mas também incentivaram outros pesquisadores a olharem e interpretarem as instituições escolares a partir de suas arquiteturas.

Foi o que fizeram mais de duas dúzias de pesquisadore(a)s, tais quais aquele(a)s que aprofundaram suas análises baseadas na relação existente entre a construção de novos edifícios para a escola primária e o processo de urbanização vivenciado pelas cidades onde eles estavam instalados. São os casos de Fabrícia Fernandes & Erika Alaniz (2016Fernandes, F. D. C. M., & Alaniz, E. P. (2016). Padrões arquitetônicos escolares e expansão do Ensino Fundamental no início do século XX no Brasil. Reveduc, 10(3), 87-103.) para o contexto macro envolvendo as circunstâncias brasileiras e os que seguem com uso de lentes reduzidas, tais como Ana Morreira (2005Moreira, A. Z. M. (2005). Um espaço pioneiro de modernidade educacional: Grupo Escolar Augusto Severo ─ Natal/RN (1908-1913) (Dissertação de Mestrado em Arquitetura). Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal.), para a capital do Rio Grande do Norte [Natal, 1908-1913]; Maria Bueno (2008Bueno, M. F. G. (2008). A história da educação: a cidade, a arquitetura escolar e o corpo. Cadernos do CEOM, (21), 28, 243-278.), Fabiana Oliveira (2007Oliveira, F. V. (2007). Arquitetura escolar paulista nos anos 30 (Dissertação de Mestrado em Arquitetura). Universidade de São Paulo, São Paulo.) e Alessandro Ventura (2003Ventura, A. (2003). A evolução da arquitetura escolar paulista desde 1890: os programas e partidos. Sinopses, 39, 60-65.), para o Estado de São Paulo [1891-1930], Ingrid Ambrogi (2005Ambrogia, I. H. (2005). Os paradeiros da escola primária pública paulistana, 1922-2002: representações sobre o tempo, os espaços e os métodos (Tese de Doutorado em História), Universidade de São Paulo, São Paulo.) e Mozart de Araújo Júnior (2007Araújo Jr., M. (2007).Grupo Escolar e espaço arquitetônico: um estudo sobre os dispositivos materiais de produção da Escola Graduada (1893-1917) (Dissertação de Mestrado em Educação). Universidade de Sorocaba, Sorocaba.) para a capital de São Paulo [São Paulo, 1893-2001]; Noemia Fernandes (2006Fernandes, N. L. B. (2006). Arquitetura Escolar carioca: edificações construídas entre 1930 e 1960 (Dissertação de Mestrado em Arquitetura). Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro.), para a capital do Rio de Janeiro [Rio de Janeiro, 1930-1960]; Cláudio Fonseca (2004Fonseca, C. L. (2004). Arquitetura das escolas públicas nas reformas educacionais mineiras (1892-1930) (Dissertação de Mestrado em Educação). Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte.), para a capital de Minas Gerais [Belo Horizonte, 1892-1930]; Adriana Broering, Patrícia Brant & Adilson De Angelo (2013Broering, A. S., Brant, P. R. S. S., & De Angelo, A. (2013). Educação Infantil Pública Municipal em Florianópolis: um estudo da arquitetura escolar a partir de documentos iconográficos. Linhas, 14(26), 42-60.) e Adriana Broering (2014Broering, A. S. (2014). Arquitetura, espaços, tempos e materiais: a educação infantil na Rede Municipal de Ensino de Florianópolis (1976-2012) (Dissertação de Mestrado em Educação). Universidade do Estado de Santa Catarina, Florianópolis.) para a capital de Santa Catarina [Florianópolis, 1976-2012]; Tatiane Ermel (2011Ermel, T. F. (2011). O “Gigante do Alto da Bronze”: um estudo sobre o espaço e arquitetura escolar do Colégio Elementar Fernando Gomes em Porto Alegre/RS (1913-1930) (Dissertação de Mestrado em Educação). Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre., 2016Ermel, T. F. (2016). Cidade e escola: a construção visual do Colégio Elementar Fernando Gomes em Porto Alegre/RS - Brasil (1913-1935). Espacio, Tiempo y Educación, 3(2), 351-377., 2017bErmel, T. F. (2017b). Arquitetura escolar e patrimônio histórico-educativo: os edifícios para a escola primária pública no Rio Grande do Sul (1907-1928) (Tese de Doutorado em Educação). 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Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória.), para o Estado do Espírito Santo [1908-1930]; Zilsa Santiago (2011Santiago, Z. M. P. (2011). Arquitetura e instrução pública: a reforma de 1922, concepção de espaços e formação de Grupos Escolares no Ceará (Tese de Doutorado em Educação). Universidade Federal do Ceará, Fortaleza.), para o Estado do Ceará [1922]; Crislaine Azevedo (2006Azevedo, C. B. (2006). Grupos escolares em Sergipe (1911-1930): cultura escolar e civilização (Dissertação de Mestrado em Educação). Universidade do Estado da Bahia, Salvador., 2010Azevedo, C. B. (2010). Arquitetura e Grupos Escolares em Sergipe: uma relação entre espaço e educação na escola primária. Outros Tempos, 7(10), 119-142.) e Magno Santos (2009Santos, M. F. J. (2009). Ecos da modernidade: a arquitetura dos grupos escolares sergipanos (1911-1926) (Dissertação de Mestrado em Educação). Universidade Federal de Sergipe, Aracaju., 2013Santos, M. F. J. (2013). Ecos da modernidade: a arquitetura dos grupos escolares sergipanos (1911-1926). São Cristóvão, SE: Editora da Universidade Federal de Sergipe.), para o Estado de Sergipe [1911-1930]; Ângelo Arruda (2010Arruda, A. M. V. (2010). Arquitetura dos edifícios da Escola Pública no Brasil (1870-1930): construindo os espaços para a educação (Tese de Doutorado em Educação). Universidade do Mato Grosso do Sul, Campo Grande., 2011Arruda, A. M. V. (2011). Arquitetura Escolar em Mato Grosso (1890-1930). Linhas, 12(1), 73-94.), para o Estado de Mato Grosso [1890-1930] e Eduardo Cunha (2009Cunha, E. F. (2009).Grupo Escolar Palácio da Instrução de Cuiabá (1900-1915): arquitetura e pedagogia (Dissertação de Mestrado em Educação). Universidade Federal do Mato Grosso, Cuiabá.), para a capital do Mato Grosso [Cuiabá, 1900-195]; Elisabeth Castro (2008Castro, E. A. (2008). Grupos escolares de Curitiba na primeira metade do século XX. Curitiba, PR: Edição da Autora., 2009Castro, E. A. (2009). A arquitetura dos grupos escolares do Paraná na Primeira República. Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos, 90(224), 122-148.), para o Estado do Paraná [1903-1953] e Ana Correia (2004Correia, A. P. P. (2004). História e arquitetura escolar: os prédios escolares públicos de Curitiba (1943-1953) (Dissertação de Mestrado em Educação). Universidade Federal do Paraná, Curitiba.) e Iêda Viana (2016Viana, I. (2016). A Rede Municipal de Ensino de Curitiba e suas relações com o processo de urbanização: a materialidade do espaço escolar. Comunicações, 23 (3), 55-73.), para a capital do Paraná [Curitiba, 1943-1980]; NajarPorcel (2007Porcel, N. R. (2007). República e educação: as imagens arquitetônicas e jornalísticas do Grupo Escolar Barão de Monte Santo (Mococa-SP) (Dissertação de Mestrado em Educação). Universidade Estadual de Campinas, Campinas.), para a cidade de Mococa e Korina Costa (2016Costa, K. A. T. F. (2016). Arquitetura e gênero nas transições do espaço escolar: estudo de caso da Escola Navio (1950-1970) (Dissertação de Mestrado em Educação). Universidade do Oeste Paulista, Presidente Prudente .), para a cidade de Presidente Prudente [São Paulo, 1913-1970]; Marina Braga (2009Braga, M. F. (2009). Arquitetura e espaço escolar na “Atenas Mineira”: os grupos escolares de Juiz de Fora (1907-1927) (Dissertação de Mestrado em Educação). Universidade Federal do Paraná, Curitiba.), para a cidade de Juiz de Fora e Cláudia Baracho (2016Baracho, C. E. (2016). Grupo Escolar Professora Júlia Kubitschek: modernização na arquitetura e nas concepções educacionais em Diamantina, 1951-1961 (Dissertação de Mestrado em Ciências Humanas). Universidade Federal dos Valess do Jequitinhonha e Mucuri, Diamantina. ), para a cidade de Diamantina [Minas Gerais, 1892-1961]; Sandra Abreu e Déborah Souto (2015Abreu, S. E. A., & Souto, D. A. (2015). O Grupo Escolar Antensina Santana: criação, denominação e a arquitetura escolar. Linhas, 16(30), 49-84.), para a cidade de Anápolis [Goiás, 1924-1945] e Paula Cruz e Maria Stamatto (2018Cruz, P. L. C. A., & Stamatto, M. I. S. (2018). A arquitetura escolar na construção do imaginário republicano. Acta Scientiarum. Education, 40(2), 3-9.), para a cidade de São José de Mipibu [Rio Grande do Norte, 1909-1920].

Em contraposição ao modelo urbano, um estudo peculiar sobre a arquitetura de edifício no universo rural é a de Maria Lima (2004Lima, M. D. A. (2004). A escola típica rural em Pernambuco: arquitetura, espaço escolar e proposta pedagógica (1940/1960) (Dissertação de Mestrado em Educação). Universidade Federal de Pernambuco, Recife.), que tratou do modelo de escola adotado na década de 1940, no Estado de Pernambuco, designada de Escola Típica Rural.

Em síntese, a perspectiva em comum dos estudos sobre o ensino primário consiste na análise de uma série de elementos simbólicos que convergem para determinado tipo de premissa discursiva alinhada ao ideário propagandístico educacional republicano que empregou princípios e características físicas de monumentalidade, simetria, elementos decorativos e volumetria. Tal premissa está sustentada no argumento assinalado pelo regime republicano que insistia no convencimento, à sociedade brasileira, de que suas instituições, inclusa a escola primária, estavam sintonizadas com as vanguardas modernas na forma de construir edifícios públicos.

As pesquisas levaram em conta o desejo da república de inserir, no seu discurso arquitetural, novas perspectivas respaldadas pelas discussões modernistas, mas, em parte, os resultados das análises encontraram incompatibilidades recorrentes que distanciavam as argumentações do Estado pela organização do ensino primário com a realidade encontrada na materialidade do edifício em si, dificultada pela ineficiência de racionalidades funcionais diversas tais como localização da escola na cena urbana; adequada distribuição de seus espaços didáticos, administrativos e lúdicos; apropriada capacidade para abrigar a demanda por vagas; insalubridades no seu interior e no seu entorno etc.

Sobre a história dos edifícios escolares voltados para o ensino médio, começo com a história da Escola Normal de São Carlos [São Paulo, 1911-1933], com Ailton Morila (2005Morila, A. P. (2005). Um monumento na avenida: a Escola Normal de São Carlos. Revista HISTEDBR On-line, 19, 40-62.) e Ester Buffa & Paolo Nosella (2006Buffa, E., & Nosella, P. (2006). ScholaMater:a antiga Escola Normal de São Carlos, 1911-1933. São Carlos, SP: Editora da Universidade Federal de São Carlos.) que trataram com bastante propriedade da inserção desse monumento na memória daquela cidade. Jacqueline Oliveira (2008Oliveira, J. H. T. (2008). Escola Normal do Ceará: o ensino ativo e a arquitetura do Palacete da Praça Figueira de Melo (1922-1934) (Dissertação de Mestrado em Educação). Universidade Federal do Ceará, Fortaleza.) se voltou para a Escola Normal do Ceará, inaugurada, em 1923, no contexto da Reforma Educacional de 1922, quando se transformou em importante laboratório do ideário escolanovista na formação de professore(a)s cearenses. Também no Nordeste, Marina Oliveira (2013Oliveira, M. G. (2013). Arquitetura para uma Nova Escola: modernização da arquitetura escolar de João Pessoa (década de 1930) (Dissertação de Mestrado em Arquitetura). Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa.) verificou aproximação semelhante entre a Escola Nova com a realidade educacional paraibana na década de 1930, ao perfilhar como objeto de pesquisa o projeto de modernização de arquitetura escolar representado pelo edifício do Instituto de Educação da Paraíba, instalado em consequência do Plano de Reforma da Instrução Pública de 1935.

Na região Sul, Ana Correia (2013Correia, A. P. P. (2013). “Palácios da Instrução”- história da educação e arquitetura das escolas normais no Estado do Paraná (1904 a 1927)(Tese de Doutorado em Educação). Universidade Federal do Paraná, Curitiba.) ocupou-se da gramática espacial destinada à construção das Escolas Normais do Paraná, aquelas implantadas nas cidades de Curitiba, Ponta Grossa e Paranaguá [Paraná, 1904-1927]. A autora não deixou de lado interessantes análises acerca da inserção desses edifícios nas três cidades, ao levar em consideração a importância da linguagem arquitetônica empregada e o simbolismo que eles transmitiam aos seus habitantes. Também Elisabeth Castro e Zulmara Posse (2012Castro, E. A., & Posse, Z. C. S. (2012). Ginásios, escolas normais e profissionais: a arquitetura escolar no Paraná na primeira metade do Século XX. Curitiba, PR: Edição das Autoras .) registram a participação das Escolas Normais paranaenses no cenário de instituição e consolidação da rede pública do Estado, com destaque para transformações dos conceitos e diretrizes referentes à instrução e à arquitetura de escolas.

Fora do círculo das pesquisas sobre as escolas secundárias para a formação de professore(a)s, Márcia Teixeira (2005Teixeira, M. H. V. (2005). Palacete Babilônia, de residência a sede do Colégio Militar: arquitetura neoclássica no Rio de Janeiro imperial ( Dissertação de Mestrado em Arquitetura). Universidade Federal Fluminense, Niterói.) foi ao encontro da obra arquitetônica neoclássica, construída em 1864, para ser um palacete e, depois, adaptada para abrigar o primeiro Colégio Militar do Brasil [Rio de Janeiro, 1889], protegido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), desde 2000. Elisabeth Castro e MarialbaImaguire (2006Castro, E. A., & Imaguire, M. R. G. (2006). Ensaios sobre arquitetura em Curitiba 2: colégios e educandários. Curitiba, PR: Edição das Autoras.) organizaram com bastante cuidado uma tipografia arquitetural de colégios públicos, religiosos e educandários da cidade de Curitiba [Paraná, 1853-1950], tomando como suporte suas particularidades e semelhanças, entre seus estilos e partidos. Da mesma forma, Elisabeth Castro e Zulmara Posse (2012Castro, E. A., & Posse, Z. C. S. (2012). Ginásios, escolas normais e profissionais: a arquitetura escolar no Paraná na primeira metade do Século XX. Curitiba, PR: Edição das Autoras .) dedicam espaço para a arquitetura dos ginásios, escolas profissionais e educandários paranaenses como meio de inserir seus projetos nas políticas de construção do sistema público do Estado [Paraná, 1900-1950]. Ângelo Arruda e EurizePessanha (2008Arruda, A. M. V., & Pessanha, E. (2008). Arquitetura escolar de ‘escolas exemplares’ em quatro cidades brasileiras: expressão de projetos de modernização e escolarização de 1880 a 1954. Cadernos de História da Educação, 7, 59-75.), em estudo comparativo, esquadrinham os estilos arquitetônicos do Liceu de Humanidades de Campos (Campos de Goytacazes, GO), do Liceu Campograndense (Campo Grande, MS) e do Ginásio Mineiro de Uberlândia (Minas Gerais), no período de 1880-1954.

Quanto aos prédios de ensino secundário voltados para as elites e grupos étnicos, o primeiro exemplo que apresento é o da edificação do Atheneu Sergipano [Aracaju, 1871-1900], centro de interesse de investigação de Eva Alves e Waldinei Silva (2017Alves, E. M. S., & Silva, W. S. (2017). A Arquitetura do Saber: o primeiro prédio do Atheneu Sergipense do Século XIX. Revista Tempos e Espaços em Educação, 10(22), 59-68.), cuja construção se tornou ícone de transformação urbana no atendimento das elites aracajuanas, ainda sob a égide do regime monárquico. Também circunstanciado no século XIX-XX, Regina Souza (2006Souza, R. M. S. (2006). Deutsche Schule, a escola alemã de Curitiba: um olhar histórico (1884-1917) (Tese de Doutorado em Educação). Universidade Federal do Paraná, Curitiba.) reservou parte de seu estudo para detalhar o edifício da Escola Alemã, em Curitiba [1884-1917]. Seguindo à frente, Lucas Grimaldi (2016Grimaldi, L. C. (2016). Na sensibilidade da memória estudantil: prédios e espaços escolares nas narrativas de estudantes em Porto Alegre/RS (1920-1980) (Dissertação de Mestrado em Educação). Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre.) abordou os projetos arquitetônicos de quatro colégios privados gaúchos: Colégio Anchieta, Colégio Americano, Colégio Farroupilha e Colégio Rosário [Porto Alegre, 1920-1980]. Este trabalho se valeu de uma interessante via de pesquisa, ainda pouco utilizada pelo(a)s historiadore(a)s da arquitetura escolar, que é a história oral. No sertão nordestino, Robson Silva (2016Silva, G. A. A. (2016). Arquitetura escolar em Minas Gerais: a experiência da CARPE (Dissertação de Mestrado em Arquitetura). UFMG, Belo Horizonte.) exemplifica, em sua pesquisa, a ação educacional católica com o exemplo do Colégio Nossa Senhora do Rosário, fundado em 1919, na cidade de Alagoa Grande, para atender às filhas do norte do Estado paraibano. Em sua abordagem, o autor enfatiza a organização do espaço escolar daquela instituição, entre os anos de 1955-1965.

Sobre o ensino profissionalizante, Artemis Ferraz (2008Ferraz, A. R. F. (2008). Arquitetura moderna das escolas \"S\" paulistas, 1952-1968: projetar para a formação do trabalhador (Tese de Doutorado em Arquitetura). Universidade de São Paulo, São Paulo.) soube bem destacar a arquitetura das escolas paulistas do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC), do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) e do Serviço Social do Comércio (SESC), entre os anos de 1950-1960, quando o Brasil vivencia um processo intenso de industrialização no país. Já MarieleIzolan (2013Izolan, M. (2013). Instituto Dona Escholastica Rosa (1899-1933): a partir do "olhar" de Júlio Conceição (Dissertação de Mestrado em Educação).Universidade de Santos, Santos.) teve como objeto o projeto arquitetônico do Instituto D. Escholastica Rosa, inaugurado em 1908 na cidade de Santos (São Paulo). O recorte histórico vai até 1933, quando o instituto modificou sua configuração espacial por conta das novas demandas educacionais e urbanas.

Nessa etapa de escrutínio dos dados, notei nesse bloco menor intensidade no volume de pesquisas sobre a arquitetura nesse nível de ensino, se comparado aos estudos sobre a arquitetura da escola primária. Nesse subgrupo causaram maior curiosidade do(a)s especialistas as instituições de formação de professore(a)s, como as Escolas Normais e Institutos de Educação, como em índice semelhante, os colégios, liceus e ginásios. Mas o destaque para as escolas militares e profissionalizantes foi acanhado.

No percurso imediato, observei a produção de pesquisadore(a)s interessado(a)s em decifrar a história da arquitetura dos espaços institucionais de ensino superior, quer tenham eles sido mantidos pelo poder público ou pela iniciativa privada.

No circuito do ensino superior, Ester Buffa e Gelson Pinto (2009Buffa, E., & Pinto, G. A. (2009). Arquitetura e educação: câmpus universitários brasileiros. São Carlos, SP: Editora da Universidade Federal de São Carlos ., 2016Buffa, E., & Pinto, G. A. (2016). O território da universidade brasileira: o modelo de Câmpus. Revista Brasileira de Educação, 21, 809-831.) expõem, a partir do exemplo das universidades federais do Rio de Janeiro (UFRJ), do Rio Grande do Sul (UFRGS), de Brasília (UnB) e das estaduais de São Paulo (USP) e de Campinas (UNICAMP), como o modelo de campus foi utilizado como solução urbanística, arquitetônica e pedagógica para a configuração de seus espaços. Ainda sobre a temática, Antonio Oliveira (2005Oliveira, A. J. B. (2005). Das ilhas à cidade: a universidade visível: a construção da Cidade Universitária da Universidade do Brasil (1935-1950) (Dissertação de Mestrado em História). Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro.) aprofundou, no seu estudo, a configuração urbanística e arquitetônica da cidade universitária da UFRJ, assentada na ilha do Fundão. Inaugurada oficialmente, em 1953, pelo presidente Getúlio Vargas, ela só foi concluída, efetivamente, em 1972, no governo Médici. Osmar Oliveira (2006Oliveira, O. A. S. (2006). O Câmpus-Sede da Universidade Estadual de Maringá - UEM: um estudo do ambiente construído (Dissertação de Mestrado em Educação). Universidade Estadual de Maringá, Maringá.) focalizou suas análises nas linguagens arquitetônicas adotadas para o campus da Universidade Estadual de Maringá (UEM) [Paraná 1970-2005], identificando com precisão a organização espacial dessa jovem universidade com os planos piloto para a cidade, década de 1970, projetados pelos arquitetos Jaime Lerner, Domingos Bongestabs e Marcos Prado.

Sobre as universidades nordestinas, Magda Macêdo (2012Macêdo, M. M. S. C. (2012).Campus no Nordeste: reforma universitária de 1968 (Tese de Doutorado em Arquitetura). Universidade de São Paulo, São Paulo.) empenhou-se na análise ampliada das questões urbanas e arquitetônicas das Universidades Federais do Ceará (UFC), da Paraíba (UFPB), do Rio Grande do Norte (UFRN), de Alagoas (UFAL), do Maranhão (UFMA), de Sergipe (UFS) e do Piauí (UFPI), tomando como fundamento o pensamento do consultor norte-americano Rudolph Atcon e sua influência no texto da Reforma Universitária de 1968.

Também prédios que abrigaram instituições de ensino superior foram centro de interesse para Marcelo Tabraj (1999Tabraj, M. B. (1999). Edifício educacional protestante: Seminário Teológico Presbiteriano do Centenário (Dissertação de Mestrado em Educação). Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória.), que seguiu os vestígios arquitetônicos do Seminário Teológico Presbiteriano do Centenário [Vitória, 1963], e de Felipe Contier (2015Contier, F. A. (2015). O edifício da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo na cidade universitária: projeto e construção da Escola de Vilanova Artigas (Tese de Doutorado em Arquitetura). Universidade de São Paulo, São Carlos.), que não poupou esforços para detalhar a importância para a história da arquitetura moderna, o projeto de Vilanova Artigas para o edifício da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo localizado na cidade universitária de São Paulo [USP,1960-1961]. E, por fim, Gisele Machado (2017Machado, G. T. (2017). “Sentinelas dos Mares do Glorioso Brasil”: a formação dos oficias na Escola Naval (1932-1942) (Tese de Doutorado em Educação). Universidade Federal do Paraná, Curitiba.) analisou o complexo arquitetônico da Escola Naval [Rio de Janeiro, 1932-1942], plenamente alinhado ao projeto nacionalista da ditadura Vargas para a formação de oficiais da Marinha brasileira. Nessa pesquisa, a autora, de modo inédito, também investigou o espaço físico educacional do Navio-Escola Almirante Saldanha, embarcação oficial da Escola Naval, que realizava as viagens de instrução com os aspirantes e guardas-marinhas.

Sobre essa amostra, uma conclusão que de imediato anuncio é o crescimento ainda tímido dos olhares investigativos para o universo do ensino superior e universitário. Ainda existe uma lacuna em aberto que convida à investigação sobre a história da arquitetura e dos diferentes modelos de campi e cidades universitárias, suas bibliotecas, faculdades e institutos. Até este momento, entendo que esse perfil seja, em parte, resultado da paixão eufórica que o campo nutre pela história da arquitetura escolar das instituições de ensino primário, restringindo, de algum modo, o esforço e o interesse que o(a)s pesquisadore(a)s possam ter por sondagens robustas que investiguem os elementos simbólicos e representativos que o espaço universitário oferece à explicação histórica.

Novas abordagens, balanços e desafios à vista

O advento dos estudos sobre a cultura escolar para a historiografia da educação trouxe consigo a importância de compreender a relação intrínseca existente entre a cultura material e a arquitetura escolar. Isso fez com que o edifício para fins relacionados à educação fosse investigado como aquele que abriga, no seu interior e também no seu entorno, uma quantidade considerável de artefatos e equipamentos, cujas determinabilidades e dinamismos contribuem para melhor atinar acerca da importância de seu patrimônio, enquanto vestígios de uma memória presente na história da arquitetura dessas construções.

Assim, em abordagem inovadora, Pedro Funari e Andrés Zarankin (2005Funari, P. P., & Zarankin, A. (2005). Cultura material escolar: o papel da arquitetura. Pro-Posições, 16,(1), 135-144.) elegeram as ferramentas teórico-metodológicas do campo da arqueologia para analisar a cultura material dos edifícios das escolas do ensino fundamental na cidade de Buenos Aires [Argentina, final do século XIX e início do XX].Voltado para o contexto francês na primeira metade do século XX, publiquei artigo que investigou a história do mobiliário escolar francês, enquanto componente de uma modernidade que tinha como um dos seus focos de discussão, os discursos e os projetos idealizados pelos arquitetos Jean Prouvé e André Lurçat, como protagonistas na configuração de um mobiliário que procurava alcançar demandas que favorecessem a saúde e a aprendizagem dos alunos em sala de aula (Bencostta, 2013Bencostta, M. L. (2013). Mobiliário escolar francês e os projetos vanguardistas de Jean Prouvé e André Lurçat na primeira metade do século XX. Educar em Revista, 49, 19-38.). Simultaneamente, para a realidade espanhola, Tatiane Ermel (2017Ermel, T. F. (2017a). Cultura material, espaços e edifícios escolares na Revista de Pedagogía/ Espanha: a circulação das ideias internacionais e o contexto espanhol (1922-1934). História da Educação, 21(51), 297-316.a) mapeou os artigos que discutiram os edifícios escolares e seu mobiliário, publicados, entre os anos de 1922-1934, na Revista Pedagogica, importante periódico espanhol voltado para os professores, diretores, inspetores, professores de institutos e universitários.

Com Fabiana Oliveira (2015Oliveira, F. V. (2015). Patrimônio escolar: para além da arquitetura, a materialidade do patrimônio histórico nas escolas paulistas (Tese de Doutorado em Arquitetura). Universidade de São Paulo, São Paulo.), a tônica foi para o patrimônio das Escolas Normais Paulistas, entre os anos de 1975-1987, com destaque para sua arquitetura e patrimônio histórico e cultural, que alavancou os processos de seu tombamento com bem público a ser protegido e preservado pelo Estado de São Paulo. Mariana Zacharias (2013Zacharias, M. R. (2013). Espaços e processos educativos do Ginásio Paranaense: os ambientes especializados e seus artefatos (1904-1949) (Dissertação de Mestrado em Educação). Universidade Federal do Paraná, Curitiba.), para além da materialidade do edifício que abrigou o Ginásio Paranaense [Curitiba, 1904-1949], ocupou-se pela cultura material presente no seu interior, tais como os materiais pedagógicos instalados nos gabinetes de física, química e de história natural, assim como da biblioteca e do cinema educativo, também os espaços administrativos e os artefatos decorativos que compuseram a ornamentação interna e a externa da arquitetura do edifício. Acerca do Colégio Estadual do Paraná, no início da década de 1950, examinei juntamente com Ana Correia, a linguagem dos projetos arquiteturais dos espaços modelares à educação da prática esportiva, tais como o ginásio coberto, o campo de futebol, a pista de atletismo olímpica, as canchas de vôlei e de basquete, as caixas de salto em distância e salto com vara, as piscinas, os vestiários para ambos os sexos e as arquibancadas para o público em geral, não deixando de lado a materialidade dos artefatos didático-pedagógicos necessários à prática esportiva (Bencostta & Correia, 2011Bencostta, M. L., & Correia, A. P. P. (2011). Arquitetura moderna e espaços modelares para as práticas esportivas em ambiente escolar: o exemplo do Colégio Estadual do Paraná (Curitiba, 1943-1950). Linhas, 12(1), 95-110.).

Como o crescimento no interesse pela história dos artefatos, instrumentos e mobiliários escolares e os seus vínculos com a história das disciplinas e da cultura material escolar tem sido bastante produtivo e interessante, meu objetivo, ao enfatizar a conexão da arquitetura dos edifícios nesse debate, é destacar sua igual deferência para os estudos da cultura material escolar.

De tempos em tempos, a realização de balanços historiográficos sinalizam os rumos que a comunidade de pesquisadore(a)s seguiram afim de qualificar e, da mesma forma, refletir sobre seus campos de investigação. Sobre a proposição da história da arquitetura escolar, os balanços foram bem reduzidos, visto ser esta uma abordagem muito recente no campo da história da educação. Contudo, algumas produções se destacam, tais como as revisões de Alessandro Ventura (2002Ventura, A. (2002a). Revisão da arquitetura escolar paulista de 1890 aos anos 30: seus programas seus partidos. Sinopses, 37, 53-64.a,bVentura, A. (2002b). Notas sobre a arquitetura escolar paulista, dos anos 50 aos anos 90: os programas e os partidos. Sinopses, 38, 21-38.) sobre a organização do espaço escolar no Estado de São Paulo [1890-1990], que demonstra a relação entre o espaço construído, as políticas educacionais e a arquitetura escolar paulista. Também Anete Silva (2008Silva, A. C. G. (2008). O espaço escolar na Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos (1944 - 1966) (Tese de Doutorado em Educação). Universidade Federal de São Carlos, São Carlos.), que tratou do que foi publicado, entre os anos de 1944-1966, na Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos, acerca da relação entre as transformações da arquitetura escolar e sua relação com os saberes médicos na preservação da saúde dos estudantes.

Um ponto de referência para o campo da história da arquitetura escolar foi a publicação no Brasil do artigo de Anne-Marie Chatêlet (2004Chatêlet, A.-M. (2004). Essai d’historiographie I - L’architecture des écoles au XXe siècle.. Histoire de l’Éducation, 102, 7-37.) que, mesmo expondo em minúcias como a escrita por historiadores da educação e historiadores da arquitetura foi por muito tempo considerada um tema marginal, comprova a ocorrência crescente de publicações, a partir da década de 1980, em diversos países do Ocidente europeu e do americano. Não deixa também de ser um balanço a entrevista que ela concedeu à Revista Linhas (Chatêlet, 2011Chatêlet, A.-M. (2011). Le souffle du plein air. Histoire d´un projet pédagogique et architectural novateur. Genève, SH: MētisPresses.), em que aproveitou a oportunidade para reforçar a necessidade de estarmos sempre a postos para revistar nossas leituras e perspectivas de interpretação histórica.

Não posso deixar de lado, na apresentação dessa combinação de dados, as novas abordagens no cenário da historiografia da arquitetura escolar brasileira, ainda que não estejam configurados estudos profusos na forma de teses e dissertações, o que provoca desafios, sempre necessários e salutares, para a construção do conhecimento.

Do ponto de vista da temática, ainda não temos, na historiografia da história da educação brasileira, estudos que tratam de modo específico da configuração arquitetônica nas relações entre higienismo e arquitetura escolar, tais como as unidades escolares dos preventórios infantis para crianças com tuberculose ou as escolas instaladas nos leprosários para os filhos sadios de pais ali internados por hanseníases.

Sobre os períodos históricos, constatei a ausência e a completa invisibilidade dos séculos XVI-XVIII para a pesquisa em arquitetura escolar brasileira. Certamente, a visibilidade desse tempo contará com a ajuda compulsória dos estudos da arqueologia se, por exemplo, for aceito o desafio aos novo(a)s pesquisadore(a)s de investigar o legado dos colégios, deixado pelos jesuítas, antes de sua expulsão, em 1759.

Também, a arquitetura do ensino privado é um desafio em construção, pois somos possuidores de um conjunto considerável de arquiteturas de instituições educacionais de confissões católica, judaica, protestante, espírita, evangélica, islâmica etc., prontas a serem descortinadas.

Mesmo os trabalhos com temas inéditos e inovadores, a medida-padrão ainda é superficial quanto à exposição de teorias da história e da história da arquitetura, visto que parte considerável dessas investigações ainda não consegue romper a barreira do que já foi discutido no campo da teoria, com incorporações de bibliografias que trataram de abordagens específicas internacionais que não dão conta da especificidade brasileira.

Evidentemente que esses não os únicos desafios para a próxima geração, há inúmeros outros que já anunciei com Antonio Viñao (Bencostta & Vinão, 2009Bencostta, M. L., & Viñao, A. (2009). Entre a multidisciplinariedade e a história: o espaço e a arquitetura escolares nas recentes historiografias educativas espanhola e brasileira. In M. M. Araújo (Org.), História comparada da educação(p. 23-51). Natal, RN: Editora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.), e que ainda se encontram na fila de espera, e vários ainda encobertos e, portanto, desconhecidos.

Considerações finais

Foi interessante perceber, nos estudos analisados sobre o edifício escolar e universitário, para além de ele ser compreendido como uma forma física que adota diversos partidos arquitetônicos que o ordenam na cena urbana, o amadurecimento de interpretações, enquanto representação e significado cultural, que o faz possuidor de interferências e influências diretas que o tornaram visível em seus diferentes contextos histórico-educacionais.

Quanto à repartição por área de conhecimento, dos 106 produtos relacionados para esta análise, a maior convergência está na educação (63%), acompanhada pela arquitetura (27%) e pela história (10%), sendo que a distribuição por tipo de produtos seguiu a métrica de 39 dissertações (37%), 34 artigos (32%), 19 teses (18%) e 14 livros (13%). Considerando apenas o conjunto de teses e dissertações, os índices dispostos no cenário brasileiro comprovam que eles são da região Sudeste, com 57%, majoritariamente concentrados no Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo. Na sequência, a região Sul, com 21%, a maioria no Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade Federal do Paraná. Para a região Nordeste, o índice foi de 17%, com equilíbrio repartido entre as universidades nordestinas. E, por fim, a região Centro-Oeste sinalizou 5%, divididos entre a Universidade Federal do Mato Grosso e a Universidade de Brasília. Não houve registro para a região Norte.

Ao comparar os periódicos acadêmicos das três áreas, observei que a educação foi a que reservou maior espaço de visibilidade na divulgação de artigos preocupados em discutir a arquitetura escolar. Dentre elas, merecem destaque as revistas Linhas, do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), Educar em Revista, do Setor de Educação da Universidade Federal do Paraná (UFPR), e História da Educação, mantida pela Associação Sul-Rio-Grandense de Pesquisadores em História da Educação (ASPHE), que, juntas, divulgaram a maior parte dos artigos, tanto de pesquisadores experientes como de novatos. Também, duas revistas das demais áreas merecem ser sublinhadas, como Sinopses, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (USP), e a Revista Brasileira de História, órgão oficial da Associação Nacional de História (ANPUH).

Na escolha dos períodos históricos, a primeira metade do século do XX tem sido o preferido, afastando olhares para os demais períodos, em especial, os séculos XVII-XIX.

Como os trabalhos transitaram por diferentes áreas (educação, arquitetura e história), houve uma articulação do conhecimento acumulado por elas. Todavia, a análise que faço é a de que a maior quantidade do(a)s autore(a)s da educação e da história se esforçaram por inserir suas explicações no domínio da história cultural, percorrendo, especialmente, as tópicas das representações e da cultura escolar, sem, contudo, oferecer garantias se tais aderências foram eficazes para as suas interpretações. Quanto aos estudos da arquitetura, eles estiveram ancorados na pesquisa documental de natureza histórica, evidentemente, mas a maioria não se preocupou em inserir suas avaliações em categorias de análise vinculadas aos recentes debates que acontecem na teoria da história.

Continuando nessa argumentação, na área da educação, uma referência que indubitavelmente esteve presente nos inúmeros estudos é a dos escritos dos investigadores espanhóis Antonio Vinão e Agustin Escolano (1998Viñao, A., & Escolano, B. (1998). Currículo, espaço subjetividade: a arquitetura como programa. Rio de Janeiro, RJ: DP&A.), em especial, sua obra mais conhecida no Brasil, Currículo, espaço e subjetividade: arquitetura escolar como programa, que certamente inaugurou uma nova forma de enxergar, pesquisar e interpretar a arquitetura escolar. Junto com Tatiane Ermel revistamos essa obra para organizar o dossiê recém-publicado pela revista História da Educação (Bencostta & Ermel, 2019Bencostta, M. L., & Ermel, T. (2019). Dossiê: arquitetura escolar: diálogos entre o global, o nacional e o regional na História da Educação. História da Educação, 23, 1-143.), intitulado Arquitetura Escolar: diálogos entre o global, o nacional e o regional na História da Educação, destacamos a importância dessa publicação para o entendimento da existência de uma conjuntura que considera a concepção funcional e simbólica que a arquitetura escolar incorporou no universo escolar. Assim, após a publicação da obra de Viñao e Escolano, é possível avistar a produção um tanto diferente daquela anterior a sua publicação e divulgação, quando as pesquisas ainda não tinham incorporado como ponto de partida os estudos que consideravam a arquitetura e o espaço componentes do currículo que ajudam a explicar a cultura escolar. Mesmo sem a mesma intensidade, se comparada ao uso que o(a)s pesquisadore(a)s fizeram dos autores espanhóis, Viñao e Escolano, também se mostrou evidente a contribuição da historiadora francesa Anne-Marie Chatelêt (1999Chatêlet, A.-M. (1999). La naissance de l´architecture scolaire: les écoles élémentaires parisiennes de 1870-1914. Paris, FR: Honoré Champion., 2004Chatêlet, A.-M. (2004). Essai d’historiographie I - L’architecture des écoles au XXe siècle.. Histoire de l’Éducation, 102, 7-37., 2011Chatêlet, A.-M. (2011). Le souffle du plein air. Histoire d´un projet pédagogique et architectural novateur. Genève, SH: MētisPresses.) para a historiografia da arquitetura escolar brasileira em sua vasta obra, ainda com poucas traduções para o português.

Já nas áreas da arquitetura e da história, a presença dos escritos de Viñao, Escolano e Chatelêt é bastante tímida, quase invisível. Suas principais referências são a de historiadores que investiram em questões patrimoniais do edifício escolar e arquitetos que dedicaram parte de seu ofício para escritos sobre a história da arquitetura, mas, nem sempre, a história da arquitetura escolar, ainda considerada um tema marginal por esses campos.

Mas é incontestável, na maioria das pesquisas brasileiras, inclusive nas três áreas (educação, arquitetura e história), em especial naquelas que discutiram as relações entre espaço, arquitetura e educação - e o poder que era exercido através dos arranjos espaciais da classe -, a forte presença da publicação de Michel Foucault (1975Foucault, M. (1975). Surveilleret Puni: naissance de laprison. Paris, FR: Editions Gallimard.), Surveiller et puni: naissance de laprison, publicado originalmente na França na década de 1970 e traduzido no Brasil somente em 1987. Os estudos acerca do espaço escolar se apropriaram fartamente das teorias foucaultianas que consideram o espaço um problema ‘histórico-político’ a ser enfrentado pelos historiadores.

Para finalizar, queria manifestar o prazer de ter acompanhado in loco o movimento da pesquisa sobre arquitetura escolar brasileira nesses 20 anos (1999-2018). Ele trouxe consigo não somente a compreensão de seu prolongamento enquanto uma temática instigante à pesquisa histórica, mas uma série de novos questionamentos que contribuem para a compreensão de novas perspectivas, concepções, influências, aproximações, discursos e debates que buscam dar sentido à história da arquitetura escolar.

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    Como citar este artigo: Bencostta, M. L. A escrita da arquitetura escolar na historiografia da educação brasileira (1999-2018). Revista Brasileira de História da Educação, 19. DOI: http://dx.doi.org/10.4025/rbhe.v19.2019.e064
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    Este artigo é publicado na modalidade Acesso Aberto sob a licença Creative Commons Atribuição 4.0 (CC-BY 4).

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    29 Jul 2019
  • Data do Fascículo
    2019

Histórico

  • Recebido
    30 Mar 2018
  • Aceito
    16 Abr 2019
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