Acessibilidade / Reportar erro

Caracterização eletrofisiológica da audição em prematuros nascidos pequenos para a idade gestacional

Electrophysiological characterization of hearing in small for gestational age premature infants

Resumos

OBJETIVO: Caracterizar as respostas do Potencial Evocado Auditivo de Tronco Encefálico em recém-nascidos pré-termo pequenos para idade gestacional, comparando-as às de recém-nascidos pré-termo adequados para idade gestacional, verificando se a condição de pequeno para a idade gestacional é indicador de risco para alteração auditiva retrococlear. MÉTODOS: Estudo multicêntrico transversal prospectivo. Avaliou-se 72 recém-nascidos pré-termo, 35 pequenos e 37 adequados para idade gestacional de ambos os gêneros, com idade gestacional de 30 a 36 semanas e avaliados na pré-alta hospitalar, com presença de emissões otoacústicas evocadas por estímulo transiente e timpanometria tipo A. A análise quantitativa dos dados foi feita baseada na média e desvio-padrão das latências das ondas I, III, V e interpicos I-III, III-V, I-V para cada grupo. Para análise qualitativa, os resultados dos potenciais evocados auditivos foram classificados em alterado ou normal mediante a análise das latências absolutas das ondas I, III, V e dos interpicos I-III, III-V, I-V, considerando-se a faixa etária no momento do exame. RESULTADOS: Evidenciaram-se alterações em 32 crianças (44,44% do total), sendo 15 recém-nascidos pequenos (43%) e 17 adequados (46%), não havendo diferença entre os grupos. Dos 15 recém-nascidos pequenos com potencial evocado auditivo alterado, seis tiveram como risco auditivo apenas o fato de ser pequeno para a idade gestacional. No grupo adequado para idade gestacional, houve maior ocorrência de alterações no gênero masculino. CONCLUSÃO: Não houve diferença nas respostas do potencial evocado auditivo entre os recém-nascidos pré-termo pequenos e adequados, de forma que a condição pequeno não se revelou risco para alteração retrococlear.

Potenciais evocados auditivos do tronco encefálico; Audição; Transtornos da audição; Recém-nascido; Prematuro


PURPOSE: To characterize the Auditory Brainstem Response (ABR) of small for gestational age preterm newborns and to compare the findings to those of appropriate for gestational age premature newborns in order to verify whether the small for gestational age condition is a risk factor for hearing loss. METHODS: This prospective cross-sectional multicenter study evaluated 72 preterm newborns of both genders (35 small and 37 appropriate for gestational age), who were born at 30 to 36 weeks of gestational age and were evaluated before hospital discharge. Only newborns with present transient evoked otoacoustic emissions and tympanometry type A were included. The ABR was performed with click stimuli. The quantitative data analysis was performed using mean and standard deviation measures for each group. For qualitative analysis, the ABR results were classified as normal or altered according to the absolute latencies of waves I, III, V and interpeaks I-III, III-V, I-V. The analysis was carried out considering the age of the newborn at the time of examination. RESULTS: Alterations were evident in 32 newborns (44.44%), being 15 small (43%) and 17 appropriate for gestational age (46%), with no between-groups difference. Of the 15 small for gestational age newborns with altered ABR, six presented as auditory risk only the small for gestational age condition. In the group of adequate for gestational age newborns, there was a higher occurrence of alteration in males. CONCLUSION: There was no difference in responses of auditory evoked potential between small and appropriate for gestational age preterm newborns. Therefore, the condition does not behave as a risk factor for retrocochlear impairment.

Evoked potentials, auditory brain stem; Hearing; Hearing disorders; Infant, newborn; Infant, premature


  • 1
    Goulart AL. Caracterização da população neonatal. In: Kapelman BI, Santos AM, Goulart AL, Almeida MF. Myioshi MH, Guinsburg R. Diagnóstico e tratamento em neonatologia. São Paulo: Atheneu; 2004. p. 3-10.
  • 2
    Goto MMF, Gonçalves VMG, Netto AA, Morcillo AM, Moura-Ribeiro MVL. Neurodesenvolvimento de lactentes nascidos a termo pequenos para a idade gestacional no segundo mês de vida. Arq Neuropsiquiatr. 2005 Mar;63(1):75-82.
  • 3
    Ramos HAC, Cuman RKN. Fatores de risco para prematuridade: pesquisa documental. Esc. Anna Nery. 2009 Abr-Jun;13(2): 297-304.
  • 4
    Novello AC, Degraw C, Kleinman DV. Healthy children ready to learn: an essential collaboration between health and education. Public Health Rep. 1992 Jan-Feb;107(1):3-15.
  • 5
    Mello BBA, Gonçalves VMG, Souza EAP. Comportamento de lactentes nascidos a termo pequenos para a idade gestacional no primeiro trimestre de vida. Arq Neuropsiquiatr. 2004;62(4):1046-51.
  • 6
    Pereira MR, Funayama CAR. Avaliação de alguns aspectos da aquisição e desenvolvimento da linguagem de crianças nascidas pré-termo. Arq Neuropsiquiatr. 2004 Set;62(3a):641-8.
  • 7
    Barreñas ML, Jonsson B, Tuvemo T, Hellström PA, Lundgren M. High risk of sensorineural hearing loss in men born small for gestational age with and without obesity or height catch-up growth: a prospective longitudinal register study on birth size in 245,000 Swedish conscripts. J Clin Endocrinol Metab. 2005 Aug;90(8):4452-6.
  • 8
    Amorim RB, Agostinho-Pesse RS, Alvarenga KF. The maturational process of the auditory system in the first year of life characterized by brainstem auditory evoked potentials. J Appl Oral Sci. 2009;17(Suppl):57-62.
  • 9
    Alexander GR, Himes JH, Kaufman RB, Mor J, Kogan M. A United States national reference for fetal growth. Obstet Gynecol. 1996 Feb;87(2):163-8.
  • 10
    Hokken-Koelega AC, De Ridder MA, Lemmen RJ, Den Hartog H, De Muinck Keizer-Schrama SM, Drop SL. Children born small for gestational age: do they catch up? Pediatr Res.1995 Aug;38(2):267-71.
  • 11
    Oliveira LN, Lima MCMP, Gonçalves VMG. Acompanhamento de lactentes com baixo peso ao nascimento: aquisição de linguagem. Arq Neuropsiquiatr. 2003 Sep;61(3B):802-7.
  • 12
    Rooney R, Hay D, Levy F. Small for gestational age as a predictor of behavioral and learning problems in twins.Twin Res. 2003 Feb;6(1):46-54.
  • 13
    Diefendorf AO. Assessment of hearing loss in children. In: Katz J.(ed.) Handbook of clinical audiology. 6th ed. Baltimore: Lippincott, Williams and Wilkins; 2009. p. 545-62.
  • 14
    Isaac ML, Manfredi AKS. Diagnóstico precoce da surdez na Infância. Medicina (Ribeirão Preto). 2005 Jul-Dez;38(3/4):235-44.
  • 15
    Northern JL, Downs MP. Audição na infância. 5a ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2005.
  • 16
    American Academy of Pediatrics. Joint Committee on Infant Hearing. Year 2007 position statement: principles and guidelines for early hearing detection and intervention programs. Pediatrics. 2007 Oct;120(4):898-921.
  • 17
    The AccuScreen datasheet. Disponível em: http://www.otometrics.com/Screening/newborn-hearing-screening-madsen-accuscreen
    » link
  • 18
    Klem GH, Lüders HO, Jasper HH, Elger C. The ten-twenty electrode system of the International Federation. The International Federation of Clinical Neurophysiology. Electroencephalogr Clin Neurophysiol Suppl. 1999;52:3-6.
  • 19
    Cox LC, Hack M, Metz DA. Brainstem-evoked response audiometry: normative data from the preterm infant. Audiology. 1981;20(1):53-64.
  • 20
    Maxwell DL, Satake E. Research and statistical methods in communication sciences and disorders. Baltimore: Williams and Wilkins; 1997.
  • 21
    Azevedo MF. Triagem auditiva neonatal. In: Fernandes FDM, Mendes BCA, Navas ALPGP. (Org.). Tratado de fonoaudiologia. 2a ed. São Paulo: Roca; 2009.p.65-77.
  • 22
    Angrisani RMG, Azevedo MF, Carvallo RMM, Diniz EMA, Matas CG. Estudo eletrofisiológico da audição em recém-nascidos a termo pequenos para a idade gestacional. J Soc Bras Fonoaudiol. 2012 Dez.;24(2):162-7.
  • 23
    Kohelet D, Arbel E, Goldberg M, Arlazzoroff A. Intrauterine growth retardation and brainstem auditory-evoked response in preterm infants. Acta Pædiatr. 2000 Jan;89(1):73-6.
  • 24
    Casali RL, Santos MFC. Auditory Brainstem Evoked Response: response patterns of full-term and premature infants. Braz J Otorhinolaryngol. 2010;76(6):729-38.
  • 25
    Pedriali IVG, Kozlowski L. Influência da intensidade e velocidade do clique no peate de ouvintes normais. Arq Int Otorrinolaringol. 2006;10(2):105-13.
  • 26
    Burkard RF, Sims D. The human auditory brainstem response to high click rates: aging effects. Am J Audiol. 2001 Dec;10(2):53-61.
  • 27
    Sininger YS, Cone-Wesson B. Lateral asymmetry in the ABR of neonates: evidence and mechanisms. Hear Res. 2006 Feb;212(1-2):203-11.
  • 28
    Sleifer P, Costa SS, Cóser PL, Goldani MZ, Dornelles C, Weiss K. Auditory brainstem response in premature and full-term children. Int J Pediatr Otorhinolaryngol. 2007 Sep;71(9):1449-56.
  • 29
    Jiang ZD, Brosi DM, Wu YY, Wilkinson AR. Relative maturation of peripheral and central regions of the human brainstem from preterm to term and the influence of preterm birth. Pediatr Res. 2009;65(6):657-62.
  • 30
    Jiang ZD, Zhou Y, Ping LL, Wilkinson AR. Brainstem auditory response findings in late preterm infants in neonatal intensive care unit. Acta Pædiatr. 2011 Aug;100(8):e51-4.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    08 Abr 2013
  • Data do Fascículo
    2013

Histórico

  • Recebido
    20 Jul 2012
  • Aceito
    10 Set 2012
Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia Al. Jaú, 684, 7º andar, 01420-002 São Paulo - SP Brasil, Tel./Fax 55 11 - 3873-4211 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: revista@codas.org.br