Acessibilidade / Reportar erro

Disfonia como principal queixa num quadro de miastenia grave: diagnóstico e fonoterapia

Dysphonia as the primary complaint in a case of myasthenia gravis: diagnosis and speech therapy

Resumos

Miastenia grave é uma doença autoimune que se manifesta por fraqueza e fadiga muscular progressivas. São frequentes os sintomas oculares e bulbares, dentre eles, a disfonia. Este artigo relata um caso de disfonia, cuja avaliação fonoaudiológica contribuiu com o diagnóstico de miastenia grave e seu tratamento. A paciente em questão procurou o atendimento fonoaudiológico com diagnóstico otorrinolaringológico de presbifonia. A avaliação perceptivo-auditiva e acústica da voz identificou alterações em respiração, fonte glótica e filtro/ressonância. Como alguns dados obtidos com a anamnese e observados nas provas vocais não se relacionavam diretamente com a presença de presbifonia, houve a necessidade de discussão do caso com o médico, quando ambos concluíram a necessidade de encaminhar a paciente para avaliação neurológica. O neurologista consultado levantou a hipótese diagnóstica de miastenia grave e solicitou exames. A paciente seguiu em acompanhamento fonoaudiológico e medicamentoso. Na reavaliação vocal, ocorrida cerca de dois meses após o início do tratamento, foi constatada melhora na qualidade vocal, com grande impacto na qualidade de vida. Este trabalho evidencia a importância da avaliação fonoaudiológica detalhada e da participação do fonoaudiólogo na equipe interdisciplinar.

Miastenia gravis; Disfonia; Voz; Qualidade de vida; Diagnóstico


Myasthenia gravis is an autoimmune disease, manifested by progressive muscular weakness and fatigue. There are frequent ocular and bulbar symptoms, among them, dysphonia. This article reports a case of dysphonia that contributed to the diagnosis of myasthenia gravis through a speech evaluation. The patient sought speech therapy with the ENT diagnosis of presbyphonia. The perceptual voice assessment and acoustic analysis pointed out respiration, glottal voice source and resonance affections. Considering that some of the data obtained from anamnesis and vocal assessments were not directly related to presbyphonia, the speech therapist discussed the case with the physician and they both concluded it was necessary to refer the patient to a neurological evaluation. The neurologist then raised the diagnostic hypotheses of myasthenia gravis and requested further examinations. The patient underwent speech therapy and drug treatment. A vocal reassessment, which occurred two months after the initial treatment, showed improvement in voice quality, with great impact on quality of life. This article shows the importance of detailed clinical speech evaluation and participation of a speech therapist in an interdisciplinary team.

Myasthenia gravis; Dysphonia; Voice; Quality of life; Diagnosis


  • 1
    Kanemaru SI, Fukushima H, Kojima H, Kaneko KI, Yamashita M, Ito J. A case report of myasthenia gravis localized to the larynx. Auris Nasus Larynx. 2007;34(3):401-3.
  • 2
    Montero-Odasso M. Dysphonia as first symptom of late-onset myasthenia gravis. J General Internal Medicine. 2006;21(6):C4-C6.
  • 3
    Mao VH, Abaza, M, Spiegel JR, Mandel S, Hawshaw M, Heuer RJ, et al. Laryngeal myasthenia gravis: report of 40 cases. J Voice. 2001;15(1):122-30.
  • 4
    Jacobson DL, Gange SJ, Rose NR, Graham NM. Epidemiology and estimated population burden of selected autoimmune diseases in the United States. Clin Immunol Immunopathol. 1997;84(3):223-43.
  • 5
    Aguiar AAX, Carvalho AF, Costa CMC, Fernandes JMA, D'Almeida JAC, Furtado LETA, et al. Myasthenia gravis in Ceará, Brazil. Arq Neuropsiquiatr. 2010;68(6):843-8.
  • 6
    Liu WB, Xia Q, Men LN, Wu ZK, Huang RX. Dysphonia as a primary manifestation in myasthenia gravis (MG): a retrospective review of 7 cases among 1520 MG patients. J Neurol Sci. 2007;260(1-2):16-22.
  • 7
    Santos FRM, Tiago APPP, Fonseca AL, Christofoletti G. Revisão da fisioterapia na miastenia grave. Revista Movimenta 2008;1(1):16-22.
  • 8
    Penatti CT, Silva IA, Domenis DR, Okubo PCMI. Atuação fonoaudiológica na miastenia grave auto-imune adquirida: descrição de um caso. Rev Soc Bras Fonoaudiol. 2008;(Suppl):217.
  • 9
    Bassi AKZ, Melo TT, Pedraça LS, Cortêz ASS, Silva VB, Rodrigues LB, et al. Características fonoaudiológicas e audiológicas de uma paciente com miastenia grave: relato de caso. Rev Soc Bras Fonoaudiol. 2009;(Suppl):1929.
  • 10
    Kempster GB, Gerratt BR, Verdolini Abbott K, Barkmeier-Kraemer J, Hillman RE. Consensus Auditory-Perceptual Evaluation of Voice: development of a standardized clinical protocol. Am J Speech Lang Pathol. 2009;18(2):124-32.
  • 11
    Behlau M. Consensus Auditory - Perceptual Evaluation of Voice (CAPE-V). ASHA 2003 [Refletindo sobre o novo]. Rev Soc Bras Fonoaudiol. 2004;9(3):187-9.
  • 12
    Gasparini G, Behlau M. Quality of Life: Validation of the Brazilian Version of the Voice-Related Quality of Life (V-RQOL) Measure. J Voice. 2009;23(1):76-81.
  • 13
    Ortiz KZ, Carrillo L. Comparação entre as análises auditiva e acústica nas disartrias. Rev Soc Bras Fonoaudiol. 2008;13(4):325-31.
  • 14
    Oda AL, Chiappetta ALML, Annes M, Marchesan IQ, Oliveira ASB. Avaliação clínica, endoscópica e manométrica da deglutição em pacientes com miastenia grave autoimune adquirida. Arq Neuropsiquiatr. 2002;60(4):986-95.
  • 15
    Bichuetti DB, Barros TM, Oliveira EML, Annes M, Gabbai AA. Demyelinating disease in patients with myasthenia gravis. Arq Neuropsiquiatr. 2008;66(1):5-7.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    19 Jul 2013
  • Data do Fascículo
    2013

Histórico

  • Recebido
    21 Dez 2011
  • Aceito
    19 Fev 2013
Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia Al. Jaú, 684, 7º andar, 01420-002 São Paulo - SP Brasil, Tel./Fax 55 11 - 3873-4211 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: revista@codas.org.br