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Editorial

A revista CoDAS é um importante projeto de toda a Fonoaudiologia brasileira para a construção de um periódico de qualidade e com índice de impacto internacional.

Há vários anos, a política editorial da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia, retratada na Revista da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia, no Jornal da SBFa e, agora, na CoDAS, tem sido norteada por dois eixos fundamentais: a construção de um periódico cientificamente sólido, que registre o melhor de nossa produção, que divulgue o resultado de pesquisas consistentes e que seja uma opção para autores internacionais, o que possibilitará sua indexação internacional com índice de impacto relevante. Além disso, a CoDAS tem como eixo a contribuição para a prática em Fonoaudiologia, com a divulgação de estudos realizados com a população brasileira, falante de português, na realidade de nosso país.

Esses objetivos foram abordados em diferentes ações ao longo do tempo e há cinco anos temos um periódico bilíngue, publicado em português e inglês, que conta com um corpo editorial composto por pesquisadores experientes e produtivos e que vem publicando uma parte significativa da produção científica dos programas de pós-graduação relacionados à Fonoaudiologia.

A partir de 2013, os esforços ficaram concentrados em um único periódico, com nome mais adequado para sua internacionalização. Essa ação contou com a importante contribuição da comunidade científica em Fonoaudiologia, que continuou prestigiando o periódico, apesar da inevitável interrupção do cálculo de impacto decorrente da mudança de nome. Apesar dessa limitação, o periódico manteve as indexações já conquistadas anteriormente, com destaque para SciELO e Medline.

Um novo desafio vencido foi a adequação aos novos prazos editoriais. Uma condição importante para nossos projetos de indexação é a marcação XML, um processo que inclui a CoDAS nas mais modernas estratégias de compartilhamento de informações pela internet. Para isso, a revista precisa estar inteiramente pronta com 30 dias de antecedência. Neste quarto fascículo de 2014, com a inestimável colaboração de revisores, autores e, principalmente, editoras executivas, atingimos esse objetivo e podemos projetar a continuidade desse círculo virtuoso.

Este fascículo totaliza 12 artigos, distribuídos da seguinte forma: dez artigos originais, sendo quatro artigos da área de linguagem, quatro da área de audiologia, um de motricidade oral, um da área de saúde coletiva e duas comunicações breves, uma da área de voz e uma da área de linguagem.

Na área de Linguagem, o artigo Aquisição fonológica e lexical inicial e suas inter-relações, de Wiethan, Nóro e Mota, teve o objetivo de verificar possíveis relações entre o desenvolvimento fonológico e lexical de 29 crianças com idades entre 1 ano e 1 ano e 11 meses, matriculadas em escolas de educação infantil da rede pública, e concluiu que os domínios fonológico e lexical desenvolvem-se e influenciam-se mutuamente, com pequena vantagem da fonologia. O estudo intitulado Trajetória de aquisição e desenvolvimento de fala de crianças autistas com e sem história de regressão autística, de Tamanaha, Machado, Loebmann e Perissinoto, teve como objetivo principal comparar a trajetória de aquisição e desenvolvimento de fala de crianças autistas com e sem história de regressão autística e concluiu que é possível realizar essa comparação e verificar que as crianças acometidas por período de regressão autística não indicaram tendência de desfecho clínico mais positivo em relação à produção de fala.

O próximo artigo, também da área de Linguagem, de Sun e Fernandes, Dificuldades de comunicação percebidas pelos pais de crianças com distúrbio do desenvolvimento, buscou identificar e comparar s dificuldades na comunicação de pais de crianças com Síndrome de Down (SD), com Distúrbio do Espectro do Autismo (DEA) e com Distúrbio Específico de Linguagem (DEL) a partir da aplicação de um questionário de 24 questões fechadas. Foi observado que houve diferença significativa entre o grupo DEA com SD e DEL no que se refere à impressão dos pais sobre eles próprios em relação aos seus filhos; sobre as atitudes dos outros em relação à criança e sobre sua própria relação com seus filhos. As autoras concluem que o questionário é efetivo para a identificação das dificuldades de comunicação dessas crianças.

O último estudo da área de Linguagem, Compreensão leitora nos últimos anos dos ciclos I e II do Ensino Fundamental, de Chang e de Avila, teve como objetivo caracterizar o desempenho de escolares dos ciclos I e II do Ensino Fundamental em decodificação, compreensão leitora e habilidades subjacentes à leitura e investigar correlações entre essas variáveis, na ausência e na presença de prejuízos da compreensão leitora, identificados pelos professores. Concluiu que houve melhor desempenho em leitura, nos dois ciclos, a memória de trabalho e compreensão oral não diferenciaram escolares no ciclo I e habilidades subjacentes mostraram diferentes perfis de correlação com a capacidade de compreensão leitora, segundo o grupo.

Na área de Audiologia, o Estudo maturacional da via auditiva em prematuros nascidos pequenos para a idade gestacional, de Angrisani, Diniz, Guinsburg, Ferraro, de Azevedo e Matas, acompanhou a maturação da via auditiva em recém-nascidos prematuros pequenos para a idade gestacional (PIG), por meio do estudo das latências absolutas e interpicos do potencial evocado auditivo de tronco encefálico (PEATE) nos primeiros seis meses de idade. Os resultados sugeriram que, nos prematuros, o processo de maturação da via auditiva ocorre em tempo similar em PIG e adequados para a idade gestacional (AIG) e também que a prematuridade é um fator de maior relevância para a maturação da via auditiva que o fator peso ao nascer. Os mesmos autores realizaram outra pesquisa relacionada, intitulada Estudo eletrofisiológico longitudinal da via auditiva em crianças nascidas a termo e pequenas para a idade gestacional, apresentado como o segundo artigo da área de Audiologia. Os resultados sugeriram que a maturação da via auditiva nos PIG é mais rápida, especialmente nos três primeiros meses de vida e que, nas crianças AIG, este processo ocorre de modo constante e gradual ao longo dos seis meses estudados.

O estudo intitulado Um novo paradigma para a avaliação do mascaramento temporal auditivo: estudo piloto, de Filippini e Schochat, buscou determinar a viabilidade e aplicabilidade de um teste clínico do mascaramento temporal sucessor, com foco de análise nos intervalos interestímulos e não nos limiares de intensidade, como tradicionalmente realizado. A pesquisa concluiu que o paradigma proposto provou-se factível, de fácil aplicação e confiável, mostrando-se compatível com resultados de pesquisas que fundamentam o estudo do mascaramento temporal.

Jacob, Alves, Moret, Morettin, Santos e Mondelli, no quarto artigo de Audiologia, intitulado Participação em sala de aula regular do aluno com deficiência auditiva: uso do Sistema de frequência modulada, traduziram e adaptaram para o português o questionário Classroom Participation Questionnaire (CPQ) e compararam a participação em sala de aula regular do aluno com deficiência auditiva com e sem o uso do Sistema FM. De maneira geral, os alunos informaram maior confiança e participação em sala de aula com o uso do Sistema de FM .

Na área de Saúde Coletiva, o estudo Escolares nascidos em baixo peso inseridos no sistema de educação do Embu: formação de sentenças, relatado por Pessoa, Isotani, Perissinoto e Puccini, teve como objetivo caracterizar a construção frasal de escolares nascidos com baixo peso, por meio do subteste Recriando Atos de Fala do Test of Language Competence. Concluiu-se que o Grupo Pesquisa apresentou número menor de palavras quando comparado ao Grupo Controle e quanto mais alto o peso ao nascimento, maior a pontuação obtida. Também se evidenciou evolução relativa à idade nas habilidades morfossintáticas abordadas no estudo. Além disso, os fatores de proteção escolaridade e idade da mãe tiveram impacto positivo no desempenho da linguagem.

Na área de Motricidade Oral, Felício, Folha, Gaido, Dantas e Azevedo-Marques, autores do artigo Protocolo de avaliação miofuncional orofacial com Escores Informatizados: usabilidade e validade, buscaram testar a usabilidade do protocolo AMIOFE Informatizado e analisar a validade do mesmo. O protocolo é válido e teve sua usabilidade/ funcionalidade confirmada.

A Comunicação Breve intitulada Preschool Language Assessment Instrument, segunda edição, em crianças falantes do Português Brasileiro, de Lindau, Rossi e Giacheti, buscou relatar os primeiros resultados da aplicação do instrumento PLAI-2 em 300 crianças brasileiras com desenvolvimento típico, divididas por faixa etária. Observaram que houve diferença estatisticamente significativa entre as médias dos escores brutos nos grupos, tanto para habilidade de linguagem "receptiva" quanto "expressiva".

A Comunicação Breve Sintomas vocais e autoavaliação do desvio vocal em diferentes tipos de disfonia, de Moreti, Zambon e Behlau, teve como objetivo identificar a relação entre o tipo de disfonia, o grau de desvio vocal autoavaliado e a presença de sintomas vocais em indivíduos adultos. Concluiu que indivíduos com disfonias orgânicas relataram maior percepção de sintomas vocais, seguidos pelos sujeitos com disfonias organofuncionais e, por fim, indivíduos com disfonias funcionais. Indivíduos disfônicos apresentaram sintomas vocais físicos, independentemente do tipo de disfonia. Existem correlações diretas entre os escores Limitação, Emocional e Total da Escala de Sintomas Vocais (ESV) com a autoavaliação vocal.

Durante o 22º Congresso Brasileiro de Fonoaudiologia, a participação das editoras da CoDAS na mesa de Periódicos em Fonoaudiologia permitirá a discussão de novas estratégias para aperfeiçoar o processo do registro do avanço da ciência, em direção a novas conquistas. Permitirá também a discussão de mecanismos de ajuda, entre todos os periódicos, para garantir a continuidade de opções de publicação aos autores.

Até Joinville!

Fernanda DreuxMara Behlau

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    July-Aug 2014
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