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Perfil comportamental e de competências sociais de indivíduos com gagueira

Resumos

OBJETIVO:

Investigar o perfil comportamental e de competências sociais de indivíduos com gagueira e comparar com indivíduos sem gagueira, a partir da opinião de seus pais; correlacionar o desempenho comportamental e de competência social com o grau de severidade da gagueira.

MÉTODOS:

Participaram 64 indivíduos, de 6 a 18 anos de idade, de ambos os gêneros, divididos em dois grupos: grupo experimental (GE), composto por 32 indivíduos com gagueira desenvolvimental persistente, e grupo controle (GC), composto por 32 indivíduos fluentes. Os procedimentos utilizados foram: avaliação da fluência, instrumento de severidade da gagueira e o inventário comportamental Child Behavior Checklist (CBCL).

RESULTADOS:

No perfil comportamental do GE, a média do escore total e a média dos problemas internalizantes foram classificadas como clínica. A comparação intergrupos mostrou diferença no perfil comportamental, no que se refere ao escore total e aos problemas internalizantes e externalizantes; e no perfil social, no que tange ao escore total e à escala de atividades. Não houve diferenças estatísticas nas escalas entre a gagueira leve, moderada e severa.

CONCLUSÃO:

Na opinião dos pais, os filhos com gagueira apresentam comportamento e competência social peculiar, com maior tendência a manifestar alterações nessa área, em comparação com os filhos fluentes. Medo, nervosismo/tensão, culpa, ansiedade, perfeccionismo e preocupação foram as alterações mais frequentes relacionadas ao comportamento, enquanto prejuízos no domínio social e nas situações comunicacionais rotineiras caracterizaram a competência social dos indivíduos com gagueira.

Fonoaudiologia; Distúrbios da Fala; Avaliação; Gagueira; Comportamento


PURPOSE:

To investigate the behavioral and social competency profiles of individuals who stutter and to compare them with persons who do not stutter, according to their parents; to correlate the behavioral and the social competence performances with the severity of stuttering.

METHODS:

Sixty-four participants, aged 6 to 18 years, of both genders, were divided into two groups: the study group (SG), composed of 32 individuals with persistent developmental stuttering, and the control group (CG), composed of 32 fluent individuals. The procedures used were fluency assessment, stuttering severity instrument, and the Child Behavior Checklist inventory.

RESULTS:

In the behavioral profile of the SG, the mean of the total score and that of the internalizing problems were classified as clinical. The comparison between the groups showed differences in the behavioral profile concerning the total score, and in the internalizing and externalizing problems; and in the social profile, concerning the total score and activity scale. There were no statistically significant differences in the scales among the mild, moderate, and severe stuttering.

CONCLUSION:

According to the information provided by parents, children who stutter showed peculiar behavior and social competence, with a higher tendency to manifest alterations in this area, in comparison to those who do not stutter. Fear, nervousness/tension, guilt, anxiety, perfectionism, and worry were the most frequent alterations in relation to the behavior, whereas damages in the social field and in the habitual communication situations characterized the social competence of persons who stutter.

Speech; Language and Hearing Sciences; Speech Disorders; Evaluation; Stuttering; Behavior


INTRODUÇÃO

A gagueira é um distúrbio de comunicação com manifestações variadas, caracterizado, principalmente, por repetições involuntárias de sílabas, prolongamentos e bloqueios, assim como por reações fisiológicas, comportamentais e emocionais às rupturas da fala( 11. Bleek B, Reuter M, Yaruss JS, Cook S, Faber J, Montag C. Relationship between personality characteristics of people who stutter and the impact of stuttering on everyday life. J Fluency Disord. 2012;37(4):325-33. ).

As principais atitudes e sentimentos das pessoas com gagueira em relação ao distúrbio são: negação, passividade, falta de esperança, culpa, timidez, vergonha e medo relacionado à fala, ansiedade, além de frustração e raiva( 22. Andrade CRF, Sassi FC, Juste FS, Ercolimb B. Qualidade de vida em indivíduos com gagueira desenvolvimental persistente. Pró-Fono R Atual Cient. 2008;20(4):219-24. ).

Reações adversas emocionais nas situações comunicacionais rotineiras( 33. Craig A, Blumgart E, Tran Y. The impact of stuttering on the quality of life in adult people who stutter. J Fluency Disord. 2009;34(2):61-71. ), como prejuízos físicos, psicológicos, sociais e vocacionais( 44. Yaruss JS. Assessing quality of life in stuttering treatment outcomes research. J Fluency Disord. 2010;35(3):190-202. ), foram relatadas por indivíduos que gaguejam. Pais de crianças com gagueira descreveram que os filhos frequentemente apresentam alterações comportamentais na escola e nos relacionamentos com seus pais e colegas( 55. Lau SR, Beilby JM, Byrnes ML, Hennessy NW. Parenting styles and attachment in school-aged children who stutter. J Commun Disord. 2012;45:98-110. ).

Indivíduos que gaguejam são considerados emocionalmente instáveis( 66. Bleek B, Montag C, Faber JM, Reuter M. Investigating personality in stuttering: results on a case control study using the NEO-FFI. J Commun Disord. 2011;44:218-27. , 77. Tilling JV. Listener perceptions of stuttering, prolonged speech, and verbal avoidance behaviors. J Commun Disord. 2011;44:161-72. ), nervosos, desajeitados e incapazes de se comunicarem efetivamente na vida diária( 77. Tilling JV. Listener perceptions of stuttering, prolonged speech, and verbal avoidance behaviors. J Commun Disord. 2011;44:161-72. ). Outros estereótipos também foram descritos, como inseguros, reticentes, reservados, com comportamentos de fuga, hesitantes, depressivos, nervosos, tensos e medrosos( 88. Mackinnon SP, Hall S, Macintyre PD. Origins of the stuttering stereotype: Stereotype formation through anchoring-adjustment. J Fluency Disord. 2007;32(4):297-309. ), tímidos, quietos e introvertidos( 77. Tilling JV. Listener perceptions of stuttering, prolonged speech, and verbal avoidance behaviors. J Commun Disord. 2011;44:161-72. , 88. Mackinnon SP, Hall S, Macintyre PD. Origins of the stuttering stereotype: Stereotype formation through anchoring-adjustment. J Fluency Disord. 2007;32(4):297-309. ).

Alguns pesquisadores investigaram a personalidade e o temperamento de indivíduos que gaguejam( 99. Seery CH, Watkins RV, Mangelsdorf SC, Shigeto A. Subtyping stuttering II: contributions from language and temperament. J Fluency Disord. 2007;32(3):197-217. ), porém ainda não existe consenso se, de fato, a gagueira ocasiona impacto significativo sobre a personalidade dos mesmos( 66. Bleek B, Montag C, Faber JM, Reuter M. Investigating personality in stuttering: results on a case control study using the NEO-FFI. J Commun Disord. 2011;44:218-27. ).

As interações sociais algumas vezes são evitadas e temidas em virtude da ansiedade vivenciada pelo indivíduo com gagueira( 1010. Craig A, Tran Y. Chronic and social anxiety in people who stutter. Adv Psychiatr Treat. 2006;12:63-8. ) e são influenciadas pelas respostas negativas dos pares de comunicação diante da fala disfluente( 1111. Langevin M, Packman A, Onslow M. Peer responses to stuttering in the preschool setting. Am J Speech Lang Pathol. 2009;18:264-76. ). Os relacionamentos com os parceiros podem ser prejudicados, pois, frequentemente, percebem a fala como um obstáculo para o desenvolvimento de relações sociais( 1212. Van Borsel J, Brepoels M, de Coene J. Stuttering, attractiveness and romantic relationships: The perception of adolescents and young adults. J Fluency Disord. 2011;36(1):41-50. ).

A fadiga física e emocional do constante monitoramento da fala e do esforço no controle da gagueira pode contribuir para a percepção individual da qualidade de vida do indivíduo que gagueja( 33. Craig A, Blumgart E, Tran Y. The impact of stuttering on the quality of life in adult people who stutter. J Fluency Disord. 2009;34(2):61-71. ). O impacto negativo da gagueira na qualidade de vida foi descrito por alguns pesquisadores( 22. Andrade CRF, Sassi FC, Juste FS, Ercolimb B. Qualidade de vida em indivíduos com gagueira desenvolvimental persistente. Pró-Fono R Atual Cient. 2008;20(4):219-24. , 44. Yaruss JS. Assessing quality of life in stuttering treatment outcomes research. J Fluency Disord. 2010;35(3):190-202. , 1313. Beiby JM, Byrnes ML, Yaruss JS. Acceptance and commitment therapy for adults who stutter: psychosocial adjustment and speech fluency. J Fluency Disord. 2012;37(4):289-99. ).

No entanto, não existe consenso na literatura sobre a relação da severidade da gagueira e seu impacto na qualidade de vida. Alguns autores acreditam que quanto maior a severidade, maior o impacto na qualidade de vida( 1414. Blumgart E, Tran Y, Yaruss JS, Craig A. Australian normative data for the Overall Assessment of the Speaker's Experience of Stuttering. J Fluency Disord. 2012;37(2):83-90. ), enquanto outros encontraram dados contraditórios( 22. Andrade CRF, Sassi FC, Juste FS, Ercolimb B. Qualidade de vida em indivíduos com gagueira desenvolvimental persistente. Pró-Fono R Atual Cient. 2008;20(4):219-24. , 1515. Blumgart E, Tran Y, Craig A. An investigation into the personal financial costs associated with stuttering. J Fluency Disord. 2010;35(3):203-15. , 1616. Koedoot C, Bouwmans C, Franken MC, Stolk E. Quality of life in adults who stutter. J Commun Disord. 2011;44:429-43. ).

Sendo assim, os objetivos desta pesquisa foram: investigar o perfil comportamental e de competências sociais de indivíduos com gagueira e comparar com indivíduos sem gagueira, a partir da opinião dos pais; correlacionar o desempenho comportamental e de competência social e o grau de severidade da gagueira.

MÉTODOS

Esta pesquisa configura-se como um estudo experimental e transversal com comparação entre grupos, sendo composto por 64 indivíduos, na faixa etária entre 6 e 18 anos (média=8,9 anos; desvio padrão - DP=2,4), faixa esta que o instrumento abarca. O grupo experimental (GE) foi formado por 32 indivíduos com diagnóstico de gagueira desenvolvimental persistente, sendo 23 do gênero masculino e nove do feminino. O grupo controle (GC) foi formado por 32 indivíduos fluentes, pareados por gênero e idade. O grupo experimental foi formado por indivíduos avaliados no Laboratório de Estudos de Avaliação e Diagnóstico Fonoaudiológico (LEAD) e/ou no Laboratório de Estudos da Fluência (LAEF) do Centro de Estudos da Educação e da Saúde (CEES) da Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" - Marília (SP); o GC foi composto por alunos das escolas municipais e estaduais do município onde a pesquisa foi realizada.

A presente pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Filosofia e Ciências da UNESP (CEP/FFC/UNESP), sob o Protocolo de nº 0402/2011. Todos os participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido antes de participar do estudo. Foram seguidas todas as recomendações da Resolução nº 196/96, do Conselho Nacional de Saúde.

Os requisitos de inclusão dos dois grupos foram: ser falante nativo do Português Brasileiro e ter idade entre 6 e 18 anos. Os indivíduos com gagueira (GE) deveriam apresentar:

  1. diagnóstico fonoaudiológico de gagueira desenvolvimental persistente, por profissional especialista da área;

  2. apresentar mínimo de 3% de disfluências gagas;

  3. duração mínima de 12 meses das disfluências;

  4. apresentar gagueira classificada no mínimo de grau leve de acordo com o Instrumento de Severidade da Gagueira (SSI-3)(17).

Para a composição do grupo controle de indivíduos fluentes (GC), foram seguidos os critérios de inclusão:

  1. não apresentar queixa de gagueira atual ou pregressa;

  2. histórico familial negativo de gagueira;

  3. apresentar menos de 3% de disfluências gagas na avaliação específica.

Os critérios de exclusão para os dois grupos foram:

  1. apresentar qualquer distúrbio neurológico genético ou não, tais como distonia, doenças extrapiramidais, deficiência mental, epilepsia ou transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH);

  2. sintomas ou condições psiquiátricas;

  3. perda auditiva condutiva ou neurossensorial;

  4. outras condições pertinentes que pudessem gerar erros no diagnóstico.

Inicialmente, foi realizado o registro audiovisual de uma amostra de fala autoexpressiva dos participantes do GE, composta de 200 sílabas fluentes, com o auxílio de uma filmadora digital Sony e um tripé. A transcrição e análise da fala foram realizadas de acordo com o Teste de Linguagem Infantil - Fluência (ABFW)( 1818. Andrade CRF. Fluência. In: Andrade CRF, Befi-Lopes DM, Fernandes FDM, Wertzner HF. ABFW - Teste de linguagem infantil nas áreas de fonologia, vocabulário, fluência e pragmática. 2ª edição. Barueri: Pró-Fono; 2011 p. 51-81. . ), que considera a tipologia das disfluências, a velocidade de fala e a frequência das rupturas. Posteriormente, o SSI-3( 1717. Riley G. Stuttering severity instrument for young children (SSI-3). . 3rd edition Austin: Pro-Ed; 1994. ) foi aplicado para classificar o grau de comprometimento da gagueira em leve, moderada, severa ou muito severa.

No segundo momento, o perfil comportamental e das competências sociais dos indivíduos do GE e do GC foi obtido por meio da aplicação do instrumento Child Behavior Checklist (CBCL), para pais, destinado à faixa etária de 6 a 18 anos( 1919. Achenbach TM, Rescorla LA. Manual for the ASEBA School-Age Forms & Profiles. Burlington: University of Vermont, Research Center for Children Youth & Families, 2001. ). Esse instrumento foi traduzido e adaptado para o Português como Lista de Verificação Comportamental para Crianças ou Adolescentes( 2020. Santos EOL, Silvares EFM. Crianças enuréticas e crianças encaminhadas para clínicas-escola: um estudo comparativo da percepção de seus pais. Psicol Reflex Crit. 2006;19(2):277-82. ).

Para caracterizar o perfil comportamental, os pais responderam a 118 itens que listavam uma série de comportamentos desejáveis e disruptivos. Para cada uma das perguntas, os pais classificaram o comportamento dos seus filhos em: falso ou ausente, parcialmente verdadeiro e bastante verdadeiro. Os 118 itens formam oito escalas individuais, que podem ser agrupadas em três diferentes escalas somadas:

  1. problemas internalizantes (ansiedade/depressão, isolamento/depressão, queixas somáticas);

  2. problemas externalizantes (quebrar regras, agressividade);

  3. outros problemas (problemas sociais, problemas de pensamento e problemas de atenção).

O escore total dos problemas comportamentais (perfil comportamental) foi obtido quando os resultados das três escalas foram somados.

Quanto à caracterização do perfil social, os pais responderam a 20 itens, os quais formaram três escalas individuais: atividades, sociabilidade e escolaridade, cuja soma representa o total das competências sociais. Os itens exigiam que os pais comparassem o filho com outras pessoas da mesma idade, identificando-as como "Abaixo da Média", "Acima da Média" ou "Dentro da Média".

De acordo com as respostas obtidas, o instrumento CBCL 6/18 anos classifica cada uma das escalas, as individuais e as somadas, em "Clínica (ou alterada)", "Limítrofe" ou "Não Clínica", tanto para os comportamentos quanto para as competências sociais, de acordo com amostra normativa de pares( 1919. Achenbach TM, Rescorla LA. Manual for the ASEBA School-Age Forms & Profiles. Burlington: University of Vermont, Research Center for Children Youth & Families, 2001. ).

Análise dos dados

Os dados foram armazenados e tabulados. Aplicou-se o teste estatístico da razão de verossimilhança para comparar o comportamento e as competências sociais entre os grupos (GE e GC), de acordo com a distribuição entre as categorias "Clínica", "Limítrofe" e "Não Clínica".

O teste de Mann-Whitney foi utilizado para comparar escores do CBCL quanto ao comportamento e competência social entre os grupos (GE e GC). Finalmente, o teste de Jonckheere-Terpstra foi aplicado para verificar possíveis diferenças do comportamento e das competências sociais, segundo os diferentes graus de severidade da gagueira, quando comparados concomitantemente. Para todos os testes utilizados, o nível de significância adotado para a aplicação dos testes estatísticos foi de 5% (0,05). A análise dos dados foi realizada utilizando o programa Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) em sua versão 20.0.

RESULTADOS

Com relação ao perfil comportamental do GE, foi possível constatar que tanto a média do escore total como a média do escore dos problemas internalizantes foram classificadas como clínica. O escore total dos problemas externalizantes foi classificado como "não clínica", assim como todas as médias das escalas individuais do perfil comportamental. O escore total do perfil social foi classificado como "clínica", e todas as escalas individuais foram classificadas como não clínicas (Tabela 1).

Tabela 1.
Caracterização do perfil comportamental e social dos escores do instrumento Child Behavior Checklist do grupo experimental

A comparação entre o GE e GC quanto às classificações Clínica, Limítrofe e Não Clínica mostrou que os grupos apresentaram diferenças estatísticas no perfil comportamental, quanto ao escore total, dos problemas internalizantes e externalizantes e em três escalas individuais (ansiedade/depressão, isolamento/depressão e problemas sociais). Com relação ao perfil social, os grupos apresentaram diferença estatística, tanto no escore total como na escala de atividades (Tabela 2).

Tabela 2.
Comparação do perfil comportamental e social dos escores do instrumento Child Behavior Checklist dos grupos experimental e controle, de acordo com a distribuição entre as categorias de clínica, limítrofe e não clínica

O GE apresentou uma tendência de os pais informarem quanto à maior ocorrência de problemas no comportamento dos filhos, pois os valores máximos foram, na maioria dos escores, tanto totais como das escalas individuais, maiores do que o GC, e os valores mínimos do GE ou foram semelhantes aos valores do GC ou maiores. Os valores de DP sugeriram que o GE é mais heterogêneo em termos de presença de alterações no comportamento dos filhos, segundo opinião dos pais, do que o GC. Houve diferença estatística entre os grupos na comparação de todas as médias dos escores, tanto totais como das escalas individuais (Tabela 3).

Tabela 3.
Comparação dos escores do instrumento do Child Behavior Checklist quanto ao perfil comportamental entre o grupo experimental e o grupo controle

Com relação à competência social, os menores valores corresponderam à classificação clínica (<37). Pode-se sugerir que o GE apresentou uma tendência de os pais informarem a respeito de mais problemas na competência social dos filhos, quando comparado ao GC, tendo em vista que a maioria dos valores máximos foi menor no GE; e quanto aos valores mínimos, metade foi menor. Os valores de DP sugeriram que o GE foi mais homogêneo quando comparado ao GC (Tabela 4). Houve diferença estatística tanto para o escore total como para as escalas individuais.

Tabela 4.
Comparação dos escores do instrumento do Child Behavior Checklist quanto ao perfil social entre o grupo experimental e o grupo controle

Os resultados relativos à comparação do comportamento e da competência social, segundo informação dos pais do GE, quanto à severidade da gagueira, mostraram que não houve diferença estatística nas escalas (individuais e grupais) entre a gagueira leve, moderada e severa. Nota-se, entretanto, uma tendência de os indivíduos que gaguejam com grau de comprometimento severo apresentarem maior ocorrência de escores classificados como clínicos, quando comparada com os casos com gagueira moderada e leve (Tabela 5).

Tabela 5.
Comparação do perfil comportamental e social do instrumento do Child Behavior Checklist no grupo experimental segundo a severidade da gagueira (n=32)

DISCUSSÃO

A literatura ressalta a importância de estudar os aspectos comportamentais e sociais de indivíduos que gaguejam( 11. Bleek B, Reuter M, Yaruss JS, Cook S, Faber J, Montag C. Relationship between personality characteristics of people who stutter and the impact of stuttering on everyday life. J Fluency Disord. 2012;37(4):325-33. , 44. Yaruss JS. Assessing quality of life in stuttering treatment outcomes research. J Fluency Disord. 2010;35(3):190-202. ); no entanto, poucos estudos apresentaram resultados comparativos com indivíduos que não gaguejam.

A análise dos dados obtidos nesta pesquisa permitiu verificar que indivíduos com gagueira, segundo seus pais, apresentam características peculiares no perfil comportamental e social, quando comparados com indivíduos fluentes. Esses resultados corroboraram estudos prévios, que relataram, em gagos, alterações comportamentais( 55. Lau SR, Beilby JM, Byrnes ML, Hennessy NW. Parenting styles and attachment in school-aged children who stutter. J Commun Disord. 2012;45:98-110. ) e sociais( 11. Bleek B, Reuter M, Yaruss JS, Cook S, Faber J, Montag C. Relationship between personality characteristics of people who stutter and the impact of stuttering on everyday life. J Fluency Disord. 2012;37(4):325-33. , 33. Craig A, Blumgart E, Tran Y. The impact of stuttering on the quality of life in adult people who stutter. J Fluency Disord. 2009;34(2):61-71. , 44. Yaruss JS. Assessing quality of life in stuttering treatment outcomes research. J Fluency Disord. 2010;35(3):190-202. , 77. Tilling JV. Listener perceptions of stuttering, prolonged speech, and verbal avoidance behaviors. J Commun Disord. 2011;44:161-72. , 88. Mackinnon SP, Hall S, Macintyre PD. Origins of the stuttering stereotype: Stereotype formation through anchoring-adjustment. J Fluency Disord. 2007;32(4):297-309. , 2121. Craig A. The association between quality of life and stuttering. J Fluency Disord. 2010;35(3):159-60. , 2222. Beilby JM, Byrnes ML, Meagher EL, Yaruss JS. The impact of stuttering on adults who stutter and their partners. J Fluency Disord. 2013;38(1):14-29. ).

Quanto ao comportamento, a análise intragrupo do GE sugeriu que as características mais relevantes estão relacionadas com a ansiedade/depressão, isolamento/depressão e queixas somáticas. A análise intergrupos (GE versus GC) mostrou que indivíduos que gaguejam, segundo a opinião dos pais, apresentaram maior frequência de alterações comportamentais, como medo, nervosismo/tensão, culpa, ansiedade, perfeccionismo e preocupação (escala ansiedade/depressão), quando comparados aos fluentes. Esses resultados se assemelharam aos relatos da literatura, que verificaram, em indivíduos com gagueira, a presença de nervosismo/tensão( 77. Tilling JV. Listener perceptions of stuttering, prolonged speech, and verbal avoidance behaviors. J Commun Disord. 2011;44:161-72. , 88. Mackinnon SP, Hall S, Macintyre PD. Origins of the stuttering stereotype: Stereotype formation through anchoring-adjustment. J Fluency Disord. 2007;32(4):297-309. ), depressão( 88. Mackinnon SP, Hall S, Macintyre PD. Origins of the stuttering stereotype: Stereotype formation through anchoring-adjustment. J Fluency Disord. 2007;32(4):297-309. ), medo( 22. Andrade CRF, Sassi FC, Juste FS, Ercolimb B. Qualidade de vida em indivíduos com gagueira desenvolvimental persistente. Pró-Fono R Atual Cient. 2008;20(4):219-24. , 88. Mackinnon SP, Hall S, Macintyre PD. Origins of the stuttering stereotype: Stereotype formation through anchoring-adjustment. J Fluency Disord. 2007;32(4):297-309. ), culpa e ansiedade( 22. Andrade CRF, Sassi FC, Juste FS, Ercolimb B. Qualidade de vida em indivíduos com gagueira desenvolvimental persistente. Pró-Fono R Atual Cient. 2008;20(4):219-24. ).

Os resultados deste estudo, referentes à escala isolamento/depressão, mostraram que os comportamentos dos filhos que gaguejam, conforme relatado pelos pais, foram caracterizados como reservados, tímidos, fechados, introvertidos, quietos e depressivos, concordando com descrições prévias( 22. Andrade CRF, Sassi FC, Juste FS, Ercolimb B. Qualidade de vida em indivíduos com gagueira desenvolvimental persistente. Pró-Fono R Atual Cient. 2008;20(4):219-24. , 77. Tilling JV. Listener perceptions of stuttering, prolonged speech, and verbal avoidance behaviors. J Commun Disord. 2011;44:161-72. , 88. Mackinnon SP, Hall S, Macintyre PD. Origins of the stuttering stereotype: Stereotype formation through anchoring-adjustment. J Fluency Disord. 2007;32(4):297-309. , 2323. Tran Y, Blumgart E, Craig A. Subjective distress associated with chronic stuttering. J Pers. 2011;36(1):17-26. ).

Acredita-se que indivíduos que gaguejam podem ter medo da avaliação negativa dos ouvintes e, possivelmente, evitam situações de fala na tentativa de serem percebidos de uma forma mais positiva, conforme descrito por alguns pesquisadores( 77. Tilling JV. Listener perceptions of stuttering, prolonged speech, and verbal avoidance behaviors. J Commun Disord. 2011;44:161-72. , 2424. Plexico LW, Manning WH, DiLollo A. Client perceptions of effective and ineffective therapeutic alliances during treatment for stuttering. J Fluency Disord. 2010;35(4):33-54. ).

Na escala de queixas somáticas, que diz respeito à presença de problemas físicos por "nervoso" e por fadiga, os resultados mostraram que não houve diferença estatística entre indivíduos com e sem gagueira. Tal achado foi discordante de estudo prévio, que relatou que o constante monitoramento da fala e do esforço no controle da gagueira pode ocasionar fadiga física e emocional( 33. Craig A, Blumgart E, Tran Y. The impact of stuttering on the quality of life in adult people who stutter. J Fluency Disord. 2009;34(2):61-71. ). No entanto, cabe mencionar que a média de idade da população investigada foi de 8,9 anos. Desta forma, os resultados sugeriram que grande parte da população infantil pode, ainda, não realizar o monitoramento da fala, na tentativa de controlar a gagueira, e, consequentemente, os pais não perceberiam essa fadiga.

Com relação aos problemas externalizantes no GE, segundo a opinião dos pais, a agressividade foi mais frequente do que o comportamento de quebrar regras. Com relação aos outros problemas, nota-se que os sociais foram mais frequentes do que os de pensamento e de atenção. Portanto, os dados sugeriram que a agressividade e os problemas sociais podem fazer parte do espectro de alterações de indivíduos com gagueira.

Quanto à competência social, segundo relato dos pais, o escore total do perfil social dos indivíduos com gagueira da amostra foi classificado como clínico, evidenciando que a gagueira pode ocasionar prejuízo nas interações sociais, corroborando estudos prévios( 1212. Van Borsel J, Brepoels M, de Coene J. Stuttering, attractiveness and romantic relationships: The perception of adolescents and young adults. J Fluency Disord. 2011;36(1):41-50. , 2121. Craig A. The association between quality of life and stuttering. J Fluency Disord. 2010;35(3):159-60. , 2222. Beilby JM, Byrnes ML, Meagher EL, Yaruss JS. The impact of stuttering on adults who stutter and their partners. J Fluency Disord. 2013;38(1):14-29. ).

Com relação à comparação entre os grupos (GE versus GC), todos os escores totais (do perfil comportamental, dos problemas internalizantes, dos problemas externalizantes e do perfil social) apresentaram diferenças estatisticamente. Os resultados mostraram que, como grupo, 90,6% dos participantes do GE apresentaram comportamento, segundo a opinião dos pais, classificado como clínico (alterado) em alguma escala (individual ou somada), comparado a 53,1% do GC. Esses dados somados aos valores máximos e mínimos, apresentados pelo GE em comparação ao GC, demonstraram que os indivíduos com gagueira apresentaram maior tendência a problemas comportamentais e na competência social em relação aos indivíduos sem gagueira, de acordo com relato dos pais.

A relação entre gagueira e ansiedade foi destacada por alguns estudos( 2525. Achenbach TM. Child behavior checklist for ages 2-3. Burlington: University of Vermont; 1988.

26. Iverach L, Menzies R, O'Brian S, Packman A, Onslow M. Anxiety and stuttering: continuing to explore a complex relationship. Am J Speech Lang Pathol. 2011;20:221-32.
- 2727. Kefalianos E, Onslow M, Block S, Menzies R, Reilly S. Early stuttering, temperament and anxiety: two hypotheses. J Fluency Disord. 2012;37(2):152-63. ). Especificamente, por meio do CBCL, uma investigação encontrou redução da ansiedade e depressão após a terapia relatada por pais de crianças com gagueira( 2525. Achenbach TM. Child behavior checklist for ages 2-3. Burlington: University of Vermont; 1988. ). Sendo assim, os autores sugeriram que esses sintomas fisiológicos podem ser efeitos desse distúrbio. Vale ressaltar que altos níveis de ansiedade em crianças e adolescentes podem impactar negativamente o desenvolvimento social e emocional, bem como o desempenho acadêmico( 2828. Crawford AM, Manassis K. Anxiety, social skills, friendship quality, and peer victimization: an integrated model. J Anxiety Disord. 2011;25(7):924-31. ). Além disso, timidez e inibição (considerada no CBCL como parte da escala de isolamento/depressão) são características precursoras da ansiedade( 2727. Kefalianos E, Onslow M, Block S, Menzies R, Reilly S. Early stuttering, temperament and anxiety: two hypotheses. J Fluency Disord. 2012;37(2):152-63. ). Nesta amostra, pais dos indivíduos que gaguejam relataram presença de ansiedade por parte dos filhos. Conforme descrito previamente( 1010. Craig A, Tran Y. Chronic and social anxiety in people who stutter. Adv Psychiatr Treat. 2006;12:63-8. ), acredita-se que a ansiedade pode ocasionar medo das interações sociais, o que, por sua vez, leva ao isolamento em relação às atividades sociais. Nessa lógica, é possível compreender os motivos das diferenças dos problemas internalizantes entre indivíduos com e sem gagueira, mencionados pelos pais.

Vale salientar que a análise qualitativa da opinião dos pais, comparativa entre os grupos (GE versus GC) quanto ao comportamento dos filhos, mostrou que o GE foi mais heterogêneo. No entanto, quanto às competências sociais, o GE foi mais homogêneo que GC. Uma das possíveis explicações para esse achado é a quantidade de questões sobre o comportamento, quando comparado com as questões da competência social.

A análise da competência social, que inclui as escalas de atividades, sociabilidade e escolaridade (desempenho escolar), mostrou diferença entre GE e GC apenas para as atividades. O total dos escores dessas escalas, segundo a opinião dos pais, correspondeu a uma classificação clínica do GE. Características referentes à competência social em indivíduos com gagueira foram descritas previamente como: comportamentos de fuga ou medo e evitação das interações sociais( 88. Mackinnon SP, Hall S, Macintyre PD. Origins of the stuttering stereotype: Stereotype formation through anchoring-adjustment. J Fluency Disord. 2007;32(4):297-309. , 1010. Craig A, Tran Y. Chronic and social anxiety in people who stutter. Adv Psychiatr Treat. 2006;12:63-8. , 2929. Arnold HS, Conture EG, Key APF, Walden T. Emotion reactivity, regulation and childhood stuttering: a behavioral and electrophysiological study. J Commun Disord. 2011;44:276-93. ); reações adversas emocionais e cognitivas nas situações comunicacionais rotineiras( 33. Craig A, Blumgart E, Tran Y. The impact of stuttering on the quality of life in adult people who stutter. J Fluency Disord. 2009;34(2):61-71. ); prejuízos no domínio social ou dificuldades nas interações sociais( 33. Craig A, Blumgart E, Tran Y. The impact of stuttering on the quality of life in adult people who stutter. J Fluency Disord. 2009;34(2):61-71. , 44. Yaruss JS. Assessing quality of life in stuttering treatment outcomes research. J Fluency Disord. 2010;35(3):190-202. , 2121. Craig A. The association between quality of life and stuttering. J Fluency Disord. 2010;35(3):159-60. ); dificuldade de desenvolver relacionamentos com parceiros( 1212. Van Borsel J, Brepoels M, de Coene J. Stuttering, attractiveness and romantic relationships: The perception of adolescents and young adults. J Fluency Disord. 2011;36(1):41-50. ); e incapacidade de comunicar-se efetivamente na vida diária( 77. Tilling JV. Listener perceptions of stuttering, prolonged speech, and verbal avoidance behaviors. J Commun Disord. 2011;44:161-72. ). Destaca-se que, embora a estratégia de fuga, aparentemente, se mostre efetiva para diminuir tanto a gagueira como a reação emocional negativa, ela não propicia a comunicação ou o desenvolvimento social( 2929. Arnold HS, Conture EG, Key APF, Walden T. Emotion reactivity, regulation and childhood stuttering: a behavioral and electrophysiological study. J Commun Disord. 2011;44:276-93. ).

Quanto à severidade da gagueira, os resultados corroboraram pesquisas prévias que afirmaram que a gagueira pode influenciar nas interações sociais( 44. Yaruss JS. Assessing quality of life in stuttering treatment outcomes research. J Fluency Disord. 2010;35(3):190-202. , 1111. Langevin M, Packman A, Onslow M. Peer responses to stuttering in the preschool setting. Am J Speech Lang Pathol. 2009;18:264-76. ). Ressalta-se que, segundo relato dos pais, o grupo de indivíduos com gagueira severa mostrou uma tendência de apresentar escores classificados como clínicos, quando comparada com os casos de gagueira moderada e leve. Algumas características comportamentais foram diferentes nos indivíduos com gagueira em comparação aos fluentes, e algumas dessas diferenças podem estar associadas com mudanças na frequência da gagueira( 3030. Conture EG, Kelly EM, Walden TA. Temperament, speech and language: an overview. J Commun Disord. 2013;46:125-42. ).

Em síntese, esses achados contribuíram para classificar o comportamento e a competência social de indivíduos com gagueira, segundo a opinião dos pais, com a utilização do inventário CBCL, e também para reforçar a importância da avaliação do comportamento em indivíduos com esse distúrbio. A compreensão da gagueira como multidimensional permite ao profissional uma visão mais ampla e mais contextualizada de como esse distúrbio de comunicação pode impactar o comportamento e aspectos sociais dos indivíduos que gaguejam.

É fato que uma das limitações do estudo seria a utilização de inventário que considera a opinião dos pais, e não a comparação dessa percepção com a avaliação dos aspectos comportamentais e sociais desses indivíduos com gagueira. Investigações complementares poderão confirmar esses achados e sinalizar para um melhor entendimento do impacto da gagueira no comportamento e na vida dos indivíduos.

CONCLUSÃO

Na opinião dos pais, os filhos com gagueira apresentam comportamento e competência social peculiar, com maior tendência a manifestar alterações nessas áreas, em comparação com os filhos fluentes. Medo, nervosismo/tensão, culpa, ansiedade, perfeccionismo e preocupação foram as alterações mais frequentes relacionadas ao comportamento, enquanto prejuízos no domínio social e nas situações comunicacionais rotineiras caracterizaram a competência social dos indivíduos com gagueira.

A caracterização do comportamento e da competência social dos indivíduos que gaguejam pode auxiliar na compreensão da multidimensionalidade da gagueira, bem como nortear a prática diagnóstica e terapêutica desse distúrbio.

AGRADECIMENTOS

Agradecemos à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), pelo apoio concedido para realização desta pesquisa (Processo nº 2011/23186-7).

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  • Trabalho realizado no Laboratório de Estudos, Avaliação e Diagnóstico Fonoaudiológico e no Laboratório de Estudos da Fluência, Departamento de Fonoaudiologia, Faculdade de Filosofia e Ciências, Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" - UNESP - Marília (SP), Brasil.
  • Fonte de financiamento: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo - FAPESP.
  • *
    MPG foi responsável pela coleta, tabulação e análise dos dados e redação do manuscrito; CMCO foi responsável pela seleção da amostra e diagnóstico dos casos, supervisionou a coleta de dados, bem como colaborou no delineamento da pesquisa e elaboração do manuscrito; CMG foi responsável pelo projeto, delineamento do estudo, discussão dos achados e orientação geral das etapas de execução e elaboração do manuscrito.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Jan-Feb 2015

Histórico

  • Recebido
    12 Dez 2013
  • Aceito
    03 Set 2014
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