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Checklist das categorias da CIF relevantes para o desenvolvimento de fala e linguagem

RESUMO

Objetivo

Criar um checklist da Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF) a partir de categorias relevantes para o desenvolvimento de fala e linguagem, segundo a percepção de pais e fonoaudiólogos.

Método

Realizou-se aplicação piloto e pesquisa. Na pesquisa participaram 100 pais de pré-escolares, com desenvolvimento típico de linguagem/cognição e 57 fonoaudiólogos especialistas em linguagem. Elaborou-se questionário com 199 categorias da CIF dos componentes de funções do corpo, atividades e participação e fatores ambientais. Cada categoria foi pontuada como: indispensável (2); importante (1) ou sem importância (0). Realizou-se a análise estatística (descritiva, soma, cluster/Método K-means e Mann-Whitney).

Resultados

Com a soma dos pontos (indispensável, importante e sem importância) e a quantidade de respostas indispensável, foram identificadas as categorias de maior relevância para cada grupo de respondentes, assim como o conjunto de categorias em comum (72 consideradas de maior influência). A listagem comum aos grupos contou com os três componentes: funções do corpo (30 categorias/40% do total), atividades e participação (35/49,29%) e fatores ambientais (sete/13,20%). Das categorias selecionadas, 58,33% apresentaram resultados estatisticamente significantes entre os grupos, quanto à relevância dada.

Conclusão

As categorias foram consideradas com pontuações distintas entre os grupos: as de funções do corpo foram mais pontuadas pelos fonoaudiólogos, enquanto as de fatores ambientais pelos pais. Assim, foi possível criar um checklist a partir da identificação das categorias mais relevantes para o desenvolvimento de fala e linguagem, em idade pré-escolar, contemplando os componentes funções do corpo, atividades e participação e fatores ambientais.

Descritores:
Classificação Internacional de Funcionalidade; Incapacidade e Saúde; Fonoaudiologia; Classificações em Saúde; Linguagem Infantil; Desenvolvimento Infantil

ABSTRACT

Purpose

Create a checklist of the International Classification of Functioning, Disability and Health (ICF) based on relevant categories for the development of speech and language, according to the perception of parents and speech therapists.

Methods

Pilot application and research were carried out. 100 parents of preschool children with typical language/cognition development and 57 language specialist speech therapists participated in the survey. A questionnaire was created with 199 ICF categories of body function components, activities and participation, and environmental factors. Each category was scored as: indispensable (2); important (1) or unimportant (0). Statistical analysis was performed (descriptive, sum, cluster/K-means and Mann-Whitney method).

Results

With the sum of the points (essential, important and unimportant) and the number of responses essential, the most relevant categories were identified for each group of respondents, as well as the set of categories in common (72 considered to have the greatest influence). The common list to the groups included the three components: body functions (30 categories/40% of the total), activities and participation (35/49.29%) and environmental factors (seven/13.20%). From the selected categories, 58.33% presented statistically significant results between the groups, regarding the relevance given.

Conclusions

The categories were considered with different scores between the groups: those of body functions were more scored by speech therapists, while those of environmental factors by parents. Thus, it was possible to create a checklist from the identification of the most relevant categories for the development of speech and language, in preschool age, contemplating the components of body functions, activities and participation and environmental factors.

Keywords:
International Classification of Functioning; Disability and Health Speech-Language Pathology; Health Classifications; Child Language; Child Development

INTRODUÇÃO

O desenvolvimento infantil e especificamente o de linguagem, resulta dos aspectos biopsicossociais, em seus componentes neurobiológicos, experienciais e circunstanciais(11 Organização Mundial de Saúde. Classificação Internacional da Funcionalidade Incapacidade e Saúde: versão para crianças e jovens (CIF – CJ). São Paulo: EDUSP; 2011.). Assim, como recurso, tem-se a valorização de procedimentos que considerem a percepção dos responsáveis, ampliando a visão sobre linguagem e funcionalidade(22 Souza DMB, Lopes SMB. Percepção da família em relação à atuação fonoaudiológica em um ambulatório. Rev CEFAC. 2015;17(1):80-7. http://dx.doi.org/10.1590/1982-0216201515413.
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).

No acompanhamento da linguagem infantil, deve-se pensar em instrumentos que objetivem o mapeamento e rastreio do desenvolvimento, a partir de referenciais de normalidade e seus desvios. Para tanto, a Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF) da Organização Mundial de Saúde(33 OMS: Organização Mundial de Saúde. CIF: Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde. São Paulo: EDUSP; 2020.) pode auxiliar o fonoaudiólogo em atuações clínicas e de pesquisa na avaliação, orientação e intervenção individualizados, pela proposição abrangente de classificação em diferentes domínios do comportamento(44 CFFa: Conselho Federal de Fonoaudiologia [Internet]. Guia Norteador sobre a Classificação Internacional de Funcionalidade e Incapacidade/CIF em Fonoaudiologia. Brasília: CFFa; 2013 [citado em 2020 Maio 5]. Disponível em: https://www.fonoaudiologia.org.br/publicacoes/GUIA%20PRATICO%20CIF.pdf
https://www.fonoaudiologia.org.br/public...
).

Consequentemente, tanto na pesquisa quanto na clínica, a aplicação da CIF tem sido facilitada por meio de ferramentas constituídas e construídas na diversidade de percepções sobre a funcionalidade(55 McDougall J, Wright V, Rosenbaum P. The ICF model of functioning and disability: incorporating quality of life and human development. Dev Neurorehabil. 2010;13(3):204-11. http://dx.doi.org/10.3109/17518421003620525. PMid:20450470.
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). Sua estrutura organiza informações, sendo utilizada como ferramenta estatística e epidemiológica(66 Almansa J, Ayuso-Mateos JL, Garin O, Chatterji S, Kostanjsek N, Alonso J, et al. The international classification of functioning, disability and health: development of capacity and performance scales. J Clin Epidemiol. 2011;64(12):1400-11. http://dx.doi.org/10.1016/j.jclinepi.2011.03.005. PMid:21669511.
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) e no estudo da funcionalidade em pessoas saudáveis(77 Oliveira HT, Feliz LA, Sousa LS, Linhares LC, Rocha TD, Corrêa VGS, et al. O uso da Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF) por terapeutas ocupacionais em pesquisa: revisão integrativa. Research. Soc Dev. 2022;11(13):e436111335901. http://dx.doi.org/10.33448/rsd-v11i13.35901.
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).

As possibilidades de adoção da CIF permitem a criação de novos instrumentos, como entrevistas e questionários(88 Paiva SF, Dória LES, Santos LC, Santos TA, Vieira GSP. Uso da CIF na área de audiologia: uma revisão integrativa internacional. Revista CIF Brasil. 2021;13(1):58-68. http://dx.doi.org/10.4322/CIFBRASIL.2021.008.
http://dx.doi.org/10.4322/CIFBRASIL.2021...
,99 Ferreira JB, Vianna NG, Lima MCMP. Aplicação clínica da Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF) em crianças e adolescents de um serviço público de reabilitação auditiva. Rev CEFAC. 2022;24(2):e5261. http://dx.doi.org/10.1590/1982-0216/20222425621s.
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). Em especial, viabilizam o reconhecimento de diferentes pontos de vista sobre um mesmo tópico, considerando os aspectos relevantes para o próprio usuário(1010 Cronin A, McLeod S, Verdon S. Holistic Communication Assessment for Young Children with Cleft Palate Using the International Classification of Functioning, Disability and Health: children and Youth. Lang Speech Hear Serv Sch. 2020;51(4):914-38. http://dx.doi.org/10.1044/2020_LSHSS-19-00122. PMid:32697920.
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) e para os responsáveis(1111 McNeilly LG. Using the International Classification of Functioning, Disability and Health Framework to Achieve Interprofessional Functional Outcomes for Young Children: A Speech-Language Pathology Perspective. Pediatr Clin North Am. 2018;65(1):125-34. http://dx.doi.org/10.1016/j.pcl.2017.08.025. PMid:29173712.
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). A organização da CIF permite que o profissional expanda sua visão sobre o desenvolvimento infantil, incluindo as diferentes expectativas e metas quanto ao desempenho comunicativo daquela criança frente ao contexto(1212 Borges MGS, Medeiros AM. Fatores ambientais e suas associações com as hipóteses diagnósticas fonoaudiológicas de crianças e adolescentes. Rev CEFAC. 2021;23(5):e6421. http://dx.doi.org/10.1590/1982-0216/20212356421.
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).

Nesse cenário, cabe aos profissionais da saúde desenvolverem ferramentas e ações pautadas na CIF que estimulem a aproximação, praticidade e confiabilidade no processo de cuidar(99 Ferreira JB, Vianna NG, Lima MCMP. Aplicação clínica da Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF) em crianças e adolescents de um serviço público de reabilitação auditiva. Rev CEFAC. 2022;24(2):e5261. http://dx.doi.org/10.1590/1982-0216/20222425621s.
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,1313 Pereira GS, Santos HM, Gonçalves TNS, Brandão TCP, Junior PRF, Silva SM. Possibilidades de utilização da Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF) na saúde da criança: uma revisão sistemática. Acta Fisiatr. 2022;29(1):56-66. http://dx.doi.org/10.11606/issn.2317-0190.v29i1a173126.
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) e que mostrem a relação entre as categorias de atividades e participação, habilidades de comunicação e fatores ambientais(1414 Gracia N, Rumbach AF, Finch E. A survey of speech-language pathology treatment for non-progessive dysarthria in Australia. Brain Impair. 2020;21(2):173-90. http://dx.doi.org/10.1017/BrImp.2020.3.
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), sendo também relativos ao desenvolvimento infantil(1515 Alves CP, Coppede AC, Hayashi MCPI, Martinez CMS. A produção científica da classificação internacional de funcionalidade, incapacidade e saúde para crianças e jovens – CIF-CJ. Rev Educ Espec. 2016;29(56):635-52. http://dx.doi.org/10.5902/1984686X17202.
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) e suas práticas de avaliação(1616 Valdez MC, Posadas JC, Chan KC, Garcia DO, Gusto PL, Soriano JU. Application of the international classification of functioning, Disability and health in Clinical Speech-Language Pathology practice: a scoping review. Philip J Health Res Dev. 2022;26(Suppl 3):S1-11.).

Portanto, o objetivo deste estudo foi criar um checklist da Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF) a partir de categorias relevantes para o desenvolvimento de fala e linguagem, segundo a percepção de pais e fonoaudiólogos. A seleção de determinadas categorias da CIF relacionadas à fala e linguagem, facilitará o entendimento das múltiplas influências no desenvolvimento e desempenho da comunicação para os processos de prevenção, avaliação e intervenção, facilitando a abrangência do olhar e a comunicação da equipe multidisciplinar.

MÉTODO

Estudo observacional, analítico e transversal aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP), sob protocolo 1.681.979/2016. Todos os participantes e instituições assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Inicialmente foi realizada a elaboração de um questionário com categorias pré-selecionadas da CIF e posteriormente o instrumento foi aplicado.

Participantes

A partir da realização de um cálculo pré-amostral, com uma amostragem por conveniência, foram entrevistados 100 pais (85 mães e 15 pais; média de 33 anos; 74% com ensino médio e 26% superior) de crianças (60 meninos e 40 meninas), com um média de 5,16 anos (idade mínima de quatro anos e máxima de cinco anos e onze meses), destes 37% entre quatro e quatros anos e onze meses e 63% entre cinco e cinco anos e onze meses. Quanto aos fonoaudiólogos (especialistas em Linguagem pelo Conselho Federal de Fonoaudiologia), a amostra contou com 57 profissionais (98,2% mulheres e média de 48,61 anos).

Os critérios de inclusão dos pais abarcavam: mais que oito anos de escolaridade, ter criança na faixa etária pré-escolar (entre quatro e cinco anos e onze meses), não apresentar queixa quanto ao desenvolvimento e não ter filho (a) com desempenho alterado nas avaliações (fonoaudiológica e neuropsicológica) realizadas. O critério de exclusão englobava respostas em branco no questionário aplicado.

Os critérios de inclusão dos fonoaudiólogos foram: atuar na cidade de São Paulo e ter o Título de Especialista em Linguagem pelo Conselho Federal de Fonoaudiologia vigente. Em relação aos de exclusão: restrição na atuação com a faixa etária em questão e qualquer ausência de respostas às perguntas do questionário.

Procedimentos

Realizou-se a elaboração de um questionário visando identificar percepções acerca do desenvolvimento típico de fala e linguagem em pré-escolares, com categorias a serem investigadas e cuidadas pelos profissionais de saúde, garantido orientação e intervenção precoces. Justifica-se a escolha da faixa etária, pela importância de considerar o desenvolvimento infantil como um processo contínuo, a ser garantida sua adequada vigilância e busca de ações clínicas padronizadas e sensíveis na identificação de riscos e alterações.

Utilizou-se a Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF)(33 OMS: Organização Mundial de Saúde. CIF: Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde. São Paulo: EDUSP; 2020.) por oferecer um modelo biopsicossocial, estrutural, para uso na saúde e em áreas relacionadas, que leva em consideração os componentes de funções e estruturas do corpo, atividades e participação, fatores ambientais e pessoais. O sistema de classificação é hierárquico, dividido em capítulos e categorias de dois a quatro níveis(33 OMS: Organização Mundial de Saúde. CIF: Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde. São Paulo: EDUSP; 2020.). A Classificação não é um instrumento avaliativo, porém permite a seleção de códigos que especificam a magnitude da funcionalidade ou incapacidade, ou em que medida um fator ambiental facilita ou constitui uma barreira.

A elaboração das questões abarcou categorias de três componentes da CIF: funções do corpo, atividades e participação e fatores ambientais. O componente de estrutura do corpo não foi incluído, pois considerou-se a preservação anatômica em pesquisa sobre normalidade(1717 Santos TV, Llerena JC Jr, Ribeiro CTM. CIF-CJ para crianças e adolescentes com osteogênese imperfeita: a perspectiva de especialistas. Acta Fisiátr. 2015;22(4):192-8. http://dx.doi.org/10.11606/issn.2317-0190.v22i4a122508.
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). Como indicado para pesquisas e avaliação de tratamento clínicos(33 OMS: Organização Mundial de Saúde. CIF: Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde. São Paulo: EDUSP; 2020.) utilizou-se a subdivisão de segundo nível da CIF (362 categorias ao todo).

Foram retiradas as categorias não esperadas para a faixa etária e outras que preconizam a definição de situações não descritas pela CIF, chegando-se a 199 categorias que foram transformadas em perguntas e estruturadas em blocos de questões fechadas, de maneira que o respondente indicava o seu posicionamento. Adotou-se o formato de três itens escalonados(1818 Sbicigo JB, Bandeira DR, Dell’Aglio BDD. Escala de Autoestima de Rosenberg (EAR): validade fatorial e consistência interna. Psico-USF. 2010;15(3):395-403. http://dx.doi.org/10.1590/S1413-82712010000300012.
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) com as alternativas: Indispensável (IN) – quando há concordância dominante – dois pontos; Importante (I) – quando há concordância predominante porém, nem todas as vezes – um ponto; Sem importância (SI) – quando há discordância predominante – zero ponto.

Como respondentes, selecionou-se grupos de pais de crianças e fonoaudiólogos, considerando a indicação da Organização Mundial de Saúde quanto a importância do envolvimento do indivíduo, por motivos éticos e pela construção dos achados com maior validade(33 OMS: Organização Mundial de Saúde. CIF: Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde. São Paulo: EDUSP; 2020.).

Previamente, para a verificação do questionário, ocorreu a aplicação em dois grupos(1919 Villa TCS, Ruffino-Netto A. Performance assessment questionnaire regarding TB control for use in primary health care clinics in Brazil. J Bras Pneumol. 2009;35(6):610-2. http://dx.doi.org/10.1590/S1806-37132009000600014. PMid:19618041.
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) de caracterização semelhante aos grupos amostrais. Nesse contexto, cada indivíduo foi orientado a julgar a linguagem e o instrumento utilizado. Ressalta-se que não ocorreram modificações após o procedimento.

Para o estudo, dois grupos responderam ao questionário elaborado com 199 perguntas. Na aplicação no grupo de profissionais, as categorias foram apresentadas com a mesma descrição da CIF e eles deveriam responder a importância de cada uma delas para desenvolver a fala e a linguagem em idade pré-escolar. Com relação ao grupo de pais, optou-se pela abreviação e objetivação da descrição das categorias da CIF, de forma a não perder a sua definição e facilitando a compreensão. Cada indivíduo foi orientado a refletir sobre a sua criança em idade pré-escolar e responder o quão fundamental aquela categoria era para desenvolver adequadamente a fala e a linguagem.

A coleta do estudo foi realizada em uma escola de educação infantil, localizada na zona sul da cidade de São Paulo. Para participar, os pais responderam a uma pesquisa inicial sobre o desenvolvimento da criança. Posteriormente, o processo de avaliação constou da aplicação de uma triagem auditiva, a avaliação da linguagem receptiva e expressiva e um teste neuropsicológico (com auxílio de uma psicóloga), para medição do quociente de inteligência não verbal. Todos realizados no próprio ambiente escolar.

No processo de avaliação foi pesquisado o Reflexo cócleo palpebral (RCP), no qual foi apresentado para a criança um estímulo sonoro de alta intensidade e curta duração, que oferece dados do desenvolvimento maturacional global da criança. Dos aspectos de linguagem, utilizou-se a Avaliação do Desenvolvimento da Linguagem (ADL)(2020 Menezes MLN. A construção de um instrumento para avaliação do desenvolvimento da linguagem: idealização, estudo piloto para padronização e validação [tese]. Rio de Janeiro: Instituto Fernandes Figueira, Fundação Oswaldo Cruz; 2003.), escala que possui como objetivo avaliar os domínios receptivos e expressivos da linguagem, na faixa etária de um ano a seis anos e onze meses. Da avaliação neuropsicológica, mediu-se o quociente de inteligência (QI) não verbal, por meio do Son-R 2 ½-7 [a](2121 Laros JA, Jesus GR, Karino CA. Validação brasileira do teste não-verbal de inteligência SON-R 21/2-7 [a]. Aval Psicol. 2013;12(2):233-42.), que engloba os subtestes: mosaicos, padrões, categorias e situações, formando uma escala de execução e de raciocínio.

Do total de crianças matriculadas na escola, 134 (referente a 86,54% do total de escolares da instituição) receberam a autorização dos pais para serem avaliadas. Destas, 117 crianças apresentaram resultados adequados nos testes (87,31%) e 17 delas apresentaram resultados alterados, sendo excluídas da amostra e encaminhadas para serviço diagnóstico (12,69%).

Após a avaliação das crianças, grupos de até dez pais eram chamados por vez para realização da devolutiva da avaliação (até uma hora de duração). Durante o encontro e após breve explicação sobre a CIF, os pais eram orientados a responder o questionário, pontuando o grau de influência de cada categoria para o desenvolvimento de fala e linguagem em seus filhos. 106 pais responderam ao questionário e desse total seis foram excluídos de maneira aleatória para atingir os 100 pré-definidos.

Quanto ao grupo de fonoaudiólogos, optou-se por aqueles com especialização em linguagem atuantes na cidade de São Paulo e título válido de especialista pelo Conselho Federal de Fonoaudiologia (CFFa). Cada fonoaudiólogo permaneceu com o questionário, que continha breve explicação sobre a CIF, individualmente, por um prazo máximo de noventa dias.

Análise estatística

Os achados foram tabulados e as respostas analisadas. Para verificar quais questões teriam maior relevância, calculou-se: a soma dos escores, correspondente aos valores zero, um ou dois, pontuados por pergunta – caracterizando o critério de análise SOMA; e realizou-se a contagem das respostas Indispensável, critério TOTAL2. No estabelecimento da classificação, fez-se uma análise por cluster (método K-means) por critério (SOMA e TOTAL2) e grupo (profissionais e pais), definindo-se cinco agrupamentos em ordem decrescente: 1 (maior pontuação), 2, 3, 4 e 5 (menor pontuação). Para comparação de respostas entre os grupos utilizou-se o teste não paramétrico de Mann-Whitney, com um nível de significância de 5% e um intervalo de confiança de 95%.

RESULTADOS

Ressalta-se que todas as categorias investigadas receberam pontuações, o que confirma que não ocorreram ausências de respostas. Entre as dez categorias mais bem pontuadas, os pais consideraram Família nuclear (e310), do componente de fatores ambientais, como a mais relevante para o desenvolvimento de fala e linguagem. Para os fonoaudiólogos, a primeira categoria foi do componente de atividades e participação, Aquisição de linguagem (d132).

No grupo de pais, a categoria de atividades e participação que apareceu entre as dez primeiras foi Ouvir (d115), as demais estiveram relacionadas ao componente de funções do corpo, principalmente quanto à função mental, sistema cardiovascular e respiratório. Para os fonoaudiólogos, as categorias mais relevantes se dividiram entre funções do corpo, principalmente em seus capítulos de função mental, de voz e fala; e atividades e participação, quanto ao aprendizado e aplicação de conhecimento.

A construção do cluster se deu a partir dos resultados identificados pelos critérios SOMA e TOTAL2, identificando as categorias mais bem pontuadas para constituição do checklist de desenvolvimento típico de fala e linguagem. A Tabela 1 compara a seleção de categorias, entre as mais relevantes por grupo, a partir dos três primeiros agrupamentos. De acordo com os critérios previamente definidos, optou-se por fazer as exclusões das questões dos dois últimos agrupamentos (4 e 5), referentes às categorias com as menores pontuações definidas pelos grupos.

Tabela 1
Seleção cluster final para ambos os grupos

O Quadro 1 indica o checklist que foi constituído a partir da indicação dos pais e profissionais sobre as categorias mais relevantes para o desenvolvimento de fala e linguagem a partir da CIF.

Quadro 1
Checklist da CIF para o desenvolvimento de fala e linguagem em pré-escolares

O checklist definido nesta pesquisa contou com 72 categorias. Destas, quanto às funções do corpo, 30 estiveram presentes de acordo com a subdivisão por capítulos da CIF: 17 de funções mentais; quatro de funções sensoriais e dor; quatro de funções da voz e da fala; duas de funções dos sistemas cardiovascular, hematológico, imunológico e respiratório; uma de funções dos sistemas digestório, metabólico e endócrino; duas de funções neuromusculoesqueléticas e relacionadas ao movimento.

Quanto a atividades e participação, 35 categorias mostram-se de maior relevância: 14 do capítulo de aprendizagem e aplicação do conhecimento, duas de tarefas e demandas gerais, sete de comunicação, duas de cuidado pessoal, cinco de relações e interações interpessoais, três de áreas da vida e duas de vida comunitária, social e cívica.

Quanto aos fatores ambientais, sete categorias pertenciam ao componente, de três capítulos: ambiente natural e mudanças ambientais feitas pelo homem; apoio e relacionamentos; serviços, sistemas e políticas.

Na análise comparativa entre as respostas de ambos os grupos (Tabela 2), 42 categorias (58,33%) apresentaram-se com resultados significantes intergrupos, quanto a diferença na relevância dada. Destas 21 de funções do corpo (50%); 18 de atividades e participação (42,85%) e 3 de fatores ambientais (7,14%).

Tabela 2
Comparativo de respostas entre pais e fonoaudiólogos

No que se refere ao componente de funções do corpo, observa-se que das 30 categorias analisadas do checklist, os fonoaudiólogos tiveram uma variável SOMA com maior pontuação que os pais em 18 (60%). Quanto às atividades e participação, das 35 categorias selecionadas, os fonoaudiólogos tiveram maior pontuação em 16 (45,71%). Por fim, no componente de fatores ambientais, observa-se que das sete categorias selecionadas, os fonoaudiólogos tiveram uma variável SOMA com maior pontuação que o grupo de pais em duas delas (28,57%).

DISCUSSÃO

O propósito do estudo foi a criação de um checklist com base nos aspectos de funcionalidade em fala e linguagem. O uso desse instrumento visa facilitar a abrangência do olhar dos profissionais, possibilitando conhecer interações e impactos para que a criança adquira e desenvolva a fala e a linguagem. Ressalta-se que o uso da CIF como base estrutural, facilita a seleção e formalização de categorias, uniformizando a nomenclatura utilizada e possibilitando a comparação entre dados, confirmando a possibilidade de construção de outros instrumentos de avaliação, triagem e/ou acompanhamento do desenvolvimento com o seu escopo(2222 Borges MGS, Medeiros AM, Lemos SMA. Caracterização de aspectos fonoaudiológicos segundo as categorias da Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde para Crianças e Jovens (CIF-CJ). CoDAS. 2018;30(4):e20170184. http://dx.doi.org/10.1590/2317-1782/20182017184. PMid:30110109.
http://dx.doi.org/10.1590/2317-1782/2018...
).

Uma revisão sistemática analisando o uso da CIF na pediatria no Brasil, indicou que 40% dos estudos utilizaram checklists da Classificação em sua elaboração(2323 Nunes BSM, Lima SCR, Damasceno E, Salomão DSS, Nascimento LS, Ribeiro EP. Utilização da Classificação Internacional de Funcionalidade, incapacidade e saúde em pediatria no Brasil: revisão sistemática. REBRASF. 2021;9(3):90-102. http://dx.doi.org/10.25194/rebrasf.v9i3.1485.
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) apesar de observarem um uso incipiente na área infantil por parte dos profissionais da saúde. Os autores reforçaram a importância do uso na definição e planejamento de recursos, serviços e políticas, organizando a informação, facilitando a comunicação e buscando abordagens mais holísticas.

A construção de instrumentos baseados na normalidade configura e abrange aspectos relevantes de acordo com a faixa etária e permite ao profissional uma visão ampliada da saúde, a identificação de comportamentos e situações que se distanciam da tipicidade. Tal processo facilita o processo de tomada de decisão, acompanhamento e vigilância infantil, assim como caracteriza de forma mais individualizada as demandas de funcionalidade da população. Porém, como reforçado por autores(77 Oliveira HT, Feliz LA, Sousa LS, Linhares LC, Rocha TD, Corrêa VGS, et al. O uso da Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF) por terapeutas ocupacionais em pesquisa: revisão integrativa. Research. Soc Dev. 2022;11(13):e436111335901. http://dx.doi.org/10.33448/rsd-v11i13.35901.
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,2323 Nunes BSM, Lima SCR, Damasceno E, Salomão DSS, Nascimento LS, Ribeiro EP. Utilização da Classificação Internacional de Funcionalidade, incapacidade e saúde em pediatria no Brasil: revisão sistemática. REBRASF. 2021;9(3):90-102. http://dx.doi.org/10.25194/rebrasf.v9i3.1485.
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), a pesquisa com populações sem alterações de saúde na lógica da prevenção e promoção utilizando a CIF, ainda se encontra em defasagem mesmo que a OMS preveja a inserção da Classificação nas populações, independentemente da presença de um quadro clínico(33 OMS: Organização Mundial de Saúde. CIF: Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde. São Paulo: EDUSP; 2020.).

O uso da CIF permite reconhecer as relações presentes entre os componentes dentro do desenvolvimento infantil, facilitando a investigação e permitindo que aspectos importantes da vivência social e interativa do sujeito sejam levados em consideração, para além do funcionamento do seu corpo. A importância de rastrear e monitorar indivíduos durante o percurso de desenvolvimento é reforçado por estudo anterior, que indicou o auxílio do uso da Classificação na organização e padronização das informações sobre funcionalidade. Os autores reforçaram que o desenvolvimento de instrumentos relacionados a CIF, como checklists, são fundamentais para a utilização do modelo biopsicossocial na prática clínica, em serviços que englobam triagem auditiva, acompanhamento do desenvolvimento de linguagem e evolução terapêutica(88 Paiva SF, Dória LES, Santos LC, Santos TA, Vieira GSP. Uso da CIF na área de audiologia: uma revisão integrativa internacional. Revista CIF Brasil. 2021;13(1):58-68. http://dx.doi.org/10.4322/CIFBRASIL.2021.008.
http://dx.doi.org/10.4322/CIFBRASIL.2021...
).

A utilização da estrutura da Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF) é preconizada na prática clínica fonoaudiológica, com incentivo ao seu uso. Em uma revisão de escopo, a análise temática mostrou que a CIF foi aplicada na avaliação, intervenção e prestação de serviços de saúde. Porém, foi indicado que existem lacunas no uso de ferramentas baseadas na CIF na prática clínica fonoaudiológica e na sua compreensão social, cujo uso facilita uma compreensão holística da funcionalidade, incapacidade e decisões clínicas baseadas em evidências(1616 Valdez MC, Posadas JC, Chan KC, Garcia DO, Gusto PL, Soriano JU. Application of the international classification of functioning, Disability and health in Clinical Speech-Language Pathology practice: a scoping review. Philip J Health Res Dev. 2022;26(Suppl 3):S1-11.).

Em uma revisão integrativa da literatura(2424 Cirilo BM, Vieira AKB, Lara JB, Nogueira GDR, Britto DBO. Classificação Internacional de Funcionalidade e transtornos da linguagem: revisão integrativa da literatura. Distúrb Comun. 2021;33(4):583-95. http://dx.doi.org/10.23925/2176-2724.2021v33i4p583-595.
http://dx.doi.org/10.23925/2176-2724.202...
) quanto ao uso da CIF, observou-se utilidade desde o processo de anamnese até o desenvolvimento da linguagem em crianças, incluindo o uso de questionários que simplifiquem a Classificação, assim como a criação de ferramentas que a partir de suas premissas, visem a aquisição e o desenvolvimento da linguagem. O que reforça a importância da construção de um checklist voltado para o desenvolvimento da linguagem infantil, como estruturado neste trabalho.

O desenvolvimento de competências de atuação fundamentado em uma ampla variedade de métodos de coleta de dados e ferramentas de documentação, ajuda os fonoaudiólogos a comunicarem com precisão os resultados dos serviços que prestam, aumentando assim a capacidade de tomar decisões clínicas(2525 Schultz J, Powell R, Ross KD. Data collection and documentation strategies for speech-language pathologist/speech-language pathology assistant teams. Lang Speech Hear Serv Sch. 2022;53(4):1022-36. http://dx.doi.org/10.1044/2022_LSHSS-21-00151. PMid:35858269.
http://dx.doi.org/10.1044/2022_LSHSS-21-...
). O que impacta diretamente no entendimento da dimensão de atuação da área fonoaudiológica e a necessidade de maior foco nos aspectos de funcionalidade, principalmente relacionados à comunicação(1414 Gracia N, Rumbach AF, Finch E. A survey of speech-language pathology treatment for non-progessive dysarthria in Australia. Brain Impair. 2020;21(2):173-90. http://dx.doi.org/10.1017/BrImp.2020.3.
http://dx.doi.org/10.1017/BrImp.2020.3...
).

Para delinear esses achados, a percepção dos profissionais com expertise na área se faz fundamental, assim como dos sujeitos, considerando que esses possuem o conhecimento quanto aos aspectos impactantes, de funcionalidade e incapacidade vivenciados. O uso da CIF possibilitou conhecer as categorias de relevância para o desenvolvimento típico de fala e linguagem, contemplando os componentes de funções do corpo, atividades e participação e fatores ambientais, assim como outros estudos que evidenciaram a aplicabilidade do uso da CIF como norteadores de serviços de saúde(99 Ferreira JB, Vianna NG, Lima MCMP. Aplicação clínica da Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF) em crianças e adolescents de um serviço público de reabilitação auditiva. Rev CEFAC. 2022;24(2):e5261. http://dx.doi.org/10.1590/1982-0216/20222425621s.
http://dx.doi.org/10.1590/1982-0216/2022...
,1313 Pereira GS, Santos HM, Gonçalves TNS, Brandão TCP, Junior PRF, Silva SM. Possibilidades de utilização da Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF) na saúde da criança: uma revisão sistemática. Acta Fisiatr. 2022;29(1):56-66. http://dx.doi.org/10.11606/issn.2317-0190.v29i1a173126.
http://dx.doi.org/10.11606/issn.2317-019...
,2323 Nunes BSM, Lima SCR, Damasceno E, Salomão DSS, Nascimento LS, Ribeiro EP. Utilização da Classificação Internacional de Funcionalidade, incapacidade e saúde em pediatria no Brasil: revisão sistemática. REBRASF. 2021;9(3):90-102. http://dx.doi.org/10.25194/rebrasf.v9i3.1485.
http://dx.doi.org/10.25194/rebrasf.v9i3....
,2626 Biz MCP, Chun RYS. Operacionalização da funcionalidade, incapacidade e saúde em Centro Especializado em Reabilitação. CoDAS. 2020;32(2):e20190046. http://dx.doi.org/10.1590/2317-1782/20192019046. PMid:31851217.
http://dx.doi.org/10.1590/2317-1782/2019...
).

Dentre as categorias mais relevantes pontuadas pelos grupos, estiveram presentes principalmente aquelas relacionadas ao componente de função do corpo, o que está de acordo com outros estudos(2727 Ostroschi DT, Zanolli ML, Chun RYS. Percepção de familiares de crianças e adolescentes com alteração de linguagem utilizando a Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF-CJ). CoDAS. 2017;29(3):e20160096. http://dx.doi.org/10.1590/2317-1782/20172016096. PMid:28538828.
http://dx.doi.org/10.1590/2317-1782/2017...
). Tais achados demonstram que os aspectos fisiológicos são considerados como de grande relevância quando se pensa no desenvolvimento da criança, o que fortalece a estrutura de formação do profissional e de divulgação do conhecimento da saúde constituído no modelo biomédico. Portanto, faz-se necessário entender melhor como os fonoaudiólogos e pesquisadores conceituam o uso estrutural da CIF, particularmente os componentes de atividade e participação(2828 Kwok EYL, Rosenbaum P, Cunningham BJ. Speech-language pathologists’ treatment goals for preschool languagem disorders: an ICF analysis. Int J Speech Lang Pathol. 2022;23:1-8. http://dx.doi.org/10.1080/17549507.2022.2142665. PMid:36416180.
http://dx.doi.org/10.1080/17549507.2022....
) e os fatores ambientais. Reforça-se que atividades e participação foi o componente mais encontrado em análise que revisava artigos de pediatria com o uso da CIF(2323 Nunes BSM, Lima SCR, Damasceno E, Salomão DSS, Nascimento LS, Ribeiro EP. Utilização da Classificação Internacional de Funcionalidade, incapacidade e saúde em pediatria no Brasil: revisão sistemática. REBRASF. 2021;9(3):90-102. http://dx.doi.org/10.25194/rebrasf.v9i3.1485.
http://dx.doi.org/10.25194/rebrasf.v9i3....
).

A literatura aponta(1010 Cronin A, McLeod S, Verdon S. Holistic Communication Assessment for Young Children with Cleft Palate Using the International Classification of Functioning, Disability and Health: children and Youth. Lang Speech Hear Serv Sch. 2020;51(4):914-38. http://dx.doi.org/10.1044/2020_LSHSS-19-00122. PMid:32697920.
http://dx.doi.org/10.1044/2020_LSHSS-19-...
), ao investigar a percepção de familiares em casos de alterações de fala e linguagem, a importância de se considerar outros componentes para a área fonoaudiológica, dado o predomínio de análise por parte dos profissionais, quanto às funções do corpo. Nesse estudo e na elaboração do checklist, as categorias de atividades e participação foram tão consideradas quanto às de funções do corpo. Outros estudos reforçaram que entrevistas com diversos informantes e com a utilização de múltiplas ferramentas permitiu triangular os dados e privilegiar diferentes pontos de vista, para melhor compreender as crianças e os seus contextos. Os fonoaudiólogos podem considerar a incorporação da análise de todos os componentes e fatores contextuais da CIF ao avaliar e trabalhar com crianças pequenas(1010 Cronin A, McLeod S, Verdon S. Holistic Communication Assessment for Young Children with Cleft Palate Using the International Classification of Functioning, Disability and Health: children and Youth. Lang Speech Hear Serv Sch. 2020;51(4):914-38. http://dx.doi.org/10.1044/2020_LSHSS-19-00122. PMid:32697920.
http://dx.doi.org/10.1044/2020_LSHSS-19-...
).

O predomínio de categorias dos componentes de funções do corpo e atividades e participação, comparativamente aos fatores ambientais, foi encontrado nesse estudo e pode ser confirmado nas pesquisas que analisaram as possibilidades de uso da CIF na saúde de crianças. Autores(1313 Pereira GS, Santos HM, Gonçalves TNS, Brandão TCP, Junior PRF, Silva SM. Possibilidades de utilização da Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF) na saúde da criança: uma revisão sistemática. Acta Fisiatr. 2022;29(1):56-66. http://dx.doi.org/10.11606/issn.2317-0190.v29i1a173126.
http://dx.doi.org/10.11606/issn.2317-019...
) encontraram maior quantidade de estudos que abarcaram as funções corporais e atividades e participação na classificação da funcionalidade de crianças de acordo com a CIF. Também citaram a possibilidade de acompanhamento evolutivo do desenvolvimento infantil a partir da CIF, incluindo aspectos de comunicação e audição, assim como considerou-se nesse trabalho, em específico quanto aos aspectos da fala e linguagem. Os autores reforçaram a necessidade de estudos abrangentes sobre a aplicação da CIF na saúde da criança.

Em estudo anterior(1212 Borges MGS, Medeiros AM. Fatores ambientais e suas associações com as hipóteses diagnósticas fonoaudiológicas de crianças e adolescentes. Rev CEFAC. 2021;23(5):e6421. http://dx.doi.org/10.1590/1982-0216/20212356421.
http://dx.doi.org/10.1590/1982-0216/2021...
) buscou-se investigar a associação de hipóteses diagnósticas fonoaudiológicas com fatores ambientais e concluiu-se pela importância de considerar tais aspectos, principalmente pela influência direta na funcionalidade da pessoa. Assim, ressalta-se que mais pesquisas deverão considerar o impacto desse componente para a área fonoaudiológica. Tais resultados encontrados podem indicar que estes aspectos não são plenamente investigados na área, conforme observa-se na baixa proporção das categorias de fatores ambientais nos dados de saúde das crianças, em serviços de saúde e educação.

A literatura(2424 Cirilo BM, Vieira AKB, Lara JB, Nogueira GDR, Britto DBO. Classificação Internacional de Funcionalidade e transtornos da linguagem: revisão integrativa da literatura. Distúrb Comun. 2021;33(4):583-95. http://dx.doi.org/10.23925/2176-2724.2021v33i4p583-595.
http://dx.doi.org/10.23925/2176-2724.202...
) ressalta a importância de se considerar não só os aspectos de atividade e participação, mas também os fatores contextuais, ambientais e pessoais dentro da prática fonoaudiológica, como entendimento da funcionalidade de acordo com o ambiente e as condições em que a criança se insere. Conforme autores(2929 Borges MGS, Medeiros AM, Lemos SMA. Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde para Crianças e Jovens (CIF-CJ) e Fonoaudiologia: associação com fatores sociodemográficos e clínico-assistenciais. CoDAS. 2020;32(3):e20190058. http://dx.doi.org/10.1590/2317-1782/20202019058. PMid:32609224.
http://dx.doi.org/10.1590/2317-1782/2020...
), o contexto interfere na funcionalidade e o conhecimento por parte do fonoaudiólogo de tais achados auxiliará no processo de seleção de indicadores base para o planejamento em saúde.

Os resultados da elaboração de um checklist de fala e linguagem indicam, com a presença de sete categorias deste componente, uma ampliação do olhar, buscando aspectos que não se limitam apenas à dimensão orgânica, assim como aqueles encontrados em literatura(2727 Ostroschi DT, Zanolli ML, Chun RYS. Percepção de familiares de crianças e adolescentes com alteração de linguagem utilizando a Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF-CJ). CoDAS. 2017;29(3):e20160096. http://dx.doi.org/10.1590/2317-1782/20172016096. PMid:28538828.
http://dx.doi.org/10.1590/2317-1782/2017...
). Reconhecendo-se que os fatores ambientais são importantes para a atenção à saúde da criança e do adolescente, considerando o favorecimento de atividades de linguagem no contexto social(3030 Mei C, Reilly S, Reddihough D, Mensah F, Green J, Pennington L, et al. Activities and participation of children with cerebral palsy: parent perspective. Disabil Rehabil. 2015;37(23):2164-73. http://dx.doi.org/10.3109/09638288.2014.999164. PMid:25586796.
http://dx.doi.org/10.3109/09638288.2014....
); bem como a importância da percepção da família acerca do impacto das vivências para o desenvolvimento a criança(1010 Cronin A, McLeod S, Verdon S. Holistic Communication Assessment for Young Children with Cleft Palate Using the International Classification of Functioning, Disability and Health: children and Youth. Lang Speech Hear Serv Sch. 2020;51(4):914-38. http://dx.doi.org/10.1044/2020_LSHSS-19-00122. PMid:32697920.
http://dx.doi.org/10.1044/2020_LSHSS-19-...
,3131 Pinto FCA, Schiefer AM, Perissinoto J. A Anamnese Fonoaudiológica segundo os preceitos da Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF). Distúrb Comun. 2018;30(2):252-65. http://dx.doi.org/10.23925/2176-2724.2018v30i2p-252-265.
http://dx.doi.org/10.23925/2176-2724.201...
).

Com relação a elaboração de ferramentas da CIF na Fonoaudiologia, um estudo anterior(99 Ferreira JB, Vianna NG, Lima MCMP. Aplicação clínica da Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF) em crianças e adolescents de um serviço público de reabilitação auditiva. Rev CEFAC. 2022;24(2):e5261. http://dx.doi.org/10.1590/1982-0216/20222425621s.
http://dx.doi.org/10.1590/1982-0216/2022...
) elaborou um checklist para a reabilitação de crianças e adolescentes com deficiência auditiva. Dentre a proposta das autoras, ressaltou-se que o material ampliou a observação dos profissionais, de acordo com as necessidades do sujeito e possibilitou um acompanhamento mais individualizado do processo terapêutico.

A busca por literatura especializada mostra que são escassos os trabalhos que realizam uma análise do desenvolvimento infantil, na ausência da alteração, a partir do modelo biopsicossocial presente na CIF e consequentemente na investigação e entendimento dos seus componentes, como dados, informações e indicadores de saúde.

Assim, o checklist deste estudo pode se constituir em uma ferramenta confiável para documentar informações, em uma linguagem comum, a fim de facilitar a construção de dados de informação em saúde, acompanhamento e avaliação, além de uniformizar o conhecimento gerado, facilitar ações e políticas voltadas para a população infantil. A construção desses indicadores, de forma integrada com o usuário, abarca categorias relevantes nem sempre identificáveis em situação clínica. Ressalta-se que há necessidade de novas análises, estudos e investigações que atestem o uso da ferramenta de forma robusta e que sejam confrontados com dados de avaliação de crianças típicas e com desempenho desviante de fala e linguagem, para verificar se as categorias identificadas pelos pais e profissionais permitem caracterizar esse desenvolvimento.

A definição de categorias para o desenvolvimento típico de fala e linguagem auxilia a identificação precoce dos fatores intervenientes na aquisição de competências, facilitando a prevenção, intervenção e a comunicação multidisciplinar. O estudo e adoção futura do checklist para diferentes grupos de indivíduos e suas famílias, permitirá identificar as correlações entre as questões e a análise psicométrica no instrumento, garantindo sensibilidade e especificidade. Desta maneira, a aplicação da CIF na área fonoaudiológica estará em consonância com o desenvolvimento de ferramentas apropriadas para sua implementação na prática assistencial, preventiva, clínica e terapêutica.

Das limitações do estudo, vale ressaltar que a partir da delimitação de faixa etária (pré-escolar) desconsiderou-se categorias que poderiam ser relevantes para fala e linguagem em outras idades. Além disso, o padrão de normalidade da criança utilizado como critério de inclusão dos pais considerou apenas o corte transversal do momento do estudo, sem registro de experiência dos pais com transtornos de desenvolvimento pregressos ou atuais, considerando-se também que pais de crianças com distúrbios de comunicação podem responder de forma diferente ao questionário.

CONCLUSÃO

Conclui-se que a partir da percepção de pais e fonoaudiólogos, foi possível selecionar as categorias da CIF mais influentes para o desenvolvimento típico de fala e linguagem. O questionário criado a partir das categorias da CIF proporcionou pontuação graduada sobre a interferência de aspectos da funcionalidade e dos fatores ambientais para a linguagem, o que permitiu a construção de um instrumento composto a partir de diferentes percepções, consequentemente sua abrangência pode ajustar-se a diferentes ações e facilitar a implementação de medidas auxiliadoras do acompanhamento na primeira infância.

A criação de um checklist, com os indicadores de desenvolvimento de fala e linguagem pela CIF, facilita o uso da Classificação e permite colocar em prática o princípio de sua construção e as interrelações entre os seus componentes. Tais achados facilitam a análise ampla e integrada do desenvolvimento típico, em seu percurso natural e individual, facilitando a identificação de alterações e a atuação precoce.

  • Trabalho realizado na Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP - São Paulo (SP), Brasil.
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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    22 Jan 2024
  • Data do Fascículo
    2024

Histórico

  • Recebido
    15 Dez 2022
  • Aceito
    13 Ago 2023
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