Acessibilidade / Reportar erro

Impacto da Mineração de Areia sobre a Química das Águas Subterrâneas, Distrito Areeiro da Piranema, Municípios de Itaguaí e Seropédica, Rio de Janeiro

Impact of sand mining upon the Groundwater Chemistry, Piranema Sand Mining District, Itaguaí and Seropédica region, Rio de Janeiro

Resumo:

O Distrito Areeiro de Seropédica-Itaguaí, considerado um dos maiores do Brasil, fornece aproximadamente 70% da areia para a construção civil da Região Metropolitana do Rio de Janeiro. O processo de extração de areia se dá através da retirada das camadas sedimentares superficiais, caracterizadas predominantemente por depósitos de areia, fazendo com que a superfície freática do Aquífero Piranema aflore, preenchendo as cavas resultantes. Os depósitos de areia originaram-se sob condições redutoras, associadas a ambiente deposicional de linhas de costa e mangues, o que proporcionou a formação de sulfetos. Com a exposição dos sedimentos com a lavra, ocorre oxidação dos sulfetos e aumento dos teores de SO4 na água, que podem alcançar valores superiores a 90 mg.l-1, o que intensifica a solubilização de minerais alumino-silicáticos e consequente aumento das concentrações de Al (> 10 mg.l-1) nas águas.

Palavras-chave:
hidrogeoquímica; acidificação; lagoas de cava; água subterrânea

Abstract:

The Seropédica-Itaguaí Sand Mining district supplies about 70% of sand for civil construction of Rio de Janeiro Metropolitan Region. The sand extraction process is fact by the remove of the surface sedimentary layers; make water table fills the produced hole. The sand extraction activities cause the oxidation of reduced sediments (ancient coast lines lithologies - mangrove environment), providing low pH values (reaching values < 4) and high SO4 contents (reaching more than 90 mg L-1). The relatively high acidity of these waters, similar to ore pit lakes environment and associated acid mine drainage, contributes to accelerated weathering rate, especially the silicates minerals, which produces high concentrations of Al (> 10 mg.L-1).

Keywords:
hydrogeochemistry; acidification; sand pit lakes; groundwater

Texto completo disponível apenas em PDF.

Full text available only in PDF format.

Agradecimento

Este trabalho contou com apoio da FAPERJ - processo E26/171.014/03 e ao INCT-TMCOcean 573-601/2008-9.

Referências

  • Alpers C.N., & Blowes D.W. 1994. Environmental geochemistry of sulphide oxidation. In: ACS, American Chemical Society Symposium, Series 550, Abstracts, p. 13-14.
  • ANEPAC - Associação Nacional das Entidades de Produtores de Agregados para Construção Civil. 2008. Informações Técnicas São Paulo, Revista Areia & Brita 43, 90 p.
  • Bachmann T.M., Friese K., Zachmann D.W. 2001. Redox and pH conditions in the water column and in the sediments of an acidic mining lake. Journal of Geochemical Exploration, 73:75-86.
  • Barbosa C.F. 2005. Hidrogeoquímica e a contaminação por nitrato em água subterrânea no bairro Piranema, Seropédica-RJ Dissertação de Mestrado, Instituto de Geociências, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 101 p.
  • Baird C. 1998. Environmental Chemistry, 2.ed., Ontario, Bookman, 622 p.
  • Becaria A., Campbell A., Bondy S.C. 2002. Aluminum as a toxicant. Toxicology and Industrial Health, 18:309-320.
  • Berbert M.C. 2003. A mineração de areia no distrito areeiro de Itaguaí-Seropédica/RJ: geologia dos depósitos e caracterização das atividades de lavra e dos impactos ambientais Dissertação de Mestrado, Instituto de Geociências, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 132 p.
  • Bidone E.D., Silva-Filho E.V., Guerra T., Barroso L.V., Ovalle A.R.C. 1999. Natural and cultural nutrient levels in rivers of small coastal watersheds, S-SE, Brazil. In: Knoppers B., Bidone E.D., Abrão J.J. (eds.) Environmental Geochemistry of Coastal Lagoon Systems of Rio de Janeiro, Brazil Niterói, EDUFF, p. 120-132.
  • Birge W.J. 1978. Aquatic Toxicology of trace elements of coal and fly ash. In: Thorp J.H., Gibbons J.W. (eds.) Energy and Environmental Stress in Aquatic Systems, Augusta, GA Washington, Springfield, p. 219-240.
  • Camilleri C., Markich S.J., Noller B.N., Turley C.J., Parker G., Van Dan R.A. 2003. Silica reduces the toxity of aluminium to a tropical freshwater fish (Mogurnda mogurnda). Chemosphere, 50:355-364.
  • Campbell P.G.C., Bisson M., Bougie R., Tessier A., Villeneuve J. 1983. Analytical methodology for determining the speciation of aluminum in acidic freshwaters. Analytical Chemistry, 55:2246-2252.
  • Cunha F.G., & Machado G.J. 2003. Manual Simplificado Sobre os Procedimentos de Coleta de Água Superficial e de Consumo Doméstico Belo Horizonte, CPRM, Manual Técnico, 58 p.
  • Custodio E., & Llamas M.R. 1983. Hidrologia subterrânea Madrid, Omega, 603 p.
  • Demas S.Y., Hall A.M., Fanning D.S., Rabenhorst M.C., Dzantor E.K. 2004. Acid sulfate soils in dredged materials from tidal Pocomoke Sound in Somerset County, MD, USA. In: International Acid Sulfate Soils Conference, 5, Tweed Heads, Twin Towns Services Club , Abstracts, p. 8.
  • Denimal S., Bertrand C., Mudry J., Paquette Y., Hochart M., Steinmann M. 2005. Evolution of the aqueous geochemistry of mine pit lakes e Blanzy-MontceaulesMines coal basin (Massif Central, France): origin of sulfate contents, effects of stratification on water quality. Applied Geochemistry, 20:825-839.
  • DNPM - Departamento Nacional de Produção Mineral. 2006. Anuário Mineral Brasileiro Brasília, DNPM, Anuário 34, 777 p.
  • Driscoll C.T., & Schecher W.D. 1969. Aqueous Chemistry of Aluminium. In: Gitelman H.J. Aluminium and Health, A Critical Review New York, Springer-Verlag, p. 209-225.
  • Eletrobolt 2003. Estudos Hidrogeológicos dos Aqüíferos Intergranulares a Oeste do Rio Guandu, Município de Seropédica/RJ Seropédica, Sociedade Fluminense de Energia Ltda., Relatório de Consultoria Técnica, 234 p.
  • Exley C., Chappell J.S., Birchall J.D. 1991. A mechanism for acute aluminium toxicity in fish. Journal of Teorical Biology, 151:517-428.
  • Fripp J., Ziemkiewicz P.F., Charkavorki H. 2000. Acid mine drainage treatment, Vicksburg, MS Vicksburg, U.S. Army Engineer Research and Development Center, Technical Notes Collection - ERDC TN-EMRRPSR-14, 310 p.
  • Góes M.H.B. 1994. Sobre a Formação Piranema da Bacia do Rio Guandu (RJ): um estudo paleoambiental. In: Congresso Brasileiro de Geologia, 38, Anais, p. 322-323.
  • Góes M.H.B. 1999. Diagnóstico Ambiental por Geoprocessamento do Município de Itaguaí, RJ Tese de Doutorado, Instituto de Geociências, Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Rio Claro, 204 p.
  • Jambor J.L., & Blowes D. 1994. Environmental geochemistry of sulfidic mine wastes, Nepean Ontario, Mineral Association of Canada, 438 p.
  • Klöppel H., Kordel W., Schmid S., Klein W. 1990. Development and improvement of analytical methods for speciation scheme of Al in the mobile soil phase. In: Broekaert J.A.C., Gilcer S., Adams F. (eds.) Proceedings ASI Metal speciation in the environment Berlin, Springer-Verlag, p. 447-461.
  • Lopes I., Gonçalves F., Soares A.M.V.M., Ribeiro R. 1999. Discriminating the ecotoxicity due to metals and to low pH in acid mine drainage. Ecotoxicology and Environmental Safety, 44(2):207-214.
  • McCullough C.D., & Lund M.A. 2006. Opportunities for sustainable mining pit lakes in Australia. Mine Water Environ, 25:220-226.
  • Marques E.D. 2010. Impacto da mineração de areia na bacia sedimentar de Sepetiba, RJ: estudo de suas implicações sobre as águas do Aqüífero Piranema Tese de Doutorado Departamento de Geoquímica, Universidade Federal Fluminense, Niterói, 161 p.
  • Marques E.D., Sella S.M., de Mello W.Z., Lacerda L.D., Silva-Filho E.V. 2008. Hydrogeochemistry of Sand Pit Lakes at Sepetiba Basin, Rio de Janeiro, Southeastern Brazil. Water, Air and Soil Pollution, 189:21-36.
  • Marques E.D., Sella S.M., Bidone E.D., Silva-Filho E.V. (2010) Geochemical behavior and dissolved species control in acid sand pit lakes, Sepetiba sedimentary basin, Rio de Janeiro, SE Brazil. Journal of South American Earth Sciences, 30:176-188.
  • Martyn C.N., & Pippard E.C. 1988. Aluminum and Alzheimer’s disease: an epidemiological approach. J Epidemiol Community Health, 42:134-137.
  • Martyn C.N., Baker D.J.P., Osmond C., Harris E.C., Edwardson J.A., Lacey R.F. 1989. Geographical relation between Alzheimer’s disease and aluminum in drinking water. Lancet, 1:59-60.
  • Modis K., Adam K., Panagopoulos K., Komtopoulos A. 1998. Development and Validation of a geostatistical model for prediction of acid mine drainage in underground sulphide mines. Transaction of the Institution of Mining and Metallurgy, 107:102-107.
  • Neil L.L., McCullough C.D., Lund M.A., Evans L.H., Tsvetnenko Y. 2009. Toxicity of acid mine pit lake water remediated with limestone and phosphorus. Ecotoxicology and Environmental Safety, 72(8):2046-2057.
  • Nimer E. 1977. Descrição, Análise e Interpretação Conceitual do Sistema de Classificação de Climas de C, W, Thornthwaite. Revista Brasileira de Geografia, 1:87-109.
  • Pellicori D.A., Gammons C.H., Poulson S.R. 2005. Geochemistry and stable isotope composition of the Berkeley pit lake and surrounding mine waters, Butte, Montana. Applied Geochemistry, 20(11): 2116-2137.
  • Plumlee G.S., & Logsdon M.J. 1999. The environmental geochemistry of mineral deposits. Rev Econ Geol, 6:224-240.
  • Poléo A.B.S. 1995. Aluminium polymerisation - a mechanism of acute toxicity of aqueous aluminium to fish. Aquatic Toxicol, 31(4):347-356.
  • Poléo A.B.S., Ostrabye K., Osnevad S.A., Andersen R.A., Heibo E., Vollestad L.A. 1997. Toxicity of acid aluminium-rich water to seven freshwater fish species: a comparative laboratory study. Environmental Pollution, 96(2):129-139.
  • Ramstedt M., Carlsson E., Lövgren L. 2003. The aqueous geochemistry in the Udden pit lake, northern Sweden. Applied Geochemistry, 18:97-108.
  • Rios J.L.P., & Berger S.G. 2002. Estudos sócio-econômicos e de demanda de água para a RMRJ. In: SERLA, Seminário sobre a bacia hidrográfica do Rio Guandu: problemas e soluções, 1, Anais, p. 30-34.
  • Schultze M., Pokrandt K., Hille W. 2010. Pit lakes of the Central German lignite mining district: Creation, morphometry and water quality aspects. Limnologica - Ecology and Management of Inland Waters, 40(2):148-155.
  • SEMA - Secretaria de Estado do Meio-ambiente. 1996. Projeto I: Diagnóstico ambiental da Bacia Hidrográfica da Baía de Sepetiba: Programa de Zoneamento Econômico-Ecológico do Estado do Rio de Janeiro - ZEE/RJ Rio de Janeiro, CARTOGEO/NCE/UFRJ, Relatório Técnico, 63 p
  • Sheoran A.S., & Sheoran V. 2006. Heavy metal removal mechanism of acid mine drainage in wetlands: a critical review. Minerals Engineering, 19(2):105-116.
  • Terrabyte 2000. Mineração Aguapeí - Estudo de Impacto Ambiental - EIA Rio de Janeiro, SEMARH, Relatório Técnico - Tomo B2, 135 p.
  • Tubbs D. 1999. Ocorrência das Águas Subterrâneas e “Aquífero Piranema” e Município de Seropédica, área da Universidade Rural e Arredores, Estado do Rio de Janeiro Rio de Janeiro, FAPERJ, Relatório Final de Pesquisa, 123 p.
  • Von Sperling E. 1988. Qualidade da Água em Atividades de Mineração.In: Dias L.E., Mello J.W.V. (eds.)Recuperação de Áreas Degradadas Viçosa, Universidade Federal de Viçosa, p. 1- 251.
  • Vuorinen P.J., Keinanen M., Peuranen S. 1990. Long term exposure of adult Whitefish (Coregonus wartmanni) to low pH/Aluminium: effects on reproduction, growth, blood composition and gills. In: Kauppi P., Antilla P., Kenttamies K. (eds.) Acidification in Finland, Berlin, Springer-Verlag , p. 941-961.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Jul-Sep 2011

Histórico

  • Recebido
    21 Set 2010
  • Aceito
    13 Out 2011
Sociedade Brasileira de Geologia R. do Lago, 562 - Cidade Universitária, 05466-040 São Paulo SP Brasil, Tel.: (55 11) 3459-5940 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: sbgeol@uol.com.br