Acessibilidade / Reportar erro

A linguagem na Síndrome de Treacher Collins: uma análise dialógica

RESUMO

A Síndrome de Treacher Collins ou Disostose Mandibulofacial é decorrente de mutações genéticas e caracterizada por malformações craniofaciais. Crianças com essa síndrome podem apresentar dificuldades cognitivas, linguísticas e psicomotoras. São raras as publicações que discorrem sobre a complexidade de seus aspectos terapêuticos, especialmente, voltados à evolução clínica vinculada à linguagem. O presente estudo objetiva analisar o processo terapêutico voltado à oralidade de um menino com essa síndrome, considerando a natureza dialógica da linguagem. Trata-se de um estudo de caso longitudinal e prospectivo, realizado em uma clínica-escola de uma Universidade, situada no sul do Brasil, durante quatro anos, desde 2012 até 2016. Os dados foram coletados a partir de gravações semanais do paciente em interação com os seus terapeutas, sendo, também, considerados os registros arquivados em seu prontuário. Os resultados indicam que a criança apresentou evolução no que se refere à apropriação da linguagem oral. Apesar das dificuldades na produção vocal e na articulação de fonemas, decorrentes de alterações craniofaciais próprias da síndrome em questão, as atividades dialógicas estabelecidas entre o menino, seus terapeutas e sua família, propiciaram mudanças gradativas no seu posicionamento em relação ao outro e à linguagem. Inicialmente, ele fazia uso de gestos, mímicas faciais, apontamentos, os quais eram compreendidos apenas pelas pessoas que faziam parte do seu cotidiano. Atualmente, além dos recursos gestuais, ele passou a usar a oralidade para participar de práticas interativas, indicando mais autonomia para interagir com seus interlocutores.

Palavras-chave:
Disostose mandibulofacial; Evolução clínica; Linguagem; Desenvolvimento infantil; Relações familiares

ABSTRACT

The Treacher Collins Syndrome or Mandibulofacial dysostosis is due to genetic mutations and characterized by craniofacial malformations. Children with this syndrome may present cognitive, linguistic and psychomotor difficulties. There are few publications that discuss the complexity of its therapeutic aspects, especially those focused on language clinical evolution. The present study aims to analyze a speech - language clinical work on oral language of a boy who has this syndrome, considering the dialogical nature of language. This is a longitudinal and prospective case study, carried out in a university clinic located in the south of Brazil, during four years, from 2012 to 2016. Data were collected from weekly recordings of the patient interacting with his therapists, and also from his record files. The results indicate that this child presented oral language appropriation evolution. Despite his vocal production and phonemes articulation´s difficulties, due to his craniofacial alterations that characterize this syndrome, the dialogical activities established between the child, his therapists and his family, caused gradual changes in his language use. Initially, he used gestures, facial mimics, pointing, which were understood only by people who were part of his daily life. Nowadays, he still uses gestures, but he also began to use oral language to participate in interactive practices, which indicates his autonomy to interact with other people.

Keywords:
Mandibulofacial dysostosis; Clinical evolution; Language; Child development; Family relations

INTRODUÇÃO

A Síndrome de Treacher Collins (STC) é um distúrbio decorrente de mutações genéticas e caracterizado por malformações craniofaciais. Em 1900, foi caracterizada pelo oftalmologista britânico Treacher Collins, sendo denominada com o seu nome. Entretanto, em 1944, a partir da descrição feita por Franceschetti Klein, adotou-se, também, o termo disostose mandibulofacial para referenciar essa síndrome(11 Medina JMP, Escobar MCA, Alvarez AYT, Hernández JFP, Carbot DM. Síndrome de Treacher-Collins. Presentación de un caso. Rev Méd Electrón. 2014;36(2):211-6. ). Sua incidência oscila em números que giram em torno de 1/25.000 e 1/70.000 de nascidos vivos(22 Alfonso LS, Centelles IA. Síndrome de Treacher Collins en una familia cubana. Presentación de caso. Rev Habanera Cienc Méd. 2016;15(3):408-17. ).

As alterações genéticas próprias da STC acarretam problemas que interferem negativamente na qualidade de vida das pessoas acometidas por essa desordem. É comum a ocorrência de fendas palpebrais em inclinação antimongoloide, coloboma na pálpebra inferior, acompanhado de ausência de cílios, hipoplasia malar e micrognatia(33 Leyva CJ, Restrepo GM. Síndrome de Treacher Collins: revisión de tema e presentación de caso. Revista Universitas Médica. 2014;55(1):64-70. ). Também, são observadas deformidades auriculares, no conduto auditivo externo e na orelha média(44 Polanski JF, Plawiak, AC, Ribas A. Hearing rehabilitation in Treacher Collins Syndrome with bone anchored hearing aid. 2015;3(44):483-87. http://dx.doi.org/10.1016/j.rppede.2015.08.016.
http://dx.doi.org/10.1016/j.rppede.2015...
). As alterações dentárias, geralmente, são intensas, promovendo anteversão de nervos faciais, mordida aberta e contração dos músculos orbicular e mentoniano quando o paciente tenta fechar a boca(55 Rodrigues BGS, Silva JLO, Guimarães PG, Formiga CKMR, Viana FP. Evolution of a child with Treacher Collins syndrome undergoing physiotherapeutic treatment. Fisioter Mov. 2015;28(3):525-33. http://dx.doi.org/10.1590/0103-5150.028.003.AO11.
http://dx.doi.org/10.1590/0103-5150.028...
).

A redução do tamanho do maxilar associa-se à posteriorização da língua, podendo gerar alterações de padrões respiratórios, além de dificuldades de mobilização de órgãos envolvidos na alimentação e na produção de sons da fala(55 Rodrigues BGS, Silva JLO, Guimarães PG, Formiga CKMR, Viana FP. Evolution of a child with Treacher Collins syndrome undergoing physiotherapeutic treatment. Fisioter Mov. 2015;28(3):525-33. http://dx.doi.org/10.1590/0103-5150.028.003.AO11.
http://dx.doi.org/10.1590/0103-5150.028...
). Portanto, embora as malformações observadas no nascimento não progridam com a idade, frequentemente, ocasionam dificuldades que alteram o desenvolvimento global dos sujeitos com STC, prejudicando o seu desempenho psicomotor, cognitivo e linguístico (66 Boku A, Hanamoto H, Kudo C, Morimoto Y, Sugimura M, Tooyama M, et al. Airway management for Treacher Collins syndrome with limited mouth opening. Open Journal of Anesthesiology. 2013;3(2):90-2. http://dx.doi.org/10.4236/ojanes.2013.32022.
http://dx.doi.org/10.4236/ojanes.2013.3...
).

Pela complexidade das anomalias craniofaciais próprias da STF e de seus desdobramentos, o atendimento de pacientes com disostose mandibulofacial deve ser multidisciplinar, abrangendo diferentes campos do saber, tais como a ortodontia, a otorrinolaringologia, a oftalmologia, a fonoaudiologia, a neurologia, a psicologia, entre outros, dependendo da dinâmica de cada caso(77 Toledo IC, Azevedo RA, Alves-Rocha A, Silva-Feles DA, Silva-Neta I, Pires-Borges K. Síndrome de Treacher Collins – relato de caso. Rev. Odont. 2016;16(9):945-52. ,88 Nogueira BML, Silva TN, Nogueira BCL, Silva WB, Menezes SAF, Menezes TOA. Genetic autosomal dominant disorders: a knowledge review. Int J Odontostomatol. 2015;9(1):153-8. http://dx.doi.org/10.4067/S0718-381X2015000100023.
http://dx.doi.org/10.4067/S0718-381X201...
). Contudo, apesar de despertar interesse de várias especialidades, são raras as publicações científicas envolvendo aspectos clínicos dessa síndrome, sobretudo, aqueles voltados ao acompanhamento terapêutico (55 Rodrigues BGS, Silva JLO, Guimarães PG, Formiga CKMR, Viana FP. Evolution of a child with Treacher Collins syndrome undergoing physiotherapeutic treatment. Fisioter Mov. 2015;28(3):525-33. http://dx.doi.org/10.1590/0103-5150.028.003.AO11.
http://dx.doi.org/10.1590/0103-5150.028...
).

De um ponto de vista fonoaudiológico, a escassa literatura dedicada ao tema indica que dificuldades significativas de respiração, deglutição e um quadro de palato alto e estreito, ocasionalmente com fissura, são questões que a área deve avaliar e acompanhar(99 Cassab TV, Tonello C, Dutka JCR, Yoshida MM, Alonso N, Antoneli MZ. Alterações de fala na síndrome de Treacher Collins. Revista Brasileira de Cirurgia Craniomaxilofacial. 2012;15(2):69-73. ). Quanto à audição, 30% a 50% dos casos de sujeitos com a síndrome apresentam perda auditiva bilateral do tipo condutiva, de grau severo, por malformação da cadeia ossicular ou, ainda, por estenose do conduto auditivo externo (44 Polanski JF, Plawiak, AC, Ribas A. Hearing rehabilitation in Treacher Collins Syndrome with bone anchored hearing aid. 2015;3(44):483-87. http://dx.doi.org/10.1016/j.rppede.2015.08.016.
http://dx.doi.org/10.1016/j.rppede.2015...
).

No que se refere à oralidade de pacientes com STC, a micrognatia e a posteriorização da língua são explicitadas como fatores que acarretam alterações na articulação dos sons e na ressonância oronasal, prejudicando a inteligibilidade da fala(1010 Massi G, França DR, Santos RS, Ribas A, Fonseca VD, Guarinello AC, et al. Speech language pathology findings in a Treacher Collins syndrome patient. Int Tinnitus J. 2016;20(1):31-5. http://dx.doi.org/10.5935/0946-5448.20160006. PMid:27488991.
http://dx.doi.org/10.5935/0946-5448.201...
). As alterações orais causam dificuldades discursivas, interferindo negativamente na participação social desses pacientes, indicando a necessidade de um acompanhamento com foco na linguagem. Na clínica fonoaudiológica, baseada em uma perspectiva dialógica(1111 Bakhtin MM. Marxismo e filosofia da linguagem: problemas fundamentais do método sociológico na ciência da linguagem. 14. ed. São Paulo: Hucitec; 2010. ), as questões orgânicas dos sujeitos são consideradas a partir das relações sociais em que cada um se insere, de forma singular.

Nessa ótica, a clínica fonoaudiológica considera o meio social como constitutivo da dinâmica cognitiva do sujeito, na medida em que a língua organiza os papéis que ele assume em diversos contextos dos quais participa, orientando discursivamente a sua fala(1212 Coudry MIH. Caminhos da neurolinguística discursiva: o velho e o novo. In: Coudry MIH, Freire FMP, Andrade MLF, Silva MA, editores. Neurolinguística discursiva: teorização e prática clínica. Campinas: Mercado de Letras; 2011. p. 279-399. ). O acompanhamento terapêutico pautado no dialogismo inclui, em sua abordagem, aspectos verbais e não verbais usados na interação, ampliando as possibilidades de significação e de reorganização linguística e discursiva de pacientes com STF. Assim, considerando a natureza dialógica da linguagem, a qual não abstrai o organismo de suas significações sociais(1111 Bakhtin MM. Marxismo e filosofia da linguagem: problemas fundamentais do método sociológico na ciência da linguagem. 14. ed. São Paulo: Hucitec; 2010. ), o presente estudo objetiva analisar o processo terapêutico, voltado à linguagem oral, de um menino com STC.

APRESENTAÇÃO DO CASO CLÍNICO

O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa registro CEP-8910/11 e cumpriu todos os critérios da Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde. Os responsáveis legais pelo participante da pesquisa assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Trata-se de um estudo de caso longitudinal e prospectivo, elaborado a partir de um trabalho clínico fonoaudiológico voltado a uma criança com Síndrome de Treacher Collins, cujo diagnóstico foi feito pelo seu pediatra. Para manter preservadas as identidades da criança e de sua família, foram-lhes dados os nomes fictícios: Marcos, para o paciente; Sofia, para a sua mãe; Dante, para o seu pai; e Mário, para o seu irmão.

Marcos vem sendo atendido em uma clínica-escola vinculada à graduação em Fonoaudiologia de uma Universidade situada no sul do Brasil, em terapias semanais, com duração de 40 minutos cada. Para análise dos dados, foram considerados quatro anos de atendimento fonoaudiológico, desde o primeiro contato dos pais da criança com profissionais e estagiários em Fonoaudiologia, em meados de 2012, quando Marcos tinha vinte e dois meses de idade, até agosto de 2016, quando o paciente já havia completado seis anos.

Sobre a coleta de dados, esta considerou diferentes aspectos descritos no prontuário do paciente, levando em conta a entrevista inicial realizada com os pais, a avaliação fonoaudiológica, os registros diários, os relatórios semestrais, os contatos interdisciplinares, as devolutivas dadas ao paciente e à família. Além disso, foram realizadas gravações em áudio e vídeo de situações interativas estabelecidas entre Marcos e seus terapeutas, no aparelho SM- T116BU, versão android 4.4. Cabe ressaltar que, por se tratar de uma clínica-escola, em cada ano letivo, um estagiário diferente atendeu Marcos.

Sobre a história do paciente, Marcos é um menino nascido em uma cidade do sul do Brasil, no segundo semestre de 2010. No início do processo terapêutico, Sofia, sua mãe, afirmou ter sido difícil lidar com a STC. Ela comentou que passou por situações constrangedoras quando o filho precisava sair do contexto domiciliar, por causa da imagem facial da criança.

Informou que, segundo os médicos, o filho não tinha expectativa de vida ao nascer, pois a síndrome havia se manifestado em um grau severo. Apesar da experiência ter sido traumática, conforme a mãe, “Marcos é uma criança maravilhosa, digna de qualquer esforço...ele é inteligente e entende muito bem tudo que ocorre ao seu redor”. Sofia relatou que, logo ao nascer, Marcos precisou passar por uma intubação de emergência.

No pós-parto, a criança apresentou três paradas respiratórias e duas paradas cardíacas, pois, em consequência da Síndrome de Treacher Collins, apresentava obstruções respiratórias, desde as vias aéreas superiores. Duas horas e trinta minutos depois do nascimento, foi solicitada autorização dos responsáveis, para realização de traqueostomia de emergência, a qual ele usa até hoje. Os pais puderam ver Marcos somente 24 horas após seu nascimento. Ele foi encaminhado à Unidade de Terapia Intensiva (UTI), permanecendo internado por 45 dias. Na UTI, foi submetido à sondagem nasogástrica, para que pudesse alimentar-se, pois apresentava dificuldades para deglutir.

Depois de sair do internamento, Marcos precisou realizar cirurgia de mandíbula, além de submeter-se a uma gastrostomia. Com seis meses de idade, passou por outra intervenção cirúrgica para correção das pálpebras. Desde então, já realizou diversas cirurgias plásticas reconstrutivas e corretivas. Entretanto, ele permanece fazendo uso de cânula de traqueostomia para aumentar as possibilidades respiratórias e, também, de sonda para alimentar-se.

Quanto à dinâmica familiar, Marcos mora com seus pais e com Mário, seu irmão, que é dois anos mais velho. Seu pai é professor do ensino público e sua mãe, apesar de ter interrompido por um tempo suas atividades para dedicar-se integralmente à família, atualmente exerce sua profissão, como professora de química. Dante participa de todos os cuidados destinados ao Marcos e o casal divide-se na distribuição dos afazeres domésticos. Em casa, Marcos brinca com o irmão e com os pais, participando efetivamente das atividades familiares.

No que se refere à escolaridade, Marcos frequentava a educação infantil, de forma assistemática, pelo fato de precisar ausentar-se reiteradamente para internamentos hospitalares e realização de diversas cirurgias. Seus pais entendiam a importância de ele interagir com outras crianças e queriam que ele permanecesse na escola. Porém, em 2014, houve uma denúncia, pelo fato de a criança necessitar de uma enfermeira de plantão para acompanhá-lo, já que precisava ser aspirado frequentemente. Em função disso, durante a coleta de dados, Marcos ficou bastante tempo afastado da escola e, portanto, sem estabelecer interações com outras crianças e professores no espaço escolar.

Quanto à audição de Marcos, Sofia, na primeira entrevista, feita em 2012, explicou que o filho tinha a orelha média preservada, mas não possuía pavilhões auriculares e ductos. Em 2013, ele apresentava perda auditiva moderada, com componente misto bilateral e fazia uso do aparelho BAHA, tendo ganho funcional de 40 dB.

No que se refere à Motricidade Oral, em 2012, Marcos apresentava dificuldade de respiração e de deglutição, não fazia vedamento labial e tinha redução de fluxo aéreo nas vias superiores. Suas bochechas e olhos eram assimétricos, mandíbula retrognática e não apresentava movimentos de captação, preparação e mastigação de alimento. Atualmente, no que concerne à alimentação de Marcos, ele é acompanhado por dois gastroenterologistas e uma nutricionista. No momento, deglute apenas líquidos, mas, no passado, não conseguia engolir nem mesmo a saliva.

Em 2012, a voz de Marcos era produzida com intensidade excessivamente baixa. Para intensificar a produção vocal da criança, em 2013, houve uma tentativa de uso de cânula de traqueostomia fenestrada. Entretanto, tal tentativa foi desastrosa, pois Marcos não possuía estrutura fisiológica capaz de suportar o equipamento, tendo que retirar a cânula.

Em relação à linguagem, foco principal deste estudo, Sofia relatou, no início do processo clínico, que Marcos conseguia fazer-se entender, no ambiente familiar, usando gestos, expressões faciais e mobilização de lábios e língua. Porém, na maioria das vezes, os interlocutores que não faziam parte do seu cotidiano, não compreendiam o que Marcos queria significar ao usar tais recursos. Nesse momento inicial, a mãe afirmou que o seu desejo era que Marcos conseguisse falar, independentemente das malformações que apresentava. Após 20 meses de trabalho clínico fonoaudiológico, Marcos passou a agregar sonoridade à sua fala, levando Sofia a afirmar, em fevereiro de 2014, que “hoje ele faz o gesto, mas ele fala junto com o gesto”.

Quanto ao trabalho fonoaudiológico, voltado especificamente à linguagem de Marcos, cabe ressaltar que o seu processo clínico levou em consideração, além das dificuldades orgânicas decorrentes da STC, a relação que ele foi capaz de estabelecer com seus terapeutas e com a família, em diversas situações enunciativas. Os objetivos terapêuticos focaram-se nas possibilidades interacionais de Marcos. Seus gestos, suas expressões faciais, apontamentos, produções vocais foram significados durante todo o processo terapêutico, conforme discussão apresentada na sequência.

DISCUSSÃO

As estratégias usadas no trabalho clínico focaram-se em atividades que consideraram a prática viva da língua e, assim, o que se estabeleceu, durante os atendimentos fonoaudiológicos, foram conversas relacionadas ao cotidiano da própria criança, seus afazeres, suas relações familiares, suas atividades de lazer, suas reivindicações. Além disso, diferentes atividades lúdicas - jogo de futebol, brincadeiras com super-heróis, desenhos, pinturas, confecções de artefatos com argila, arranjos com instrumentos musicais -, foram construídas conjuntamente entre os participantes da prática clínica, ou seja, entre a criança e seus terapeutas.

Nessa direção, entendendo que linguagem se constitui marcada pelo fluxo de atividades dialógicas que acontecem em situações enunciativas reais, durante o trabalho clínico, Marcos foi incentivado a usar diversos recursos semióticos, sendo respeitado em suas iniciativas para desenhar, brincar, chorar, encontrando espaço para elaborar e organizar as dificuldades que encontrava na interação com o outro. Até meados de 2015, ele produzia basicamente os sons vocálicos [a, e, E], com intensidade baixa.

Apesar das tentativas de trabalhar com tábuas de comunicação alternativa, Marcos não quis utilizar essa estratégia para se comunicar. No final do ano de 2015, ele começou a produzir, em situações dialógicas, sons que seguiam ritmos melódicos de músicas cantadas para e com ele. Em 2016, chamou a atenção o fato de essa criança, apesar de apresentar dificuldades orgânicas para falar, relacionadas à mandíbula retrognática, anteriorização de língua, redução de fluxo aéreo nas vias superiores, dificuldade de vedamento labial, estabelecer diálogos orais com sua terapeuta.

Para explicitar as produções orais elaboradas entre a criança e sua terapeuta, foram selecionados quatro episódios de sessões fonoaudiológicas, realizadas no primeiro semestre de 2016. Esses episódios, apresentados em forma de tabelas, foram transcritos com pausas, entonações e prolongamentos presentes na linguagem oral do paciente e da terapeuta, estando dispostos em turnos organizados em numerais crescentes. Porém, apesar da fala de Marcos apresentar trocas e distorções, a transcrição não foi feita de maneira literal, pois tais enunciados foram significados pela terapeuta, a partir do contexto enunciativo em que a interação foi produzida. O uso da sigla T. sinaliza a participação da terapeuta e a sigla M. indica as produções de Marcos. Os marcadores conversacionais representados seguiram os indicadores adotados na Norma Urbana Falada Culta, conforme proposto no Projeto NURC/SP(1313 Galembeck PT, Carvalho KA. Os marcadores conversacionais na fala culta de São Paulo (Projeto NURC/SP). Intercâmbio [Internet]; 2010 [citado em 2017 Out 14]; 6:2746. Disponível em: https://revistas.pucsp.br/index.php/intercambio/article/view/4100 /2746
https://revistas.pucsp.br/index.php/int...
).

Na Tabela 1 , percebe-se que Marcos assume-se como sujeito na situação enunciativa. Inicialmente, ao considerar que a terapeuta não consegue compreender sua oralidade, ele recorre ao uso de recursos gráficos para indicar o que queria explicitar. Nos turnos 03 e 05, ele passa a fazer uso de gestos que indicam afirmação e o tamanho do animal que aparece na imagem fotográfica, sobre a qual o diálogo foi estabelecido.

Tabela 1
Os dados da Tabela 1 foram produzidos em 11/4/2016, enquanto a terapeuta (T) mostra ao Marcos uma foto de seus cachorros

Depois, a partir do turno 07, Marcos começa a fazer uso da oralidade. Ele toma iniciativa para questionar a terapeuta e denunciar que, em princípio, não entendia, como o termo usado para designar a cor preta podia ser usado para dar nome a uma cachorra. Ou seja, ele parece mostrar indignação pelo fato de considerar que nomes próprios não coincidem com cores. Ao perceber tal indignação, a terapeuta explica o motivo que a levou a chamar sua cachorra pelo nome Preta. E, só depois dessa explicação, Marcos parece dar-se por satisfeito, conforme o prolongamento vocálico que produz, no turno 13.

Nesse trecho dialógico, é possível acompanhar Marcos fazendo uso de diferentes recursos para participar da situação enunciativa. Ele rabisca um papel, faz uso de gestos e da própria oralidade para dialogar com a terapeuta sobre uma representação fotográfica, interessando-se em interagir com o outro. Portanto, de um ponto de vista linguístico-discursivo, é possível afirmar que essa criança mantém coerência semântica para fazer parte de um diálogo que o situa em uma produção discursiva.

Na Tabela 2 , Marcos usa a oralidade, de forma contextualizada, para responder a questões elaboradas pela terapeuta, nos turnos 02 e 04, para concordar com ela, e, também, para discordar dela no turno 16. Além disso, faz uso efetivo de mímicas faciais e de gesticulações para participar da conversa. De um ponto de vista dialógico, pode-se afirmar que, embora essa criança tenha começado a usar a oralidade a partir do final de 2015, já estava inserida no fluxo discursivo bem antes disso.

Tabela 2
A terapeuta (T) e o Marcos estão conversando, em 30/5/2016, sobre super-heróis e ela apresenta alguns adesivos de super-heróis para construir, com Marcos, um painel

Na Tabela 2 , evidenciada acima, ele mostra que está envolvido em uma dada organização social que privilegia a imagem de super-heróis. Também revela que reconhece o espaço físico em que se insere na medida em que consegue situar a terapeuta quanto ao local em que ela deve escrever o nome de um super-herói, usando o advérbio de lugar aqui de forma coerente com o enunciado produzido, no turno 06.

Pode-se acompanhar, na Tabela 3 , que a criança estabelece interação verbal, usando a oralidade para fazer afirmações e negações, no 13, de forma a indicar sua opinião. No turno 30, além de responder contextualizadamente à pergunta elaborada pela terapeuta, ao afirmar que está cansado, ele constrói uma sentença com sujeito, verbo e objeto, referindo que queria ir para casa, mostrando que têm domínio da sintaxe da língua portuguesa. Pois, além de responder às sentenças elaboradas pelo outro, ele próprio pode elaborá-las.

Tabela 3
A terapeuta (T) e o Marcos estão montando e pintando com tinta um quebra-cabeça de super-heróis, no dia 6/6/2016

Ainda, na Tabela 3 , Marcos evidencia, nos turnos 08, 12 e 20, que participa do diálogo lançando mão da produção de sons que integram uma fala ininteligível. No turno 11, por exemplo, a terapeuta pergunta sobre a cor que ele gostaria de usar para a execução da atividade proposta. E ele responde fazendo uso dos sons vocálicos [aa], os quais são significados pela terapeuta como uma construção para a cor branca, indicando uma dificuldade de Marcos para a produção do encontro consonantal [br] e do som velar [k].

Nesse caso, cabe à terapeuta investigar se a dificuldade se confirma, investindo na impostação dos sons da fala, de acordo com as possibilidades da criança. De qualquer forma, cabe ressaltar o fato de, no turno 16, Marcos falar homem aranha preto, pois aqui, além de sua fala seguir o padrão fonológico da língua portuguesa, o encontro consonantal [pr] é produzido, indicando que o som surdo [p] já está fazendo parte da oralidade dessa criança.

No turno 19, a terapeuta faz uma pergunta relacionada ao cotidiano de Marcos, envolvendo as preferências do irmão mais velho do paciente. Trata-se de um trecho dialógico sobre um assunto corriqueiramente discorrido no acompanhamento fonoaudiológico, o qual inclui a família da criança. Mas, nesse fragmento específico, Marcos respondeu à terapeuta de tal forma que não pôde ser compreendido. Nessas situações, cabe à terapeuta prestar atenção na possibilidade de Marcos produzir sons ininteligíveis intencionalmente quando não tem interesse em participar da interação. Se for esse o caso, convém à terapeuta significar tal atitude para que Marcos possa refletir sobre ela e, se possível, reorganizá-la. Marcos têm o direito de não estar disposto em todas as sessões fonoaudiológicas ou de não querer realizar o que a terapeuta lhe propõe. É esse entendimento que permite que ele seja respeitado como sujeito singular, assumindo-se como participante ativo e responsivo no fluxo da interação verbal. E, dessa forma, Marcos precisa considerar que pode e deve dizer para sua terapeuta, quando está indisposto ou não sente vontade de realizar determinadas atividades. Pois, somente assim vai estar efetivamente dando lugar ao outro na cadeia discursiva, permitindo-lhe que o reconheça com um sujeito único, participante de situações enunciativas irrepetíveis.

Na Tabela 4 , assim como nas anteriores, Marcos mostra que pode participar da enunciação, encadeando respostas capazes de justificar suas ações, em concordância com a solicitação feita pela terapeuta. No turno 02, ele responde, de forma coerente, a uma questão da terapeuta com uma negação. E, no turno 07, ele justifica tal negação, explicando que não tinha ido à escola pelo fato de estar com dor de garganta. Nesse turno 07, inclusive, é possível acompanhar a organização sintática e semântica de Marcos, na medida em que a justificativa é dada por uma sentença, na qual ele usa o verbo estar conjugado na primeira pessoa do singular e no tempo presente, de forma coerente ao diálogo estabelecido. Nesse diálogo, Marcos demonstra novamente o quanto avançou nos aspectos semânticos e sintáticos relacionados à linguagem oral, produzindo, a partir das suas possibilidades discursivas, enunciados completos e coerentes com a situação enunciativa.

Tabela 4
A Terapeuta (T) e o Marcos estão, no dia 13/6/2016, conversando sobre as atividades diárias de Marcos

Nos quatro eventos dialógicos apresentados, Marcos mostra que está inserido em uma cadeia discursiva e, portanto, pode participar de processos enunciativos, mesclando o uso de gestos, de expressões, de apontamentos e da própria oralidade. No início do trabalho fonoaudiológico, conforme dados apontados em seu prontuário, Marcos não podia, nem mesmo, entrar na sala de terapia sozinho. Ele precisava do acompanhamento constante dos pais. Sofia e Dante, em princípio, interpretavam as ações de Marcos para a terapeuta. E, assim, com tal interpretação, ele foi assumindo-se como sujeito capaz de enunciar e enunciar-se, na medida em que se reconheceu inserido em uma cadeia simbólica, no processo clínico fonoaudiológico.

A enunciação, resultante da interação de dois ou mais sujeitos, é delimitada pela sua situação imediata, ao mesmo tempo que reflete uma estrutura social mais ampla(1414 Mariani BZP, Guarinello AC, Massi G, Tonocchi R, Berberian AP. Speech language therapy practice in a bilingual dialogical clinic: case report. CoDAS. 2016;28(5):653-60. http://dx.doi.org/10.1590/2317-1782/20162015287. PMid:27849242.
http://dx.doi.org/10.1590/2317-1782/201...
). A família de Marcos, segundo os relatos de Sofia, desde o seu nascimento, vem buscando afastar-se de uma visão social pautada na exclusão e no descrédito diante do diferente. Trata-se de uma família que, a despeito de todas as dificuldades decorrentes da STC, tem investido nas potencialidades dessa criança, trabalhando para melhorar sua qualidade de vida. Nesse sentido, chama a atenção o papel que a família teve no processo de apropriação da linguagem de Marcos.

Na ótica dialógica, o outro assume relevância na constituição de cada sujeito, pois os enunciados são endereçados a alguém e esperam uma resposta dos seus ouvintes, participantes ativos das práticas discursivas ensopadas de conteúdos vivenciais. No caso de Marcos, de acordo com sua história, é possível acompanhar, a participação dele em todas as atividades domésticas, sendo interpretado em suas ações e respeitado em suas singularidades. Seus pais, apesar das alterações orgânicas apresentadas pelo filho, não deixaram de enxergar Marcos como sujeito capaz de compreender e participar do fluxo dialógico da comunidade em que está inserido. No prontuário da criança, é possível acompanhar relatos de seus pais sobre as interações que estabelecem com Marcos diariamente. Ele participava de todas as refeições com a família, desde seu primeiro ano de vida, mesmo não podendo se alimentar por via oral. Sentava à mesa com os pais e o irmão e integrava as conversas, durante o almoço e o jantar. Nesses momentos, seus familiares discutiam suas rotinas e Marcos participava de tais discussões por meio do uso de diferentes expressões semióticas, gestos, mímicas, oralizações, que eram significados pelos seus pais e irmão.

Além de integrar a rotina familiar, ele brincava com o irmão mais velho e participava de atividades de lazer com os parentes, fazia visitas aos avós, tios e primos, sendo convocado, pelos pais, a expressar-se por meio de gestos e de oralizações. Nas situações em que não era compreendido pelos seus interlocutores, geralmente, a mãe assumia o papel de mediadora, dando sentido às interações em que o Marcos estava envolvido.

Na perspectiva do dialogismo, a compreensão é um processo que implica significações anteriores de todos os envolvidos em um diálogo. Pois, a atividade dialógica depende da compreensão responsiva de cada participante, que interfere na enunciação e, portanto, no enunciado do outro(1515 Ucedo DM, Santos KP, Santana APO. Language in frontotemporal dementia: an analysis in light of Enunciative-Discursive Neurolinguistics. CoDAS 2017;29(4):e20160154. http://dx.doi.org/10.1590/2317-1782/20172016154.
http://dx.doi.org/10.1590/2317-1782/201...
). Em seu seio familiar, Marcos tem sido tratado como alguém que apresenta condições de compreender os acontecimentos que vivencia. Por isso, seus pais atribuem sentido às suas ações e, assim, ele pode participar de situações sociodiscursivas, mostrando compreendê-las de forma responsiva.

Da mesma forma, o trabalho terapêutico buscou potencializar as possibilidades interativas de Marcos, dando espaço para que ele pudesse usar todos os recursos – gestos corporais, expressões faciais, entonações vocais, oralizações -, de que dispunha para afirmar-se como interlocutor. Os terapeutas, embasados em uma perspectiva dialógica de linguagem(1111 Bakhtin MM. Marxismo e filosofia da linguagem: problemas fundamentais do método sociológico na ciência da linguagem. 14. ed. São Paulo: Hucitec; 2010. ), buscaram interagir com Marcos, tomando-o como um sujeito singular, constituído na interação das vozes sociais que o envolvem. Nesse sentido, entendendo que a enunciação não pode ser tomada, de forma simplista, pelas circunstâncias psicofisiológicas dos sujeitos que dela participam(1111 Bakhtin MM. Marxismo e filosofia da linguagem: problemas fundamentais do método sociológico na ciência da linguagem. 14. ed. São Paulo: Hucitec; 2010. ), o acompanhamento fonoaudiológico distanciou-se de explicações pautadas em aspectos físicos e fisiológicos e atuou em torno das produções semióticas de Marcos. Assim, para além do mecanismo fisiológico envolvido nas produções sonoras de Marcos, tal acompanhamento enfatizou o fato de a atividade dialógica estar vinculada ao meio social em que é produzida.

O processo clínico que envolve Marcos levou em consideração, além das dificuldades orgânicas decorrentes da STC que o acometem, a relação que ele é capaz de estabelecer com os terapeutas e com a família, em diversas situações enunciativas. É possível acompanhar, na história dessa criança e nos quatro eventos dialógicos apresentados, que esse menino é capaz de participar de situações dialógicas. Ele compreende a oralidade do outro e se faz entender oralmente, mostrando suas opiniões, concordando ou discordando do que lhe é proposto, elaborando, de forma significativa, perguntas e produzindo sentenças completas.

COMENTÁRIOS FINAIS

O presente estudo objetivou analisar o processo terapêutico, voltado à linguagem oral, de um menino com STC, a partir de uma ótica dialógica. Nesse sentido, evidenciou-se que, com foco nas possibilidades discursivas iniciais de Marcos, explicitadas por meio de vários recursos semióticos, tais como gestos, mímicas faciais, movimentos corporais, essa criança podia participar de situações enunciativas.

Apesar das alterações craniofaciais que Marcos apresenta, em função da STC, esse menino gradativamente começou a fazer uso da oralidade, para assumir seu papel de interlocutor e participar do fluxo dialógico. Ele está em processo de apropriação da linguagem oral e convém destacar os efeitos que um trabalho clínico fonoaudiológico, fundamentado na ótica dialógica, produziram no sentido de mediar a relação dessa criança com a oralidade. Da mesma forma, cabe enfatizar a participação da família nesse processo, a qual foi fundamental para que Marcos se posicionasse como um sujeito da linguagem.

Ao finalizar este trabalho, é possível afirmar que a abordagem dialógica permitiu a organização de um acompanhamento terapêutico capaz de integrar ações que, para além de aspectos orgânicos envolvidos na produção da fala, enfocaram uma criança acometida pela STC e sua história singular, ampliando as suas possibilidades interacionais e propiciando-lhe mais autonomia para interagir com seus interlocutores. Por fim, cabe ressaltar que a intervenção fonoaudiológica em questão tem contribuído com o processo de apropriação da linguagem oral dessa criança. Contudo, outras pesquisas devem ser elaboradas em torno dessa temática, expandindo o entendimento da Fonoaudiologia acerca da apropriação da linguagem em pacientes com STC.

  • Trabalho realizado no Programa de Mestrado e Doutorado em Distúrbios da Comunicação, Universidade Tuiuti do Paraná – UTP – Curitiba (PR), Brasil.
  • Financiamento: O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) – código de financiamento 001.

REFERÊNCIAS

  • 1
    Medina JMP, Escobar MCA, Alvarez AYT, Hernández JFP, Carbot DM. Síndrome de Treacher-Collins. Presentación de un caso. Rev Méd Electrón. 2014;36(2):211-6.
  • 2
    Alfonso LS, Centelles IA. Síndrome de Treacher Collins en una familia cubana. Presentación de caso. Rev Habanera Cienc Méd. 2016;15(3):408-17.
  • 3
    Leyva CJ, Restrepo GM. Síndrome de Treacher Collins: revisión de tema e presentación de caso. Revista Universitas Médica. 2014;55(1):64-70.
  • 4
    Polanski JF, Plawiak, AC, Ribas A. Hearing rehabilitation in Treacher Collins Syndrome with bone anchored hearing aid. 2015;3(44):483-87. http://dx.doi.org/10.1016/j.rppede.2015.08.016.
    » http://dx.doi.org/10.1016/j.rppede.2015.08.016
  • 5
    Rodrigues BGS, Silva JLO, Guimarães PG, Formiga CKMR, Viana FP. Evolution of a child with Treacher Collins syndrome undergoing physiotherapeutic treatment. Fisioter Mov. 2015;28(3):525-33. http://dx.doi.org/10.1590/0103-5150.028.003.AO11.
    » http://dx.doi.org/10.1590/0103-5150.028.003.AO11
  • 6
    Boku A, Hanamoto H, Kudo C, Morimoto Y, Sugimura M, Tooyama M, et al. Airway management for Treacher Collins syndrome with limited mouth opening. Open Journal of Anesthesiology. 2013;3(2):90-2. http://dx.doi.org/10.4236/ojanes.2013.32022.
    » http://dx.doi.org/10.4236/ojanes.2013.32022
  • 7
    Toledo IC, Azevedo RA, Alves-Rocha A, Silva-Feles DA, Silva-Neta I, Pires-Borges K. Síndrome de Treacher Collins – relato de caso. Rev. Odont. 2016;16(9):945-52.
  • 8
    Nogueira BML, Silva TN, Nogueira BCL, Silva WB, Menezes SAF, Menezes TOA. Genetic autosomal dominant disorders: a knowledge review. Int J Odontostomatol. 2015;9(1):153-8. http://dx.doi.org/10.4067/S0718-381X2015000100023.
    » http://dx.doi.org/10.4067/S0718-381X2015000100023
  • 9
    Cassab TV, Tonello C, Dutka JCR, Yoshida MM, Alonso N, Antoneli MZ. Alterações de fala na síndrome de Treacher Collins. Revista Brasileira de Cirurgia Craniomaxilofacial. 2012;15(2):69-73.
  • 10
    Massi G, França DR, Santos RS, Ribas A, Fonseca VD, Guarinello AC, et al. Speech language pathology findings in a Treacher Collins syndrome patient. Int Tinnitus J. 2016;20(1):31-5. http://dx.doi.org/10.5935/0946-5448.20160006. PMid:27488991.
    » http://dx.doi.org/10.5935/0946-5448.20160006
  • 11
    Bakhtin MM. Marxismo e filosofia da linguagem: problemas fundamentais do método sociológico na ciência da linguagem. 14. ed. São Paulo: Hucitec; 2010.
  • 12
    Coudry MIH. Caminhos da neurolinguística discursiva: o velho e o novo. In: Coudry MIH, Freire FMP, Andrade MLF, Silva MA, editores. Neurolinguística discursiva: teorização e prática clínica. Campinas: Mercado de Letras; 2011. p. 279-399.
  • 13
    Galembeck PT, Carvalho KA. Os marcadores conversacionais na fala culta de São Paulo (Projeto NURC/SP). Intercâmbio [Internet]; 2010 [citado em 2017 Out 14]; 6:2746. Disponível em: https://revistas.pucsp.br/index.php/intercambio/article/view/4100 /2746
    » https://revistas.pucsp.br/index.php/intercambio/article/view/4100
  • 14
    Mariani BZP, Guarinello AC, Massi G, Tonocchi R, Berberian AP. Speech language therapy practice in a bilingual dialogical clinic: case report. CoDAS. 2016;28(5):653-60. http://dx.doi.org/10.1590/2317-1782/20162015287. PMid:27849242.
    » http://dx.doi.org/10.1590/2317-1782/20162015287
  • 15
    Ucedo DM, Santos KP, Santana APO. Language in frontotemporal dementia: an analysis in light of Enunciative-Discursive Neurolinguistics. CoDAS 2017;29(4):e20160154. http://dx.doi.org/10.1590/2317-1782/20172016154.
    » http://dx.doi.org/10.1590/2317-1782/20172016154

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    28 Fev 2019
  • Data do Fascículo
    2019

Histórico

  • Recebido
    10 Jul 2018
  • Aceito
    30 Out 2018
Academia Brasileira de Audiologia Rua Itapeva, 202, conjunto 61, CEP 01332-000, Tel.: (11) 3253-8711, Fax: (11) 3253-8473 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: revista@audiologiabrasil.org.br