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JOGOS DRAMÁTICOS SOBRE SEXUALIDADE EM UM CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL

DRAMATIC GAMES ABOUT SEXUALITY AT A PSYCHOSOCIAL CARE CENTER

JUEGOS DRAMÁTICOS SOBRE LA SEXUALIDAD EN EL CENTRO DE ATENCIÓN PSICOSOCIAL

RESUMO

Entendendo as oficinas como uma das principais formas de intervenção terapêutica nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), o objetivo deste artigo foi refletir sobre seu processo de planejamento, desenvolvimento e avaliação a partir da experiência de jogos dramáticos sobre sexualidade. Foram realizadas 10 oficinas, com 43 usuários. Elas foram audiogravadas e transcritas. A análise temática produziu duas categorias: “Desafios na facilitação das oficinas” e “Avaliações da participação”. As oficinas se basearam na coconstrução e na reflexão sobre o cotidiano, respondendo ao ideário da desinstitucionalização. Elas produziram novas percepções de si e do outro no debate sobre sexualidade, indo além das visões biomédicas e essencialistas. Essa experiência ilustra a viabilidade e importância de jogos dramáticos sobre sexualidade no CAPS.

PALAVRAS-CHAVE
Terapia de grupo; Psicodrama; Saúde mental; Sexualidade

ABSTRACT

Understanding workshops as one of the main forms of therapeutic intervention in Psychosocial Care Centers, the aim of this article was to reflect on their planning, development and evaluation process based on the experience of dramatic games about sexuality. Ten workshops were held, with 43 users. They were audio-recorded and transcribed. The thematic analysis produced two categories: “Challenges in facilitating the workshops” and “Assessments of participation.” The workshops were based on coconstruction and reflection on everyday life, responding to the ideas of deinstitutionalization. They produced new perceptions of the self and the other in the debate on sexuality, going beyond biomedical and essentialist views. This experience illustrates the feasibility and importance of dramatic games about sexuality at Psychosocial Care Centers.

KEYWORDS
Group Therapy; Psychodrama; Mental health; Sexuality

RESUMEN

Entendiendo los talleres como una de las principales formas de intervención terapéutica en los Centros de Atención Psicosocial (CAPS), el objetivo de este artículo fue reflexionar sobre su proceso de planificación, desarrollo y evaluación a partir de juegos dramáticos sobre sexualidad. Hubo 10 talleres, con 43 participantes. Fueron audiograbadas y transcritas. El análisis temático produjo dos categorías: “Desafíos en la facilitación de los talleres” y “Evaluaciones de participación”. Los talleres se basaron en la coconstrucción y la reflexión sobre la vida cotidiana. Produjeron nuevas percepciones del yo y del otro en el debate sobre la sexualidad, superando visiones biomédicas y esencialistas. Esta experiencia ilustra la viabilidad y la importancia de los juegos dramáticos sobre la sexualidad en los CAPS.

PALABRAS CLAVE
Terapia de grupo; Psicodrama; Salud mental; Sexualidad

INTRODUÇÃO

Com o surgimento dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), a atenção à saúde mental adentrou o território, deixou de acontecer somente entre muros hospitalares, ganhou espaço na mídia, nas ruas e nas casas, e ficou mais próxima das pessoas. Nessa mudança de perspectiva de intervenções, novas modalidades de práticas precisaram ser criadas, como as oficinas que, descentradas do modelo biomédico, são dispositivos potentes de pensamento e ação (Francisco et al., 2011Francisco, D. J., Maraschin, C. & Diehl, R. (2011). Saúde mental e tecnologias: lugar de acolhimento orientado pela ética do fazer. In C. Maraschin, D. J. Francisco & R. Diehl (Eds.), Oficinando em rede: Oficinas, tecnologias e saúde mental (pp. 13–17). Porto Alegre: Editora da UFRGS.) que permitem a interação entre as pessoas que transitam pelo CAPS, o que possibilita que a equipe interdisciplinar possa acompanhar de perto suas manifestações subjetivas (Farias et al., 2016Farias, I. D., Thofehrn, M. B. & Kantorski, L. P. (2016). A oficina terapêutica como espaço relacional na atenção psicossocial. Revista Uruguaya de Enfermería, 11(2), 2–13.). Assim, elas devem “funcionar como dispositivos de mudança social, não sendo, somente, fonte de experiências prazerosas para os usuários ou mecanismos que acabam por devolver o mesmo à sociedade, sem preocupar-se em transformá-la” (Cedraz & Dimenstein, 2005Cedraz, A., & Dimenstein, M. (2005). Oficinas terapêuticas no cenário da reforma psiquiátrica: Modalidades desinstitucionalizantes ou não? Revista Mal-estar e Subjetividade, 5(2), 300–327., p. 323). Na literatura, podemos encontrar alguns exemplos dessa prática.

Coelho et al. (2017)Coelho, R. S., Velôso, M. T. G. & Barros, S. M. M. (2017). Oficinas com usuários de Saúde Mental: A família como tema de reflexão. Psicologia: Ciência e Profissão, 37(2), 489–499. https://doi.org/10.1590/1982-3703002612015
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, objetivando a promoção do protagonismo e da corresponsabilização das pessoas usuárias de um CAPS III, realizaram oficinas com o tema “família”, em que puderam ser trabalhadas questões como o conceito de família, além da relevância da conversação, de reflexões e da elaboração de estratégias para resolução de problemas. Freire et al. (2017)Freire, M. A. B., Silva, L. B., Schmidt, P. C., Cortella, M. E. & Terribile, I. D. P. F. (2017). Da dimensão terapêutica à forma de resistência: relatos sobre uma oficina de hip hop no CAPS ad Renascer da Fênix. BIS, Boletim do Instituto de Saúde (Impr.), 18(supl.), 31–35. https://doi.org/10.52753/bis.2017.v18.34671
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criaram oficinas de hip hop em um CAPS-ad com o propósito de fomentar o desenvolvimento de rima, dança, música, desenho e também a expressão das angústias das pessoas usuárias do serviço. Os autores relatam que as atividades proporcionaram o fortalecimento de vínculo entre as pessoas participantes. Montenegro e Lima (2021)Montenegro, F. V. P. & Lima, L. S. (2021). Oficinas de alfabetização com usuários de um CAPS-ad. Revista de Psicologia, 12(1), 173–181. https://doi.org/10.36517/revpsiufc.12.1.2021.14
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chegaram a resultados semelhantes com a realização de oficinas de alfabetização com pessoas usuárias de um CAPS-ad. Segundo os autores, os principais resultados foram a criação de vínculo entre as pessoas participantes, a formação de um espaço de aprendizagem e o aumento de adesão em atividades que utilizavam metodologias ativas.

Especificamente sobre oficinas com a temática da sexualidade, Silva et al. (2005)Silva, C. R., Freitas, H. I. & Lopes, R. E. (2005). Adolescentes, vulnerabilidade, sexualidade e saúde mental. Anais do I Simpósio do Adolescente. São Paulo/SP. Disponível em: http://www.proceedings.scielo.br/scielo.php?pid=MSC0000000082005000200077&script=sci_arttext. Acesso em: 20 fev. 2022.
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puderam criar, em uma associação de usuários, familiares e trabalhadoras de saúde mental, espaços de experimentação e aprendizagem compartilhada que contribuíram para a transformação e ressignificação dos desafios cotidianos. Realizando oficinas de sexualidade com temas sobre autocuidado e autoestima num Centro de Convivência, Soares et al. (2010)Soares, A. N., Silveira, B. V. & Reinaldo, A. M. S. (2010). Oficinas de sexualidade em saúde mental: relato de experiência. Cogitare Enfermagem, 15(2), 345–348. https://doi.org/10.5380/ce.v15i2.17874
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possibilitaram a criação de espaços dialógicos que permitiram contemplar demandas, anseios e questionamentos identificados nos usuários, desconstruindo a ênfase socioassistencial na condição psiquiátrica. Das oficinas descritas pela literatura, predominava o caráter recreativo ou informativo, a abordagem essencialista da sexualidade e a ausência de uma descrição objetiva dos procedimentos utilizados. Além disso, mesmo nos trabalhos cujos temas das oficinas eram indicados pelos próprios usuários, pouca atenção analítica foi dada para a negociação de sentidos realizada entre os participantes.

Contudo há na literatura outros pontos de vista quanto a essa prática. No cotidiano de quem realiza oficinas, novas questões são levantadas, exigindo, por parte dos trabalhadores e teóricos da saúde mental, problematizações e revisões constantes das ações de cuidado. Preconizar a articulação de subjetividades singulares e suas diferenças radicais, que rejeitam qualquer tentativa de enquadre em rótulo, é essencial para a atualização do pressuposto de trabalho coletivo que fundamenta a importância de qualquer trabalho em oficinas na Atenção Psicossocial (Hernandes et al., 2011Hernandes, K. M., Bruniera, M. S. & Luzio, C. A. (2011). Oficinas na atenção psicossocial: Experimentações com a palavra. Revista de Psicologia da UNESP, 10(1), 89–99.).

Em estudo exploratório cujo objetivo era analisar a congruência com o modo de atenção psicossocial de oficinas terapêuticas de oito CAPS do estado de Mato Grosso, Ribeiro et al. (2008)Ribeiro, L. A., Sala, A. L. B. & Oliveira, A. G. B. (2008). As oficinas terapêuticas nos centros de atenção psicossocial. Reme – Revista Mineira de Enfermagem, 12(4), 516–522. chamaram atenção para o fato de que é preciso que os profissionais estejam atentos para os fundamentos teóricos dessas atividades para, então, buscarem ampliar a autonomia das pessoas participantes. Elas ainda apontaram que, embora muitas oficinas proporcionem o desenvolvimento de diversas habilidades das pessoas usuárias dos serviços, outras parecem não trazer sentido algum de reabilitação. Sobre esse fato, Farias et al. (2017)Farias, I. D., Thofehrn, M. B., Porto, A. R. & Kantorski, L. P. (2017). Oficinas terapêuticas: percepção de trabalhadores dos Centros de Atenção Psicossocial. Journal of Nursing and Health, 7(3), e177307. https://doi.org/10.15210/jonah.v7i3.10109
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alertam para a importância de haver avaliação e uma constante autocrítica entre os profissionais mediadores para que suas práticas sejam constantemente aprimoradas.

Cedraz e Dimenstein (2005)Cedraz, A., & Dimenstein, M. (2005). Oficinas terapêuticas no cenário da reforma psiquiátrica: Modalidades desinstitucionalizantes ou não? Revista Mal-estar e Subjetividade, 5(2), 300–327., objetivando conhecer o desenvolvimento de oficinas num CAPS II de Natal-RN com o questionamento sobre sua constituição ou não de um dispositivo de promoção e mudança da lógica manicomial, as autoras realizaram visitas sistemáticas ao serviço e identificaram uma série de fatores que contribuem para esta visão: falta de recursos materiais e humanos; ausência de capacitação dos profissionais; e falta de estratégias assistenciais para fora dos muros do serviço, como a articulação com outros estabelecimentos de saúde e assistência social. Em análise, as autoras sustentam que oficinas oferecidas nesse contexto se configuraram, na verdade, como lugar de controle e disciplina, de produção de pessoas, comportadas, obedientes e trabalhadoras, que utilizam este serviço. Por fim, as autoras argumentam que “se a função das oficinas é materializar o ideário da desinstitucionalização, sua atuação deve extrapolar o espaço físico restrito do CAPS, atingindo subjetividades, quebrando as barreiras dos preconceitos instituídos, possibilitando a criação” (Cedraz & Dimenstein, 2005Cedraz, A., & Dimenstein, M. (2005). Oficinas terapêuticas no cenário da reforma psiquiátrica: Modalidades desinstitucionalizantes ou não? Revista Mal-estar e Subjetividade, 5(2), 300–327., p. 323-324).

Assim, considerando a reflexão crítica sobre o uso das oficinas, principais mecanismos de intervenção em serviços de saúde mental, não só como fonte de acolhimento e compartilhamento de significados e sentidos entre pessoas, mas como dispositivos de mudança social, o objetivo deste artigo foi refletir sobre seu processo de planejamento, desenvolvimento e avaliação a partir da experiência de jogos dramáticos sobre sexualidade.

MÉTODOS

A pesquisa foi desenvolvida de forma qualitativa e orientou-se metodologicamente pelo viés do construcionismo social para a produção de conhecimento (Rasera & Japur, 2003Rasera, E. F. & Japur, M. (2003). Grupo de apoio aberto para pessoas portadoras de HIV: A construção da homogeneidade. Estudos em Psicologia, 8(1), 55–62. https://doi.org/10.1590/S1413-294X2003000100007
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). Ela faz parte de um projeto mais amplo sobre oficinas de sexualidade no CAPS. Enquanto nesse artigo focalizamos o processo de planejamento e desenvolvimento, em outro estudo analisamos os sentidos sobre sexualidade negociados nas oficinas.

Foi realizada em um CAPS I, único serviço público de saúde mental de uma cidade do Centro Oeste com cerca de 40 mil habitantes. Contou com a participação de 29 mulheres e 14 homens, totalizando 43 pessoas. Segundo registros nos prontuários, a idade das pessoas participantes ficou entre 21 e 69 anos, sendo que a média foi de 43 anos; 11 delas eram casadas, dez amasiadas, 21 pessoas eram solteiras, uma era divorciada e 23 possuíam filhos.

O primeiro autor da pesquisa desenvolveu e facilitou todas as oficinas. Seu processo de desenvolvimento foi na direção de criar oportunidades de formação de ambientes onde se pudesse trocar e dialogar com pessoas usuárias de um serviço de saúde mental como o CAPS I e também servir como recurso e modelo para que os trabalhadores do local dessem continuidade e instituíssem em seu processo de trabalho intervenções relativas à atenção para problemáticas envolvendo a sexualidade na área da saúde mental. Construíram-se as temáticas das oficinas à medida que as oficinas eram realizadas, a partir de informações encontradas na literatura e das demandas surgidas ao longo do processo. Foram realizadas semanalmente, com duração média de 1 h e 20 min.

Para a elaboração das etapas constituintes das oficinas, inspirou-se na proposta do jogo dramático, tal como apresentada por Yozo (1995)Yozo, R. Y. K. (1995). 100 jogos para grupos: Uma abordagem psicodramática para empresas, escolas e clínicas. Ágora.: é uma atividade voluntária, tem regras específicas, tem um tempo de duração, tem um local, há uma predisposição para o lúdico e apresenta objetivos específicos. Cada encontro era estruturado em quatro etapas (Moreno, 1946/1975Moreno, J. L. (1975). Psicodrama. Cultrix. (Obra original publicada em 1946)): aquecimento inespecífico, aquecimento específico, desenvolvimento e comentários. Inicialmente, no aquecimento inespecífico, havia negociação de regras e as apresentações do projeto e dos novos participantes de maneira informal, acompanhadas de alguma atividade simples para criar vínculo entre o facilitador e as participantes. Em seguida, no aquecimento específico, os participantes eram preparados para a construção de papéis diante da temática apresentada. Nesta etapa, as pessoas participantes tinham contato direto com o tema e, muitas vezes, era o início para a etapa de desenvolvimento da oficina. Esta, por sua vez, consistia na atividade mais densa do encontro e gerava alguns conflitos, que demandava muitas vezes criação, imaginação e reflexão dos participantes. A última etapa consistia numa conversa aberta, sem estrutura, baseada nos comentários feitos pelos participantes, e envolviam, dúvidas, momentos marcantes e opiniões sobre toda a atividade realizada no dia (Tabela 1).

Tabela 1
Síntese das oficinas realizadas.

A quantidade de participantes em cada oficina variou de 5 a 17 pessoas. O nível de participação de cada pessoa também foi variado e apenas duas pessoas estiveram presentes em todas as oficinas. Com isso, dada a variação do número de participantes, cada oficina apresentou uma dinâmica diferente de interação, clima afetivo e ritmo.

Para coletar os dados do estudo, foi realizada a gravação das oficinas em áudio e a sua transcrição. Ao final de cada atividade, o mediador realizava anotações contendo as impressões sobre os encontros e o envolvimento dos participantes, além de conversas nos bastidores com os profissionais e demais presentes no serviço. Consecutivamente, as gravações das oficinas foram analisadas conforme modelo de Spink (2010)Spink, M. J. (2010). Ser fumante em um mundo antitabaco: Reflexões sobre riscos e exclusão social. Saúde e Sociedade, 19(3), 481–496. https://doi.org/10.1590/S0104-12902010000300002
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, incluindo: 1) as transcrições realizadas; 2) leitura cuidadosa das transcrições; 3) construção dos temas: a partir da leitura do conteúdo transcrito, focou-se nas conversações entre os participantes buscando refletir criticamente sobre o material, identificar as relações estabelecidas entre facilitador e participantes e a detecção dos sentidos ali produzidos; 4) com base na literatura, reflexão e discussão dos resultados. O estudo foi submetido à análise e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos local. Com exceção do primeiro autor do artigo, os nomes das pessoas participantes foram substituídos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A análise do material coletado a partir do objetivo do estudo permitiu a criação de duas temáticas principais: a) “Desafios na facilitação das oficinas”, que apresenta as reflexões do facilitador sobre o processo de facilitação das oficinas; b) “Avaliações da participação”, que traz a perspectiva dos participantes sobre as oficinas durante seu movimento de realização dentro de um serviço de atenção psicossocial. Essas categorias permitem a reflexão sobre o processo de desenvolvimento das oficinas a partir de seus principais atores: coordenador e usuários. O intuito é analisar a experiência de elaborar, facilitar e encerrar oficinas sobre sexualidade no CAPS, contribuindo para o aperfeiçoamento dessas metodologias nesse contexto.

Desafios na Facilitação das Oficinas

É importante ressaltar o desafio presente na realização de oficinas sobre sexualidade no CAPS em questão, pois se tratava de um formato de atividade que as pessoas usuárias do serviço não estavam acostumadas, tanto por conta da temática quanto por conta da estrutura por etapas. Assim, inicialmente, foi preciso estabelecer os acordos com a instituição, estimular os participantes a comparecerem nos encontros e preparar o ambiente onde seriam realizadas de forma a favorecer uma atenção integral à saúde mental (Montenegro & Lima, 2021Montenegro, F. V. P. & Lima, L. S. (2021). Oficinas de alfabetização com usuários de um CAPS-ad. Revista de Psicologia, 12(1), 173–181. https://doi.org/10.36517/revpsiufc.12.1.2021.14
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). Em seguida, foi necessário buscar criar um espaço que pudessem legitimar como próprio, pautado no diálogo e atento às falas que se direcionavam além das queixas (Hernandes et. al, 2011Hernandes, K. M., Bruniera, M. S. & Luzio, C. A. (2011). Oficinas na atenção psicossocial: Experimentações com a palavra. Revista de Psicologia da UNESP, 10(1), 89–99.). Ao mesmo tempo, era preciso entender que existiam limites individuais e coletivos para que as atividades fluíssem com respeito, de modo a romper com os comportamentos estereotipados e que a espontaneidade e criatividade das pessoas participantes fossem recuperados (Zendron & Seminotti, 2011Zendron, C. C. & Seminotti, N. A. (2011). Papéis sociais femininos e as conservas culturais em relação ao dinheiro: cartografia de uma oficina temática de Psicodrama. Revista Brasileira de Psicodrama, 19(1), 103–113.). Por fim, tratar de um tema pouco debatido em diversas esferas da sociedade de forma a produzir novos sentidos foi um desafio para que o processo fosse realizado.

Organizando o Grupo: O Apoio Institucional, o Convite aos Participantes e a Preparação do Ambiente

O contato inicial para verificar a viabilidade da realização das oficinas no local foi feito com a coordenadora do serviço, que prontamente autorizou. O autor então entregou uma cópia do projeto para a coordenação e conversou com alguns profissionais sobre do que se tratava, além de esclarecer possíveis dúvidas. Não houve quaisquer impedimentos, por parte do serviço, para a realização das oficinas. Inclusive, apesar de a maioria dos materiais terem sido adquiridos com recursos próprios, houve a disponibilidade da utilização de materiais do serviço.

Antes de iniciar cada oficina, o facilitador se apresentava aos participantes, explicava sobre o projeto e pedia para que assinassem o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, o que foi feito por todos. Todas as pessoas que participaram foram avisadas sobre a gravação das oficinas antes de seu início. Assim, o aparelho de gravação ficava exposto para todos, na maioria das vezes no centro do local. As pessoas participantes também foram avisadas sobre os objetivos específicos das gravações.

Por mais que o facilitador tivesse certa experiência na mediação de grupos, é preciso estar preparado para lidar com os imprevistos e desafios que surgem nessa tarefa: interrupções de terceiros durante o procedimento; dificuldade de compreensão de atividades por parte de algumas pessoas usuárias, que gerava a necessidade de novas formas de apresentação; imprevistos, falas atravessadas, fugas do tema e até brincadeiras que ocorriam no momento das atividades; e despedida ao término de todas as oficinas. Nesse sentido, Gonçalves et al. (1988)Gonçalves, C. S., Wolff, J. R. & Almeida, W. C. (1988). Lições de Psicodrama: Introdução ao pensamento de J. L. Moreno. Ágora. ressaltam a importância de o facilitador ter domínio teórico da proposta dos jogos dramáticos, observar atenta e intuitivamente o seu redor e ao sistema de comunicação ali criado, ter bom manejo das atividades a serem realizadas, ter senso de ritmo e aproveitar as oportunidades.

Inicialmente, é importante preparar o ambiente. Não só preparar o local onde se realizarão as atividades, checando a disposição de cadeiras, ventilação, iluminação, segurança e conforto das pessoas participantes, mas se relacionar com quem está presente. Nas oficinas realizadas no CAPS, notou-se a importância de chegar uma hora antes do início da atividade para conversar com profissionais e usuários que ali estavam. Cumprimentar, observar detalhes, como o estado emocional de cada um, recolher as novidades da semana, notar novos participantes e se interessar pelos faltantes.

Nascimento et al. (2020)Nascimento, R. B., Amorim, M. M. T. & Silva, E. C. R. (2020). O uso de oficina pedagógica na mediação de conflitos causados por estereótipos de gênero e sexualidade na escola: reflexões a partir de um relato de experiência. Pesquisas e Práticas Psicossociais, 15(2), e-3167. explicam as singularidades das oficinas utilizando como argumento as distintas trajetórias de seus participantes, portanto, formam grupos com pessoas com inquietações diferentes. Os autores relatam que o facilitador nunca pode estar preparado para uma oficina ou para o que possa acontecer, principalmente quando a temática envolve vivências de gênero e sexualidade.

Construindo a Intimidade: Brincadeiras, Liberdades e Limites na Participação

Ao falar com os possíveis participantes da oficina, além de iniciar um vínculo importante para a realização das atividades, o facilitador vislumbra a dinâmica que a atividade tomará. As relações estabelecidas foram marcadas por intimidade, onde se configurou o espaço das oficinas para se falar sobre sua temática abertamente, com direito a algumas brincadeiras:

Selma: Dá licença, eu posso te falar uma coisa?

Vitor: Pode.

Selma: Um homem igual você enche cama.

(risos de vários)

... Vitor: Fiquei sem graça agora.

(Oficina 3).

Ser flexível e permitir esse tipo de abertura possibilita ao facilitador estar mais atento ao ritmo e ao clima emocional do grupo, além de, como lembram Silva et al. (2005)Silva, C. R., Freitas, H. I. & Lopes, R. E. (2005). Adolescentes, vulnerabilidade, sexualidade e saúde mental. Anais do I Simpósio do Adolescente. São Paulo/SP. Disponível em: http://www.proceedings.scielo.br/scielo.php?pid=MSC0000000082005000200077&script=sci_arttext. Acesso em: 20 fev. 2022.
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, permitir que os participantes se sintam acolhidos, respeitados e se apropriem do espaço onde ocorrem as atividades. Sem perder o objetivo principal da oficina, é preciso dar espaço para liberdades como essa, que demonstram integração entre os participantes e o facilitador, fator primordial para criar condições intersubjetivas para falar sobre a sexualidade. Assim, adotou-se uma postura que Yozo (1995, p. 34) chama de “complementar e horizontal”. Portanto, para que seja tomada, é preciso que o facilitador desenvolva habilidades para lidar com situações difíceis ou constrangedoras, ou seja, esteja preparado para lidar com as diversas implicações da oficina.

As relações permitiam, embora se incentivasse o contrário, a não participação daquelas pessoas que não queriam. Essas pessoas permaneciam no grupo e participavam do seu modo, como é o caso do senhor Daniel, um dos que participaram de todas as oficinas, com os seus muitos “Não quero falar nada!” em diversas delas. Não participação que pode significar o contrário, quando o fato de se estar presente nas atividades se torna lugar importante para essas pessoas. Destaca-se, então, a necessidade de incentivá-las constantemente, pois entender que os participantes não querem se envolver pode ser um erro grave.

Todas as pessoas se envolvem, para todas as pessoas se pergunta e se direciona falas, contudo nem todos são obrigados a se expressar da forma como a maioria o faz. Cada participante terá seu tempo e, quando lhe interessar, sua participação se realizará de várias formas: falando, desenhando, recortando, colando, sorrindo, rindo, ou num simples balançar de cabeça. Além disso, é importante que cada usuário seja o protagonista dos processos de mudança que ocorrem em cada oficina, que não sejam coisificados e que nos ensinem seus modos de entender o mundo (Kinker & Imbrizi, 2015Kinker, F. S. & Imbrizi, J. M. (2015). O mito das oficinas terapêuticas. Revista Polis e Psique, 5(3), 61–79. https://doi.org/10.22456/2238-152X.58440
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).

Os vínculos estabelecidos também garantiram liberdade de chamar a atenção daquelas pessoas que extrapolavam alguns limites em relação à intimidade das demais, fato que aconteceu poucas vezes. De conformidade com Nascimento et al. (2020)Nascimento, R. B., Amorim, M. M. T. & Silva, E. C. R. (2020). O uso de oficina pedagógica na mediação de conflitos causados por estereótipos de gênero e sexualidade na escola: reflexões a partir de um relato de experiência. Pesquisas e Práticas Psicossociais, 15(2), e-3167., entende-se que o estereótipo e o preconceito sobre gênero e sexualidade são pertinazes em nossa sociedade e essas reações podem surgir. Em termos psicodramáticos, são conservas culturais que contribuem para a reprodução dos estereótipos de papéis de gênero e de discursos que geram o aumento de estigmas em relação a elas (Zendron & Seminotti, 2011Zendron, C. C. & Seminotti, N. A. (2011). Papéis sociais femininos e as conservas culturais em relação ao dinheiro: cartografia de uma oficina temática de Psicodrama. Revista Brasileira de Psicodrama, 19(1), 103–113.).

Além disso, é necessário dar espaço para a expressão das emoções, e uma implicação disso são aquelas pessoas que, por sua vez, fazem-no em demasia, ou citando casos pessoais, ou de terceiros. Inicialmente, é preciso checar como as pessoas reagem e se o grupo pode cuidar dessa situação para, depois, se necessário, o facilitador intervir, de forma, ainda assim, sutil e não diretiva, ainda sem permitir que falas preconceituosas sejam validadas (Nascimento et al., 2020Nascimento, R. B., Amorim, M. M. T. & Silva, E. C. R. (2020). O uso de oficina pedagógica na mediação de conflitos causados por estereótipos de gênero e sexualidade na escola: reflexões a partir de um relato de experiência. Pesquisas e Práticas Psicossociais, 15(2), e-3167.), assim como foi feito quando Selma, durante a oficina 8, relatou fatos da vida sexual de outro participante.

Selma: Ele tinha namorada sô, a irmã da Cristina.

... Leila: É???

Selma: É, soltava a grana nela.

Vitor: Oh pessoal, eu vou pedir pra que coisas pessoais ... a não ser que o próprio usuário fale, a própria pessoa fale. Senão fica “ah, você fez não sei o que e não sei o que” e é meio complicado, tá bom? A não ser que seja você falar, coisas de outras pessoas, sexuais não é bom não.

(Oficina 8)

Gonçalves et al. (1988)Gonçalves, C. S., Wolff, J. R. & Almeida, W. C. (1988). Lições de Psicodrama: Introdução ao pensamento de J. L. Moreno. Ágora. destacam a importância de o facilitador não estimular comentários críticos, pois a pessoa que se expôs ao emiti-lo pode se sentir prejudicada. Os autores esclarecem que, ao pedir o compartilhamento das impressões do grupo, é possível que cada pessoa se exponha, que se crie uma igualdade de condições para todas.

Além de todas essas questões, a oficina, por mais que seja feito um bom contrato, que tenha uma harmonia entre regra e acolhimento, é sempre um desafio quando em um serviço aberto. O acesso ou a saída ao local das oficinas era livre, com isso, algumas atividades tiveram a interrupção, seja de usuários ou profissionais desavisados, o que representava muitas vezes uma dificuldade para o facilitador, como quando Vando chegou no momento em que a oficina era finalizada, pedindo para fazer uma oração, ou quando uma profissional do serviço entra na área da atividade falando em voz alta ao celular. Foi preciso calma e explicação dos motivos para o usuário, com a promessa de realizar o que ele queria num momento posterior, que aconteceu ao término da oficina; bem como pedir diretamente à profissional para que não conversasse ao telefone naquela área. Por essa questão, reforçar e negociar as regras ao início de toda oficina é importante, além de alertar todos os profissionais presentes. É importante que as atividades não se encerrem em si, pois, para atender os objetivos das oficinas, é preciso que na explicação das consignas se busque quais as interações que elas podem ter com as realidades e o cotidiano das pessoas participantes, visando facilitar seu entendimento. Se não, a chance da não compreensão das atividades pelas pessoas e/ou falha na maneira em que se explicava cada procedimento será maior, como ocorrido aqui.

Negociando os Mal-entendidos Gerados Pelas Propostas de Atividade

Muitas vezes, a forma de explicar uma atividade não alcança o objetivo inicial planejado por contrastar com os sentidos que os participantes construíram com o que foi dito. Para cada sinal de problema de entendimento de determinadas atividades havia uma pausa seguida de explicação ou a explicação era feita apenas para a pessoa que demonstrou dificuldades para não interromper o processo de participação das demais. Ainda assim, atividades mais simples poderiam alcançar melhores resultados.

O não entendimento de algumas atividades por parte das pessoas participantes reforça também a necessidade de aumentar a objetividade de cada etapa da oficina, sem desviar de seu foco. Gonçalves et al. (1988)Gonçalves, C. S., Wolff, J. R. & Almeida, W. C. (1988). Lições de Psicodrama: Introdução ao pensamento de J. L. Moreno. Ágora. enfatizam que o ritmo do jogo dramático não deve corresponder ao da vida real, portanto é preciso estar atento a ele, tanto para não o tornar rápido de modo a tornar impossível o envolvimento das pessoas, quanto para que não seja lento o suficiente para provocar desinteresse ou resistência dos participantes. Por exemplo, num trecho da quinta oficina onde foi pedido para os participantes imaginarem situações envolvendo a sexualidade dentro do serviço (exemplificou-se citando uma conversa informal entre pessoas usuárias, entre profissional e usuários, ou uma situação de atendimento) e eles questionaram sobre a existência de vivências sexuais ocorridas dentro do serviço:

Vitor: Dentro do serviço a história tem que ser.

... Selma: Uai, então não, nóis não fez sexo (risos de vários).

Vitor: Mas não precisa fazer sexo aqui dentro. A sexualidade, pra quem lembra da primeira oficina, sexualidade pode ser muitas coisas.

Raquel: Mas pode fazer sexo aqui dentro, professor?

Danúbia: Eu tive duas filhas que é a coisa mais linda da minha vida. É isso, eu não tenho outra coisa pra falar.

Vitor: Cêis entenderam?! Não precisa fazer sexo aqui dentro.

Raquel: Não entendi, achei que precisava.

Vitor: Tem que ser relacionado com sexualidade, mas tem que se passar aqui dentro do serviço.

(Oficina 5)

Esses desafios e dificuldades, dentre outros em relação à facilitação das oficinas, também são encontrados no trabalho de Nunes et al. (2015)Nunes, V. S., Torres, M. A. & Zanotti, S. V. (2015). O psicólogo no CAPS: Um estudo sobre oficinas terapêuticas. ECOS – Estudos Contemporâneos da Subjetividade, 5(2), 135–146. sobre a atuação dos psicólogos no CAPS. As autoras afirmam que o profissional deve ter criatividade para mediá-los. Faz-se necessário, assim, que o facilitador esteja no grupo, focalize sua atenção para o aqui e o agora, converse abertamente com as pessoas participantes e procure, passadas as atividades da oficina, investigar o que foi marcante para cada participante no seu decorrer.

Avaliações da Participação

Durante as oficinas, foi possível observar reações e falas que demonstravam as percepções das pessoas participantes sobre atividades em si ou sobre a estrutura dos encontros como um todo. Essas percepções puderam ser enquadradas em quatro grupos de falas: desafios na participação, relativos à organização das oficinas; postura do facilitador; valorização da atividade grupal, referindo-se aos sentidos das pessoas participantes sobre o processo de estar em grupo; e aprendizagens sobre sexualidade na relação consigo próprio e com o outro, trazendo o que puderam apreender sobre o conteúdo e trocas durante as atividades. É importante observar que, apesar de haver uma oficina programada com essa temática, os comentários de avaliação ocorreram ao longo de todo o conjunto das oficinas.

Desafios na participação

As atividades apresentaram certo grau de dificuldade para os participantes, que trouxeram essas percepções durante as oficinas.

Olívia: Ah, eu gostei, só não gostei de pensar muito.

Vitor: Não gostou de pensar muito? Vamos colocar como ponto negativo, ué.

Solivan: É necessário.

Olívia: É verdade senhor coiso, meu pensamento é dificultoso.

(Oficina 10)

Para Menezes e Santos (2013)Menezes, I. P. M. & Santos, S. E. B. (2013). Papel do diretor de sociodrama: Competências e limitações. Revista Brasileira de Psicodrama, 21(1), 173–182., todos os tipos de sentimentos, aflorados nos indivíduos e compartilhados em grupo, dão ao facilitador ferramentas para que se possa entender sua participação no jogo dramático. Trabalhar as diferenças dentro das oficinas se fez uma demanda já esperada, porém urgente. Destacam-se as falas da nona oficina, em atividade em que dois grupos de participantes deveriam elencar uma série de dificuldades sobre suas vivências sexuais e, posteriormente, as dificuldades eram trocadas de grupos e as pessoas participantes deveriam pensar em soluções para as dificuldades do outro. A fala que segue demonstra que encontrar a solução para os problemas entre os participantes pode ser tão difícil quanto encontrar para os deles:

Ruan: Não, cê você falar assim, o seu problema, é fácil. Agora, você pensar a solução pro problema de outra pessoa que é difícil.

(Oficina 9)

Dificuldades de fala, de compreensão e motoras foram acolhidas por todas as pessoas participantes. Em todas as atividades que exigiam algo que alguém não poderia conseguir, como ler ou escrever, era explicado que outra pessoa do grupo poderia ajudar, e assim foi feito. Embora as atividades psicomotoras sejam muito importantes no serviço, isso também é fator indicativo da falta de atividades menos mecanicistas, que exijam mais da capacidade de elaborar opiniões, que tragam questionamentos sobre um problema ou situação relevante para uma pessoa usuária de um serviço de saúde mental. Retomando o alerta de Farias et al. (2017)Farias, I. D., Thofehrn, M. B., Porto, A. R. & Kantorski, L. P. (2017). Oficinas terapêuticas: percepção de trabalhadores dos Centros de Atenção Psicossocial. Journal of Nursing and Health, 7(3), e177307. https://doi.org/10.15210/jonah.v7i3.10109
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, é fundamental a permanente revisão crítica dos fazeres no CAPS para que se efetive o cuidado integral dos seus usuários. É o resgate da espontaneidade entre os próprios trabalhadores que permitirá novas atividades que ampliem a criatividade e a capacidade de agir de todos os envolvidos.

Postura do coordenador

É importante que o profissional adote uma postura voltada para a pessoa usuária, busque mobilizá-la para que verbalize suas vivências, possibilitando a troca de experiências (Ribeiro et al., 2008Ribeiro, L. A., Sala, A. L. B. & Oliveira, A. G. B. (2008). As oficinas terapêuticas nos centros de atenção psicossocial. Reme – Revista Mineira de Enfermagem, 12(4), 516–522.) e, assim, diversifique as atividades conforme as demandas, aprimorando as indicações terapêuticas em prol do cuidado. Ruan, por exemplo, diz não gostar de psicólogo por este perguntar demais sobre sua vida, porém se abre para falar da sua vida numa oficina sobre sexualidade. Nota-se, assim, através de falas sobre boas lembranças e aprendizado, a abertura de uma pessoa que apresenta dificuldade em atendimentos individuais. Além disso, também são exemplos os trechos que remetem ao modo como Ruan e Cássia elogiam a atividade e Selma percebe a atenção dedicada pelo facilitador durante as atividades.

Ruan: ... Eu detesto psicólogo porque psicólogo ele fala de você.

... Vitor: Nem de mim Ruan? (risos de vários)

Ruan: Não, mas cê não fala de mim, você tá fazendo aqui uma palestra (risos). Eu gosto de psicólogo, eu detesto falar da minha vida.

(Oficina 9)

Cássia: Ow, é mór massa isso!

Ruan: Cadê a Lindalva (pedagoga e artista plástica)? Vou falar pra ela que dessa vez ela não vai levar uma bronca, porque eu falei que se a palestra fosse chata eu ia danar com ela.

(Oficina 9)

Selma: ... E que você enxerga a gente como gente e não como bicho. E que talvez a gente tá quando vem pra cá com a cabeça pensando em outra coisa e chega aqui você consegue levantar o astral de nós. Então parabéns pro senhor.

(Oficina 7)

Ao se referirem a tal assunto, Sampaio et al. (2011)Sampaio, J. J. C., Guimarães, J. M. X., Carneiro, C. & Garcia Filho, C. (2011). O trabalho em serviços de saúde mental no contexto da reforma psiquiátrica: um desafio técnico, político e ético. Ciência & Saúde Coletiva, 16(12), 4685–4694. https://doi.org/10.1590/S1413-81232011001300017
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destacam que a atuação das equipes dos serviços substitutivos de saúde mental tem sido tanto marcada por avanços para o modelo psicossocial, quando pelas contradições e problemáticas relativas à implantação desses serviços, repercutindo nos processos de trabalho e nas relações estabelecidas entre os diversos atores. Por exemplo, falar sobre a sexualidade pareceu uma necessidade grupal entre os usuários do serviço. Por falta de recursos materiais e/ou técnicos, as atividades presentes, sem um planejamento visando às necessidades das pessoas a quem se destinam, estancariam quaisquer objetivos de reabilitação psicossocial.

Monteiro e Loyola (2009)Monteiro, R. L. & Loyola, C. M. D. (2009). Qualidade de oficinas terapêuticas segundo pacientes. Texto & Contexto Enfermagem, 18(3), 436–442. https://doi.org/10.1590/S0104-07072009000300005
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, em trabalho acerca do discurso de pessoas usuárias de serviço de saúde mental sobre a qualidade das oficinas terapêuticas, esclarecem que essas pessoas esperam que as atividades se renovem, não estagnem, para que tenham acesso a novas maneiras de trabalhar, novas oportunidades. Ainda nessa mesma linha de considerações, avalia-se que não há maneiras de se proporcionar algo objetivamente terapêutico quando a atividade não é especificamente planejada para as pessoas usuárias do serviço. Quando não há objetivo ou diversidades de práticas, as oficinas terapêuticas passam a não ter sentido, transformando-se em um simples passatempo ou numa atividade para cumprir exigência de comparecimento. Para evitar esse tipo de desafio, o coordenador comprometido com a ética baseará seu trabalho na teoria, na filosofia e na metodologia do psicodrama e nunca deve se esquecer que, acima de tudo, deve permitir a espontaneidade-criatividade do grupo fluir. Assim, toda a organização da oficina precisa ser flexível, adaptável e até descartável, mas este fato não deve impedir que exista uma organização (Espírito Santo, 2017Espírito Santo, C. L. (2017). Aquecimento do diretor de psicodrama para o trabalho com grandes grupos. Revista Brasileira de Psicodrama, 25(1), 7–17. https://doi.org/10.15329/2318-0498.20170002
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).

Avaliações de resultado

Aqui é possível notar a percepção das pessoas participantes diante de dois fatores: da dinâmica grupal, que diz respeito ao método conversacional; e da forma com que as pessoas participantes expressaram aprendizagens obtidas durante o desenvolvimento das atividades.

A Valorização da Atividade Grupal

Para além das dificuldades, as atividades fazem emergir considerações sobre como as oficinas contribuíram para a realidade das pessoas participantes. Gonçalves et al. (1988)Gonçalves, C. S., Wolff, J. R. & Almeida, W. C. (1988). Lições de Psicodrama: Introdução ao pensamento de J. L. Moreno. Ágora. avaliam o contexto grupal psicodramático como desassociado de estruturas coercitivas, controladoras e até destrutivas. Pode-se ver, através da fala dos participantes que, apesar das dificuldades em fazer determinadas atividades, houve a valorização de estar em grupo e há a necessidade de se problematizar as demandas trazidas por outros usuários, pois assim criou-se apoio e cuidado mútuo.

Olívia: É bom porque a gente não fala isso, assim, em casa, ou com irmão ou com a mãe, né...

(Oficina 9)

Vitor: Alguém não gosta de fazer as coisas em grupo?

Janete: Grupo é bem melhor, ixi.

Virgínia: Eu gosto.

Danúbia: Eu gosto também.

Olívia: Sozinha a gente já fica em casa, né?

Andressa: E em grupo um ajuda o outro.

(Oficina 10)

Quando se está num grupo, numa acolhida ou numa escuta individual, a atenção se volta para os gestos e as palavras das pessoas e o desafio é promover o cuidado possível para aquela pessoa que está em cuidado, buscando envolvê-la ativamente no seu processo de reabilitação (Farias et al., 2016Farias, I. D., Thofehrn, M. B. & Kantorski, L. P. (2016). A oficina terapêutica como espaço relacional na atenção psicossocial. Revista Uruguaya de Enfermería, 11(2), 2–13.). Nas oficinas, além de todas essas características, o encontro, o vínculo e a troca com os participantes se dão também pelo olhar e a compreensão de suas produções (Freire et al., 2017Freire, M. A. B., Silva, L. B., Schmidt, P. C., Cortella, M. E. & Terribile, I. D. P. F. (2017). Da dimensão terapêutica à forma de resistência: relatos sobre uma oficina de hip hop no CAPS ad Renascer da Fênix. BIS, Boletim do Instituto de Saúde (Impr.), 18(supl.), 31–35. https://doi.org/10.52753/bis.2017.v18.34671
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), seja na leitura e na interpretação de uma frase, seja numa palavra inserida numa árvore que representa prazeres ou riscos, seja na tentativa de viabilizar uma solução para os problemas alheios, numa figura colada em um cartaz, numa bandeirinha levantada ou abaixada ou, por fim, por entrar em contato com questões nunca antes faladas ou discutidas.

Com isso, trabalharam-se diferenças e similaridades entre eles, o que permitiu um melhor aproveitamento das atividades. Coelho et al. (2017)Coelho, R. S., Velôso, M. T. G. & Barros, S. M. M. (2017). Oficinas com usuários de Saúde Mental: A família como tema de reflexão. Psicologia: Ciência e Profissão, 37(2), 489–499. https://doi.org/10.1590/1982-3703002612015
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destacam a necessidade de se criar atividades que estimulem o protagonismo das pessoas e que objetivem mudança de seus papéis tradicionais de vítimas e culpados. Levanta-se aqui, também, a importância de serem trabalhadas as questões sobre a sexualidade com os usuários, assim como o uso de atividades reflexivas que contribuíram para a construção de sentidos entre eles.

Aprendizagens Sobre Sexualidade na Relação Consigo Próprio e com o Outro

Durante as atividades das oficinas, quando se perguntava aos participantes sobre o que foi mais marcante para eles, as avaliações foram positivas e giraram em torno ou de aspectos gerais, o fato de serem boas, ou de aspectos específicos, como sobre o conteúdo das oficinas (entendimento do preconceito, sexualidade, desejos, fantasia, vontades), as implicações no dia a dia das pessoas participantes (desabafo, companhia, descontração) e do aprendizado gerado, como é possível observar nos trechos a seguir.

Raquel: Marcou que cada dia mais nóis tá aprendendo mais sobre a sensualidade, sobre nossos desejos, as nossas fantasias, as nossas vontades.

(Oficina 5)

Vitor: Mas deixa eu te fazer uma pergunta, Olívia. Quando eu colocava esses exercícios, assim, pra vocês pensarem, que você não gostava muito de fazer aquilo, você levava isso pra sua casa? Você levava pra seu dia a dia? Começava a ficar pensando nisso?

Olívia: Levava! ... Principalmente quando você, todos falaram que a gente tem que gostar da gente primeiro né, depois...falou muitas vezes, né.

Janete: E sobre o respeito, assim...

(Oficina 10)

Danúbia: Eu aprendi uma coisa que é assim, fazer sexo, o marido quer fazer sexo e às vezes a gente não quer, tá meio magoada, e a gente pode dizer “não” pra ele. Era uma coisa que eu não sabia, e a gente pode dizer “não”, não quer, não quer.

Olívia: Eu também aprendi.

(Oficina 10)

Essas respostas apontam, em consonância com a literatura (Soares et al., 2010Soares, A. N., Silveira, B. V. & Reinaldo, A. M. S. (2010). Oficinas de sexualidade em saúde mental: relato de experiência. Cogitare Enfermagem, 15(2), 345–348. https://doi.org/10.5380/ce.v15i2.17874
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), que a abordagem da temática da sexualidade em oficinas proporcionou estabelecimento de vínculo com usuários e possibilitou mais desenvoltura e menor inibição para falar sobre ato sexual, bem-estar, autoestima, doenças sexualmente transmissíveis e relações interpessoais. Também é possível apresentar outra visão sobre a avaliação das oficinas, além daquela de que se avalia apenas no limiar entre bom e ruim ou em algumas questões trazidas nas falas das pessoas participantes: o que levaram das atividades; e o que sentiram. Uma avaliação alternativa e possível de se fazer refere-se à participação das 43 pessoas ao longo das 10 oficinas realizadas nesse CAPS. As pessoas participaram voluntariamente desse processo de produção de sentidos com duração de alguns meses. Contemplar dúvidas, diminuir anseios, promover debates e reflexões, enfatizar autonomias e estabelecer um lugar onde possa se falar abertamente sobre sexualidade num serviço público de saúde mental talvez seja o grande mérito dessa experiência. Zendron & Seminotti (2011)Zendron, C. C. & Seminotti, N. A. (2011). Papéis sociais femininos e as conservas culturais em relação ao dinheiro: cartografia de uma oficina temática de Psicodrama. Revista Brasileira de Psicodrama, 19(1), 103–113. lembram que, por mais árduas que sejam as conservas culturais, pela espontaneidade e criatividade novas formas de sentido são criadas e, com elas, novas formas de existência.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

As oficinas baseadas nos jogos dramáticos exigiram preparação e flexibilidade por parte do facilitador, cujo trabalho proporcionou legitimar um espaço dialógico, baseado na horizontalidade, liberdade de participação, criatividade e no uso de distintas linguagens. Elas permitiram ir além da informação ou recreação e possibilitaram problematizar, estimular a participação, e produzir novas percepções de si e do outro no debate sobre sexualidade e suas interfaces, indo além das visões biomédicas e essencialistas. Além disso, elas questionaram regras institucionais, construíram intimidade e negociarammal-entendidos, respondendo, no campo das relações interpessoais, ao ideário da desinstitucionalização.

Apesar da produtividade das oficinas, é importante apontar alguns limites do estudo. A pesquisa foi realizada com e para as pessoas usuárias de um CAPS em uma cidade de pequeno porte, dentro de suas tradições e cultura, podendo ter resultados distintos em outros contextos. Outra limitação, mesmo que não constasse como objetivo principal, seria não envolver a avaliação da participação dessas pessoas a partir do ponto de vista dos profissionais, familiares e pessoas significativas. Além disso, a avaliação compreendeu um aspecto processual e de impacto, não incluindo um acompanhamento a médio e/ou longo prazo após finalizada a intervenção. Por fim, não foram utilizadas medidas objetivas sobre conhecimento e práticas no campo de sexualidade.

Além de novos estudos que contemplem esses aspectos não explorados nesse estudo é importante apontar também que, no contexto deste trabalho, as oficinas de sexualidade foram utilizadas num período determinado de tempo, contudo podem ser inseridas no cotidiano de serviços e se tornarem parte integrante dos Projetos Terapêuticos Singulares. Espera-se que esta pesquisa sensibilize para a importância da coconstrução e do diálogo com os usuários no processo de produção de cuidado e para a potência das oficinas com diferentes temáticas no cotidiano do CAPS.

AGRADECIMENTOS

Não aplicável.

  • DISPONIBILIDADE DE DADOS DE PESQUISA

    Todos os conjuntos de dados foram gerados ou analisados no estudo atual.
  • FINANCIAMENTO

    Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
    Processo nº: 1345650
  • Esse trabalho é parte da dissertação de mestrado do primeiro autor sob orientação do segundo autor, desenvolvida junto ao Programa de Pós-graduação em Psicologia da Universidade Federal de Uberlândia.

REFERÊNCIAS

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Editado por

Editora de Seção: Heloisa Fleury

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    02 Dez 2022
  • Data do Fascículo
    2022

Histórico

  • Recebido
    04 Maio 2022
  • Aceito
    11 Ago 2022
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