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A ocupação e a atividade humana em terapia ocupacional: revisão de escopo na literatura nacional

Resumo

Introdução

As ocupações e as atividades humanas são temas centrais nos estudos e intervenções da terapia ocupacional no Brasil, embora não exista um consenso nos usos desses termos no país.

Objetivo

Esta pesquisa objetivou analisar parte da produção científica nacional da terapia ocupacional em relação ao uso dos termos ocupação e atividade.

Método

Foi realizada uma revisão de escopo da literatura entre 1980 e 2017, na biblioteca SciELO.br e nos periódicos nacionais da área de terapia ocupacional, utilizando a palavra-chave “terapia ocupacional” associada às palavras “atividade”, “ocupação” e “desempenho ocupacional”. A amostra foi composta por 155 artigos, sendo o primeiro publicado em 2002.

Resultados

As publicações se relacionam a oito campos ou áreas de atuação da terapia ocupacional e abordam 95 temas diferentes. O termo atividade foi utilizado em 128 artigos; ocupação e atividade em 22; e apenas 5 utilizaram ocupação. O termo atividade foi definido como instrumento da profissão ou relacionado à ação dos sujeitos. Já o termo ocupação foi definido como fundamental para a organização da vida humana, considerando que as atividades fazem parte das ocupações humanas. Em relação às perspectivas teóricas, os estudos que utilizaram a “atividade” apresentam várias teorias ou construções teóricas e metodológicas. Já os que adotaram “ocupação” e “atividade e ocupação” referenciam modelos teóricos específicos.

Conclusão

Com esta revisão, verificou-se que os termos apresentam significados e perspectivas teóricas que acompanham a pluralidade intrínseca à profissão e são pautados em construções socio-históricas.

Palavras-chave:
Terapia Ocupacional; Terminologia; Conhecimento; Literatura de Revisão

Abstract

Introduction

Human occupations and activities are central themes in occupational therapy studies and interventions in Brazil, although there is no consensus on the use of these terms in the country.

Objective

This research aimed to analyze part of the national scientific production of occupational therapy about the use of the terms of occupation and activity.

Method

A scoping review of the literature was carried out between 1980 and 2017, using SciELO.br and the Brazilian journals of occupational therapy, using the keyword 'occupational therapy' associated with the words 'activity', 'occupation', and 'occupational performance'. The sample consisted of 155 articles, the first one being published in 2002.

Results

The publications relate to eight fields or areas of occupational therapy and cover 95 different topics. The term “activity” was used in 128 articles, in 22 “occupation and activity” and only 5 used “occupation”. The term “activity” was defined as an instrument of the profession or related to the action of the subjects. The term “occupation” was defined as fundamental for the organization of human life considering that the activities are part of human occupations. Regarding the theoretical perspectives, the studies that used the “activity” present several theories or theoretical and methodological constructions. Those who have adopted “occupation” and “activity and occupation” refer to specific theoretical models.

Conclusion

With this review, we verified that the terms present theoretical meanings and perspectives that accompany the plurality intrinsic to the profession and are based on historical partner constructions.

Keywords:
Occupational Therapy; Terminology; Knowledge; Literature Review

1 Introdução

Diversos autores (Medeiros, 2003Medeiros, M. H. R. M. (2003). Terapia Ocupacional: um enfoque epistemológico e social. São Carlos: EdUFSCar.; Poellnitz, 2018Poellnitz, J. C. (2018). Atividade, cotidiano e ocupação na terapia ocupacional no Brasil: usos e conceitos em disputa (Dissertação de mestrado). Universidade Federal de São Carlos, São Carlos. Recuperado em 08 de março de 2019, de https://repositorio.ufscar.br/handle/ufscar/9818
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; Lima et al., 2013Lima, E. M. F. A., Okuma, D. G., & Pastore, M. D. N. (2013). Atividade, ação, fazer e ocupação: a discussão dos termos na Terapia Ocupacional brasileira. Cadernos de Terapia Ocupacional da UFSCar, 21(2), 243-254.; Quarentei et al., 2008Quarentei, M., Silva, C. R., Borba, P. L. O., Meyer, M. B., Koketsu, A. Y., & Crespaldi, K. C. (2008). Entre atividade, ocupação, ação e fazer: diversidade e polissemia na constituição do conhecimento de terapia ocupacional. In Anais do 7º Congresso Norte e Nordeste de Terapia Ocupacional. Brasília: COFFITO.; Falcão & Guimarães, 2004Falcão, I. V., & Guimarães, D. S. L. (2004). Análise de atividades e formação do terapeuta ocupacional: um estudo com os preceptores de estágio da UFPE. Revista de Terapia Ocupacional da Universidade de São Paulo, 15(2), 63-70.; Joaquim et al., 2003Joaquim, R. H. V. T., Akashi, L. T., Rangel, B. R., Genetti, C. F., Garcia, D. B., Kato, L. G., Furlan, P. G., & Vincentini, V. C. R. (2003). Conhecendo as concepções e as práticas de análise da atividade dos terapeutas ocupacionais. Cadernos de Terapia Ocupacional da UFSCar, 11(1), 62-74.; Toyoda & Akashi, 1993Toyoda, C. Y., & Akashi, L. T. (1993). Atividade: conceito e utilização pelas terapeutas ocupacionais docentes do Estado de São Paulo. Cadernos de Terapia Ocupacional da UFSCar, 4(1/2), 26-35.; Galheigo, 1988Galheigo, S. (1988). Terapia Ocupacional: a produção do conhecimento e o cotidiano da prática sob o poder disciplinar: em busca de um depoimento coletivo (Dissertação de mestrado). Universidade Estadual de Campinas, Campinas.) apresentaram debates acerca dos termos ocupação e atividade e como estes ora são utilizados como sinônimos, ora conceituam ou evidenciam outros significados, como ação, fazer, práxis, entre outras variações terminológicas presentes na terapia ocupacional brasileira. Silva (2013)Silva, C. R. (2013). As atividades como recurso para a pesquisa. Cadernos de Terapia Ocupacional da UFSCar, 21(3), 461-470. e Salles & Matsukura (2016)Salles, M. M., & Matsukura, T. S. (2016). O uso dos conceitos de ocupação e atividade na Terapia Ocupacional: uma revisão sistemática da literatura. Cadernos de Terapia Ocupacional da UFSCar, 24(4), 801-810. apontam que nas publicações da área são evidentes a polissemia e a pluralidade na construção de um campo marcado por diversas práticas e saberes.

Benetton (2008)Benetton, M. J. (2008). Atividades: tudo o que você sempre quis saber e ninguém respondeu. Revista CETO, 11(11), 26-29. indica que no Brasil há um uso indiscriminado dos termos atividade, ocupação e atividade ocupacional, sendo que o “descuido” na adoção do termo ocupação e seus correlatos favorecem uma confusão conceitual.

O conceito ocupação, mesmo possuindo inúmeras definições (Magalhães, 2013Magalhães, L. (2013). Ocupação e atividade: tendências e tensões conceituais na literatura anglófona da terapia ocupacional e da ciência ocupacional. Cadernos de Terapia Ocupacional da UFSCar, 21(2), 255-263.; Royeen, 2002Royeen, L. (2002). Occupation reconsidered. Occupational Therapy International, 9(2), 11-20.; Pierce, 2001Pierce, D. (2001). Untangling occupation and activity. American Journal of Occupational Therapy, 55(2), 138-146. Recuperado em 12 de dezembro de 2013, de http://ajot.aotapress.net/content/55/2/138.full.pdf
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), tem se constituído como termo usual tanto para a Sociedade Internacional de Ciência Ocupacional (International Society of Occupational Science, 2013International Society of Occupational Science – ISOS. (2013). Recuperado em 12 de dezembro de 2016, de http://www.isoccsci.org
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) como para a Federação Mundial de Terapeutas Ocupacionais (World Federation of Occupational Therapists, 2012World Federation of Occupational Therapists – WFOT. (2012). Activities daily living CM2012. Position statement activities of daily living. Recuperado em 12 de dezembro de 2016, de http://www.wfot.org/ResourceCentre/tabid/132/cid/31/Default.aspx
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), sob a consideração de que a “ocupação” propicia significado e sentido para a vida e na “ocupação” se inserem as várias atividades que as pessoas concretizam em seu cotidiano, sejam as voltadas para si, em família e nas comunidades.

Em revisão na literatura nacional realizada por Lima et al. (2013Lima, E. M. F. A., Okuma, D. G., & Pastore, M. D. N. (2013). Atividade, ação, fazer e ocupação: a discussão dos termos na Terapia Ocupacional brasileira. Cadernos de Terapia Ocupacional da UFSCar, 21(2), 243-254., 2011Lima, E. M. F. A., Pastore, M. D. N., & Okuma, D. G. (2011). As atividades no campo da Terapia Ocupacional: mapeamento da produção científica dos terapeutas ocupacionais brasileiros de 1990 a 2008. Revista de Terapia Ocupacional da Universidade de São Paulo, 22(1), 68-75.), detectou-se que o termo atividades foi adotado em 91% dos estudos e o termo ocupação apresentou-se em apenas 11% dos estudos analisados.

Poellnitz (2018)Poellnitz, J. C. (2018). Atividade, cotidiano e ocupação na terapia ocupacional no Brasil: usos e conceitos em disputa (Dissertação de mestrado). Universidade Federal de São Carlos, São Carlos. Recuperado em 08 de março de 2019, de https://repositorio.ufscar.br/handle/ufscar/9818
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e Poellnitz et al. (2020)Poellnitz, J. C. V., Silva, C. R., & Cardinalli, I. (2020). Reflexiones sobre actividad, cotidiano, ocupación y otros términos utilizados en Congresos Brasileños de Terapia Ocupacional. Revista Argentina de Terapia Ocupacional, 6(2), 6-13. investiga o uso dos termos atividade, ocupação e cotidiano e realizou um levantamento junto aos trabalhos apresentados por pesquisadores terapeutas ocupacionais nos Congressos Brasileiros de Terapia Ocupacional. O estudo apresenta que o termo atividade foi o mais presente, contudo, os termos e expressões utilizando o termo atividade variaram em 29 diferentes formas, incluindo “atividades humanas”.

Salles & Matsukura (2016) realizaram uma investigação sobre os conceitos de atividade e ocupação na literatura nacional e de língua inglesa, verificando nos estudos nacionais o uso do termo atividade e nos de língua inglesa o termo ocupaçãoSalles, M. M., & Matsukura, T. S. (2016). O uso dos conceitos de ocupação e atividade na Terapia Ocupacional: uma revisão sistemática da literatura. Cadernos de Terapia Ocupacional da UFSCar, 24(4), 801-810.. Em adição, relatam que tanto um como o outro termo referem que o fazer do ser humano influencia no próprio bem-estar e nas próprias condições de saúde e doença, proporcionando um sentido e significado para a sua vida.

Sabe-se que, internacionalmente, desde o início da profissão, modelos teóricos foram elaborados pautados no conceito da ocupação, sendo incluídos no decorrer dos anos a utilização dos termos desempenho ocupacional e, posteriormente, o engajamento em ocupações dentro de diferentes contextos, além de uma série de outras adjetivações que são dadas às ocupações (Canadian Association of Occupational Therapists, 1997Canadian Association of Occupational Therapists – CAOT. (1997). Enabling occupation: an occupational therapy perspective. Ottawa: CAOT Publications ACE.; Christiansen & Baum, 2005Christiansen, C., & Baum, C. (2005). Occupational therapy: performance, participation and well-being. Thorofare: Slack Inc.; Kielhofner, 2008Kielhofner, G. (2008). Modelo of human occupation: theory and aplication. Philadelphia: Lippincott Williams & Wilkins.).

Na atualidade, há modelos sendo desenvolvidos com base na consideração da existência de uma variedade de perspectivas culturais, como o modelo Kawa (termo japonês para rio), por exemplo, que foi desenvolvido por profissionais de reabilitação japoneses e canadenses, tendo como foco os “contextos” que moldam e influenciam as realidades e desafios do dia a dia das pessoas. Este modelo se apresenta como uma alternativa aos modelos contemporâneos de reabilitação “ocidentais”, os quais geralmente têm como foco o cliente individual (Iwama, 2006Iwama, M. (2006). The Kawa Model: culturally relevant occupational therapy. Edinburgh: Churchill Livingstone-Elsevier Press.). Tais modelos e perspectivas permaneceram com o enfoque na ocupação e passaram a considerar que a experiência da ocupação, além de ser algo pessoal, é também diretamente influenciada pela cultura (Kinebanian & Stomph, 1992Kinebanian, A., & Stomph, M. (1992). Cross-cultural occupational therapy: A clinical reflection. The American Journal of Occupational Therapy, 46(8), 751-757.; McGruder, 2003McGruder, J. (2003). Culture, race, ethnicity, and other forms of human diversity in occupational therapy. In E. B. Crepeau, E. S. Cohn & B. A. Boyt Schell (Eds.), Willard and Spackman’s occupational therapy (pp. 81-95). Philadelphia: Lippincott Williams and Wilkins.).

No Brasil, são encontradas publicações com o termo ocupação, utilizando como referência a literatura anglofônica para fundamentar seus estudos (Salles & Matsukura, 2016Salles, M. M., & Matsukura, T. S. (2016). O uso dos conceitos de ocupação e atividade na Terapia Ocupacional: uma revisão sistemática da literatura. Cadernos de Terapia Ocupacional da UFSCar, 24(4), 801-810.). Contudo, temos que, historicamente, a terapia ocupacional brasileira utiliza o termo atividade como constructo que compôs a fundamentação teórica e prática da profissão.

Por exemplo, Galheigo (1988)Galheigo, S. (1988). Terapia Ocupacional: a produção do conhecimento e o cotidiano da prática sob o poder disciplinar: em busca de um depoimento coletivo (Dissertação de mestrado). Universidade Estadual de Campinas, Campinas. afirma em sua dissertação de mestrado que o conceito de atividade humana substituiu o conceito de trabalho na terapia ocupacional brasileira, e acabou se universalizando, isso porque coloca sob seu domínio: “[…] o cotidiano nas necessidades de autocuidado e automanutenção, a capacidade de criação e produção, o lazer, a brincadeira infantil, a necessidade de instrumentos para a adaptação” (Galheigo, 1988Galheigo, S. (1988). Terapia Ocupacional: a produção do conhecimento e o cotidiano da prática sob o poder disciplinar: em busca de um depoimento coletivo (Dissertação de mestrado). Universidade Estadual de Campinas, Campinas., p. 69).

Assim como Medeiros (2003)Medeiros, M. H. R. M. (2003). Terapia Ocupacional: um enfoque epistemológico e social. São Carlos: EdUFSCar. considera as atividades humanas como objeto de estudo da profissão, compreendendo-as como produto e meio de construção do próprio ser humano. Desta forma, a terapia ocupacional seria a profissão que busca entender as relações que este ser humano ativo estabelece em sua condição de vida e saúde.

Atualmente, as perspectivas críticas nos auxiliam neste debate, considerando as atividades humanas necessariamente como expressões de determinada pessoa no mundo. Portanto, devem ser consideradas como construções socio-históricas, contextualizadas, coletivas, comunitárias, relacionais, culturais, expressões e produções de vida plurais.

Afinal, a vida humana constitui-se, em inúmeras dimensões, em um continuum de atividades nas quais se gera e se produz o sentido da própria existência (Quarentei, 2001Quarentei, M. S. (2001). Terapia Ocupacional e produção de vida. In Anais do 7º Congresso Brasileiro de Terapia Ocupacional (pp. 1-3). Porto Alegre: ABRATO.).

Silva & Poellnitz (2015)Silva, C. R., & Poellnitz, J. C. V. (2015). Atividades na formação do terapeuta ocupacional. Revista de Terapia Ocupacional da Universidade de São Paulo, 26(1), 74-82. defendem o uso plural dos termos em terapia ocupacional, contudo, indicam a necessidade de se refletir, discutir, nomear e conceituar quais os termos, seus significados e usos em terapia ocupacional, apresentando a argumentação, elaboração e adoção de referenciais que possam explicitar de forma clara os sentidos, os consensos e os limites das construções teóricas distintas. As autoras também indicam a necessidade das “atividades e recursos” se consolidarem como um campo próprio de construção de saber, pois sua fundamentação está intrínseca nas práticas da terapia ocupacional.

Desta forma, o debate está na relação entre a produção de consenso conceitual visando a fortalecer a identidade interna e propiciar a disseminação e reconhecimento externo da profissão (Magalhães, 2013Magalhães, L. (2013). Ocupação e atividade: tendências e tensões conceituais na literatura anglófona da terapia ocupacional e da ciência ocupacional. Cadernos de Terapia Ocupacional da UFSCar, 21(2), 255-263.; Royeen, 2002Royeen, L. (2002). Occupation reconsidered. Occupational Therapy International, 9(2), 11-20.). Por um lado, há autores que sugerem que este é um dos problemas para a internacionalização da profissão, pois passa por uma aparente falta de clareza dos conceitos ocupação e atividade (Magalhães, 2013Magalhães, L. (2013). Ocupação e atividade: tendências e tensões conceituais na literatura anglófona da terapia ocupacional e da ciência ocupacional. Cadernos de Terapia Ocupacional da UFSCar, 21(2), 255-263.; Benetton, 2008Benetton, M. J. (2008). Atividades: tudo o que você sempre quis saber e ninguém respondeu. Revista CETO, 11(11), 26-29.). Por outro lado, a pluralidade conceitual tem sido apresentada como possibilidade para a ampliação de campos e áreas, uma vez que uma unidade conceitual tem parecido ser insuficiente para abordar o conjunto de práticas e saberes da terapia ocupacional brasileira (Silva & Poellnitz, 2015Silva, C. R., & Poellnitz, J. C. V. (2015). Atividades na formação do terapeuta ocupacional. Revista de Terapia Ocupacional da Universidade de São Paulo, 26(1), 74-82.).

A pesquisa desenvolvida por Poellnitz (2018)Poellnitz, J. C. (2018). Atividade, cotidiano e ocupação na terapia ocupacional no Brasil: usos e conceitos em disputa (Dissertação de mestrado). Universidade Federal de São Carlos, São Carlos. Recuperado em 08 de março de 2019, de https://repositorio.ufscar.br/handle/ufscar/9818
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apresenta categorias que influenciam na utilização e adoção de um termo e de sua bagagem conceitual por terapeutas ocupacionais, sendo elas: identidade pessoal, trajetória profissional e de estudos, perspectiva teórica e conceitual e experiência profissional. A autora corrobora tal fato, enfatizando que o “[…] uso da linguagem é singular, subjetivo e influenciado por diversos fatores inerentes ao sujeito e ao contexto em que ele está inserido […]” (Poellnitz, 2018Poellnitz, J. C. (2018). Atividade, cotidiano e ocupação na terapia ocupacional no Brasil: usos e conceitos em disputa (Dissertação de mestrado). Universidade Federal de São Carlos, São Carlos. Recuperado em 08 de março de 2019, de https://repositorio.ufscar.br/handle/ufscar/9818
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, p. 91).

Neste sentido, este artigo apresenta dados de uma pesquisa que teve por objetivo analisar a produção científica nacional da terapia ocupacional, caracterizando os estudos que empregaram os termos ocupação e atividade com base na quantificação da aparição desses termos, de que forma foram definidos e sob quais perspectivas teóricas.

2 Metodologia

Foi realizada uma revisão de escopo que possui como finalidade o mapeamento das fontes e dos tipos de evidências disponíveis e que subsidiam uma área de pesquisa. Em conjunto, este tipo de revisão volta-se para a identificação dos conceitos e das lacunas existentes (Arksey & O’Malley, 2005Arksey, H., & O’Malley, L. (2005). Scoping studies: towards a methodological framework. International Journal of Social Research Methodology, 8(1), 19-32.).

A partir da adoção de parâmetros indicados por Arksey & O’Malley (2005)Arksey, H., & O’Malley, L. (2005). Scoping studies: towards a methodological framework. International Journal of Social Research Methodology, 8(1), 19-32., a presente revisão foi realizada nas 5 etapas a seguir:

1) definição das perguntas de pesquisa.

2) acesso à diferentes fontes para busca dos estudos.

3) composição da amostra com base nos critérios de busca e inclusão.

4) extração das informações relativas às perguntas de pesquisa.

5) apresentação dos resultados obtidos e analisados de forma numérica e temática/conceitual com respectiva discussão.

As perguntas de pesquisa que conduziram este estudo foram:

Os estudos que empregaram os termos ocupação e atividade se referem a alguma área ou campo da terapia ocupacional?

Qual a temática especifica dos estudos que empregaram os termos ocupação e atividade?

Quais as populações foram alvo dos estudos que empregaram os termos ocupação e atividade?

Qual a definição utilizada nos estudos para os termos “ocupação” e “atividade”?

Quais as perspectivas teóricas são apresentadas pelos estudos?

Para a coleta de dados, foi investigada a base de dados SciELO.br e os periódicos Cadernos de Terapia Ocupacional da UFSCar e Revista de Terapia Ocupacional da USP, disponíveis em acesso virtual, no período de 1990 a 2017. Este período se justifica porque os Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional da UFSCar têm disponível on-line, em seu site, publicações a partir de 1990, e a Revista de Terapia Ocupacional da USP a partir de 2002.

Foi utilizada a palavra-chave “terapia ocupacional” associada às palavras “atividade”, “ocupação” e “desempenho ocupacional”.

Como critério para composição da amostra, foram consideradas as publicações que tratavam do tema terapia ocupacional e ocupação, ou terapia ocupacional e atividade. Com isso, foram excluídos artigos que, apesar de aparecerem na busca, não continham as palavras no texto, ou, apesar de conterem as palavras no título, resumo ou no texto, o estudo em si não se voltava para a terapia ocupacional, ocupação e/ou atividade das temáticas pesquisadas. A seguir, na Figura 1, um fluxograma explicativo do processo de busca e composição da amostra.

Figura 1
Fluxograma de composição da amostra.

O instrumento para coleta de dados se constituiu por um Formulário de Registro que organizou as informações contidas nos estudos encontrados e que compuseram a amostra.

Neste Formulário de Registro foram inseridas as seguintes informações: tipo de delineamento metodológico do estudo, ano de publicação, área ou campo da terapia ocupacional que o estudo se inseria, a temática específica dos estudos, considerando a área ou campo identificados, participantes do estudo, definição dos termos nos estudos e as perspectivas teóricas apresentadas pelos estudos.

Para analisar a produção científica encontrada, adotou-se a abordagem quanti-qualitativa (Turato, 2005Turato, E. R. (2005). Métodos qualitativos e quantitativos na área da saúde: definições, diferenças e seus objetos de pesquisa. Revista de Saúde Pública, 39(3), 507-514.), sendo que os dados quantitativos foram expressos em números, gráficos e quadros, e os qualitativos, ou seja, as definições para os termos e as respectivas perspectivas teóricas adotadas foram computadas pela similaridade temática e são descritas e ilustradas com trechos extraídos dos estudos com menção das autorias e, posteriormente, são discutidos conforme interpretação e inferência.

3 Resultados

Foram encontrados 155 artigos, sendo 116 publicados na Revista de Terapia Ocupacional da USP, 33 nos Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional e 6 na base SciELO.br em revistas não específicas do campo da terapia ocupacional.

Em relação ao tipo de delineamento metodológico, 72 estudos eram do tipo descritivo, 23 revisões de literatura, 27 pesquisas qualitativas, 26 ensaios analíticos/reflexivos, 4 estudos quase-experimentais e dois estudos experimentais1 1 Para definição do delineamento metodológico, foram utilizados os parâmetros de Goodwin (1995) e de Thomas & Nelson (1996). Em linhas gerais, os autores definem a existência de pesquisas analíticas, pesquisas descritivas, pesquisas experimentais, pesquisas quase-experimentais e pesquisas qualitativas. As pesquisas analíticas envolvem o estudo e avaliação aprofundados de informações disponíveis na tentativa de explicar o contexto de um fenômeno, sendo categorizadas em histórica, filosófica, revisão e meta-análise. Já as pesquisas descritivas caracterizam-se como estudos que procuram determinar status, opiniões ou projeções futuras nas respostas obtidas, dividindo-se em levantamento, normativo, correlacional, estudo de caso, longitudinal ou transversal. A pesquisa experimental constitui o método de investigação que envolve a manipulação de tratamentos na tentativa de estabelecer relações de causa-efeito nas variáveis investigadas, mediante controle cuidadoso e completo de um delineamento. Na pesquisa quase-experimental, o investigador tenta preparar um delineamento para o ambiente o mais próximo possível do mundo real enquanto procura controlar, da melhor forma possível, alguns condicionantes que afetam a validade interna. Por fim, as pesquisas qualitativas envolvem a observação intensiva e de longo tempo em um ambiente natural, o registro do que acontece no ambiente é preciso e detalhado e a interpretação e análise dos dados utiliza descrições e narrativas. Elas podem ser etnográficas, interpretativa, participante, pesquisa-ação, fenomenológica etc. . Em uma publicação não havia a descrição do delineamento metodológico empregado.

Referente ao ano de publicação, apenas a partir de 2002 foram encontradas produções sobre os temas (n=6) e, apesar de uma queda nos dois anos subsequentes, ocorreu um aumento crescente dos estudos a partir de 2005, sendo que em 2011 foi o maior número de publicações (n=20).

Foram encontrados oito campos e/ou áreas da terapia ocupacional que os estudos se inseriam, a saber: disfunção física, cognitiva e/ou sensorial do adulto (n=34), fundamentos e perspectivas teórico-metodológicas em terapia ocupacional (n=32), disfunção física, cognitiva e sensorial na infância e adolescência (n=23), saúde mental (n=21), geronto-geriatria (n=15), social (n=11), contextos hospitalares (n=10) e saúde do trabalhador (n=9).

Em relação às temáticas específicas dos estudos considerando a(s) área(s) ou campo(s) identificados, alguns agrupamentos foram possíveis e alguns temas apareceram de forma isolada, independentemente do campo e/ou área correspondente da publicação, sendo expressos nas Figuras 2, 3, 4 e 5.

Figura 2
Temáticas relacionadas à área de disfunção física, cognitiva e/ou sensorial do adulto (n=34).2 2 TCE é a sigla para Traumatismo Crânio Encefálico
Figura 3
Temáticas relacionadas ao campo de fundamentos e perspectivas teórico-metodológicas em terapia ocupacional (N=32).3 3 AVD é a sigla para Atividades de Vida Diária ,4 4 TO é a sigla para Terapia Ocupacional
Figura 4
Temáticas relacionadas à área de disfunção física, cognitiva e/ou sensorial na infância e adolescência (n=23).5 5 HIV é a sigla para Human Immunodeficiency Viruses
Figura 5
Temáticas relacionadas à área de saúde mental (n=21).6 6 CAPs é a sigla para Centro de Atenção Psicossocial 7 7 NAPs é a sigla para Núcleo de Atenção Psicossocial

Os estudos da área de geronto-geriatria (n=15) tiveram dois temas que se repetiram e quatro que apareceram uma única vez: Intervenção terapêutica com idosos (n=6); Cuidadores de idosos (n=4); Crescimento da população idosa (n=1); Políticas públicas para a população idosa (n=1); Aposentadoria (n=1); Fatores para proteção da qualidade de vida de idosos (n=1); Instrumento para Avaliação de Demência e Desempenho Ocupacional (=1).

No campo social (n=11) foram encontrados os seguintes temas: Atuação com criança ou adolescentes em situação de risco social (n=5); Desempenho ocupacional ou perfil de adolescentes acolhidos institucionalmente/em abrigo (n=4); e Formação da/em terapia ocupacional social (n=2).

Em relação aos estudos referentes aos contextos hospitalares (n=10), foram encontrados os temas: Atuação da terapia ocupacional com idosos hospitalizados (n=3); Prática da terapia ocupacional com crianças e/ou adolescentes hospitalizados (n=3); Produção de conhecimento sobre as práticas em terapia ocupacional em contextos hospitalares (n=2); Mães de crianças com neoplasias (n=1); e Desempenho ocupacional de paciente com HIV (n=1).

Por fim, nos estudos da área de saúde do trabalhador (n= 9), foram encontrados estudos sobre fatores geradores de adoecimento (n=3); ensino na graduação em terapia ocupacional em saúde do trabalhador (n=2); avaliação postural (n=1); intervenção em trabalhadores com lesões de mão (n=1); efetividade de programas de retorno ao trabalho (n=1); e atuação da terapia ocupacional no serviço de reabilitação profissional (n=1).

O público-alvo, ou grupos participantes das práticas em terapia ocupacional, foram citados em 98 estudos nas diferentes áreas e campos. Assim, em relação aos ciclos ou cursos de vida, foram encontrados: adultos (n=32), crianças (n=23), adolescentes (n=14) e idosos (n=5). Além disso, os participantes também se caracterizavam por funções ou papéis ocupacionais, como profissionais de saúde e/ou educação (n=12), familiares (n=9) ou alunos de graduação (n= 3).

Especificamente sobre a aparição dos termos atividade e ocupação, a maioria dos artigos adotou apenas o termo “atividade” (n=128); poucos utilizaram apenas “ocupação” (n=5) e alguns utilizaram ambos termos “ocupação e atividade” (n=22).

Nos estudos que se referem apenas ao termo “atividade” (n=128), a definição dada foi que ela se constitui por toda a ação dos sujeitos e/ou como instrumento da profissão.

Por um lado, Castro & Silva (2002)Castro, E., & Silva, D. (2002). Habitando os campos da arte e da terapia ocupacional: percursos teóricos e reflexões. Revista de Terapia Ocupacional da Universidade de São Paulo, 13(1), 1-8. tratam das atividades humanas, especificamente as artísticas e corporais, enquanto formas de manifestações, práticas estéticas que, em um contexto de saúde, estes fazeres tocam as fronteiras da arte não institucionalizada e se configuram como exercícios de cultura.

Por outro lado, Samea (2008)Samea, M. (2008). O dispositivo grupal como intervenção em reabilitação: reflexões a partir da prática em Terapia Ocupacional. Revista de Terapia Ocupacional da Universidade de São Paulo, 19(2), 85-90. define que o planejamento e a execução de atividades são instrumentos dos processos de intervenção em terapia ocupacional.

Lima (2004)Lima, E. M. F. A. (2004). A análise de atividade e a construção do olhar do terapeuta ocupacional. Revista de Terapia Ocupacional da Universidade de São Paulo, 15(2), 42-48. refere que a atividade humana traz consigo o significado de instrumento da terapia ocupacional, sendo que esta busca estabelecer um processo terapêutico com base em um encontro que se dá com o usuário por meio da realização de atividades.

Já os estudos que utilizaram unicamente o termo ocupação (n=5) o definiram enquanto fundamental para a organização dos seres humanos, indicando que diferentes problemáticas podem afetar as ocupações e, consequentemente, o bem-estar e a saúde dos sujeitos acometidos. No trabalho de Monteiro et al. (2014)Monteiro, L. S., Costa, E. F., Corrêa, V. A. C., & Folha, O. A. A. C. (2014). Sobre o significado das ocupações após o acidente por queimaduras. Cadernos de Terapia Ocupacional da UFSCar, 22(2), 305-315., as ocupações são referidas como importantes meios de participação social, nas quais as pessoas se engajam todos os dias, constituindo unidades de ação contínuas, intencionais e conscientemente executadas. O estudo de Costa et al. (2013)Costa, C.M.L., Silva, A.P.L. L., Flores, A.B., Lima, A. A., & Poltronieri, B.C. (2013). O valor terapêutico da ação humana e suas concepções em Terapia Ocupacional. Cadernos de Terapia Ocupacional da UFSCar, 21(1), 195-203. corrobora com esta argumentação e inclui os sentidos e significados da existência humana.

Nos 22 estudos que utilizaram os dois termos, a atividade foi referida como fazendo parte da ocupação em 20 estudos e apenas dois estudos utilizaram os termos como sinônimos.

O estudo de Vasconcelos & Cavalcante (2013)Vasconcelos, T. B., & Cavalcante, L. I. C. (2013). Avaliação das atividades de vida diária em crianças: uma revisão da literatura. Revista de Terapia Ocupacional da Universidade de São Paulo, 24(3), 267-272., baseados em um referencial norte-americano, referem que, dentre as inúmeras possibilidades de ocupação humana, existem atividades que são comuns em distintas épocas e culturas, como as atividades de vida diária (AVD), por exemplo.

Já o trabalho de Parreira et al. (2013)Parreira, M., Cavalcanti, A., Cunha, J. H., & Cordeiro, J. (2013). Papéis ocupacionais de indivíduos em condições reumatológicas. Revista de Terapia Ocupacional da Universidade de São Paulo, 2(2), 127-133. refere que, ao longo da vida, as pessoas se envolvem em atividades ou ocupações que desejam e/ou necessitam fazer. As atividades cotidianas ou as ocupações são um reflexo dos hábitos, das rotinas e dos papéis que o indivíduo possui, sendo que os papéis o inserem na estrutura social e podem, frente a um diagnóstico clínico, conduzir a uma alteração no desempenho deste.

Em relação às perspectivas teóricas apresentadas nos estudos, observou-se que, naqueles que utilizam a “atividade” são apresentadas várias teorias ou construções teóricas e metodológicas que não necessariamente estão circunscritas em um modelo ou método nomeados ou especificados.

Nos estudos em que foram utilizados os termos “ocupação” e “atividade e ocupação” (apenas naqueles em que atividade foi referida como fazendo parte da ocupação), verificou-se que alguns foram embasados pela teoria do Modelo de Ocupação Humana (MOHO), outros, com base na Ciência Ocupacional, e outros sob o Modelo Canadense de Desempenho Ocupacional.

4 Discussão

Os dados da presente pesquisa corroboram o trabalho de Salles & Matsukura (2016)Salles, M. M., & Matsukura, T. S. (2016). O uso dos conceitos de ocupação e atividade na Terapia Ocupacional: uma revisão sistemática da literatura. Cadernos de Terapia Ocupacional da UFSCar, 24(4), 801-810. e Lima et al. (2013)Lima, E. M. F. A., Okuma, D. G., & Pastore, M. D. N. (2013). Atividade, ação, fazer e ocupação: a discussão dos termos na Terapia Ocupacional brasileira. Cadernos de Terapia Ocupacional da UFSCar, 21(2), 243-254., que detectaram que o termo de maior evidência na literatura brasileira é “atividade”. Na pesquisa de Lima et al. (2013)Lima, E. M. F. A., Okuma, D. G., & Pastore, M. D. N. (2013). Atividade, ação, fazer e ocupação: a discussão dos termos na Terapia Ocupacional brasileira. Cadernos de Terapia Ocupacional da UFSCar, 21(2), 243-254., o termo atividade foi encontrado em 73% da amostra analisada.

Em relação ao termo ocupação, o presente estudo aponta que a sua utilização ainda é difusa e presente de forma mais consistente nos estudos embasados pela teoria do Modelo de Ocupação Humana (MOHO) e/ou na Ciência Ocupacional8 8 A Ciência Ocupacional foi criada por um grupo de terapeutas ocupacionais acadêmicas na Universidade da Califórnia do Sul, sob a liderança de Betty Yerxa, no fim de 1980 (Canadian Association of Occupational Therapists, 2016). Este grupo se dedicou à criação de uma ciência básica, focada na compreensão da ocupação, de forma que as descobertas desta ciência contribuíssem na prática da terapia ocupacional (Canadian Association of Occupational Therapists, 2016). . Os estudos sobre o MOHO foram elaborados por Gary Kielhofner em colaboração com outros estudiosos quando o “paradigma contemporâneo” e sua ênfase na ocupação eram emergentes, acompanhados por uma crise de identidade do profissional terapeuta ocupacional (Kielhofner & Burke, 1980Kielhofner, G., & Burke, J. (1980). Modelo de ocupação humana: parte I. Revista de Terapia Ocupacional da Universidade de São Paulo, 1(1), 55-67.). Com base em diferentes áreas do conhecimento, Kielhofner reuniu as teorias dos sistemas, a psicologia cognitiva, do desenvolvimento humanista e social, para a elaboração do MOHO (Hagedorn, 2003Hagedorn, R. (2003). Introdução aos Modelos de Performance Pessoa-ambiente-ocupação. In R. Hagedorn. Fundamentos da prática em Terapia Ocupacional (pp. 211-212). São Paulo: ROCA.).

O termo ocupação foi adotado no início da terapia ocupacional brasileira, seguindo os termos e conceitos produzidos nos EUA, próprios de uma perspectiva anglo-saxã. Com o desenvolvimento da profissão, o termo ocupação foi sendo substituído, e o termo atividade ganhou mais notoriedade terminológica, conceitual e epistemológica. Dentre os diferentes fatores que influenciaram este movimento, temos que a ampliação do diálogo da profissão às Ciências Humanas e Sociais, realizada por um grupo reconhecido de terapeutas ocupacionais, contribuiu fortemente para a adoção do termo atividades humanas, com novas concepções, sentidos e significados (Poellnitz, 2018Poellnitz, J. C. (2018). Atividade, cotidiano e ocupação na terapia ocupacional no Brasil: usos e conceitos em disputa (Dissertação de mestrado). Universidade Federal de São Carlos, São Carlos. Recuperado em 08 de março de 2019, de https://repositorio.ufscar.br/handle/ufscar/9818
https://repositorio.ufscar.br/handle/ufs...
; Cardinalli, 2017Cardinalli, I. (2017). Conhecimentos da terapia ocupacional no Brasil: um estudo sobre trajetórias e produções (Dissertação de mestrado). Universidade Federal de São Carlos, São Carlos. Recuperado em 01 de fevereiro de 2017, de https://repositorio.ufscar.br/handle/ufscar/8496
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; Lima et al., 2013Lima, E. M. F. A., Okuma, D. G., & Pastore, M. D. N. (2013). Atividade, ação, fazer e ocupação: a discussão dos termos na Terapia Ocupacional brasileira. Cadernos de Terapia Ocupacional da UFSCar, 21(2), 243-254.).

No presente trabalho, apesar das especificidades de cada campo e área da terapia ocupacional, assim como do percurso temporal que influencia as terminologias e conceptualizações da profissão, podemos perceber que o uso do termo atividades esteve presente nos mais diversos campos e áreas.

O uso do termo atividade prioritariamente pelos e pelas terapeutas ocupacionais brasileiros(as) para divulgarem suas reflexões, práticas e conhecimento na área traz a reflexão sobre se tratar de uma construção nacional para responder tanto às problemáticas contemporâneas como os desafios históricos específicos do país relativos aos processos de desigualdade e exclusão, as crises políticas, econômicas e ambientais, os processos de precarização do trabalho e da geração de renda, as violências e intolerância à diversidade humana e cultural. Tal busca dos terapeutas ocupacionais e pesquisadores nacionais pela construção própria de conceitos e, de alguns modelos, também estaria relacionada com a ampliação de campos, áreas, indivíduos, grupos, populações, práticas, intervenções e contextos, que consequentemente ampliaram não só o instrumental, recursos e técnicas, mas sobretudo a forma de compreender, conceituar, utilizar, ensinar, promover e difundir as ações na terapia ocupacional.

Neste sentido, este estudo buscou contribuir com a reflexão e debate sobre os usos e significados que produzem práticas, perspectivas e possibilidades na produção de conhecimento em terapia ocupacional, que não está restrita apenas à produção acadêmica da área.

Para Foucault (1999)Foucault, M. (1999). As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas. São Paulo: Martins Fontes., a linguagem é o principal instrumento para pensar o sujeito moderno como sujeito de conhecimento, histórico, datado, que traz em si a possibilidade do saber, e para se conhecer esse sujeito é necessário debruçar-se sobre as malhas de sua linguagem.

Quando nomeamos, conceituamos e transmitimos uma mensagem, isso reflete, expressa e define o que e como fazemos algo. Assim, a escolha dos termos e seus sentidos e significados em terapia ocupacional são importantes para a própria constituição do campo teórico e sua aplicação prática, ou, ainda, sua produção prática com delineamento teórico. Desta forma, compreende-se a estrita complementariedade intrínseca entre saber e fazer para a profissão.

Foucault (1999)Foucault, M. (1999). As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas. São Paulo: Martins Fontes. considerava todo o conhecimento finito, aproximado e, acima de tudo, datado. Como se o novo já nascesse velho, fadado a desaparecer, limitado ao instante da sua existência; da mesma forma, o discurso é regulado por práticas de poder.

Nesta perspectiva, a construção constante de sentido tem produzido um movimento incessante de criação de significado e sentido para os termos em terapia ocupacional, que nem sempre estão delimitados por métodos, modelos e sistematizações classificatórias, o que, por um lado, dificulta sua compreensão e, por outro, possibilita a criação e o alargamento de suas bases conceituais para diferentes proposições práticas.

Também foi possível verificar que o termo ocupação passou a estar mais presente na última década sendo que alguns autores acreditam que o que teria favorecido este uso seria os processos de produção do conhecimento por meio de programas de pós-graduação na área, intercâmbio entre modelos e teorizações estrangeiras e a internacionalização das produções acadêmicas e científicas (Poellnitz, 2018Poellnitz, J. C. (2018). Atividade, cotidiano e ocupação na terapia ocupacional no Brasil: usos e conceitos em disputa (Dissertação de mestrado). Universidade Federal de São Carlos, São Carlos. Recuperado em 08 de março de 2019, de https://repositorio.ufscar.br/handle/ufscar/9818
https://repositorio.ufscar.br/handle/ufs...
; Cardinalli, 2017Cardinalli, I. (2017). Conhecimentos da terapia ocupacional no Brasil: um estudo sobre trajetórias e produções (Dissertação de mestrado). Universidade Federal de São Carlos, São Carlos. Recuperado em 01 de fevereiro de 2017, de https://repositorio.ufscar.br/handle/ufscar/8496
https://repositorio.ufscar.br/handle/ufs...
; Salles & Matsukura, 2016Salles, M. M., & Matsukura, T. S. (2016). O uso dos conceitos de ocupação e atividade na Terapia Ocupacional: uma revisão sistemática da literatura. Cadernos de Terapia Ocupacional da UFSCar, 24(4), 801-810.).

A adoção do termo ocupação, portanto, também se constituiria uma tentativa de dialogo por parte de alguns terapeutas ocupacionais com as produções internacionais da área, sobretudo de língua inglesa.

Assim, autores têm referido que a adoção da palavra atividade como sinônimo de ocupação traz problemas, sendo necessário que esta seja redefinida com cuidado (Pierce, 2001Pierce, D. (2001). Untangling occupation and activity. American Journal of Occupational Therapy, 55(2), 138-146. Recuperado em 12 de dezembro de 2013, de http://ajot.aotapress.net/content/55/2/138.full.pdf
http://ajot.aotapress.net/content/55/2/1...
; Nelson, 1997Nelson, D. (1997). Why the profession of occupational therapy will flourish in the 21st century. American Journal of Occupational Therapy, 51(1), 11-24. Recuperado em 12 de 2018, de http://ajot.aotapress.net/content/51/1/11.full.pdf+html
http://ajot.aotapress.net/content/51/1/1...
). Assim, por isso, a expressão atividade tem sido evitada ou utilizada de forma secundária em documentos oficiais (Magalhães, 2013Magalhães, L. (2013). Ocupação e atividade: tendências e tensões conceituais na literatura anglófona da terapia ocupacional e da ciência ocupacional. Cadernos de Terapia Ocupacional da UFSCar, 21(2), 255-263.), como se observa na recente definição da World Federation of Occupational Therapists (Silva, 2013Silva, C. R. (2013). As atividades como recurso para a pesquisa. Cadernos de Terapia Ocupacional da UFSCar, 21(3), 461-470.; World Federation of Occupational Therapists, 2012World Federation of Occupational Therapists – WFOT. (2012). Activities daily living CM2012. Position statement activities of daily living. Recuperado em 12 de dezembro de 2016, de http://www.wfot.org/ResourceCentre/tabid/132/cid/31/Default.aspx
http://www.wfot.org/ResourceCentre/tabid...
).

Royeen (2002)Royeen, L. (2002). Occupation reconsidered. Occupational Therapy International, 9(2), 11-20. condiciona o fortalecimento da profissão ao ato de diferenciação dos dois termos e na adoção do termo ocupação para favorecer a cristalização da terapia ocupacional para o mundo. Neste sentido, aponta para a necessidade da terapia ocupacional se referir à atividade enquanto um resultado do processo ocupacional sendo que a ocupação constitui um meio para a mudança e, com isso, a atividade e a participação devem se constituir como um resultado observável para esta mudança almejada (Royeen, 2002Royeen, L. (2002). Occupation reconsidered. Occupational Therapy International, 9(2), 11-20.).

Fisher (2014)Fisher, A. G. (2014). Occupation-centred, occupation-based, occupation-focused: same, same or different? Scandinavian Journal of Occupational Therapy, 21(S1), 96-107. também defende o uso de ocupação como agente terapêutico ocupacional primário, mas aponta que o problema atual continua a ser sua implementação pelos terapeutas ocupacionais profissionais, cientistas e pesquisadores, relacionado a uma incapacidade em usar uma terminologia consistente e de uma forma que claramente define e descreve não só o que fazemos, mas também como fazemos o que fazemos. Essa inconsistência terminológica na literatura internacional estaria relacionada ao uso de três termos: occupation-centred, occupation-based e occupation-focused de forma permutável como sinônimos (Silva, 2013Silva, C. R. (2013). As atividades como recurso para a pesquisa. Cadernos de Terapia Ocupacional da UFSCar, 21(3), 461-470.).

Com isso, infere-se que, teoricamente, as definições internacionais de ocupação são delineadas e acordadas, mas, na prática, cada país e região também adapta o uso do termo à sua realidade e não há um consenso unânime sobre seus usos, conceitos e possibilidades, afinal, trata-se de um saber em constante revisão e atualização.

Têm crescido o debate sobre a delimitação geográfica e as relações de poder relacionadas às regiões do globo onde são produzidas formas de nomear e se compreender a terapia ocupacional hegemônica, da mesma forma, como a língua inglesa se reproduz como linguagem universal, demandando a necessidade de refletir sobre os problemas de tradução, sentidos linguísticos e polissemia semântica.

Magalhães (2013)Magalhães, L. (2013). Ocupação e atividade: tendências e tensões conceituais na literatura anglófona da terapia ocupacional e da ciência ocupacional. Cadernos de Terapia Ocupacional da UFSCar, 21(2), 255-263. destaca a relevância de se refletir sobre as terminologias que a profissão adota, assim como sobre as indefinições que persistem. Com esta reflexão, torna-se possível repensar os modos de conhecer e valorar o conhecimento e identificar se o pensar e agir em terapia ocupacional é condicionado pelas palavras, ou seja, pelos termos que são utilizados e suas criações de sentido.

5 Conclusão

A presente pesquisa detectou a existência de significados diferentes para os termos ocupação e atividade com base na identificação de artigos publicados. Vimos que, nas publicações nacionais, os termos ocupação e atividade transitam nos saberes e práticas da profissão. A pesquisa corrobora com a compreensão que os termos estão presentes em diferentes campos, áreas de atuação e construção de conhecimentos em terapia ocupacional e quando correlacionados com a prática interventiva a população alvo, as comunidades e/ou as pessoas possuem diferentes características e perfis, assim como, todos os cursos de vida estão presentes.

Observou-se também que, na maioria dos artigos, os autores referem apenas o termo “atividade”, seja como instrumento da profissão ou como a ação dos sujeitos, por exemplo, como atividades de vida diária, atividades de trabalho, atividades lúdicas ou de lazer, atividades sociais e atividades expressivas. Já o termo “ocupação”, quando utilizado, é citado justamente para a discussão do termo ou para teorizar que a ocupação é fundamental para a organização dos seres humanos, considerando as atividades como parte das ocupações humanas. Há estudos que utilizam os dois termos como sinônimos e outros que não apresentam um significado explícito, denotação semântica ou referencial que indique sua conceituação ou compreensão.

Esta pesquisa não pretendeu generalizar a compreensão sobre a ocupação e a atividade humana em terapia ocupacional. Ao invés disso, considera-se que a sistematização dos termos e seus conceitos favorecem o conhecimento da pluralidade de perspectivas e a consolidação da fundamentação e dos referenciais teóricos e metodológicos da profissão. Com isso, fortalece-se o reconhecimento da terapia ocupacional na diversidade em que as práticas profissionais se concretizam e conduzem os sujeitos para a autonomia e independência em suas atividades e ocupações cotidianas.

Com a realização desta pesquisa, foi possível produzir conhecimento teórico para contribuir na estruturação epistemológica da terapia ocupacional, assim como no estabelecimento de um consenso conceitual nas práticas desenvolvidas por terapeutas ocupacionais no que concerne aos temas sobre ocupações e atividades.

Assim, buscou-se contribuir com o debate na área da terapia ocupacional, respeitando as construções socio-históricas produzidas, promovendo a pluralidade intrínseca à profissão, na busca de maior aproximação à internacionalização da terapia ocupacional brasileira, para a ampliação do diálogo e também para promoção de sua produção de conhecimento estabelecida. Tal consonância é almejada no sentido de se consolidar a identidade interna e propiciar a disseminação e reconhecimento externo da profissão. Desta forma, destaca-se a necessidade de pesquisas sobre o tema, assim como de publicações e eventos que propiciem a ocorrência deste debate e da concretização de um diálogo compreensível entre os terapeutas ocupacionais, sem a perda de suas identidades sociais, culturais e históricas.

  • 1
    Para definição do delineamento metodológico, foram utilizados os parâmetros de Goodwin (1995)Goodwin, J. C. (1995). Research in psychology: methods and design. New York: John Wiley. e de Thomas & Nelson (1996)Thomas, J. R., & Nelson, J. K. (1996). Research methods in physical activity. Champaign: Human Kinetics.. Em linhas gerais, os autores definem a existência de pesquisas analíticas, pesquisas descritivas, pesquisas experimentais, pesquisas quase-experimentais e pesquisas qualitativas. As pesquisas analíticas envolvem o estudo e avaliação aprofundados de informações disponíveis na tentativa de explicar o contexto de um fenômeno, sendo categorizadas em histórica, filosófica, revisão e meta-análise. Já as pesquisas descritivas caracterizam-se como estudos que procuram determinar status, opiniões ou projeções futuras nas respostas obtidas, dividindo-se em levantamento, normativo, correlacional, estudo de caso, longitudinal ou transversal. A pesquisa experimental constitui o método de investigação que envolve a manipulação de tratamentos na tentativa de estabelecer relações de causa-efeito nas variáveis investigadas, mediante controle cuidadoso e completo de um delineamento. Na pesquisa quase-experimental, o investigador tenta preparar um delineamento para o ambiente o mais próximo possível do mundo real enquanto procura controlar, da melhor forma possível, alguns condicionantes que afetam a validade interna. Por fim, as pesquisas qualitativas envolvem a observação intensiva e de longo tempo em um ambiente natural, o registro do que acontece no ambiente é preciso e detalhado e a interpretação e análise dos dados utiliza descrições e narrativas. Elas podem ser etnográficas, interpretativa, participante, pesquisa-ação, fenomenológica etc.
  • 8
    A Ciência Ocupacional foi criada por um grupo de terapeutas ocupacionais acadêmicas na Universidade da Califórnia do Sul, sob a liderança de Betty Yerxa, no fim de 1980 (Canadian Association of Occupational Therapists, 2016Canadian Association of Occupational Therapists – CAOT. (2016). Professional development. Sense of doing! Recuperado em 20 de junho de 2016, de https://www.caot.ca/default.asp?ChangeID=341&pageID=566
    https://www.caot.ca/default.asp?ChangeID...
    ). Este grupo se dedicou à criação de uma ciência básica, focada na compreensão da ocupação, de forma que as descobertas desta ciência contribuíssem na prática da terapia ocupacional (Canadian Association of Occupational Therapists, 2016Canadian Association of Occupational Therapists – CAOT. (2016). Professional development. Sense of doing! Recuperado em 20 de junho de 2016, de https://www.caot.ca/default.asp?ChangeID=341&pageID=566
    https://www.caot.ca/default.asp?ChangeID...
    ).
  • 2
    TCE é a sigla para Traumatismo Crânio Encefálico
  • 3
    AVD é a sigla para Atividades de Vida Diária
  • 4
    TO é a sigla para Terapia Ocupacional
  • 5
    HIV é a sigla para Human Immunodeficiency Viruses
  • 6
    CAPs é a sigla para Centro de Atenção Psicossocial
  • 7
    NAPs é a sigla para Núcleo de Atenção Psicossocial
  • Como citar: Figueiredo, M. O., Gomes, L. D., Silva, C. R., & Martinez, C. M. S. (2020). A ocupação e a atividade humana em terapia ocupacional: revisão de escopo na literatura nacional. Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional. Ahead of Print.https://doi.org/10.4322/2526-8910.ctoAR1858
  • Fonte de financiamento CNPq (PIBIC-PADRD). CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) - (código: 001).

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    09 Out 2020
  • Data do Fascículo
    Jul-Sep 2020

Histórico

  • Recebido
    26 Dez 2018
  • Revisado
    23 Fev 2019
  • Revisado
    23 Maio 2019
  • Aceito
    23 Jul 2019
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