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A atividade de extensão na terapia ocupacional: revisão de escopo na literatura nacional

Resumo

Introdução

A extensão universitária possibilita a inter-relação entre a universidade e a sociedade, além da democratização do conhecimento acadêmico.

Objetivo

Analisar e caracterizar a literatura nacional referente à extensão universitária da terapia ocupacional brasileira.

Método

Revisão de escopo nos periódicos: Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional, Revista de Terapia Ocupacional da USP e Revista Baiana de Terapia Ocupacional. Foram utilizadas as palavras-chaves “extensão universitária”, “atividade de extensão”, “atividade extensionista” e “extensão”. Realizou-se a análise dos dados quantitativos por meio de estatística simples de frequência e média e dos qualitativos por categorização temática.

Resultados

A amostra foi composta por 43 publicações, sendo 25 artigos originais, 17 relatos de experiência e 1 editorial publicados entre 2003 e 2020. As publicações abordavam sobre atividade, projeto e/ou programa de extensão, sendo diversos os objetivos, participantes, locais e ações concretizadas. Alguns estudos, além de descrever as atividades de extensão, apresentaram temas reincidentes que propiciaram a criação de quatro categorias temáticas: “indissociabilidade entre ensino e pesquisa”, “relação da universidade com a comunidade”, “processo de ensino-aprendizagem” e “formação discente”.

Conclusão

Verificou-se que a extensão universitária realizada pelos docentes dos cursos de graduação em terapia ocupacional no Brasil foi realizada de forma integrada com o ensino e a pesquisa. A extensão universitária tem favorecido a relação entre a sociedade e a universidade, uma vez que os projetos/atividades têm respondido às demandas sociais e favorecido à democratização do saber acadêmico. Tais projetos/atividade têm impactado positivamente no processo de ensino e aprendizagem dos graduandos em terapia ocupacional no Brasil, pois propiciam uma formação crítica e reflexiva.

Palavras-chave:
Relações Comunidade-Instituição; Produção Científica e Tecnológica; Terapia Ocupacional; Ensino Superior

Abstract

Introduction

The university outreach allows the interrelation between the university and society and the democratization of academic knowledge.

Objective

To analyze and characterize the national literature regarding the university outreach of Brazilian Occupational Therapy.

Method

Scope review in the Brazilian Journal of Occupational Therapy, Revista de Terapia Ocupacional USP and Revista Baiana de Terapia Ocupacional. The keywords “university extension”, “extension activity”, “extensionist activity” and “extension” were used. Analysis of quantitative data using simple statistics of frequency and average and qualitative data by thematic categorization.

Results

The sample consisted of 43 publications, with 25 original articles, 17 experience reports, and 1 Editorial published between 2003 and 2020. The publications addressed an activity, project, and/or extension program with different objectives, participants, locations, and actions implemented. Some studies, in addition to describing the outreach activities, presented recurrent themes that led to the creation of four thematic categories “Inseparability between teaching and research”; “University’s relationship with the community”, “Teaching-learning process” and “Student training”.

Conclusion

It was found that the university outreach carried out by professors of Occupational Therapy courses in Brazil were carried out in an integrated manner with teaching and research. This university outreach has favored the relationship between society and the university since the projects/activities have responded to social demands and favored the democratization of academic knowledge. Such projects/activities have had a positive impact on the teaching and learning process of undergraduate students in Occupational Therapy in Brazil because they provide critical and reflective training.

Keywords:
Community-Institutional Relations; Scientific and Technical Activities; Occupational Therapy; Education; Higher

Introdução

A extensão universitária em disputa

As primeiras experiências extensionistas no Brasil ocorreram entre 1911 e 1917, na Universidade Livre de São Paulo, com conferências e semanas abertas ao público, sem que problemas sociais ou econômicos estivessem pautados. Em 1931, o “Estatuto da Universidade Brasileira” já definia a extensão como atividades que apresentassem soluções para os compromissos sociais de interesse nacional. A década de 1950 e o início da década seguinte foram marcados pela mobilização popular e reformas sociais; nesse momento, as atividades de extensão passaram do enfoque de difusão de conhecimento para a busca de respostas para a realidade socioeconômica, política e cultural do país (Freire, 1977Freire, P. (1977). Extensão e comunicação? Rio de Janeiro: Paz e Terra.; Carbonari & Pereira, 2007Carbonari, M. E. E., & Pereira, A. C. (2007). A extensão universitária no Brasil, do assistencialismo à sustentabilidade. Review of Education, 10(10), 23-28.).

Contudo, com o golpe civil e militar de 1964 e a promulgação da Reforma Universitária (Lei 5.540/68), foram restritas as ações das Instituições de Ensino Superior e sua autonomia e foi estabelecida a indissociabilidade entre ensino e pesquisa, impactando diretamente na concepção da extensão, rompendo com qualquer caráter de diálogo com a comunidade ou como projeto de transformação social e reforçando modelo assistencialista (Nogueira, 2001Nogueira, M. D. P. (2001). Extensão universitária no Brasil: uma revisão conceitual. In D. S. Faria (Org.), Construção conceitual da extensão universitária na América Latina (pp. 57-72). Brasília: UNB.; Carbonari & Pereira, 2007Carbonari, M. E. E., & Pereira, A. C. (2007). A extensão universitária no Brasil, do assistencialismo à sustentabilidade. Review of Education, 10(10), 23-28.; Paula, 2013Paula, J. A. (2013). A extensão universitária: história, conceito e propostas. Interfaces - Revista de Extensão da UFMG, 1(1), 5-23.).

Em 1975, o Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras define a extensão como a prestação de serviços, realimentação da universidade e a integração de ambas. Apesar da presença indiscutível da comunidade nas atividades extensionistas, essa relação se dá de forma unilateral: “a ação extensionista não expõe as contradições geradoras dos problemas enfrentados pela comunidade e desarticula sua capacidade de organização e transformação da realidade” (Carbonari & Pereira, 2007Carbonari, M. E. E., & Pereira, A. C. (2007). A extensão universitária no Brasil, do assistencialismo à sustentabilidade. Review of Education, 10(10), 23-28., p. 24).

Na década de 1980, marcada novamente pelos movimentos sociais, a universidade compartilha e constrói com a sociedade o projeto democrático. Assim, a extensão se torna essencial para essas práticas; contudo, ela se dá com a presente disputa entre a emancipação e o assistencialismo (Carbonari & Pereira, 2007Carbonari, M. E. E., & Pereira, A. C. (2007). A extensão universitária no Brasil, do assistencialismo à sustentabilidade. Review of Education, 10(10), 23-28.).

Na última década do século passado, é retomada a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão. A extensão universitária foi inserida como uma das funções da universidade, com o objetivo de difundir para a sociedade os conhecimentos e as informações resultantes de pesquisa científica, tecnológica e/ou produção cultural produzidos na instituição, promovendo a universalização e o aprimoramento da educação básica e a formação e a capacitação de profissionais, aproximando os dois níveis escolares (Brasil, 1996Brasil. (1996, 20 de dezembro). Decreto nº. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília. Recuperado em 20 de julho de 2020, de http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9394.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Lei...
).

A extensão universitária acompanhou as mudanças paradigmáticas ocorridas tanto nos entendimentos sobre sua função educacional quanto naquelas que aconteceram com a própria sociedade (Fórum de Pró-Reitores de Extensão das Universidades Públicas Brasileiras, 2006Fórum de Pró-Reitores de Extensão das Universidades Públicas Brasileiras – FORPROEX. (2006). Indissociabilidade Ensino-Pesquisa-Extensão e a Flexibilização Curricular: uma visão da Extensão. Porto Alegre: UFRGS.). As suas funções, ações, alcances e objetivos podem ser diversificados e dependem dos processos sócio-históricos de cada região, assim como da autonomia universitária perante as agendas políticas das instâncias de gestão e poder às quais está vinculada.

Da mesma forma, os consensos sobre as atividades, funções e objetivos devem estar apoiados em pilares sólidos democráticos e éticos para, acima de tudo, responder ao compromisso social e de enfrentamento aos processos de exclusões e desigualdades sociais, em comunhão com a função social da própria universidade pública, laica, gratuita, de qualidade e para todos. Contudo, os debates ideológicos, discursivos e políticos sobre a extensão universitária respondem a diferentes e contraditórios polos argumentativos e decisivos.

Ainda assim, ao longo dos anos, podemos perceber que a extensão universitária se transformou em um instrumento de inter-relação da universidade com a sociedade, de oxigenação da própria universidade e de democratização do conhecimento acadêmico por meio da troca de saberes com as comunidades. Desta forma, representa-se uma via de mão dupla que pode oferecer múltiplas possibilidades de transformação da sociedade e da própria universidade (Fórum de Pró-Reitores de Extensão das Universidades Públicas Brasileiras, 2012Fórum de Pró-Reitores de Extensão das Universidades Públicas Brasileiras – FORPROEX. (2012). Política Nacional de Extensão Universitária. Manaus: MEC/SeSU.).

Esta troca de saberes sistematizados, acadêmicos e populares tem como consequências a produção do conhecimento resultante do confronto com a realidade brasileira e regional, a democratização do conhecimento acadêmico e a participação efetiva da comunidade na atuação da universidade. Além de proporcionar este processo dialético entre teoria e prática, a extensão pode ser considerada como parte de um trabalho interdisciplinar que favorece a visão integrada sobre as necessidades da sociedade com capacidade de buscar respostas para elas (Fórum de Pró-Reitores de Extensão das Universidades Públicas Brasileiras, 2006Fórum de Pró-Reitores de Extensão das Universidades Públicas Brasileiras – FORPROEX. (2006). Indissociabilidade Ensino-Pesquisa-Extensão e a Flexibilização Curricular: uma visão da Extensão. Porto Alegre: UFRGS.).

Na atualidade, entende-se que a extensão universitária pode contribuir na formulação e no desenvolvimento de políticas através de sua ação e reflexão tanto no âmbito acadêmico como nos espaços sociais, conforme articula ensino e pesquisa, favorecendo a interação e o diálogo com diferentes setores da sociedade civil e cumprindo com o compromisso social da Universidade, prioritariamente pública (Fórum de Pró-Reitores de Extensão das Universidades Públicas Brasileiras, 2012Fórum de Pró-Reitores de Extensão das Universidades Públicas Brasileiras – FORPROEX. (2012). Política Nacional de Extensão Universitária. Manaus: MEC/SeSU.).

As atividades de extensão são consideradas aquelas que diretamente envolvem as comunidades externas às instituições de ensino superior (IES) e que estejam vinculadas à formação do estudante em conformidade com normas institucionais próprias de cada IES. Além disso, as atividades extensionistas, em consonância com os projetos políticos pedagógicos de cada curso, inserem-se nas seguintes modalidades: programas, projetos, cursos e oficinas, eventos e/ou prestação de serviços. Segundo as atuais diretrizes para a extensão na educação superior brasileira, as atividades de extensão deverão fazer parte da matriz curricular dos cursos de graduação, compondo no mínimo 10% do total da carga horária curricular (Brasil, 2018Brasil. (2018, 18 de dezembro). Resolução nº 7, de 18 de dezembro de 2018. Estabelece as Diretrizes para a Extensão na Educação Superior Brasileira e regimenta o disposto na Meta 12.7 da Lei nº 13.005/2014, que aprova do Plano Nacional da Educação – PNE 2014-2024 e dá providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, seção 1, p. 49. Recuperado em 10 de setembro de 2020, de http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=104251-rces007-18&category_slug=dezembro-2018-pdf&Itemid=30192
http://portal.mec.gov.br/index.php?optio...
).

Assim, ressaltamos a concepção da extensão universitária como um agente formador de um profissional cidadão que integra saberes e fazeres da universidade e da comunidade, transformando-se em um instrumento de mudança nas instituições onde se desenvolve e principalmente na sociedade em que se aplica.

É preciso concebê-las como estratégias alternativas “ao capitalismo global, atribuindo às universidades uma participação ativa na construção da coesão social, no aprofundamento da democracia, na luta contra a exclusão social e a degradação ambiental, na defesa da diversidade cultural” (Santos & Filho, 2008Santos, B. S., & Filho, N. A. (2008). A Universidade no Século XXI: para uma universidade nova. Coimbra: Almedina., p. 66-67).

A extensão universitária e a formação em terapia ocupacional

A terapia ocupacional é reconhecida por suas práticas plurais traduzidas em atendimentos, processos de cuidados, oficinas, grupos realizados individualmente ou coletivamente, em serviços, espaços públicos, privados ou do terceiro setor, em âmbito hospitalar, clínico, comunitário ou territorial, voltada para pessoas, grupos e comunidades em todos os cursos de vida.

Sabe-se que os cursos de graduação em terapia ocupacional no Brasil têm realizado atividades extensionistas, pois o próprio ensino em terapia ocupacional requer conhecimentos teóricos e práticos, envolvendo não apenas o docente e o aluno, como também toda comunidade, denominada muitas vezes como sujeitos da intervenção terapêutica ocupacional, pacientes, usuários, clientes, participantes, pessoas, grupos e/ou outros coletivos e comunidades.

Assim, as atividades de extensão voltadas ao atendimento da comunidade se tornaram uma prática recorrente nos cursos, pois favorecem o ensino por meio da prática e de suas respectivas teorias. Por exemplo, têm-se o registro de que, nos últimos 17 anos, os docentes do curso de terapia ocupacional da UFSCar concretizaram 425 atividades de extensão (Figueiredo et al., 2020Figueiredo, M. O., Paterra, I. P., Silva, C. R., & Cardinalli, I. (2020). Contribución de las actividades de extensión a la formación en Terapia Ocupacional. Revista Ocupación Humana, 20(1), 7-26.).

Nascimento & Souza (2017)Nascimento, D. M., & Souza, C. F. L. S. (2017). Política Nacional de Extensão Universitária: análise da experiência do Instituto de Ciências da Saúde da UFPA. Extensio: Revista Eletrônica de Extensão,14(26), 23-44. http://dx.doi.org/10.5007/1807-0221.2017v14n26p23.
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contabilizam no ano de 2012 que o Instituto de Ciências da Saúde (ICS) da Universidade Federal do Pará (UFPA) foi contemplado com 77 bolsas de extensão. Considerando o quantitativo de 2.573 alunos matriculados por curso no ICS, os bolsistas representaram: 1% dos alunos de odontologia, 1% de fisioterapia, 2% de enfermagem, 2% de farmácia, 3% de medicina e 5% de terapia ocupacional. Esta porcentagem de bolsas para alunos da terapia ocupacional estava relacionada a 80 projetos de extensão em atividade no período da contabilização.

Uma vez que o ensino em terapia ocupacional ocorre por meio das fundamentações teóricas e da prática, a própria prática e a relação direta com pessoas, grupos e comunidades repercute em reflexões e questionamentos sobre os conteúdos teóricos. À medida que se intervém nas reais necessidades destes grupos, descobre-se novas formas de se pensar e fazer saúde, educação e assistência social. Com isso, gera-se a necessidade de produção de novos conhecimentos e pressupostos teóricos (Emmel, 2010Emmel, M. L. G. (2010). Desafios da docência em terapia ocupacional. In Anais do 12º Encontro Nacional de docentes de Terapia Ocupacional. Curitiba: UFPR.).

Assim, docentes dos cursos de terapia ocupacional têm produzido conhecimento na integração entre os pilares da universidade, sendo ensino, pesquisa e extensão. A pesquisa constitui, nessa perspectiva, uma ferramenta indispensável para a geração de novas hipóteses, enraizadas e fundamentadas na vida e nas reais necessidades da população. As atividades formativas proporcionadas pelo ensino e por meio da extensão são geradoras de novos questionamentos e interpelações; logo, são indutoras de novas hipóteses e práticas sociais proativas (Pivetta et al., 2010Pivetta, H. M. F., Backes, D. S., Carpes, A., Battistel, A. L. H. T., & Marchiori, M. (2010). Ensino, pesquisa e extensão universitária: em busca de uma integração efetiva. Linhas Críticas, 16(31), 377-390.). Esta articulação tem ocorrido nas situações em que docente e discente estão em campo, com o objetivo de concretização do processo de ensino aprendizagem teórico-prático, o que, por um lado, fornece a assistência às demandas dos sujeitos envolvidos e participantes das práticas e, por outro, reformula e constrói dados acerca da eficácia, relevância e consequência das ações empregadas, confirmando, refutando ou modificando as fundamentações teóricas (Emmel, 2010Emmel, M. L. G. (2010). Desafios da docência em terapia ocupacional. In Anais do 12º Encontro Nacional de docentes de Terapia Ocupacional. Curitiba: UFPR.).

Nesse sentido, as atividades de extensão têm promovido o acesso, a permanência e a qualificação dos serviços públicos, ampliando as ações oferecidas por esses espaços. Também têm auxiliado na formação continuada de profissionais, desenvolvendo o atendimento à comunidade por meio da integração entre ensino, pesquisa e extensão universitária. Além disso, têm contribuído para a divulgação e ampliação das possibilidades de atuação da terapia ocupacional junto às comunidades (Figueiredo et al., 2020Figueiredo, M. O., Paterra, I. P., Silva, C. R., & Cardinalli, I. (2020). Contribución de las actividades de extensión a la formación en Terapia Ocupacional. Revista Ocupación Humana, 20(1), 7-26., p. 23).

Apesar da prática extensionista estar presente nos cursos de terapia ocupacional no Brasil, mediante uma revisão de literatura inicial sobre esta temática, não foram encontrados estudos que sistematizassem a forma como a extensão universitária tem sido realizada e qual a produção científica gerada a partir delas. Considerando a importância de se conhecer qual o papel da extensão na formação discente e docente, a sua articulação com o ensino e a pesquisa e os possíveis fatores vinculados a uma prática bem-sucedida de extensão universitária, objetivou-se com este estudo analisar a produção científica na literatura nacional referente às atividades de extensão no campo da terapia ocupacional.

Metodologia

Trata-se de um estudo de revisão de escopo, que teve como propósito mapear publicações de terapeutas ocupacionais vinculados à universidade e atividades extensionistas, buscando subsidiar o debate sobre a importância da extensão universitária para a formação em terapia ocupacional.

A revisão de escopo deve identificar os conceitos e as lacunas existentes numa determinada área do saber, preferencialmente destinada às áreas que não tenham sido revisadas anteriormente (Arksey & O’Malley, 2005Arksey, H., & O’Malley, L. (2005). Scoping studies: towards a methodological framework. International Journal of Social Research Methodology, 8(1), 19-32.), como é o caso do presente estudo.

Foram adotados os parâmetros indicados por Arksey & O’Malley (2005)Arksey, H., & O’Malley, L. (2005). Scoping studies: towards a methodological framework. International Journal of Social Research Methodology, 8(1), 19-32. e replicados por O’Brien et al. (2016)O’Brien, K. K., Colquhoun, H., Levac, D., Baxter, L., Tricco, A. C., Straus, S., Wickerson, L., Nayar, A., Moher, D., & O’Malley, L. (2016). Advancing scoping study methodology: a web-based survey and consultation of perceptions on terminology, definition and methodological steps. BMC Health Services Research, 26(16), 305., Peters et al. (2015)Peters, M. D., Godfrey, C. M., Khalil, H., McInerney, P., Parker, D., & Soares, C. B. (2015). Guidance for conducting systematic scoping reviews. International Journal of Evidence-Based Healthcare, 13(3), 141–146., Colquhoun et al. (2014)Colquhoun, H. L., Levac, D., O’Brien, K. K., Straus, S., Tricco, A. C., Perrier, L., Kastner, M., & Moher, D. (2014). Scoping reviews: time for clarity in definition, methods, and reporting. Journal of Clinical Epidemiology, 67(12), 1291-1294. e Tricco et al. (2016)Tricco, A. C., Lillie, E., Zarin, W., O’Brien, K., Colquhoun, H., Kastner, M., Levac, D., Ng, C., Sharpe, J. P., Wilson, K., Kenny, M., Warren, R., Wilson, C., Stelfox, H. T., & Straus, S. E. (2016). A scoping review on the conduct and reporting of scoping reviews. BMC Medical Research Methodology, 16(15), 1-10. http://dx.doi.org/10.1186/s12874-016-0116-4.
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. Com isso, o presente estudo foi realizado em cinco etapas, a saber:

  1. 1

    estabelecimento das perguntas de pesquisa;

  2. 2

    busca dos estudos por meio de diferentes fontes;

  3. 3

    composição da amostra com base em critérios de busca e inclusão/exclusão;

  4. 4

    coleta das informações relativas à pergunta de pesquisa;

  5. 5

    descrição dos resultados obtidos por meio de análise numérica e temática/conceitual com respectiva discussão.

As perguntas de pesquisa que conduziram este estudo foram:

Quais foram os objetivos das atividades de extensão da terapia ocupacional brasileira?

Quais pessoas, grupos e comunidades foram participantes e protagonistas destas atividades de extensão?

Onde as atividades de extensão foram realizadas, qual foi o tempo de duração e quais eram os membros da equipe?

Os artigos referiam sobre a relação indissociável entre a extensão, o ensino e a pesquisa?

Os artigos referiam sobre a atividade de extensão favorecer a relação entre universidade e comunidade?

Os artigos referiam sobre o papel da extensão no processo de ensino-aprendizagem teórico e prático?

Os artigos referiam sobre o impacto da extensão na formação discente e docente?

Procedimentos de coleta e análise dos dados

Foram analisados três periódicos nacionais da área de terapia ocupacional: os Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional da UFSCar, a Revista de Terapia Ocupacional da Universidade de São Paulo e a Revista Baiana de Terapia Ocupacional. Para a busca dos artigos, foram utilizadas as palavras-chaves “extensão universitária”, “atividade de extensão”, “atividade extensionista” e “extensão”.

Como critério para inclusão e composição da amostra, foram consideradas publicações disponíveis online nos periódicos, independente dos objetivos, população ou metodologia do estudo, publicadas de 1990 a 2020 e tendo sido elaboradas por terapeutas ocupacionais enquanto artigo cientifico ou relato de experiência sobre o tema Terapia Ocupacional e Extensão Universitária.

Este período se justifica pela disponibilidade online desses materiais em seus sites: o Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional da UFSCar inicia em 1990, a Revista de Terapia Ocupacional da USP a partir de 2002 e a Revista Bahiana de Terapia Ocupacional possui alguns volumes em 2004, 2005, 2007, 2012 e 2013.

Nesta direção, foram excluídas as publicações que, apesar de apareceram na busca, não continham os descritores no texto ou que, mesmo contendo os descritores, não foram produzidos por terapeutas ocupacionais e/ou não se tratavam de projetos/atividades de extensão realizadas e reportadas por terapeutas ocupacionais.

Foi utilizado um formulário para registro das informações, composto pelos itens título, autor, ano de publicação, tipo de publicação, objetivos das atividades de extensão, público alvo, locais onde foram realizadas, duração e membros da equipe.

Foram identificadas 363 publicações na Revista de Terapia Ocupacional da USP, 101 nos Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional da UFSCar e 1 na Revista Baiana de Terapia Ocupacional. A Figura 1 ilustra o quantitativo de artigos encontrados por palavra-chave em cada periódico e os excluídos por estarem em duplicidade e por não corresponderem aos critérios de inclusão. Após a retirada dos artigos duplicados, foi feita a leitura dos artigos na íntegra e, conforme os critérios de inclusão/exclusão, a amostra ficou constituída por 43 publicações, sendo 21 dos Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional da UFSCar somados com 22 da Revista de Terapia Ocupacional da USP.

Figura 1
Fluxograma de Composição da Amostra.

Adotou-se o método misto de análise dos dados (DePoy & Gitlin, 2011DePoy, E., & Gitlin, L. (2011). Mixed Method Designs. In E. DePoy & L. Gitlin (Eds.), Introduction to Research: Understanding and Applying Multiple Strategies (pp.173-178). St Louis: Mosby.) e foi feita a análise quantitativa por meio do somatório das publicações encontradas e realização da estatística simples de frequência, apresentando os resultados em forma de gráficos e quadros. Também se fez a análise qualitativa dos temas que apareceram de forma repetida nas publicações, sendo estes categorizados por similaridade temática que são descritas e discutidas conforme interpretação e inferência.

Resultados

Em relação ao ano de publicação das 43 publicações recuperadas no período de 2003 a 2020, verificou-se que, com exceção do ano de 2006, houve publicações em todos os outros anos. A quantidade de publicação por ano variou, sendo que, em ordem de maior número de publicação, elencam-se: os anos de 2019 (n=9), 2016 (n=6) e 2009 (n=4). Em igual quantidade de publicação, citam-se: os anos de 2012, 2013, 2014 e 2018, com 3 publicações; os anos de 2003 e 2005, com 2 publicações; e os anos de 2004, 2007, 2008, 2010 e 2011, com 1 publicação no ano.

Dentre os tipos de publicação, foram 25 artigos originais, 17 relatos de experiência e um editorial. Estas publicações abarcaram uma multiplicidade de objetivos, assim como, as atividades, projetos e programas tiveram diversos enfoques, participantes, locais de realização e equipes de trabalho. Na Tabela 1, são apresentadas as 43 publicações, sendo especificado se elas se tratavam de artigo original ou relato de experiência, a temática abordada na publicação e uma síntese da atividade de extensão.

Tabela 1
Caracterização das publicações que compuseram a amostra final.

Sobre o período de ocorrência das atividades de extensão, foram encontradas ações com tempos distintos de execução. Têm-se projetos que pontuam a duração de até 6 meses (n=4), projetos que duraram de 6 meses a 1 ano (n=11), aqueles que tiveram a duração de suas atividades no período de 1 a 5 anos (n=11) e projetos que referem sua existência por 5 ou mais anos (n=14), sendo que 3 publicações não especificaram a duração das atividades.

Em relação à equipe de trabalho das atividades, estas foram coordenadas por docentes terapeutas ocupacionais (n=43) e por docentes de outras áreas (n=2) e composta por discentes do curso de graduação em terapia ocupacional (n=35), discentes de outro curso de graduação (n=7), discentes da pós-graduação (n=4), profissionais terapeutas ocupacionais do local em que a extensão era realizada (n=13), técnicos administrativos da UFSCar (n=2), psicólogo (n=2), músico (n=2), médico (n= 2), arte educadores (n=2), fonoaudiólogo (n= 1), nutricionista (n=1), artista (n=1) e curador de arte(n=1).

Os locais em que as atividades extensionistas ocorreram foram diversos e algumas atividades ocorreram em mais de um local, sendo estes os laboratórios de ensino, pesquisa e extensão (n=9), espaços ou serviços vinculados a serviços da assistência social (n=9), hospital (n=6), serviços saúde-escola (n=5), escolas (n=4), centros de convivência (n=4), creches (n=3), academia de natação (n=2), espaços cedidos por instituições religiosas (n=2), Febem (atual Instituição Casa, n=1), domicílio (n=1). Em 4 publicações, os locais não foram especificados.

O público alvo, participantes e/ou protagonistas das atividades de extensão também foram variados e abrangeram todos ciclos ou cursos de vida. Nas figuras a seguir, ilustramos as características, identificações, entre outras referências para abordar os participantes das atividades, agrupados por: bebês e crianças (Figura 2); adolescentes e jovens (Figura 3); adultos e idosos (Figura 4).

Figura 2
Caracterização dos bebês e crianças.
Figura 3
Caracterização dos adolescentes e jovens.
Figura 4
Caracterização dos adultos e idosos.

Dentre as 43 publicações que constituíram a amostra, verificou-se que, em algumas publicações, havia a reflexão e debate de temas como a indissociabilidade entre extensão, ensino e pesquisa, relação entre a universidade e a sociedade, o papel da extensão no processo de ensino-aprendizagem e o impacto da extensão na formação discente e docente. Algumas publicações continham mais de um destes temas, que serão apresentados abaixo agrupados em respectivas categorias temáticas.

Indissociabilidade entre a Extensão, o Ensino e a Pesquisa

Algumas publicações referiram que a extensão universitária tem ocorrido de forma indissociável com o ensino e a pesquisa.

Para Meneses et al. (2016)Meneses, K. V. P., Garcia, P. A., Abreu, C. B. B., & Paulin, G. T. (2016). TO Clicando – inclusão social e digital de idosos. Cadernos de Terapia Ocupacional da UFSCar, 24(3), 621-628. http://dx.doi.org/10.4322/0104-4931.ctoRE0639.
http://dx.doi.org/10.4322/0104-4931.ctoR...
, o projeto de extensão desenvolvido em inclusão social e digital de idosos tem permitido uma importante articulação entre ensino, pesquisa e extensão universitária com a participação de docentes, discentes bolsistas e voluntários.

Vários autores referiram que seus projetos concretizados, no âmbito da terapia ocupacional em interface com distintas áreas ou campos, como, por exemplo, da reabilitação com ênfase no território de Oliver et al. (2003)Oliver, F. C., Aoki, M., Tissi, M. C., & Nicolau, S. M. (2003). Reabilitação com ênfase no território – Jardim D’Abril e Jardim Boa Vista, no município de São Paulo. Revista de Terapia Ocupacional da Universidade de São Paulo, 14(3), 141-146., da saúde da criança e do adolescente de Galheigo & Angeli (2008)Galheigo, S. M., & Angeli, A. A. C. (2008). Terapia Ocupacional e o cuidado integral a saúde de crianças e adolescentes: a construção do Projeto ACCALANTO. Revista de Terapia Ocupacional da Universidade de São Paulo, 19(3), 137-143., da arte com a saúde de Angelli et al. (2009)Angelli, A. A. C., Castro, E. D., Lima, E. M. F. A., & Inforsato, E. (2009). A. Pacto: 10 anos de encontros, pesquisas e produção na interface das artes e da saúde. Revista de Terapia Ocupacional da Universidade de São Paul, 20(3), i-i. https://doi.org/10.11606/issn.2238-6149.v20i3pi-i.
https://doi.org/10.11606/issn.2238-6149....
, da educação de pessoas com artrite de Gomes et al. (2014)Gomes, C., Coutinho, G., & Miyamoto, S. (2014). Efeitos do programa de educação em pacientes com artrite reumatóide do Serviço de Reumatologia do Hospital Universitário Cassiano Antonio de Moraes (HUCAM) – Projeto Piloto. Revista de Terapia Ocupacional da Universidade de São Paulo, 24(3), 250-258., na saúde de pessoas com sobrepeso e obesidade de Silva et al. (2015a) Silva, V. T. B. L., Silva, A. L. F., Muguba, M. C., Lamboglia, C. M. G. F., & Silva, C. A. B. (2015a). Terapia Ocupacional e pessoas com sobrepeso e obesidade: conhecimentos e partilhas. Cadernos de Terapia Ocupacional da UFSCar, 23(1), 211-219. http://dx.doi.org/10.4322/0104-4931.ctoRE418.
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ou da cultura em relação com a economia criativa de Silva et al. (2018a)Silva, C., Silvestrini, M., Prado, A. C. A., Vasconcelos, D., Farias, A., & Mancini, M. A. (2018a). Economia criativa na relação entre trabalho e cultura para a juventude. Revista de Terapia Ocupacional da Universidade de São Paulo, 29(2), 120-128., foram idealizados e concretizados na interconexão com o ensino e a pesquisa.

Della Barba et al. (2017)Della Barba, P. C. S., Barros, V. M., Marques, E. A., Farias, A. Z., Aniceto, B., & Miyhamoto, E. R. (2017). A Terapia Ocupacional em um processo de capacitação sobre vigilância do desenvolvimento infantil na atenção básica em saúde. Cadernos de Terapia Ocupacional da UFSCar, 25(1), 223-233. http://dx.doi.org/10.4322/0104-4931.ctoRE0747.
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e Angeli & Fonseca (2015)Angeli, A. A. C., & Fonseca, T. M. G. (2015). O Menino-Cachorro e o projeto TOCCA: intensidades e experimentações na constituição de ações em Terapia Ocupacional. Cadernos de Terapia Ocupacional da UFSCar, 23(4), 815-828. apontam que a construção de projetos de ensino, pesquisa e extensão em terapia ocupacional, simultaneamente à constituição do curso de graduação, vem sendo a realidade de docentes de universidades públicas.

Della Barba et al. (2015)Della Barba, P. C. S., Gonçalves, A., Aniceto, B., Rizzo, I. C., Crippa, J. N., Lourenço, M. C., Santos, N. A., Nishiama, T. T., Joia, A. F., Pinheiro, R. C., Marini, B. P. R., Martinez, C. M. S., & Joaquim, R. H. V. T. (2015). Avaliação de atividade de ensino, pesquisa e extensão em vigilância do desenvolvimento infantil: a perspectiva de graduandos em terapia ocupacional. Revista de Terapia Ocupacional da Universidade de São Paulo, 26(2), 274-280., especificamente sobre a Atividade Curricular de Integração Ensino, Pesquisa e Extensão (ACIEPE) concretizada, explicam que se trata de uma experiência educativa, cultural e científica que envolve professores, técnicos e alunos, com o intuito de estimular o relacionamento de diferentes segmentos da sociedade por meio da articulação do ensino, pesquisa e extensão.

Macedo et al. (2016)Macedo, M. D. C., Neves, A. T. L., Bardi, G., Monzeli, G. A., & Mota, V. V. (2016). Olhares em formação: refletindo a prática da terapia ocupacional em um contexto cultural a partir de experiências com povos indígenas. Cadernos de Terapia Ocupacional da UFSCar, 24(1), 77-89. http://dx.doi.org/10.4322/0104-4931.ctoAO0665.
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referem que os projetos de extensão são passíveis de se desdobrarem em campo de pesquisa, desenvolvendo estudos que envolvam tanto a comunidade à qual se oferta as atividades extensionistas como o corpo docente, discente e técnico envolvidos no processo das práticas. Neste sentido, Joaquim et al. (2016)Joaquim, R. H. V. T., El Khatib, U., & Della Barba, P. C. S. (2016). A integração do processo ensino e aprendizagem de alunas de Terapia Ocupacional e o cuidado de mães de bebês de risco na hospitalização. Cadernos de Terapia Ocupacional da UFSCar, 24(2), 397-402. http://dx.doi.org/10.4322/0104-4931.ctoRE0729.
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, objetivando enriquecer o processo de ensino e pesquisa com a extensão, definiram como questão investigativa como ensinar alunas de terapia ocupacional a atuar com mães no contexto da hospitalização de seus bebês, partindo da hipótese de que o aprendizado significativo é oriundo da articulação entre fundamentação teórica provida pelo ensino, da prática vivenciada com a extensão e da reflexão adjacente a pesquisa.

Dutra et al. (2018)Dutra, F. C. M. S., Roberto, W. M., Coelho, B. L., & Almeida, R. (2018). Envolvimento em ocupações sustentáveis: mudanças nos hábitos de vida a partir de espaços de práticas educativas. Cadernos de Terapia Ocupacional, 26(2), 345-355. http://dx.doi.org/10.4322/2526-8910.ctoAO1143.
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mencionam que a relação da extensão com o ensino está vinculada tanto ao processo de formação de pessoas como de geração de conhecimento, sendo o estudante um protagonista de sua formação.

Nesta direção, Coutinho et al. (2009)Coutinho, S., Castro, E. D., Inforsato, E. A., Lima, L. J. C., Galvanese, A. T., Asanuma, G., & Lima, E. M. F. A. (2009). Ações de Terapia Ocupacional no território da cultura: a experiência de cooperação entre o Museu de Arte Contemporânea da USP (MAC USP) e o Laboratório de Estudos e Pesquisas Arte e Corpo em Terapia Ocupacional. Revista de Terapia Ocupacional da Universidade de São Paulo, 20(3), 188-192. indicam que, pela extensão, cria-se também um avanço nas discussões acadêmicas, sistematizações e trocas de experiências, conduzindo à construção de modelos teóricos e metodológicos que subsidiem o desenvolvimento de pesquisas em terapia ocupacional, conforme especificidade da área ou campo em foco.

Lima et al. (2016)Lima, R. C., Silva, T. N. R., Alves, G. B. O., Sampaio, R. F., Fonseca, J. G. M., Lacerda, L. L., & Pinheiro, T. M. M. (2016). Programa de Atenção Integral à Saúde do Artista de Performance: relato da experiência desenvolvida em um serviço universitário em Minas Gerais. Revista de Terapia Ocupacional da Universidade de São Paulo, 27(2), 221-227. relatam que, a partir das experiências da extensão, pesquisas são desenvolvidas, como a de avaliação da efetividade da própria atividade extensionista junto aos participantes.

A atividade de extensão favorecendo a relação da Universidade com a Comunidade

Em algumas publicações, a atividade de extensão foi indicada como favorecedora da relação entre a universidade e a comunidade, possibilitando que a primeira forneça assistência e cuidado para demandas reais de diferentes pessoas, grupos e comunidades, cumprindo com isso parte de seu compromisso social.

Esta relação foi evidenciada por Correia & Akerman (2015)Correia, R., & Akerman, M. (2015). Desenvolvimento local participativo, rede social de suporte e ocupação humana: relato de experiência em projeto de extensão. Revista de Terapia Ocupacional da Universidade de São Paulo, 26(1), 159-165., que referiram que a extensão universitária se caracteriza como uma prática comunicativa entre a instituição de ensino superior com o contexto sócio comunitário, por meio de ações concretas e contextualizadas numa dada realidade social que geram uma relação mútua e dialógica entre os atores que permite o engajamento destes nas transformações de suas questões sociais.

Exemplos de práticas comunicativas entre universidade e sociedade são referidas nas propostas extensionistas de Lima et al. (2016)Lima, R. C., Silva, T. N. R., Alves, G. B. O., Sampaio, R. F., Fonseca, J. G. M., Lacerda, L. L., & Pinheiro, T. M. M. (2016). Programa de Atenção Integral à Saúde do Artista de Performance: relato da experiência desenvolvida em um serviço universitário em Minas Gerais. Revista de Terapia Ocupacional da Universidade de São Paulo, 27(2), 221-227., que atuaram na prevenção e promoção da saúde de trabalhadores músicos; de Alves et al. (2012)Alves, A. L., Cavalcanti, A., Castro, S. S., Andrade, V. S., & Nunes, C. M. P. (2012). Perfil sócio demográfico e de funcionalidade/ incapacidade de pessoas atendidas em um programa de reabilitação da mão. Revista de Terapia Ocupacional da Universidade de São Paulo, 23(1), 62-71., que forneceram atendimento a pacientes com lesão ou trauma da mão; de Noordhoek et al. (2009)Noordhoek, J., Silva, M. C. O., Torquetti, A., & Cisneros, L. L. (2009). Relato de experiência da atuação da terapia ocupacional em grupo de indivíduos reumáticos. Revista de Terapia Ocupacional da Universidade de São Paulo, 20(1), 13-19., na proposta de grupo de orientação as pessoas com doenças reumáticas; ou de Silva et al. (2018aSilva, C., Silvestrini, M., Prado, A. C. A., Vasconcelos, D., Farias, A., & Mancini, M. A. (2018a). Economia criativa na relação entre trabalho e cultura para a juventude. Revista de Terapia Ocupacional da Universidade de São Paulo, 29(2), 120-128., 2018bSilva, C. R., Silvestrini, M. S., Von Poellnitz, J. C., Prado, A. C. S. A., & Leite Junior, J. D. (2018b). Estratégias criativas e a população em situação de rua: terapia ocupacional, arte, cultura e deslocamentos sensíveis. Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional, 26(2), 489-500. http://dx.doi.org/10.4322/2526-8910.ctoRE1128.
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), que atuaram na formação e capacitação de jovens trabalhadores da cultura e junto às pessoas em situação de rua com foco na construção e fortalecimento de redes, participação e cidadania, entre outras.

Macedo et al. (2016)Macedo, M. D. C., Neves, A. T. L., Bardi, G., Monzeli, G. A., & Mota, V. V. (2016). Olhares em formação: refletindo a prática da terapia ocupacional em um contexto cultural a partir de experiências com povos indígenas. Cadernos de Terapia Ocupacional da UFSCar, 24(1), 77-89. http://dx.doi.org/10.4322/0104-4931.ctoAO0665.
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, na concretização da atividade de extensão proposta, partiram do entendimento de que esta pode ‒ e deve ‒ se inscrever para além do caráter assistencialista, exercendo um papel fundamental de comunicação entre universidade e sociedade. Nesta direção, Bardi et al. (2016)Bardi, G., Monzeli, G. A., Macedo, M. D. C., Neves, A. T. L., & Lopes, J. S. R. (2016). Oficinas socioculturais com crianças e jovens sob a perspectiva da Terapia Ocupacional Social. Cadernos de Terapia Ocupacional da UFSCar, 24(4), 811-819. http://dx.doi.org/10.4322/0104-4931.ctoRE0643.
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relatam que as oficinas culturais propostas para jovens que viviam em uma comunidade periférica foram percebidas como de interesse pela comunidade, uma vez que serviços públicos deste tipo eram inexistentes. Silva et al. (2019)Silva, M. J., Oliveira, M. L., & Malfitano, A. P. S. (2019). O uso do espaço público da praça: considerações sobre a atuação do terapeuta ocupacional social. Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional, 27(2), 438-447. http://dx.doi.org/10.4322/2526-8910.ctoRE1746.
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relatam sobre transformações no uso do espaço público de uma praça por jovens de um bairro na periferia e em vulnerabilidade social após a aproximação e vinculação destes com a equipe do projeto e proposta de realização desta com a comunidade local.

Macedo et al. (2016)Macedo, M. D. C., Neves, A. T. L., Bardi, G., Monzeli, G. A., & Mota, V. V. (2016). Olhares em formação: refletindo a prática da terapia ocupacional em um contexto cultural a partir de experiências com povos indígenas. Cadernos de Terapia Ocupacional da UFSCar, 24(1), 77-89. http://dx.doi.org/10.4322/0104-4931.ctoAO0665.
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, com a atividade extensionista junto ao povo guarani, ao desvelarem questões de etnicidade e interculturalidade, possibilitaram uma maior interação entre comunidade indígena e a universidade e especificamente rever as ações técnicas do terapeuta ocupacional junto a este grupo.

Della Barba et al. (2015)Della Barba, P. C. S., Gonçalves, A., Aniceto, B., Rizzo, I. C., Crippa, J. N., Lourenço, M. C., Santos, N. A., Nishiama, T. T., Joia, A. F., Pinheiro, R. C., Marini, B. P. R., Martinez, C. M. S., & Joaquim, R. H. V. T. (2015). Avaliação de atividade de ensino, pesquisa e extensão em vigilância do desenvolvimento infantil: a perspectiva de graduandos em terapia ocupacional. Revista de Terapia Ocupacional da Universidade de São Paulo, 26(2), 274-280., em atividade de extensão voltada à formação continuada de educadores de creches da rede municipal sobre promoção do desenvolvimento infantil, destacaram a importância da aproximação da universidade com a comunidade por meio da efetivação de ações que empoderam os sujeitos envolvidos nos contextos da escola e da família.

Francelino & Bregalda (2020)Francelino, V. C. S., & Bregalda, M. M. (2020). Poesia, arte e sensibilidade: contribuições de um projeto de extensão para a formação de estudantes de terapia ocupacional. Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional, 28(1), 50-73. http://dx.doi.org/10.4322/2526-8910.ctoAO1820.
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, no projeto dedicado à formação de estudantes de terapia ocupacional para a atenção humanizada e sensível, identificaram a extensão universitária enquanto uma possibilidade de estratégia para transformação social, na qual o próprio estudante que faz parte do projeto constitui um agente de transformação.

Neste sentido, Coutinho et al. (2009)Coutinho, S., Castro, E. D., Inforsato, E. A., Lima, L. J. C., Galvanese, A. T., Asanuma, G., & Lima, E. M. F. A. (2009). Ações de Terapia Ocupacional no território da cultura: a experiência de cooperação entre o Museu de Arte Contemporânea da USP (MAC USP) e o Laboratório de Estudos e Pesquisas Arte e Corpo em Terapia Ocupacional. Revista de Terapia Ocupacional da Universidade de São Paulo, 20(3), 188-192. apontam que ações oriundas da atividade de extensão favorecem a criação e implantação de políticas públicas que incluam o terapeuta ocupacional em suas diferentes formas de atuação.

A extensão favorecendo o processo de ensino-aprendizagem

Algumas publicações referiram que a atividade de extensão favoreceu o processo de ensino-aprendizagem tanto teórico como prático, sendo referida como um espaço potente para o aprendizado reflexivo, pautado em questões da realidade do outro e que instigam o questionamento dos modos de pensar e fazer das pessoas envolvidas.

Sato et al. (2014)Sato, A. T., Batista, M. P. P., & Almeida, M. H. M. (2014). “Programas de estimulação da memória e funções cognitivas relacionas”: opiniões e comportamentos dos idosos participantes. Revista de Terapia Ocupacional da Universidade de São Paulo, 25(1), 51-59. apontaram que a atividade de extensão consistia em uma estratégia de ensino para uma disciplina prática sobre geriatria e gerontologia de um curso de graduação em terapia ocupacional. Para Della Barba et al. (2017)Della Barba, P. C. S., Barros, V. M., Marques, E. A., Farias, A. Z., Aniceto, B., & Miyhamoto, E. R. (2017). A Terapia Ocupacional em um processo de capacitação sobre vigilância do desenvolvimento infantil na atenção básica em saúde. Cadernos de Terapia Ocupacional da UFSCar, 25(1), 223-233. http://dx.doi.org/10.4322/0104-4931.ctoRE0747.
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, a atividade de extensão promoveu a diversificação de cenários de ensino-aprendizagem.

Gomes et al. (2014)Gomes, C., Coutinho, G., & Miyamoto, S. (2014). Efeitos do programa de educação em pacientes com artrite reumatóide do Serviço de Reumatologia do Hospital Universitário Cassiano Antonio de Moraes (HUCAM) – Projeto Piloto. Revista de Terapia Ocupacional da Universidade de São Paulo, 24(3), 250-258. referiram que a extensão estimulou os estudantes a participarem de um processo de ensino-aprendizagem vivencial, que relacionava teoria com a prática e enfatizava a importância de uma formação pedagógica, humanística pautada numa visão social e preventiva, de forma que o profissional a ser formado consiga interagir com a comunidade e fornecer uma efetiva contribuição.

Neste sentido, Silva et al. (2015b)Silva, C. R., Cardinalli, I., & Lopes, R. E. (2015b). A utilização do blog e de recursos midiáticos na ampliação das formas de comunicação e participação social. Cadernos de Terapia Ocupacional da UFSCar, 23(1), 131-142. http://dx.doi.org/10.4322/0104-4931.ctoAO513.
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referem que o projeto de extensão possibilitou aos estudantes uma aula em campo real, desvelando e articulando conhecimentos da sala de aula para o terreno prático na temática. Para Silva et al. (2018b)Silva, C. R., Silvestrini, M. S., Von Poellnitz, J. C., Prado, A. C. S. A., & Leite Junior, J. D. (2018b). Estratégias criativas e a população em situação de rua: terapia ocupacional, arte, cultura e deslocamentos sensíveis. Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional, 26(2), 489-500. http://dx.doi.org/10.4322/2526-8910.ctoRE1128.
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, a formação dos estudantes pela extensão possibilitou sensibilizá-los para as demandas sociais, fomentando uma visão crítica, de maneira a não pautarem suas ações para a reprodução do status quo.

Joaquim et al. (2016)Joaquim, R. H. V. T., El Khatib, U., & Della Barba, P. C. S. (2016). A integração do processo ensino e aprendizagem de alunas de Terapia Ocupacional e o cuidado de mães de bebês de risco na hospitalização. Cadernos de Terapia Ocupacional da UFSCar, 24(2), 397-402. http://dx.doi.org/10.4322/0104-4931.ctoRE0729.
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apontam que as estudantes do projeto de extensão vivenciaram o reconhecer-se como profissional de saúde, cujas ações têm consequências tanto sobre o outro, o sujeito alvo da intervenção, como também sobre si mesmas, na medida em que a ação do outro repercute sobre nós e nos mobiliza a buscar modificações em nosso próprio desempenho.

Joaquim et al. (2010)Joaquim, R. H. V. T., Alburquerque, I., Cunha, T. T., Paez, L., & Takeda, B. (2010). A proposta e a implantação de um projeto de extensão: resgate do cotidiano de jogos e brincadeiras em uma enfermaria pediátrica. Revista de Terapia Ocupacional da Universidade de São Paulo, 18(2), 191-198. mencionam que, pela atividade envolver fundamentação teórica a ser adquirida com leituras e discussões de textos e realização de uma ação prática, houve a possibilidade de refletir sobre o conhecimento teórico mediante a prática vivenciada, confrontando teorias com experiências e demandas do mundo real, sendo capaz de reorientar sua prática numa perspectiva de cuidado que respeita as diversidades e as singularidades existentes.

Dutra et al. (2018)Dutra, F. C. M. S., Roberto, W. M., Coelho, B. L., & Almeida, R. (2018). Envolvimento em ocupações sustentáveis: mudanças nos hábitos de vida a partir de espaços de práticas educativas. Cadernos de Terapia Ocupacional, 26(2), 345-355. http://dx.doi.org/10.4322/2526-8910.ctoAO1143.
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relataram que os estudantes que participam de projetos de extensão tiveram a oportunidade de aprofundarem o conhecimento teórico a partir da experiência em um contexto real da prática e, além dos aprendizados teóricos e práticos adquiridos em um projeto de extensão, houve a oportunidade de conhecer e de se relacionar com pessoas de diferentes áreas, a partir de uma prática interdisciplinar.

Em conjunto, a extensão universitária também foi referida por Meneses et al. (2016)Meneses, K. V. P., Garcia, P. A., Abreu, C. B. B., & Paulin, G. T. (2016). TO Clicando – inclusão social e digital de idosos. Cadernos de Terapia Ocupacional da UFSCar, 24(3), 621-628. http://dx.doi.org/10.4322/0104-4931.ctoRE0639.
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, Galheigo & Angeli (2008)Galheigo, S. M., & Angeli, A. A. C. (2008). Terapia Ocupacional e o cuidado integral a saúde de crianças e adolescentes: a construção do Projeto ACCALANTO. Revista de Terapia Ocupacional da Universidade de São Paulo, 19(3), 137-143., Coutinho et al. (2009)Coutinho, S., Castro, E. D., Inforsato, E. A., Lima, L. J. C., Galvanese, A. T., Asanuma, G., & Lima, E. M. F. A. (2009). Ações de Terapia Ocupacional no território da cultura: a experiência de cooperação entre o Museu de Arte Contemporânea da USP (MAC USP) e o Laboratório de Estudos e Pesquisas Arte e Corpo em Terapia Ocupacional. Revista de Terapia Ocupacional da Universidade de São Paulo, 20(3), 188-192. e Francelino & Bregalda (2020)Francelino, V. C. S., & Bregalda, M. M. (2020). Poesia, arte e sensibilidade: contribuições de um projeto de extensão para a formação de estudantes de terapia ocupacional. Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional, 28(1), 50-73. http://dx.doi.org/10.4322/2526-8910.ctoAO1820.
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como possibilidade de criação e/ou qualificação de campos de estágio, o que consequentemente possibilita a prestação de um serviço seja antes inexistente ou ampliando as possibilidades de cuidado, inclusive especializado e recursos oferecidos pela rede de assistência dos municípios envolvidos.

Impacto na formação discente

Algumas publicações evidenciaram um impacto positivo da extensão na formação discente, sendo que a contribuição da extensão se deu no sentido de possibilitar o exercício do relacionar-se com pessoas, grupos e comunidades participantes ou protagonistas das intervenções e proposições e/ou com outros profissionais, de colocar em prática a teoria vista em sala de aula e o desenvolvimento de um olhar crítico e sensível.

Della Barba et al. (2015)Della Barba, P. C. S., Gonçalves, A., Aniceto, B., Rizzo, I. C., Crippa, J. N., Lourenço, M. C., Santos, N. A., Nishiama, T. T., Joia, A. F., Pinheiro, R. C., Marini, B. P. R., Martinez, C. M. S., & Joaquim, R. H. V. T. (2015). Avaliação de atividade de ensino, pesquisa e extensão em vigilância do desenvolvimento infantil: a perspectiva de graduandos em terapia ocupacional. Revista de Terapia Ocupacional da Universidade de São Paulo, 26(2), 274-280. constataram a possibilidade de preparar o futuro profissional para atuar em equipes diversas e novos territórios para a terapia ocupacional, bem como a construção de novos modelos de cuidado.

Joaquim et al. (2016Joaquim, R. H. V. T., El Khatib, U., & Della Barba, P. C. S. (2016). A integração do processo ensino e aprendizagem de alunas de Terapia Ocupacional e o cuidado de mães de bebês de risco na hospitalização. Cadernos de Terapia Ocupacional da UFSCar, 24(2), 397-402. http://dx.doi.org/10.4322/0104-4931.ctoRE0729.
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, p. 398) referem que, quanto à graduação em terapia ocupacional, por ter a duração de alguns anos e a atividade profissional permanecer por décadas, é imprescindível que a formação de um profissional tenha como foco “o aprender a conhecer, o aprender a fazer, o aprender a conviver e o aprender a ser, garantindo a integralidade da atenção à saúde com qualidade, eficiência e resolutividade”.

Para Silva et al. (2015b)Silva, C. R., Cardinalli, I., & Lopes, R. E. (2015b). A utilização do blog e de recursos midiáticos na ampliação das formas de comunicação e participação social. Cadernos de Terapia Ocupacional da UFSCar, 23(1), 131-142. http://dx.doi.org/10.4322/0104-4931.ctoAO513.
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, as vivências na prática extensionista possibilitaram aos estudantes a construção de uma postura profissional, o contato com visões específicas de outras áreas da saúde, o aprender a aprender e o discutir a promoção da saúde e o “empoderamento” dos sujeitos como promotores da sua saúde, possibilitando uma formação centrada na saúde e não na doença.

Dutra et al. (2018)Dutra, F. C. M. S., Roberto, W. M., Coelho, B. L., & Almeida, R. (2018). Envolvimento em ocupações sustentáveis: mudanças nos hábitos de vida a partir de espaços de práticas educativas. Cadernos de Terapia Ocupacional, 26(2), 345-355. http://dx.doi.org/10.4322/2526-8910.ctoAO1143.
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referiram que a participação nos projetos de caráter socioeducativo e práticas sustentáveis colaborou para a formação dos estudantes enquanto agentes multiplicadores do processo de sensibilização da comunidade local quanto ao seu papel corresponsável nas ações de proteção ambiental. Os próprios estudantes que participaram do projeto relatado por Dutra et al. (2018)Dutra, F. C. M. S., Roberto, W. M., Coelho, B. L., & Almeida, R. (2018). Envolvimento em ocupações sustentáveis: mudanças nos hábitos de vida a partir de espaços de práticas educativas. Cadernos de Terapia Ocupacional, 26(2), 345-355. http://dx.doi.org/10.4322/2526-8910.ctoAO1143.
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indicaram que a extensão universitária permitiu a formação de um profissional cidadão, crítico, capaz de trabalhar de forma interdisciplinar, tendo a participação no projeto sido importante para o crescimento tanto profissional como pessoal.

Francelino & Bregalda (2020)Francelino, V. C. S., & Bregalda, M. M. (2020). Poesia, arte e sensibilidade: contribuições de um projeto de extensão para a formação de estudantes de terapia ocupacional. Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional, 28(1), 50-73. http://dx.doi.org/10.4322/2526-8910.ctoAO1820.
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afirmam que o projeto de extensão proporcionou aos estudantes o aprimoramento da sensibilidade, o protagonismo no próprio processo de formação e o reconhecimento do papel enquanto agente de transformação social.

As atividades extensionistas também são qualificadas como espaços para a própria formação docente, docentes reconhecem que a trajetória profissional na qual está presente a realização da extensão subsidiou a própria formação, para suas habilidades enquanto docente e pesquisador.

Oliveira et al. (2003)Oliveira, A. S., Silva, A. A., Albuquerque, I., & Akashi, L. T. (2003). Reflexões sobre a prática de terapia ocupacional em oncologia na cidade de São Carlos. Cadernos de Terapia Ocupacional da UFSCar, 11(2), 118-123. relatam que a atividade de extensão trouxe benefícios tanto para as pessoas atendidas como para o crescimento profissional dos estudantes que compuseram a equipe de trabalho ao vivenciarem um campo de atuação considerado novo para a época e com demandas especificas da clientela oncológica.

Discussão

As publicações trataram sobre atividade, projeto e/ou programa de extensão, tendo estes variados objetivos, participantes, locais e ações promovidas pela terapia ocupacional. Nenhuma outra revisão sobre a temática terapia ocupacional e atividade de extensão foi encontrada para que estes resultados pudessem ser comparados.

Entretanto, alguns estudos apresentaram temas reincidentes que propiciaram a criação das categorias temáticas sobre a indissociabilidade com o ensino e a pesquisa, relação da universidade com a comunidade, processo de ensino-aprendizagem e formação discente, passíveis de discussão com a literatura existente.

Sobre a indissociabilidade, é importante historiar que a extensão universitária não foi pensada e realizada sob este princípio, sendo que sua primeira referência legal no Brasil ocorreu pelo Decreto nº 19.851 que referia que o objetivo era elevar o nível de cultura geral do povo através de cursos, conferências e demonstrações práticas, o que resultou em atividades que beneficiavam apenas a classe que já tinha acesso ao ensino superior (Brasil, 1931Brasil. (1931, 11 de abril). Decreto nº 19.851, de 11 de abril de 1931. Dispõe que o ensino superior no Brasil obedecerá, de preferencia, ao systema universitario, podendo ainda ser ministrado em institutos isolados, e que a organização technica e administrativa das universidades é instituida no presente Decreto, regendo-se os institutos isolados pelos respectivos regulamentos, observados os dispositivos do seguinte Estatuto das Universidades Brasileiras. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, seção 1, p. 5800. Recuperado em 01 de setembro de 2020, de https://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1930-1939/decreto-19851-11-abril-1931-505837-publicacaooriginal-1-pe.html
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). Em 1961, mesmo com a promulgação da Lei nº 4.024, mantém-se a prática extensionista voltada para aqueles que tivessem concluído o ciclo colegial (termo utilizado na época) ou que possuíam a graduação, podendo com isso concretizarem cursos de capacitação, especialização e/ou aprimoramento profissional (Brasil, 1961Brasil. (1961, 20 de dezembro). Lei nº 4.024, de 20 de Dezembro de 1961. Fixa as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília. Recuperado em 1 de setembro de 2020, de http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L4024.htm
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).

Entretanto, de 1960 a 1964, tem-se o registro do início de ocorrência de atividade extensionista desvinculada da Universidade e promovida pela União Nacional dos Estudantes (UNE) que defendia a atuação do estudante na realidade social das comunidades e a troca de experiências entre os participantes. No entanto, este tipo de atividade de extensão foi impedido durante o regime militar sob o julgo de que não compreendia uma atuação estudantil em consonância com o ideal de “desenvolvimento e segurança” do período. Em adição, o governo da época coloca em prática dois projetos: um denominado Programa Centro Rural Universitário de Treinamento e Ação Comunitária (CRUTAC) e o outro Projeto Rondon instituído em nível nacional pelo Decreto-Lei n.º 67.505 (Leite & Nunes, 2009Leite, M. T. F., & Nunes, B. M. V. T. (2009). Centro Rural Universitário de Treinamento e Ação Comunitária – um resgate histórico 1975-1986. Texto & Contexto Enfermagem, 18(3), 427-435.).

Em 1968, foi promulgada a Lei nº 5.540/68, a Lei Básica da Reforma Universitária, que passa a reconhecer a indissociabilidade entre o ensino e a pesquisa, apesar de ainda possuir as influências norteadoras do início do século que determina a realização de cursos (origem europeia) e da prestação de serviços (vertente americana).

De acordo com Nogueira (2001)Nogueira, M. D. P. (2001). Extensão universitária no Brasil: uma revisão conceitual. In D. S. Faria (Org.), Construção conceitual da extensão universitária na América Latina (pp. 57-72). Brasília: UNB., a extensão universitária como promoção de cursos ou prestação de serviços se torna restrita a um nível que a impede de alcançar sua dimensão acadêmica. Dificilmente, nessas atividades, realizadas de forma isolada, existe articulação com as demais atividades acadêmicas – o ensino e a pesquisa. Ademais, quando realizadas desvinculadas de um planejamento institucional, muitas vezes atendem a uma única clientela oriunda de camada social que pode pagar por estes serviços e que, em geral já tem acesso ao ensino superior.

Apenas em 1975 as atividades extensionistas começaram a receber um novo modelo conceitual a partir da elaboração, pelo Ministério da Educação e Cultura, do Plano de Trabalho da Extensão Universitária que preconizava a extensão enquanto forma da Instituição de Ensino Superior estender seu atendimento a organizações, outras instituições e populações de um modo geral, possibilitando que o ensino e a pesquisa fossem acessíveis a estes.

Nessa nova concepção, a extensão universitária deixa de ser uma ferramenta que atende apenas uma parcela da sociedade e passa a proporcionar a troca entre os saberes acadêmicos e os saberes populares. Além disso, também insere a participação docente antes renegada (Nogueira, 2001Nogueira, M. D. P. (2001). Extensão universitária no Brasil: uma revisão conceitual. In D. S. Faria (Org.), Construção conceitual da extensão universitária na América Latina (pp. 57-72). Brasília: UNB.).

A Resolução Nº 7, de 18 de Dezembro de 2018, é a legislação brasileira vigente mais atual que estabelece as diretrizes para a extensão na educação superior brasileira, no Art. 3º, a extensão universitária é considerada como “atividade que se integra à matriz curricular e à organização da pesquisa, constituindo-se em processo interdisciplinar, político educacional, cultural, científico, tecnológico, que promove a interação transformadora entre as instituições de ensino superior e os outros setores da sociedade” (Brasil, 2018Brasil. (2018, 18 de dezembro). Resolução nº 7, de 18 de dezembro de 2018. Estabelece as Diretrizes para a Extensão na Educação Superior Brasileira e regimenta o disposto na Meta 12.7 da Lei nº 13.005/2014, que aprova do Plano Nacional da Educação – PNE 2014-2024 e dá providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, seção 1, p. 49. Recuperado em 10 de setembro de 2020, de http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=104251-rces007-18&category_slug=dezembro-2018-pdf&Itemid=30192
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).

Assim, as diferentes propostas extensionistas devem ser consideradas de forma indissociável com o ensino e a pesquisa, aliada à participação da comunidade e necessariamente transformadora, gerando debates e produzindo saberes coletivamente para todos os envolvidos.

Pivetta et al. (2010)Pivetta, H. M. F., Backes, D. S., Carpes, A., Battistel, A. L. H. T., & Marchiori, M. (2010). Ensino, pesquisa e extensão universitária: em busca de uma integração efetiva. Linhas Críticas, 16(31), 377-390. salientam que o princípio da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão reflete um conceito de qualidade do desempenho acadêmico capaz de favorecer a autorreflexão crítica, a emancipação teórico-prática e o significado de responsabilidade social proporcionado pela aproximação entre a universidade e comunidade.

O ensino, a pesquisa e a extensão, enquanto atividades complementares e interdependentes, precisam ter valorações equivalentes no sistema universitário, sob o risco de desenvolver conhecimento cindido e reducionista. A qualidade e o sucesso dos profissionais formados pelas universidades dependem, em grande parte, do nível de interação e articulação entre os três pilares do conhecimento (ensino-pesquisa-extensão) (Fórum de Pró-Reitores de Extensão das Universidades Públicas Brasileiras, 2006Fórum de Pró-Reitores de Extensão das Universidades Públicas Brasileiras – FORPROEX. (2006). Indissociabilidade Ensino-Pesquisa-Extensão e a Flexibilização Curricular: uma visão da Extensão. Porto Alegre: UFRGS.).

Contudo, com as novas diretrizes que regem a extensão (Brasil, 2018Brasil. (2018, 18 de dezembro). Resolução nº 7, de 18 de dezembro de 2018. Estabelece as Diretrizes para a Extensão na Educação Superior Brasileira e regimenta o disposto na Meta 12.7 da Lei nº 13.005/2014, que aprova do Plano Nacional da Educação – PNE 2014-2024 e dá providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, seção 1, p. 49. Recuperado em 10 de setembro de 2020, de http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=104251-rces007-18&category_slug=dezembro-2018-pdf&Itemid=30192
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), a exigência é de articulação e não de indissociabilidade, o que promove aberturas para outras formas de conceber as atividades. Percebe-se, portanto, que o uso do termo articulação não representa obrigatoriedade e amplia a disputa discursiva sobre os sentidos e usos da extensão.

A respeito da relação da universidade com a comunidade, em continuidade às mudanças referidas acima, em novembro de 1987, foi criado o Fórum Nacional de Pró-Reitores de Extensão das Universidades Brasileiras que, desde então, tem buscado fomentar o avanço nas reflexões e compreensão sobre a extensão universitária. A concepção fomentada por este fórum é baseada na concepção de que universidade deve participar e/ou fomentar ações que visem à superação das condições de desigualdade e exclusão existentes no Brasil. Neste sentido, a extensão universitária assume o papel de promotora da relação entre Universidade e setores da sociedade (Fórum de Pró-Reitores de Extensão das Universidades Públicas Brasileiras, 2012Fórum de Pró-Reitores de Extensão das Universidades Públicas Brasileiras – FORPROEX. (2012). Política Nacional de Extensão Universitária. Manaus: MEC/SeSU.).

Para Nunes & Silva (2011)Nunes, A. L. P. F., & Silva, M. B. C. (2011). A extensão universitária no ensino superior e a sociedade. Mal-Estar e Sociedade, 4(7), 119-133., a extensão universitária funciona como uma via de mão dupla, possibilitando que a comunidade a qual recebe os serviços prestados pela universidade aprende e a universidade aprende com os saberes populares desta comunidade. Assim, há uma troca de conhecimentos, cada qual com suas particularidades, mas sem desconsiderar nenhum.

Pivetta et al. (2010)Pivetta, H. M. F., Backes, D. S., Carpes, A., Battistel, A. L. H. T., & Marchiori, M. (2010). Ensino, pesquisa e extensão universitária: em busca de uma integração efetiva. Linhas Críticas, 16(31), 377-390. referem que as práticas extensionistas resultam também na produção de novas tecnologias de cuidado em saúde e em outras áreas, assim como de um processo de ensino-aprendizagem reflexivo, ético, dinâmico e em interação com a realidade micro e macrossocial.

Nesta direção, o processo de ensino-aprendizagem propiciado pela atividade de extensão ocorre por meio de um saber que é construído de forma dialogada entre docente, discente e aplicabilidade de teorias e pressupostos.

Segundo Oka (2014)Oka, S. S. (2014). A importância do saber cuidar no processo de formação do graduando em enfermagem. In A. C. M. Silva, A. C. P. Bretas & C. L. A. Santana (Orgs.), Com-Unidade: experiências extensionistas (pp. 42-48). São Paulo: Páginas & Letras Editora e Gráfica., a construção do saber no projeto de extensão possui a característica de ser o tempo todo dialogado, pois é considerado o meio como se transmite o conteúdo, colocando o aprendiz no processo, ou seja, a construção do saber acontece com o graduando e não para o graduando. Através das conversas e discussões, são detectados os problemas e assim poderão ser encontrados meios para intervir naquela situação, ancorados nos conhecimentos adquiridos por meio da leitura, compartilhamento e reconstrução do mundo, impregnando de significados o conteúdo teórico adquirido durante a graduação.

Assim, a atividade de extensão é promotora de conhecimentos e isso se dá pelo mecanismo da experiência, ou seja, quando os discentes põem em prática a teoria recebida em sala de aula, quando aprimoram suas habilidades de comunicação e expressão e, principalmente, quando desenvolvem habilidades para tomadas de decisão frente a diversos aspectos da futura área de atuação (Lima et al., 2017Lima, J. E. C., Silva, I. R. N., Neto, P. F. N., Pereira, C. K. S., & Bakke, L. A. (2017). A importância da extensão universitária na formação profissional: experiência vivenciada por alunos do curso de farmácia. In Anais do 2º Congresso Brasileiro de Ciências da Saúde (II CONBRACIS). Campina Grande: Universidade Estadual da Paraíba. Recuperado em 18 de novembro de 2020, de https://editorarealize.com.br/artigo/visualizar/28957
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).

Em adição, Nogueira (2001)Nogueira, M. D. P. (2001). Extensão universitária no Brasil: uma revisão conceitual. In D. S. Faria (Org.), Construção conceitual da extensão universitária na América Latina (pp. 57-72). Brasília: UNB. refere que a extensão universitária fornece subsídios para o aprimoramento curricular do discente e para a criação de novos cursos e campos de estágio.

Portanto, a atividade de extensão constitui uma ferramenta pedagógica positiva para a formação discente.

Figueiredo et al. (2020)Figueiredo, M. O., Paterra, I. P., Silva, C. R., & Cardinalli, I. (2020). Contribución de las actividades de extensión a la formación en Terapia Ocupacional. Revista Ocupación Humana, 20(1), 7-26., Paterra & Figueiredo (2018)Paterra, I. P., & Figueiredo, M. O. (2018). Extensão universitária em terapia ocupacional na Universidade Federal de São Carlos. In Anales da 26ª Jornadas de Jóvenes Investigadores AUGM. A 100 años de la reforma universitária: saber te hace libre. Argentina: Universidad Nacional de Cuyo. e Paterra et al. (2015)Paterra, I. P., Figueiredo, M. O., & Silva, C. R. (2015). Caracterização das atividades de extensão implementadas por docentes do curso de terapia ocupacional da UFSCar. In Anais 2º Congresso de Extensão da Associação das Universidades do Grupo de Montevidéu (AUGM). Extensão e Sociedade: A Indissociabilidade entre Ensino, Pesquisa e Extensão (pp. 157-158). Campinas: UNICAMP., em pesquisas sobre as atividades de extensão elaboradas e concretizadas pelos docentes do Departamento de Terapia Ocupacional da UFSCar, obtiveram dentre os resultados que a atividade de extensão possibilita que os discentes entrem em contato com as diferentes demandas das diversas pessoas, grupos e comunidades e contextos múltiplos. Além disso, conhecem, testam, constroem ferramentas, protocolos e confecção de recursos na tentativa de atendimento a estas demandas. A partir da participação dos discentes nas atividades de extensão, são despertadas perguntas que levam ao pensamento investigativo, culminando na produção dos próprios Trabalhos de Conclusão de Curso e Iniciações Científicas oriundas dessas experiências.

Para o discente extensionista, não existe apenas um projeto de extensão e sim vários que poderão participar de acordo com seus interesses e disponibilidade de horário. Oka (2014)Oka, S. S. (2014). A importância do saber cuidar no processo de formação do graduando em enfermagem. In A. C. M. Silva, A. C. P. Bretas & C. L. A. Santana (Orgs.), Com-Unidade: experiências extensionistas (pp. 42-48). São Paulo: Páginas & Letras Editora e Gráfica. defende que cada um tem seus motivos para participar das atividades: seja a troca de experiências, a mudança de seu mundo e oferecer sua contribuição para modificar e melhorar o mundo do outro, crescer como pessoa, como profissional, desenvolver habilidades para o trabalho em equipe, promover a saúde e prevenção de agravos. A extensão proporciona a integração entre o conhecimento popular e o conhecimento científico o que propicia presumir a futura atuação profissional.

Por fim, Paterra & Figueiredo (2018)Paterra, I. P., & Figueiredo, M. O. (2018). Extensão universitária em terapia ocupacional na Universidade Federal de São Carlos. In Anales da 26ª Jornadas de Jóvenes Investigadores AUGM. A 100 años de la reforma universitária: saber te hace libre. Argentina: Universidad Nacional de Cuyo. referem que os discentes do curso de Terapia Ocupacional da UFSCar anualmente têm a oportunidade de realizar atividades de extensão de diferentes tipos e com distintos objetivos. De 2000 até 2017, foram ofertadas 409 atividades de extensão, sendo que 354 foram do tipo assistência e dirigidas à comunidade, 52 eventos acadêmicos como, por exemplo, semanas de estudos, seminarios, simposios, cursos, entre outros, 7 Atividades Curriculares de Integração Ensino, Pesquisa e Extensão (ACIEPE)1 1 A ACIEPEs constituem atividades curriculares complementares às obrigatórias contidas no curriculum de cada curso de graduação. Possuem duração semestral de 60 horas e os discentes tem liberdade para realizarem ou não e escolherem qual desejam realizar. Esta modalidade de extensão universitária representa a integração entre ensino, pesquisa e extensão sendo que a carga horária cumprida é revertida em créditos curriculares. e 5 foram relativas à publicação dos Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional.

Com isso, há um incremento na formação discente, possibilitando diversas experiências, desde as de cunho científico até o contato com a realidade e demandas sociais, ambas favorecendo uma formação discente pautada na reflexão, na disseminação e atualização do conhecimento e no comprometimento com uma sociedade menos injusta (Figueiredo et al., 2020Figueiredo, M. O., Paterra, I. P., Silva, C. R., & Cardinalli, I. (2020). Contribución de las actividades de extensión a la formación en Terapia Ocupacional. Revista Ocupación Humana, 20(1), 7-26.).

Conclusão

Com base nos resultados encontrados, evidenciou-se a realização da extensão universitária de forma indissociável com o ensino e pesquisa, favorecendo a articulação entre a universidade e a sociedade na formação em terapia ocupacional. Em conjunto, as atividades de extensão têm se caracterizado por uma prática acadêmica articulada às demandas sociais, favorecedora do diálogo entre a Universidade e a Sociedade, da assistência à(s) comunidade(s) e da democratização do saber acadêmico. Ressalta-se que a grande concentração de atividades extensionistas são realizadas pelas universidades públicas que possuem estratégias para articular ensino, pesquisa e extensão distintas da maioria das Instituições de Ensino Superior privadas, que se ausentam desta função e responsabilidade.

Foi possível verificar que as atividades extensionistas desenvolvidas pelos docentes terapeutas ocupacionais estiveram voltadas para a produção de práticas, saberes e fazeres que respondam aos complexos problemas sociais. O reflexo desta produção esteve presente na diversidade encontrada em relação aos diferentes sujeitos, grupos, comunidades e/ou populações. Foram identificados todos os cursos de vida. As atividades extensionistas foram realizadas em espaços plurais, desde a própria universidade, como serviços, projetos, centros e na própria comunidade, nos quais foram identificados os setores da saúde, educação, assistência social e cultura. Assim, reconhecemos que a potência do trabalho está associada às possibilidades e autonomia e democratização docente e universitária em poder promover atividades extensionistas tão diversas, e demonstra o incrível potencial que a terapia ocupacional tem desenvolvido na integração entre ensino-pesquisa-extensão.

Além disso, a concretização de atividades extensionistas tem impactado positivamente no processo de ensino e aprendizagem, especialmente na terapia ocupacional, transformado a carreira docente e propiciado uma formação discente crítica, reflexiva e cidadã, por meio do contato direto com comunidades que incitam ações de resolutividade e suas demandas, gerando e atualizando práticas, técnicas, reflexões e vivências.

Por fim, o número de publicações encontradas representa apenas 3,4% de todas as publicações contidas nos três periódicos analisados, o que sugere a necessidade de novos estudos e publicações relacionados à extensão universitária em terapia ocupacional.

Da mesma forma, a comunidade universitária está em constante embate a respeito das diferentes forças e atravessamentos políticos, econômicos, culturais e ideológicos, dimensões que atravessam e definem as posições sobre questões presentes. Algumas delas são a inserção das atividades extensionistas nos currículos da graduação, a relação e a disputa entre público-privado, a dificuldade de financiamento público e a necessidade de manter e ampliar as conquistas alcançadas com a expansão das universidades. Além disso, mencionam-se os desafios de desconstrução histórico da elitização, colonização, colonialidade e restrição universitária, recuperação e restauração histórica de grupos excluídos deste espaço, entre outros. Enfrentamentos esses associados às demandas sociais que devem compor a formação consciente de futuros profissionais.

Além de enfrentamento de questões como o avanço da tecnologia e a interferência em todas as instâncias da vida, a extinção de inúmeros postos de trabalho, o enxugamento dos serviços públicos, as urgências em relação às questões ambientais, as constantes crises, inclusive sanitárias, pandêmicas, entre outros demandam formações cada vez ainda mais com habilidades sociais e humanas, com capacidade de resolução de problemas e conflitos, pensamento crítico para responder problemas socais reais e urgentes. Assim, temos que encontrar novas e urgentes saídas das quais certamente as atividades extensionistas serão imprescindíveis.

Afinal, a extensão, além de função própria da universidade, incorpora uma gama de atividades que podem ser utilizadas para o aprimoramento de conhecimentos teóricos e práticos associados aos problemas e demandas reais de pessoas, grupos e comunidades com as quais o terapeuta ocupacional trabalha e, ainda, potencializar, promover e ampliar o escopo das práticas e dos campos de saberes e fazeres plurais conscientes da responsabilidade e do compromisso ético político junto às pessoas, grupos e comunidades.

  • 1
    A ACIEPEs constituem atividades curriculares complementares às obrigatórias contidas no curriculum de cada curso de graduação. Possuem duração semestral de 60 horas e os discentes tem liberdade para realizarem ou não e escolherem qual desejam realizar. Esta modalidade de extensão universitária representa a integração entre ensino, pesquisa e extensão sendo que a carga horária cumprida é revertida em créditos curriculares.
  • Fonte de Financiamento CNPq – PIBIC – UFSCar. (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – Programa Interno de Iniciação Científica – Universidade Federal de São Carlos).

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Editado por

Editora de seção

Profa. Dra. Daniela Tavares Gontijo

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    24 Jan 2022
  • Data do Fascículo
    2022

Histórico

  • Recebido
    18 Nov 2020
  • Aceito
    30 Jun 2021
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