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O uso da Avaliação do Brincar de Faz de Conta Iniciado pela Criança – ChIPPA: uma revisão de escopo

Resumo

Introdução

O brincar é uma importante ocupação infantil e sua avaliação deve fazer parte do processo terapêutico para analisar o desempenho ocupacional da criança e planejar intervenções embasadas nessa ocupação. A Avaliação do Brincar de Faz de Conta Iniciado pela Criança (ChIPPA) já foi traduzida, adaptada transculturalmente e validada para a população brasileira.

Objetivo

Realizar uma revisão do escopo sobre a ChIPPA e identificar como tem sido descrita e abordada na literatura nacional e internacional.

Método

Entre janeiro e junho de 2021, foi realizada a busca dos artigos nas bases de dados PubMed, Scopus, BVS, ERIC, CINAHL, Web of Science e PsycInfo, usando estratégias de busca com diferentes sintaxes de acordo com o método de cada base: Chippa OR “Child-Initiated Pretend Play Assessment”, ChIPPA OR “Child-Initiated Pretend Play Assessment” OR “Avaliação do faz de conta iniciado pela criança”, Chippa OR “Child-Initiated Pretend Play Assessment” AND Publication Type: Journal.

Resultados

Foram localizados 25 artigos, entre 2000 e 2021, envolvendo 971 crianças entre 3 e 12 anos de idade, com desenvolvimento típico e atípico, desenvolvidos em estudos analíticos observacionais (transversais e de coorte) e experimentais; metodológicos (validação do instrumento e de adaptação cultural de instrumento); e descritivos.

Conclusão

A ChiPPA tem sido descrita na literatura como uma avaliação que permite correlacionar o faz de conta e as habilidades verbais, sociais, acadêmicas e de processamento sensorial de pré-escolares. É uma medida de desfecho eficaz, válida e confiável, permitindo avaliar crianças típicas e atípicas em diferentes contextos e países, inclusive no Brasil.

Palavras-chave:
Terapia Ocupacional; Jogos e Brinquedos; Avaliação de Resultado de Intervenções Terapêuticas; Literatura de Revisão

Abstract

Introduction

Playing is an important child occupation, and its assessment should be part of the therapeutic process to analyze the child's occupational performance and plan interventions based on this occupation. The Child-Initiated Play Make-A-Play Assessment (ChIPPA) has already been translated, cross-culturally adapted, and validated for the Brazilian population.

Objective

To review the scope of ChIPPA and identify how it has been described and addressed in national and international literature.

Method

Between January and June 2021, articles were searched in the PubMed, Scopus, BVS, ERIC, CINAHL, Web of Science, and PsycInfo databases, using search strategies with different syntaxes according to the method of each. basis: Chippa OR “Child-Initiated Pretend Play Assessment”, ChIPPA OR “Child-Initiated Pretend Play Assessment” OR “Child-Initiated Pretend Play Assessment” OR “Child-Initiated Pretend Play Assessment”, Chippa OR “Child-Initiated Pretend Play Assessment” AND Publication Type: Journal.

Results

25 articles were found, between 2000 and 2021, 971 children between 3 and 12 years of age, with typical and atypical development, developed in analytical observational (cross-sectional and cohort) and experimental studies; methodological (validation of the instrument and cultural adaptation of the instrument); and descriptive.

Conclusion

The ChiPPA has been described in the literature as an assessment that allows correlating pretend to play with preschoolers' verbal, social, academic, and sensory processing skills. It is a practical, valid, and reliable outcome measure, allowing the assessment of typical and atypical children in different contexts and countries, including Brazil.

Keywords:
Occupational Therapy; Play; and Playthings; Evaluation of Results of Therapeutic Interventions; Literature Review

Introdução

O brincar é uma atividade cotidiana que envolve ações lúdicas intrinsecamente motivadoras, prazerosas, espontâneas, livremente escolhidas pela criança (ela decide se quer ou não participar), sem esperar nenhum resultado específico (Pfeifer & Stagnitti, 2020Pfeifer, L. I., & Stagnitti, K. (2020). Terapia Learn to play: intervenção de terapia ocupacional para desenvolver o brincar de faz de conta. In L. I. Pfeifer & M. M. M. Sant’Anna (Orgs.), Terapia ocupacional na infância: procedimentos para a prática clínica (pp. 400-420). São Paulo: Memnon.). É um comportamento infantil universal, mas que reflete características ambientais e culturais (Santos et al., 2018Santos, D. M., Lucisano, R. V., & Pfeifer, L. I. (2018). An investigation of the quality of pretend play ability in children with cerebral palsy. Australian Occupational Therapy Journal, 66(2), 210-218. http://dx.doi.org/10.1111/1440-1630.12539.
http://dx.doi.org/10.1111/1440-1630.1253...
). À medida que as crianças se desenvolvem, as brincadeiras se alteram (Gaskill & Perry, 2014Gaskill, R. L., & Perry, B. D. (2014). The neurobiological power of play: Using the neurosequential model of therapeutics to guide play in the healing process. In C. A. Malchiodi & D. A. Crenshaw (Eds.), Creative arts and play therapy for attachment problems (pp. 178-194). New York: The Guilford Press.), indo desde explorações dos ambientes sociais e físicos até brincadeiras complexas (Stagnitti & Pfeifer, 2017Stagnitti, K., & Pfeifer, L. I. (2017). Methodological considerations for a directive play therapy approach for children with autism and related disorders. International Journal of Play Therapy, 26(3), 160-171. http://dx.doi.org/10.1037/pla0000049.
http://dx.doi.org/10.1037/pla0000049...
).

Com base nos referenciais de intervenção do Modelo Lúdico (Ferland, 2006Ferland, F. (2006). O modelo lúdico: o brincar, a criança com deficiência física e a terapia ocupacional. São Paulo: Editora Roca.) e da Terapia Learn to Play (Stagnitti, 2021Stagnitti, K. (2021). Learn to play. Melbourne: Learn to Play.), o brincar é compreendido como uma atividade cotidiana espontânea, subjetiva, centrada na criatividade e apoiada na atitude, no interesse e na ação, de maneira que possa ser realmente vivenciado, possibilitando às crianças a interação em diferentes situações com objetos, brinquedos, parceiros (crianças e adultos), estimulando habilidades e a conexão, além do pertencimento a um grupo (Pfeifer & Stagnitti, 2020Pfeifer, L. I., & Stagnitti, K. (2020). Terapia Learn to play: intervenção de terapia ocupacional para desenvolver o brincar de faz de conta. In L. I. Pfeifer & M. M. M. Sant’Anna (Orgs.), Terapia ocupacional na infância: procedimentos para a prática clínica (pp. 400-420). São Paulo: Memnon.). É considerada uma ocupação fundamental na infância, existindo consenso sobre seu valor e seu lugar essencial entre os profissionais de terapia ocupacional infantil (Lynch et al., 2018Lynch, H., Prellwitz, M., Schulze, C., & Moore, A. (2018). The State of play in children’s occupational therapy: a comparison between Ireland, Sweden and Switzerland. British Journal of Occupational Therapy, 81(1), 42-50. http://dx.doi.org/10.1177/0308022617733256.
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).

Assim, o terapeuta ocupacional precisa valorizar e estimular o brincar como uma ocupação significativa, entendendo o fazer no brincar (desenvolvimento de brincadeiras, habilidades, dons e destrezas), o ser brincante (a diversão e o tempo para brincar) e o tornar-se participante e pertencente à brincadeira (unir-se a colegas como um parceiro) (Stagnitti, 2007Stagnitti, K. (2007). Child-Initiated Pretend Play Assessment. Melbourne: Co-ordinates Publications., 2021Stagnitti, K. (2021). Learn to play. Melbourne: Learn to Play.). Somente entendendo o que a brincadeira traz à vida de uma criança é que o terapeuta pode se envolver com as crianças e ajudá-las a brincarem (Lynch & Moore, 2016Lynch, H., & Moore, A. (2016). Play as an occupation in occupational therapy. British Journal of Occupational Therapy, 79(9), 519-520. http://dx.doi.org/10.1177/0308022616664540.
http://dx.doi.org/10.1177/03080226166645...
).

A avaliação do brincar deve fazer parte do processo da terapia ocupacional para analisar a competência da criança em seu desempenho ocupacional e planejar intervenções centradas na ocupação (Tanta & Knox, 2015Tanta, K., & Knox, S. (2015). Play. In J. Case Smith & J. C. O’Brien (Eds.), Occupational therapy for children and adolescents (7th ed., pp. 482-493). St. Louis: Elsevier.). Entretanto, a maioria dos terapeutas ocupacionais relata pouco uso de avaliações do brincar em sua prática profissional (Lynch et al., 2018Lynch, H., Prellwitz, M., Schulze, C., & Moore, A. (2018). The State of play in children’s occupational therapy: a comparison between Ireland, Sweden and Switzerland. British Journal of Occupational Therapy, 81(1), 42-50. http://dx.doi.org/10.1177/0308022617733256.
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).

A delimitação de objetivos e direcionamento das intervenções baseadas em avaliações sistematizadas e validadas possibilitam melhores resultados de desfecho, tanto no campo clínico quanto no científico (Mazak et al., 2021Mazak, M. S. R., Fernandes, A. D. S. A., Lourenço, G. F., & Cid, M. F. B. (2021). Instrumentos de avaliação da terapia ocupacional para crianças e adolescentes no Brasil: uma revisão da literatura. Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional, 29, e2833. http://dx.doi.org/10.1590/2526-8910.ctoAR2143a.
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). O processo avaliativo envolve a seleção de instrumentos específicos, a aplicação e documentação do processo e resultados, sendo que a utilização de avaliações padronizadas ajuda a determinar a elegibilidade da criança para a intervenção de terapia ocupacional, a monitorar a evolução no processo terapêutico, assim como a identificar o método de intervenção mais apropriado para cada criança (Mancini et al., 2020Mancini, M. C., Pfeifer, L. I., & Brandão, M. D. B. (2020). Processos de avaliação de terapia ocupacional na infância. In L. I. Pfeifer & M. M. M. Sant’Anna (Orgs.), Terapia ocupacional na infância: procedimentos para a prática clínica (pp. 25-40). São Paulo: Memnon.). As avaliações padronizadas também favorecem o reconhecimento clínico e científico da terapia ocupacional, a produção de conhecimento específico e a confiabilidade das intervenções (Chaves et al., 2010Chaves, G. F. S., Oliveira, A. M., Forlenza, O. V., & Nunes, P. V. (2010). Escalas de avaliação para Terapia Ocupacional no Brasil. Revista de Terapia Ocupacional da Universidade de São Paulo, 21(3), 240-246. http://dx.doi.org/10.11606/issn.2238-6149.v21i3p240-246.
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).

É importante que terapeutas ocupacionais tenham conhecimento dos recursos disponíveis, dentro e fora do país, para escolher e aplicar o instrumento mais apropriado para cada caso. Duas revisões de literatura (Pfeifer & Cruz, 2008Pfeifer, L. I., & Cruz, D. M. C. (2008). Avaliações do brincar e suas evidências para a prática do terapeuta ocupacional no campo da educação especial. In M. A. Almeida, E. G. Mendes & M. C. P. I. Hayashi (Orgs.), Temas em educação especial: múltiplos olhares (pp. 403-412). São Paulo: Junqueira & Marin Editores.; Lifter et al., 2011Lifter, K., Foster-Sanda, S., Arzamarski, C., Briesch, J., & McClure, E. (2011). Overview of play: its uses and importance in early intervention/early childhood special education. Infants and Young Children, 24(3), 225-245., como citado em Sposito, 2018Sposito, A. M. P. (2018). Confiabilidade e validação de conteúdo da Escala Lúdica Pré-Escolar de Knox - revisada para a população brasileira (Tese de doutorado). Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto.) identificam dezesseis instrumentos de avaliação do brincar, dos quais sete são utilizados por terapeutas ocupacionais e apresentam evidências para a prática profissional na clínica e na pesquisa. São elas: Histórico Lúdico (Takata, 1974Takata, N. (1974). Play as prescription. In M. Reilly (Ed.), Play as exploratory learning: studies of curiosity behavior (pp. 209-246). Beverly Hills: Sage Publications.); Escala de Brincar da Criança (Barnett, 1991Barnett, L. A. (1991). The playful child: measurement of a disposition to play. Play & Culture, 4(1), 51-74.); Avaliação Transdisciplinar Baseada no Brincar (Linder, 1993Linder, T. W. (1993). Transdisciplinary play-based assessment: A functional approach to working with young children. Baltimore: Paul H Brookes Publishing.); Teste de Entretenimento (Bundy, 2002Bundy, A. C. (2002). Recreação e entretenimento: o que procurar. In L. D. Parham & L. S. Fazio (Eds.), A recreação na terapia ocupacional pediátrica (pp. 52-66). São Paulo: Santos Editora.); Avaliações do Modelo Lúdico (Ferland, 2006Ferland, F. (2006). O modelo lúdico: o brincar, a criança com deficiência física e a terapia ocupacional. São Paulo: Editora Roca.); Escala Lúdica Pré-Escolar de Knox – revisada (Knox, 2002Knox, S. H. (2002). Desenvolvimento e uso corrente da Escala Lúdica Pré-escolar de Knox. In L. D. Parham & L. S. Fazio (Colab.), Recreação na Terapia Ocupacional Pediátrica (pp. 35-21). São Paulo: Santos Editora.); e a Avaliação do Brincar de Faz de Conta Iniciado pela Criança (ChIPPA) (Stagnitti, 2007Stagnitti, K. (2007). Child-Initiated Pretend Play Assessment. Melbourne: Co-ordinates Publications., 2019Stagnitti, K. (2019). The child-initiated pretend play assessment 2 – ChIPPA 2: manual. Melbourne: Learn to Play.).

Esses instrumentos foram elaborados em países de língua inglesa, com características socioculturais distintas do nosso idioma, sendo necessário processos de tradução e adaptação para uso no Brasil. Dos instrumentos citados, somente as Avaliações do Modelo Lúdico (Sant’Anna, 2007Sant’Anna, M. M. M. (2007). Tradução e adaptação transcultural dos protocolos de avaliação do modelo lúdico para crianças com paralisia cerebral (Dissertação de mestrado). Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo.; Sant’Anna et al., 2015Sant’Anna, M. M. M., Pfeifer, L. I., Tedesco, S., Costa, S. C., Silva, C. M. A., Jimenez, L., Mello, L. Z. P., Kawakami, R. Y., & Cunha, T. T. (2015). Instrumentos de avaliação do modelo lúdico para crianças com deficiência física (EIP–ACL): manual da versão brasileira adaptada. São Carlos: M&M Editora.), Escala Lúdica Pré-Escolar de Knox – revisada (Sposito et al., 2019Sposito, A. M. P., Santos, J. L. F., & Pfeifer, L. I. (2019). Validation of the revised knox preschool play scale for the Brazilian population. Occupational Therapy International, 2019, 1-6. http://dx.doi.org/10.1155/2019/6397425.
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) e a ChIPPA (Pfeifer et al., 2011bPfeifer, L. I., Queiroz, M. A., Santos, J. L., & Stagnitti, K. (2011b). Cross-cultural adaptation and reliability of Child-Initiated Pretend Play Assessment (ChIPPA). Canadian Journal of Occupational Therapy, 78(3), 187-195. http://dx.doi.org/10.2182/cjot.2011.78.3.7.
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) foram adaptados transculturalmente para o Brasil.

A ChIPPA é uma avaliação padronizada e estruturada para uso em ambiente clínico, com o objetivo de avaliar a qualidade da habilidade da criança em autoiniciar o brincar de faz de conta (Stagnitti, 2007Stagnitti, K. (2007). Child-Initiated Pretend Play Assessment. Melbourne: Co-ordinates Publications., 2019Stagnitti, K. (2019). The child-initiated pretend play assessment 2 – ChIPPA 2: manual. Melbourne: Learn to Play.). Ela se baseia na fundamentação teórica da terapia Learn to Play e foi desenvolvida na Austrália (Stagnitti, 1998Stagnitti, K. (1998). Learn to Play. A practical program to develop imaginative play skills in children. Melbourne: Co-ordinates Publications., 2021Stagnitti, K. (2021). Learn to play. Melbourne: Learn to Play.). Destina-se a crianças de três a sete anos e onze meses, com duração de aplicação de 18 minutos para crianças de 3 anos e de 30 minutos para crianças de 4 a 7 anos. Possui ainda pontos de corte para crianças australianas de 3 a 7 anos e brasileiras de 3 anos (Lucisano, 2016Lucisano, R. V. (2016). Validade da versão brasileira da avaliação do brincar de faz de conta iniciado pela criança (ChIPPA) – para crianças de três anos de idade (Dissertação de mestrado). Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto.; Stagnitti, 2019Stagnitti, K. (2019). The child-initiated pretend play assessment 2 – ChIPPA 2: manual. Melbourne: Learn to Play.).

A ChIPPA possui um kit de avaliação padronizado1 1 O kit, o manual e as folhas de avaliação e pontuação são comercializados pelo Learn to Play (2022). , o qual inclui objetos estruturados para avaliar o brincar imaginativo-convencional (caminhãozinho, bonecos, animais e ferramenta) e não estruturados para avaliar o brincar simbólico (caixas de papelão, pedaços de madeira cilíndrico, lata, toalhas, pedras e bonecos de pano) (Stagnitti, 2007Stagnitti, K. (2007). Child-Initiated Pretend Play Assessment. Melbourne: Co-ordinates Publications., 2019Stagnitti, K. (2019). The child-initiated pretend play assessment 2 – ChIPPA 2: manual. Melbourne: Learn to Play.).

É uma avaliação não direcionada, pois o examinador não orienta a criança acerca de como ou com o quê brincar, não dá ideias de como brincar e nem ressalta, durante a brincadeira, o que a criança está fazendo. Ela é dividida em duas sessões: imaginativa-convencional e simbólica (Stagnitti, 2007Stagnitti, K. (2007). Child-Initiated Pretend Play Assessment. Melbourne: Co-ordinates Publications., 2019Stagnitti, K. (2019). The child-initiated pretend play assessment 2 – ChIPPA 2: manual. Melbourne: Learn to Play.). Fornece informações sobre a complexidade do brincar, mensura a capacidade da criança iniciar a brincadeira e identifica as habilidades cognitivas, como: pensamento sequencial lógico, uso de símbolos abstratos (caixa como um carro) e estilo de brincar (narrativo ou matemático) (Pfeifer et al., 2011bPfeifer, L. I., Queiroz, M. A., Santos, J. L., & Stagnitti, K. (2011b). Cross-cultural adaptation and reliability of Child-Initiated Pretend Play Assessment (ChIPPA). Canadian Journal of Occupational Therapy, 78(3), 187-195. http://dx.doi.org/10.2182/cjot.2011.78.3.7.
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; Stagnitti, 2007Stagnitti, K. (2007). Child-Initiated Pretend Play Assessment. Melbourne: Co-ordinates Publications.). Permite ao terapeuta observar como a criança brinca, qual sua atitude e envolvimento na brincadeira (Pfeifer & Stagnitti, 2020Pfeifer, L. I., & Stagnitti, K. (2020). Terapia Learn to play: intervenção de terapia ocupacional para desenvolver o brincar de faz de conta. In L. I. Pfeifer & M. M. M. Sant’Anna (Orgs.), Terapia ocupacional na infância: procedimentos para a prática clínica (pp. 400-420). São Paulo: Memnon.). Por ser uma medida de resultados, esse método possibilita a definição dos objetivos da terapia, por meio da análise do desempenho da criança referente à habilidade espontânea do brincar e do envolvimento no faz de conta (Stagnitti & Pfeifer, 2017Stagnitti, K., & Pfeifer, L. I. (2017). Methodological considerations for a directive play therapy approach for children with autism and related disorders. International Journal of Play Therapy, 26(3), 160-171. http://dx.doi.org/10.1037/pla0000049.
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).

Buscando identificar como o faz de conta tem sido avaliado em pré-escolares, Lucisano et al. (2017)Lucisano, R. V., Novaes, L. C., Sposito, A. M. P., & Pfeifer, L. I. (2017). Avaliação do brincar de faz de conta de pré-escolares: revisão integrativa da literatura. Revista Brasileira de Educação Especial, 23(2), 309-322. http://dx.doi.org/10.1590/S1413-65382317000200011.
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realizaram uma revisão integrativa da literatura e verificaram que a ChIPPA é a avaliação mais utilizada. Verificou-se, assim, a necessidade de mapear os estudos sobre a ChIPPA, sintetizando os resultados de forma descritiva, contribuindo com práticas interventivas do brincar como uma ocupação nas rotinas e hábitos de crianças.

Dessa forma, este estudo teve por objetivo realizar uma revisão do escopo da ChIPPA nas produções científicas ao longo dos anos, e identificar como essa avaliação tem sido descrita e abordada na literatura nacional e internacional desde sua elaboração até a atualidade.

Método

Revisão de escopo por meio dos artigos científicos que utilizaram a ChIPPA como medida de avaliação na literatura nacional e internacional. Adotaram-se os parâmetros recomendados por Arksey & O’Malley (2005)Arksey, H., & O’Malley, L. (2005). Scoping studies: towards a methodological framework. International Journal of Social Research Methodology, 8(1), 19-32. http://dx.doi.org/10.1080/1364557032000119616.
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, os quais envolvem 5 etapas: 1) Definição da(s) pergunta(s) de pesquisa; 2) Identificação dos estudos relevantes por meio de diferentes fontes; 3) Composição da amostra final com base nos critérios de busca e inclusão/exclusão; 4) Extração dos dados relacionados à pergunta de pesquisa, incluindo informações gerais sobre o estudo; e 5) Descrição dos dados, análise numérica e temática/conceitual dos dados, discussão.

As perguntas investigativas que conduziram este estudo foram: Como a ChIPPA tem sido utilizada em pesquisa e prática clínica como medida de desfecho nos últimos 20 anos? Em quais populações têm sido aplicadas e como é descrito o uso da avaliação ChIPPA na literatura nacional e internacional? Quais são os temas abordados, os objetivos e os resultados alcançados pelos estudos, considerando o tipo de delineamento adotado?

Entre janeiro e junho de 2021, foi realizada a busca dos artigos nas bases de dados PubMed, Scopus, BVS, ERIC, CINAHL, Web of Science e PsycInfo. Para cada portal de pesquisa, foi elaborada uma estratégia específica de cruzamento das palavras-chave para recuperação de assuntos da literatura científica.

Na Pubmed, CINAHL, Scopus e Web of Science, foi aplicada a estratégia de busca com a sintaxe, de acordo com o método de busca de cada base: Chippa OR “Child-Initiated Pretend Play Assessment”. Na BVS e ERIC, foi usada a seguinte estratégia: ChIPPA OR “Child-Initiated Pretend Play Assessment” OR “Avaliação do faz de conta iniciado pela criança”. Na PsycInfo, utilizou-se como estratégia: Chippa OR “Child-Initiated Pretend Play Assessment” AND Publication Type: Journal. Esse processo contou com a colaboração de uma biblioteconomista de uma biblioteca universitária pública.

Localizados os artigos, aplicaram-se os critérios de elegibilidade, seleção e exclusão. Foram considerados elegíveis artigos que tivessem como palavra-chave no resumo e/ou corpo do texto ChIPPA ou “Child-Initiated Pretend Play Assessment”, sendo de alguma maneira abordado e descrito no estudo, amostra com população típica ou com condições clínicas de saúde, redigidos em português, inglês e/ou espanhol e disponíveis na íntegra para leitura. Excluíram-se revisões de literatura, resumos de congresso, teses, dissertações e carta ao editor, sem haver limitação quanto ao ano de publicação. A Figura 1 apresenta as etapas de seleção dos artigos incluídos nesta revisão.

Figura 1
Fluxograma representativo das etapas de seleção dos artigos incluídos na revisão de escopo. Fonte: Elaborado pelos autores.

Duas pesquisadoras independentes realizaram a leitura integral dos 25 artigos, para classificação e descrição por meio da estatística descritiva simples, de acordo com os seguintes critérios: 1) Ano de publicação; 2) Autores e tipo de periódico; 3) País de realização do estudo; 4) Característica dos participantes; 5) Objetivo(s) com descrição de aplicação da ChIPPA; e 6) Tipo de delineamento de pesquisa.

Resultados

Os estudos foram conduzidos entre 2000 e 2021, os quais são apresentados na Figura 2.

Figura 2
Produção científica no período de 2000-2019 (n=24).

Observa-se a concentração de publicações entre 2011-2012 e 2017-2019, não ultrapassando 4 ao ano, alcançadas em 2011 e 2017. Houve pelo menos uma publicação em 13 dos 22 anos desde a concepção da ChIPPA. Embora a produção no período seja considerada baixa, nota-se um aumento considerável nos últimos 10 anos comparado aos anos anteriores. As sínteses dos estudos são apresentadas na Tabela 1.

Tabela 1
Objetivos e descrição sintética da aplicação da ChIPPA.

Os estudos desta revisão foram desenvolvidos na Austrália (14), Brasil (5), Taiwan (3), Canadá (1), Índia (1) e Irã (1). Os participantes (971 no total) tinham entre 3 e 12 anos de idade, com desenvolvimento típico (11 estudos), TEA (5 estudos), PC (3 estudos), lesão cerebral adquirida (2 estudos), TEA e outros distúrbios relacionados (2 estudos) e com algum risco/atraso no desenvolvimento (2 estudos).

O periódico que mais publicou foi o Australian Occupational Therapy Journal (país de origem da ChIPPA) (n=7, 28%), seguido do Canadian Journal of Occupational Therapy, American Journal of Occupational Therapy, International Journal of Play e British Journal of Occupational Therapy (n=2, 8%, cada uma); e o Developmental Neurorehabilitation, European Child & Adolescent Psychiatry, Hong Kong Journal of Occupational Therapy, Indian Journal Occupational Therapy, International Journal of Speech-Language Pathology, Iranian Jornal of pediatrics, Neuropsychiatric Disease and Treatment, Physical & Occupational Therapy in Pediatrics, Research in Developmental Disabilities e Revista do Nufen (n=1, 4%, cada uma). Dessas, sete são de terapia ocupacional, publicando 15 estudos.

Por se tratar de uma revisão de escopo, não foi analisado o nível de evidência dos artigos encontrados e sim os temas abordados. Os temas abordados, os objetivos e os resultados alcançados se relacionam ao tipo de delineamento adotado (Daamen-Dezotti et al., 2011Daamen-Dezotti, D. T., Ferrigno, I. S. V., & Cruz, D. M. C. D. (2011). Análise bibliométrica de instrumentos funcionais para avaliação do membro superior em pesquisas. Revista Paraense de Medicina, 25(1), 1-9.). Assim, constatou-se que todos os estudos utilizaram uma abordagem quantitativa, distribuídos em estudos analíticos observacionais transversais (11), analíticos experimentais (5), metodológicos de validação do instrumento (5), metodológicos de adaptação cultural do instrumento (2), analítico observacional de coorte (1) e descritivo (1).

Discussão

Embora a primeira edição da ChIPPA tenha sido publicada em 2007 (Stagnitti, 2007Stagnitti, K. (2007). Child-Initiated Pretend Play Assessment. Melbourne: Co-ordinates Publications.), estudos para elaboração e validação da avaliação iniciaram anteriormente (Stagnitti et al., 2000Stagnitti, K., Unsworth, C., & Rodger, S. (2000). Development of an assessment to identify play behaviours that discriminate between the play of typical preschoolers and preschoolers with pre-academic problems. Canadian Journal of Occupational Therapy, 67, 291-303.; Stagnitti & Unsworth, 2004Stagnitti, K., & Unsworth, C. (2004). The test–retest reliability of the child-initiated pretend play assessment. The American Journal of Occupational Therapy, 58(1), 93-99. http://dx.doi.org/10.5014/ajot.58.1.93.
http://dx.doi.org/10.5014/ajot.58.1.93...
; Swindells & Stagnitti, 2006Swindells, D., & Stagnitti, K. (2006). Pretend play and parents’ view of social competence: the construct validity of the Child-Initiated Pretend Play Assessment. Australian Occupational Therapy Journal, 53(4), 314-324. http://dx.doi.org/10.1111/j.1440-1630.2006.00592.x.
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).

Os participantes dos estudos foram crianças com desenvolvimento típico, ou algum diagnóstico clínico (TEA, PC, lesão cerebral adquirida, déficit de aprendizagem/intelectual), o que está de acordo com a proposta da avaliação que é adequada a crianças com atrasos de desenvolvimento, déficits de aprendizagem/intelectual ou físicos, entre outros (Stagnitti, 2019Stagnitti, K. (2019). The child-initiated pretend play assessment 2 – ChIPPA 2: manual. Melbourne: Learn to Play.).

Apesar da ChIPPA ter sido desenvolvida para avaliar crianças entre 3 e 7 anos (Stagnitti, 2007Stagnitti, K. (2007). Child-Initiated Pretend Play Assessment. Melbourne: Co-ordinates Publications., 2019Stagnitti, K. (2019). The child-initiated pretend play assessment 2 – ChIPPA 2: manual. Melbourne: Learn to Play.), quatro estudos envolveram crianças mais velhas (entre 8 e 12 anos), sendo que três (Chen et al., 2019Chen, K. L., Chen, C. T., Lin, C. H., Huang, C. Y., & Lee, Y. C. (2019). Prediction of Playfulness by pretend play, severity of autism behaviors, and verbal comprehension in children with autism spectrum disorder. Neuropsychiatric Disease and Treatment, 2019(15), 3177-3186. http://dx.doi.org/10.2147/NDT.S223681.
http://dx.doi.org/10.2147/NDT.S223681...
; Lin et al., 2017Lin, S. K., Tsai, C. H., Li, H. J., Huang, C. Y., & Chen, K. L. (2017). Theory of mind predominantly associated with the quality, not quantity, of pretend play in children with autism spectrum disorder. European Child & Adolescent Psychiatry, 26, 1187-1196. http://dx.doi.org/10.1007/s00787-017-0973-3.
http://dx.doi.org/10.1007/s00787-017-097...
; Stagnitti et al., 2012Stagnitti, K., O’Connor, C., & Sheppard, L. (2012). Impact of the Learn to Play program on play, social competence and language for children aged 5–8 years who attend a specialist school. Australian Occupational Therapy Journal, 59(4), 302-311. http://dx.doi.org/10.1111/j.1440-1630.2012.01018.x.
http://dx.doi.org/10.1111/j.1440-1630.20...
) envolveram crianças com TEA, que foram classificadas utilizando os pontos de corte de 7 anos, pois o seu desempenho lúdico costuma ser semelhante ao de pré-escolares. E o estudo de Adams et al. (2017)Adams, K. D., Rincón, A. M. R., Puyo, L. M. B., Cruz, J. L. C., Medina, M. F. G., Cook, A. M., & Encarnação, P. (2017). An exploratory study of children’s pretend play when using a switch-controlled assistive robot to manipulate toys. British Journal of Occupational Therapy, 80(4), 216-224. http://dx.doi.org/10.1177/0308022616680363.
http://dx.doi.org/10.1177/03080226166803...
, embora tenha envolvido crianças de desenvolvimento típico, não utilizou os pontos de corte para análise dos resultados, mas avaliou o desempenho do faz de conta das crianças utilizando ou não um robô durante a brincadeira.

A maioria dos artigos foi publicada em periódicos de terapia ocupacional, enfatizando o brincar como ocupação fundamental na infância e foco de estudo de terapeutas ocupacionais (Pfeifer & Stagnitti, 2020Pfeifer, L. I., & Stagnitti, K. (2020). Terapia Learn to play: intervenção de terapia ocupacional para desenvolver o brincar de faz de conta. In L. I. Pfeifer & M. M. M. Sant’Anna (Orgs.), Terapia ocupacional na infância: procedimentos para a prática clínica (pp. 400-420). São Paulo: Memnon.).

Ao se desenvolver um instrumento de medida, deve-se analisar a validade do conteúdo, de critério, de constructo e transcultural, a consistência interna e a confiabilidade, entre outros (Mokkink et al., 2018Mokkink, L. B., Prinsen, C. A. C., Patrick, D. L., Alonso, J., Bouter, L. M., de Vet, H. C. W., & Terwee, C. B. (2018). COSMIN methodology for systematic reviews of Patient-Reported Outcome Measures (PROMs): User manual: Version 1.0. Recuperado em 1 de fevereiro de 2022, de https://www.cosmin.nl/wp-content/uploads/COSMIN-syst-review-for-PROMs-manual_version-1_feb-2018.pdf
https://www.cosmin.nl/wp-content/uploads...
). Portanto, diferentes delineamentos de pesquisa podem ser utilizados para comprovar esses resultados (Prodanov & Freitas, 2013Prodanov, C. C., & Freitas, E. C. (2013). Metodologia do trabalho científico: métodos e técnicas da pesquisa e do trabalho acadêmico. Novo Hamburgo: Feevale.). Assim, os estudos utilizando a ChIPPA são classificados em analíticos observacionais (transversais e de coorte), analíticos experimentais, metodológicos (validação de instrumento e adaptação cultural) e descritivos, apresentados a seguir.

Estudos analíticos observacionais transversais

Analisam a influência/associação de um determinado fator na ocorrência de um evento/desfecho, observando a situação de uma população específica em determinado momento, possibilitando uma análise inicial de associação entre o fator e o desfecho (Aragão, 2011Aragão, J. (2011). Introdução aos estudos quantitativos utilizados em pesquisas científicas. Revista Práxis, 3(6), 59-62. http://dx.doi.org/10.25119/praxis-3-6-566.
http://dx.doi.org/10.25119/praxis-3-6-56...
). A maioria (10) dos estudos selecionados compôs essa categoria.

Stagnitti et al. (2000)Stagnitti, K., Unsworth, C., & Rodger, S. (2000). Development of an assessment to identify play behaviours that discriminate between the play of typical preschoolers and preschoolers with pre-academic problems. Canadian Journal of Occupational Therapy, 67, 291-303. apresentam a ChIPPA como uma nova avaliação sobre a qualidade do comportamento da brincadeira. O objetivo foi verificar se a ChIPPA possui confiabilidade interexaminadores e se o faz de conta poderia discriminar a brincadeira de pré-escolares em desenvolvimento típico e com problemas pré-acadêmicos. O estudo define que, no período pré-escolar (crianças com 4 e 5 anos), ocorre o desenvolvimento de habilidades importantes para o processo de alfabetização na fase escolar, como aptidão de segurar um lápis de maneira adequada, compreender sequência, completar quebra-cabeças, combinar formas, atuar em um grupo social, concentrar-se em uma tarefa, cumprir uma rotina, resolver problemas, usar a linguagem de maneira adequada e sentar e ouvir uma história (Stagnitti et al., 2000Stagnitti, K., Unsworth, C., & Rodger, S. (2000). Development of an assessment to identify play behaviours that discriminate between the play of typical preschoolers and preschoolers with pre-academic problems. Canadian Journal of Occupational Therapy, 67, 291-303.).

Santos et al. (2010)Santos, C. A., Pacciulio, A. M., & Pfeifer, L. I. (2010). The influence of the family context in the symbolic play of children with cerebral palsy. Revista do NUFEN, 1(2), 3-20. analisaram a influência do contexto familiar no desempenho do brincar simbólico de crianças com PC de 3 a 6 anos. Esse estudo mostra como o estímulo dos pais e da escola, a quantidade de recursos para o brincar e o convívio com os pares podem influenciar o desenvolvimento do brincar simbólico dessas crianças.

Pfeifer et al. (2011a)Pfeifer, L. I., Pacciulio, A. M., Santos, C. A., Santos, J. L., & Stagnitti, K. (2011a). Pretend play of children with cerebral palsy. Physical & Occupational Therapy in Pediatrics, 31(4), 390-402. http://dx.doi.org/10.3109/01942638.2011.572149.
http://dx.doi.org/10.3109/01942638.2011....
descreveram as brincadeiras de faz de conta espontâneas de crianças com PC, investigando a relação entre o nível de gravidade motora e a capacidade de brincar; além disso, examinaram a confiabilidade inter e intraexaminadores. Os resultados identificam uma gama de habilidades lúdicas e, assim, permitem uma intervenção individual direcionada para cada criança.

Casey et al. (2012)Casey, S. A., Stagnitti, K., Taket, A., & Nolan, A. (2012). Early peer play interactions of resilient children living in disadvantaged communities. International Journal of Play, 1(3), 311-323. http://dx.doi.org/10.1080/21594937.2012.741432.
http://dx.doi.org/10.1080/21594937.2012....
descrevem a relação entre a habilidade de brincar de faz de conta e as interações entre crianças resilientes que vivem em comunidades desfavorecidas.

Chan et al. (2016)Chan, P. C., Chen, C. T., Feng, H., Lee, Y. C., & Chen, K. L. (2016). Theory of mind deficit is associated with pretend play performance, but not playfulness, in children with autism spectrum disorder. Hong Kong Journal of Occupational Therapy, 28(1), 43-52. http://dx.doi.org/10.1016/j.hkjot.2016.09.002.
http://dx.doi.org/10.1016/j.hkjot.2016.0...
examinaram a relação entre a Teoria da Mente (ToM) com faz de conta e o brincar livre em crianças com TEA. Os resultados mostraram que a ToM estava significativamente associada ao faz de conta nos itens “inicia as ações de brincar”, “substituições de objetos”, “atribuição de propriedades” e “referência a objetos ausentes”. No entanto, não houve relação significativa entre a ToM e o brincar livre. Por meio da análise dos resultados, a gravidade do autismo mostrou ser um fator importante que influencia o brincar livre, especialmente em relação às variáveis: controle interno, referente à capacidade da criança em assumir o controle de seus comportamentos lúdicos e as suas consequências, como decidir com quem brincar, do quê brincar e como administrar o tempo e o espaço.

Lin et al. (2017)Lin, S. K., Tsai, C. H., Li, H. J., Huang, C. Y., & Chen, K. L. (2017). Theory of mind predominantly associated with the quality, not quantity, of pretend play in children with autism spectrum disorder. European Child & Adolescent Psychiatry, 26, 1187-1196. http://dx.doi.org/10.1007/s00787-017-0973-3.
http://dx.doi.org/10.1007/s00787-017-097...
buscaram esclarecer as relações entre a ToM e o faz de conta em crianças com TEA, considerando como mediadores dessa relação, com base em evidências empíricas, determinados comportamentos, como padrões repetitivos, sensibilidade sensorial, interesses e atividades e a compreensão verbal. Os resultados demonstram que a ToM tem um papel predominante na qualidade, e não na quantidade, do faz de conta de crianças com TEA leve a moderado e compreensão verbal média.

Roberts et al. (2018)Roberts, T., Stagnitti, K., Brown, T., & Bhopti, A. (2018). Relationship between sensory processing and pretend play in typically developing children. The American Journal of Occupational Therapy, 72(1), 1-8. http://dx.doi.org/10.5014/ajot.2018.027623.
http://dx.doi.org/10.5014/ajot.2018.0276...
investigaram a relação entre processamento sensorial e o faz de conta. Os resultados indicaram que os fatores de processamento sensorial que englobam consciência corporal, equilíbrio, toque e participação social foram preditivos da qualidade do envolvimento das crianças no faz de conta em ambiente doméstico, principalmente a consciência corporal, o equilíbrio e o tato. A substituição de objetos também foi significativamente relacionada à consciência corporal. No ambiente doméstico e escolar, a participação social estava relacionada ao uso simbólico de objetos. O estudo traz, como implicações clínicas, que os terapeutas ocupacionais são facilitadores para o desenvolvimento de componentes de desempenho em um nível de estruturas e funções do corpo, por meio do foco em intervenções centradas na ocupação, como o brincar.

Santos et al. (2018)Santos, D. M., Lucisano, R. V., & Pfeifer, L. I. (2018). An investigation of the quality of pretend play ability in children with cerebral palsy. Australian Occupational Therapy Journal, 66(2), 210-218. http://dx.doi.org/10.1111/1440-1630.12539.
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analisaram tempo, interação com o examinador, imitação, tema e história nas duas sessões do brincar de faz de conta (presentes na ChIPPA) de crianças com PC. Concluiu-se que os aspectos qualitativos do desempenho do faz de conta foram satisfatórios, mostrando indicadores de brincadeira típicos em todas as categorias, exceto para “História”, considerado o aspecto mais complexo na habilidade do brincar, na medida em que, após a criação de um cenário com os objetos, a criança pode iniciar uma narrativa em sequencias lógicas de ações, comportamento esse não apresentado pelas crianças avaliadas.

Dooley et al. (2019)Dooley, B., Stagnitti, K., & Galvin, J. (2019). An investigation of the pretend play abilities of children with an acquired brain injury. British Journal of Occupational Therapy, 82(9), 588-596. http://dx.doi.org/10.1177/0308022619836941.
http://dx.doi.org/10.1177/03080226198369...
descreveram as habilidades do faz de conta de crianças com lesão cerebral adquirida, e todas apresentaram déficits no faz de conta, principalmente no brincar simbólico. Considera-se que a fadiga cognitiva afeta a capacidade de brincar devido à quantidade considerável de esforço cognitivo necessário para realização do faz de conta como atenção, concentração e tempo da sessão.

Chen et al. (2019)Chen, K. L., Chen, C. T., Lin, C. H., Huang, C. Y., & Lee, Y. C. (2019). Prediction of Playfulness by pretend play, severity of autism behaviors, and verbal comprehension in children with autism spectrum disorder. Neuropsychiatric Disease and Treatment, 2019(15), 3177-3186. http://dx.doi.org/10.2147/NDT.S223681.
http://dx.doi.org/10.2147/NDT.S223681...
examinaram a extensão da associação dos desempenhos de brincadeira de crianças com TEA com seus níveis de ludicidade, considerando a gravidade do autismo, compreensão verbal e idade. Os resultados indicam que, quanto mais as crianças com TEA se envolvem em brincadeiras elaboradas e complexas de faz de conta e substituições de objetos, mais sentimentos internos de brincadeira elas experimentam.

Sarah et al. (2021)Sarah, B., Parson, J., Renshaw, K., & Stagnitti, K. (2021). Can children’s play themes be assessed to inform play therapy practice? Clinical Child Psychology and Psychiatry, 26(1), 257-267. http://dx.doi.org/10.1177/1359104520964510.
http://dx.doi.org/10.1177/13591045209645...
investigaram se os temas da brincadeira podem ser identificados por meio da ChIPPA, exploraram quais são esses temas e se há relação entre a habilidade do faz de conta e a expressão do tema da brincadeira. Os temas foram identificados em 26 das 30 crianças de desenvolvimento típico, sendo que os mais frequentes foram: confiança (19); desconfiança (8); vergonha/dúvida (11); e indústria (11). As crianças que demonstraram temas identificáveis apresentaram desempenho típico para a idade, com indicadores típicos do brincar mais elaborados em relação às crianças com temas não identificados. Conclui-se que a ChIPPA fornece uma linha de base dos temas lúdicos e das habilidades do faz de conta, orientando significativamente o terapeuta para definir o modelo de intervenção lúdica de acordo com as necessidades da criança.

Estudo analítico observacional de coorte

Reúnem um grupo de sujeitos com as mesmas características, acompanhados por um determinado período para se avaliar o desfecho de interesse, possibilitando identificar a influência de determinados fatores (Aragão, 2011Aragão, J. (2011). Introdução aos estudos quantitativos utilizados em pesquisas científicas. Revista Práxis, 3(6), 59-62. http://dx.doi.org/10.25119/praxis-3-6-566.
http://dx.doi.org/10.25119/praxis-3-6-56...
).

Apenas o estudo de Stagnitti & Lewis (2015)Stagnitti, K., & Lewis, F. M. (2015). Quality of pre-school children’s pretend play and subsequent development of semantic organization and narrative re-telling skills. International Journal of Speech-Language Pathology, 17(2), 148-158. http://dx.doi.org/10.3109/17549507.2014.941934.
http://dx.doi.org/10.3109/17549507.2014....
se encaixa nesta categoria. Eles investigaram se a qualidade do sequenciamento lógico das ações do faz de conta e o uso de símbolos de criança em idade pré-escolar previa sua organização semântica e capacidade de recontar narrativas quando estavam no início da escola primária. Os resultados indicaram que a complexidade das brincadeiras e sua capacidade de usar símbolos foram preditivas de habilidades de organização semântica. O uso de símbolos foi o preditor do brincar mais forte das habilidades de recontar uma narrativa. A qualidade da capacidade em elaborar sequências complexas em brincadeiras e usar símbolos previu até 20% da organização semântica e habilidades de recontar narrativa até 5 anos depois. Esses resultados trazem implicações clínicas importantes, contribuindo para o desenvolvimento de habilidades de linguagem subsequentes, permitindo que as crianças usem esse conhecimento para situações abstratas, resolução de problemas, crie hipóteses, promovendo seu sucesso acadêmico.

Estudos analíticos experimentais

Busca analisar determinada intervenção realizada junto à população e verificar se esta apresenta alterações no desfecho, demonstrando a recomendação ou não da sua utilização (Aragão, 2011Aragão, J. (2011). Introdução aos estudos quantitativos utilizados em pesquisas científicas. Revista Práxis, 3(6), 59-62. http://dx.doi.org/10.25119/praxis-3-6-566.
http://dx.doi.org/10.25119/praxis-3-6-56...
). Foram identificados 5 estudos nesta categoria, os quais usaram a ChIPPA como medida de desfecho.

O’Connor & Stagnitti (2011)O’Connor, C., & Stagnitti, K. (2011). Play, behaviour, language and social skills: the comparison of a play and a non-play intervention within a specialist school setting. Research in Developmental Disabilities, 32(3), 1205-1211. http://dx.doi.org/10.1016/j.ridd.2010.12.037.
http://dx.doi.org/10.1016/j.ridd.2010.12...
e Stagnitti et al. (2012)Stagnitti, K., O’Connor, C., & Sheppard, L. (2012). Impact of the Learn to Play program on play, social competence and language for children aged 5–8 years who attend a specialist school. Australian Occupational Therapy Journal, 59(4), 302-311. http://dx.doi.org/10.1111/j.1440-1630.2012.01018.x.
http://dx.doi.org/10.1111/j.1440-1630.20...
avaliaram crianças antes e após a implementação do programa Learn to Play (durante 6 meses em uma escola especial) e identificaram melhora nas habilidades sociais e de linguagem e diminuição nos comportamentos deficitários de brincadeira, perturbações sociais e desconexão social, indicando ser uma intervenção eficaz para crianças com déficits de desenvolvimento.

Stagnitti & Pfeifer (2017)Stagnitti, K., & Pfeifer, L. I. (2017). Methodological considerations for a directive play therapy approach for children with autism and related disorders. International Journal of Play Therapy, 26(3), 160-171. http://dx.doi.org/10.1037/pla0000049.
http://dx.doi.org/10.1037/pla0000049...
analisaram se crianças com autismo e transtornos relacionados podem desenvolver a capacidade de brincar espontaneamente, por meio do programa Learn to Play, e como esse conhecimento pode ser útil a terapeutas que desejam realizar pesquisas em sua prática clínica, bem como a aplicabilidade dessa terapia em objetivos e intervenções terapêuticas.

Adams et al. (2017)Adams, K. D., Rincón, A. M. R., Puyo, L. M. B., Cruz, J. L. C., Medina, M. F. G., Cook, A. M., & Encarnação, P. (2017). An exploratory study of children’s pretend play when using a switch-controlled assistive robot to manipulate toys. British Journal of Occupational Therapy, 80(4), 216-224. http://dx.doi.org/10.1177/0308022616680363.
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desenvolveram um protocolo de avaliação utilizando materiais da ChIPPA (brinquedos convencionais e não estruturados), com e sem o uso de um robô Lego Mindstorms (controlado por interruptor) para avaliar três tipos do brincar: Não Brincar, Brincar Funcional e Faz de Conta, com crianças em desenvolvimento típico. As crianças mais velhas tendem a usar mais o robô com os objetos não estruturados. O sistema de codificação desenvolvido para avaliar os esquemas do brincar pode apoiar pesquisas futuras com crianças com deficiência motora utilizando o robô assistivo no brincar, facilitando seu acesso à brincadeira e aos brinquedos.

Anu et al. (2019)Anu, N. R., Sugi, S., & Rajendran, K. (2019). Pretend play as a therapeutic modality to enhance social competence in children with autism spectrum disorder: a quasi-experimental study. The Indian Journal of Occupational Therapy, 51(3), 96-101. http://dx.doi.org/10.4103/ijoth.ijoth_11_19.
http://dx.doi.org/10.4103/ijoth.ijoth_11...
avaliaram o aumento da competência social de crianças com TEA, por meio da terapia Learn to Play (durante 6 meses). As crianças apresentaram melhora significativa nas habilidades do faz de conta e sociais, confirmando ser uma modalidade terapêutica eficaz para aumentar a competência social de crianças com TEA.

Estudos metodológicos de validação do instrumento

Envolvem o desenvolvimento, validação e avaliação de protocolos de medida (Melo et al., 2017Melo, W. S., Oliveira, P. J. F., Monteiro, F. P. M., Santos, F. C. A., Silva, M. J. N., Calderon, C. J., Fonseca, L. N. A., & Simão, A. A. C. (2017). Guia de atributos da competência política do enfermeiro: estudo metodológico. Revista Brasileira de Enfermagem, 70(3), 552-560. http://dx.doi.org/10.1590/0034-7167-2016-0483.
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). Três estudos dessa categoria foram conduzidos pela autora da ChIPPA, sendo os primeiros estudos publicados após o desenvolvimento da avaliação e um estudo realizado no Brasil.

Stagnitti & Unsworth (2004)Stagnitti, K., & Unsworth, C. (2004). The test–retest reliability of the child-initiated pretend play assessment. The American Journal of Occupational Therapy, 58(1), 93-99. http://dx.doi.org/10.5014/ajot.58.1.93.
http://dx.doi.org/10.5014/ajot.58.1.93...
estudaram a confiabilidade teste-reteste da ChIPPA. Os resultados forneceram evidências de que essa avaliação produz uma medida estável do comportamento lúdico que pode guiar os terapeutas no planejamento de estratégias de intervenção para crianças.

Swindells & Stagnitti (2006)Swindells, D., & Stagnitti, K. (2006). Pretend play and parents’ view of social competence: the construct validity of the Child-Initiated Pretend Play Assessment. Australian Occupational Therapy Journal, 53(4), 314-324. http://dx.doi.org/10.1111/j.1440-1630.2006.00592.x.
http://dx.doi.org/10.1111/j.1440-1630.20...
testaram a validade concorrente e os resultados mostraram que a competência social das crianças (conforme relatada pelos pais) não pode ser inferida com base nas pontuações da ChIPPA. Isso sugere que os pais interpretam o comportamento lúdico de seus filhos de forma diferente de um terapeuta, pois eles conhecem e compreendem seus filhos em um contexto diferente do que um profissional de saúde. Apesar disso, os resultados contribuem para a prática baseada em evidências da terapia ocupacional na primeira infância tanto em relação à clínica como em relação a pesquisas, na medida em que os terapeutas precisam estar cientes de como fazem perguntas e explicam os comportamentos aos pais ou responsáveis para sua melhor compreensão acerca das habilidades e competências dos filhos.

Uren & Stagnitti (2009)Uren, N., & Stagnitti, K. (2009). Pretend play, social competence and involvement in children aged 5–7 years: the concurrent validity of the Child-Initiated Pretend Play Assessment. Australian Occupational Therapy Journal, 56(1), 33-40. https://doi.org/10.1111/j.1440-1630.2008.00761.x.
https://doi.org/10.1111/j.1440-1630.2008...
testaram a validade de constructo e verificaram que as habilidades sociais de uma criança e a capacidade de se envolver em atividades escolares avaliadas pelos professores foram inferidas de suas pontuações na ChIPPA, com relações positivas significativas entre o brincar elaborado, substituição de objetos, envolvimento e interação entre pares e uma relação negativa significativa entre brincar elaborado, desconexão social e interrupção social. Isso sugere que as crianças com habilidades de faz de conta proficientes são socialmente competentes com os colegas e capazes de se envolverem em atividades de sala de aula.

Lucisano et al. (2021)Lucisano, R. V., Pfeifer, L. I., Santos, J. L. F., & Stagnitti, K. (2021). Construct validity of the Child-Initiated Pretend Play Assessment: For 3-year-old Brazilian children. Australian Occupational Therapy Journal, 63(1), 43-53. http://dx.doi.org/10.1111/1440-1630.12697.
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forneceram evidências de confiabilidade, consistência interna e teste de hipóteses da validade de construto da versão adaptada transculturalmente para o Brasil da ChIPPA em crianças brasileiras de 3 anos. Os processos de resposta e a estrutura interna da avaliação mostraram aumentos significativos na habilidade de elaborar brincadeiras de crianças de 3 anos para crianças de 3½ anos. Diferenças nas pontuações também foram encontradas para gênero e idade para brincar elaborado, substituição de objetos e habilidade de autoiniciar brincadeiras.

Estudos metodológicos de adaptação cultural do instrumento

Ocorrem quando um instrumento é desenvolvido em outra cultura e outra língua, adaptando-o às variações socioculturais (Borsa et al., 2012Borsa, J. C., Damásio, B. F., & Bandeira, D. R. (2012). Adaptação e Validação de Instrumentos Psicológicos entre Culturas: algumas Considerações. Paidéia, 22(53), 423-432. http://dx.doi.org/10.1590/S0103-863X2012000300014.
http://dx.doi.org/10.1590/S0103-863X2012...
). Nesse sentido, três estudos foram desenvolvidos em outras culturas, verificando sua aplicabilidade.

Pfeifer et al. (2011b)Pfeifer, L. I., Queiroz, M. A., Santos, J. L., & Stagnitti, K. (2011b). Cross-cultural adaptation and reliability of Child-Initiated Pretend Play Assessment (ChIPPA). Canadian Journal of Occupational Therapy, 78(3), 187-195. http://dx.doi.org/10.2182/cjot.2011.78.3.7.
http://dx.doi.org/10.2182/cjot.2011.78.3...
realizaram a adaptação transcultural para a população brasileira, avaliaram o uso de materiais lúdicos, a duração da avaliação e a confiabilidade. Os materiais lúdicos e a duração da avaliação foram adequados para crianças brasileiras e o processo utilizado na tradução foi útil para compreensão das diferenças culturais e adequação à nossa população. Os resultados do pré-teste indicaram que essa versão é potencialmente útil para crianças brasileiras. Porém, recomenda-se maior treinamento para melhorar a confiabilidade entre os avaliadores.

Dender & Stagnitti (2011)Dender, A., & Stagnitti, K. (2011). Development of the Indigenous Child-Initiated Pretend Play Assessment: selection of play materials and administration. Australian Occupational Therapy Journal, 58(1), 34-42. http://dx.doi.org/ 10.1111/j.1440-1630.2010.00905.x.
http://dx.doi.org/ 10.1111/j.1440-1630.2...
selecionaram os materiais lúdicos culturalmente apropriados e neutros em termos de gênero e realizaram mudanças na administração para desenvolver o I-ChIPPA e estabelecer sua confiabilidade na população indígena australiana. Os meninos e as meninas utilizaram majoritariamente os bonecos de cor mais escura e os animais pertencentes à sua região em relação aos materiais padronizados da ChIPPA. Esse foi o primeiro passo para o desenvolvimento do I-ChIPPA, havendo ainda a necessidade de refinar sua administração e pontuação, assim como sua validação, possibilitando intervenções apropriadas culturalmente às crianças indígenas.

Golchin et al. (2017)Golchin, M. D., Mirzakhani, N., Stagnitti, K., Golchin, M. D., & Rezaei, M. (2017). Psychometric properties of Persian version of “child-initiated pretend play assessment” for Iranian children. Iranian Journal of Pediatrics, 27(1), 1-8. http://dx.doi.org/10.5812/ijp.7053.
http://dx.doi.org/10.5812/ijp.7053...
realizaram a adaptação transcultural para a população persa, examinaram a validade de face e conteúdo, confiabilidade inter e intra-avaliador e reprodutibilidade. Foram alteradas algumas frases e substituidos porcos por cães, tornando-se mais apropriado culturalmente. A versão persa apresentou excelente confiabilidade interexaminador e intraexaminador, com validade de face e conteúdo apropriada.

Estudos descritivos

Buscam descrever a realidade, sem intenção de explicar ou intervir, sendo muito frequente na área de saúde, quando a opção principal é relatar estudos de casos iniciais.

Apenas o estudo de Fink et al. (2012)Fink, N., Stagnitti, K., & Galvin, J. (2012). Pretend play of children with acquired brain injury: an exploratory study. Developmental Neurorehabilitation, 15(5), 336-342. http://dx.doi.org/10.3109/17518423.2012.655798.
http://dx.doi.org/10.3109/17518423.2012....
se encaixa nesta categoria. Descreveu-se o faz de conta de 3 crianças com lesão cerebral adquirida, e como a fadiga cognitiva pode estar associada a déficits no brincar. O brincar fornece insights sobre o desenvolvimento infantil e oferece inferências a respeito de outras áreas do desenvolvimento infantil, pois a falta de complexidade na brincadeira está associada a limitações de atividades e dificuldade de se envolver em atividades em sala de aula, linguagem e interações sociais. Observou-se variedade de habilidades lúdicas, sendo que duas crianças pontuaram abaixo e uma criança pontuou acima do esperado para sua idade. Nenhuma criança conseguiu manter seu envolvimento no faz de conta completando o tempo da avaliação, sugerindo-se que isso está relacionado à fadiga cognitiva.

Os estudos aqui apresentados se referem ao total de publicações sobre a ChIPPA, demonstrando o rigor metodológico na construção, validação e adaptação dessa medida de desfecho, assim como apresentando resultados confiáveis que fornecem uma base de evidências e proporcionam uso seguro na prática clínica, beneficiando e respaldando os terapeutas ocupacionais em seu raciocínio clínico por meio de uma avaliação que é baseada na ocupação.

Cabe destacar que este estudo sobre como a ChIPPA tem sido aplicada desde sua elaboração até a atualidade contribui para sua expansão não só em relação à visibilidade de sua aplicabilidade em diferentes tipos de populações em diferentes países, mas também como medida confiável e reprodutível para aumento progressivo das produções científicas nacionais e internacionais.

Conclusão

Os resultados aqui apresentados permitem discutir sobre a realidade das pesquisas de aplicação de uma avaliação do faz de conta no âmbito nacional e internacional.

Por meio desta revisão, é possível verificar que a ChIPPA tem sido descrita como uma avaliação do faz de conta que permite identificar a correlação com as habilidades verbais, sociais, de processamento sensorial e acadêmicas; os temas das brincadeiras e o nível do faz de conta das crianças. Além disso, a ChIPPA pode ser utilizada como medida de desfecho para identificar a eficácia de intervenções terapêuticas, possibilitando um acompanhamento do processo terapêutico em contextos clínicos e escolares.

Os estudos localizados no presente estudo trabalho que a ChIPPA é um instrumento válido, confiável e que permite avaliar e descrever o faz de conta de crianças entre 3 e 7 anos com desenvolvimento típico ou com diferentes diagnósticos clínicos, em diferentes contextos e países, inclusive no Brasil.

Ainda são restritos os estudos com aplicabilidade da ChIPPA, embora se reconheçam as propriedades psicométricas da avaliação garantindo sua utilização na prática clínica como avaliação padronizada e de mensuração confiável para as intervenções terapêuticas.

Dessa forma, considera-se a ChIPPA uma ferramenta adequada para avaliar o desempenho lúdico em relação ao faz de conta de crianças brasileiras pré-escolares.

  • 1
    O kit, o manual e as folhas de avaliação e pontuação são comercializados pelo Learn to Play (2022)Learn to Play. (2022). Child-Initiated Pretend Play Assessment-2 (ChIPPA-2) KIT. Recuperado em 1 de fevereiro de 2022, de https://www.learntoplayevents.com/product/child-initiated-pretend-play-assessment-2-chippa-2-kit/
    https://www.learntoplayevents.com/produc...
    .
  • Como citar: Lucisano, R. V., Pfeifer, L. I., & Stagnitti, K. (2022). O uso da Avaliação do Brincar de Faz de Conta Iniciado pela Criança – ChIPPA: uma revisão de escopo. Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional, 30, e3260. https://doi.org/10.1590/2526-8910.ctoAR248932601
  • Fonte de Financiamento

    O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Brasil (CAPES) – Código de Financiamento 001.

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Editado por

Editora de seção

Profa. Dra. Tatiana Pontes

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    26 Ago 2022
  • Data do Fascículo
    2022

Histórico

  • Recebido
    01 Fev 2022
  • Revisado
    08 Fev 2022
  • Aceito
    17 Maio 2022
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