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O telemonitoramento como estratégia de intervenção da terapia ocupacional com crianças e adolescentes com transtorno do espectro autista no contexto pandêmico

Resumo

Introdução

A terapia ocupacional tem atuado na perspectiva do cotidiano dos sujeitos e de seus modos de viver, tendo em vista as transformações, impactos e consequências geradas pela pandemia da COVID-19. Dentre as possibilidades de atuação do terapeuta ocupacional, tem-se o telemonitoramento.

Objetivo

Relatar a experiência de um projeto de extensão universitária no que tange ao telemonitoramento de crianças e adolescentes com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e suas famílias.

Método

A equipe do projeto é composta por uma docente do departamento de terapia ocupacional e alunas de pós-graduação e graduação. Foi realizado um levantamento das demandas e interesses das famílias, sendo posteriormente selecionados treze crianças e dois adolescentes para as ações de telemonitoramento.

Resultados

As intervenções visaram à organização do cotidiano, rotina e orientação familiar. Aponta-se que o cuidado ofertado não se restringiu ao núcleo familiar, de forma que também foi realizado acompanhamento regular e apoio às equipes escolares.

Conclusão

O telemonitoramento possibilitou a continuidade do cuidado, promovendo o acolhimento, escuta qualificada e orientação, com base no que tem sido proposto pelas diretrizes de cuidado e políticas públicas.

Palavras-chave:
Terapia Ocupacional; Transtorno do Espectro Autista; Telemonitoramento; Infecções por coronavírus

Abstract

Introduction

Occupational Therapy has acted from the perspective of the subjects' daily lives and their ways of living, given the transformations, impacts, and consequences generated by the pandemic of COVID-19. Among the possibilities of work of the occupational therapist, there is telemonitoring.

Objective

To report an experience of a university extension project regarding the telemonitoring of children and adolescents with Autistic Spectrum Disorder (ASD) and their families.

Method

The project team is composed of a teacher from Occupational Therapy Department, and graduate and undergraduate students. A survey of the demands and interests of the families was carried out, and thirteen children and two teenagers were subsequently selected for telemonitoring actions.

Results

The interventions are aimed at an organization of daily life, routine, and family orientation. It is pointed out that the care offered was not restricted to the family nucleus, so regular monitoring and support for school teams were also carried out.

Conclusion

Telemonitoring enabled the continuity of care, as well as support for the care network, promoting a welcoming, qualified listening and guidance, based on what has been proposed by the care guidelines and public policies.

Keywords:
Occupational Therapy; Autism Spectrum Disorder; Telemonitoring; Coronavirus infections

Introdução

O ano de 2020 foi marcado pelo surgimento e propagação da COVID-19, uma doença infecciosa provocada por um vírus da família dos coronavírus (SARS-CoV-2), o qual foi detectado pela primeira vez em 31 de dezembro de 2019, em Wuhan, na China. Desde então, o mundo começou a enfrentar mudanças em diferentes esferas devido à necessidade de controle da propagação do vírus (Organizacíon Mundial de la Salud, 2021Organizacíon Mundial de la Salud – OMS. (2021). Brote de enfermedad por coronavirus (COVID-19). Recuperado em 15 de julho de 2021, de https://www.who.int/es/emergencies/diseases/novel-coronavirus-2019
https://www.who.int/es/emergencies/disea...
).

Aponta-se que alguns grupos sociais têm sido mais impactados pela COVID-19, tendo em vista a vulnerabilidade presente, a dificuldade no acesso aos equipamentos de saúde e a desigualdade social (Rodrigues et al., 2020; Lima et al., 2020Lima, S. O., Silva, M. A., Santos, M. L. D., Moura, A. M. M., Sales, L. G. D., Menezes, L. H. S., Nascimento, G. H. B., Oliveira, C. C. C., Reis, F. P., & Jesus, C. V. F. (2020). Impactos no comportamento e na saúde mental de grupos vulneráveis em época de enfrentamento da infecção COVID-19: revisão narrativa. Revista Eletrônica Acervo Saúde, 46(46), 1-8. http://dx.doi.org/10.25248/reas.e4006.2020.
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; Demenech et al., 2020Demenech, L. M., Dumith, S. D. C., Vieira, M. E. C. D., & Neiva-Silva, L. (2020). Desigualdade econômica e risco de infecção e morte por COVID-19 no Brasil. Revista Brasileira de Epidemiologia, 23, 1-12. http://dx.doi.org/10.1590/1980-549720200095.
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). Nesse contexto, têm-se as crianças e adolescentes com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e suas famílias, os quais foram severamente afetados pela pandemia e pelas medidas de controle e segurança adotadas pelos governos (Fernandes et al., 2021Fernandes, A. D. S. A., Speranza, M., Mazak, M. S. R., Gasparini, D. A., & Cid, M. F. B. (2021). Desafios cotidianos e possibilidades de cuidado às crianças e adolescentes com Transtorno do Espectro Autista (TEA) frente à COVID-19. Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional, 29, 401-404. http://dx.doi.org/10.1590/2526-8910.ctoAR2121.
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).

É conhecido que os indivíduos com TEA possuem dificuldades para lidar com mudanças na rotina e com a falta de previsibilidade, as quais, diante de um cenário pandêmico e das medidas adotadas, tendem a se intensificar, gerando estresse, insegurança e ansiedade. Além disso, as próprias características presentes no quadro, por vezes, poderão limitar a compreensão do momento atual e das medidas adotadas, podendo ser um obstáculo para a adaptação a essa nova realidade (Machado, 2019Machado, G. D. S. (2019). A importância da rotina para crianças autistas na educação básica. Revista Gepesvida, 5(10), 100-114.).

Estudos recentes têm se debruçado a investigar a realidade vivenciada por essa população e as possibilidades de cuidado durante a pandemia da COVID-19 (Rodríguez & Cordero, 2020Rodríguez, I. D. C., & Cordero, A. R. (2020). Repercusión psicológica en niños con Trastorno del espectro autista durante el confinamiento por COVID-19. MULTIMED, 24(3), 690-707. Recuperado em 5 de dezembro de 2020, de http://www.revmultimed.sld.cu/index.php/mtm/article/view/1978
http://www.revmultimed.sld.cu/index.php/...
; Echavarría-Ramírez et al., 2020Echavarría-Ramírez, L., Díaz-Reyes, D. V., & Narzisi, A. (2020). Trastorno del espectro autista: pautas para el manejo durante el periodo de aislamiento social por el coronavirus (covid-19). Cuadernos de Neuropsicología: Panamerican Journal of Neuropsychology, 14(1), 35-41. http://dx.doi.org/10.7714/CNPS/14.1.205.
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; Fernandes et al., 2021Fernandes, A. D. S. A., Speranza, M., Mazak, M. S. R., Gasparini, D. A., & Cid, M. F. B. (2021). Desafios cotidianos e possibilidades de cuidado às crianças e adolescentes com Transtorno do Espectro Autista (TEA) frente à COVID-19. Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional, 29, 401-404. http://dx.doi.org/10.1590/2526-8910.ctoAR2121.
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; Narzisi, 2020Narzisi, A. (2020). Handle the autism spectrum condition during Coronavirus (COVID-19) Stay at home period: ten tips for helping parents and caregivers of young children. Brain Sciences, 10(4), 1-4. http://dx.doi.org/10.3390/brainsci10040207.
http://dx.doi.org/10.3390/brainsci100402...
; Yahya & Khawaja, 2020Yahya, A. S., & Khawaja, S. (2020). Supporting patients with autism during COVID-19. The Primary Care Companion for CNS Disorders, 22(4), 20-26. http://dx.doi.org/10.4088/PCC.20com02668.
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; Colizzi et al., 2020Colizzi, M., Sironi, E., Antonini, F., Ciceri, L. M., Bovo, C., & Zoccante, L. (2020). Psychosocial and behavioral impact of COVID-19 in autism spectrum disorder: an online parent survey. Brain Sciences, 10(6), 1-14. http://dx.doi.org/10.3390/brainsci10060341.
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).

Rodríguez & Cordero (2020)Rodríguez, I. D. C., & Cordero, A. R. (2020). Repercusión psicológica en niños con Trastorno del espectro autista durante el confinamiento por COVID-19. MULTIMED, 24(3), 690-707. Recuperado em 5 de dezembro de 2020, de http://www.revmultimed.sld.cu/index.php/mtm/article/view/1978
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, por meio de uma pesquisa de revisão bibliográfica, revelaram a existência de possíveis alterações na saúde mental de crianças com TEA nesse período, traduzidas em mudanças comportamentais como agressividade, irritabilidade, alterações no sono e intensificação das estereotipias. Com base nesses achados, os autores sugerem algumas possibilidades de cuidado, como, por exemplo, manter uma alimentação saudável respeitando as preferências da criança, ter um horário de sono estabelecido, realizar um cronograma de atividades físicas e brincadeiras, além de suporte profissional.

Na pesquisa italiana de Colizzi et al. (2020)Colizzi, M., Sironi, E., Antonini, F., Ciceri, L. M., Bovo, C., & Zoccante, L. (2020). Psychosocial and behavioral impact of COVID-19 in autism spectrum disorder: an online parent survey. Brain Sciences, 10(6), 1-14. http://dx.doi.org/10.3390/brainsci10060341.
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, realizada com 527 famílias de forma remota, os resultados apontaram que 93,9% dos participantes consideram esse período como algo desafiador. Além disso, os familiares relataram dificuldade em administrar questões relacionadas às Atividades de Vida Diária (AVD), além da maior gravidade e frequência nos problemas de comportamento nos indivíduos com TEA. A pesquisa também evidenciou que 47% dos familiares participantes alegaram uma carência no apoio dos serviços de saúde durante a pandemia.

Nessa direção, a literatura também tem sinalizado que os cuidados em saúde mental são subestimados e a escassez de serviços torna o enfrentamento a essa realidade ainda mais complexo e fatigante (Duan & Zhu, 2020Duan, L., & Zhu, G. (2020). Psychological interventions for people affected by the COVID-19 epidemic. The Lancet. Psychiatry, 7(4), 300-302. http://dx.doi.org/10.1016/S2215-0366(20)30073-0.
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). Duan & Zhu (2020)Duan, L., & Zhu, G. (2020). Psychological interventions for people affected by the COVID-19 epidemic. The Lancet. Psychiatry, 7(4), 300-302. http://dx.doi.org/10.1016/S2215-0366(20)30073-0.
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, Ornell et al. (2020)Ornell, F., Schuch, J. B., Sordi, A. O., & Kessler, F. H. P. (2020). “Pandemic fear” and COVID-19: mental health burden and strategies. The British Journal of Psychiatry, 42(3), 232-235. http://dx.doi.org/10.1590/1516-4446-2020-0008.
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e Lima et al. (2020)Lima, S. O., Silva, M. A., Santos, M. L. D., Moura, A. M. M., Sales, L. G. D., Menezes, L. H. S., Nascimento, G. H. B., Oliveira, C. C. C., Reis, F. P., & Jesus, C. V. F. (2020). Impactos no comportamento e na saúde mental de grupos vulneráveis em época de enfrentamento da infecção COVID-19: revisão narrativa. Revista Eletrônica Acervo Saúde, 46(46), 1-8. http://dx.doi.org/10.25248/reas.e4006.2020.
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revelam a falta de investimento e preparo diante de crises sanitárias mundiais e o quanto ainda é necessário repensar as práticas de saúde mental nos serviços. Considera-se que, com a imprevisibilidade de alguns acontecimentos, como foi o caso da pandemia da COVID-19, os serviços e profissionais não se encontram preparados em termos de recursos humanos e estruturais para responder às demandas emergentes (Duan & Zhu, 2020Duan, L., & Zhu, G. (2020). Psychological interventions for people affected by the COVID-19 epidemic. The Lancet. Psychiatry, 7(4), 300-302. http://dx.doi.org/10.1016/S2215-0366(20)30073-0.
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).

Assim, diante da necessidade de criar estratégias de enfrentamento da COVID-19, diferentes categorias profissionais têm se posicionado de forma a reafirmar e refletir sobre as possíveis contribuições nesse cenário. Nessa direção, a terapia ocupacional tem atuado na perspectiva do cotidiano dos sujeitos e de seus modos de viver, tendo em vista as transformações, impactos e consequências geradas pela pandemia (Malfitano et al., 2020Malfitano, A. P. S., Cruz, D. M. C. D., & Lopes, R. E. (2020). Terapia ocupacional em tempos de pandemia: seguridade social e garantias de um cotidiano possível para todos. Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional, 28(2), 401-404. http://dx.doi.org/10.4322/2526-8910.ctoED22802.
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). Galheigo (2020)Galheigo, S. M. (2020). Terapia Ocupacional, cotidiano e a tessitura da vida: aportes teórico-conceituais para a construção de perspectivas críticas e emancipatórias. Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional, 28(1), 5-25. http://dx.doi.org/10.4322/2526-8910.ctoAO2590.
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compreende o cotidiano com base na construção sócio-histórica que possibilita conhecer as condições de existência tanto dos sujeitos como dos coletivos. Assim, o cotidiano é um “[...] espaço-tempo no qual o sujeito, individual ou coletivo, de modo imediato e nem sempre consciente, acessa oportunidades e recursos, enfrenta adversidades e limites, toma decisões, adota mecanismos de resistência e inventa novos modos de ser, estar, viver e fazer” (Galheigo, 2020Galheigo, S. M. (2020). Terapia Ocupacional, cotidiano e a tessitura da vida: aportes teórico-conceituais para a construção de perspectivas críticas e emancipatórias. Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional, 28(1), 5-25. http://dx.doi.org/10.4322/2526-8910.ctoAO2590.
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, p. 15).

Dentre as possibilidades de atuação do terapeuta ocupacional, tem-se os teleatendimentos – consulta, consultoria ou monitoramento (Brasil, 2020Brasil. Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional – COFFITO. (2020, 20 de março). Resolução nº 516, de 20 de março de 2020. Dispõe sobre Teleconsulta, Telemonitoramento e Teleconsultoria. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, seção 1, p. 184.) – ou telessaúde, como define a American Occupational Therapy Association (AOTA), para regulamentar serviços prestados por meio da tecnologia (American Occupational Therapy Association, 2018).

Segundo o Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (Brasil, 2020Brasil. Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional – COFFITO. (2020, 20 de março). Resolução nº 516, de 20 de março de 2020. Dispõe sobre Teleconsulta, Telemonitoramento e Teleconsultoria. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, seção 1, p. 184.), a teleconsulta consiste na consulta clínica registrada e realizada pelo fisioterapeuta ou terapeuta ocupacional a distância e a teleconsultoria se constitui na comunicação registrada e realizada entre profissionais, gestores e outros interessados da área de saúde. Já o telemonitoramento, foco do presente estudo, seria o acompanhamento a distância, por meio de aparelhos tecnológicos, de um paciente atendido previamente de forma presencial. Nessa modalidade, o fisioterapeuta ou terapeuta ocupacional pode utilizar métodos síncronos e assíncronos, como também deve decidir sobre a necessidade de encontros presenciais para a reavaliação, sempre que necessário.

Considera-se que, no Brasil, regulamentados pelo COFFITO, os teleatendimentos tem viabilizado o não interrompimento total dos cuidados prestados aos grupos populacionais assistidos (Brasil, 2020Brasil. Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional – COFFITO. (2020, 20 de março). Resolução nº 516, de 20 de março de 2020. Dispõe sobre Teleconsulta, Telemonitoramento e Teleconsultoria. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, seção 1, p. 184.), sendo uma das poucas estratégias existentes que possibilitam a manutenção do cuidado, ainda que de forma remota.

Por se tratar de uma modalidade de cuidado recentemente adotada pelos profissionais no contexto atual, há uma escassez de estudos disponíveis na literatura que se debruçam a investigar suas potências e limitações. Baseado em uma breve revisão na literatura, foram encontrados apenas dois estudos que abordam a estratégia do teleatendimento envolvendo terapeutas ocupacionais durante a pandemia da COVID-19 junto a crianças e adolescentes com TEA (Pereira et al., 2020 Pereira, M., de Magalhães, A. C., Santos, L., Santos, M., Ribeiro, M., Abtibol, T., & França, V. (2020). Isolados e conectados: atendimento psicossocial de crianças e seus familiares em tempo de distanciamento social. Health Residencies Journal-HRJ, 1(2), 23-43.; Priyadharsini & Chiang, 2020Priyadharsini, H., & Chiang, J. J. (2020). Embracing telehealth: supporting young children and families through occupational therapy in Singapore during COVID-19. World Federation of Occupational Therapists Bulletin, 76(2), 90-93. http://dx.doi.org/10.1080/14473828.2020.1822574.
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).

Com base em um relato de experiência, Pereira et al. (2020) Pereira, M., de Magalhães, A. C., Santos, L., Santos, M., Ribeiro, M., Abtibol, T., & França, V. (2020). Isolados e conectados: atendimento psicossocial de crianças e seus familiares em tempo de distanciamento social. Health Residencies Journal-HRJ, 1(2), 23-43. descreveram a experiência de telemonitoramento com 17 famílias de crianças que apresentavam sofrimento psíquico e que eram atendidas anteriormente em um ambulatório de saúde mental infantil no Distrito Federal. Os autores apontam que o contato dos profissionais de saúde com os usuários por meio dos telemonitoramentos possibilitou a continuidade do cuidado por meio da escuta, de orientações e de informações, visando à atenuação do sofrimento psíquico.

O estudo de Priyadharsini & Chiang (2020)Priyadharsini, H., & Chiang, J. J. (2020). Embracing telehealth: supporting young children and families through occupational therapy in Singapore during COVID-19. World Federation of Occupational Therapists Bulletin, 76(2), 90-93. http://dx.doi.org/10.1080/14473828.2020.1822574.
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desenvolvido em Cingapura, embora aponte os benefícios dos teleatendimentos e a potência para a terapia ocupacional, sinaliza alguns desafios durante esse processo. Dentre eles, destacam-se a distração dos pais durante o teleatendimento, a não efetividade em treinar habilidades motoras das crianças e a questão econômica/social, uma vez que muitas famílias não tinham acesso a internet e, consequentemente, não conseguiam participar dos teleatendimentos.

Diante dessa contextualização, considera-se relevante refletir sobre o cuidado às crianças e adolescentes com TEA nesse período pandêmico, uma vez que os impactos gerados pelas interrupções de rotina e dos tratamentos têm intensificado o sofrimento dessa população, de modo a afetar toda a composição familiar.

Apesar das fragilidades encontradas, os autores têm afirmado a potência de ações dessa natureza, sendo fundamental mais estudos para que se possa avançar nas possibilidades de atuação do terapeuta ocupacional. Além disso, acredita-se que, devido à extensão da pandemia e das incertezas futuras, os telemonitoramentos podem ser adotados como uma possibilidade de cuidado em longo prazo.

Portanto, o presente estudo tem como objetivo relatar a experiência de um projeto de extensão universitária no que tange ao telemonitoramento de crianças e adolescentes com TEA e suas famílias, que passavam por atendimento em terapia ocupacional anterior à pandemia.

Método

Trata-se do relato de experiência de um projeto extensionista vinculado a um ambulatório de média complexidade (atenção especializada) de um município de médio porte do interior do Estado de São Paulo. O ambulatório é considerado uma Unidade Acadêmica Multidisciplinar de uma Universidade Federal, que tem como objetivo formar pessoas por meio da assistência interprofissional em saúde, com base na indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão, tendo em vista a humanização e a integralidade do cuidado. Os atendimentos ocorrem via referência da atenção básica e de todos os pontos da rede de saúde, assistência social e educação.

Participaram dessa ação extensionista 13 crianças e 2 adolescentes e suas famílias que já eram atendidos pelo setor de terapia ocupacional no ambulatório. Foram selecionados para participação aqueles que apresentavam interesse pelo telemonitoramento, que tivessem disponibilidade de tempo, uma vez que grande parte dos encontros seria com as próprias famílias, e que possuíssem recursos/equipamentos tecnológicos como computador/celular e internet.

Quanto à equipe do projeto, essa foi composta por uma docente do curso de terapia ocupacional, doze alunas de graduação e uma de pós-graduação, sendo que as ações foram desenvolvidas por meio de telemonitoramentos síncronos ou assíncronos e de supervisão clínica semanal, entre os meses de agosto a dezembro do ano de 2020. Assim, semanalmente, as alunas realizavam os telemonitoramentos com as famílias em dia e horário previamente estabelecidos; posteriormente, havia um encontro coletivo remoto de quatro horas com toda a equipe do projeto, em que os casos atendidos eram apresentados e discutidos por meio da supervisão clínica realizada pela docente responsável pelo projeto.

Antes de iniciar as atividades, foi aplicado com as famílias um instrumento online (Google Forms) para coleta de informações sobre a criança/adolescente, família e demandas apresentadas. Por meio de uma análise descritiva das informações coletadas, foi possível discutir e elaborar o plano de intervenção junto às famílias, que se pautou em três eixos, conforme será apresentado e detalhado nos resultados: 1) O cotidiano como eixo central/pano de fundo do cuidado; 2) A participação da família e a necessidade de apoio e cuidado às mesmas; e 3) A importância da rede intersetorial: a articulação entre a saúde e educação. Aponta-se que o plano de intervenção era revisto sistematicamente, conforme os resultados alcançados, dificuldades enfrentadas e surgimento de novas demandas.

Visando a uma melhor compreensão de todo processo, apresentam-se a seguir as etapas adotadas para dar início às ações:

  • ETAPA 1: Foram identificadas e selecionadas 13 crianças e 2 adolescentes para serem acompanhados por telemonitoramento, tendo em vista o interesse e disponibilidade das famílias;

  • ETAPA 2: Coleta de informações sobre a criança/adolescente, família e demandas apresentadas mediante o Google Forms;

  • ETAPA 3: Foi acordada com as famílias a proposta das intervenções, assim como a frequência dos encontros, as ferramentas e equipamentos de comunicação a serem utilizados;

  • ETAPA 4: Início do telemonitoramento com as crianças, adolescentes, famílias e a rede de cuidados.

Cabe dizer que este projeto, no campo da saúde mental, pauta-se no referencial teórico-metodológico da Atenção Psicossocial (Yasui, 2009Yasui, S. (2009). A atenção psicossocial e os desafios do contemporâneo: um outro mundo é possível. Cadernos Brasileiros de Saúde Mental, 1(1), 109-118. Recuperado em 13 de dezembro de 2020, de https://periodicos.ufsc.br/index.php/cbsm/article/view/68432
https://periodicos.ufsc.br/index.php/cbs...
; Costa-Rosa, 2013Costa-Rosa, A. (2013). Atenção psicossocial além da Reforma Psiquiátrica: contribuições a uma clínica crítica dos processos de subjetivação na saúde coletiva. São Paulo: UNESP.), com base em alguns pilares de sustentação do cuidado psicossocial em oposição ao asilar, como o trabalho em rede intersetorial, exercício da cidadania, estímulo da autonomia, respeito à subjetividade, integralidade do cuidado, inclusão dos familiares no processo assistência, entre outros (Yasui, 2009Yasui, S. (2009). A atenção psicossocial e os desafios do contemporâneo: um outro mundo é possível. Cadernos Brasileiros de Saúde Mental, 1(1), 109-118. Recuperado em 13 de dezembro de 2020, de https://periodicos.ufsc.br/index.php/cbsm/article/view/68432
https://periodicos.ufsc.br/index.php/cbs...
; Costa-Rosa, 2013Costa-Rosa, A. (2013). Atenção psicossocial além da Reforma Psiquiátrica: contribuições a uma clínica crítica dos processos de subjetivação na saúde coletiva. São Paulo: UNESP.).

Somada à Atenção Psicossocial, considera-se que as ações relatadas, com base no núcleo da terapia ocupacional, sustentam-se na perspectiva do cotidiano (Galheigo et al., 2018Galheigo, S. M., Braga, C. P., Arthur, M. A., & Matsuo, C. M. (2018). Produção de conhecimento, perspectivas e referências teórico-práticas na terapia ocupacional brasileira: marcos e tendências em uma linha do tempo. Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional, 26(4), 723-738. http://dx.doi.org/10.4322/2526-8910.ctoAO1773.
http://dx.doi.org/10.4322/2526-8910.ctoA...
). Na Atenção Psicossocial, almeja-se que as práticas sejam transversais às histórias de vidas e à cotidianidade das pessoas nos serviços de saúde mental (Fernandes, 2014Fernandes, A. D. S. A. (2014). Cotidiano de Adolescentes vinculados a um Centro de Atenção Psicossocial Infantojuvenil (CAPSi): realidade e perspectiva (Dissertação de mestrado). Universidade Federal de São Carlos, São Carlos.).

Resultados e Discussão

Os resultados serão apresentados por meio de 3 eixos temáticos, tendo em vista o enfoque das ações desenvolvidas. Nessa direção, pretende-se apontar as potências, fragilidades e perspectivas identificadas.

O cotidiano como eixo central/pano de fundo do cuidado

Por meio do formulário utilizado para levantamento das demandas, foi identificado que a maior parte das dificuldades e fragilidades se referiam ao cotidiano, desencadeadas com a mudança da rotina diante das medidas de segurança adotadas na pandemia. Nesse sentido, no primeiro contato com a família, foram prevalentes as dificuldades relativas ao sono da criança, banho, alimentação, realização das atividades escolares e o brincar.

De modo geral, identificou-se, por meio do relato dos familiares e do formulário online aplicado, que o distanciamento físico das atividades realizadas diariamente, como escola, projetos sociais, aulas particulares, visita aos parentes, passeios aos finais de semana e terapias, impactou significativamente no desenvolvimento da criança/adolescente, sendo também relatados alguns regressos no âmbito da independência, autonomia, relações e participação social.

A título de exemplo, a criança que já apresentava maior independência nas atividades de vida diária (alimentação, banho) passou a demandar mais dos familiares na execução dessas atividades, assim como passou a utilizar menos a linguagem verbal para se comunicar no contexto domiciliar, dificultando também a interação social com irmãos e os pais. Além disso, as famílias apontaram que algumas características clínicas do quadro se intensificaram, dificultando a realização de algumas atividades cotidianas, por exemplo: aumento das alterações sensoriais, baixa tolerância a mudanças na rotina, maior seletividade alimentar, comportamentos e interesses restritos.

Observa-se, por meio do relato de experiência de telemonitoramento de Pereira et al. (2020) Pereira, M., de Magalhães, A. C., Santos, L., Santos, M., Ribeiro, M., Abtibol, T., & França, V. (2020). Isolados e conectados: atendimento psicossocial de crianças e seus familiares em tempo de distanciamento social. Health Residencies Journal-HRJ, 1(2), 23-43. as mesmas demandas de cuidado encontradas no presente estudo, de forma que as autoras sugerem a organização de rotina como ferramenta importante para contribuir com a construção de um cotidiano mais estruturado, visando oferecer maior segurança às crianças e seus familiares.

Por meio da identificação dessas demandas, as intervenções foram organizadas de forma a promover o acolhimento das famílias, a escuta qualificada e o desenvolvimento de ações voltadas para o enfrentamento das dificuldades, visando ao desenvolvimento da criança, à estruturação e ressignificação do cotidiano, ao exercício da cidadania e à inclusão social- pilares de sustentação do cuidado psicossocial às crianças e adolescentes (Fernandes et al., 2020Fernandes, A. D. S. A., Matsukura, T. S., Lussi, I. A. O., Ferigato, S. H., & Morato, G. G. (2020). Reflexões sobre a atenção psicossocial no campo da saúde mental infantojuvenil. Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional, 28(2), 725-740. http://dx.doi.org/10.4322/2526-8910.ctoARF1870.
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).

Para tanto, foi orientado às famílias sobre como facilitar a realização de algumas atividades por meio da disponibilização de quadro de rotina, fichas para suporte visual e comunicação e adaptações ambientais. Aponta-se que esses recursos foram elaborados respeitando a subjetividade singularizada dos sujeitos de forma que não só fizesse sentido no cotidiano, mas também que fomentasse a participação ativa da própria criança/adolescente e de sua família na proposição de tais rotinas, conforme tem sido previsto pela atenção psicossocial (Costa Rosa, 2006; Argiles et al., 2017Argiles, C. T., Kantorski, L. P., Willrich, J. Q., & Coimbra, V. C. (2017). Processos de singularização no modo psicossocial. Physis, 27(1), 61-77. http://dx.doi.org/10.1590/s0103-73312017000100004.
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; Fernandes et al., 2021Fernandes, A. D. S. A., Speranza, M., Mazak, M. S. R., Gasparini, D. A., & Cid, M. F. B. (2021). Desafios cotidianos e possibilidades de cuidado às crianças e adolescentes com Transtorno do Espectro Autista (TEA) frente à COVID-19. Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional, 29, 401-404. http://dx.doi.org/10.1590/2526-8910.ctoAR2121.
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).

Os quadros de rotina foram confeccionados com imagens da própria criança realizando as atividades e de seus interesses particulares. As fichas de suporte visual foram pensadas de acordo com demandas específicas, conforme sinalizado pelas famílias, como se apresenta nas Figuras 1 e 2.

Figura 1
Fichas de suporte visual.
Figura 2
Atividade do relógio para organização da rotina.

É importante salientar que foram realizadas as orientações necessárias para o uso desses recursos, assim como foi feito o acompanhamento semanal remoto para sanar possíveis dúvidas e dificuldades. Além disso, dicas de atividades e orientações quanto a sua realização foram abordadas com os familiares por meio do desenvolvimento de e-books ilustrativos personalizados com recursos já existentes em casa, visando favorecer o brincar funcional e simbólico nas crianças. No caso das crianças muito agitadas e com alterações sensoriais, foi feita uma avaliação individual e estabelecida uma rotina de atividades por meio de uma dieta sensorial. Para alguns comportamentos disruptivos, como birras intensas, foram fornecidas dicas de estratégias comportamentais para manejo das situações.

Mediante as estratégias apresentadas, identifica-se que a terapia ocupacional é uma profissão que, por meio da atividade, viabiliza o cuidado no cotidiano de forma que a vida diária pode ser vista como pano de fundo pelo qual a terapia ocupacional pode se orientar (Castro et al., 2001Castro, E. D., Lima, E. M. F. A., & Brunello, M. I. B. (2001). Atividades humanas e Terapia ocupacional. In M. M. R. P. De Carlo & C. C. Bartalotti (Eds.), Terapia Ocupacional no Brasil: fundamentos e perspectivas (pp. 41-59). São Paulo: Plexus.; Fernandes, 2014Fernandes, A. D. S. A. (2014). Cotidiano de Adolescentes vinculados a um Centro de Atenção Psicossocial Infantojuvenil (CAPSi): realidade e perspectiva (Dissertação de mestrado). Universidade Federal de São Carlos, São Carlos.).

O conceito de cotidiano se tornou interesse da terapia ocupacional desde o Século XXI, pois se entende que é com base em sua construção que o sujeito estabelece uma forma de fazer e de se relacionar com a vida (Castro et al., 2001Castro, E. D., Lima, E. M. F. A., & Brunello, M. I. B. (2001). Atividades humanas e Terapia ocupacional. In M. M. R. P. De Carlo & C. C. Bartalotti (Eds.), Terapia Ocupacional no Brasil: fundamentos e perspectivas (pp. 41-59). São Paulo: Plexus.). Dessa forma, é relevante para o terapeuta ocupacional entender o que e como as pessoas fazem, como usufruem o tempo e como o contexto social interfere em sua vida. Sendo assim, esse profissional utiliza o cotidiano como instrumento de atenção, construção e transformação da vida, sabendo que sua ruptura interfere diretamente na saúde física e mental (Salles & Matsukura, 2013Salles, M. M., & Matsukura, T. S. (2013). Estudo de revisão sistemática sobre o uso do conceito de cotidiano no campo da terapia ocupacional no Brasil. Cadernos de Terapia Ocupacional da UFSCar, 21(2), 265-273. http://dx.doi.org/10.4322/cto.2013.028.
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).

Nessa perspectiva, o cotidiano se mostra como base norteadora da prática emancipatória em nossa atuação profissional, de maneira a ressignificar o olhar frente às demandas e obstáculos que encontramos com os sujeitos assistidos (Galheigo et al., 2018Galheigo, S. M., Braga, C. P., Arthur, M. A., & Matsuo, C. M. (2018). Produção de conhecimento, perspectivas e referências teórico-práticas na terapia ocupacional brasileira: marcos e tendências em uma linha do tempo. Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional, 26(4), 723-738. http://dx.doi.org/10.4322/2526-8910.ctoAO1773.
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). Sendo assim, na atuação com as crianças e adolescentes acompanhados nesse projeto de extensão, buscou-se ampliar os horizontes e trazer emancipação no cotidiano, ao elaborar recursos, orientações e atividades, os quais, de acordo com Galheigo et al. (2018)Galheigo, S. M., Braga, C. P., Arthur, M. A., & Matsuo, C. M. (2018). Produção de conhecimento, perspectivas e referências teórico-práticas na terapia ocupacional brasileira: marcos e tendências em uma linha do tempo. Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional, 26(4), 723-738. http://dx.doi.org/10.4322/2526-8910.ctoAO1773.
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, impulsionam e permitem a produção de participação social e autonomia, assim como favorece o desenvolvimento de habilidades e criatividade, de maneira a alcançar um cotidiano conduzido pelo protagonismo e pela espontaneidade, elementos tão caros na atenção psicossocial (Costa-Rosa, 2013Costa-Rosa, A. (2013). Atenção psicossocial além da Reforma Psiquiátrica: contribuições a uma clínica crítica dos processos de subjetivação na saúde coletiva. São Paulo: UNESP.).

Ainda que tenha sido possível identificar a potência de ações dessa natureza, observa-se que elas foram mediadas pela família, uma vez que a maior dificuldade nessa modalidade de atendimento foi a compreensão da criança sobre essa modalidade de intervenção. As crianças apresentavam dificuldade em parar em frente à tela, reconhecer o terapeuta e focar nas atividades que estavam sendo propostas e na fala do terapeuta. Observa-se que isso também tem sido uma das maiores dificuldades relatadas nos poucos estudos encontrados na literatura sobre essa temática (Barbosa & Fernandes, 2017Barbosa, M. R. P., & Fernandes, F. D. M. (2017). Remote speech-language intervention, with the participation of parents of children with autism. In F. D. M. Fernandes (Ed.), Advances in speech pathology (pp. 312- 322). São Paulo: IntechOpen.; Pereira et al., 2020 Pereira, M., de Magalhães, A. C., Santos, L., Santos, M., Ribeiro, M., Abtibol, T., & França, V. (2020). Isolados e conectados: atendimento psicossocial de crianças e seus familiares em tempo de distanciamento social. Health Residencies Journal-HRJ, 1(2), 23-43.; Priyadharsini & Chiang, 2020Priyadharsini, H., & Chiang, J. J. (2020). Embracing telehealth: supporting young children and families through occupational therapy in Singapore during COVID-19. World Federation of Occupational Therapists Bulletin, 76(2), 90-93. http://dx.doi.org/10.1080/14473828.2020.1822574.
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).

A participação da família e a necessidade de apoio e cuidado as mesmas

Tendo em vista as dificuldades do acompanhamento remoto junto às crianças e adolescentes, foi necessário adotar estratégias dirigidas às famílias por meio de orientações e suporte social, considerando também que a família faz parte da rede social envolvida nos processos da atenção psicossocial.

Aponta-se que foi necessário adequar os telemonitoramentos de forma síncrona e assíncrona, assim como sua frequência, utilizar diferentes ferramentas online e avaliar o acesso à internet. Conforme alguns autores apontam, esses acordos iniciais e gerenciamento dos telemonitoramentos têm sido fundamentais para sua efetivação (Barbosa & Fernandes, 2017Barbosa, M. R. P., & Fernandes, F. D. M. (2017). Remote speech-language intervention, with the participation of parents of children with autism. In F. D. M. Fernandes (Ed.), Advances in speech pathology (pp. 312- 322). São Paulo: IntechOpen.; Pereira et al., 2020 Pereira, M., de Magalhães, A. C., Santos, L., Santos, M., Ribeiro, M., Abtibol, T., & França, V. (2020). Isolados e conectados: atendimento psicossocial de crianças e seus familiares em tempo de distanciamento social. Health Residencies Journal-HRJ, 1(2), 23-43.; Priyadharsini & Chiang, 2020Priyadharsini, H., & Chiang, J. J. (2020). Embracing telehealth: supporting young children and families through occupational therapy in Singapore during COVID-19. World Federation of Occupational Therapists Bulletin, 76(2), 90-93. http://dx.doi.org/10.1080/14473828.2020.1822574.
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).

Após a pactuação inicial, identificou-se a necessidade de cuidado ao próprio cuidador, uma vez que havia sobrecarga, angústias e ansiedade diante de tantas incertezas do cenário atual. Dessa forma, a família pôde encontrar no atendimento um espaço de acolhimento e compreensão para suas dificuldades. Segundo Minatel & Matsukura (2014)Minatel, M. M., & Matsukura, T. S. (2014). Famílias de crianças e adolescentes com autismo: cotidiano e realidade de cuidados em diferentes etapas do desenvolvimento. Revista de Terapia Ocupacional da Universidade de São Paulo, 25(2), 126-134. http://dx.doi.org/10.11606/issn.2238-6149.v25i2p126-134.
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, o cuidado com as famílias é essencial para ampliar novos prismas em relação ao diagnóstico, auxiliar a priorização das demandas/necessidades e mediar novas redes, sejam essas afetivas, relacionais ou sociais.

Estudos apontam que as dificuldades em lidar com os comportamentos do filho(a) influenciavam significativamente na vida dos familiares em diferentes esferas (Minatel & Matsukura, 2014Minatel, M. M., & Matsukura, T. S. (2014). Famílias de crianças e adolescentes com autismo: cotidiano e realidade de cuidados em diferentes etapas do desenvolvimento. Revista de Terapia Ocupacional da Universidade de São Paulo, 25(2), 126-134. http://dx.doi.org/10.11606/issn.2238-6149.v25i2p126-134.
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; Pinto et al., 2016Pinto, R. N. M., Torquato, I. M. B., Collet, N., Reichert, A. P. S., Neto, V. L. S., & Saraiva, A. M. (2016). Autismo infantil: impacto do diagnóstico e repercussões nas relações familiares. Revista Gaúcha de Enfermagem, 37(3), 1-9. http://dx.doi.org/10.1590/1983-1447.2016.03.61572.
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), como foi evidenciado nos resultados dessa experiência. Durante os telemonitoramentos, os familiares sinalizaram para o estresse e impotência frente aos desafios cotidianos, fortemente agravado com a pandemia e as medidas de isolamento social. Nessa direção, também foram propostas algumas estratégias visando auxiliar os familiares no gerenciamento desses momentos e dificuldades. Para exemplificar, na particularidade das situações, orientamos as famílias a anteciparem alguns acontecimentos e eventos cotidianos (retorno dos pais ao trabalho após a quarentena inicial e retomada da escola), de forma que a criança ou adolescente pudesse compreender e se preparar, evitando um uma crise, por exemplo.

Compreende-se que, no âmbito da atenção psicossocial, a inclusão dos familiares no processo de assistência às crianças e adolescentes com TEA é tida como um dos princípios e diretrizes de cuidado, visando ao apoio às famílias para a promoção de sua própria saúde (Brasil, 2015Brasil. (2015). Linha de cuidado para a atenção às pessoas com transtornos do espectro do autismo e suas famílias na Rede de Atenção Psicossocial do Sistema Único de Saúde. Brasília: Ministério da Saúde. Retrieved in 2022, June 02, from https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/linha_cuidado_atencao_pessoas_transtorno.pdf.
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; Oliveira et al., 2017Oliveira, B. D. C., Feldman, C., Couto, M. C. V. & Lima, R. C. (2017). Políticas para autismo no Brasil: entre a atenção psicossocial e a reabilitação. Physis: Revista de Saúde Coletiva, 27(3), 707-726. https://doi.org/10.1590/S0103-73312017000300017
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). Assim, ao finalizar o projeto, as famílias agradeceram pela disponibilidade, pelo afeto e pela possibilidade de compartilhar as delicadezas cotidianas que as atravessavam.

Essas devolutivas evidenciam que, apesar dos limites na abordagem remota, as ações foram significativas para as famílias e as respaldaram quanto às dificuldades enfrentadas. Isso se ancorou em ações que valorizaram a transparência em relação aos desafios e à abertura para modos inventivos e afetivos em diminuir as distâncias e aumentar as presenças (mesmo que não fisicamente), contribuindo assim para o fortalecimento dos vínculos e intervenções possíveis e assertivas diante da pandemia.

A importância da rede intersetorial: a articulação entre a saúde e educação

Também se identificou, com base nos teleatendimentos, a necessidade de articulações com a rede, principalmente no âmbito escolar, com o objetivo principal de ampliação do cuidado e a melhora da efetividade do mesmo. Considera-se a intersetorialidade na atenção psicossocial como a relação construída entre um ou vários setores e suas partes, de forma a alcançar um resultado que apenas pelo trabalho de um único serviço não seria possível (Silva & Rodrigues, 2010Silva, K. L., & Rodrigues, A. T. (2010). Ações intersetoriais para promoção da saúde na Estratégia Saúde da Família: experiências, desafios e possibilidades. Revista Brasileira de Enfermagem, 63(5), 762-769. http://dx.doi.org/10.1590/S0034-71672010000500011.
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). Além disso, as ações intersetoriais são de extrema relevância para a integralidade do cuidado na medida em que vislumbram a atenção ao sujeito dentro de seu próprio contexto social (Oliveira & Castanharo, 2008Oliveira, C., & Castanharo, R. C. T. (2008). O terapeuta ocupacional como facilitador do processo educacional de crianças com dificuldades de aprendizagem. Cadernos de Terapia Ocupacional da UFSCar, 16(2), 91-99.; Cardoso & Matsukura, 2012Cardoso, P. T., & Matsukura, T. S. (2012). Práticas e perspectivas da terapia ocupacional na inclusão escolar. Revista de Terapia Ocupacional da Universidade de São Paulo, 23(1), 7-15. http://dx.doi.org/10.11606/issn.2238-6149.v23i1p7-15.
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).

Assim, as ações visaram à superação e ao enfrentamento das dificuldades existentes; dentre elas, a articulação e elaboração conjunta de ações para a (re)aproximação com as famílias e as crianças que estavam fragilizadas pela falta de possibilidade das experiências escolares presenciais, pelo desafio para as crianças com TEA em interagir nos encontros remotos, somado ao desgaste quanto ao novo modo de vida.

Dentre as ações com a escola, foram realizados quinzenalmente encontros síncronos com os professores para a troca sobre as atividades planejadas, convergindo então para projetos em comum, elaboração de atividades que contribuíssem para atender às demandas e possibilitar suporte para elas, além de ressignificar o papel da escola para as famílias neste cenário. Segundo Cid & Gasparini (2016)Cid, M. F. B., & Gasparini, D. A. (2016). Ações de promoção à saúde mental infanto-juvenil no contexto escolar: um estudo de revisão. Revista FSA, 13(1), 97-114. http://dx.doi.org/10.12819/2016.13.1.6.
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e Fernandes et al. (2019)Fernandes, A. D. S. A., Cid, M. F. B., Speranza, M., & Copi, C. G. (2019). A intersetorialidade no campo da saúde mental infantojuvenil: proposta de atuação da terapia ocupacional no contexto escolar. Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional, 27(2), 454-461. http://dx.doi.org/10.4322/2526-8910.ctore1660.
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, a atuação dos profissionais da saúde, como o terapeuta ocupacional, no contexto escolar tem como objetivo o desenvolvimento de ações de prevenção e promoção da saúde mental e atenção especializada, mediando a interação da criança com os pares, educadores e familiares. Ou seja, a prática do terapeuta ocupacional na escola não é clínica, mas uma prática intersetorial, por meio da construção colaborativa do cuidado, visando à garantia de acesso e inclusão.

É importante ressaltar a prática da terapia ocupacional no que tange ao trabalho em rede, pois potencializa a articulação com o território, bem como cria passagem para o diálogo de diferentes ações e especificidades de cada dispositivo de atenção ao cuidado dessas famílias (Lourenço, 2020Lourenço, M. C. (2020). Os Centros de Atenção Pisicossocial Infantojuvenis e o cuidado a crianças e adolescentes com Trantorno do Espectro Autista e suas famílias (Dissertação de mestrado). Universidade Federal de São Carlos, São Carlos.). Além disso, com base nas discussões e reuniões intersetoriais, foi possível fomentar espaços de trocas, de formação continuada e de convergência para o cuidado integral das crianças e de seus cuidadores.

Conclusão

Compreende-se que o objetivo de relatar a experiência de um projeto de extensão universitária no que tange ao telemonitoramento de crianças e adolescentes com TEA e suas famílias foi alcançado. À medida que as fragilidades e dificuldades cotidianas foram se revelando, foi possível planejar e desenvolver, junto às famílias, estratégias de cuidado que visaram amenizar os impactos da pandemia no cotidiano dos mesmos. Além disso, o cuidado ofertado não se restringiu ao núcleo familiar, de forma que também foi realizado acompanhamento regular e apoio às equipes escolares às quais as crianças e adolescentes estavam vinculados.

Ressalta-se a importância de ações dessa natureza que contribuam para o desenvolvimento das crianças e adolescentes com TEA, uma vez que grande parte da assistência a essa população ficou em segundo plano durante a pandemia. Além disso, destaca-se a urgência do cuidado e apoio às próprias famílias, que muitas vezes se encontram sobrecarregadas. O telemonitoramento possibilitou a continuidade do cuidado a essa população, promovendo o acolhimento, escuta qualificada e orientação, por meio do que tem sido proposto pelas diretrizes de cuidado e políticas públicas.

Como limitação do estudo, por ser uma modalidade de cuidado remota recentemente regulamentada no Brasil, foram necessários uma dedicação e esforços maiores para sua efetivação, inviabilizando a inclusão de mais famílias no projeto, devido ao tempo de dedicação e planejamento necessário.

  • Como citar: Fernandes, A. D. S. A., Farias, A. Z., Aureliano, I., & Polli, L. M. (2022). O telemonitoramento como estratégia de intervenção da terapia ocupacional com crianças e adolescentes com transtorno do espectro autista no contexto pandêmico. Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional, 30, e3091. https://doi.org/10.1590/2526-8910.ctoRE233830911

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Editado por

Editora de seção

Profa. Dra. Beatriz Prado Pereira

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    27 Jun 2022
  • Data do Fascículo
    2022

Histórico

  • Recebido
    15 Jul 2021
  • Aceito
    27 Mar 2022
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