Acessibilidade / Reportar erro

“Jardins das ocupações”: estratégias de cuidados diante de perdas ocupacionais e luto

Resumo

Situações vivenciadas como estressoras, tais como a morte de entes queridos, perda de emprego, sonhos, projetos e outros têm afetado direta ou indiretamente as ocupações rotineiras das pessoas, resultando em rupturas, mudanças e afastamentos das preferências ocupacionais diárias, tanto as externas como as realizadas no ambiente doméstico, o que pode impactar a pessoa e a maneira como se ocupa e participa da vida social. O presente artigo apresenta uma proposta de intervenção e cuidados nas condições de perdas significativas e luto e fomenta reflexões a esse respeito sob uma perspectiva ocupacional, correlacionando conceitos da Ciência da Ocupação, Logoterapia e Análise Existencial de Viktor Frankl. Para tanto, baseia-se na estratégia interventiva de cuidado no luto, denominada “Jardim de Ocupações”, a qual emprega elementos como a metáfora e o desenho como possibilidades para criar aproximações com a fundamentação teórica ancorada na Ciência Ocupacional, sob a ótica da tensão existencial e valores de sentido de Viktor Frankl. Considera-se a proposta interventiva “Jardins de Ocupações” como um instrumento participativo, reflexivo, com potencial para aprofundar reflexões e compreensões sobre os sentidos de vida e o engajamento em ocupações ante às perdas sofridas.

Palavras-chave:
Perdas; Enlutamento; Atividades Cotidianas; Prática Professional

Abstract

Situations experienced as stressful, such as the death of loved ones, loss of jobs, dreams, projects and others, have directly or indirectly affected people's routinely occupations, resulting in disruptions, changes and withdrawals from daily occupational preferences - both externally and the ones carried out in the domestic environment - which can impact the person and the way in which they engage and participate in social life. This article presents a proposal for intervention and care in the conditions of significant loss and mourning and promotes reflections on this subject from an occupational perspective, correlating concepts from Occupation Science, Logotherapy and Existential Analysis by Viktor Frankl. Therefore, it is based on the interventional strategy of care in mourning, called “Garden of occupations”, which uses elements such as metaphors and drawing as possibilities to create approximations with the theoretical foundation anchored in Occupational Science, from the perspective of existential tension and values of meaning by Viktor Frankl. The interventional proposal “Garden of occupations” is considered a participatory, reflective instrument, with the potential to deepen reflections and understandings about the meanings of life and engagement in occupations in the face of losses suffered.

Keywords:
Bereavement; Mourning Activities of Daily Living; Professional Practice

Introdução

As ocupações podem ser compreendidas como uma maneira ativa e intencional da pessoa compor, estruturar e intervir no mundo, estar consigo e com os outros, pois é um ser ocupacional (Wilcock, 2005Wilcock, A. A. (2005). Occupational science: bridging occupation and health. Canadian Journal of Occupational Therapy, 72(1), 5-12. http://dx.doi.org/10.1177/000841740507200105.
http://dx.doi.org/10.1177/00084174050720...
; Carin-Levy & Jones, 2007Carin-Levy, G., & Jones, D. (2007). Psychosocial aspects of scuba diving for people with physical disabilities: an occupational science perspective. Canadian Journal of Occupational Therapy, 74(1), 6-14. http://dx.doi.org/10.2182/cjot.06.07.
http://dx.doi.org/10.2182/cjot.06.07...
; Dickie, 2011Dickie, V. (2011). O que é ocupação? In E. Crepeau, E. Cohn & B. Schell (Eds.), Willard & Spackman: terapia ocupacional (pp. 15-21). Rio de Janeiro: Guanabara Koogan.). Ocupar-se é, para as pessoas, uma necessidade autoiniciada e auto-organizada direcionada e contextualizada nos ambientes ocupacionais, na qual se investe tempo e energia, e que possui forma, função e significado (Yerxa, 2000Yerxa, E. (2000). Occupational science: a renaissance of servisse to humankind through knowledge. Occupational Therapy International, 7(2), 87-98. http://dx.doi.org/10.1002/oti.109.
http://dx.doi.org/10.1002/oti.109...
; Dickie, 2011Dickie, V. (2011). O que é ocupação? In E. Crepeau, E. Cohn & B. Schell (Eds.), Willard & Spackman: terapia ocupacional (pp. 15-21). Rio de Janeiro: Guanabara Koogan.).

Assim, estar ocupado envolve o cotidiano das pessoas, sob as diversas formas de exercê-lo, e pode sofrer influência de fatores como os adoecimentos e hospitalizações, que podem repercutir nas ocupações rotineiras e significativas, resultando em rupturas, mudanças e afastamentos das preferências ocupacionais diárias (Almeida et al., 2017Almeida, C., Souza, A., & Corrêa, V. (2017). Sobre as ocupações de idosos em condição de hospitalização: qual a forma e o significado? Cadernos de Terapia Ocupacional da UFSCar, 25(1), 147-157. http://dx.doi.org/10.4322/0104-4931.ctoAO0706.
http://dx.doi.org/10.4322/0104-4931.ctoA...
). Essas alterações no repertório ocupacional também podem ser observadas na rotina de pessoas que estão sendo ou foram afetadas direta ou indiretamente pelo enlutamento em razão da(s) perda(s) de alguém ou algo significativo, a exemplo do que vem ocorrendo durante o período da pandemia de COVID-19.

Nas condições acima referidas, são exigidas mudanças bruscas que incluem o distanciamento, adoecimento ou perda de entes queridos, as alterações de rituais fúnebres, dificuldades no uso do tempo em casa, que é o lugar onde estão ocorrendo a maioria das ocupações, alterações do ciclo sono-vigília, perdas financeiras, e também, pode estar ocorrendo a perda da possibilidade de se ocupar, no caso de pessoas infectadas com formas mais graves do SARS-CoV-2 (Bezerra et al., 2020Bezerra, A. C. V., Silva, C. E. M., Soares, F. R. G., & Silva, J. A. M. (2020). Fatores associados ao comportamento da população durante o isolamento social na pandemia de COVID-19. Ciência & Saúde Coletiva, 25(Supl. 1), 2411-2421. http://dx.doi.org/10.1590/1413-81232020256.1.10792020.
http://dx.doi.org/10.1590/1413-812320202...
; Fontes et al., 2020Fontes, W. H. A., Assis, P. C. P., Santos, E. P., Maranhão, T. L. G., Lima Júnior, J., & Gadelha, M. S. V. (2020). Perdas, mortes e luto durante a pandemia de Covid-19: uma revisão da literatura. Id on Line Revista Multidisciplinar de Psicologia, 14(51), 303-317. http://dx.doi.org/10.14295/idonline.v14i51.2557.
http://dx.doi.org/10.14295/idonline.v14i...
).

Nesse contexto, a imprevisibilidade sobre os rumos da pandemia e o efeito potencialmente desorganizador e desestruturante do cenário pandêmico na subjetividade podem favorecer o agravamento de sentimentos estressores, como medo, ansiedade, raiva e outros (Fontes et al., 2020Fontes, W. H. A., Assis, P. C. P., Santos, E. P., Maranhão, T. L. G., Lima Júnior, J., & Gadelha, M. S. V. (2020). Perdas, mortes e luto durante a pandemia de Covid-19: uma revisão da literatura. Id on Line Revista Multidisciplinar de Psicologia, 14(51), 303-317. http://dx.doi.org/10.14295/idonline.v14i51.2557.
http://dx.doi.org/10.14295/idonline.v14i...
), e repercutir na elaboração do luto (Crepaldi et al., 2020Crepaldi, M., Schmidt, B., Noal, D., Bolze, S., & Gabarra, L. (2020). Terminalidade, morte e luto na pandemia de COVID-19: demandas psicológicas emergentes e implicações práticas. Estudos de Psicologia, 37, 1-12. http://dx.doi.org/10.1590/1982-0275202037e200090.
http://dx.doi.org/10.1590/1982-027520203...
).

A vivência do luto pode ser compreendida como uma experiência individualizada de adaptação mediante a uma(s) perda(s) e que tem efeitos variáveis ​​sobre as pessoas (Dahdah et al., 2019Dahdah, D. F., Bombarda, T. B., Frizzo, H. C. F., & Joaquim, R. H. V. T. (2019). Revisão sistemática sobre luto e terapia ocupacional. Cadernos de Terapia Ocupacional da UFSCar, 27(1), 186-196. http://dx.doi.org/10.4322/2526-8910.ctoAR1079.
http://dx.doi.org/10.4322/2526-8910.ctoA...
; Crepaldi et al., 2020Crepaldi, M., Schmidt, B., Noal, D., Bolze, S., & Gabarra, L. (2020). Terminalidade, morte e luto na pandemia de COVID-19: demandas psicológicas emergentes e implicações práticas. Estudos de Psicologia, 37, 1-12. http://dx.doi.org/10.1590/1982-0275202037e200090.
http://dx.doi.org/10.1590/1982-027520203...
). Conforme discutido por Dahdah et al. (2019)Dahdah, D. F., Bombarda, T. B., Frizzo, H. C. F., & Joaquim, R. H. V. T. (2019). Revisão sistemática sobre luto e terapia ocupacional. Cadernos de Terapia Ocupacional da UFSCar, 27(1), 186-196. http://dx.doi.org/10.4322/2526-8910.ctoAR1079.
http://dx.doi.org/10.4322/2526-8910.ctoA...
, tem prevalecido o debate acerca do luto relacionado às reações à perda de uma pessoa significativa, seja a morte real ou iminente de um ente querido.

Corrêa (2010)Corrêa, V. (2010). Luto: intervenção em terapia ocupacional. Belém: Amazônia Editora. apresenta e discute as perdas ocupacionais que podem ocorrer em razão da interrupção no desempenho das co-ocupações, ou seja, atividades realizadas com e/ou para aquele ente querido que faleceu. Contudo, verifica-se um investimento precário na compreensão, discussão e intervenção das demandas ocupacionais diante dos diversos processos de perdas e luto possíveis de serem vividos (Dahdah et al., 2019Dahdah, D. F., Bombarda, T. B., Frizzo, H. C. F., & Joaquim, R. H. V. T. (2019). Revisão sistemática sobre luto e terapia ocupacional. Cadernos de Terapia Ocupacional da UFSCar, 27(1), 186-196. http://dx.doi.org/10.4322/2526-8910.ctoAR1079.
http://dx.doi.org/10.4322/2526-8910.ctoA...
), inclusive das perdas impostas pela COVID-19, que podem estar relacionadas às pessoas, mas também, às ocupações.

Portanto, objetiva-se apresentar uma proposta de intervenção e cuidados nas condições de luto elaborada com intuito de favorecer (algumas) reflexão(ões) a respeito dos impactos da pandemia sob uma perspectiva ocupacional, relacionando-a com conceitos da Logoterapia e da Análise Existencial de Viktor Frankl.

Contextualizando a Proposta Interventiva de Cuidado no Luto

Este trabalho é de natureza teórica e seguiu uma interpretação contextualizada e crítica da estratégia de intervenção e dos sentidos dos textos, eleitos por conveniência, na tentativa de correlacionar conceitos da Ciência Ocupacional, Logoterapia e Análise Existencial de Viktor Frankl. A estratégia interventiva de cuidado no luto, denominada “Jardim de Ocupações”, emprega elementos como a metáfora e o desenho para criar simultaneidade e aproximações com a fundamentação teórica ancorada na Ciência Ocupacional sob a ótica da tensão existencial e valores de sentido de Viktor Frankl.

A estratégia de cuidados diante de perdas ocupacionais e luto, o “Jardim das Ocupações”, usa recursos visuais para dar oportunidade para que as pessoas se expressem, tanto individualmente quanto em uma dinâmica grupal, a fim de visualizar as representações simbólicas do ocupar-se no dia-a-dia, e pode propiciar a obtenção de informações e raciocínios não acessíveis através dos instrumentos de avaliação tradicionais, podendo ser aplicada no contexto de atendimentos.

Destaca-se que a estratégia “Jardim das Ocupações” pode ser utilizada para mediar o processo de comunicação reflexiva entre terapeuta-pessoa/cliente sobre uma variedade de questões ocupacionais (o que faço, como faço, porque faço) que podem estar alteradas em razão da perda de algo ou alguém querido, e também tem o potencial de ofertar sentidos, experiências e/ou insights sobre o que está acontecendo na vida das pessoas.

Assim, os objetivos da estratégia envolvem identificar ocupações que estão sendo realizadas ou ocupações significativas a serem realizadas; fomentar a priorização e/ou (re)organização de ocupações; avaliar sua(s), forma(s), função(ões) e significado(s) ocupacional(is); e propiciar a reflexão sobre possíveis sobrecargas, limitações ou fatores de risco para as dimensões ocupacionais “fazer” ao causar desequilíbrio (demandas excessivas para ocupar-se), ao “ser” (possibilidade de alienação a cultura predominante) e ao “tornar-se” devido a possibilidade de causar uma privação ocupacional (Townsend & Marval, 2013Townsend, E., & Marval, R. (2013). Can professionals actually enable occupational justice? Cadernos de Terapia Ocupacional da UFSCar, 21(2), 215-228. http://dx.doi.org/10.4322/cto.2013.025.
http://dx.doi.org/10.4322/cto.2013.025...
; Hitch et al., 2014Hitch, D., Pépin, G., & Stagnitti, K. (2014). In the footsteps of Wilcock, parte one: the evolution of doing, being, becoming, and belonging. Occupational Therapy in Health Care, 28(3), 231-246. http://dx.doi.org/10.3109/07380577.2014.898114.
http://dx.doi.org/10.3109/07380577.2014....
).

Para uma abordagem individualizada, a pessoa é convidada a desenhar o seu “Jardim das Ocupações” e incluir as ocupações realizadas em um dia típico da semana e incentivada a falar livremente sobre os assuntos que podem surgir como desdobramento da produção. Posteriormente, realiza-se uma reflexão sobre o(s) impacto(s) de perda(s) significativa(s) e do luto nas ocupações a partir do que poderá ser desvelado no desenho.

Em seguida, convida-se a pessoa a incluir elementos no seu desenho a partir da seguinte pergunta “O que você pode plantar ou replantar no seu jardim de ocupações hoje?”. Ao final, o terapeuta ocupacional faz uma retrospectiva para provocar reflexões e ofertar suporte às demandas ocupacionais que podem ser desveladas pelo painel preenchido (Figura 1) e da(s) possibilidade(s) de realização de valores de sentido na perspectiva de Viktor Frankl (criativas, vivenciais e atitudinais). No caso de um atendimento presencial, as etapas podem ser realizadas em um único encontro, já em teleatedimentos, na primeira etapa, o terapeuta ocupacional pode solicitar à pessoa que desenhe o seu “Jardim das Ocupações” de maneira assíncrona.

Figura 1
Jardim das ocupações.

O teleatendimento ou telessaúde pode ser caracterizado como um atendimento realizado a distância por meios eletrônicos de usuários previamente atendidos de forma presencial no serviço em que atuam quando os serviços presenciais não são possíveis, práticos e/ou quando é mutuamente aceito pelo cliente (Brasil, 2020Brasil. Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional - COFFITO. (2020, 20 de março). Resolução nº 516, de 20 de março de 2020. Estabelece providências durante o enfrentamento da crise provocada pela Pandemia do COVID-19. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília. Recuperado em 18 de dezembro de 2021, de https://www.coffito.gov.br/nsite/wp-content/uploads/2020/03/Resolucao516_2020.pdf
https://www.coffito.gov.br/nsite/wp-cont...
; World Federation of Occupational Therapist, 2020World Federation of Occupational Therapist - WFOT. (2020). Declaração de posição telessaúde. Revisbrato, 4(Supl. 3), 416-421.). Conforme a Federação Mundial de Terapia Ocupacional, essa modalidade de atendimento deve ocorrer da maneira mais similar possível aos padrões de serviços ofertados presencialmente, cumprindo os regulamentos jurisdicionais, institucionais e profissionais que regem a prática da terapia ocupacional (World Federation of Occupational Therapist, 2020World Federation of Occupational Therapist - WFOT. (2020). Declaração de posição telessaúde. Revisbrato, 4(Supl. 3), 416-421.), bem como pode aplicar-se as orientações para procedimentos em ambiente virtual divulgadas pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (2021)Comissão Nacional de Ética em Pesquisa - CONEP. (2021). Orientações para procedimentos em pesquisas com qualquer etapa em ambiente virtual. Recuperado em 18 de dezembro de 2021, de http://conselho.saude.gov.br/images/Oficio_Circular_2_24fev2021.pdf
http://conselho.saude.gov.br/images/Ofic...
.

Para um encontro grupal, os procedimentos eleitos para a atividade “Jardim das Ocupações” incluem refletir com o grupo a respeito do(s) impacto(s) de perdas significativas e do luto nas ocupações, bem como da(s) possibilidade(s) de realização de valores de sentido por meio do engajamento em ocupações significativas. Terapeutas ocupacionais podem usar metáforas, imagens e textos organizados em power point.

Ao final da reflexão, é mostrado aos participantes um painel com vasos com plantas e vasos vazios com a seguinte pergunta: “O que podemos plantar ou replantar no nosso jardim de ocupações hoje?” A seguir, abre-se para a discussão e os participantes são convidados a elencar ocupações para preencher os vasos vazios ou as ocupações que precisam ser “(re)plantadas”. No painel, são incluídas palavras-chaves indicadas pelos participantes. Ao final, mostra-se o painel com as contribuições dos participantes; em seguida, o terapeuta ocupacional faz uma retrospectiva de modo a provocar reflexões a partir do que for desvelado pelo painel preenchido.

O luto e as ocupações

Na perspectiva de Parkes (2010Parkes, C. M. (2010). Grief: lessons from the past, visions for the future. Death Studies, 26(5), 367-385. http://dx.doi.org/10.1080/07481180290087366.
http://dx.doi.org/10.1080/07481180290087...
, 2000Parkes, C. M. (2000). Bereavement as a psychosocial transition processes of adaptation to change. In D. Dickenson, M. Johnson & J. S. Katz (Eds.), Death, dying and bereavement (pp. 325-331). London: SAGE Publications.), o luto pode compreender um período de adaptação às discrepâncias entre o mundo interno que se apoiava na existência da outra pessoa e o mundo “de repente” desconhecido sem o ente querido ou o que perdido. E pode levar à desordem e à dor psicológica diante da perda do vínculo, e a pessoa pode sofrer um luto atípico ou patológico que pode se apresentar de diversas formas: prolongado, adiado, crônico, complicado (Parkes, 2000Parkes, C. M. (2000). Bereavement as a psychosocial transition processes of adaptation to change. In D. Dickenson, M. Johnson & J. S. Katz (Eds.), Death, dying and bereavement (pp. 325-331). London: SAGE Publications., 2010Parkes, C. M. (2010). Grief: lessons from the past, visions for the future. Death Studies, 26(5), 367-385. http://dx.doi.org/10.1080/07481180290087366.
http://dx.doi.org/10.1080/07481180290087...
).

Corrêa (2010, pCorrêa, V. (2010). Luto: intervenção em terapia ocupacional. Belém: Amazônia Editora.. 41) refere que “[...] o luto atravessa a existência humana em múltiplas configurações, nas diversidades de experiências relacionadas à perda”. Portanto, pode tratar-se de uma condição existencial na qual é lançado aquele que perde algo ou alguém (Michel & Freitas, 2019Michel, L., & Freitas, J. (2019). A clínica do luto e seus critérios diagnósticos: possíveis contribuições de Tatossian. Psicologia USP, 30, 1-9. http://dx.doi.org/10.1590/0103-6564e180185.
http://dx.doi.org/10.1590/0103-6564e1801...
). Mediante perda e luto, podem haver mudanças que impactam (dificultam/ limitam) a forma como as pessoas se ocupam ou dão significada às suas ocupações (Corrêa, 2010Corrêa, V. (2010). Luto: intervenção em terapia ocupacional. Belém: Amazônia Editora.).

Assim, a vivência de uma perda significativa de alguém ou algo em que se está sensivelmente entrelaçado, em que houve investimento pessoal e ocupacional, propicia um momento da vida no qual se esvaem funções e padrões habituais, singulares, próprios da relação perdida, perde-se aquilo que se é, o que se fez ou se pretendia fazer com quem e/ou que se perdeu (Parkes, 2010Parkes, C. M. (2010). Grief: lessons from the past, visions for the future. Death Studies, 26(5), 367-385. http://dx.doi.org/10.1080/07481180290087366.
http://dx.doi.org/10.1080/07481180290087...
; Frizzo & Corrêa, 2017Frizzo, H., & Corrêa, V. (2017). Perdas e luto em terapia ocupacional nos contextos hospitalares e cuidados paliativos. In M. M. R. P. De Carlo & A. M. Kudo (Eds.), Terapia ocupacional em contextos hospitalares e cuidados paliativos (pp. 387-398). São Paulo: Editora Payá.; Michel & Freitas, 2019Michel, L., & Freitas, J. (2019). A clínica do luto e seus critérios diagnósticos: possíveis contribuições de Tatossian. Psicologia USP, 30, 1-9. http://dx.doi.org/10.1590/0103-6564e180185.
http://dx.doi.org/10.1590/0103-6564e1801...
).

Logo, no processo de luto atípico, podem haver perdas ocupacionais e o sentimento de pesar em alusão à destituição da possibilidade de continuidade e investimento das ocupações desempenhadas e/ou compartilhadas antes da perda. Mediante um luto ocupacional, impactos de enlutamento em atividades cotidianas podem ser observados no pouco investimento em autocuidado, atividades diárias, trabalho e outros (Corrêa, 2010Corrêa, V. (2010). Luto: intervenção em terapia ocupacional. Belém: Amazônia Editora.; Lopes & Corrêa, 2013Lopes, A., & Corrêa, V. (2013). Processos de perda, luto e a assistência da terapia ocupacional nas situações de escalpelamento. Cadernos de Terapia Ocupacional da UFSCar, 21(2), 313-324. http://dx.doi.org/10.4322/cto.2013.033.
http://dx.doi.org/10.4322/cto.2013.033...
; Frizzo & Corrêa, 2017Frizzo, H., & Corrêa, V. (2017). Perdas e luto em terapia ocupacional nos contextos hospitalares e cuidados paliativos. In M. M. R. P. De Carlo & A. M. Kudo (Eds.), Terapia ocupacional em contextos hospitalares e cuidados paliativos (pp. 387-398). São Paulo: Editora Payá.).

Além disso, em caso de luto, pode ser possível uma privação ocupacional, compreendida como a limitação de oportunidades ocupacionais para a participação em ocupações necessárias ou desejadas (White, 2011White, J. (2011). Questões para a prática da terapia ocupacional. In E. B. Crepeau, E. S. Cohn & B. A. B. Schell (Eds.), Willard & Spackman: terapia ocupacional (pp. 265- 276). Rio de Janeiro: Guanabara Koogan.), outrora desempenhadas em outro ritmo, de outras formas, em outros lugares, em outro nível de relações e afetos, principalmente, relacionados às atividades cotidianas desempenhadas em conjunto (Corrêa, 2010Corrêa, V. (2010). Luto: intervenção em terapia ocupacional. Belém: Amazônia Editora.).

Na perspectiva de Hitch et al. (2014), oHitch, D., Pépin, G., & Stagnitti, K. (2014). In the footsteps of Wilcock, parte one: the evolution of doing, being, becoming, and belonging. Occupational Therapy in Health Care, 28(3), 231-246. http://dx.doi.org/10.3109/07380577.2014.898114.
http://dx.doi.org/10.3109/07380577.2014....
termo privação ocupacional se refere às situações onde as pessoas são impedidas de fazer o que é necessário e significativo em seus ambientes ocupacionais por causa de restrições externas, e ainda, pode ser empregado em situações onde as pessoas sofrem limitações de oportunidades e escolhas ocupacionais.

Em outras palavras, a privação ocupacional pode decorrer de situações onde as necessidades da pessoa para o engajamento em ocupações significativas e de promoção da saúde permanecem não satisfeitas, podendo apresentar severo prejuízo ao funcionamento ocupacional de áreas importantes da vida de uma pessoa enlutada e sentimentos relacionados a “não saber o que fazer” (Corrêa, 2010Corrêa, V. (2010). Luto: intervenção em terapia ocupacional. Belém: Amazônia Editora.; Crepeau et al., 2011aCrepeau, E. B., Cohn, E. S., & Schell, B. A. B. (2011a). Willard & Spackman: terapia ocupacional. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan., 2011bCrepeau, E., Schell, B., & Cohn, E. (2011b). Prática de terapia ocupacional contemporânea nos Estados Unidos. In E. Crepeau, E. Cohn & B. Schell (Eds.), Willard & Spackman: terapia ocupacional (pp. 218-225). Rio de Janeiro: Guanabara Koogan.). Essas emoções e sentimentos podem aflorar intensamente, e se relacionam às experiências que vivemos no passado, às experiências que estamos vivendo no presente e às expectativas futuras, em uma oscilação entre o engajamento em experiências ora voltadas para a perda, ora para a restauração da vida (Corrêa, 2010Corrêa, V. (2010). Luto: intervenção em terapia ocupacional. Belém: Amazônia Editora.; Frizzo & Corrêa, 2017Frizzo, H., & Corrêa, V. (2017). Perdas e luto em terapia ocupacional nos contextos hospitalares e cuidados paliativos. In M. M. R. P. De Carlo & A. M. Kudo (Eds.), Terapia ocupacional em contextos hospitalares e cuidados paliativos (pp. 387-398). São Paulo: Editora Payá.).

Corrêa (2010)Corrêa, V. (2010). Luto: intervenção em terapia ocupacional. Belém: Amazônia Editora. aponta que é necessário ampliar os cuidados aos enlutados considerando-se igualmente as suas atividades ocupacionais. Ressalta-se que o processo do luto deixa marcas e altera o viver, pois exige um período de elaboração referente às mudanças e ao ajustamento das ocupações diárias. Assim, somos provocados a nos engajar na difícil tarefa de renunciar, adaptar fazeres, excluir e incluir novas ocupações (Frizzo & Corrêa, 2017Frizzo, H., & Corrêa, V. (2017). Perdas e luto em terapia ocupacional nos contextos hospitalares e cuidados paliativos. In M. M. R. P. De Carlo & A. M. Kudo (Eds.), Terapia ocupacional em contextos hospitalares e cuidados paliativos (pp. 387-398). São Paulo: Editora Payá.).

A partir dos aspectos relacionados às ocupações, perdas/sofrimento e valores de sentido que são discutidos por autores como Corrêa (2010)Corrêa, V. (2010). Luto: intervenção em terapia ocupacional. Belém: Amazônia Editora., Frankl (2017)Frankl, V. (2017). Conceitos fundamentais da logoterapia. Petrópolis: Vozes. e Frizzo & Corrêa (2017)Frizzo, H., & Corrêa, V. (2017). Perdas e luto em terapia ocupacional nos contextos hospitalares e cuidados paliativos. In M. M. R. P. De Carlo & A. M. Kudo (Eds.), Terapia ocupacional em contextos hospitalares e cuidados paliativos (pp. 387-398). São Paulo: Editora Payá., compreende-se ser possível elaborar estratégias interventivas centradas na ocupação que propiciam o (re)conhecimento e compreensão das ocupações que compõem ou podem passar a compor o repertório ocupacional e a mudança de atitude perante a vida. Desse modo, estratégias interventivas centradas na ocupação podem ser um instrumento importante tanto para o enfrentamento, a expressão de experiências, as vivências de emoções e os sentimentos relacionados às questões das perdas, quanto para a possibilidade de resgaste e restauração da vida.

“Jardins de ocupações”: o que isso significa?

A palavra jardim provém da palavra Hebraica “gan”, que significa proteger, defender e “éden”, que significa prazer. Em geral, jardim associa-se à ideia de um local agradável e protegido (Bellé, 2013Bellé, B. (2013). Apostila de paisagismo. Recuperado em 18 de dezembro de 2021, de https://www.bibliotecaagptea.org.br/agricultura/paisagismo/livros/APOSTILA%20DE%20PAISAGISMO%20IFRS.pdf
https://www.bibliotecaagptea.org.br/agri...
; Ribeiro, 1994Ribeiro, W. (1994). Jardim & jardinagem. Brasília: EMATER-DF/EMBRAPA-SPI.). A intervenção terapêutica baseada na ocupação pode usar diferentes estratégias para desenvolver ações preventivas ou minimizar a ocorrência de manifestações patológicas e prejudiciais à saúde mental e ocupacional das pessoas (Ribeiro & Oliveira, 2005Ribeiro, M., & Oliveira, L. (2005). Terapia ocupacional e saúde mental: construindo lugares de inclusão social. Interface - Comunicação, Saúde, Educação, 9(17), 425-431. http://dx.doi.org/10.1590/S1414-32832005000200023.
http://dx.doi.org/10.1590/S1414-32832005...
; Dickie, 2011Dickie, V. (2011). O que é ocupação? In E. Crepeau, E. Cohn & B. Schell (Eds.), Willard & Spackman: terapia ocupacional (pp. 15-21). Rio de Janeiro: Guanabara Koogan.).

A escolha do jardim como possibilidade de recurso para uma proposta interventiva de cunho ocupacional deu-se em razão das propriedades curativas, restauradoras e terapêuticas amplamente associadas ao contato direto ou indireto, ativo ou passivo, autónomo ou auxiliado, com a natureza e seus elementos (Sousa, 2016Sousa, S. (2016). Jardins terapêuticos em unidades de saúde: aplicação de uma metodologia de projeto centrado no utilizador para populações com necessidades especiais: caso de estudo do Centro de Reabilitação e Integração Ouriense (Dissertação de mestrado). Universidade de Lisboa, Lisboa.).

Nesse sentido, partindo do pressuposto que especialistas em ocupação podem treinar novas maneiras de enxergar e intervir em elementos essenciais da ocupação e processos ocupacionais (forma, propósito e significado), considerando a necessidade de direcionar as pessoas a introjetar, observar e compreender a(s) sua(s) ocupação(ões) (Dickie, 2011Dickie, V. (2011). O que é ocupação? In E. Crepeau, E. Cohn & B. Schell (Eds.), Willard & Spackman: terapia ocupacional (pp. 15-21). Rio de Janeiro: Guanabara Koogan.) e inspirados no escopo de estratégias interventivas e/ou de pesquisa classificadas como reflexivas e participativas, como as oficinas de atividades (Corrêa, 2010Corrêa, V. (2010). Luto: intervenção em terapia ocupacional. Belém: Amazônia Editora.), metáforas em terapia (Paschoal & Grandesso, 2014Paschoal, V., & Grandesso, M. (2014). O uso de metáforas em terapia narrativa: facilitando a construção de novos significados. Nova Perspectiva Sistêmica, 23(48), 24-43.), jardim terapêutico (Stark & Ringaert, 2011Stark, P., & Ringaert, L. (2011). Ambientes físicos. In E. B. Crepeau, E.S. Cohn & B.A.B. Schell (Eds.), Willard & Spackman: Terapia Ocupacional (pp. 832- 860). Rio de Janeiro: Guanabara Koogan.), mapas corporais (Solomon, 2002Solomon, J. (2002). “Living with X”: a body mapping journey in time of HIV and AIDS: facilitator’s guide. Johannesburg: REPSSI.), entre outros, é que se pensou no “Jardim de ocupações” como estratégia metafórica e reflexiva de intervenção e cuidado nas condições de luto. Pedral & Bastos (2013)Pedral, C., & Bastos, P. (2013). Terapia ocupacional: metodologia e prática. Rio de Janeiro: Rubio., na perspectiva de Rui Chamone Jorge, caracterizam-na como uma atividade ‘reflexionante’ do pensamento.

Considera-se que em um “jardim de ocupações funcionais”, podemos constatar uma diversidade de formas com propósitos que estão intrínsecos nos fazeres rotineiros e produzem experiências ocupacionais carregadas de significados singulares que atendem às necessidades básicas e emocionais das pessoas, promovendo saúde (Dickie, 2011Dickie, V. (2011). O que é ocupação? In E. Crepeau, E. Cohn & B. Schell (Eds.), Willard & Spackman: terapia ocupacional (pp. 15-21). Rio de Janeiro: Guanabara Koogan.; Castro et al., 2017Castro, G. G. A., Souza, P. L. M. M., Souza, A. M., & Corrêa, V. A. C. (2017). O significado das atividades grupais para usuários de um centro de atenção psicossocial. Revisbrato, 1(3), 332-352.). Em “jardins de ocupações disfuncionais”, podemos identificar dificuldade e/ou pouco interesse ou empobrecimento do repertório ocupacional diário da pessoa enlutada, incluindo até mesmo o descaso com cuidados pessoais (Corrêa, 2010Corrêa, V. (2010). Luto: intervenção em terapia ocupacional. Belém: Amazônia Editora.; Frizzo & Corrêa, 2017Frizzo, H., & Corrêa, V. (2017). Perdas e luto em terapia ocupacional nos contextos hospitalares e cuidados paliativos. In M. M. R. P. De Carlo & A. M. Kudo (Eds.), Terapia ocupacional em contextos hospitalares e cuidados paliativos (pp. 387-398). São Paulo: Editora Payá.), ou ainda, alguns jardins poderão apresentar-se sobrecarregados e desorganizados como uma maneira de “esquecer” o que aconteceu ou está acontecendo (Santos, 2020Santos, C. (2020). Como auxiliar pessoas idosas a lidarem com o cotidiano e a saúde mental durante a pandemia. Recuperado em 01 de fevereiro de 2021, de https://informasus.ufscar.br/como-auxiliar-pessoas-idosas-a-lidarem-com-o-cotidiano-e-a-saude-mental-durante-a-pandemia/
https://informasus.ufscar.br/como-auxili...
).

Mediante os impactos ocupacionais, como os previamente descritos, para favorecer um “jardim de ocupações funcional”, são necessárias intervenções terapêuticas que instiguem os enlutados a utilizar seus próprios recursos para superar a perda (Corrêa, 2010Corrêa, V. (2010). Luto: intervenção em terapia ocupacional. Belém: Amazônia Editora.), dando-lhes oportunidade de reunir fragmentos de suas experiências e transformá-los em elementos de investimento no cotidiano (Ribeiro & Oliveira, 2005Ribeiro, M., & Oliveira, L. (2005). Terapia ocupacional e saúde mental: construindo lugares de inclusão social. Interface - Comunicação, Saúde, Educação, 9(17), 425-431. http://dx.doi.org/10.1590/S1414-32832005000200023.
http://dx.doi.org/10.1590/S1414-32832005...
), e ainda, de evitar a restrição do repertório das ocupações e auxiliar a restauração e/ou promoção de proposição de projetos de vida (Frizzo & Corrêa, 2017Frizzo, H., & Corrêa, V. (2017). Perdas e luto em terapia ocupacional nos contextos hospitalares e cuidados paliativos. In M. M. R. P. De Carlo & A. M. Kudo (Eds.), Terapia ocupacional em contextos hospitalares e cuidados paliativos (pp. 387-398). São Paulo: Editora Payá.).

Infere-se que o “Jardim de Ocupações”, como uma estratégia de intervenção, possui potencial para manejar e enfrentar demandas ocupacionais, desvelar valores e sentidos, entre outros aspectos da existência de uma pessoa enlutada através de um movimento de autoavaliação pessoal e ocupacional que pode fornecer informações sobre como a participação em ocupações se relaciona ou afeta as vidas das pessoas. Pode tornar visíveis escolhas disponíveis de ocupações a serem desempenhadas, auxiliar a compreensão de responsabilização pelo cuidado em saúde, o exercício de escolhas, e também, contribuir para o resgaste e/ou descoberta de interesses, habilidades, potencialidades, formas e sentidos do seu engajamento em atividades cotidianas.

“Jardins das Ocupações” Como Uma Estratégia Diante de Perdas Ocupacionais e Luto

Ocupações incluem atividades e ações cotidianas, desde as mais simples ações-tarefas-atividades, como lavar as mãos e dormir, as mais complexas, como estudar, trabalhar e faxinar (Yerxa, 2000Yerxa, E. (2000). Occupational science: a renaissance of servisse to humankind through knowledge. Occupational Therapy International, 7(2), 87-98. http://dx.doi.org/10.1002/oti.109.
http://dx.doi.org/10.1002/oti.109...
; Silva, 2013Silva, C. (2013). As atividades como recurso para a pesquisa. Cadernos de Terapia Ocupacional da UFSCar, 21(3), 461-470. http://dx.doi.org/10.4322/cto.2013.048.
http://dx.doi.org/10.4322/cto.2013.048...
). Nesse sentido, a experiência subjetiva do ocupar-se compreende o aspecto simbólico das experiências percebidas na ocupação e, por isso, é singular e única (Carrasco & Olivares, 2008Carrasco, M. J., & Olivares, A. D. (2008). Haciendo camino al andar: construcción y comprensión de la ocupación para la investigación y práctica de la terapia ocupacional. Revista Chilena de Terapia Ocupacional, (8), 5-16. http://dx.doi.org/10.5354/0719-5346.2008.55.
http://dx.doi.org/10.5354/0719-5346.2008...
; Larson et al., 2008Larson, E., Wood, W., & Clark, F. (2008). Ciencia ocupacional: desarrollo de la ciencia y la práctica de la ocupación a través de una disciplina académica. In E. B. Crepeau, E. S. Cohn & B. A. B. Schell (Eds.), Terapia ocupacional (pp. 15-26). Buenos Aires: Médica Panamericana.). A singularidade também pode estar presente em jardins compostos por uma diversidade de elementos dinâmicos, tais como plantas e flores de múltiplas espécies, texturas, aromas e cores (Delphim, 2005Delphim, C. F. M. (2005). Manual de intervenções em jardins histórico. Brasília: IPHAN.).

Pode-se dizer, ainda, que as ocupações incluem fazeres que precisamos, queremos e esperamos ter no dia-a-dia. Assim, na medida em que nos envolvemos em ocupações, essas ocupações passam a constituir o nosso próprio jardim (Figura 1), com todos os repertórios de fazeres de diferentes tipos, formas e propósitos. Assim, destaca-se que nós, seres humanos, realizamos nossas vidas nos ocupando (Carin-Levy & Jones, 2007Carin-Levy, G., & Jones, D. (2007). Psychosocial aspects of scuba diving for people with physical disabilities: an occupational science perspective. Canadian Journal of Occupational Therapy, 74(1), 6-14. http://dx.doi.org/10.2182/cjot.06.07.
http://dx.doi.org/10.2182/cjot.06.07...
) do nosso jardim.

Por vezes, por conta de sentimentos de pesar relacionados a uma perda significativa, observa-se uma falta de interesse em realizar atividades e um empobrecimento no repertório de ocupações diárias do enlutado (Corrêa, 2010Corrêa, V. (2010). Luto: intervenção em terapia ocupacional. Belém: Amazônia Editora.; Frizzo & Corrêa, 2017Frizzo, H., & Corrêa, V. (2017). Perdas e luto em terapia ocupacional nos contextos hospitalares e cuidados paliativos. In M. M. R. P. De Carlo & A. M. Kudo (Eds.), Terapia ocupacional em contextos hospitalares e cuidados paliativos (pp. 387-398). São Paulo: Editora Payá.). Sem cuidado, o nosso jardim pode, gradualmente, propiciar o surgimento de “ervas daninhas”; o mato pode crescer desordenadamente, eliminar os “brotinhos” e abafar as sementes, que podem ficar sem espaço para crescer, tornando-se uma área abandonada e sem vida.

A literatura (Carrasco & Olivares, 2008Carrasco, M. J., & Olivares, A. D. (2008). Haciendo camino al andar: construcción y comprensión de la ocupación para la investigación y práctica de la terapia ocupacional. Revista Chilena de Terapia Ocupacional, (8), 5-16. http://dx.doi.org/10.5354/0719-5346.2008.55.
http://dx.doi.org/10.5354/0719-5346.2008...
; Castro et al., 2017Castro, G. G. A., Souza, P. L. M. M., Souza, A. M., & Corrêa, V. A. C. (2017). O significado das atividades grupais para usuários de um centro de atenção psicossocial. Revisbrato, 1(3), 332-352.) ressalta que as ocupações podem ser mantidas ou modificadas conforme uma infinidade de determinantes aos quais estamos sujeitos. Assim, ante as perdas e incertezas que acompanham a vida, a maneira como estávamos acostumados a nos ocupar, ou seja, a cuidar de nosso “jardim”, pode ter que mudar em algum momento, e podemos viver um distanciamento temporário das ocupações que necessitamos, gostamos e/ou escolhemos diariamente.

Em relação aos impactos causados pelas perdas ocupacionais, talvez possamos falar em desequilíbrio ocupacional - quando há supressão de papéis e necessidades ocupacionais não satisfeitas ou cumpridas em razão do excesso ou diminuição de tempo dedicado a uma(s) área(s) de ocupação em detrimento de outras (Townsend & Polatajko, 2007Townsend, E., & Polatajko, H. (2007). Enabling occupation II: advancing occupational therapy vision for health, well-being and justice through occupation. Ottawa: CAOT Publications.) - ou quem sabe destacar que esses impactos são geradores de tensão; contudo, Frankl (2012)Frankl, V. (2012). Fundamentos y aplicaciones de la logoterapia. Barcelona: Herder Editorial. http://dx.doi.org/10.2307/j.ctvt9k0jp.
http://dx.doi.org/10.2307/j.ctvt9k0jp...
ressalta que a tensão não constitui algo a ser, incondicionalmente, evitado, a tensão de uma situação onde se esta enredado, pode nos favorecer um foco de direcionamento e nos instigar ao exercício de escolhas responsáveis diante dos desafios que se apresentam, contribuindo para a qualidade do nosso viver através dos valores de sentido.

De tal modo, percebe-se a existência de um movimento constante de um vir-a-ser, de uma tensão resultante da tentativa de adequação entre as possibilidades e a ação humana concreta e responsável e, também, a relação entre o que as pessoas fazem e quem são como seres ocupacionais (Yerxa, 2000Yerxa, E. (2000). Occupational science: a renaissance of servisse to humankind through knowledge. Occupational Therapy International, 7(2), 87-98. http://dx.doi.org/10.1002/oti.109.
http://dx.doi.org/10.1002/oti.109...
; Frankl, 2012Frankl, V. (2012). Fundamentos y aplicaciones de la logoterapia. Barcelona: Herder Editorial. http://dx.doi.org/10.2307/j.ctvt9k0jp.
http://dx.doi.org/10.2307/j.ctvt9k0jp...
).

Assim, podemos perceber que ocupar-se de cuidar de nossos “jardins das ocupações” pode ser um dos desafios diários que experimentamos, ao mesmo tempo que pode se apresentar como uma possibilidade de avaliarmos e revermos como se apresentam os nossos fazeres? Tornaram-se difíceis realizá-los? Porque? Como tem se revelado o envolver-se nos fazeres que temos conseguido realizar no momento atual de vida? As respostas a esses questionamentos podem nos mostrar pistas significativas sobre o que pode contribuir com a nossa produção de saúde e bem-estar. No período de pandemia, as estratégias de enfrentamento podem iniciar na “maneira que”, no “como”, com “o que” e “para que” ocupamos o nosso dia-a-dia.

O envolvimento em uma ocupação oferece a capacidade de exercer escolhas (Carin-Levy & Jones, 2007Carin-Levy, G., & Jones, D. (2007). Psychosocial aspects of scuba diving for people with physical disabilities: an occupational science perspective. Canadian Journal of Occupational Therapy, 74(1), 6-14. http://dx.doi.org/10.2182/cjot.06.07.
http://dx.doi.org/10.2182/cjot.06.07...
). Frankl (2012)Frankl, V. (2012). Fundamentos y aplicaciones de la logoterapia. Barcelona: Herder Editorial. http://dx.doi.org/10.2307/j.ctvt9k0jp.
http://dx.doi.org/10.2307/j.ctvt9k0jp...
ressalta que a liberdade da vontade humana é decidir ante qualquer situação/condição que a pessoa deva enfrentar, e as possibilidades que podem ser continuamente apresentadas às pessoas na forma de valores de sentido podem ser criativos (ofertar ao mundo - por exemplo, uma obra, uma tarefa), vivenciais (receber do mundo, como a experiência da natureza e/ou do amor) e atitudinais (posicionar-se diante de sofrimentos inevitáveis, por exemplo) (Frankl, 2012Frankl, V. (2012). Fundamentos y aplicaciones de la logoterapia. Barcelona: Herder Editorial. http://dx.doi.org/10.2307/j.ctvt9k0jp.
http://dx.doi.org/10.2307/j.ctvt9k0jp...
, 2017Frankl, V. (2017). Conceitos fundamentais da logoterapia. Petrópolis: Vozes.), dos quais as pessoas são livres para embarcar na realização desse sentido ou não.

Afinal, como reflete a metáfora a jardinagem e a vida de autoria desconhecida, o verdadeiro jardineiro de nossas próprias vidas:

É aquele que assume a sua responsabilidade por aquilo que lhe cabe no seu jardim: preparar a terra; semear; adubar; irrigar; podar; retirar as ervas daninhas; cuidar para que pragas [...] não dizimem as plantas [...]. Mesmo [...] que a imprevisibilidade [tenha] um certo peso sobre o resultado do jardim, o jardineiro entende que nunca chegará a lugar algum sem fazer o seu “dever de casa”. [...] É preciso executar muitas tarefas para que o projeto [caminhe]. [...] cada etapa vencida se soma à grande jornada da vida. Mas o jardineiro também [...] aceita o fato de que muitas coisas estão fora do seu controle: fazer chover; mudar a temperatura do dia; fazer brotar; fazer florir; fazer frutificar [...] Podemos até desejar que as coisas sejam diferentes [...]. [Mas] a chuva só vai chegar no seu devido tempo. Portanto, [...] para uma vida [com sentidos precisamos] assumir a responsabilidade [pelo jardim] [...] sem se esconder daquilo que cabe a você fazer [...]. [Trechos da Metáfora ‘entre o jardim e a vida’] (Mamãe Plugada, 2015Mamãe Plugada. (2015). Metáfora entre o jardinagem e a vida. Recuperado em 11 de agosto de 2021, de https://www.mamaeplugada.com.br/metafora-entre-o-jardinagem-e-vida-353
https://www.mamaeplugada.com.br/metafora...
).

Logo, semearemos, cultivaremos, diremos sim a vida! Nos ocuparemos de transformar o árido presente em um florescente e frutificante futuro. Ressalta-se que serão habilidosos “jardineiros ocupacionais” aqueles que entendem que o seu “jardim das ocupações” precisa de cuidado diário regular e contínuo, entendo que, em alguns momentos, podemos oferecer ou precisar de ajuda para cuidar do nosso jardim e superar as intemperes, sofrimentos, culpas e mortes; portanto, podemos buscar ou ofertar uma escuta, acolhimento ou assistência especializada para (re)significarmos os modos de vivenciar esse processo de cuidado do nosso “jardim” (ou do “jardim” do outro) mediante perdas significativas.

Infere-se que dificuldades maiores ou menores sempre fizeram e irão fazer parte de nosso cotidiano. Devemos, sim, resgatar aquilo que nos cabe no cuidado conosco e com o outro, mas também é responsável admitir que temos limitações e, mesmo em momentos difíceis, pode haver o aprendizado que fica. Assim, temos a possibilidade de lidar com as coisas boas e ruins do processo de luto; assim, o cuidado do jardim de outras pessoas (cuidado em saúde) e no cuidado do nosso próprio jardim caminham agora por um labirinto de tentativas, acertos e erros que vai sendo ajustado com o tempo.

Ressalta-se que não se trata de apagar o passado, esquecer o algo ou ente querido perdido; todavia, perceber que a vida pode continuar, e isso pode ser realizado por meio do engajamento e restauração das nossas ocupações (Frizzo & Corrêa, 2017Frizzo, H., & Corrêa, V. (2017). Perdas e luto em terapia ocupacional nos contextos hospitalares e cuidados paliativos. In M. M. R. P. De Carlo & A. M. Kudo (Eds.), Terapia ocupacional em contextos hospitalares e cuidados paliativos (pp. 387-398). São Paulo: Editora Payá.), que podem auxiliar a resposta a questões existenciais maiores sobre o sentido da vida (Hocking, 2011Hocking, C. (2011). Contribuição da ocupação para a saúde e o bem-estar. In E. B. Crepeau, E. S. Cohn & B. A. B. Schell (Eds.), Willard & Spackman: terapia ocupacional (pp. 45- 55). Rio de Janeiro: Guanabara Koogan.; Hocking &Valerie, 2011Hocking, C., & Valerie, C. (2011). Occupational science: adding value to occupational therapy. New Zealand Journal of Occupational Therapy, 58(1), 1-29.).

Nessa perspectiva, não podemos mudar ou extinguir os danos causados pelas perdas sofridas; contudo, podemos ditar o fluxo das ocupações, “plantar” novas ocupações, ou “(re)plantar” aquelas que já compõem o nosso jardim. Assim, ao tomar decisões responsáveis em meio aos processos de enfrentamento das perdas, do luto e à construção de ressignificados que pode nos possibilitar novos modos de ser, estar, viver e fazer no nosso cotidiano. Dessa maneira, convido aos leitores a refletir “O que podemos plantar ou replantar no nosso ‘jardim de ocupações’ hoje?” (Figura 2).

Figura 2
O que podemos plantar ou replantar no nosso jardim de ocupações hoje?

Considerações Finais

O “Jardim de Ocupações” configura-se como uma estratégia participativa, reflexiva que pode propiciar a tomada de consciência e ampliar o aprofundamento de reflexões e compreensões sobre os sentidos de vida e o engajamento em ocupações a ser explorado pelos sujeitos-alvos de nosso cuidado em saúde, aspectos que são importantes no cuidado de pessoas com demandas ocupacionais diante de processos de perdas e luto. Espera-se que este estudo possa subsidiar ou incentivar debates e reflexões sobre maneiras diferentes de intervir, pesquisar e abordar a ocupação.

  • Como citar: Nascimento, C. A. V., Souza, A. M., & Corrêa, V. A. C. (2022). “Jardins das ocupações”: estratégias de cuidados diante de perdas ocupacionais e luto. Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional, 30, e3128. https://doi.org/10.1590/2526-8910.ctoEN239631281

Referências

  • Almeida, C., Souza, A., & Corrêa, V. (2017). Sobre as ocupações de idosos em condição de hospitalização: qual a forma e o significado? Cadernos de Terapia Ocupacional da UFSCar, 25(1), 147-157. http://dx.doi.org/10.4322/0104-4931.ctoAO0706
    » http://dx.doi.org/10.4322/0104-4931.ctoAO0706
  • Bellé, B. (2013). Apostila de paisagismo. Recuperado em 18 de dezembro de 2021, de https://www.bibliotecaagptea.org.br/agricultura/paisagismo/livros/APOSTILA%20DE%20PAISAGISMO%20IFRS.pdf
    » https://www.bibliotecaagptea.org.br/agricultura/paisagismo/livros/APOSTILA%20DE%20PAISAGISMO%20IFRS.pdf
  • Bezerra, A. C. V., Silva, C. E. M., Soares, F. R. G., & Silva, J. A. M. (2020). Fatores associados ao comportamento da população durante o isolamento social na pandemia de COVID-19. Ciência & Saúde Coletiva, 25(Supl. 1), 2411-2421. http://dx.doi.org/10.1590/1413-81232020256.1.10792020
    » http://dx.doi.org/10.1590/1413-81232020256.1.10792020
  • Brasil. Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional - COFFITO. (2020, 20 de março). Resolução nº 516, de 20 de março de 2020. Estabelece providências durante o enfrentamento da crise provocada pela Pandemia do COVID-19. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília. Recuperado em 18 de dezembro de 2021, de https://www.coffito.gov.br/nsite/wp-content/uploads/2020/03/Resolucao516_2020.pdf
    » https://www.coffito.gov.br/nsite/wp-content/uploads/2020/03/Resolucao516_2020.pdf
  • Carin-Levy, G., & Jones, D. (2007). Psychosocial aspects of scuba diving for people with physical disabilities: an occupational science perspective. Canadian Journal of Occupational Therapy, 74(1), 6-14. http://dx.doi.org/10.2182/cjot.06.07
    » http://dx.doi.org/10.2182/cjot.06.07
  • Carrasco, M. J., & Olivares, A. D. (2008). Haciendo camino al andar: construcción y comprensión de la ocupación para la investigación y práctica de la terapia ocupacional. Revista Chilena de Terapia Ocupacional, (8), 5-16. http://dx.doi.org/10.5354/0719-5346.2008.55
    » http://dx.doi.org/10.5354/0719-5346.2008.55
  • Castro, G. G. A., Souza, P. L. M. M., Souza, A. M., & Corrêa, V. A. C. (2017). O significado das atividades grupais para usuários de um centro de atenção psicossocial. Revisbrato, 1(3), 332-352.
  • Comissão Nacional de Ética em Pesquisa - CONEP. (2021). Orientações para procedimentos em pesquisas com qualquer etapa em ambiente virtual. Recuperado em 18 de dezembro de 2021, de http://conselho.saude.gov.br/images/Oficio_Circular_2_24fev2021.pdf
    » http://conselho.saude.gov.br/images/Oficio_Circular_2_24fev2021.pdf
  • Corrêa, V. (2010). Luto: intervenção em terapia ocupacional. Belém: Amazônia Editora.
  • Crepaldi, M., Schmidt, B., Noal, D., Bolze, S., & Gabarra, L. (2020). Terminalidade, morte e luto na pandemia de COVID-19: demandas psicológicas emergentes e implicações práticas. Estudos de Psicologia, 37, 1-12. http://dx.doi.org/10.1590/1982-0275202037e200090
    » http://dx.doi.org/10.1590/1982-0275202037e200090
  • Crepeau, E. B., Cohn, E. S., & Schell, B. A. B. (2011a). Willard & Spackman: terapia ocupacional. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan.
  • Crepeau, E., Schell, B., & Cohn, E. (2011b). Prática de terapia ocupacional contemporânea nos Estados Unidos. In E. Crepeau, E. Cohn & B. Schell (Eds.), Willard & Spackman: terapia ocupacional (pp. 218-225). Rio de Janeiro: Guanabara Koogan.
  • Dahdah, D. F., Bombarda, T. B., Frizzo, H. C. F., & Joaquim, R. H. V. T. (2019). Revisão sistemática sobre luto e terapia ocupacional. Cadernos de Terapia Ocupacional da UFSCar, 27(1), 186-196. http://dx.doi.org/10.4322/2526-8910.ctoAR1079
    » http://dx.doi.org/10.4322/2526-8910.ctoAR1079
  • Delphim, C. F. M. (2005). Manual de intervenções em jardins histórico. Brasília: IPHAN.
  • Dickie, V. (2011). O que é ocupação? In E. Crepeau, E. Cohn & B. Schell (Eds.), Willard & Spackman: terapia ocupacional (pp. 15-21). Rio de Janeiro: Guanabara Koogan.
  • Fontes, W. H. A., Assis, P. C. P., Santos, E. P., Maranhão, T. L. G., Lima Júnior, J., & Gadelha, M. S. V. (2020). Perdas, mortes e luto durante a pandemia de Covid-19: uma revisão da literatura. Id on Line Revista Multidisciplinar de Psicologia, 14(51), 303-317. http://dx.doi.org/10.14295/idonline.v14i51.2557
    » http://dx.doi.org/10.14295/idonline.v14i51.2557
  • Frankl, V. (2012). Fundamentos y aplicaciones de la logoterapia. Barcelona: Herder Editorial. http://dx.doi.org/10.2307/j.ctvt9k0jp
    » http://dx.doi.org/10.2307/j.ctvt9k0jp
  • Frankl, V. (2017). Conceitos fundamentais da logoterapia Petrópolis: Vozes.
  • Frizzo, H., & Corrêa, V. (2017). Perdas e luto em terapia ocupacional nos contextos hospitalares e cuidados paliativos. In M. M. R. P. De Carlo & A. M. Kudo (Eds.), Terapia ocupacional em contextos hospitalares e cuidados paliativos (pp. 387-398). São Paulo: Editora Payá.
  • Hitch, D., Pépin, G., & Stagnitti, K. (2014). In the footsteps of Wilcock, parte one: the evolution of doing, being, becoming, and belonging. Occupational Therapy in Health Care, 28(3), 231-246. http://dx.doi.org/10.3109/07380577.2014.898114
    » http://dx.doi.org/10.3109/07380577.2014.898114
  • Hocking, C. (2011). Contribuição da ocupação para a saúde e o bem-estar. In E. B. Crepeau, E. S. Cohn & B. A. B. Schell (Eds.), Willard & Spackman: terapia ocupacional (pp. 45- 55). Rio de Janeiro: Guanabara Koogan.
  • Hocking, C., & Valerie, C. (2011). Occupational science: adding value to occupational therapy. New Zealand Journal of Occupational Therapy, 58(1), 1-29.
  • Larson, E., Wood, W., & Clark, F. (2008). Ciencia ocupacional: desarrollo de la ciencia y la práctica de la ocupación a través de una disciplina académica. In E. B. Crepeau, E. S. Cohn & B. A. B. Schell (Eds.), Terapia ocupacional (pp. 15-26). Buenos Aires: Médica Panamericana.
  • Lopes, A., & Corrêa, V. (2013). Processos de perda, luto e a assistência da terapia ocupacional nas situações de escalpelamento. Cadernos de Terapia Ocupacional da UFSCar, 21(2), 313-324. http://dx.doi.org/10.4322/cto.2013.033
    » http://dx.doi.org/10.4322/cto.2013.033
  • Mamãe Plugada. (2015). Metáfora entre o jardinagem e a vida. Recuperado em 11 de agosto de 2021, de https://www.mamaeplugada.com.br/metafora-entre-o-jardinagem-e-vida-353
    » https://www.mamaeplugada.com.br/metafora-entre-o-jardinagem-e-vida-353
  • Michel, L., & Freitas, J. (2019). A clínica do luto e seus critérios diagnósticos: possíveis contribuições de Tatossian. Psicologia USP, 30, 1-9. http://dx.doi.org/10.1590/0103-6564e180185
    » http://dx.doi.org/10.1590/0103-6564e180185
  • Parkes, C. M. (2000). Bereavement as a psychosocial transition processes of adaptation to change. In D. Dickenson, M. Johnson & J. S. Katz (Eds.), Death, dying and bereavement (pp. 325-331). London: SAGE Publications.
  • Parkes, C. M. (2010). Grief: lessons from the past, visions for the future. Death Studies, 26(5), 367-385. http://dx.doi.org/10.1080/07481180290087366
    » http://dx.doi.org/10.1080/07481180290087366
  • Paschoal, V., & Grandesso, M. (2014). O uso de metáforas em terapia narrativa: facilitando a construção de novos significados. Nova Perspectiva Sistêmica, 23(48), 24-43.
  • Pedral, C., & Bastos, P. (2013). Terapia ocupacional: metodologia e prática. Rio de Janeiro: Rubio.
  • Ribeiro, M., & Oliveira, L. (2005). Terapia ocupacional e saúde mental: construindo lugares de inclusão social. Interface - Comunicação, Saúde, Educação, 9(17), 425-431. http://dx.doi.org/10.1590/S1414-32832005000200023
    » http://dx.doi.org/10.1590/S1414-32832005000200023
  • Ribeiro, W. (1994). Jardim & jardinagem. Brasília: EMATER-DF/EMBRAPA-SPI.
  • Santos, C. (2020). Como auxiliar pessoas idosas a lidarem com o cotidiano e a saúde mental durante a pandemia. Recuperado em 01 de fevereiro de 2021, de https://informasus.ufscar.br/como-auxiliar-pessoas-idosas-a-lidarem-com-o-cotidiano-e-a-saude-mental-durante-a-pandemia/
    » https://informasus.ufscar.br/como-auxiliar-pessoas-idosas-a-lidarem-com-o-cotidiano-e-a-saude-mental-durante-a-pandemia/
  • Silva, C. (2013). As atividades como recurso para a pesquisa. Cadernos de Terapia Ocupacional da UFSCar, 21(3), 461-470. http://dx.doi.org/10.4322/cto.2013.048
    » http://dx.doi.org/10.4322/cto.2013.048
  • Solomon, J. (2002). “Living with X”: a body mapping journey in time of HIV and AIDS: facilitator’s guide. Johannesburg: REPSSI.
  • Sousa, S. (2016). Jardins terapêuticos em unidades de saúde: aplicação de uma metodologia de projeto centrado no utilizador para populações com necessidades especiais: caso de estudo do Centro de Reabilitação e Integração Ouriense (Dissertação de mestrado). Universidade de Lisboa, Lisboa.
  • Stark, P., & Ringaert, L. (2011). Ambientes físicos. In E. B. Crepeau, E.S. Cohn & B.A.B. Schell (Eds.), Willard & Spackman: Terapia Ocupacional (pp. 832- 860). Rio de Janeiro: Guanabara Koogan.
  • Townsend, E., & Marval, R. (2013). Can professionals actually enable occupational justice? Cadernos de Terapia Ocupacional da UFSCar, 21(2), 215-228. http://dx.doi.org/10.4322/cto.2013.025
    » http://dx.doi.org/10.4322/cto.2013.025
  • Townsend, E., & Polatajko, H. (2007). Enabling occupation II: advancing occupational therapy vision for health, well-being and justice through occupation. Ottawa: CAOT Publications.
  • White, J. (2011). Questões para a prática da terapia ocupacional. In E. B. Crepeau, E. S. Cohn & B. A. B. Schell (Eds.), Willard & Spackman: terapia ocupacional (pp. 265- 276). Rio de Janeiro: Guanabara Koogan.
  • Wilcock, A. A. (2005). Occupational science: bridging occupation and health. Canadian Journal of Occupational Therapy, 72(1), 5-12. http://dx.doi.org/10.1177/000841740507200105
    » http://dx.doi.org/10.1177/000841740507200105
  • World Federation of Occupational Therapist - WFOT. (2020). Declaração de posição telessaúde. Revisbrato, 4(Supl. 3), 416-421.
  • Yerxa, E. (2000). Occupational science: a renaissance of servisse to humankind through knowledge. Occupational Therapy International, 7(2), 87-98. http://dx.doi.org/10.1002/oti.109
    » http://dx.doi.org/10.1002/oti.109

Editado por

Editora de seção

Prof. Dr. Milton Carlos Mariotti

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    09 Dez 2022
  • Data do Fascículo
    2022

Histórico

  • Recebido
    11 Ago 2021
  • Revisado
    22 Nov 2021
  • Revisado
    23 Mar 2022
  • Aceito
    02 Ago 2022
Universidade Federal de São Carlos, Departamento de Terapia Ocupacional Rodovia Washington Luis, Km 235, Caixa Postal 676, CEP: , 13565-905, São Carlos, SP - Brasil, Tel.: 55-16-3361-8749 - São Carlos - SP - Brazil
E-mail: cadto@ufscar.br