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Aspectos da atuação do terapeuta ocupacional no contexto hospitalar no primeiro ano da pandemia de COVID-19 1 1 O estudo é parte de uma pesquisa quanti-qualitativa, realizado com seres humanos, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de São Carlos, cumprindo-se os requisitos éticos determinados pelas resoluções 466/2012 e 510/2016.

Resumo

Introdução

A doença COVID-19 ocasionou uma pandemia, gerando sobrecarga nos serviços de saúde, principalmente nas instituições hospitalares, devido à necessidade de internação dos pacientes infectados. Dentre os profissionais da saúde, o terapeuta ocupacional tem contribuído para o enfrentamento da doença.

Objetivo

Verificar a atuação dos terapeutas ocupacionais em contextos hospitalares no primeiro ano da pandemia pela COVID-19.

Método

Trata-se de um estudo transversal, exploratório, descritivo e de abordagem quantitativa. A pesquisa foi desenvolvida utilizando-se o Google Forms®, com coleta dos dados por meio de questionário com perguntas abertas e fechadas, tendo como participantes terapeutas ocupacionais atuantes na assistência em contextos hospitalares. Os dados foram descritos e analisados estatisticamente por meio do software Statistica 9.1 e do teste Exato de Fisher.

Resultados

Participaram 36 terapeutas ocupacionais, destes, 23 atenderam pacientes com COVID-19 (63,9%). Dos participantes, 75% responderam que modificaram sua intervenção com o início da pandemia e 91,7% consideraram sua atuação fundamental nesse período. O percentual de terapeutas que considera a sua atuação como terapeuta ocupacional fundamental durante a pandemia no grupo que trabalhou com pacientes com COVID-19 (p=0,040) é significativamente maior em relação ao grupo que não trabalhou com pacientes com COVID-19 (76,9%). Na atenção ao paciente com COVID-19, a maioria dos terapeutas ocupacionais respondeu que sua atuação era específica do escopo da profissão (86,9%) e importante no combate à doença (60,8%).

Conclusão

Os resultados trazem dados esclarecedores sobre as intervenções de terapeutas ocupacionais, levando a discussões crítico-reflexivas sobre a necessidade de se apropriar de uma nova prática em contexto hospitalar.

Palavras-chave:
Terapia Ocupacional; COVID-19; Pandemias; Hospitais

Abstract

Introduction

The COVID-19 disease caused a pandemic, generating an overload on health services, especially in hospital institutions, due to the need for hospitalization of infected patients. Among health professionals, the occupational therapists have contributed to coping with the disease.

Objective

To verify the performance of occupational therapists in hospital contexts in the first year of the COVID-19 pandemic.

Method

This is a cross-sectional, exploratory, descriptive study with a quantitative approach. The research was developed using Google Forms®, with data collection through a questionnaire with open and closed questions, with occupational therapists working in hospital care as participants. Data were described and statistically analyzed using Statistica 9.1 software and Fisher's exact test.

Results

36 occupational therapists participated, of which 23 treated patients with COVID-19 (63.9%). Of the participants, 75% responded that they modified their intervention with the onset of the pandemic and 91.7% considered their role fundamental during this period. The percentage of therapists who consider their performance as an occupational therapist fundamental during the pandemic in the group that worked with patients with COVID-19 (p=0.040) is significantly higher compared to the group that did not work with patients with COVID-19 (76.9%). In caring for patients with COVID-19, most occupational therapists responded that their role was specific to the scope of their profession (86.9%) and important in combating the disease (60.8%).

Conclusion

The results bring enlightening data about the interventions of occupational therapists, leading to critical-reflective discussions about the need to appropriate a new practice in a hospital context.

Keywords:
Occupational Therapy; COVID-19; Pandemics; Hospitals

Introdução

A Organização Mundial de Saúde (OMS), em março de 2020, reconheceu o surto de COVID-19 como uma pandemia (World Health Organization, 2020World Health Organization - WHO. (2020). Mental health and psychosocial considerations during the COVID-19 outbreak. Recuperado em 18 de junho de 2021, de https://apps.who.int/iris/handle/10665/33149
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). A COVID-19 tem afetado pessoas, famílias e comunidades de todo o mundo e em diferentes contextos socioeconômicos (Silva et al., 2020bSilva, T. N. R., van Wijk, L. B., Dutra, R. S. R., Oliveira, T. P., & Lancman, S. (2020b). Terapia ocupacional nos tempos da COVID-19: desafios para o cuidado aos trabalhadores do contexto hospitalar. Revista de Terapia Ocupacional da Universidade de São Paulo, 31(1-3), 1-4.). A situação imposta pela pandemia tem modificado cenários mundiais, levando a mudanças nas ocupações, nas rotinas individuais e coletivas, exigindo uma reestruturação dos serviços e cuidados em saúde (Silva et al., 2020bSilva, T. N. R., van Wijk, L. B., Dutra, R. S. R., Oliveira, T. P., & Lancman, S. (2020b). Terapia ocupacional nos tempos da COVID-19: desafios para o cuidado aos trabalhadores do contexto hospitalar. Revista de Terapia Ocupacional da Universidade de São Paulo, 31(1-3), 1-4.). No Brasil, medidas de controle e prevenção, em âmbito individual, ambiental e comunitário, têm sido adotadas por autoridades sanitárias em diferentes esferas administrativas do governo federal, estadual e municipal (Rôse et al., 2020Rôse, L. B. R., Daniel, D. C. P., Prado, K. C. G., Josué, V. F., Lucisano, R. V., Dias, L. B., Carvalho, T. F., Goia, D. N., Santos, T. C. N. M. A., & Riberto, M. (2020). Adaptação à nova realidade: reestruturação do Serviço de Terapia Ocupacional frente às necessidades da COVID‑19. Revista Qualidade HC, 166-176.).

Inicialmente considerada uma pneumonia viral causando predominantemente infecções respiratórias e do trato gastrointestinal (Manfredi et al., 2021Manfredi, C., Scelzo, E., Silani, V., Ferrarese, C., & Priori, A. (2021). Neurological manifestations: an overview. In A. Priori (Ed.), Neurology of COVID-19 (pp. 45-54). Milano: Milano University Press.), a COVID-19 se apresentou como uma doença multissistêmica, com comprometimento em vários órgãos e manifestações neurológicas (Royal College of Occupational Therapists, 2020Royal College of Occupational Therapists - RCOT. (2020). A quick guide for occupational therapists: Rehabilitation for people recovering from COVID-19. Recuperado em 18 de junho de 2021, de https://www.rcot.co.uk/sites/default/files/Quick%20guide%20for%20OTs%20People%20recovering%20from%20COVID-19.pdf
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; Manfredi et al., 2021Manfredi, C., Scelzo, E., Silani, V., Ferrarese, C., & Priori, A. (2021). Neurological manifestations: an overview. In A. Priori (Ed.), Neurology of COVID-19 (pp. 45-54). Milano: Milano University Press.). Tais manifestações neurológicas podem surgir durante a internação. Estima-se que 80% dos pacientes hospitalizados são afetados (Manfredi et al., 2021Manfredi, C., Scelzo, E., Silani, V., Ferrarese, C., & Priori, A. (2021). Neurological manifestations: an overview. In A. Priori (Ed.), Neurology of COVID-19 (pp. 45-54). Milano: Milano University Press.).

As complicações respiratórias causadas pela infecção, sobretudo, em grupos de riscos, com comorbidades prévias ou saúde debilitada, levam à ameaça de morte e impõem ao paciente a hospitalização com inclusão de medidas invasivas. Dessa forma, há a interrupção das atividades de autocuidado, laborais, de lazer e sociais dos pacientes, levando a impactos funcionais em saúde mental, além dos impactos físicos da doença (Academia Nacional de Cuidados Paliativos, 2020Academia Nacional de Cuidados Paliativos - ANCP. (2020). Terapia Ocupacional em cuidados paliativos na COVID-19.Ribeirão Preto: ANCP. Recuperado em 14 de novembro de 2021, de https://cuidadospaliativos.org/blog/wp-content/uploads/2020/04/TO-CP-COVID19.pdf
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).

Dentro da equipe multiprofissional necessária ao atendimento do paciente com COVID-19 em diferentes contextos, a atuação do terapeuta ocupacional apresenta relevante contribuição na diminuição dos impactos adversos dos sintomas, da hospitalização e do isolamento social (Carmo et al., 2020Carmo, G. P., Nascimento, J. S., Santos, T. R. M., & Coelho, P. S. O. (2020). Intervenções terapêutico-ocupacionais para pacientes com COVID-19 na UTI. Revista Interinstitucional Brasileira de Terapia Ocupacional, 4(3), 397-415.; Santos et al., 2020Santos, N., Brito, J., Nascimento, L., Belo, A., Santos, D. D., Cavalcanti, G. L., & Silva, T. (2020). Plano de ação institucional de terapeutas ocupacionais de um hospital escola de Pernambuco frente a pandemia da COVID-19. Revista Interinstitucional Brasileira de Terapia Ocupacional, 4(3), 389-396.). De acordo com a resolução n. 429 de 2013, a atuação do terapeuta ocupacional em contextos hospitalares se desenvolve em três áreas de atuação: na atenção intra-hospitalar, em que estão previstas intervenções terapêutico ocupacionais com pacientes em diversos contextos que englobam unidades de internação, ambulatórios, unidades de urgência, centro cirúrgico, unidades de terapia intensiva, brinquedoteca, entre outros; na atenção extra-hospitalar, que engloba a atuação do terapeuta ocupacional em assistência domiciliar e ações com a rede assistencial; e na atenção em cuidados paliativos (Brasil, 2013Brasil. Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional - COFFITO. (2013, de 8 de julho). Resolução COFFITO nº 429 de 08 de julho de 2013. Reconhece e disciplina a especialidade de Terapia Ocupacional em Contextos Hospitalares, define as áreas de atuação e as competências do terapeuta ocupacional especialista em Contextos Hospitalares e dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, seção 1. Recuperado em 27 de janeiro de 2022, de http://www.atohosp.com.br/uploads/files/20170328005352.pdf
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).

No contexto da pandemia da COVID-19, diante de uma doença nova e ameaçadora da continuidade da vida, vale ressaltar a importância do cuidado paliativo como uma abordagem que visa melhorar a qualidade de vida, prevenção e alívio do sofrimento, e manejo de problemas (físicos, psicossociais e espirituais). Em contextos emergenciais como de uma pandemia, o cuidado paliativo se faz necessário, uma vez que auxilia na otimização de leitos e recursos, além de promover a dignidade e o conforto diante de uma doença que ameaça a vida (Florêncio et al., 2020Florêncio, R. S., Cestari, V. R. F., Souza, L. C., Flor, A. C., Nogueira, V. P., Moreira, T. M. M., Salvetti, M. G., & Pessoa, V. L. M. P. (2020). Cuidados paliativos no contexto da pandemia de COVID-19: desafios e contribuições. Acta Paulista de Enfermagem, 33, 1-9. http://dx.doi.org/10.37689/acta-ape/2020AO01886.
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).

Ainda sobre a atuação do terapeuta ocupacional em contextos hospitalares, ressalta-se que o profissional visa:

[...] à proteção, promoção, prevenção, recuperação, reabilitação e Cuidados Paliativos, do indivíduo e da coletividade, pautado na concepção de integralidade e humanização da atenção à saúde (Brasil, 2013Brasil. Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional - COFFITO. (2013, de 8 de julho). Resolução COFFITO nº 429 de 08 de julho de 2013. Reconhece e disciplina a especialidade de Terapia Ocupacional em Contextos Hospitalares, define as áreas de atuação e as competências do terapeuta ocupacional especialista em Contextos Hospitalares e dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, seção 1. Recuperado em 27 de janeiro de 2022, de http://www.atohosp.com.br/uploads/files/20170328005352.pdf
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).

A literatura indica que o terapeuta ocupacional está apto para atuar no cenário pandêmico, seja em casos suspeitos ou confirmados, em diferentes linhas de cuidados, da atenção básica ao atendimento hospitalar especializado (De Carlo et al., 2020De Carlo, M. M. R. P., Gomes-Ferraz, C. A., Rezende, G., Buin, L., Moreira, D. J. A., Souza, K. L., Sacramento, A. M., Santos, W.A., Mendes, P. V. B., & Vendrusculo-Fangel, L. M. (2020). Diretrizes para a assistência da terapia ocupacional na pandemia da COVID-19 e perspectivas pós-pandemia. Medicina, 53(3), 332-369.). Ainda, como profissionais atuantes na reabilitação biopsicossocial do paciente, os terapeutas ocupacionais têm papel fundamental, auxiliando o manejo e execução das atividades de vida diária que podem se tornar complexas para pacientes hospitalizados e com comorbidades infectados pelo SARS-COV-2, bem como promovendo ações de cuidado à saúde mental dos pacientes e atuando na recuperação em longo prazo dos casos graves de COVID-19 (De Carlo et al., 2020De Carlo, M. M. R. P., Gomes-Ferraz, C. A., Rezende, G., Buin, L., Moreira, D. J. A., Souza, K. L., Sacramento, A. M., Santos, W.A., Mendes, P. V. B., & Vendrusculo-Fangel, L. M. (2020). Diretrizes para a assistência da terapia ocupacional na pandemia da COVID-19 e perspectivas pós-pandemia. Medicina, 53(3), 332-369.).

Considerando a inserção do terapeuta ocupacional em contextos hospitalares, o presente estudo se propôs a verificar a atuação dos terapeutas ocupacionais em contextos hospitalares durante o primeiro ano da pandemia pela COVID-19. Especificamente, descrever o perfil dos terapeutas ocupacionais que atuaram em contextos hospitalares durante o primeiro ano da pandemia de COVID-19; comparar a atuação profissional entre terapeutas ocupacionais que atenderam pacientes com a COVID-19 e aqueles que não atenderam; caracterizar os atendimentos de terapeutas ocupacionais a pacientes com a COVID-19 em contextos hospitalares.

Método

Trata-se de um estudo transversal, exploratório, descritivo e de abordagem quantitativa. Participaram do estudo terapeutas ocupacionais que atuavam na assistência em instituições hospitalares no território brasileiro, durante o primeiro ano da pandemia da COVID-19. Foram adotados como critérios de exclusão: terapeutas ocupacionais que não estavam atuando na assistência em contextos hospitalares, seja por afastamento do trabalho ou por pertencerem a cargos de gestão.

A pesquisa ocorreu virtualmente na plataforma on-line gratuita Google Forms®. Para a coleta dos dados, foi elaborado pelos autores um questionário autoaplicável, de natureza quanti-qualitativa, composto de 36 perguntas abertas e fechadas, das quais, para este estudo, foram utilizadas apenas as respostas das perguntas fechadas. As perguntas foram elaboradas com base na experiência dos pesquisadores sobre contextos hospitalares, no conhecimento da literatura e na Resolução n. 429 do Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional, que regulamenta a especialidade da profissão dos(as) terapeutas ocupacionais em Contextos Hospitalares (Brasil, 2013Brasil. Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional - COFFITO. (2013, de 8 de julho). Resolução COFFITO nº 429 de 08 de julho de 2013. Reconhece e disciplina a especialidade de Terapia Ocupacional em Contextos Hospitalares, define as áreas de atuação e as competências do terapeuta ocupacional especialista em Contextos Hospitalares e dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, seção 1. Recuperado em 27 de janeiro de 2022, de http://www.atohosp.com.br/uploads/files/20170328005352.pdf
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).

Inicialmente, o questionário buscava traçar o perfil dos participantes, englobando perguntas como nome, e-mail, idade, formação profissional (pós-graduação), instituição de trabalho, cidade e estado de atuação profissional, unidade de atuação e tempo de atuação em contexto hospitalar. Em seguida, o instrumento era dividido em dois eixos investigativos. Um eixo era direcionado a perguntas que buscavam conhecer a atuação dos terapeutas ocupacionais em contextos hospitalares e as possíveis transformações devido à pandemia da COVID-19. Tais questões compunham temas sobre a capacitação para atuar na pandemia, as modificações nas intervenções, a importância da atuação da terapia ocupacional, o contato com a rede de saúde, assistência social e educação, e, por fim, a percepção do profissional sobre a sua preparação para atuar com pacientes infectados com COVID-19. O outro eixo, restrito aos profissionais que atuavam diretamente com pacientes infectados pela COVID-19, tinha como objetivo investigar a atuação do terapeuta ocupacional na assistência à referida população, composto por perguntas sobre a utilização de instrumentos padronizados, a especificidade da terapia ocupacional nas intervenções, o envolvimento dos familiares na intervenção, o encaminhamento e a sua forma para a terapia ocupacional, a participação na reunião da equipe multiprofissional e o encaminhamento dos pacientes para a rede de saúde.

A coleta de dados ocorreu de agosto a setembro de 2020, com divulgação nas redes sociais Facebook® e Instagram® e em grupos com potenciais participantes pelo aplicativo de mensagem instantânea, o WhatsApp®. Para a divulgação da pesquisa, foi elaborado um convite por meio de texto, contendo as seguintes informações: título da pesquisa, pesquisadora responsável, público-alvo, tempo aproximado de resposta ao questionário, objetivo da pesquisa e link para acesso ao questionário no Google Forms®.

A presente pesquisa atendeu às atribuições das Resoluções n. 466/2012 e 510/2016, além da Declaração de Helsinque, com início da coleta de dados após aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal de São Carlos. Previamente às perguntas do questionário, os participantes da pesquisa foram informados do objetivo do estudo e concordaram em participar, aceitando a versão on-line do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

Para o tratamento dos dados quantitativos do presente estudo, utilizou-se o software Statistica 9.1 para a análise descritiva (frequências absolutas e percentuais) da Tabela 1 e inferencial não paramétrica, por meio do teste exato de Fisher para avaliar a associação (comparação) entre as variáveis categóricas da Tabela 2 que consta nos resultados. Considerou-se o nível de significância de 5% nos testes.

Tabela 1
Caracterização dos 36 terapeutas ocupacionais participantes.
Tabela 2
Terapeutas ocupacionais atuantes em contexto hospitalar na pandemia.

Resultados

Participaram do presente estudo 36 terapeutas ocupacionais. Entre esses, 23 atenderam especificamente pacientes com COVID-19 no contexto hospitalar, de modo que os outros 13 estavam atuando em contexto hospitalar durante a pandemia, porém, não atenderam diretamente pacientes com COVID-19. NaTabela 1, são apresentados as frequências absolutas e os percentuais de caracterização dos participantes.

Nos dados da Tabela 1, observa-se que quase a totalidade de participantes é do sexo feminino. Entre os participantes, apenas um apresenta mais de 11 anos de experiência no contexto hospitalar, sendo que a maioria atua nos hospitais por um período menor ou igual a cinco anos e uma parcela menor entre seis e dez anos. A região do Brasil com maior concentração de terapeutas ocupacionais respondentes foi a região Sudeste, seguida das regiões Sul, Centro-Oeste e Nordeste. Não houve a participação de terapeutas ocupacionais do Norte do país.

Há um expressivo número de profissionais atuando em atenção intra-hospitalar, alguns concomitantemente em cuidados paliativos. Além disso, as atuações dos terapeutas ocupacionais ocorreram em unidade de internação, centros de terapia intensiva, unidades semi-intensivas, enfermarias especializadas, ambulatórios, unidades de urgência e emergência, brinquedoteca e unidade de saúde mental.

Dos terapeutas ocupacionais respondentes, 63% atenderam diretamente pessoas com COVID-19.

Na Tabela 2, os participantes referiram ter especialidade em alguma área de atuação da profissão. É importante salientar que o número de terapeutas ocupacionais que tem especialidade foi maior no grupo de terapeutas ocupacionais que não atenderam pacientes com COVID-19, em comparação aos que prestaram assistência a essa população, não havendo relação entre ter especialidades e atender pacientes internados com COVID-19 (p=1,000).

É possível identificar o número expressivo e representativo da maioria de terapeutas ocupacionais que já trabalhavam em contexto hospitalar antes do início da pandemia e esse número é semelhante nos dois grupos. Ainda, quando comparados os grupos, percebe-se que não há diferença significativa (p=1,000) entre ter trabalhado no contexto hospitalar antes do início da pandemia e ter atuado ou não com pacientes com COVID-19.

Quando os participantes foram questionados se estavam diante de novas demandas de intervenção em decorrência da pandemia, a maioria (75%) referiu que sim, sendo necessário modificar e adaptar as estratégias, o que ficou ainda mais evidente entre os que trabalharam diretamente com pacientes contaminados pela COVID-19. No entanto, ao comparar os grupos, nota-se que não há associação significativa (p=0,235) entre os profissionais que responderam que a sua intervenção foi modificada com o início da pandemia no país e o fato de trabalhar ou não com pacientes com COVID-19, o que leva a refletir que ocorreram mudanças gerais no ambiente de trabalho e não apenas nos setores ligados diretamente aos pacientes com a doença.

Todos os profissionais que atenderam pacientes com COVID-19 consideraram a sua atuação fundamental durante a pandemia (100%), diferente do grupo de terapeutas ocupacionais que não atenderam pacientes com COVID-19 durante a pandemia (76,9%). Ao analisar o valor de p (0,040), percebe-se que há associação significativa quando comparadas as percepções dos participantes sobre a importância da terapia ocupacional no atendimento a pacientes com COVID-19.

Os resultados apontaram que 69,4% dos participantes receberam capacitação para atender pacientes com COVID-19. Entre eles, 13 não atenderam essa população, embora a maioria tenha recebido a capacitação (76,9%), enquanto 23 que atenderam os pacientes infectados com a doença (65,2%) receberam a capacitação. Desse modo, infere-se que a maioria dos terapeutas ocupacionais entre ambos os grupos estavam qualificados para a atenção a pacientes infectados com a COVID-19. Ao comparar os grupos, identifica-se que não há associação significativa (p=0,708) entre ter recebido capacitação para atender a população infectada pela COVID-19 e trabalhar ou não com COVID-19.

Identifica-se que não houve associação significativa (p=0,597) entre a atuação em contexto hospitalar antes da pandemia e se sentir preparado para atender pacientes com COVID-19, ou seja, os terapeutas ocupacionais que disseram estar preparados para atender pacientes com COVID-19 não necessariamente atuavam em contexto hospitalar antes do início da pandemia.

Ainda, apenas 21,7% dos terapeutas ocupacionais que atenderam pacientes com COVID-19 realizaram contato com a rede de saúde, assistência social e/ou educação para tratar de alguma situação específica do paciente em relação à COVID-19 ou à pandemia de uma forma geral. Não houve associação significativa (p=1,000) entre ter feito contato com a rede de saúde, assistência social e/ou educação para tratar de alguma situação específica frente à pandemia e trabalhar ou não com pacientes com COVID-19. Ou seja, terapeutas ocupacionais que trabalharam com pacientes com COVID-19 não fizeram mais contatos com as redes de saúde, assistência social e/ou educação em comparação com os profissionais que não atenderam pessoas com COVID-19 no contexto hospitalar (23%).

Na Tabela 3, são apresentados os resultados referentes às questões respondidas pelos terapeutas ocupacionais que atenderam pacientes com COVID-19.

Tabela 3
Caracterização da atuação de terapeutas ocupacionais em contextos hospitalares com os pacientes com COVID-19 (n=23).

Entre os terapeutas ocupacionais que atenderam pacientes com COVID-19, 86,9% responderam que as atuações foram específicas do núcleo de terapia ocupacional, 60,8% realizaram intervenções consideradas por eles como importantes no combate à COVID-19, mas que não eram específicas da profissão.

Entre os 23 participantes que avaliaram e trataram pacientes com COVID-19, 17,4% atenderam pacientes por busca ativa e 82,6% atuaram com pacientes com COVID-19 encaminhados pela equipe por meio das reuniões multiprofissionais e interconsultas.

Ao realizar as avaliações e intervenções, apenas 21,7% dos participantes responderam que utilizaram instrumentos padronizados de avaliação. Além disso, 65,2% dos profissionais envolveram os familiares durante as intervenções. Já em relação ao encaminhamento de pacientes pós-alta hospitalar, 56,5% dos participantes responderam que encaminharam pacientes para serviços da rede de saúde.

Discussão

A predominância do sexo feminino pode ser justificada, historicamente, pelo processo de criação da terapia ocupacional e pelos estereótipos associados à figura feminina, como a habilidade para “cuidar” e para realizar tarefas que envolvem movimentos de motricidade fina. Essas habilidades, exigidas para as primeiras terapeutas ocupacionais, influenciaram a questão do gênero feminino na profissão, repercutindo até hoje. Embora a mudança no estereótipo de gênero já tenha se iniciado, esta constitui um caminho a ser trilhado, pois o enraizamento da presença feminina na profissão ainda é observável (Figueiredo et al., 2018Figueiredo, M. D. O., Zambulim, M. C., Emmel, M. L. G., Fornereto, A. D. P. N., Lourenço, G. F., Joaquim, R. H. V. T., & Barba, P. D. (2018). Terapia ocupacional: uma profissão relacionada ao feminino. História, Ciências, Saúde-Manguinhos, 25(1), 115-126.).

Apesar do presente estudo apresentar uma predominância de profissionais atuantes com pacientes infectados pela COVID-19, estudos identificaram que os terapeutas ocupacionais manifestaram preocupações quanto ao reconhecimento do trabalho e a importância da profissão no cenário pandêmico (Hoel et al., 2021Hoel, V., Zweck, C. V., Ledgerd, R., & World Federation of Occupational Therapists - WFOT. (2021). The impact of Covid-19 for occupational therapy: findings and recommendations of a global survey. World Federation of Occupational Therapists Bulletin, 77(2), 69-76.). A reafirmação da profissão em alguns cenários, inclusive hospitalar, já é alvo de discussão tanto em nível internacional quanto nacional (Galheigo & Tessuto, 2010Galheigo, S. M., & Tessuto, L. A. A. (2010). Trajetórias, percepções e inquietações de terapeutas ocupacionais do Estado de São Paulo no âmbito das práticas da terapia ocupacional no hospital. Revista de Terapia Ocupacional da Universidade de São Paulo, 21(1), 23-32.; Hoel et al., 2021Hoel, V., Zweck, C. V., Ledgerd, R., & World Federation of Occupational Therapists - WFOT. (2021). The impact of Covid-19 for occupational therapy: findings and recommendations of a global survey. World Federation of Occupational Therapists Bulletin, 77(2), 69-76.). Dentre as dificuldades para a consolidação do campo hospitalar no Brasil, os terapeutas ocupacionais ressaltam que se sentem frequentemente invisíveis e desvalorizados nas equipes, sentimento motivado pelas relações de poder estabelecidas e pelo pouco conhecimento da profissão pelos demais membros da equipe (Galheigo & Tessuto, 2010Galheigo, S. M., & Tessuto, L. A. A. (2010). Trajetórias, percepções e inquietações de terapeutas ocupacionais do Estado de São Paulo no âmbito das práticas da terapia ocupacional no hospital. Revista de Terapia Ocupacional da Universidade de São Paulo, 21(1), 23-32.).

Acrescenta-se a invisibilidade frequentemente relatada por terapeutas ocupacionais, a desvalorização da categoria profissional e as desafiadoras relações de poder dentro das equipes de saúde, fatores que podem influenciar na carência de terapeutas ocupacionais na linha de frente no combate à COVID-19 (Hoel et al., 2021Hoel, V., Zweck, C. V., Ledgerd, R., & World Federation of Occupational Therapists - WFOT. (2021). The impact of Covid-19 for occupational therapy: findings and recommendations of a global survey. World Federation of Occupational Therapists Bulletin, 77(2), 69-76.). Além desse cenário, outros fatores podem agravar essa situação, como a falta de equipamento individual de trabalho (EPI) para toda equipe, a realocação desses profissionais para setores administrativos ou até mesmo a assistência indireta à população com COVID-19 (Delsim et al., 2020Delsim, J. C., Bortolieiro, R. V., Zanot, P. S., & Victal, F. C. A. (2020). A Terapia Ocupacional facilitando a interação entre paciente e profissional da saúde na ala COVID-19. Revista Qualidade HC, 290-296.; Rôse et al., 2020Rôse, L. B. R., Daniel, D. C. P., Prado, K. C. G., Josué, V. F., Lucisano, R. V., Dias, L. B., Carvalho, T. F., Goia, D. N., Santos, T. C. N. M. A., & Riberto, M. (2020). Adaptação à nova realidade: reestruturação do Serviço de Terapia Ocupacional frente às necessidades da COVID‑19. Revista Qualidade HC, 166-176.; Santos et al., 2020Santos, N., Brito, J., Nascimento, L., Belo, A., Santos, D. D., Cavalcanti, G. L., & Silva, T. (2020). Plano de ação institucional de terapeutas ocupacionais de um hospital escola de Pernambuco frente a pandemia da COVID-19. Revista Interinstitucional Brasileira de Terapia Ocupacional, 4(3), 389-396.). Diante disso, é possível inferir que o limitado reconhecimento da classe profissional e, mesmo, o insuficiente conhecimento de suas práticas também possam justificar o motivo pelo qual dos 36 terapeutas ocupacionais respondentes, 13 deles, mesmo atuando em hospitais, não atenderam pacientes com COVID-19. Infere-se, ainda, que tais fatores podem estar relacionados também à restrita permissão das áreas de atendimento aos pacientes com COVID-19 estarem, prioritariamente, autorizadas aos médicos, enfermeiros e fisioterapeutas.

Apesar disso, um estudo realizado no início da pandemia destacou, frente a essa questão, importantes contribuições da terapia ocupacional nas unidades de terapia intensiva, que demonstraram otimizar os resultados e diminuir o tempo de permanência hospitalar por meio de intervenções, como a mobilização precoce do paciente (Carmo et al., 2020Carmo, G. P., Nascimento, J. S., Santos, T. R. M., & Coelho, P. S. O. (2020). Intervenções terapêutico-ocupacionais para pacientes com COVID-19 na UTI. Revista Interinstitucional Brasileira de Terapia Ocupacional, 4(3), 397-415.). Além disso, a profissão também se mostra importante no desfecho clínico de pacientes com outras doenças respiratórias, como a pneumonia, reafirmando importante contribuição na assistência aos pacientes com doença grave relacionada à COVID-19, juntamente com outros profissionais (Carmo et al., 2020Carmo, G. P., Nascimento, J. S., Santos, T. R. M., & Coelho, P. S. O. (2020). Intervenções terapêutico-ocupacionais para pacientes com COVID-19 na UTI. Revista Interinstitucional Brasileira de Terapia Ocupacional, 4(3), 397-415.; Robinson et al., 2021Robinson, M. R., Koverman, B., Becker, C., Ciancio, K. E., Fisher, G., & Saake, S. (2021). Lessons learned from the COVID-19 pandemic: occupational therapy on the front line. The American Journal of Occupational Therapy, 75(2), 1-7.).

Os resultados apontaram modificações nas intervenções dos terapeutas ocupacionais. Tais mudanças surgiram devido ao início da pandemia, gerando restrições generalizadas à saúde coletiva, bem como a necessidade de implementação de diretrizes para conter a disseminação do vírus, refletindo nos contextos hospitalares e na assistência aos pacientes acometidos ou não pela COVID-19 (Rôse et al., 2020Rôse, L. B. R., Daniel, D. C. P., Prado, K. C. G., Josué, V. F., Lucisano, R. V., Dias, L. B., Carvalho, T. F., Goia, D. N., Santos, T. C. N. M. A., & Riberto, M. (2020). Adaptação à nova realidade: reestruturação do Serviço de Terapia Ocupacional frente às necessidades da COVID‑19. Revista Qualidade HC, 166-176.). Alterações quanto à higienização, paramentação profissional, restrições no uso de recursos, restrições quanto ao acesso dos familiares, entre outros, podem justificar porque, para ambos os trabalhadores (que atuaram ou não na linha de frente), há um diálogo comum de que a intervenção foi modificada com o início da pandemia no Brasil. É possível identificar na literatura que mesmo os terapeutas ocupacionais que não atuaram com pacientes com COVID-19 vivenciaram modificações nas rotinas hospitalares e na assistência aos pacientes (Academia Nacional de Cuidados Paliativos, 2020Academia Nacional de Cuidados Paliativos - ANCP. (2020). Terapia Ocupacional em cuidados paliativos na COVID-19.Ribeirão Preto: ANCP. Recuperado em 14 de novembro de 2021, de https://cuidadospaliativos.org/blog/wp-content/uploads/2020/04/TO-CP-COVID19.pdf
https://cuidadospaliativos.org/blog/wp-c...
; Macêdo et al., 2020Macêdo, F. O. A., Lopes, K. A. P., Lopes, L. A. M. P., & Cruz, R. F. (2020). Ações e experiências de terapeutas ocupacionais no contexto de pandemia do Covid-19. Revista Interinstitucional Brasileira de Terapia Ocupacional, 4(3), 318-333.; Rôse et al., 2020Rôse, L. B. R., Daniel, D. C. P., Prado, K. C. G., Josué, V. F., Lucisano, R. V., Dias, L. B., Carvalho, T. F., Goia, D. N., Santos, T. C. N. M. A., & Riberto, M. (2020). Adaptação à nova realidade: reestruturação do Serviço de Terapia Ocupacional frente às necessidades da COVID‑19. Revista Qualidade HC, 166-176.; Santos et al., 2020Santos, N., Brito, J., Nascimento, L., Belo, A., Santos, D. D., Cavalcanti, G. L., & Silva, T. (2020). Plano de ação institucional de terapeutas ocupacionais de um hospital escola de Pernambuco frente a pandemia da COVID-19. Revista Interinstitucional Brasileira de Terapia Ocupacional, 4(3), 389-396.; Rocha & Dittz, 2021Rocha, A. L. S., & Dittz, E. S. (2021). As repercussões no cotidiano de mães de bebês internados na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal no isolamento social devido à COVID-19. Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional, 29, 1-16.).

Com o cenário da pandemia, os esforços para responder aos casos de pacientes infectados e a ênfase dada aos profissionais de linha de frente nos serviços de urgência e emergência podem influenciar os sentimentos de “segundo plano” ou na sensação de menor grau de importância aos profissionais que não atuam diretamente com pacientes com COVID-19. Profissionais que oferecem outros tipos de suporte no contexto hospitalar podem experimentar menor senso de contribuição e de relevância profissional frente ao cenário mundial, não compreendendo sua prática como fundamental. Sobre isso, é importante destacar o quão imprescindível é a continuidade da assistência aos pacientes hospitalizados por outras condições que não a COVID-19, e como a assistência técnica e humanizada se faz essencial nesse período de pandemia.

A falta de associação significativa entre ter ou não recebido capacitação para atendimento de pacientes com COVID-19 e estar preparado para atender esse público pode ter ocorrido, provavelmente, pelo fato de ser comum o terapeuta ocupacional trabalhar com educação em saúde, prevenção, recuperação e reabilitação de pacientes agudos e crônicos de diversas patologias no contexto hospitalar (Pelosi & Nascimento, 2016Pelosi, M. B., & Nascimento, J. N. (2016). Identificação de demandas para atendimento e implantação do serviço de terapia ocupacional em um hospital universitário. Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional, 24(4), 715-721.). Além disso, o fato de ter participantes que atuam concomitantemente em cuidados paliativos (38,9%) e na atenção intra-hospitalar (94,4%) pode ter refletido na percepção do profissional em se sentir preparado para a atuação com pacientes com COVID-19. Ainda, é possível inferir que os terapeutas ocupacionais de contextos hospitalares já lidavam com algumas das demandas relativas aos agravamentos dos sintomas da COVID-19, como: dispneia, alterações funcionais (musculares e cognitivas) e prejuízos na comunicação (Carmo et al., 2020Carmo, G. P., Nascimento, J. S., Santos, T. R. M., & Coelho, P. S. O. (2020). Intervenções terapêutico-ocupacionais para pacientes com COVID-19 na UTI. Revista Interinstitucional Brasileira de Terapia Ocupacional, 4(3), 397-415.; De Carlo et al., 2020De Carlo, M. M. R. P., Gomes-Ferraz, C. A., Rezende, G., Buin, L., Moreira, D. J. A., Souza, K. L., Sacramento, A. M., Santos, W.A., Mendes, P. V. B., & Vendrusculo-Fangel, L. M. (2020). Diretrizes para a assistência da terapia ocupacional na pandemia da COVID-19 e perspectivas pós-pandemia. Medicina, 53(3), 332-369.; Delsim et al., 2020Delsim, J. C., Bortolieiro, R. V., Zanot, P. S., & Victal, F. C. A. (2020). A Terapia Ocupacional facilitando a interação entre paciente e profissional da saúde na ala COVID-19. Revista Qualidade HC, 290-296.; Vasconcelos Filho et al., 2020Vasconcelos Filho, C. R. M., Silva, S. C. L., & Dias, L. H. A. (2020). Terapia ocupacional e vigilância epidemiológica: teleconsulta de pacientes confirmados com COVID-19. Revista Interinstitucional Brasileira de Terapia Ocupacional, 4(6), 1004-1012.; Muñoz-Valverde & Zujeros, 2020Muñoz-Valverde, V., & Zujeros, S. M. (2020). Guía clínica de intervención de terapia ocupacional en pacientes con Covid-19. Recensión. Revista Terapia Ocupacional Galicia, 17(2), 225-228.; Manfredi et al., 2021Manfredi, C., Scelzo, E., Silani, V., Ferrarese, C., & Priori, A. (2021). Neurological manifestations: an overview. In A. Priori (Ed.), Neurology of COVID-19 (pp. 45-54). Milano: Milano University Press.).

No Brasil, além das capacitações oferecidas pelo Ministério da Saúde, também foram oferecidas capacitações por órgãos governamentais locais e pelas instituições hospitalares, conforme relatado pelos participantes da pesquisa. Cabe ressaltar que a inclusão do terapeuta ocupacional nas capacitações oferecidas pelo Governo Federal demonstra que ele é um profissional importante e necessário na composição da equipe multidisciplinar de combate à pandemia (Barroso et al., 2020Barroso, B. I. L., Souza, M. B. C. A., Bregalda, M. M., Lancman, S., & Costa, V. B. B. (2020). A saúde do trabalhador em tempos de COVID-19: reflexões sobre saúde, segurança e terapia ocupacional. Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional, 28(3), 1093-1102.). Evidenciou-se que receber treinamento para COVID-19 influenciou positivamente o sentimento de competência, eficácia da prática e segurança no serviço (Hoel et al., 2021Hoel, V., Zweck, C. V., Ledgerd, R., & World Federation of Occupational Therapists - WFOT. (2021). The impact of Covid-19 for occupational therapy: findings and recommendations of a global survey. World Federation of Occupational Therapists Bulletin, 77(2), 69-76.).

Considerando a porcentagem de participantes que responderam que suas intervenções não eram específicas da terapia ocupacional (60,8%), isso pode ser justificado pelas práticas dos terapeutas ocupacionais em contextos hospitalares estarem pautadas no conceito de clínica ampliada e perpassam de forma significativa o trabalho multiprofissional para a realização do cuidado integral (Aniceto & Bombarda, 2020Aniceto, B., & Bombarda, T. B. (2020). Cuidado humanizado e as práticas do terapeuta ocupacional no hospital: uma revisão integrativa da literatura. Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional, 28(2), 640-660.). Ainda, a formação dos terapeutas ocupacionais está fundamentada na aquisição de habilidades voltadas à compreensão do fazer humano, a perspectivas ampliadas entre o processo saúde-doença, ao reconhecimento da saúde como direito e à busca pela integralidade da assistência, o que o torna um profissional com perfil generalista, humanista, crítico e reflexivo (Aniceto & Bombarda, 2020Aniceto, B., & Bombarda, T. B. (2020). Cuidado humanizado e as práticas do terapeuta ocupacional no hospital: uma revisão integrativa da literatura. Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional, 28(2), 640-660.).

A atuação de profissionais da terapia ocupacional em contextos hospitalares tem como objetivos a “[...] proteção, promoção, prevenção, recuperação, reabilitação e cuidados paliativos, do indivíduo e da coletividade, pautado na concepção de integralidade e humanização da atenção à saúde [...]” (Brasil, 2013Brasil. Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional - COFFITO. (2013, de 8 de julho). Resolução COFFITO nº 429 de 08 de julho de 2013. Reconhece e disciplina a especialidade de Terapia Ocupacional em Contextos Hospitalares, define as áreas de atuação e as competências do terapeuta ocupacional especialista em Contextos Hospitalares e dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, seção 1. Recuperado em 27 de janeiro de 2022, de http://www.atohosp.com.br/uploads/files/20170328005352.pdf
http://www.atohosp.com.br/uploads/files/...
). Esta visão mais ampla e complexa do ser humano, comumente presente nas práticas dos terapeutas ocupacionais em contextos hospitalares, pode ser o motivo pelo qual os participantes consideraram realizar intervenções não pertencentes ao escopo da terapia ocupacional. Isso dialoga com os relatos de intervenção e diretrizes em terapia ocupacional publicadas na literatura durante a pandemia, que engloba, além de intervenções do núcleo profissional da terapia ocupacional, muitas ações transversais em saúde, como uso de tecnologias leves e relacionais de escuta, acolhimento, diálogo, suporte à família e à equipe, estratégias de humanização no ambiente hospitalar, entre outras práticas que não são exclusivas da profissão, mas que compõem a prática de muitos terapeutas ocupacionais em contextos hospitalares (Aniceto & Bombarda, 2020Aniceto, B., & Bombarda, T. B. (2020). Cuidado humanizado e as práticas do terapeuta ocupacional no hospital: uma revisão integrativa da literatura. Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional, 28(2), 640-660.; De Carlo et al., 2020De Carlo, M. M. R. P., Gomes-Ferraz, C. A., Rezende, G., Buin, L., Moreira, D. J. A., Souza, K. L., Sacramento, A. M., Santos, W.A., Mendes, P. V. B., & Vendrusculo-Fangel, L. M. (2020). Diretrizes para a assistência da terapia ocupacional na pandemia da COVID-19 e perspectivas pós-pandemia. Medicina, 53(3), 332-369.; Vasconcelos Filho et al., 2020Vasconcelos Filho, C. R. M., Silva, S. C. L., & Dias, L. H. A. (2020). Terapia ocupacional e vigilância epidemiológica: teleconsulta de pacientes confirmados com COVID-19. Revista Interinstitucional Brasileira de Terapia Ocupacional, 4(6), 1004-1012.; Academia Nacional de Cuidados Paliativos, 2020Academia Nacional de Cuidados Paliativos - ANCP. (2020). Terapia Ocupacional em cuidados paliativos na COVID-19.Ribeirão Preto: ANCP. Recuperado em 14 de novembro de 2021, de https://cuidadospaliativos.org/blog/wp-content/uploads/2020/04/TO-CP-COVID19.pdf
https://cuidadospaliativos.org/blog/wp-c...
; Santos et al., 2020Santos, N., Brito, J., Nascimento, L., Belo, A., Santos, D. D., Cavalcanti, G. L., & Silva, T. (2020). Plano de ação institucional de terapeutas ocupacionais de um hospital escola de Pernambuco frente a pandemia da COVID-19. Revista Interinstitucional Brasileira de Terapia Ocupacional, 4(3), 389-396.; Rocha & Dittz, 2021Rocha, A. L. S., & Dittz, E. S. (2021). As repercussões no cotidiano de mães de bebês internados na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal no isolamento social devido à COVID-19. Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional, 29, 1-16.).

As avaliações e intervenções do terapeuta ocupacional em contextos hospitalares, especialmente no ambiente da unidade de terapia intensiva, são reconhecidas como componentes essenciais para resultados e satisfação dos pacientes (Carmo et al., 2020Carmo, G. P., Nascimento, J. S., Santos, T. R. M., & Coelho, P. S. O. (2020). Intervenções terapêutico-ocupacionais para pacientes com COVID-19 na UTI. Revista Interinstitucional Brasileira de Terapia Ocupacional, 4(3), 397-415.). Os resultados do presente estudo revelaram que a maioria dos pacientes avaliados pelos terapeutas ocupacionais ocorrem a partir de encaminhamentos da equipe, contrapondo com a literatura, que indica a busca ativa como uma das principais formas de acesso aos pacientes para a realização dos atendimentos (Bombarda et al., 2016Bombarda, T. B., Lanza, A. L., Santos, C. A. V., & Joaquim, R. H. V. T. (2016). Terapia Ocupacional na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) adulto e as percepções da equipe. Cadernos de Terapia Ocupacional da UFSCar, 24(4), 827-835. http://dx.doi.org/10.4322/0104-4931.ctoRE0861.
http://dx.doi.org/10.4322/0104-4931.ctoR...
).

Em relação às avaliações, a literatura refere que, em contextos de unidade de terapia intensiva, o uso de escalas e instrumentos contribui na avaliação do estado clínico, independência funcional, nível de dor e consciência do paciente (Carmo et al., 2020Carmo, G. P., Nascimento, J. S., Santos, T. R. M., & Coelho, P. S. O. (2020). Intervenções terapêutico-ocupacionais para pacientes com COVID-19 na UTI. Revista Interinstitucional Brasileira de Terapia Ocupacional, 4(3), 397-415.), sendo que o uso de instrumentos e protocolos validados é fundamental para uma boa assistência. Ainda, considerando os componentes e áreas do desempenho ocupacional, recomenda-se também o uso de escalas padronizadas e validadas para mensurar a efetividade da atuação (De Carlo et al., 2020De Carlo, M. M. R. P., Gomes-Ferraz, C. A., Rezende, G., Buin, L., Moreira, D. J. A., Souza, K. L., Sacramento, A. M., Santos, W.A., Mendes, P. V. B., & Vendrusculo-Fangel, L. M. (2020). Diretrizes para a assistência da terapia ocupacional na pandemia da COVID-19 e perspectivas pós-pandemia. Medicina, 53(3), 332-369.). Alguns dos instrumentos e escalas utilizados em contextos hospitalares e que foram mencionados por estudos realizados durante a pandemia incluem: Escala de Coma de Glasgow, Método de avaliação de confusão para UTI (CAM-ICU), Medida de Independência Funcional (MIF) e Escala de avaliação de dor (Santos et al., 2020Santos, N., Brito, J., Nascimento, L., Belo, A., Santos, D. D., Cavalcanti, G. L., & Silva, T. (2020). Plano de ação institucional de terapeutas ocupacionais de um hospital escola de Pernambuco frente a pandemia da COVID-19. Revista Interinstitucional Brasileira de Terapia Ocupacional, 4(3), 389-396.; Carmo et al., 2020Carmo, G. P., Nascimento, J. S., Santos, T. R. M., & Coelho, P. S. O. (2020). Intervenções terapêutico-ocupacionais para pacientes com COVID-19 na UTI. Revista Interinstitucional Brasileira de Terapia Ocupacional, 4(3), 397-415.; Delsim et al., 2020Delsim, J. C., Bortolieiro, R. V., Zanot, P. S., & Victal, F. C. A. (2020). A Terapia Ocupacional facilitando a interação entre paciente e profissional da saúde na ala COVID-19. Revista Qualidade HC, 290-296.).

A literatura ressalta a importância da continuidade do cuidado prestado nas unidades de terapia intensiva e unidade de terapia intensiva neonatal (Silva et al., 2020aSilva, M. R., Silva, P. C., Rabelo, H. D., & Vinhas, B. C. V. (2020a). A terapia ocupacional pediátrica brasileira diante da pandemia da COVID-19: reformulando a prática profissional. Revista Interinstitucional Brasileira de Terapia Ocupacional, 4(3), 422-437.; Rocha & Dittz, 2021Rocha, A. L. S., & Dittz, E. S. (2021). As repercussões no cotidiano de mães de bebês internados na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal no isolamento social devido à COVID-19. Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional, 29, 1-16.), enfermarias pediátricas (Silva et al., 2020aSilva, M. R., Silva, P. C., Rabelo, H. D., & Vinhas, B. C. V. (2020a). A terapia ocupacional pediátrica brasileira diante da pandemia da COVID-19: reformulando a prática profissional. Revista Interinstitucional Brasileira de Terapia Ocupacional, 4(3), 422-437.; Rocha & Dittz, 2021Rocha, A. L. S., & Dittz, E. S. (2021). As repercussões no cotidiano de mães de bebês internados na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal no isolamento social devido à COVID-19. Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional, 29, 1-16.), telemonitoramento e telereabilitação (Vasconcelos Filho et al., 2020Vasconcelos Filho, C. R. M., Silva, S. C. L., & Dias, L. H. A. (2020). Terapia ocupacional e vigilância epidemiológica: teleconsulta de pacientes confirmados com COVID-19. Revista Interinstitucional Brasileira de Terapia Ocupacional, 4(6), 1004-1012.; Rôse et al., 2020Rôse, L. B. R., Daniel, D. C. P., Prado, K. C. G., Josué, V. F., Lucisano, R. V., Dias, L. B., Carvalho, T. F., Goia, D. N., Santos, T. C. N. M. A., & Riberto, M. (2020). Adaptação à nova realidade: reestruturação do Serviço de Terapia Ocupacional frente às necessidades da COVID‑19. Revista Qualidade HC, 166-176.; Silva et al., 2020aSilva, M. R., Silva, P. C., Rabelo, H. D., & Vinhas, B. C. V. (2020a). A terapia ocupacional pediátrica brasileira diante da pandemia da COVID-19: reformulando a prática profissional. Revista Interinstitucional Brasileira de Terapia Ocupacional, 4(3), 422-437.) e enfermarias de oncologia e quimioterapia (Rôse et al., 2020Rôse, L. B. R., Daniel, D. C. P., Prado, K. C. G., Josué, V. F., Lucisano, R. V., Dias, L. B., Carvalho, T. F., Goia, D. N., Santos, T. C. N. M. A., & Riberto, M. (2020). Adaptação à nova realidade: reestruturação do Serviço de Terapia Ocupacional frente às necessidades da COVID‑19. Revista Qualidade HC, 166-176.). Nota-se, portanto, que o enfrentamento da pandemia convoca, inicialmente, a Rede de Atenção à Saúde (RAS) de urgência e emergência, mas, para além dos serviços que prestam assistência na linha de frente, também são necessários outros serviços de saúde que possam responder às diversas demandas a longo prazo dos sujeitos acometidos (Barroso et al., 2020Barroso, B. I. L., Souza, M. B. C. A., Bregalda, M. M., Lancman, S., & Costa, V. B. B. (2020). A saúde do trabalhador em tempos de COVID-19: reflexões sobre saúde, segurança e terapia ocupacional. Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional, 28(3), 1093-1102.; Vasconcelos Filho et al., 2020Vasconcelos Filho, C. R. M., Silva, S. C. L., & Dias, L. H. A. (2020). Terapia ocupacional e vigilância epidemiológica: teleconsulta de pacientes confirmados com COVID-19. Revista Interinstitucional Brasileira de Terapia Ocupacional, 4(6), 1004-1012.). Dessa forma, sua organização e articulação se mostram ainda mais importante no cenário atual.

Estudos têm indicado que os comprometimentos advindos da infecção, somados à hospitalização prolongada, podem exigir a continuidade da assistência após a alta hospitalar. Além dos acometimentos funcionais, os impactos psicossociais também evidenciam a importância da articulação com equipamentos de saúde mental e assistência social, conferindo papel importante à Atenção Primária à Saúde (APS), bem como aos equipamentos especializados de reabilitação, para um cuidado integral (Colegio Profesional de Terapeutas Ocupacionales de la Comunidad de Madrid, 2020Colegio Profesional de Terapeutas Ocupacionales de la Comunidad de Madrid - COPTOCAM. (2020). Guía clínica de intervención de terapia ocupacional en pacientes con COVID-19. Madrid: COPTOCAM. Recuperado em 18 de maio de 2022, de https://coptocam.org/wp-content/uploads/2020/05/Gu%C3%ADa-cl%C3%ADnica-de-TO-covid-19-3.pdf
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; De Carlo et al., 2020De Carlo, M. M. R. P., Gomes-Ferraz, C. A., Rezende, G., Buin, L., Moreira, D. J. A., Souza, K. L., Sacramento, A. M., Santos, W.A., Mendes, P. V. B., & Vendrusculo-Fangel, L. M. (2020). Diretrizes para a assistência da terapia ocupacional na pandemia da COVID-19 e perspectivas pós-pandemia. Medicina, 53(3), 332-369.; Vasconcelos Filho et al., 2020Vasconcelos Filho, C. R. M., Silva, S. C. L., & Dias, L. H. A. (2020). Terapia ocupacional e vigilância epidemiológica: teleconsulta de pacientes confirmados com COVID-19. Revista Interinstitucional Brasileira de Terapia Ocupacional, 4(6), 1004-1012.).

Conclusão

A pandemia da COVID-19 teve um amplo impacto nas práticas da terapia ocupacional em contextos hospitalares. Evidenciou-se que para ambos os trabalhadores (que atuaram ou não na linha de frente) há um diálogo comum de que a intervenção foi modificada no primeiro ano no Brasil.

O advento da pandemia estabeleceu novos desafios, demandas e a necessidade de reorganização dos serviços visando à biossegurança e à redução da transmissibilidade do vírus. Apesar disso, os participantes deste estudo relataram se sentir aptos a enfrentar os novos desafios, mesmo quando houve reduzidas capacitações específicas ou condições ideais.

Os dados do estudo também chamam a atenção para a percepção dos profissionais acerca de suas intervenções em contextos hospitalares no que tange ao escopo da terapia ocupacional. Hipotetiza-se que a abordagem biopsicossocial, frequente nas atuações da categoria, resulte na compreensão de práticas consideradas transversais em saúde, portanto, de abrangência também de outras categorias profissionais.

Ainda que foi possível evidenciar aspectos importantes da atuação do terapeuta ocupacional no primeiro ano da pandemia, mais estudos são necessários para compreender a magnitude das mudanças e detalhar o processo de assistência de terapeutas ocupacionais a esses pacientes durante a internação e no pós-alta, bem como as suas famílias. Aponta-se como limitações do estudo a homogeneidade da amostra de participantes da pesquisa, aproximadamente metade representativa de um único estado do país, bem como pelo fato de que não abrange a totalidade dos terapeutas ocupacionais que atuam em contexto hospitalar no Brasil.

Agradecimentos

Os pesquisadores agradecem aos profissionais terapeutas ocupacionais participantes desta pesquisa.

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    O estudo é parte de uma pesquisa quanti-qualitativa, realizado com seres humanos, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de São Carlos, cumprindo-se os requisitos éticos determinados pelas resoluções 466/2012 e 510/2016.
  • Como citar: Joaquim, R. H. V. T., Souza, L. R. S., Sousa, D. F., Beltrame, V. H., Buin, L., & Moraes, A. B. (2023). Aspectos da atuação do terapeuta ocupacional no contexto hospitalar no primeiro ano da pandemia de COVID-19. Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional, 31, e3364. https://doi.org/10.1590/2526-8910.ctoAO257433641

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Editado por

Editora de seção

Profa. Dra. Daniela Tavares Gontijo

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    01 Set 2023
  • Data do Fascículo
    2023

Histórico

  • Recebido
    03 Jul 2022
  • Revisado
    11 Jul 2022
  • Revisado
    05 Set 2022
  • Aceito
    10 Abr 2023
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