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Terapia ocupacional e trabalho: desafios e perspectivas de uma prática emergente durante e após a pandemia da Covid-19

Resumo

Este ensaio discute as possibilidades de intervenção da terapia ocupacional no campo do trabalho em período pandêmico, bem como apontar os desafios e perspectivas de atuações pós-pandemia. As intervenções foram discutidas a partir de três estágios: i) preparação pré-pandemia; ii) estratégias de preparação durante a pandemia; iii) recuperação pós-pandemia, considerando os níveis micro, meso e macroestruturais, a partir da perspectiva de uma prática centrada na pessoa e no ambiente de trabalho. A atenção às (in)capacidades laborais e a atuação no processo de retorno ao trabalho foram consideradas as principais intervenções do terapeuta ocupacional, articuladas com os diversos atores, instituições, serviços e entidades de classe, de forma a ampliar as ações e promover uma rede de atenção integrada. As novas configurações do trabalho resultantes da inovação tecnológica ampliaram o diálogo interdisciplinar da terapia ocupacional com o campo do trabalho. Espera-se contribuir com reflexões teóricas para pensar a prática profissional e o fortalecimento desse campo na contemporaneidade.

Palavras-chave:
Terapia Ocupacional; Saúde do Trabalhador; Administração de Desastres; Inovação Tecnológica; Covid-19

Abstract

This essay discusses the intervention possibilities of occupational therapy in the field of work in the pandemic period, as well as points out the challenges and perspectives of post-pandemic actions. Interventions were discussed from three stages: i) pre-pandemic preparation; ii) pandemic preparedness strategies; iii) post-pandemic recovery, considering the micro, meso and macrostructural levels, from the perspective of a practice centered on the person and the work environment. Attention to work (in)capacities and acting in the process of returning to work were considered the main interventions of the occupational therapist, articulated with the various actors, institutions, services and class entities, in order to expand actions and promote a network integrated care. The new configurations of work resulting from technological innovation have expanded the interdisciplinary dialogue between occupational therapy and the field of work. It is expected to contribute with theoretical reflections about professional practice and the strengthening of this field in contemporary times.

Keywords:
Occupational Therapy; Occupational Health; Disaster; Management; Inventions; Covid-19

Introdução

O mundo contemporâneo deparou-se com um vírus que se alastrou por todas as regiões do globo ao final do ano de 2019, instalando uma crise sanitária originada pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2), causador da doença Covid-19. Como a principal forma de prevenção e de conter o aumento do contágio do vírus, adotou-se o distanciamento e isolamento social na maioria dos países (Zhang, 2020Zhang, W. (2020). Manual de prevenção e controle da Covid-19 segundo o doutor Wenhong Zhang. São Paulo: PoloBooks.).

Frente ao avanço desenfreado do coronavírus no cenário mundial, no Brasil, em 22 de janeiro de 2020, o Centro de Operações de Emergência em Saúde Pública (COE-Covid-19) do Ministério da Saúde (MS) adotou ações com o objetivo de nortear a atuação do MS na resposta a possível emergência de saúde pública, buscando uma ação coordenada no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS) (Brasil, 2020aBrasil. Ministério da Saúde. (2020a). Diretrizes para diagnóstico e tratamento da Covid-19. Brasília: Ministério da Saúde.). Sabe-se que os reflexos de uma pandemia podem ser devastadores e atingirem toda a sociedade de um país, especialmente a população de trabalhadores de atividades essenciais e de saúde (Benavides, 2020Benavides, F. G. (2020). La salud de los trabajadores y la Covid-19. Archivos de Prevencion de Riesgos Laborales, 23(2), 154-158. PMid:32320540. http://dx.doi.org/10.12961/aprl.2020.23.02.02.
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).

Conforme o Centro de Estudos e Pesquisas em Emergências e Desastres em Saúde da Fundação Oswaldo Cruz (2020)Fundação Oswaldo Cruz – Fiocruz. (2020). Preparativos para desastres no setor da saúde. Recuperado em 27 de maio de 2022, de http://andromeda.ensp.fiocruz.br/desastres/content/preparativos-para-desastres-no-setor-saude
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, pandemias, por exemplo a da Covid-19, podem ser consideradas como grandes desastres de proporções imensuráveis para a saúde pública de um país. Um desastre pode ser causado por qualquer ameaça natural (furacões, vírus letais, biológicos, inundações, terremotos, incêndios florestais, secas, entre outros) ou de origem tecnológica (químicos e radioativos, rompimento de barragens, incêndios, derrames de petróleo, acidentes industriais e de transporte, entre outros).

A saúde pública brasileira assumiu a responsabilidade de reduzir os impactos das emergências e da pandemia, com o papel de fortalecer suas capacidades nas ações de vigilância em saúde e na atenção e cuidados à saúde da população (atenção primária em saúde, urgências e emergências, atenção hospitalar) (Fundação Oswaldo Cruz, 2020Fundação Oswaldo Cruz – Fiocruz. (2020). Preparativos para desastres no setor da saúde. Recuperado em 27 de maio de 2022, de http://andromeda.ensp.fiocruz.br/desastres/content/preparativos-para-desastres-no-setor-saude
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).

Em relação aos grandes desastres envolvendo trabalhadores, destacam-se três amplas tragédias vivenciadas no Brasil mais recentemente: o incêndio na Boate Kiss, em Santa Maria, Rio Grande do Sul, em 2013; o rompimento da barragem pertencente à Samarco Mineração S.A., no munícipio de Mariana, Minas Gerais, em 2015; o rompimento da Barragem da Mina de Córrego do Feijão, da empresa Vale S.A., localizada no município de Brumadinho, Minas Gerais, no ano de 2019 (Faria, 2019Faria, M. P. (2019). Mariana e Brumadinho: a repercussão dos desastres do setor de mineração na saúde ambiental. Revista Brasileira de Medicina do Trabalho, 17(Supl. 1), 16-17. http://dx.doi.org/10.5327/Z16794435201917S1006.
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). No tocante às epidemias, o Brasil enfrentou a febre amarela, a H1N1, a dengue e a Zika; porém, nenhuma delas alcançou as proporções de contágio da Covid-19, que se alastrou rapidamente por todo o território nacional.

Esse contexto de emergência de saúde pública e da necessidade crescente de intervenção em saúde junto à população do país, desencadeou, em março de 2020, a instituição da Portaria nº 639, que tratava de uma ação estratégica denominada “O Brasil Conta Comigo - Profissionais da Saúde” com o objetivo de mobilizar os profissionais da área de saúde, incluindo terapeutas ocupacionais, para enfrentar a pandemia do coronavírus (Brasil, 2020bBrasil. (2020b, 31 de março). Portaria nº 639, de 31 de março de 2020. Dispõe sobre a Ação Estratégica O Brasil Conta Comigo - Profissionais da Saúde, voltada à capacitação e ao cadastramento de profissionais da área de saúde, para o enfrentamento à pandemia do coronavírus (Covid-19). Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília.). Cabe salientar que a atuação desses profissionais se orienta pelas prerrogativas do Conselho Federal de Terapia Ocupacional (COFFITO) por meio de resoluções que descrevem as especialidades e as competências destes profissionais no exercício de suas atribuições.

Em relação à intervenção direcionada à população de trabalhadores, a terapia ocupacional orienta-se pela Resolução nº 459, de 20 de novembro de 2015 (Brasil, 2015Brasil. Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional – COFFITO (2015, 20 de novembro). Resolução nº 459, de 20 de novembro de 2015. Dispõe sobre as competências do terapeuta ocupacional na saúde do trabalhador, atuando em programas de estratégias inclusivas, de prevenção, proteção e recuperação da saúde. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília.). De acordo com essa resolução, o profissional que atua nessa área é denominado terapeuta ocupacional do trabalho.

Sobre a atuação do terapeuta ocupacional no âmbito de situações de desastre ou de calamidade e catástrofes, conflitos e guerras, o artigo 8º da Resolução nº 383, de 22 de dezembro de 2010, descreve a intervenção desse profissional na organização e reorganização da vida cotidiana, econômica e sociocultural, nas atividades de vida diária e vida prática e na formação de redes sociais de suporte das pessoas, famílias, grupos e comunidades (Brasil, 2010Brasil. Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional – COFFITO. (2010, 22 de dezembro). Resolução nº 383, de 22 de dezembro de 2010. Define as competências do Terapeuta Ocupacional nos Contextos Sociais e dá outras providencias. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília.).

Entretanto, apesar das resoluções, normativas, decretos e políticas que fundamentam a prática do terapeuta ocupacional no campo do trabalho, poucos são os registros, no país, da atuação desse profissional em pandemias e grandes desastres com trabalhadores, uma vez que os estudos descrevem a intervenção terapêutica ocupacional sem restringi-la à população específica (Durães & Santos, 2019Durães, U. R., & Santos, J. E. (2019). Desafios e experiências de terapeutas ocupacionais em desastres. Brasil: Novas Edições Acadêmicas.).

Em razão da pandemia, alguns estudos brasileiros foram desenvolvidos como diretrizes, notas e orientações para a prática da terapia ocupacional com populações diversas, relacionadas ao manejo clínico de pacientes com Covid-19 em diferentes níveis de atenção à saúde, bem como orientações, contribuições dessa profissão sobre cuidados essenciais para o desenvolvimento de rotinas saudáveis e reflexões no âmbito da saúde e da segurança do trabalhador voltadas para possíveis atuações em terapia ocupacional, saúde e trabalho (De Carlo et al., 2020De-Carlo, M. M. R. P., Gomes-Ferraz, C. A., Rezende, G., Buin, L., Moreira, D. J. A., Souza, K. L., Sacramento, A. M., Santos, W. A., Mendes, P. V. B., & Vendrusculo-Fangel, L. M. (2020). Diretrizes para a assistência da terapia ocupacional na pandemia da COVID-19 e perspectivas pós-pandemia. Medicina, 53(3), 332-369.; Carmo et al., 2020Carmo, G. P., Nascimento, J. S., Santos, T. R. M., & Coelho, P. S. O. (2020). Intervenções terapêutico-ocupacionais para pacientes com Covid-19 na UTI. RevisbratO, 4(3), 397-415. http://dx.doi.org/10.47222/2526-3544.rbto33997.
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; Silva et al., 2020aSilva, T. R., Mariotti, M. C., & Bridi, A. (2020a). Aprendendo a lidar com as mudanças de rotina devido ao Covid-19: orientações práticas para rotinas saudáveis. Revisbrato, 4(3), 519-528. http://dx.doi.org/10.47222/2526-3544.rbto34250.
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; Barroso et al., 2020Barroso, B. I. L., Souza, M. B. C. A., Bregalda, M. M., Lancman, S., & Costa, V. B. B. (2020). A saúde do trabalhador em tempos de COVID-19: reflexões sobre saúde, segurança e terapia ocupacional. Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional, 28(3), 1093-1102. http://dx.doi.org/10.4322/2526-8910.ctoARF2091.
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).

Especificamente sobre intervenções no campo trabalho, Alonso et al. (2020)Alonso, M. C. C., Rodrigues, D. S., Nogueira, L. F. Z., Souza, M. B. C. A., Oliveira, P. V. B., & Barroso, B. I. L. (2020). Notas sobre as práticas da terapia ocupacional no campo do trabalho voltadas ao enfrentamento da Covid-19. Revisbrato, 4(4), 704-717. http://dx.doi.org/10.47222/2526-3544.rbto34965.
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mostraram apontamentos sobre as práticas realizadas por terapeutas ocupacionais no enfrentamento da Covid-19 que permitiram verificar as possibilidades de atuação desses profissionais nesse campo.

Pesquisas internacionais mostram que terapeutas ocupacionais são profissionais elegíveis para fazer parte da equipe de resposta a um desastre por conta da sua formação acadêmica (Parente et al., 2017Parente, M., Tofani, M., Santis, R., Esposito, G., Santilli, V., & Galeoto, G. (2017). The role of the occupational therapist in disaster areas: systematic review. Occupational Therapy International, 2017, 6474761. PMid:29097975. http://dx.doi.org/10.1155/2017/6474761.
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). Com o advento da pandemia, alguns estudos foram realizados com a intenção de compreender o impacto do confinamento na vida diária das pessoas e descrever recomendações para a prestação de serviços de terapia ocupacional junto às pessoas em sofrimento psíquico, com sequelas cognitivas e alteração no desempenho de suas atividades e ocupações (Hoel et al., 2021Hoel, V., Zweck, C., & Ledgerd, R. (2021). The impact of Covid-19 for occupational therapy: findings and recommendations of a global survey. Taylor and Francis Online, 77(2), 69-76. http://dx.doi.org/10.1080/14473828.2020.1855044.
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; Srivastava et al., 2020Srivastava, A. K., Mishra, N., & Sethuraman, L. (2020). Covid-19 pandemic: the All India Occupational Therapists’ Association’s response to the challenges. World Federation of Occupational Therapists Bulletin, 76(2), 98-102. http://dx.doi.org/10.1080/14473828.2020.1822578.
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).

Muitos foram os impactos que pandemia e os grandes desastres trouxeram para o campo do trabalho e para os trabalhadores. Mudanças profundas foram constatadas no cotidiano dessa população, que sofreu com a intensificação do trabalho, mais evidenciada nas atividades essenciais e de saúde, e ao mesmo tempo, com a massificação dessa força de trabalho, sem garantir mínimas condições de saúde e sanitárias adequadas.

Diante desse cenário, os reflexos da pandemia desafiam os setores político, econômico e social, pois expõem vulnerabilidades estruturais de serviços fundamentais como os da saúde, da educação e do trabalho. Este ensaio busca discutir as possibilidades de intervenção da terapia ocupacional no campo do trabalho em período pandêmico, bem como apontar os desafios e perspectivas de atuações pós-pandemia.

Possibilidades e Desafios de Intervenção no Campo do Trabalho em Durante e Após a Pandemia

De acordo com World Federation of Occupational Therapists (WFOT), a terapia ocupacional é uma profissão da área da saúde que atua nas atividades e ocupações humanas com o objetivo de promover a participação social e ocupacional de pessoas, famílias ou comunidade na vida cotidiana, considerando o ambiente e seus aspectos políticos, econômicos, culturais, sociais, de direitos e de saúde (World Federation of Occupational Therapists, 2012World Federation of Occupational Therapists – WFOT. (2012). About occupational therapy. Recuperado em 27 de maio de 2022, de https://wfot.org/about/about-occupational-therapy
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). Essa profissão está na linha de frente de muitas situações do século XXI, ampliando sua atuação para uma prática emergente, como nos grandes desastres (Abiodun et al., 2021Abiodun, Y. O., Odunayo, A. C., Ayub, S., & Kumari, M. (2021). Disaster management and working with displaced persons (methodological paper). Open Journal of Therapy and Rehabilitation, 9(2), 29-41. http://dx.doi.org/10.4236/ojtr.2021.92003.
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). Nesse sentido, parte-se do entendimento de que a pandemia da Covid-19 é um caso de desastre biológico que preconiza uma atuação inicial de profissionais da área da saúde (Rodrigues et al., 2020Rodrigues, K. F., Carpes, M. M., & Raffagnato, C. G. (2020). Preparação e resposta a desastres do Brasil na pandemia da Covid-19. Revista de Administração Pública, 54(4), 614-634. http://dx.doi.org/10.1590/0034-761220200291.
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), dentre eles, os terapeutas ocupacionais.

Os grandes ciclos de desastres afetam a população de um país, interferem na política e economia, privam as pessoas de suas ocupações e atividades de vida diária e alteram seu contexto de vida. Para Kamalakannan & Chakraborty (2020)Kamalakannan, S., & Chakraborty, S. (2020). Occupational therapy: the key to unlocking locked-up occupations during the COVID-19 pandemic. Wellcome Open Research, 5, 153. PMid:32766458. http://dx.doi.org/10.12688/wellcomeopenres.16089.1.
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, as ocupações da população global como o trabalho, foram adversamente afetadas pelo coronavírus. O distanciamento social decorrente da Covid-19 impôs barreiras à participação social e ocupacional das pessoas e, em relação ao exercício da atividade laboral, trouxe novos desafios de adaptação.

Segundo Araújo & Lua (2021)Araújo, T. M., & Lua, I. (2021). O trabalho mudou-se para casa: trabalho remoto no contexto da pandemia de Covid-19. Revista Brasileira de Saúde Ocupacional, 46, 1-11. http://dx.doi.org/10.1590/2317-6369000030720.
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, para controlar a disseminação do coronavírus, o trabalho remoto (TR) foi uma alternativa para a continuidade das atividades laborais. Dessa forma, as alterações trazidas pela pandemia modificaram os hábitos, as rotinas ocupacionais e as atividades de vida diária das pessoas, em especial o desempenho nas atividades de trabalho. Durante o lockdown, a ocupação trabalho ganhou destaque por meio dos “trabalhadores essenciais”, especialmente mantidos como prestação de serviços para responder a demanda social nesse período.

Um exemplo são os serviços de saúde (linha de frente do combate ao coronavírus), ambientes de trabalho que podem ter um papel relevante na disseminação do vírus; portanto, a análise dessa situação/condição laboral é determinante para prevenir a contaminação e outros adoecimentos (Silva et al., 2020bSilva, L. S., Machado, E. L., Oliveira, H. N., & Ribeiro, A. P. (2020b). Condições de trabalho e falta de informações sobre o impacto da Covid-19 entre trabalhadores da saúde. Revista Brasileira de Saúde Ocupacional, 45(24), 1-8. http://dx.doi.org/10.1590/2317-6369000014520.
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).

Nessa perspectiva, para realizar a reflexão do papel do terapeuta ocupacional na atuação no campo do trabalho em tempos de pandemia, baseou-se no documento da World Federation of Occupational Therapists (2019)World Federation of Occupational Therapists – WFOT. (2019). Guia para primeiros socorros em Terapia Ocupacional a desastres e trauma. Londres: WFOT. para categorizar as fases de intervenção em períodos de desastres, neste caso, a pandemia, descritas em três estágios: i) preparação pré-pandemia; ii) estratégias de preparação durante a pandemia; iii) recuperação pós-pandemia. Soma-se a esse debate a especificidade da intervenção no campo, que preconiza uma visão sistêmica de atuação em rede para integral atenção e cuidado aos trabalhadores, contemplando os níveis micro, meso e macroestruturais centrados na pessoa e no ambiente laboral. A Tabela 1 a seguir apresenta alguns exemplos de intervenção da terapia ocupacional no campo do trabalho durante e após a pandemia.

Tabela 1
Intervenção da terapia ocupacional no campo do trabalho durante e após a pandemia.

Portanto, nota-se que as intervenções do terapeuta ocupacional em situações adversas como pandemia podem ocorrer na pré-preparação, na estratégia de preparação durante o evento crítico e na recuperação com ações específicas relacionadas ao campo de trabalho e centradas no trabalhador e no ambiente laboral, considerando a tríade saúde-trabalho-direito. Ao mesmo tempo, entende-se que essa intervenção precisa estar articulada com os diversos atores, instituições, serviços e entidades de classe de forma a ampliar as ações e promover uma rede integrada de atenção e cuidado à saúde dos trabalhadores.

O cenário pandêmico evidenciou as características dessa nova configuração do trabalho (inovação tecnológica) relacionadas às alterações em vários níveis organizacionais. Para a continuidade do processo produtivo, o trabalho foi levado para casa. Segundo Araújo & Lua (2021), aAraújo, T. M., & Lua, I. (2021). O trabalho mudou-se para casa: trabalho remoto no contexto da pandemia de Covid-19. Revista Brasileira de Saúde Ocupacional, 46, 1-11. http://dx.doi.org/10.1590/2317-6369000030720.
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inserção do trabalho no espaço doméstico, com a presença de familiares, filhos pequenos e idosos, somado à sobrecarga de atividades cotidianas e à ausência de mobiliário adequado, Internet e equipamentos, impôs dificuldade ao desempenho e à produtividade. Portanto, o trabalho remoto e o teletrabalho são configurações que precisam ser analisadas considerando-se o contexto vivido.

Três Anos Após a Pandemia, Como Podemos Avançar

Após três anos dos primeiros casos confirmados de Covid-19 no Brasil, o IBGE registrou 8,6 milhões de desempregados no quarto trimestre de 2022 (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2022Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. (2022). Desemprego. Recuperado em 27 de maio de 2022, de https://www.ibge.gov.br/explica/desemprego.php
https://www.ibge.gov.br/explica/desempre...
). Segundo o documento Perspectivas Laborais 2021, América Latina e Caribe (International Labour Organization, 2018International Labour Organization – ILO. (2018). Pontos de verificação ergonômica: soluções práticas e de fácil aplicação para melhorar a segurança, a saúde e as condições de trabalho. São Paulo: Fundacentro.), a taxa de desemprego em 2021 foi de 10%, sendo maior entre as mulheres (12,4%). O mesmo documento apontou um crescimento do trabalho informal entre 60 e 80% no terceiro trimestre de 2021.

Esse contexto, associado à disseminação do neoliberalismo, tem provocado cada vez mais questões sociais que impactam os trabalhadores, em especial a ausência de rede de proteção de direitos, materializadas nos altos índices de desemprego e nos trabalhos informais e intermitentes (Brasil, 2020cBrasil. Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos – DIEESE. (2020c). Brasil pós-pandemia: mais do mesmo? Ideias urgentes para o futuro do trabalho e do meio ambiente. Brasília: DIEESE.).

Por essa razão, muitas demandas relacionadas a esse contexto têm emergido como objeto de intervenção do terapeuta ocupacional do trabalho, como as situações de retorno ao trabalho, modelo híbrido de retorno, teletrabalho, trabalho remoto e trabalho informal.

Cabe destacar que, provavelmente, o retorno ao trabalho e a reinserção em um novo emprego1 1 Para Griebeler (2021, p. 328) o “emprego é uma função e uma condição das pessoas que trabalham, em caráter temporário ou permanente, em qualquer tipo de atividade econômica. Esse reconhecimento de vínculo resulta no que se chama de Mercado de Trabalho”. , formal ou informal, para muitas pessoas, seja uma demanda emergente no período pós-pandemia. Entretanto, este manuscrito não tem a finalidade de discutir o recorte da informalidade, pois compartilha com Souza & Lussi (2022)Souza, M. B. C. A., & Lussi, I. A. O. (2022). Terapia ocupacional e trabalho informal: reflexões para a prática. Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional, 30, 1-15. http://dx.doi.org/10.1590/2526-8910.ctoao21902901.
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a existência de um desafio na operacionalização de abordagens de aproximação desses trabalhadores em razão da ausência de vínculos com instituições, dispositivos de cuidado e outros diversos setores de assistência ao trabalhador.

O retorno ao trabalho em tempos de pandemia torna-se um desafio para empresas, serviços e instituições, e o terapeuta ocupacional pode ser um profissional com competência para atuar enquanto articulador e condutor nos programas e processos de retorno ao trabalho (Alves et al., 2020Alves, G. B. O., Barroso, B. I. L., Alonso, C. M. C., Rodrigues, D. S., Nogueira, L. F. Z., Souza, M. B. C. A., Oliveira, P. V. B., Lancman, S., & Silva, T. N. R. (2020). Intervenção da terapia ocupacional em saúde e trabalho. In S. C. Almeida & M. G. Assis (Eds.), A clínica contemporânea da terapia ocupacional: fundamentos e intervenções (pp. 73-116). Belo Horizonte: Fino Traço.), porque se orienta por uma abordagem centrada na pessoa, considerando o seu contexto, o que possibilita a identificação dos fatores de risco presentes na condição de trabalho e favorece a promoção da saúde e segurança dos trabalhadores em situação real de trabalho. Todavia, é preciso compreender a necessidade de um plano de retorno ao trabalho, com o trabalhador como protagonista, visando garantir um ambiente seguro, sustentável, saudável e produtivo, sobretudo para aqueles que estão em teletrabalho, trabalho híbrido (presencial e remoto) e trabalho remoto.

Os teletrabalhos são definidos pela International Labour Organization (2020b)International Labour Organization – ILO. (2020b). Teleworking during the COVID-19 pandemic and beyond: a practical guide. Geneva: ILO. como aqueles que usam as tecnologias de informação e comunicação (TIC) – tais como smartphones, tablets e computadores portáteis – fora das instalações e do ambiente de trabalho da instituição empregadora. No Brasil, o teletrabalho foi introduzido na reforma trabalhista de 2017, que regulamentou o trabalho intermitente conforme a Lei nº 13.467 de 13 de julho de 2017 (Araújo & Lua, 2021Araújo, T. M., & Lua, I. (2021). O trabalho mudou-se para casa: trabalho remoto no contexto da pandemia de Covid-19. Revista Brasileira de Saúde Ocupacional, 46, 1-11. http://dx.doi.org/10.1590/2317-6369000030720.
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; Brasil, 2017Brasil. (2017, 13 de julho). Lei nº 13.467, de 13 de julho de 2017. Altera a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio de 1943, e as Leis nos 6.019, de 3 de janeiro de 1974, 8.036, de 11 de maio de 1990, e 8.212, de 24 de julho de 1991, a fim de adequar a legislação às novas relações de trabalho. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília.). O TR é realizado a qualquer distância do local de trabalho para o cumprimento das atividades laborais e usa ferramentas disponíveis de tecnologia (Araújo & Lua, 2021Araújo, T. M., & Lua, I. (2021). O trabalho mudou-se para casa: trabalho remoto no contexto da pandemia de Covid-19. Revista Brasileira de Saúde Ocupacional, 46, 1-11. http://dx.doi.org/10.1590/2317-6369000030720.
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).

Essas configurações do trabalho exigem uma intervenção do terapeuta ocupacional pautada em análises ergonômicas situadas, participativas e centradas na atividade real que compreendam os aspectos da organização, processos e condições de trabalho, assim como as exigências físicas, cognitivas e emocionais inerentes à atividade laboral. Com base nessas análises, o terapeuta ocupacional detém informações para desenvolver recomendações e adaptar o ambiente de trabalho às características do trabalhador a partir do ponto de vista de quem executa essa atividade e, além disso, garantir um ambiente seguro, sustentável, saudável e produtivo, sobretudo para aquelas pessoas que estão em TR, teletrabalho e trabalho híbrido.

Outro ponto a ser destacado é que a pandemia impulsionou as tecnologias de informação e a revolução digital, além de novos conceitos que se configuram na Indústria 4.0, como a realidade aumentada, robótica, big data, integração universal dos sistemas, Internet das Coisas, sensores e sistemas inteligentes (Naya, 2018Naya, S. (2018). Nuevo paradigma de Big Data en la era de la industria 4.0. TOG (A Coruña), 15(27), 4-9.). Esses conhecimentos ampliam o contexto de intervenção e a prática terapêutica ocupacional no campo do trabalho por meio da interdisciplinaridade de diferentes saberes que acompanham as transformações no mundo do trabalho.

Como exemplo, destaca-se o uso de ferramentas digitais que auxiliam a análise ergonômica do trabalho, como o aplicativo denominado Pontos de Verificação de Ergonomia da Organização Internacional do Trabalho (OIT). Como apresentado pela International Labour Organization (2018)International Labour Organization – ILO. (2018). Pontos de verificação ergonômica: soluções práticas e de fácil aplicação para melhorar a segurança, a saúde e as condições de trabalho. São Paulo: Fundacentro., esse aplicativo tem 132 soluções práticas e de baixo custo para a melhoria das condições de trabalho a partir de uma perspectiva ergonômica. Diversos aplicativos e software possibilitam compreender os arranjos organizacionais ou a causa de uma sobrecarga de trabalho, bem como utilizar de soluções digitais de treinamento, como estratégia de prevenção (Rodrigues & Tonin, 2021Rodrigues, D. S., & Tonin, L. A. (2021). Dos fatores humanos à compreensão da atividade de trabalho. In D. Braatz, R. Rocha & S. Gemma (Eds.), Engenharia do trabalho: saúde, segurança, ergonomia e projeto (pp. 463-490). Campinas: Ex Libris Comunicação.). Além disso, impressoras 3D podem auxiliar o desenvolvimento de adaptações e mudanças no arranjo físico (layout) dos postos de trabalho para melhorar a segurança, saúde e produtividade por meio de protótipos experimentais.

Pode-se destacar ainda, como proposta de intervenção, as metodologias participativas em Ergonomia baseadas em software de simulação, por exemplo, que permitem a participação dos trabalhadores na identificação de problemas e construção de soluções, bem como na reconstrução de uma representação da realidade de trabalho, a partir da perspectiva do trabalhador (Bittencourt & Duarte, 2021Bittencourt, J. M., & Duarte, F. J. M. (2021). Contribuições da simulação em ergonomia para a Engenharia do Trabalho: perspectivas metodológicas e conceitos operacionais. In D. Braatz, R. Rocha & S. Gemma (Eds.), Engenharia do trabalho: saúde, segurança, ergonomia e projeto (pp. 463-490). Campinas: Ex Libris Comunicação.). Por fim, o uso de ferramentas e plataformas para big data podem auxiliar a rastrear intervenções de terapeutas ocupacionais no campo do trabalho, fortalecer uma prática baseada em evidência e trazer pontos para a discussão da prática profissional.

Considerações Finais

Este ensaio buscou mostrar as possibilidades de intervenção do terapeuta ocupacional no campo do trabalho, durante e após a pandemia, considerando os contextos micro, meso e macroestruturais, a partir de uma prática centrada na pessoa e no ambiente laboral de forma indissociável. As reflexões reafirmaram a atuação desse profissional na atenção às (in)capacidades laborais e no processo de retorno ao trabalho, e apontaram outros caminhos para a prática, como o teletrabalho e o trabalho híbrido, remoto e informal.

O trabalho pós-pandemia vem mostrando uma relação intimamente conectada às tecnologias digitais e da informação, tornando necessários debates futuros sobre as leis adaptáveis à inovação do trabalho. Este manuscrito apresentou reflexões preliminares, o constitui uma limitação.

Certamente, são necessárias outras pesquisas para compreender a influência das tecnologias e os impactos da Revolução 4.0 no exercício da prática, não apenas no campo do trabalho, mas para a profissão terapia ocupacional.

Diversos desafios e oportunidades de intervenção surgiram no período pós-pandemia para a terapia ocupacional e o trabalho, o que permite construir novas perspectivas profissionais e reflexões teórico-práticas para fortalecer esse campo na contemporaneidade.

  • 1
    Para Griebeler (2021, pGriebeler, M. P. D. (2021). Emprego. In M. P. D. Griebeler (Org.), Dicionário de desenvolvimento regional e temas correlatos (pp. 328-331). Uruguaiana: Conceito.. 328) o “emprego é uma função e uma condição das pessoas que trabalham, em caráter temporário ou permanente, em qualquer tipo de atividade econômica. Esse reconhecimento de vínculo resulta no que se chama de Mercado de Trabalho”.
  • Como citar: Rodrigues, D. S. (2023). Terapia ocupacional e trabalho: desafios e perspectivas de uma prática emergente durante e após a pandemia da Covid-19. Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional, 31, e3337. https://doi.org/10.1590/2526-8910.ctoEN255833371

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Editado por

Editora de seção

Profa. Dra. Daniela Tavares Gontijo

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    03 Abr 2023
  • Data do Fascículo
    2023

Histórico

  • Recebido
    27 Maio 2022
  • Revisado
    20 Jun 2022
  • Revisado
    17 Out 2022
  • Aceito
    05 Dez 2022
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