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Avaliação de dor relacionada ao comportamento de professores durante o ensino remoto emergencial: estudo observacional transversal

RESUMO

JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS:

Na atuação profissional do professor, há elevado nível de estresse, ansiedade e incidência de dor. Com o advento do COVID-19 e a emergência do ensino remoto, é possível que este cenário tenha sido agravado. O objetivo deste estudo foi avaliar quadros de dor crônica, sensibilização central e catastrofização da dor em professores da rede básica durante o ensino remoto ofertado devido à pandemia.

MÉTODOS:

Trata-se de um estudo observacional analítico do tipo transversal. Participaram 200 professores de diferentes regiões do Brasil que responderam, através de um formulário online, perguntas sobre aspectos sociodemográficos e suas condições de trabalho, além de serem avaliadas a intensidade de dor por meio da escala analógica visual de dor, o estado de sensibilização central por meio do Questionário de Sensibilização Central (CSI) e a catastrofização da dor por meio da Escala de Pensamento Catastrófico sobre a Dor.

RESULTADOS:

A maioria dos professores eram do sexo feminino, brancos, da região sudeste, com especialização lato sensu, apresentavam renda de 2 a 2,5 salários-mínimos e jornada de trabalho de 21 a 40 horas semanais. A maioria dos professores relatou intensidade de dor igual a oito e a região do corpo mais afetada foi a coluna lombar. Observou-se que professores com baixo salário, ambiente desconfortável e maior jornada dedicada ao ensino remoto apresentaram maior tendência à sensibilização central e à catastrofização da dor. Professores com mobiliário desconfortável relataram aumento da dor, em especial, na coluna lombar e no pescoço. Apresentaram também maiores níveis de sensibilização central à dor, inversamente proporcional à sua renda salarial e, de maneira somatória, professores com maior sensação de desconforto catastrofizaram mais o que reflete os prejuízos físicos e emocionais que a dor pode causar.

CONCLUSÃO:

O ensino remoto durante a pandemia do COVID-19 impactou alterações físicas e emocionais nos professores da rede básica de ensino. Os profissionais perceberam que seu mobiliário não era o mais adequado para a alta permanência de tempo que tiveram de trabalhar em atividades acadêmicas pelo computador (em geral, acima de 40 horas semanais), relataram aumento da dor, em especial na coluna lombar e no pescoço, apresentaram maiores níveis de sensibilização central à dor, que foi influenciado por baixa renda salarial e, de maneira somatória, professores com maior sensação de desconforto catastrofizaram mais, o que reflete os prejuízos físicos e emocionais que a dor pode causar. Todos estes acometimentos tendem a reduzir a qualidade de vida do professor e, consequentemente, afetar o processo de ensino e aprendizagem.

Descritores:
Catastrofização; COVID-19; Dor crônica; Pandemias; Professores escolares; Sensibilização do sistema nervoso central

ABSTRACT

BACKGROUND AND OBJECTIVES:

In the teacher’s professional practice, there is a high level of stress, anxiety and incidence of pain. With the advent of COVID-19 and the emergence of remote teaching, it is possible that this scenario has been aggravated. The objective of this study was to evaluate chronic pain, central sensitization and pain catastrophizing among primary education teachers during remote teaching offered due to the pandemic.

METHODS:

A cross-sectional analytical observational study. Participants were 200 teachers from different regions of Brazil who responded through an online form a sociodemographic questionnaire and a questionnaire about their working conditions. In addition, pain intensity was assessed using the Visual Analog Pain Scale (VAS), central sensitization state was assessed using the Central Sensitization Questionnaire (CSI), and pain catastrophizing was assessed using the Catastrophic Thinking Scale about Pain (PCS).

RESULTS:

Most of the teachers were female, white, from the southeast region, with lato sensu specialization, had an income of 2 to 2.5 minimum wages, working 21 to 40 hours a week. Most of the teachers reported pain intensity equal to eight and the body region most affected was the lumbar spine. It was observed that teachers with low salary, uncomfortable environment and longer days dedicated to remote teaching showed a greater tendency to central sensitization and pain catastrophizing. Most teachers reported pain intensity equal to eight and the most affected body region was the lumbar spine. Teachers with uncomfortable furniture reported increased pain, especially in the lumbar spine and neck. They also showed higher levels of central sensitization to pain, inversely proportional to their salary income and, in sum, teachers with a greater feeling of discomfort catastrophized more which reflects the physical and emotional damage that pain can cause.

CONCLUSION:

Remote teaching during the pandemic of COVID-19 impacted physical and emotional changes in teachers of primary education. The professionals perceived that their furniture was not the most adequate for the high amount of time they had to work on academic activities using computers (in general, over 40 hours a week), they reported increased pain, especially in the lumbar spine and neck, they presented higher levels of central pain sensitization, which was influenced by low salary income, and, in sum, teachers with higher feelings of discomfort catastrophized more, which reflects the physical and emotional damage that pain may cause. All these affections tend to reduce the teachers’ quality of life and, consequently, affect the teaching and learning processes.

Keywords:
Catastrophization; Central nervous system sensitization; Chronic pain; COVID-19; Pandemics; School teachers

DESTAQUES

A dor lombar foi apontada pelos professores como a mais frequente durante o ensino remoto.

Tempo superior a oito horas em frente ao computador influencia a sensibilidade à dor.

A maior renda salarial está associada a menor sensibilização da dor

INTRODUÇÃO

A Associação Internacional para o Estudo da Dor (IASP) define a dor como “uma experiência sensitiva e emocional desagradável associada, ou semelhante àquela associada, a uma lesão tecidual real ou potencial”11 Raja S, Carr D, Cohen M, Finnerup N, Flor H, Gibson S. Te Revised IASP definition of pain: concepts, challenges, and compromises. Pain. 2021;161(9):1976-82.,22 DeSantana JM, Perissinotti DMN, Oliveira-Júnior JO, Correia LMF, Oliveira CM, Fonseca PRB. Revised definition of pain after four decades. BrJP. 2020;3(3):197-8, que é uma interação de fatores psicológicos, emocionais, comportamentais e sociais. O mesmo grupo define dor crônica como dor persistente ou intermitente por mais de três meses11 Raja S, Carr D, Cohen M, Finnerup N, Flor H, Gibson S. Te Revised IASP definition of pain: concepts, challenges, and compromises. Pain. 2021;161(9):1976-82.. O indivíduo com dor aguda ou crônica pode apresentar desconforto de leve à agonia, ocasionando alterações no padrão de sono, apetite e libido, manifestações de irritabilidade, diminuição de concentração e diminuição das atividades de vida diária33 Klaumann PR, Wouk AFPF, Sillas T. Pathophysiology of pain. Arch Vet Sci. 2008;13(1):1-12..

O estímulo doloroso pode ainda provocar desregulação neuronal e hiperexcitabilidade do sistema nervoso central, fenômeno fisiológico conhecido como sensibilização central (SC), que consiste na hipersensibilidade entre os impulsos nocivos e não nocivos44 Bernardino YO, Diniz L, Almeida RS. Te effectiveness of physiotherapeutic approach in subjects with low back pain and central sensitization. Rev Jorn Pesqui Iniciação Científica. 2016;1(11):23-30., o que torna a sensação dolorosa ainda maior. A dor ainda pode vir através da catastrofização, um conjunto de pensamentos negativos que geram estímulos de dor, reais ou não, com a percepção da intolerância à dor e a incapacidade do indivíduo em lidar com ela55 Silva Umbelino F, de Alessandro A, Barroso Lopes O. Chronic pain beliefs: a critical review of instruments adapted for Portuguese language. Fisioter Mov. 2010;23(4):651-63.. Catastrofizar é um processo cognitivo-afetivo negativo cumulativo e é um importante preditor de resultados relacionados à dor66 Jones DA, Rollman GB, White K P, Hill ML, Brooke RI. Te relationship between cognitive appraisal, affect, and catastrophizing in patients with chronic pain. J Pain. 2003;4(5):267-77..

Neste sentido, a dor é um tópico frequentemente envolvido com a profissão do educador, seja ela de caráter físico ou até mesmo emocional.

Os profissionais da educação precisam lidar com constantes desafos que podem afetar sua saúde mental e física, como demandas múltiplas e interativas com alunos, pais, colegas de trabalho e questões administrativas relativas ao trabalho77 Herman KC, Prewitt SL, Eddy CL, Savale A, Reinke WM. Profiles of middle school teacher stress and coping: concurrent and prospective correlates. J Sch Psychol. 2020;78:54-68.. O Brasil é reconhecido pela baixa remuneração dos seus professores da rede básica88 Lourencetti GC. A baixa remuneração dos professores: algumas repercussões no cotidiano da sala de aula. Rev Educ Pública. 2014;23(52):13-32., trabalhando uma média de 32,5h por semana em apenas uma rede de ensino e turno com salário médio-hora de R$ 21,20, o que indica que essa média é menor do que a de outros profissionais com nível superior no país99 Hirata G, Oliveira JBA, Mereb TM. Teachers: Who they are, where they work, how much they earn. Ensaio. 2019;27(102):179-203.. O fato de ministrarem muitas aulas semanais acarreta na falta de tempo para os professores estudarem e se atualizarem, comprometendo a organização e o planejamento do trabalho, precarizando a profissão e levando ao sofrimento profissional88 Lourencetti GC. A baixa remuneração dos professores: algumas repercussões no cotidiano da sala de aula. Rev Educ Pública. 2014;23(52):13-32..

Com a pandemia do novo coronavírus (SARS-CoV-2), efeitos adversos como o medo e a insegurança, que ocorrem em decorrência do distanciamento social de familiares, amigos e outros colegas do trabalho, receio do desemprego e demais incertezas, causaram estresse generalizado na população e problemas de saúde mental1010 Gao J, Zheng P, Jia Y, Chen H, Mao Y, Chen S, Wang Y, Fu H, Dai J. Mental health problems and social media exposure during COVID-19 outbreak. PLoS One. 2020;15(4):1-10.,1111 Secretaria de Saúde estado de São Paulo. Estresse: o perigoso sintoma invisível do coronavírus. Disponível em: https://portal.apqc.org.br/estresse-o-perigoso-sintoma-invisivel-do-coronavirus/ Acesso em: 26 abr.2020.
https://portal.apqc.org.br/estresse-o-pe...
, o que pode ter potencializado o cenário da dor, inclusive nos educadores. Vários professores se viram afastados das suas atividades laborais presenciais devido à interrupção das aulas ou à adaptação para o ensino por metodologias de educação à distância (EAD). O serviço do professor tornou-se similar ao de funcionários de escritórios, que passam várias horas sentados à frente de um computador, estes apresentam uma alta prevalência de dor por múltiplos fatores (sofrimento psicológico, crenças de medo e evitação, baixa qualidade de vida e insatisfação no trabalho)1212 Chen X, O’Leary S, Johnston V. Modifiable individual and work-related factors associated with neck pain in 740 office workers: a cross-sectional study. Braz J Phys Ter. 2018;22(4):318-27..

Um estudo realizado com 140 professores do Instituto Federal Catarinense durante a pandemia, ao avaliar a ergonomia e sintomas osteomusculares, observou que 94,7% dos docentes relataram dor, que estava associada à carga de trabalho e às condições ergonômicas1313 Guimarães B, Chimenez T, Munhoz D, Minikovski H. Pandemia de COVID-19 e as atividades de ensino remotas: riscos ergonômicos e sintomas musculoesqueléticos dos docentes do Instituto Federal Catarinense. Fisioter Pesqui. 2022;29(1):96-102. Já em um outro estudo realizado com docentes do Centro Universitário do Cerrado (UNICERP), foi observada uma percepção de estresse acima da média em 45,1% dos participantes, diretamente relacionada à existência de distúrbios osteomusculares no pescoço e ombros1414 Mattos, JGS, Castro SS, Melo LBL, Santana LC, Coimbra MAR, Ferreira LA. Dores osteomusculares e o estresse percebido por docentes durante a pandemia da COVID-19. Res Soc Develop. 2021;10(6):e25110615447.. Em um estudo realizado apenas no estado de Minas Gerais, 58% dos professores escolares relataram dores nas costas devido às mudanças na rotina durante a pandemia1515 Barbosa REC, Fonseca GC, Souza E Silva NS, Silva RRV, Assunção AÁ, Haikal DS. Back pain occurred due to changes in routinary activities among Brazilian schoolteachers during the COVID-19 pandemic. Int Arch Occup Environ Health. 2022;95(2):527-38..

Sendo assim, professores podem apresentar níveis aumentados de dor relacionada a alterações comportamentais, aumento do risco de SC, catastrofização e redução na qualidade de vida, que podem ter associação com condições e ambiente de trabalho durante a pandemia do SARS-CoV-2. Todas essas afecções impactam diretamente não somente na vida do profissional, mas também na qualidade do ensino. Como nenhum estudo a nível nacional foi encontrado, o objetivo deste estudo foi avaliar quadros de dor crônica em professores da rede básica no país durante o período da pandemia, identificar o grau de catastrofização e de SC da dor, e as variáveis que se associam e/ou impactam a dor.

MÉTODOS

Trata-se de um estudo observacional analítico do tipo transversal aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo, sob protocolo 38406820.0.0000.547. Foram convidados professores da rede básica de ensino (infantil, fundamental e médio) das esferas municipal, estadual, federal, rede pública e privada, de todas as regiões do país. Foram excluídos professores de nível superior (graduação e pós-graduação). A divulgação foi feita através de grupos sobre educação no Facebook e pelo Instagram, com um convite informativo sobre o projeto.

O professor interessado em participar da pesquisa deveria responder a publicação informando seu endereço de e-mail. Ao relatar interesse em participar, o profissional recebia via e-mail o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Uma vez assinado e feito o retorno do TCLE, o profissional recebia uma via assinada pelo pesquisador e os questionários que foram aplicados no estudo. No total, 200 professores demonstraram interesse em participar e seus dados foram coletados, sem identificação da instituição, de diferentes regiões, durante o período do isolamento de outubro de 2020 a fevereiro de 2021.

Os participantes foram avaliados por meio de um formulário online semiestruturado que avaliou informações pessoais, como idade, gênero, raça e cor, questões socioeconômicas (escolaridade, salário, esfera - estadual, municipal, pública ou privada, atuação EAD na pandemia) e as condições do ambiente de trabalho (horas em frente ao computador, tempo de permanência sentado, prática de atividade física, conforto do mobiliário, acesso à internet, intensidade e local da dor). Foi aplicada também uma escala de intensidade da dor de zero a 10.

Para avaliar o grau de SC, foi utilizado o Inventário de Sensibilização Central (Central Sensitization Inventory – CSI), validado e traduzido para o português1616 Caumo W, Antunes LC, Elkfury JL, Herbstrith EG, Busanello Sipmann R, Souza A, Torres IL, Souza Dos Santos V, Neblett R. Te Central Sensitization Inventory validated and adapted for a Brazilian population: psychometric properties and its relationship with brain-derived neurotrophic factor. J Pain Res. 2017;1(10):2109-22., constituído por questionário composto por duas partes, com questões sobre sensação de cansaço, sono, ansiedade, dores, dificuldade de concentração, entre outras. Para medir a catastrofização da dor, foi utilizada a Escala de Catastrofização da Dor (Pain Catastrophizing Scale - PCS), um instrumento autoaplicável e composto por treze itens, escalonados de zero (quase nunca) a 5 pontos (quase sempre), com sentenças que descreviam diferentes sentimentos e pensamentos relacionados à dor, como: o medo de não conseguir continuar, de que a dor não irá melhorar, desejo de que a dor desapareça, entre outros. O escore total é a soma dos itens, dividida pelo número de itens respondidos. Quanto maior o escore, maior indicativo de pensamentos catastróficos. O instrumento foi originalmente proposto em 19951717 Sehn F, Chachamovich E, Vidor L P, Dall-Agnol L, Souza ICC, Torres ILS, Fregni F, Caumo W. Cross-Cultural Adaptation and Validation of the Brazilian Portuguese Version of the Pain Catastrophizing Scale. Pain Med. 2012;13(11):1425-35 e validado e traduzido para o português1717 Sehn F, Chachamovich E, Vidor L P, Dall-Agnol L, Souza ICC, Torres ILS, Fregni F, Caumo W. Cross-Cultural Adaptation and Validation of the Brazilian Portuguese Version of the Pain Catastrophizing Scale. Pain Med. 2012;13(11):1425-35 em 2012.

Para a minimização de vieses, antes de os formulários serem enviados ao participante, instruções tirando dúvidas foram encaminhadas, e foi deixado o contato de um dos pesquisadores para que, caso surgissem outras dúvidas, estas pudessem ser esclarecidas.

Para tabulação, criação de figuras e análise dos dados estatísticos, foram utilizados os softwares SPSS v20® e GraphPad Prism v5.0®. Para verificar a distribuição e normalidade dos dados quantitativos, foi utilizado o teste de Shapiro-Wilk. A análise e comparação entre as variáveis foi realizada através dos testes de comparação entre dois ou mais grupos (Teste t não pareado ou ANOVA One-Way). O nível de significância adotado foi para valor p menor que 0,05.

RESULTADOS

A amostra do presente estudo foi composta por 200 professores, com faixa etária de 23 a 60 anos (40,5 ± 9,5 anos). Distribuído por região, a maioria dos respondentes foi da região Sudeste (44%), seguido por região Nordeste (19%), região Centro-Oeste (15%), região Sul (14%) e região Norte (7,5%). Quanto ao sexo, 77,5% foram do sexo feminino e 22% do masculino e 0,5% preferiram não responder. Quanto à cor da pele, 48,5% se autodeclararam brancos, 38% pardos, 9% pretos, 1,5% amarelos e 3% não quiseram declarar. Quanto ao nível de escolaridade, a maioria possuía título de especialização lato sensu (54%) seguido de apenas graduação (21,5%), mestrado (15%), doutorado (6%) e pós-doutorado (3,5%). Quanto à rede de ensino, 87,6% lecionavam na rede pública e 12,4% na privada. A maioria apresentava a renda de R$1000 a R$3000 (49,5%), seguido de R$3000 a R$6000 (39,5%) e a minoria recebia R$ 6000 a R$9000 ou mais de R$9500 (6% em ambas as faixas salariais). A maioria dos professores trabalhava de 21 a 40h semanais (57%), seguido de 26,5%, que trabalhavam mais de 40h, 13,5%, que trabalhavam até 20h semanais e 3%, que declararam não trabalhar durante o período da pandemia.

Estrutura de trabalho durante a pandemia

Quando perguntados se estão atuando por meio de ensino remoto durante o período da pandemia, a maioria disse que sim (94,5%), 3,5% já atuaram, mas não atuam mais, e 2,5% nunca atuaram. A tabela 1 sumariza as respostas de acordo com as condições e estruturas de trabalho durante a pandemia. A maioria dos professores classifcou o estado do seu ambiente e condições de trabalho como regular (37,5%). Com relação ao conforto (estrutura física) do seu ambiente de trabalho enquanto ministrava aulas remotas (mesa, cadeira, computador etc.), a maioria dos respondentes classificaram seu ambiente de trabalho como pouco confortável (40%) (Tabela 2). Com relação ao uso de tecnologias de informação e comunicação no ensino, mais da metade classificou como satisfatório (61%) e 85,5% relataram não ter dificuldade com o acesso à internet. Cerca de 34,5% passavam de 3 a 4h em frente ao computador realizando atividades acadêmicas, 15% mais de 8h e apenas 2% ficavam menos de 1h.

Tabela 1
Considerações gerais sobre o ambiente e condições de trabalho dos professores da rede básica de ensino durante o ensino remoto na pandemia do COVID-19
Tabela 2
Conforto do ambiente de trabalho de professores da rede básica enquanto ministravam aulas remotas durante a pandemia do COVID-19

Sensibilização central e catastrofização da dor

A região do corpo onde os professores relataram maior intensidade de dor foi na coluna lombar (6,39±3,2), seguida do pescoço (5,65±3,16) e a região com menos queixas dolorosas foram os dedos do pé (1,89±3,0) (Tabela 3). A maioria dos pacientes relatou ter intensidade da dor = 8 (16,6%, com média de 5,05±3,25). Intensidade zero - 15,5%, um - 8%, dois - 0,6%, três - 12,1%, quatro - 4%, cinco - 10,1%, seis - 6%, sete - 14,1%, nove - 6% e intensidade 10 - 7%. O valor médio geral de SC foi de 42,8±20,6 e para catastrofzação foi de 15,2±11,7.

Tabela 3
Escala de dor relatada de acordo com a parte do corpo

Foi realizada a comparação entre resultados dos questionários de sensibilização da dor e catastrofização de acordo com o perfil dos professores e estes dados foram apresentados na Tabela 4. Foi possível observar que os professores com a renda de R$ 3.000 à R$ 6.000 tiveram uma alta tendência à SC (46,4±21,9) em comparação com os professores que ganham mais de R$ 9.500 (28,0±10,1) (p = 0,03). Na catastrofzação não houve diferença significativa entre as rendas.

Tabela 4
Nível de sensibilização central e catastrofização da dor de acordo com as condições de trabalho dos professores da rede básica no ensino remoto durante a pandemia do COVID-19

Os professores que trabalhavam por 2h ou menos por dia (35,4±20,4) apresentaram menos sintomas de SC em relação a quem trabalhava de 7 a 8h (40,3±17,1) ou por mais de 8 horas (55,8±20,2) (p=0,001). Na catastrofização da dor, os professores que trabalhavam mais de 8 horas (22,8±12,2) apresentaram mais sentimentos catastróficos em relação aos que trabalhavam de 2 horas a menos (8,8±9,7) (p=0,001).

Os professores com o ambiente classificado como desconfortável (55,4±18,4) tiveram pontuação de SC acima de todos os outros níveis (p=0,0001). Resultado semelhante ocorreu para catastrofização, em que os professores em ambiente desconfortável (20,3±11,4) catastrofizaram mais que aqueles cujo ambiente era muito confortável (7,5±11,5) ou confortável (11,9±10,6) (p=0,0001). Educadores que tiveram menos dificuldade com acesso à internet apresentaram menor sensibilização (41,5±20,6), do que os que apresentaram alguma dificuldade (50,2±19,4) (p=0,03). Similarmente, na catastrofização, ocorreu o mesmo, professores com dificuldade de acesso (19,78±11,8) catastrofizaram mais que aqueles sem dificuldade (14,6±11,6) (p=0,04). Não houve diferença significativa para SC (p=0,44) ou catastrofização (p=0,83) da dor entre os professores com diferentes jornadas de trabalho (Figura 1).

Figura 1
Nível de sensibilização central e catastrofização da dor de acordo com as variáveis de condição de trabalho dos professores durante a pandemia de COVID-19.

DISCUSSÃO

Este estudo avaliou o nível de SC e catastrofização da dor em professores da rede básica de ensino durante o ensino remoto em decorrência da pandemia de COVID-19. No geral, a maioria dos participantes deste estudo eram mulheres, caucasianas, da região sudeste, com especialização lato senso, que trabalham em instituições de ensino público, com renda entre R$1000 a R$3000 e com carga horária de 21 a 40 horas semanais e, com o ensino remoto, a maioria relatou dificuldades para acessar à internet. Observou-se que professores com baixo salário, ambiente desconfortável, maior carga horária dedicada ao ensino remoto e com dificuldade de acesso à internet apresentaram maior tendência à SC e catastrofização da dor. A maioria dos professores relatou intensidade de dor igual a oito e a região do corpo mais afetada foi a coluna lombar.

No estudo1818 Gabani FL, González AD, Mesas AE, Andrade SM. Te most uncomfortable chronic pain in primary school teachers: differential between different body regions. BrJP. 2018;1(2):151-7., realizado com docentes brasileiros com dor crônica, as regiões do corpo que mais incomodaram foram membros superiores, cabeça, membros inferiores e coluna lombar. Além disso, a dor na cabeça foi a mais persistente e os casos com dor lombar apresentaram maior quantidade de afastamento do trabalho acima de 30 dias em comparação àqueles com dor em outros locais do corpo. Os autores1919 Ng YM, Voo P, Maakip I. Psychosocial factors, depression, and musculoskeletal disorders among teachers. BMC Public Health. 2019;19(1):1-10. também relataram que a região musculoesquelética com maior prevalência de dor era no pescoço. No presente estudo, a região do pescoço foi a segunda de maior intensidade. A dor traz um transtorno para a qualidade de vida do educador e, ao mesmo tempo, com o afastamento de suas atividades, pode dificultar o processo de aprendizagem do alunado, além da instituição ter de buscar novas alternativas para contratação de professores substitutos ou formas de reposição de aulas. Assim como relatado pelo estudo2020 Azevedo VR, Vieira M T, Freguglia RS, Assunção AA. Efeitos da ausência do professor na sala de aula sobre o desempenho escolar: uma análise para o ensino fundamental da rede pública no Brasil. XXIV Encontro de Economia da Região Sul. 2021. Acesso 16 de dezembro de 2022. Disponível em: https://www.anpec.org.br/encontro/2021/submissao/files_I/i12-799f9c92dda43ebc79ef21a3c38be319.pdf
https://www.anpec.org.br/encontro/2021/s...
, a ausência do professor efetivo pode trazer efeitos negativos no ensino e aprendizagem, como a quebra da rotina escolar, redução das notas e a falta da relação interpessoal com os alunos, prejudicando a avaliação da aprendizagem no dia a dia e, para a instituição, prejuízo financeiro, quebra do plano de trabalho proposto, adaptação do novo professor com a escola e com os alunos, entre outros.

Os professores obtiveram alta tendência à SC da dor, em especial, quando comparado a menor renda salarial. Os baixos salários contribuem para que ocorra o adoecimento, gerando fatores como crise de identidade, sentimento de impotência e descontentamento, proporcionando futuras disfunções relacionadas à saúde mental destes docentes2121 Araújo TM, Godinho TM, Reis EJFB, Almeida MMG. Gender differentials and health impacts in the teaching profession. Ciênc Saúde Coletiva. 2006;11(4):1117-29.. Um estudo2222 Kebede A, Abebe SM, Woldie H, Yenit MK. Low back pain and associated factors among primary school teachers in Mekele City, North Ethiopia: a cross-sectional study. Occup Ter Int. 2019;8;2019:3862946., através de uma regressão bivariável, observou que a renda mensal pode estar associada com casos de dor lombar. É interessante notar que a maioria dos artigos avaliando professores em outros países não avaliam a questão salarial como fator predisponente para dor. Entretanto, no Brasil, os baixos salários trazem questões complexas não só como profissional, mas como indivíduo. O estudo2323 Barbosa A. Implicações dos baixos salários para o trabalho dos professores brasileiros. Rev Educ Polít Debate. 2012;2(2):384-408. relatou que a baixa remuneração torna a profissão docente pouco atrativa, além de afetar o professor como indivíduo, havendo pouco aprimoramento profissional, intensa jornada de trabalho que compromete atividades extraclasse, absenteísmo, e que o padrão de remuneração é inversamente proporcional à ocorrência de síndrome de Burnout. No que se refere à realização de ensino remoto, os educadores têm realizado suas atividades laborais em casa, porém, não há uma infraestrutura apropriada, comprometendo a ergonomia e a disposição física dos professores. Vale lembrar que a dor, de uma forma não tão intensa ou frequente por um estipulado tempo, tem predisposição de afetar diretamente situações rotineiras de um indivíduo, causando incapacidades e prejudicando o bem-estar1414 Mattos, JGS, Castro SS, Melo LBL, Santana LC, Coimbra MAR, Ferreira LA. Dores osteomusculares e o estresse percebido por docentes durante a pandemia da COVID-19. Res Soc Develop. 2021;10(6):e25110615447.. Neste estudo os docentes passaram mais de 7 horas realizando atividades acadêmicas na frente do computador, apresentaram mais sinais de cronificação da dor e catastrofização, e afirmaram que seu local de trabalho não é confortável.

No estudo dos autores2222 Kebede A, Abebe SM, Woldie H, Yenit MK. Low back pain and associated factors among primary school teachers in Mekele City, North Ethiopia: a cross-sectional study. Occup Ter Int. 2019;8;2019:3862946., 25,6% dos professores ficavam sentados por tempo prolongado devido às atividades curriculares, e o tempo médio por dia era de 2,8 (± 2,3) horas. Já o estudo2424 Elias HE, Downing R, Mwangi A. Low back pain among primary school teachers in Rural Kenya: Prevalence and contributing factors. African J Prim Heal Care Fam Med. 2019;11(1):1-7. não mostrou associação entre horas sentado e prevalência de dor, porém encontrou que a falta de suporte no trabalho, ausência de supervisão e a falta de prática de exercícios físicos são fatores de risco associados à incidência de dor lombar em professores. No presente estudo aparentemente não houve diferença entre o número de horas das jornadas de trabalho dos professores. Os autores2424 Elias HE, Downing R, Mwangi A. Low back pain among primary school teachers in Rural Kenya: Prevalence and contributing factors. African J Prim Heal Care Fam Med. 2019;11(1):1-7. também encontraram resultados similares, mostrando que talvez outros fatores sejam mais importantes para a manifestação ou cronificação da dor.

O estudo2525 Zamri EN, Hoe VCW, Moy FM. Predictors of low back pain among secondary school teachers in malaysia: a longitudinal study. Ind Health. 2020;58(3):254-64. observou que catastrofização é um importante fator preditor para dor lombar em professores da rede escolar. Além disso, também notou que outros fatores psicossociais, como crenças de medo em relação ao movimento e em atividades laborais, ansiedade, depressão e somatização foram importantes preditores de dor em professores. Porém, o estudo encontrou que fatores relacionados ao trabalho não foram considerados preditores, exceto levantamento de peso acima de 25kg. Já no presente estudo, observou-se que professores com maiores dificuldades em relação ao trabalho durante a pandemia tiveram maior tendência de catastrofizar eventos relacionados à dor que aqueles em um cenário satisfatório. Durante o período de distanciamento social, indivíduos com dor crônica tiveram um aumento da intensidade da dor em 8% e crescimento da interferência na dor já instalada, reflexos que podem ser atribuídos ao maior período sentado e/ou da maior catastrofização da dor. Acredita-se que isto possa gerar uma redução no potencial de trabalho, consequentemente refletindo na qualidade de vida do professor e até mesmo na aprendizagem do alunado.

O presente estudo apresentou algumas limitações que devem ser comentadas. Este projeto foi um estudo transversal e o ideal teria sido acompanhar esses 200 professores durante um semestre, pelo menos, e reavaliá-los, para se ter um melhor perfil de acompanhamento de suas atividades durante o ensino remoto. Outra limitação é que foram recrutados apenas professores do ensino básico, sendo excluídos professores do ensino superior (Graduação e Pós-Graduação). Era esperado que o número de participantes fosse bem maior, porém, de acordo com o período estipulado, foram obtidas apenas as 200 respostas. Baseado nos achados deste estudo, é possível que as instituições possam prover melhores ações para suporte aos docentes, visto que conhecer essas condições obtidas durante o ensino remoto pode ajudar a prevenir as crises de dor e reduzir afastamentos.

CONCLUSÃO

O ensino remoto durante a pandemia do COVID-19 impactou em alterações físicas e emocionais nos professores da rede básica de ensino. Os profissionais perceberam que seu mobiliário não era o mais adequado para a alta permanência de tempo que tiveram de trabalhar em atividades acadêmicas pelo computador (em geral, acima de 40 horas semanais), relataram aumento da dor, em especial na coluna lombar e no pescoço, apresentaram maiores níveis de SC à dor, o que foi influenciado por baixa renda salarial e, de maneira somatória, professores com maior sensação de desconforto catastrofizaram mais, o que reflete os prejuízos físicos e emocionais que a dor pode causar. Todos estes acometimentos tendem a reduzir a qualidade de vida do professor e, consequentemente, afetar o processo de ensino e aprendizagem.

  • Fontes de fomento: não há.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    17 Fev 2023
  • Data do Fascículo
    Oct-Dec 2022

Histórico

  • Recebido
    02 Nov 2022
  • Aceito
    23 Dez 2022
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