Acessibilidade / Reportar erro

Crise financeira mundial e dores musculoesqueléticas: revisão sistemática

RESUMO

JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS:

Na história recente, grandes catástrofes são seguidas de crises econômicas, que comumente são acompanhadas por altos níveis de estresse psicológico relacionado a dificuldades financeiras. A relação entre esse estresse financeiro (EF) e a dor musculoesquelética (DME) não está elucidada. O objetivo desta revisão sistemática foi avaliar criticamente as evidências da relação entre tais dificuldades financeiras e a DME.

MÉTODOS:

Uma busca abrangente foi realizada nas seguintes bases de dados: Medline, LILACS, Scielo e PsycINFO. Os estudos incluídos foram observacionais, entre adultos, aferindo o EF e sua associação com a piora ou desenvolvimento de uma DME, recrutando participantes ou dados de qualquer ambiente, e fornecendo dados de resultado para ao menos uma medida de resultado de dor.

RESULTADOS:

Foram identificadas 445 citações potencialmente relevantes, que incluíram 438 citações únicas, 419 das quais não atenderam aos critérios de inclusão. A pesquisa final incluiu 9 estudos. Os tipos de dor mais frequentes relatados foram lombalgia e cervicalgia. Descrições de estresse financeiro variaram. No geral, a exposição ao estresse financeiro foi determinada de acordo com alguma dificuldade em relação às necessidades de pagamento. Todos os estudos, exceto um, encontraram associações significativas entre algum tipo de DME e EF.

CONCLUSÃO:

Este estudo trouxe os dados disponíveis sobre a relação entre EF e DME. É possível afirmar que há razoável evidência do EF como um forte preditor para o aparecimento de DME. É preciso estar ciente dessa questão ao lidar com pacientes com dor durante a atual crise humanitária.

Descritores
Desastres provocados pelo homem; Dor musculoesquelética; Economia; Estresse financeiro; Guerra

ABSTRACT

BACKGROUND AND OBJECTIVES:

In recent history, major catastrophes are followed by economic crisis, which are commonly succeeded by high levels of psychological stress related to financial hardships. The relationship between this financial stress (FS) and musculoskeletal pain (MP) is not elucidated. The aim of this systematic review was to critically evaluate the evidence of the relationship between these financial difficulties and MP.

METHODS:

A comprehensive search was conducted on the following databases: Medline, LILACS, Scielo and PsycINFO. Studies included were observational, among adults, measuring FS and its association with MP worsening or development, recruiting participants or data from any setting, and providing outcome data for at least one pain outcome measure.

RESULTS:

445 potentially relevant citations was identified, which included 438 unique citations, 419 of which did not meet inclusion criteria. Final search included nine studies. The most frequent pain types reported were low back pain and neck pain. Descriptions of financial stress varied. Overall, exposure to financial stress was determined according to some difficulty in relation to afford necessities. All studies, except one, found significant associations between some type of MP and FS.

CONCLUSION:

This systematic review brought the available data on the relationship between FS and MP. It is possible to state that there is reasonable evidence of FS as a strong predictor for the onset of MP. It is necessary to be aware of this issue when dealing with pain patients during the current humanitarian crisis.

Keywords:
Economy; Financial stress; Man-made disasters; Musculoskeletal pain; War

DESTAQUES

  • Aparentemente a crise financeira afeta a prevalência da dor musculoesquelética por meio de vários mecanismos diferentes, aumentando a demanda por controle de sintomas.

  • Devido à crise global, alguns pacientes podem perder a capacidade financeira de ter acesso às várias modalidades de tratamento. Com isso seus sintomas podem se agravar ou se tornarem crônicos.

  • Os sistemas de saúde pública devem se preparar para um aumento na demanda, devido à incapacidade de muitos pacientes com dor musculoesquelética para permanecerem em sistemas privados.

DESTAQUES

  • Aparentemente a crise financeira afeta a prevalência da dor musculoesquelética por meio de vários mecanismos diferentes, aumentando a demanda por controle de sintomas.

  • Devido à crise global, alguns pacientes podem perder a capacidade financeira de ter acesso às várias modalidades de tratamento. Com isso seus sintomas podem se agravar ou se tornarem crônicos.

  • Os sistemas de saúde pública devem se preparar para um aumento na demanda, devido à incapacidade de muitos pacientes com dor musculoesquelética para permanecerem em sistemas privados.

INTRODUÇÃO

Os casos de dor musculoesquelética (DME) representam a segunda maior causa de incapacidade, logo após os problemas de saúde mental1. Entre uma variedade de fatores psicológicos22 McBeth J, Jones K. Epidemiology of chronic musculoskeletal pain. Best Pract Res Clin Rheumatol. 2007;21(3):403-25., os distúrbios de estresse são os mais citados como associados a alguns tipos de DME. Nos últimos anos, a literatura tem se concentrado em tipos específicos de estresse e sua relação com a DME44 Generaal E, Milaneschi Y, Jansen R, Elzinga BM, Dekker J, Penninx BW. The brain-derived neurotrophic factor pathway, life stress, and chronic multi-site musculoskeletal pain. Mol Pain. 2016;12:1744806916646783.. O estresse financeiro (EF) representa um tipo de estresse psicológico em indivíduos que não conseguem pagar as despesas básicas55 Evans MC, Bazargan M, Cobb S, Assari S. Pain intensity among community-dwelling african american older adults in an economically disadvantaged area of Los Angeles: Social, behavioral, and health determinants. Int J Environ Res Public Health. 2019;16(20):3894. ou têm mais dívidas do que a sua capacidade de pagar66 Ochsmann EB, Rueger H, Letzel S, Drexler H, Muenster E. Over-indebtedness and its association with the prevalence of back pain. BMC Public Health. 2009;9:451..

Casos de EF podem ser desencadeados por uma variedade de eventos e podem atingir grandes populações se forem resultado de uma crise econômica global7, ou podem ser geograficamente mais concentrados, como em desastres naturais88 Yabe Y, Hagiwara Y, Sekiguchi T, Sugawara Y, Sato M, Kanazawa K, Koide M, Itaya N, Tsuchiya M, Tsuji I, Itoi E. Influence of living environment and subjective economic hardship on new-onset of low back pain for survivors of the Great East Japan Earthquake. J Orthop Sci. 2017;22(1):43-9.. O novo surto de COVID-19 tornou-se o principal problema de saúde global desde dezembro de 2019. Uma das estratégias recomendadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para controlar a propagação do vírus desde o início da pandemia foi o isolamento social. Esse comportamento crucial deu início a uma crise econômica global9.

No final de fevereiro de 2022, a Rússia anunciou o início de uma intervenção militar na Ucrânia, com graves repercussões econômicas, afetando o mercado financeiro e produzindo um aumento nos preços de vários itens, inclusive os de primeira necessidade. Seus efeitos negativos ainda não podem ser determinados com precisão, e isso representa uma emergência mundial em termos de consequências sociais e econômicas1010 Cifuentes-Faura, J. Economic consequences of the Russia-Ukraine war: a brief overview. Espaço e Economia. Rev Bras Geo Econ. 2022. Available from: https://doi.org/10.4000/espacoeconomia.21807
https://doi.org/10.4000/espacoeconomia.2...
.

Em comparação com outras crises, são previstos níveis mais altos de EF em várias comunidades do mundo. Portanto, as pessoas podem não ser capazes de satisfazer suas necessidades individuais básicas, o que representa uma situação de estresse que prevê piores indicadores de saúde1111 Lantz PM, House JS, Mero RP, Williams DR. Stress, life events, and socioeconomic disparities in health: Results from the Americans’ changing lives study. J Health Soc Behav. 2005;46(3):274-88., inclusive para a DME. As situações de dificuldade financeira estão relacionadas a um aumento da incidência de dor lombar e cervical, e a maiores chances de dor no ombro88 Yabe Y, Hagiwara Y, Sekiguchi T, Sugawara Y, Sato M, Kanazawa K, Koide M, Itaya N, Tsuchiya M, Tsuji I, Itoi E. Influence of living environment and subjective economic hardship on new-onset of low back pain for survivors of the Great East Japan Earthquake. J Orthop Sci. 2017;22(1):43-9.,1212 Sekiguchi T, Hagiwara Y, Sugawara Y, Tomata Y, Tanji F, Watanabe T, et al. Influence of subjective economic hardship on new onset of neck pain (so-called: katakori) in the chronic phase of the Great East Japan Earthquake: a prospective cohort study. J Orthop Sci. 2018;23(5):758-64.,1313 Hagiwara Y, Sekiguchi T, Yabe Y, Sugawara Y, Watanabe T, Kanazawa K, Koide M, Itaya N, Tsuchiya M, Tsuji I, Itoi E. Living status, economic hardship and sleep disturbance were associated with subjective shoulder pain in survivors of the Great East Japan Earthquake: a cross sectional study. J Orthop Sci. 2017;22(3):442-6. Por outro lado, o impacto da dor sobre a economia é enorme, com um custo total estimado acima de 3,0% do PIB, ficando acima dos custos de doenças cardiovasculares e do câncer1414 Henschke N, Kamper SJ, Maher CG. The epidemiology and economic consequences of pain. Mayo Clin Proc. 2015;90(1):139-47.. Assim, em tempos pós-pandemia e de guerra, a crise econômica e o aumento da prevalência da dor podem representar uma via de mão dupla, se não houver conhecimento suficiente nessa área.

O objetivo central desta revisão sistemática foi resumir os efeitos da exposição ao EF nos desfechos de DME. Como não existe uma definição definida para o EF, o foco desta pesquisa foi o sentimento de dificuldade econômica, preocupações ou incapacidade de lidar com problemas financeiros, sejam eles gerados por crises econômicas ou adversidades financeiras1515 French D, Vigne S. The causes and consequences of household financial strain: a systematic review. Int Rev Financ Anal. 2019;62(September):150-6..

MÉTODOS

Esta revisão foi conduzida de acordo com a declaração PRISMA (Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses)1616 Title T. PRISMA 2009 Checklist PRISMA 2009 Checklist. 2009;1-2.. O protocolo foi registrado no Registro Prospectivo Internacional de Revisões Sistemáticas (International Prospective Register of Systematic Reviews - PROSPERO: CRD42020196947). Esta revisão sistemática seguiu as etapas recomendadas: 1. elaboração da questão norteadora; 2. estabelecimento de critérios de inclusão e exclusão; 3. análise crítica dos estudos incluídos; e 4. extração, síntese e apresentação dos dados1717 Gagnier JJ, Kienle G, Altman DG, Moher D, Sox H, Riley D. The CARE guidelines: consensus-based clinical case report guideline development. BMJ Case Rep. 2013;2013(5):38-43.,1818 Martinez-Calderon J, Zamora-Campos C, Navarro-Ledesma S, Luque-Suarez A. The role of self-efficacy on the prognosis of chronic musculoskeletal pain: a systematic review. J Pain. 2018;19(1):10-34..

Estratégia de pesquisa

Para responder à pergunta da revisão, foram recuperados estudos observacionais que investigaram a associação entre a exposição (EF) e o resultado (piora ou desenvolvimento de DME aguda ou crônica). A pergunta da pesquisa foi: “Existe algum efeito do estresse financeiro (incluindo dificuldades financeiras, dificuldades econômicas, problemas financeiros) sobre a dor musculoesquelética aguda ou crônica?”. Foi realizada uma pesquisa abrangente usando os seguintes bancos de dados: Medline, (via Pubmed), LILACS (via BVS), Scielo e PsycINFO, até abril de 2022. O processo de revisão foi realizado por dois revisores independentes (MK e MN), cujas discordâncias foram discutidas até o consenso sobre a inclusão do artigo para compor a revisão.

Os termos de pesquisa foram definidos de acordo com a estratégia PECO e incluíram, principalmente: estresse financeiro, superendividamento e dor, com termos relacionados em todos os campos. Os limites foram definidos para incluir apenas estudos quantitativos de adultos escritos nos idiomas inglês, português ou espanhol, sem limites de período de publicação. As listas de referências das fontes recuperadas também foram pesquisadas. A pesquisa foi realizada com as seguintes palavras-chave: ‘financial stress’, ‘financial difficulties’, ‘financial burden’, ‘financial strain’, ‘financial hardships’, ‘economic hardship’, ‘over-indebtedness’, ‘financial problems’, ‘pain’ e ‘musculoskeletal pain’, combinadas por operadores booleanos.

Critérios de elegibilidade

Cada estudo deveria atender aos seguintes critérios de inclusão: 1) incluir adultos (≥18 anos de idade), 2) medir o EF e sua associação com a piora ou o desenvolvimento da DME (independentemente da duração da dor ou do local da dor), 3) estudos que recrutaram participantes ou dados de qualquer ambiente; estudos que forneceram dados de resultados para ao menos uma das seguintes medidas de desfechos de dor: intensidade da dor, percepção da dor, incapacidade relacionada à dor e gravidade da dor. Os estudos seriam excluídos se a exposição estivesse relacionada à baixa renda ou se o desfecho não fosse DME (por exemplo, dor visceral ou de câncer). Doenças autoimunes e inflamatórias, como espondiloartropatias, artrite ou osteoartrite, também foram excluídas, pois os sintomas relacionados à dor são mediados por mecanismos distintos.

Extração de dados (seleção e codificação)

Inicialmente, os registros foram examinados com base nos títulos e resumos em relação aos critérios de elegibilidade por dois revisores (MK e MN). Dois revisores independentes (MN e NC) realizaram a extração de dados e os dados dos estudos foram digitados em um modelo do Excel. Os dados extraídos foram: autoria; ano de publicação; país; projeto do estudo; tamanho da amostra; características da amostra (média de idade e DP ou intervalo); avaliação do EF; avaliações dos resultados da dor; a magnitude de uma associação entre a exposição (EF) e o desfecho (DME aguda ou crônica), usando razão de possibilidades, risco relativo ou razão de risco (HR), com um intervalo de confiança de 95% (IC). Covariáveis incluídas na análise. Principais resultados.

Avaliação da qualidade metodológica

Para avaliar a qualidade dos estudos incluídos, foi utilizada a Quality Assessment Tool for Observational Cohort and Cross-sectional Studies1919 Buscemi V, Chang WJ, Liston MB, McAuley JH, Schabrun SM. The role of perceived stress and life stressors in the development of chronic musculoskeletal pain disorders: a systematic review. J Pain. 2019;20(10):1127-39.. Todos os autores avaliaram os estudos individualmente e, posteriormente, compararam seus resultados. As discordâncias foram debatidas até que a unanimidade fosse alcançada. Cada artigo recebeu uma pontuação total de acordo com a ferramenta de avaliação (ruim, regular ou bom). O item 1 da ferramenta avaliou a pergunta e os objetivos da pesquisa; os itens 2 a 5 avaliaram a qualidade da amostra, a validade externa e o risco de viés de seleção; os itens 6 e 7 avaliaram o tempo de exposição e as medições de resultados; o item 8 avaliou o relato de diferentes níveis de exposição; os itens 9 e 11 avaliaram a definição, a validade, a confiabilidade e a implementação das variáveis de exposição e resultados; o item 10 avaliou a repetição das medições de exposição; o item 12 considerou o cegamento do avaliador de resultados e o risco de viés de medição; o item 13 avaliou o risco de viés de perda de acompanhamento; e o item 14 avaliou a confusão e a validade interna.

Cada estudo foi revisado por dois pesquisadores independentes, que pontuaram cada item como sim (S), não (N), não determinado (ND) ou não aplicável (NA). Para obter uma pontuação de qualidade objetiva, as pontuações S totais foram somadas para cada estudo e registradas como uma porcentagem da pontuação máxima possível para cada estudo. Os itens N e ND não foram considerados, e os itens NA foram deduzidos da pontuação máxima possível para cada estudo. A qualidade do estudo foi avaliada por meio de porcentagem (>50% bom, 30% - 50% regular, <30% ruim)1919 Buscemi V, Chang WJ, Liston MB, McAuley JH, Schabrun SM. The role of perceived stress and life stressors in the development of chronic musculoskeletal pain disorders: a systematic review. J Pain. 2019;20(10):1127-39.. Os dados foram extraídos de nove estudos1616 Title T. PRISMA 2009 Checklist PRISMA 2009 Checklist. 2009;1-2.,88 Yabe Y, Hagiwara Y, Sekiguchi T, Sugawara Y, Sato M, Kanazawa K, Koide M, Itaya N, Tsuchiya M, Tsuji I, Itoi E. Influence of living environment and subjective economic hardship on new-onset of low back pain for survivors of the Great East Japan Earthquake. J Orthop Sci. 2017;22(1):43-9.,1212 Sekiguchi T, Hagiwara Y, Sugawara Y, Tomata Y, Tanji F, Watanabe T, et al. Influence of subjective economic hardship on new onset of neck pain (so-called: katakori) in the chronic phase of the Great East Japan Earthquake: a prospective cohort study. J Orthop Sci. 2018;23(5):758-64.,2020 Jradi H, Alanazi H, Mohammad Y. Psychosocial and occupational factors associated with low back pain among nurses in Saudi Arabia. J Occup Health. 2020;62(1):e12126.

21 Jay MA, Bendayan R, Cooper R, Muthuri SG. Lifetime socioeconomic circumstances and chronic pain in later adulthood: Findings from a British birth cohort study. BMJ Open. 2019;9(3):1-10.

22 Hagiwara Y, Yabe Y, Sugawara Y, Sato M, Watanabe T, Kanazawa K, Sonofuchi K, Koide M, Sekiguchi T, Tsuchiya M, Tsuji I, Itoi E. Influence of living environments and working status on low back pain for survivors of the Great East Japan Earthquake. J Orthop Sci. 2016;21(2):138-42.

23 Generaal E, Vogelzangs N, Macfarlane GJ, Geenen R, Smit JH, de Geus EJ, Penninx BW, Dekker J. Biological stress systems, adverse life events and the onset of chronic multisite musculoskeletal pain: a 6-year cohort study. Ann Rheum Dis. 2016;75(5):847-54.
-2424 Rios R, Zautra AJ. Socioeconomic disparities in pain: the role of economic hardship and daily financial worry. Heal Psychol. 2011;30(1):58-66. (Tabela 1).

Tabela 1
Distribuição dos estudos de acordo com autor, projeto, medidas e resultados relacionados à dor.

RESULTADOS

Essa pesquisa identificou 445 citações potencialmente relevantes, que incluíram 438 citações únicas, das quais 419 não atenderam aos critérios de inclusão. No total, foram identificados 19 estudos que justificavam a análise do texto completo, dos quais 10 foram excluídos da revisão. Quatro estudos foram excluídos porque não informaram como a dor foi medida e seis foram excluídos porque não mediram as dificuldades financeiras. Esta revisão incluiu nove estudos (Figura 1).

Figura 1
Fluxograma de seleção de estudos de acordo com o PRISMA.

Resultados principais e características do estudo

Os estudos avaliados foram heterogêneos, mas a maioria deles encontrou uma associação positiva entre algum tipo de DME e o EF. Isso é consistente entre países, populações e desenhos de estudo, mas varia em magnitude. Apenas um estudo não encontrou uma associação ao ajustar as variáveis associadas ao estresse relacionado ao trabalho2020 Jradi H, Alanazi H, Mohammad Y. Psychosocial and occupational factors associated with low back pain among nurses in Saudi Arabia. J Occup Health. 2020;62(1):e12126.. As razões de chances, desconsiderando os tipos de dor, variaram de RP 1,71 (IC 95% 1,05-2,25)1313 Hagiwara Y, Sekiguchi T, Yabe Y, Sugawara Y, Watanabe T, Kanazawa K, Koide M, Itaya N, Tsuchiya M, Tsuji I, Itoi E. Living status, economic hardship and sleep disturbance were associated with subjective shoulder pain in survivors of the Great East Japan Earthquake: a cross sectional study. J Orthop Sci. 2017;22(3):442-6 a 10,92 (IC 95% 8,96 - 13,46)66 Ochsmann EB, Rueger H, Letzel S, Drexler H, Muenster E. Over-indebtedness and its association with the prevalence of back pain. BMC Public Health. 2009;9:451.. Um estudo longitudinal prospectivo relatou RRR 3,90 (IC 95% 1,20 a 12,64) para ambos os pontos de estudo para dor crônica generalizada2121 Jay MA, Bendayan R, Cooper R, Muthuri SG. Lifetime socioeconomic circumstances and chronic pain in later adulthood: Findings from a British birth cohort study. BMJ Open. 2019;9(3):1-10.. Um estudo longitudinal retrospectivo relatou uma taxa de risco de 1,54 (IC 95% 1,05 - 2,25) para dor crônica em vários locais. Cinco estudos foram transversais em seu desenho66 Ochsmann EB, Rueger H, Letzel S, Drexler H, Muenster E. Over-indebtedness and its association with the prevalence of back pain. BMC Public Health. 2009;9:451.,1313 Hagiwara Y, Sekiguchi T, Yabe Y, Sugawara Y, Watanabe T, Kanazawa K, Koide M, Itaya N, Tsuchiya M, Tsuji I, Itoi E. Living status, economic hardship and sleep disturbance were associated with subjective shoulder pain in survivors of the Great East Japan Earthquake: a cross sectional study. J Orthop Sci. 2017;22(3):442-6,2020 Jradi H, Alanazi H, Mohammad Y. Psychosocial and occupational factors associated with low back pain among nurses in Saudi Arabia. J Occup Health. 2020;62(1):e12126.,2222 Hagiwara Y, Yabe Y, Sugawara Y, Sato M, Watanabe T, Kanazawa K, Sonofuchi K, Koide M, Sekiguchi T, Tsuchiya M, Tsuji I, Itoi E. Influence of living environments and working status on low back pain for survivors of the Great East Japan Earthquake. J Orthop Sci. 2016;21(2):138-42.,2424 Rios R, Zautra AJ. Socioeconomic disparities in pain: the role of economic hardship and daily financial worry. Heal Psychol. 2011;30(1):58-66.. Quatro estudos foram longitudinais88 Yabe Y, Hagiwara Y, Sekiguchi T, Sugawara Y, Sato M, Kanazawa K, Koide M, Itaya N, Tsuchiya M, Tsuji I, Itoi E. Influence of living environment and subjective economic hardship on new-onset of low back pain for survivors of the Great East Japan Earthquake. J Orthop Sci. 2017;22(1):43-9.,1212 Sekiguchi T, Hagiwara Y, Sugawara Y, Tomata Y, Tanji F, Watanabe T, et al. Influence of subjective economic hardship on new onset of neck pain (so-called: katakori) in the chronic phase of the Great East Japan Earthquake: a prospective cohort study. J Orthop Sci. 2018;23(5):758-64.,2121 Jay MA, Bendayan R, Cooper R, Muthuri SG. Lifetime socioeconomic circumstances and chronic pain in later adulthood: Findings from a British birth cohort study. BMJ Open. 2019;9(3):1-10.,2323 Generaal E, Vogelzangs N, Macfarlane GJ, Geenen R, Smit JH, de Geus EJ, Penninx BW, Dekker J. Biological stress systems, adverse life events and the onset of chronic multisite musculoskeletal pain: a 6-year cohort study. Ann Rheum Dis. 2016;75(5):847-54. (Tabela 1). Os estudos eram dos seguintes países: Japão (4 estudos)88 Yabe Y, Hagiwara Y, Sekiguchi T, Sugawara Y, Sato M, Kanazawa K, Koide M, Itaya N, Tsuchiya M, Tsuji I, Itoi E. Influence of living environment and subjective economic hardship on new-onset of low back pain for survivors of the Great East Japan Earthquake. J Orthop Sci. 2017;22(1):43-9.,1212 Sekiguchi T, Hagiwara Y, Sugawara Y, Tomata Y, Tanji F, Watanabe T, et al. Influence of subjective economic hardship on new onset of neck pain (so-called: katakori) in the chronic phase of the Great East Japan Earthquake: a prospective cohort study. J Orthop Sci. 2018;23(5):758-64.,1313 Hagiwara Y, Sekiguchi T, Yabe Y, Sugawara Y, Watanabe T, Kanazawa K, Koide M, Itaya N, Tsuchiya M, Tsuji I, Itoi E. Living status, economic hardship and sleep disturbance were associated with subjective shoulder pain in survivors of the Great East Japan Earthquake: a cross sectional study. J Orthop Sci. 2017;22(3):442-6,2222 Hagiwara Y, Yabe Y, Sugawara Y, Sato M, Watanabe T, Kanazawa K, Sonofuchi K, Koide M, Sekiguchi T, Tsuchiya M, Tsuji I, Itoi E. Influence of living environments and working status on low back pain for survivors of the Great East Japan Earthquake. J Orthop Sci. 2016;21(2):138-42., EUA (1 estudo)2424 Rios R, Zautra AJ. Socioeconomic disparities in pain: the role of economic hardship and daily financial worry. Heal Psychol. 2011;30(1):58-66., Alemanha66 Ochsmann EB, Rueger H, Letzel S, Drexler H, Muenster E. Over-indebtedness and its association with the prevalence of back pain. BMC Public Health. 2009;9:451., Arábia Saudita2020 Jradi H, Alanazi H, Mohammad Y. Psychosocial and occupational factors associated with low back pain among nurses in Saudi Arabia. J Occup Health. 2020;62(1):e12126. e Holanda2323 Generaal E, Vogelzangs N, Macfarlane GJ, Geenen R, Smit JH, de Geus EJ, Penninx BW, Dekker J. Biological stress systems, adverse life events and the onset of chronic multisite musculoskeletal pain: a 6-year cohort study. Ann Rheum Dis. 2016;75(5):847-54.. O tamanho dos estudos variou de 249 participantes2424 Rios R, Zautra AJ. Socioeconomic disparities in pain: the role of economic hardship and daily financial worry. Heal Psychol. 2011;30(1):58-66. a uma grande coorte prospectiva com 2378 participantes2121 Jay MA, Bendayan R, Cooper R, Muthuri SG. Lifetime socioeconomic circumstances and chronic pain in later adulthood: Findings from a British birth cohort study. BMJ Open. 2019;9(3):1-10. (Tabela 2).

Tabela 2
Ferramenta de avaliação de qualidade para estudos observacionais de coorte e transversais

Exposição ao estresse financeiro

As descrições de ES variaram entre os estudos. De modo geral, a exposição ao ES foi determinada de acordo com alguma dificuldade em relação ao custeio das necessidades. Os estudos investigaram questões relativas à capacidade de arcar com as necessidades básicas, superendividamento, problemas financeiros e dificuldades econômicas autopercebidas (Tabela 2). Um estudo investigou participantes que procuraram aconselhamento financeiro em agências de aconselhamento66 Ochsmann EB, Rueger H, Letzel S, Drexler H, Muenster E. Over-indebtedness and its association with the prevalence of back pain. BMC Public Health. 2009;9:451..

Em relação às ferramentas usadas para avaliar o EF, foi encontrada uma alta heterogeneidade. A maioria dos estudos utilizou perguntas que avaliavam o EF autorrelatado. Um estudo2323 Generaal E, Vogelzangs N, Macfarlane GJ, Geenen R, Smit JH, de Geus EJ, Penninx BW, Dekker J. Biological stress systems, adverse life events and the onset of chronic multisite musculoskeletal pain: a 6-year cohort study. Ann Rheum Dis. 2016;75(5):847-54. aplicou o List of Threatening Events Questionnaire, que abrangeu diferentes tipos de eventos adversos, inclusive problemas financeiros graves. Dois estudos investigaram a condição econômica familiar autorrelatada88 Yabe Y, Hagiwara Y, Sekiguchi T, Sugawara Y, Sato M, Kanazawa K, Koide M, Itaya N, Tsuchiya M, Tsuji I, Itoi E. Influence of living environment and subjective economic hardship on new-onset of low back pain for survivors of the Great East Japan Earthquake. J Orthop Sci. 2017;22(1):43-9.,1212 Sekiguchi T, Hagiwara Y, Sugawara Y, Tomata Y, Tanji F, Watanabe T, et al. Influence of subjective economic hardship on new onset of neck pain (so-called: katakori) in the chronic phase of the Great East Japan Earthquake: a prospective cohort study. J Orthop Sci. 2018;23(5):758-64.. A dificuldade econômica foi avaliada em um estudo por meio da escala de dificuldade econômica2424 Rios R, Zautra AJ. Socioeconomic disparities in pain: the role of economic hardship and daily financial worry. Heal Psychol. 2011;30(1):58-66. e dificuldades financeiras autorrelatadas1313 Hagiwara Y, Sekiguchi T, Yabe Y, Sugawara Y, Watanabe T, Kanazawa K, Koide M, Itaya N, Tsuchiya M, Tsuji I, Itoi E. Living status, economic hardship and sleep disturbance were associated with subjective shoulder pain in survivors of the Great East Japan Earthquake: a cross sectional study. J Orthop Sci. 2017;22(3):442-6.

Tipos de dor musculoesquelética

Os estudos incluídos examinaram diversas condições de DME. A maioria dos estudos avaliou a dor lombar66 Ochsmann EB, Rueger H, Letzel S, Drexler H, Muenster E. Over-indebtedness and its association with the prevalence of back pain. BMC Public Health. 2009;9:451.,88 Yabe Y, Hagiwara Y, Sekiguchi T, Sugawara Y, Sato M, Kanazawa K, Koide M, Itaya N, Tsuchiya M, Tsuji I, Itoi E. Influence of living environment and subjective economic hardship on new-onset of low back pain for survivors of the Great East Japan Earthquake. J Orthop Sci. 2017;22(1):43-9.,2020 Jradi H, Alanazi H, Mohammad Y. Psychosocial and occupational factors associated with low back pain among nurses in Saudi Arabia. J Occup Health. 2020;62(1):e12126.,2222 Hagiwara Y, Yabe Y, Sugawara Y, Sato M, Watanabe T, Kanazawa K, Sonofuchi K, Koide M, Sekiguchi T, Tsuchiya M, Tsuji I, Itoi E. Influence of living environments and working status on low back pain for survivors of the Great East Japan Earthquake. J Orthop Sci. 2016;21(2):138-42.. Outros tipos de DME foram dor no pescoço1212 Sekiguchi T, Hagiwara Y, Sugawara Y, Tomata Y, Tanji F, Watanabe T, et al. Influence of subjective economic hardship on new onset of neck pain (so-called: katakori) in the chronic phase of the Great East Japan Earthquake: a prospective cohort study. J Orthop Sci. 2018;23(5):758-64. e dor no ombro1313 Hagiwara Y, Sekiguchi T, Yabe Y, Sugawara Y, Watanabe T, Kanazawa K, Koide M, Itaya N, Tsuchiya M, Tsuji I, Itoi E. Living status, economic hardship and sleep disturbance were associated with subjective shoulder pain in survivors of the Great East Japan Earthquake: a cross sectional study. J Orthop Sci. 2017;22(3):442-6. Um estudo avaliou DME crônica em vários locais2323 Generaal E, Vogelzangs N, Macfarlane GJ, Geenen R, Smit JH, de Geus EJ, Penninx BW, Dekker J. Biological stress systems, adverse life events and the onset of chronic multisite musculoskeletal pain: a 6-year cohort study. Ann Rheum Dis. 2016;75(5):847-54. e um estudo não especificou o local da dor, mas investigou a intensidade da dor2424 Rios R, Zautra AJ. Socioeconomic disparities in pain: the role of economic hardship and daily financial worry. Heal Psychol. 2011;30(1):58-66.. Para avaliar as variáveis relacionadas à dor, por exemplo intensidade, gravidade e novo início da dor, a maioria dos estudos avaliou a dor autorrelatada66 Ochsmann EB, Rueger H, Letzel S, Drexler H, Muenster E. Over-indebtedness and its association with the prevalence of back pain. BMC Public Health. 2009;9:451.,88 Yabe Y, Hagiwara Y, Sekiguchi T, Sugawara Y, Sato M, Kanazawa K, Koide M, Itaya N, Tsuchiya M, Tsuji I, Itoi E. Influence of living environment and subjective economic hardship on new-onset of low back pain for survivors of the Great East Japan Earthquake. J Orthop Sci. 2017;22(1):43-9.,1212 Sekiguchi T, Hagiwara Y, Sugawara Y, Tomata Y, Tanji F, Watanabe T, et al. Influence of subjective economic hardship on new onset of neck pain (so-called: katakori) in the chronic phase of the Great East Japan Earthquake: a prospective cohort study. J Orthop Sci. 2018;23(5):758-64.,1313 Hagiwara Y, Sekiguchi T, Yabe Y, Sugawara Y, Watanabe T, Kanazawa K, Koide M, Itaya N, Tsuchiya M, Tsuji I, Itoi E. Living status, economic hardship and sleep disturbance were associated with subjective shoulder pain in survivors of the Great East Japan Earthquake: a cross sectional study. J Orthop Sci. 2017;22(3):442-6,2222 Hagiwara Y, Yabe Y, Sugawara Y, Sato M, Watanabe T, Kanazawa K, Sonofuchi K, Koide M, Sekiguchi T, Tsuchiya M, Tsuji I, Itoi E. Influence of living environments and working status on low back pain for survivors of the Great East Japan Earthquake. J Orthop Sci. 2016;21(2):138-42.. Um estudo utilizou o Chronic Graded Pain Questionnaire2323 Generaal E, Vogelzangs N, Macfarlane GJ, Geenen R, Smit JH, de Geus EJ, Penninx BW, Dekker J. Biological stress systems, adverse life events and the onset of chronic multisite musculoskeletal pain: a 6-year cohort study. Ann Rheum Dis. 2016;75(5):847-54. e outro aplicou a escala de numérica da dor2424 Rios R, Zautra AJ. Socioeconomic disparities in pain: the role of economic hardship and daily financial worry. Heal Psychol. 2011;30(1):58-66..

Associação entre dor musculoesquelética e estresse financeiro

Devido à alta heterogeneidade dos resultados e das medidas de exposição entre os estudos, não foi possível realizar uma síntese quantitativa. A tabela 2 resume os resultados dos estudos incluídos. Os estudos longitudinais incluídos mostraram que as dificuldades econômicas subjetivas muito difíceis aumentaram as chances de dor no pescoço (RP=3,26)1212 Sekiguchi T, Hagiwara Y, Sugawara Y, Tomata Y, Tanji F, Watanabe T, et al. Influence of subjective economic hardship on new onset of neck pain (so-called: katakori) in the chronic phase of the Great East Japan Earthquake: a prospective cohort study. J Orthop Sci. 2018;23(5):758-64. e dor lombar (RP=3,19)88 Yabe Y, Hagiwara Y, Sekiguchi T, Sugawara Y, Sato M, Kanazawa K, Koide M, Itaya N, Tsuchiya M, Tsuji I, Itoi E. Influence of living environment and subjective economic hardship on new-onset of low back pain for survivors of the Great East Japan Earthquake. J Orthop Sci. 2017;22(1):43-9.. Um estudo2121 Jay MA, Bendayan R, Cooper R, Muthuri SG. Lifetime socioeconomic circumstances and chronic pain in later adulthood: Findings from a British birth cohort study. BMJ Open. 2019;9(3):1-10. constatou que as dificuldades financeiras ao longo da vida adulta estavam associadas ao aumento do risco de dor crônica generalizada (dificuldades em um ponto relatado vs. nenhuma dificuldade, RRR 1,93 [IC 95%: 1,11 a 3,35]; dificuldades em ambos os pontos RRR: 3,90 [IC 95%: 1,20 a 12,64]). Os autores2323 Generaal E, Vogelzangs N, Macfarlane GJ, Geenen R, Smit JH, de Geus EJ, Penninx BW, Dekker J. Biological stress systems, adverse life events and the onset of chronic multisite musculoskeletal pain: a 6-year cohort study. Ann Rheum Dis. 2016;75(5):847-54., em uma coorte retrospectiva, encontraram uma associação significativa para problemas financeiros (5,8%; HR (95% CI) 1,54 (1,05 a 2,25); p=0,03), independentemente da função dos sistemas biológicos de estresse, sociodemografia, estilo de vida, doenças crônicas, depressão e ansiedade. Entretanto, um estudo2020 Jradi H, Alanazi H, Mohammad Y. Psychosocial and occupational factors associated with low back pain among nurses in Saudi Arabia. J Occup Health. 2020;62(1):e12126., após uma regressão logística multivariada ajustada, constatou que a dor lombar não permaneceu significativamente associada a problemas financeiros. Em vez disso, fatores relacionados à satisfação no trabalho, estresse relacionado ao trabalho e levantamento frequente de peso permaneceram associados no modelo final.

Avaliação da qualidade

Os resultados da avaliação da qualidade são apresentados na tabela 2. Seis estudos foram classificados como de “boa” qualidade88 Yabe Y, Hagiwara Y, Sekiguchi T, Sugawara Y, Sato M, Kanazawa K, Koide M, Itaya N, Tsuchiya M, Tsuji I, Itoi E. Influence of living environment and subjective economic hardship on new-onset of low back pain for survivors of the Great East Japan Earthquake. J Orthop Sci. 2017;22(1):43-9.,1212 Sekiguchi T, Hagiwara Y, Sugawara Y, Tomata Y, Tanji F, Watanabe T, et al. Influence of subjective economic hardship on new onset of neck pain (so-called: katakori) in the chronic phase of the Great East Japan Earthquake: a prospective cohort study. J Orthop Sci. 2018;23(5):758-64.,2020 Jradi H, Alanazi H, Mohammad Y. Psychosocial and occupational factors associated with low back pain among nurses in Saudi Arabia. J Occup Health. 2020;62(1):e12126.,2121 Jay MA, Bendayan R, Cooper R, Muthuri SG. Lifetime socioeconomic circumstances and chronic pain in later adulthood: Findings from a British birth cohort study. BMJ Open. 2019;9(3):1-10.,2323 Generaal E, Vogelzangs N, Macfarlane GJ, Geenen R, Smit JH, de Geus EJ, Penninx BW, Dekker J. Biological stress systems, adverse life events and the onset of chronic multisite musculoskeletal pain: a 6-year cohort study. Ann Rheum Dis. 2016;75(5):847-54.,2424 Rios R, Zautra AJ. Socioeconomic disparities in pain: the role of economic hardship and daily financial worry. Heal Psychol. 2011;30(1):58-66.. Os demais estudos foram de qualidade “razoável”66 Ochsmann EB, Rueger H, Letzel S, Drexler H, Muenster E. Over-indebtedness and its association with the prevalence of back pain. BMC Public Health. 2009;9:451.,1313 Hagiwara Y, Sekiguchi T, Yabe Y, Sugawara Y, Watanabe T, Kanazawa K, Koide M, Itaya N, Tsuchiya M, Tsuji I, Itoi E. Living status, economic hardship and sleep disturbance were associated with subjective shoulder pain in survivors of the Great East Japan Earthquake: a cross sectional study. J Orthop Sci. 2017;22(3):442-6,2222 Hagiwara Y, Yabe Y, Sugawara Y, Sato M, Watanabe T, Kanazawa K, Sonofuchi K, Koide M, Sekiguchi T, Tsuchiya M, Tsuji I, Itoi E. Influence of living environments and working status on low back pain for survivors of the Great East Japan Earthquake. J Orthop Sci. 2016;21(2):138-42..

DISCUSSÃO

Esta revisão indicou que as dificuldades financeiras foram associadas a maiores chances de início de DME. Os estudos longitudinais incluídos mostraram que dificuldades econômicas subjetivas muito sérias aumentaram as chances de dor no pescoço1212 Sekiguchi T, Hagiwara Y, Sugawara Y, Tomata Y, Tanji F, Watanabe T, et al. Influence of subjective economic hardship on new onset of neck pain (so-called: katakori) in the chronic phase of the Great East Japan Earthquake: a prospective cohort study. J Orthop Sci. 2018;23(5):758-64. e dor lombar88 Yabe Y, Hagiwara Y, Sekiguchi T, Sugawara Y, Sato M, Kanazawa K, Koide M, Itaya N, Tsuchiya M, Tsuji I, Itoi E. Influence of living environment and subjective economic hardship on new-onset of low back pain for survivors of the Great East Japan Earthquake. J Orthop Sci. 2017;22(1):43-9.. A dificuldade financeira na idade adulta foi associada a um risco maior de dor crônica generalizada2121 Jay MA, Bendayan R, Cooper R, Muthuri SG. Lifetime socioeconomic circumstances and chronic pain in later adulthood: Findings from a British birth cohort study. BMJ Open. 2019;9(3):1-10..

Com exceção de um estudo, os outros estudos constataram que o EF aumentou o risco de sintomas dolorosos, bem como precedeu o início de condições de DME. Além de sua contribuição para o aumento do estresse psicológico, o EF parece piorar outros indicadores de saúde, como o aumento do tabagismo, do consumo de álcool e da massa corporal. Ao contrário do estresse emocional, sua ação parece ser mais direta2525 Prentice C, McKillop D, French D. How financial strain affects health: evidence from the Dutch National Bank Household Survey. Soc Sci Med. 2017;178:127-35.. Nas famílias, o EF causa mais conflitos conjugais, cujos efeitos podem permanecer como uma experiência negativa por gerações.

Até aonde se sabe, este é o primeiro resumo de evidências que mostra o papel do EF na DME. Foi encontrada uma associação entre vários tipos de DME, como dor lombar66 Ochsmann EB, Rueger H, Letzel S, Drexler H, Muenster E. Over-indebtedness and its association with the prevalence of back pain. BMC Public Health. 2009;9:451.,88 Yabe Y, Hagiwara Y, Sekiguchi T, Sugawara Y, Sato M, Kanazawa K, Koide M, Itaya N, Tsuchiya M, Tsuji I, Itoi E. Influence of living environment and subjective economic hardship on new-onset of low back pain for survivors of the Great East Japan Earthquake. J Orthop Sci. 2017;22(1):43-9.,2020 Jradi H, Alanazi H, Mohammad Y. Psychosocial and occupational factors associated with low back pain among nurses in Saudi Arabia. J Occup Health. 2020;62(1):e12126.,2222 Hagiwara Y, Yabe Y, Sugawara Y, Sato M, Watanabe T, Kanazawa K, Sonofuchi K, Koide M, Sekiguchi T, Tsuchiya M, Tsuji I, Itoi E. Influence of living environments and working status on low back pain for survivors of the Great East Japan Earthquake. J Orthop Sci. 2016;21(2):138-42., dor no ombro1313 Hagiwara Y, Sekiguchi T, Yabe Y, Sugawara Y, Watanabe T, Kanazawa K, Koide M, Itaya N, Tsuchiya M, Tsuji I, Itoi E. Living status, economic hardship and sleep disturbance were associated with subjective shoulder pain in survivors of the Great East Japan Earthquake: a cross sectional study. J Orthop Sci. 2017;22(3):442-6, dor no pescoço1212 Sekiguchi T, Hagiwara Y, Sugawara Y, Tomata Y, Tanji F, Watanabe T, et al. Influence of subjective economic hardship on new onset of neck pain (so-called: katakori) in the chronic phase of the Great East Japan Earthquake: a prospective cohort study. J Orthop Sci. 2018;23(5):758-64., intensidade da DME2424 Rios R, Zautra AJ. Socioeconomic disparities in pain: the role of economic hardship and daily financial worry. Heal Psychol. 2011;30(1):58-66. e DME crônica em vários locais2323 Generaal E, Vogelzangs N, Macfarlane GJ, Geenen R, Smit JH, de Geus EJ, Penninx BW, Dekker J. Biological stress systems, adverse life events and the onset of chronic multisite musculoskeletal pain: a 6-year cohort study. Ann Rheum Dis. 2016;75(5):847-54.. Os resultados desta pesquisa também sugerem que níveis mais altos de EF podem ser um preditor significativo para o início da dor, indicando uma possível associação causal. Em uma coorte, os participantes foram acompanhados desde a infância até a sexta década de vida, e níveis moderados a altos de EF precederam o início de sintomas de dor crônica generalizada e regional, observados quando esses indivíduos atingiram idades mais avançadas2121 Jay MA, Bendayan R, Cooper R, Muthuri SG. Lifetime socioeconomic circumstances and chronic pain in later adulthood: Findings from a British birth cohort study. BMJ Open. 2019;9(3):1-10..

Uma pesquisa2323 Generaal E, Vogelzangs N, Macfarlane GJ, Geenen R, Smit JH, de Geus EJ, Penninx BW, Dekker J. Biological stress systems, adverse life events and the onset of chronic multisite musculoskeletal pain: a 6-year cohort study. Ann Rheum Dis. 2016;75(5):847-54. analisou dados longitudinais de um estudo de coorte em andamento realizado com 2.981 adultos para verificar se a função dos sistemas biológicos de estresse, eventos adversos da vida e sua combinação previam o início da DME crônica em vários locais. Os autores consideraram a DME crônica multisituada como dor nas extremidades, nas costas e no pescoço nos 6 meses anteriores. Os participantes estavam livres do desfecho na linha de base e foram acompanhados até o início da dor ao longo de 6 anos. Os eventos adversos da vida previram o surgimento de DME crônica em vários locais, sugerindo que os fatores psicossociais desempenham um papel no desencadeamento do desenvolvimento dessa condição. Entre os diversos eventos da vida, os problemas financeiros graves apresentaram uma associação positiva mais alta com o início da dor crônica, mais alta até do que a separação do parceiro e doenças graves. Esses achados reforçam o modelo biopsicossocial da dor, que é mediado por uma interação complexa de fatores biológicos, psicológicos, sociais e econômicos2626 Driscoll MA, Kerns RD. Integrated, team-based chronic pain management: Bridges from theory and research to high quality patient care. Advances in experimental medicine and biology. Transl Res Pain Itch. 2016;904:131-47..

Há uma extensa literatura na qual são discutidas as relações entre as condições socioeconômicas e a DME. Entretanto, a maioria desses estudos baseou-se em medidas ecológicas centradas em atributos como condições de vida ou renda familiar. Esses indicadores podem não refletir de forma confiável as experiências individuais de estresse decorrentes de circunstâncias econômicas mais imediatas, como despesas mensais e dívidas. Por isso, o EF tem sido pesquisado com mais frequência desde a crise econômica de 2008, quando indivíduos e famílias sofreram um grande impacto2727 Frankham C, Richardson T, Maguire N. Psychological factors associated with financial hardship and mental health: a systematic review. Clin Psychol Rev. 2020;77(November 2017):101832..

EF é uma avaliação subjetiva que reflete a condição econômica autopercebida em algum momento. Mesmo pertencendo a um estrato social de renda mais baixa, alguns indivíduos podem não apresentar níveis elevados de dor devido ao EF. A maior prevalência de DME nessa população pode ser devida à dificuldade de abordagem do tratamento, ou a uma equipe multidisciplinar, custos de medicamentos ou redes de apoio2828 Maly A, Vallerand AH. Neighborhood, socioeconomic, and racial influence on chronic pain. Pain Manag Nurs. 2018;19(1):14-22.. Por outro lado, indivíduos com melhor estrato social e maior renda familiar podem apresentar um alto nível de EF, especialmente quando estão superendividados66 Ochsmann EB, Rueger H, Letzel S, Drexler H, Muenster E. Over-indebtedness and its association with the prevalence of back pain. BMC Public Health. 2009;9:451..

Além disso, é necessário considerar que indivíduos diferentes, com o mesmo nível de dificuldade econômica, podem não apresentar pontuações semelhantes de EF2828 Maly A, Vallerand AH. Neighborhood, socioeconomic, and racial influence on chronic pain. Pain Manag Nurs. 2018;19(1):14-22.. Pode ser mais preciso avaliar a condição financeira autopercebida em vez da renda familiar2929 Prawitz AD, Garman ET, Sorhaindo B, Neill BO, Kim J. In charge financial distress/financial well-being scale: development, administration, and score interpretation. J Financ Couns Plan. 2006;8(732):34-50., especialmente em tempos de crise. Um estudo constatou que quanto mais alto o EF diário, maior a percepção da dor depois disso2424 Rios R, Zautra AJ. Socioeconomic disparities in pain: the role of economic hardship and daily financial worry. Heal Psychol. 2011;30(1):58-66..

Diferentes avaliações relacionadas às condições econômicas, como renda familiar ou dificuldades financeiras, podem influenciar de forma diferente os aspectos de início, modulação e cronicidade da DME. A crise econômica aumenta as chances de os indivíduos não conseguirem pagar suas despesas e, consequentemente, predispõe a vários resultados negativos para a saúde3030 Richardson T, Elliott P, Roberts R. The relationship between personal unsecured debt and mental and physical health: a systematic review and meta-analysis. Clin Psychol Rev. 2013;33(8):1148-62.. Os resultados deste estudo apontaram que a experiência de dor é mais frequente entre pessoas superendividadas3131 Jacqueline W, Marie-Therese P, Judith T, Johannes P, Ulrike Z, Klaus W, Eva M Over-indebtedness and its association with pain and pain medication use. Prev Med Reports. 2019;16:100987.. Por sua vez, o superendividamento foi um preditor independente para a dor lombar66 Ochsmann EB, Rueger H, Letzel S, Drexler H, Muenster E. Over-indebtedness and its association with the prevalence of back pain. BMC Public Health. 2009;9:451. e a redução da renda da crise foi associada à dor lombar2222 Hagiwara Y, Yabe Y, Sugawara Y, Sato M, Watanabe T, Kanazawa K, Sonofuchi K, Koide M, Sekiguchi T, Tsuchiya M, Tsuji I, Itoi E. Influence of living environments and working status on low back pain for survivors of the Great East Japan Earthquake. J Orthop Sci. 2016;21(2):138-42..

Outro efeito dessas crises é o aumento da taxa de desemprego, que pode permanecer por longos períodos. Durante a crise financeira de 2008-2009, na faixa etária mais afetada pelo desemprego, houve um aumento significativo de internações hospitalares com cefaleia como queixa principal32. Por outro lado, um estudo1212 Sekiguchi T, Hagiwara Y, Sugawara Y, Tomata Y, Tanji F, Watanabe T, et al. Influence of subjective economic hardship on new onset of neck pain (so-called: katakori) in the chronic phase of the Great East Japan Earthquake: a prospective cohort study. J Orthop Sci. 2018;23(5):758-64. , após o tsunami no Japão, constatou que a dor no pescoço era um achado mais prevalente em indivíduos empregados quando comparados aos desempregados. Os autores apontaram que esse fato poderia estar ligado ao medo de terem seus empregos também destruídos pela crise financeira após o desastre.

Nesse mesmo estudo, os autores também encontraram taxas significativamente mais altas de dor no pescoço de início recente em participantes que consideraram suas dificuldades econômicas subjetivas como “difíceis” ou “muito difíceis”, em comparação com aqueles que consideraram suas dificuldades como “normais”. Esse achado foi relatado em outras séries de estudos após o terremoto no Japão, mas aplicados a outros tipos de dor, dor lombar88 Yabe Y, Hagiwara Y, Sekiguchi T, Sugawara Y, Sato M, Kanazawa K, Koide M, Itaya N, Tsuchiya M, Tsuji I, Itoi E. Influence of living environment and subjective economic hardship on new-onset of low back pain for survivors of the Great East Japan Earthquake. J Orthop Sci. 2017;22(1):43-9. e dor no ombro1313 Hagiwara Y, Sekiguchi T, Yabe Y, Sugawara Y, Watanabe T, Kanazawa K, Koide M, Itaya N, Tsuchiya M, Tsuji I, Itoi E. Living status, economic hardship and sleep disturbance were associated with subjective shoulder pain in survivors of the Great East Japan Earthquake: a cross sectional study. J Orthop Sci. 2017;22(3):442-6. No entanto, essa relação pode ser resultado de uma consequência de situações adversas, incluindo destruição de casas, deslocamento de populações, mortes humanas e redução de serviços públicos dentro da comunidade.

Este estudo tem alguns pontos fortes, que incluem o uso de um protocolo pré-especificado registrado no PROSPERO, as diretrizes PRISMA e a qualidade moderada a alta dos estudos incluídos. Os procedimentos utilizados para a realização desta revisão estavam de acordo com as diretrizes atuais. Com relação às limitações desta revisão, foram encontradas várias formas de medir o EF, o que pode ser um problema metodológico importante. Também é possível presumir um viés de publicação devido à restrição de idioma. Outra limitação é que associações longitudinais foram encontradas somente em dois estudos, portanto não foi possível tirar conclusões definitivas sobre o EF como o principal preditor do início da dor. Por fim, a análise de mediação deve ser amplamente realizada para identificar mecanismos causais, a fim de evitar uma possível inflação desses resultados.

A percepção individual da gravidade da dor é modulada, entre outros fatores, pelas estratégias de enfrentamento (6). Um caminho para pesquisas futuras deve incluir quatro aspectos: 1) devem ser desenvolvidos métodos quantitativos e reproduzíveis para identificar eventos que geram EF; 2) quantificar o quanto esses eventos são estressantes para todos; 3) desenvolver intervenções de apoio para melhorar o gerenciamento da situação financeira e, por fim, 4) avaliar quais dessas intervenções são mais eficazes para o controle dos sintomas dolorosos e o alívio do sofrimento.

CONCLUSÃO

Este estudo trouxe as evidências disponíveis sobre a relação entre o EF e a DME. É possível afirmar que há evidências razoáveis sobre o EF como um forte preditor para o início da DME. Os achados sugerem que uma avaliação diagnóstica mais ampla deve ser realizada para identificar se os pacientes não têm condições de arcar com as necessidades básicas ou se estão lidando com dificuldades financeiras, especialmente ao tratar pacientes com dor durante a atual crise pandêmica. Isso pode levar a uma abordagem de tratamento mais eficaz para o controle dos sintomas da DME.

  • Fontes de fomento: não há.

REFERENCES

  • 1
    Vos T, Flaxman AD, Naghavi M, Lozano R, Michaud C, Ezzati M, Shibuya K, Salomon JA, Abdalla S, Aboyans V, Abraham J, Ackerman I, Aggarwal R, Ahn SY, Ali MK, Alvarado M, Anderson HR, Anderson LM, Andrews KG, Atkinson C, Baddour LM, Bahalim AN, Barker-Collo S, Barrero LH, Bartels DH, Basáñez MG, Baxter A, Bell ML, Benjamin EJ, Bennett D, Bernabé E, Bhalla K, Bhandari B, Bikbov B, Bin Abdulhak A, Birbeck G, Black JA, Blencowe H, Blore JD, Blyth F, Bolliger I, Bonaventure A, Boufous S, Bourne R, Boussinesq M, Braithwaite T, Brayne C, Bridgett L, Brooker S, Brooks P, Brugha TS, Bryan-Hancock C, Bucello C, Buchbinder R, Buckle G, Budke CM, Burch M, Burney P, Burstein R, Calabria B, Campbell B, Canter CE, Carabin H, Carapetis J, Carmona L, Cella C, Charlson F, Chen H, Cheng AT, Chou D, Chugh SS, Coffeng LE, Colan SD, Colquhoun S, Colson KE, Condon J, Connor MD, Cooper LT, Corriere M, Cortinovis M, de Vaccaro KC, Couser W, Cowie BC, Criqui MH, Cross M, Dabhadkar KC, Dahiya M, Dahodwala N, Damsere-Derry J, Danaei G, Davis A, De Leo D, Degenhardt L, Dellavalle R, Delossantos A, Denenberg J, Derrett S, Des Jarlais DC, Dharmaratne SD, Dherani M, Diaz-Torne C, Dolk H, Dorsey ER, Driscoll T, Duber H, Ebel B, Edmond K, Elbaz A, Ali SE, Erskine H, Erwin PJ, Espindola P, Ewoigbokhan SE, Farzadfar F, Feigin V, Felson DT, Ferrari A, Ferri CP, Fèvre EM, Finucane MM, Flaxman S, Flood L, Foreman K, Forouzanfar MH, Fowkes FG, Franklin R, Fransen M, Freeman MK, Gabbe BJ, Gabriel SE, Gakidou E, Ganatra HA, Garcia B, Gaspari F, Gillum RF, Gmel G, Gosselin R, Grainger R, Groeger J, Guillemin F, Gunnell D, Gupta R, Haagsma J, Hagan H, Halasa YA, Hall W, Haring D, Haro JM, Harrison JE, Havmoeller R, Hay RJ, Higashi H, Hill C, Hoen B, Hoffman H, Hotez PJ, Hoy D, Huang JJ, Ibeanusi SE, Jacobsen KH, James SL, Jarvis D, Jasrasaria R, Jayaraman S, Johns N, Jonas JB, Karthikeyan G, Kassebaum N, Kawakami N, Keren A, Khoo JP, King CH, Knowlton LM, Kobusingye O, Koranteng A, Krishnamurthi R, Lalloo R, Laslett LL, Lathlean T, Leasher JL, Lee YY, Leigh J, Lim SS, Limb E, Lin JK, Lipnick M, Lipshultz SE, Liu W, Loane M, Ohno SL, Lyons R, Ma J, Mabweijano J, MacIntyre MF, Malekzadeh R, Mallinger L, Manivannan S, Marcenes W, March L, Margolis DJ, Marks GB, Marks R, Matsumori A, Matzopoulos R, Mayosi BM, McAnulty JH, McDermott MM, McGill N, McGrath J, Medina-Mora ME, Meltzer M, Mensah GA, Merriman TR, Meyer AC, Miglioli V, Miller M, Miller TR, Mitchell PB, Mocumbi AO, Moffitt TE, Mokdad AA, Monasta L, Montico M, Moradi-Lakeh M, Moran A, Morawska L, Mori R, Murdoch ME, Mwaniki MK, Naidoo K, Nair MN, Naldi L, Narayan KM, Nelson PK, Nelson RG, Nevitt MC, Newton CR, Nolte S, Norman P, Norman R, O’Donnell M, O’Hanlon S, Olives C, Omer SB, Ortblad K, Osborne R, Ozgediz D, Page A, Pahari B, Pandian JD, Rivero AP, Patten SB, Pearce N, Padilla RP, Perez-Ruiz F, Perico N, Pesudovs K, Phillips D, Phillips MR, Pierce K, Pion S, Polanczyk GV, Polinder S, Pope CA 3rd, Popova S, Porrini E, Pourmalek F, Prince M, Pullan RL, Ramaiah KD, Ranganathan D, Razavi H, Regan M, Rehm JT, Rein DB, Remuzzi G, Richardson K, Rivara FP, Roberts T, Robinson C, De Leòn FR, Ronfani L, Room R, Rosenfeld LC, Rushton L, Sacco RL, Saha S, Sampson U, Sanchez-Riera L, Sanman E, Schwebel DC, Scott JG, Segui-Gomez M, Shahraz S, Shepard DS, Shin H, Shivakoti R, Singh D, Singh GM, Singh JA, Singleton J, Sleet DA, Sliwa K, Smith E, Smith JL, Stapelberg NJ, Steer A, Steiner T, Stolk WA, Stovner LJ, Sudfeld C, Syed S, Tamburlini G, Tavakkoli M, Taylor HR, Taylor JA, Taylor WJ, Thomas B, Thomson WM, Thurston GD, Tleyjeh IM, Tonelli M, Towbin JA, Truelsen T, Tsilimbaris MK, Ubeda C, Undurraga EA, van der Werf MJ, van Os J, Vavilala MS, Venketasubramanian N, Wang M, Wang W, Watt K, Weatherall DJ, Weinstock MA, Weintraub R, Weisskopf MG, Weissman MM, White RA, Whiteford H, Wiersma ST, Wilkinson JD, Williams HC, Williams SR, Witt E, Wolfe F, Woolf AD, Wulf S, Yeh PH, Zaidi AK, Zheng ZJ, Zonies D, Lopez AD, Murray CJ, AlMazroa MA, Memish ZA. Years lived with disability (YLDs) for 1160 sequelae of 289 diseases and injuries 1990-2010: A systematic analysis for the Global Burden of Disease Study 2010. Lancet. 2012;380(9859):2163-96. Erratum in: Lancet. 2013 Feb 23;381(9867):628.
  • 2
    McBeth J, Jones K. Epidemiology of chronic musculoskeletal pain. Best Pract Res Clin Rheumatol. 2007;21(3):403-25.
  • 3
    Buscemi V, Chang WJ, Liston MB, McAuley JH, Schabrun SM. The role of perceived stress and life stressors in the development of chronic musculoskeletal pain disorders: a systematic review. J Pain. 2019;20(10):1127-39.
  • 4
    Generaal E, Milaneschi Y, Jansen R, Elzinga BM, Dekker J, Penninx BW. The brain-derived neurotrophic factor pathway, life stress, and chronic multi-site musculoskeletal pain. Mol Pain. 2016;12:1744806916646783.
  • 5
    Evans MC, Bazargan M, Cobb S, Assari S. Pain intensity among community-dwelling african american older adults in an economically disadvantaged area of Los Angeles: Social, behavioral, and health determinants. Int J Environ Res Public Health. 2019;16(20):3894.
  • 6
    Ochsmann EB, Rueger H, Letzel S, Drexler H, Muenster E. Over-indebtedness and its association with the prevalence of back pain. BMC Public Health. 2009;9:451.
  • 7
    Batistaki C, Mavrocordatos P, Smyrnioti ME, Lyrakos G, Kitsou MC, Stamatiou G, Kostopanagiotou G. Patients’ perceptions of chronic pain during the economic crisis: lessons learned from Greece. Pain Physician. 2018;21(5):E533-E543.
  • 8
    Yabe Y, Hagiwara Y, Sekiguchi T, Sugawara Y, Sato M, Kanazawa K, Koide M, Itaya N, Tsuchiya M, Tsuji I, Itoi E. Influence of living environment and subjective economic hardship on new-onset of low back pain for survivors of the Great East Japan Earthquake. J Orthop Sci. 2017;22(1):43-9.
  • 9
    Vellingiri B, Jayaramayya K, Iyer M, Narayanasamy A, Govindasamy V, Giridharan B, Ganesan S, Venugopal A, Venkatesan D, Ganesan H, Rajagopalan K, Rahman PKSM, Cho SG, Kumar NS, Subramaniam MD. COVID-19: a promising cure for the global panic. Sci Total Environ. 2020;725:138277.
  • 10
    Cifuentes-Faura, J. Economic consequences of the Russia-Ukraine war: a brief overview. Espaço e Economia. Rev Bras Geo Econ. 2022. Available from: https://doi.org/10.4000/espacoeconomia.21807
    » https://doi.org/10.4000/espacoeconomia.21807
  • 11
    Lantz PM, House JS, Mero RP, Williams DR. Stress, life events, and socioeconomic disparities in health: Results from the Americans’ changing lives study. J Health Soc Behav. 2005;46(3):274-88.
  • 12
    Sekiguchi T, Hagiwara Y, Sugawara Y, Tomata Y, Tanji F, Watanabe T, et al. Influence of subjective economic hardship on new onset of neck pain (so-called: katakori) in the chronic phase of the Great East Japan Earthquake: a prospective cohort study. J Orthop Sci. 2018;23(5):758-64.
  • 13
    Hagiwara Y, Sekiguchi T, Yabe Y, Sugawara Y, Watanabe T, Kanazawa K, Koide M, Itaya N, Tsuchiya M, Tsuji I, Itoi E. Living status, economic hardship and sleep disturbance were associated with subjective shoulder pain in survivors of the Great East Japan Earthquake: a cross sectional study. J Orthop Sci. 2017;22(3):442-6
  • 14
    Henschke N, Kamper SJ, Maher CG. The epidemiology and economic consequences of pain. Mayo Clin Proc. 2015;90(1):139-47.
  • 15
    French D, Vigne S. The causes and consequences of household financial strain: a systematic review. Int Rev Financ Anal. 2019;62(September):150-6.
  • 16
    Title T. PRISMA 2009 Checklist PRISMA 2009 Checklist. 2009;1-2.
  • 17
    Gagnier JJ, Kienle G, Altman DG, Moher D, Sox H, Riley D. The CARE guidelines: consensus-based clinical case report guideline development. BMJ Case Rep. 2013;2013(5):38-43.
  • 18
    Martinez-Calderon J, Zamora-Campos C, Navarro-Ledesma S, Luque-Suarez A. The role of self-efficacy on the prognosis of chronic musculoskeletal pain: a systematic review. J Pain. 2018;19(1):10-34.
  • 19
    Buscemi V, Chang WJ, Liston MB, McAuley JH, Schabrun SM. The role of perceived stress and life stressors in the development of chronic musculoskeletal pain disorders: a systematic review. J Pain. 2019;20(10):1127-39.
  • 20
    Jradi H, Alanazi H, Mohammad Y. Psychosocial and occupational factors associated with low back pain among nurses in Saudi Arabia. J Occup Health. 2020;62(1):e12126.
  • 21
    Jay MA, Bendayan R, Cooper R, Muthuri SG. Lifetime socioeconomic circumstances and chronic pain in later adulthood: Findings from a British birth cohort study. BMJ Open. 2019;9(3):1-10.
  • 22
    Hagiwara Y, Yabe Y, Sugawara Y, Sato M, Watanabe T, Kanazawa K, Sonofuchi K, Koide M, Sekiguchi T, Tsuchiya M, Tsuji I, Itoi E. Influence of living environments and working status on low back pain for survivors of the Great East Japan Earthquake. J Orthop Sci. 2016;21(2):138-42.
  • 23
    Generaal E, Vogelzangs N, Macfarlane GJ, Geenen R, Smit JH, de Geus EJ, Penninx BW, Dekker J. Biological stress systems, adverse life events and the onset of chronic multisite musculoskeletal pain: a 6-year cohort study. Ann Rheum Dis. 2016;75(5):847-54.
  • 24
    Rios R, Zautra AJ. Socioeconomic disparities in pain: the role of economic hardship and daily financial worry. Heal Psychol. 2011;30(1):58-66.
  • 25
    Prentice C, McKillop D, French D. How financial strain affects health: evidence from the Dutch National Bank Household Survey. Soc Sci Med. 2017;178:127-35.
  • 26
    Driscoll MA, Kerns RD. Integrated, team-based chronic pain management: Bridges from theory and research to high quality patient care. Advances in experimental medicine and biology. Transl Res Pain Itch. 2016;904:131-47.
  • 27
    Frankham C, Richardson T, Maguire N. Psychological factors associated with financial hardship and mental health: a systematic review. Clin Psychol Rev. 2020;77(November 2017):101832.
  • 28
    Maly A, Vallerand AH. Neighborhood, socioeconomic, and racial influence on chronic pain. Pain Manag Nurs. 2018;19(1):14-22.
  • 29
    Prawitz AD, Garman ET, Sorhaindo B, Neill BO, Kim J. In charge financial distress/financial well-being scale: development, administration, and score interpretation. J Financ Couns Plan. 2006;8(732):34-50.
  • 30
    Richardson T, Elliott P, Roberts R. The relationship between personal unsecured debt and mental and physical health: a systematic review and meta-analysis. Clin Psychol Rev. 2013;33(8):1148-62.
  • 31
    Jacqueline W, Marie-Therese P, Judith T, Johannes P, Ulrike Z, Klaus W, Eva M Over-indebtedness and its association with pain and pain medication use. Prev Med Reports. 2019;16:100987.
  • 32
    Chinta R, Rao MB, Narendran V, Malla G, Joshi H. Economic recession and headache-related hospital admissions. Hosp Top. 2013;91(2):37-42.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    09 Out 2023
  • Data do Fascículo
    Apr-Jun 2023

Histórico

  • Recebido
    19 Abr 2023
  • Aceito
    17 Jul 2023
Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor Av. Conselheiro Rodrigues Alves, 937 Cj2 - Vila Mariana, CEP: 04014-012, São Paulo, SP - Brasil, Telefones: , (55) 11 5904-2881/3959 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: dor@dor.org.br