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Correlação entre o evento da pandemia de COVID-19 e sintomas de ansiedade, depressão e de disfunção temporomandibular em estudantes universitários: estudo transversal

RESUMO

JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS:

A pandemia de COVID-19 mostrou-se um provável agravante de respostas psicológicas como ansiedade e depressão. Este estudo teve como objetivo avaliar a correlação entre sintomas de ansiedade e depressão durante o período da pandemia de COVID-19 e a existência de sintomas associados à disfunção temporomandibular (DTM) em uma população universitária brasileira.

MÉTODOS:

Este estudo clínico epidemiológico e transversal avaliou as suas variáveis de interesse por meio dos questionários Escala de Medo do COVID-19, Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão (HADS-A e HADS-D), Critérios Diagnósticos para Disfunção Temporomandibular (DC/DTM) e Checklist de Comportamentos Orais (OBC).

RESULTADOS:

Ao todo, 373 participantes (sexo feminino = 273), com média de idade de 23,8±5,45 anos foram incluídos neste estudo. Ademais, 78,2% dos participantes com sintomas de ansiedade e 54,5% dos participantes com sintomas de depressão reportaram alto nível de parafunção relacionada à DTM (p<0,01). A presença de sintomas de ansiedade aumentou em 14,9 vezes as chances de desenvolvimento de um quadro de medo intenso do COVID-19 (p<0,001) e de um quadro de 3,5 vezes nas chances de desenvolvimento de medo moderado do COVID-19 (p<0,001). A presença de um medo intenso do COVID-19 aumentou em 17,15 vezes as chances de desenvolvimento de sintomas de ansiedade (p<0,001), enquanto a presença de um medo moderado aumentou essas chances em 3,12 vezes (p<0,001). Ademais, a presença de medos intensos (p=0,01) ou moderados (p=0,018) do COVID-19 aumentou 2,47 e 1,84 vezes, respectivamente, as chances de desenvolvimento de sintomatologias dolorosas relacionadas à DTM nessa população.

CONCLUSÃO:

A presença dos sintomas dolorosos da DTM foi possivelmente influenciada pelo medo do COVID-19. Isso, por sua vez, esteve relacionado à presença de sintomas de ansiedade e de depressão, reportados pela população-alvo deste estudo.

Descritores:
Ansiedade; COVID-19; Depressão; Síndrome da disfunção da articulação temporomandibular

ABSTRACT

BACKGROUND AND OBJECTIVES:

The COVID-19 pandemic has been shown to be a probable aggravator of psychological responses such as anxiety and depression. This study aimed to assess the correlation between symptoms of anxiety and depression during the COVID-19 pandemic and the existence of symptoms associated with temporomandibular dysfunction (TMD) in a Brazilian university population.

METHODS:

This epidemiological, cross-sectional clinical study evaluated its variables of interest using the COVID-19 Fear Scale, Hospital Anxiety and Depression Scale (HADS-A and HADS-D), Diagnostic Criteria for Temporomandibular Dysfunction (DC/TMD) and Oral Behavior Checklist (OBC) questionnaires.

RESULTS:

A total of 373 participants (females = 273) with a mean age of 23.8±5.45 years were included in this study. In addition, 78.2% of participants with anxiety symptoms and 54.5% of participants with depression symptoms reported a high level of TMD-related parafunction (p<0.01). The presence of anxiety symptoms increased the odds of developing intense fear of COVID-19 by 14.9 times (p<0.001) and the odds of developing moderate fear of COVID-19 by 3.5 times (p<0.001). The presence of an intense fear of COVID-19 increased the chances of developing anxiety symptoms by 17.15 times (p<0.001), while the presence of a moderate fear increased these chances by 3.12 times (p<0.001). In addition, the presence of intense (p=0.01) or moderate (p=0.018) COVID-19 fears increased the odds of developing TMD-related pain symptoms by 2.47 and 1.84 times, respectively, in this population.

CONCLUSION:

The presence of painful TMD symptoms was possibly influenced by fear of COVID-19. This, in turn, was related to the presence of anxiety and depression symptoms reported by the target population of this study.

Keywords:
Anxiety; COVID-19; Depression; Temporomandibular joint dysfunction syndrome

DESTAQUES

  • • 78,2% dos participantes com sintomas de ansiedade e 54,5% dos participantes com sintomas de depressão reportaram alto nível de parafunção, enquanto 71,5% dos participantes que relataram sintomas dolorosos de DTM apresentaram sintomas de ansiedade e 52% de depressão.

  • • A presença de sintomas de ansiedade foi mais prevalente que de depressão entre os participantes com sintomas dolorosos associados à DTM.

  • • Este estudo trouxe insights acerca do impacto da pandemia de COVID-19 sobre os sintomas dolorosos da DTM em estudantes universitários e da influência de fatores psicológicos, como ansiedade e depressão.

  • • Os resultados observados neste estudo indicam consequências que podem perpetuar após o período da pandemia do COVID-19 e instigam novos estudos.

DESTAQUES

  • • 78,2% dos participantes com sintomas de ansiedade e 54,5% dos participantes com sintomas de depressão reportaram alto nível de parafunção, enquanto 71,5% dos participantes que relataram sintomas dolorosos de DTM apresentaram sintomas de ansiedade e 52% de depressão.

  • • A presença de sintomas de ansiedade foi mais prevalente que de depressão entre os participantes com sintomas dolorosos associados à DTM.

  • • Este estudo trouxe insights acerca do impacto da pandemia de COVID-19 sobre os sintomas dolorosos da DTM em estudantes universitários e da influência de fatores psicológicos, como ansiedade e depressão.

  • • Os resultados observados neste estudo indicam consequências que podem perpetuar após o período da pandemia do COVID-19 e instigam novos estudos.

INTRODUÇÃO

O vírus SARS-CoV-2 (COVID-19) foi detectado pela primeira vez na China, em dezembro de 2019. A disseminação do vírus e a gravidade no acometimento à saúde fomentou a declaração da Organização Mundial da Saúde (OMS), em março de 2020, com o anúncio oficial de uma pandemia causada pelo vírus. Como estratégia de controle a disseminação do vírus, medidas de confinamento e distanciamento social foram recomendadas à população na tentativa de conter a propagação e o contágio11 Planchuelo-Gomez A, Odriozola-Gonzalez P, Irurtia MJ, de Luis-Garcia R. Longitudinal evaluation of the psychological impact of the COVID-19 crisis in Spain. J Affect Disord. 2020;277:842-9.,22 Passos L, Prazeres F, Teixeira A, Martins C. Impact on mental health due to COVID-19 Pandemic: cross-sectional study in Portugal and Brazil. Int J Environ Res Public Health. 2020;17(18):6794..

Diante desse cenário, os diferentes setores ajustaram-se aos protocolos de segurança, respeitando o distanciamento e o isolamento social. Entre eles, escolas e universidades33 Abdulghani HM, Sattar K, Ahmad T, Akram A. Association of COVID-19 pandemic with undergraduate medical students’ perceived stress and coping. Psychol Res Behav Manag. 2020;13:871-81.

4 Alemany-Arrebola I, Rojas-Ruiz G, Granda-Vera J, Mingorance-Estrada AC. Influence of COVID-19 on the perception of academic self-efficacy, state anxiety, and trait anxiety in college students. Front Psychol. 2020;11:570017.

5 Odriozola-Gonzalez P, Planchuelo-Gomez A, Irurtia MJ, de Luis-Garcia R. Psychological effects of the COVID-19 outbreak and lockdown among students and workers of a Spanish university. Psychiatry Res. 2020;290:113108.
-66 Gallego-Gómez JI, Campillo-Cano M, Carrión-Martínez A, Balanza S, Rodríguez-González-Moro MT, Simonelli-Muñoz AJ, Rivera-Caravaca JM. The COVID-19 pandemic and its impact on homebound nursing students. Int J Environ Res Public Health. 2020;17(20):7383., para as quais o cancelamento das aulas presenciais e a implantação do modelo de ensino a distância permitiram uma adaptação ao processo de formação de alunos e acadêmicos44 Alemany-Arrebola I, Rojas-Ruiz G, Granda-Vera J, Mingorance-Estrada AC. Influence of COVID-19 on the perception of academic self-efficacy, state anxiety, and trait anxiety in college students. Front Psychol. 2020;11:570017.,77 Copeland WE, McGinnis E, Bai Y, Adams Z, Nardone H, Devadanam V, Rettew J, Hudziak JJ. Impact of COVID-19 Pandemic on college student mental health and wellness. J Am Acad Child Adolesc Psychiatry. 2021;60(1):134-41.e2..

As medidas de isolamento social e confinamento adotadas foram de suma importância na redução de casos e da contaminação pelo vírus. Em contrapartida, houve o impacto negativo sobre a saúde mental da população mundial exposta à pandemia. Dentre os principais sintomas, destaca-se maior suscetibilidade ao desencadeamento de sintomas de depressão, irritabilidade, ansiedade, estresse e insônia33 Abdulghani HM, Sattar K, Ahmad T, Akram A. Association of COVID-19 pandemic with undergraduate medical students’ perceived stress and coping. Psychol Res Behav Manag. 2020;13:871-81.,88 Aylie NS, Mekonen MA, Mekuria RM. The psychological impacts of COVID-19 pandemic among University Students in Bench-Sheko Zone, South-west Ethiopia: a community-based cross-sectional study. Psychol Res Behav Manag. 2020;13:813-21.,99 Cao W, Fang Z, Hou G, Han M, Xu X, Dong J, Zheng J. The psychological impact of the COVID-19 epidemic on college students in China. Psychiatry Res. 2020;287:112934..

Com o acometimento da saúde mental durante a pandemia intensificando sintomas e quadros de estresse, ansiedade e depressão em toda a população1010 LeResche L. Epidemiology of temporomandibular disorders: implications for the investigation of etiologic factors. Crit Rev Oral Biol Med. 1997;8(3):291-305.

11 Owczarek JE, Lion KM, Radwan-Oczko M. Manifestation of stress and anxiety in the stomatognathic system of undergraduate dentistry students. J Int Med Res. 2020;48(2):300060519889487.

12 Soares LF, Coelho LM, Moreno A, Almeida DA, Haddad MF. Anxiety and depression associated with pain and discomfort of temporomandibular disorders. BrJP. 2020;3(2):147-52.

13 Sojka A, Stelcer B, Roy M, Mojs E, Prylinski M. Is there a relationship between psychological factors and TMD? Brain Behav. 2019;9(9):e01360.

14 Chuinsiri N, Jitprasertwong P. Prevalence of self-reported pain-related temporomandibular disorders and association with psychological distress in a dental clinic setting. J Int Med Res. 2020;48(9):300060520951744.

15 Huang Y, Zhao N. Generalized anxiety disorder, depressive symptoms and sleep quality during COVID-19 outbreak in China: a web-based cross-sectional survey. Psychiatry Res. 2020;288:112954.

16 Lakhan R, Agrawal A, Sharma M. Prevalence of depression, anxiety, and stress during COVID-19 pandemic. J Neurosci Rural Pract. 2020;11(4):519-25.
-1717 Patsali ME, Mousa DV, Papadopoulou EVK, Papadopoulou KKK, Kaparounaki CK, Diakogiannis I, Fountoulakis KN. University students’ changes in mental health status and determinants of behavior during the COVID-19 lockdown in Greece. Psychiatry Res. 2020;292:113298., estima-se que algumas comorbidades, como a presença de sintomas dolorosos relacionados às disfunções da articulação temporomandibular (DTM), podem estar associadas a esses cenário1818 Emodi-Perlman A, Eli I, Smardz J, Uziel N, Wieckiewicz G, Gilon E, Grychowska N, Wieckiewicz M. Temporomandibular disorders and bruxism outbreak as a possible factor of orofacial pain worsening during the COVID-19 pandemic-concomitant research in two countries. J Clin Med. 2020;12;9(10):32500

19 Medeiros RA, Vieira DL, Silva E, Rezende L, Santos RWD, Tabata LF. Prevalence of symptoms of temporomandibular disorders, oral behaviors, anxiety, and depression in Dentistry students during the period of social isolation due to COVID-19. J Appl Oral Sci. 2020;28:e20200445.
-2020 Asquini G, Bianchi AE, Borromeo G, Locatelli M, Falla D. The impact of Covid-19-related distress on general health, oral behaviour, psychosocial features, disability and pain intensity in a cohort of Italian patients with temporomandibular disorders. PLoS One. 2021;16(2):e0245999. doi:10.1371/journal.pone.0245999
https://doi.org/10.1371/journal.pone.024...
.

As disfunções da DTM1010 LeResche L. Epidemiology of temporomandibular disorders: implications for the investigation of etiologic factors. Crit Rev Oral Biol Med. 1997;8(3):291-305. são de etiologia multifatorial, complexa, descrita por características locais e sistêmicas, envolvendo principalmente condição oclusal da dentição, traumas mecânicos, atividades parafuncionais e condições de estresse emocional, como ansiedade e depressão1111 Owczarek JE, Lion KM, Radwan-Oczko M. Manifestation of stress and anxiety in the stomatognathic system of undergraduate dentistry students. J Int Med Res. 2020;48(2):300060519889487.

12 Soares LF, Coelho LM, Moreno A, Almeida DA, Haddad MF. Anxiety and depression associated with pain and discomfort of temporomandibular disorders. BrJP. 2020;3(2):147-52.

13 Sojka A, Stelcer B, Roy M, Mojs E, Prylinski M. Is there a relationship between psychological factors and TMD? Brain Behav. 2019;9(9):e01360.
-1414 Chuinsiri N, Jitprasertwong P. Prevalence of self-reported pain-related temporomandibular disorders and association with psychological distress in a dental clinic setting. J Int Med Res. 2020;48(9):300060520951744..

Estima-se que pela restrição ao convívio social durante a pandemia, a população universitária também sofreu com alterações emocionais e psicológicas88 Aylie NS, Mekonen MA, Mekuria RM. The psychological impacts of COVID-19 pandemic among University Students in Bench-Sheko Zone, South-west Ethiopia: a community-based cross-sectional study. Psychol Res Behav Manag. 2020;13:813-21.. Estudos recentes reforçam isso descrevendo o contexto universitário no período da pandemia como um ambiente estressante para os graduandos99 Cao W, Fang Z, Hou G, Han M, Xu X, Dong J, Zheng J. The psychological impact of the COVID-19 epidemic on college students in China. Psychiatry Res. 2020;287:112934.,1111 Owczarek JE, Lion KM, Radwan-Oczko M. Manifestation of stress and anxiety in the stomatognathic system of undergraduate dentistry students. J Int Med Res. 2020;48(2):300060519889487.; destaca-se como fator a exigência de desempenho das novas responsabilidades, cujo impacto aumenta níveis de estresse, ansiedade e até mesmo o desenvolvimento de traços de depressão1717 Patsali ME, Mousa DV, Papadopoulou EVK, Papadopoulou KKK, Kaparounaki CK, Diakogiannis I, Fountoulakis KN. University students’ changes in mental health status and determinants of behavior during the COVID-19 lockdown in Greece. Psychiatry Res. 2020;292:113298.. Diante da situação de estresse e medo gerado pela pandemia do COVID-19, esse cenário poderia ser potencializado e desencadear novos casos de DTM, bem como agravar sintomas já presentes1818 Emodi-Perlman A, Eli I, Smardz J, Uziel N, Wieckiewicz G, Gilon E, Grychowska N, Wieckiewicz M. Temporomandibular disorders and bruxism outbreak as a possible factor of orofacial pain worsening during the COVID-19 pandemic-concomitant research in two countries. J Clin Med. 2020;12;9(10):32500, 2121 Wu Y, Xiong X, Fang X, Sun W, Yi Y, Liu J, Wang J. Psychological status of TMD patients, orthodontic patients and the general population during the COVID-19 pandemic. Psychol Health Med. 2021;26(1):62-74..

O objetivo deste estudo foi avaliar a correlação entre sintomas de ansiedade e depressão durante o período da pandemia de COVID-19 e a existência de sintomas associados à DTM em uma população universitária brasileira.

MÉTODOS

Este estudo seguiu as recomendações do Strengthening the Reporting of Observational Studies in Epidemiology (STROBE) statement.

O presente estudo foi aprovado pelo comitê de ética em pesquisa com seres humanos - Universidade Federal de Alfenas (UNIFAL), Brasil (Parecer n° 4.475.702). Este estudo clínico epidemiológico e transversal envolveu 373 graduandos da mesma universidade. O critério para exclusão dos participantes se baseou naqueles que não estavam matriculados na universidade ou tinham menos de 18 anos de idade.

O cálculo amostral para este estudo foi baseado em uma população conhecida de 5.500 alunos da UNIFAL, com intervalo de confiança (IC) de 95% e margem de erro (ME) de 5%. Foi estimado um tamanho amostral mínimo de 360 alunos.

Todos os participantes foram informados sobre o estudo realizado e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), autorizando a coleta de dados.

Questionários e parâmetros analisados

A coleta de dados foi realizada durante o período de isolamento social no Brasil. O recrutamento dos participantes foi realizado por convite enviado ao e-mail institucional acadêmico e os questionários foram preenchidos de forma virtual, por meio da ferramenta Google Forms. Para o preenchimento do formulário foi aplicada uma estratégia de controle para evitar duplicidade no preenchimento (pelo registro de um cadastro de pessoa física).

Após assinar o formulário de consentimento virtual, os participantes preencheram um formulário com as variáveis demográficas: sexo e idade; e socioeducacionais: curso de graduação (tabulado e categorizado por área de conhecimento) e se estavam, ou não, participando do programa de Ensino Remoto Emergencial (ERE) durante a pandemia de COVID-19. Os participantes também foram convidados a preencher a Escala de Medo do COVID-192222 Cavalheiro FRS, Sticca MG. Adaptation and validation of the Brazilian version of the fear of COVID-19 scale. Int J Ment Health Addict. 2020;23:1-9., que investiga impacto no sono, sentimento de medo ou nervosismo, bem como atividades diárias durante a pandemia. As variáveis de ansiedade e depressão foram acessadas pelo questionário de Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão (HADS-A e HASD-D)2323 Zigmond AS, Snaith RP. The hospital anxiety and depression scale. Acta Psychiatr Scand. Jun 1983;67(6):361-70., que acessa mudança de humor, sensação de pânico, autocuidado, relaxamento, preocupação ou felicidade relatada pelos participantes. Por fim, os questionários direcionados à DTM e a existência de sintomas associados acessados pelos Critérios de Diagnóstico para Disfunções Temporomandibulares (DC/DTM), Eixo I: Triagem de Dor em DTM e Eixo II: Checklist de Comportamentos Orais (OBC)2424 Schiffman E, Ohrbach R, Truelove E, Look J, Anderson G, Goulet JP, List T, Svensson P, Gonzalez Y, Lobbezoo F, Michelotti A, Brooks SL, Ceusters W, Drangsholt M, Ettlin D, Gaul C, Goldberg LJ, Haythornthwaite JA, Hollender L, Jensen R, John MT, De Laat A, de Leeuw R, Maixner W, van der Meulen M, Murray GM, Nixdorf DR, Palla S, Petersson A, Pionchon P, Smith B, Visscher CM, Zakrzewska J, Dworkin SF; International RDC/TMD Consortium Network, International association for Dental Research; Orofacial Pain Special Interest Group, International Association for the Study of Pain. Diagnostic Criteria for Temporomandibular Disorders (DC/TMD) for Clinical and Research Applications: recommendations of the International RDC/TMD Consortium Network* and Orofacial Pain Special Interest Group†. J Oral Facial Pain Headache. 2014;28(1):6-27, que investigam a ocorrência de dores na face ou na Articulação Temporomandibular, função mastigatória alterada e presença de hábitos parafuncionais.

Todos os questionários e escalas deste estudo foram validados para o português e aplicados seguindo as orientações dos seus autores.

Análise estatística

A análise estatística descritiva das variáveis foi realizada através de distribuição de frequência ou de porcentagem. A associação entre as variáveis coletadas pelos questionários aplicados foi calculada pelo teste Qui-quadrado. A Regressão Logística Multinomial (Sintomatologia dolorosa da DTM) e Binomial (Medo do COVID-19) foi aplicada para desenvolver modelos das variáveis que atenderam ao critério de resposta ao teste Qui-quadrado (p<0,05). A dependência entre as variáveis analisadas foi reportada por meio das razões de chance (OR). Um intervalo de confiança (IC) de 95% foi aplicado e todas as análises foram realizadas com o software estatístico Jamovi versão 1.62525 The jamovi project. Version 1.6. 2021. https://www.jamovi.org
https://www.jamovi.org...
.

RESULTADOS

O presente estudo contou com a participação de 373 alunos - 273 do sexo feminino e 100 do masculino. A média de idade dos participantes foi de 23,8±5,45 anos. Não houve diferença significativa entre os sexos para a presença de dor na DTM (p=0,799), de ansiedade (p=0,058) e de depressão (p=0,085).

Os níveis de ansiedade (p=0,413), medo do COVID (p=0,944), dor na DTM (p=0,297) ou a presença de parafunções (p=0,129) não apresentam associação com a área do conhecimento. Por outro lado, foi indicada uma associação entre as áreas do conhecimento e a presença de sintomas de depressão nos estudantes (x22 Passos L, Prazeres F, Teixeira A, Martins C. Impact on mental health due to COVID-19 Pandemic: cross-sectional study in Portugal and Brazil. Int J Environ Res Public Health. 2020;17(18):6794.=9,09; p=0,011), sendo que 64,7% dos participantes da área de ciências humanas e linguagens apresentam sintomas depressivos (Tabela 1).

Tabela 1
Associação entre áreas do conhecimento e a presença de sintomas de ansiedade ou de depressão pelo HADS (n=373).

Análise associativa - bivariável

A variável “medo do COVID-19” foi categorizada em três níveis: “muito medo”, “medo moderado” e “pouco medo”. A análise de associação demonstrou que 92,5% dos participantes com “muito medo do COVID-19” apresentaram sintomas de ansiedade (HADS-A - x22 Passos L, Prazeres F, Teixeira A, Martins C. Impact on mental health due to COVID-19 Pandemic: cross-sectional study in Portugal and Brazil. Int J Environ Res Public Health. 2020;17(18):6794.=52; p<0,001). De forma semelhante, 64,2% dos participantes com “muito medo do COVID-19” apresentaram sintomas de depressão (HADS-D - x22 Passos L, Prazeres F, Teixeira A, Martins C. Impact on mental health due to COVID-19 Pandemic: cross-sectional study in Portugal and Brazil. Int J Environ Res Public Health. 2020;17(18):6794.=17,3; p<0,001 - tabela 2).

Tabela 2
Associação entre resultados obtidos pelo Questionário de Medo do COVID-19 relacionado ao HADS (n=373).

A presença de sintomas dolorosos por DTM também foi associada à presença de sintomas de ansiedade (x22 Passos L, Prazeres F, Teixeira A, Martins C. Impact on mental health due to COVID-19 Pandemic: cross-sectional study in Portugal and Brazil. Int J Environ Res Public Health. 2020;17(18):6794.=10,1; p=0,001) e de depressão (x22 Passos L, Prazeres F, Teixeira A, Martins C. Impact on mental health due to COVID-19 Pandemic: cross-sectional study in Portugal and Brazil. Int J Environ Res Public Health. 2020;17(18):6794.=9,67; p=0,002) neste estudo (Tabela 3). Dessa forma, 71,5% dos participantes com sintomas dolorosos da DTM também apresentavam sintomas de ansiedade, enquanto a ausência de sintomas dolorosos também foi relacionada à ausência de sintomas depressivos em 64,8% dos participantes (Tabela 3).

Tabela 3
Associação entre resultados obtidos pelo Questionário de Triagem de Dor por DTM relacionado ao HADS (n=373).

Ao avaliar as questões abordadas pelo DC/DTM nas últimas quatro semanas (dor de cabeça na região temporal, dor ou rigidez na mandíbula, dor ao mastigar alimentos duros ou consistentes, dor ao abrir a boca ou movimentar a mandíbula, bem como dor ao apertar, ranger os dentes, mascar chiclete, falar, beijar ou bocejar), foi observada associação entre a presença de cefaleia na região temporal e sintomas de ansiedade (x22 Passos L, Prazeres F, Teixeira A, Martins C. Impact on mental health due to COVID-19 Pandemic: cross-sectional study in Portugal and Brazil. Int J Environ Res Public Health. 2020;17(18):6794.=43,8; p<0,001) e de depressão (x22 Passos L, Prazeres F, Teixeira A, Martins C. Impact on mental health due to COVID-19 Pandemic: cross-sectional study in Portugal and Brazil. Int J Environ Res Public Health. 2020;17(18):6794.=38,5; p < 0,001) reportados pelos participantes. Não houve associação estatisticamente significativa (p>0,05) para as demais variáveis citadas.

Por fim, a presença de parafunções (OBC) exibiu associação tanto relacionada à Escala de Medo do COVID-19 (x22 Passos L, Prazeres F, Teixeira A, Martins C. Impact on mental health due to COVID-19 Pandemic: cross-sectional study in Portugal and Brazil. Int J Environ Res Public Health. 2020;17(18):6794.=20,5; p<0,001 - tabela 4), quanto à presença de sintomas de ansiedade (x22 Passos L, Prazeres F, Teixeira A, Martins C. Impact on mental health due to COVID-19 Pandemic: cross-sectional study in Portugal and Brazil. Int J Environ Res Public Health. 2020;17(18):6794.= 40,8; p<0,001) e de depressão (x22 Passos L, Prazeres F, Teixeira A, Martins C. Impact on mental health due to COVID-19 Pandemic: cross-sectional study in Portugal and Brazil. Int J Environ Res Public Health. 2020;17(18):6794.=23,5; p<0,001) avaliados pelo HADS (Tabela 5).

Tabela 4
Associação entre escores obtidos pelo OBC em relação ao Medo do COVID (n=373).
Tabela 5
Associação entre escores obtidos pelo OBC em relação ao HADS (n=373).

Análise multivariada

Modelo de regressão logística multinomial

As razões de chances foram estimadas pelo modelo de regressão logística para variáveis estatisticamente significativas. A tabela 6 apresenta uma regressão logística multinomial de correlação entre os resultados obtidos pelo HADS (variável independente) para a Escala de Medo do COVID-19 (variável dependente - R2=0,0794). A partir dessa análise, observou-se que a presença de sintomas de ansiedade pode aumentar em 14,9 vezes as chances de desenvolvimento de um quadro de medo intenso do COVID-19 (p<0,001). Da mesma forma, a confirmação de sintomas de ansiedade foi relacionada a um aumento de 3,5 vezes nas chances de desenvolvimento de medo moderado do COVID-19 (p<0,001 - tabela 6).

Tabela 6
Regressão logística entre resultados obtidos pelos questionários de Escala de Medo do COVID-19 e HADS (n=373).

A tabela 7 apresenta a regressão logística binomial de correlação entre os resultados obtidos pela Escala de Medo do COVID-19 (variável independente) e HADS-A (variável dependente) (R2=0,114). A partir dessa análise, observou-se também que a presença de um medo intenso do COVID-19 aumentou em 17,15 vezes as chances de desenvolvimento de sintomas de ansiedade (p<0,001), enquanto a presença de um medo moderado aumentou essas chances em 3,12 vezes (p<0,001).

Tabela 7
Regressão logística entre resultados obtidos pelo questionário Escala de medo do COVID-19 para HADS-A (n=373).

Da mesma forma, a tabela 8 apresenta a regressão logística binomial de correlação entre os resultados obtidos pela Escala de Medo do COVID-19 (variável independente) e HADS-D (variável dependente - R2=0,0341). A partir dessa análise, observou-se que a presença de um medo intenso do COVID-19 aumentou em 3,77 vezes as chances de desenvolvimento de sintomas depressivos (p<0,001).

Tabela 8
Regressão logística entre resultados obtidos pelo questionário Escala de medo do COVID-19 para HADS-D (n=373).

Por fim, a tabela 9 correlaciona os resultados relativos da Escala de Medo do COVID-19, HADS-A e HADS-D (variáveis independentes) e da Triagem de Dor por DTM (variável dependente) a partir do modelo de regressão logística binomial (R2=0,0464). Nesse caso, a aplicação do modelo demonstrou que a presença de medos intensos (p=0,01) ou moderados (p=0,018) do COVID-19 aumentaria em 2,47 e 1,84 vezes, respectivamente, as chances de desenvolvimento de sintomatologias dolorosas relacionadas à DTM nessa população.

Tabela 9
Regressão logística entre resultados obtidos pelos questionários HADS e Escala de medo do COVID-19 para a Triagem da Dor por DTM (n=373).

DISCUSSÃO

Este estudo contou com a participação de 373 estudantes universitários, sendo 273 (73,2%) do sexo feminino e 100 (26,8%) do sexo masculino; com média de idade de 23,8±5,4 anos. Resultados semelhantes de participação entre os sexos foram relatados por dois estudos anteriores1212 Soares LF, Coelho LM, Moreno A, Almeida DA, Haddad MF. Anxiety and depression associated with pain and discomfort of temporomandibular disorders. BrJP. 2020;3(2):147-52.,1919 Medeiros RA, Vieira DL, Silva E, Rezende L, Santos RWD, Tabata LF. Prevalence of symptoms of temporomandibular disorders, oral behaviors, anxiety, and depression in Dentistry students during the period of social isolation due to COVID-19. J Appl Oral Sci. 2020;28:e20200445., em investigações semelhantes no Brasil. Ambos os estudos relataram maior prevalência do sexo feminino, sendo 79% e 77%, respectivamente. Esses dados refletem o atual cenário da população universitária brasileira, com a maioria dos alunos do ensino superior formado por mulheres, com idades entre 19 e 24 anos2626 Inep. Sinópse Estatística da Educação Superior. 2020. Accessed October 10, 2021. http://portal.inep.gov.br/basica-censo-escolar-sinopse-sinopse
http://portal.inep.gov.br/basica-censo-e...
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Ademais, ressalta-se que 64,7% dos estudantes da área de Ciências Humanas e Linguagens reportaram a presença de sintomas depressivos na população avaliada, em comparação a 40,2% da área de Ciências Exatas e Engenharias e de 37,6% da área de Ciências da Saúde e Biológicas (p=0,011 - tabela 1). Além das altas porcentagens observadas na população como um todo, ressalta-se a maior prevalência de sintomas depressivos em estudantes da área de Ciências Humanas e Linguagens em relação às outras áreas, o que leva à necessidade de maiores investigações acerca do tema.

A análise das associações entre medo do COVID-19 e presença de sintomas relacionados a ansiedade e depressão, indicou que 92,5% dos participantes que relataram ter “muito medo do COVID-19” apresentaram sintomas de ansiedade (p<0,01), assim como 64,2% dos participantes que relataram ter “muito medo do COVID-19” apresentaram sintomas de depressão (p<0,01) (tabela 2). Fatores como o excesso de informações da mídia, a imprevisibilidade da ação viral em cada organismo, a relação entre comorbidades e agravamento da doença e o fato de se tratar de um vírus nunca antes tratado pela saúde pública constituíram as principais causas de desenvolvimento do medo do COVID-19 até o momento de realização deste estudo88 Aylie NS, Mekonen MA, Mekuria RM. The psychological impacts of COVID-19 pandemic among University Students in Bench-Sheko Zone, South-west Ethiopia: a community-based cross-sectional study. Psychol Res Behav Manag. 2020;13:813-21..

Além disso, um estudo1717 Patsali ME, Mousa DV, Papadopoulou EVK, Papadopoulou KKK, Kaparounaki CK, Diakogiannis I, Fountoulakis KN. University students’ changes in mental health status and determinants of behavior during the COVID-19 lockdown in Greece. Psychiatry Res. 2020;292:113298. reportou que todos os participantes relataram aumento em sintomas de ansiedade devido ao isolamento social gerado pela pandemia de COVID-19. Ainda mais, 65% deles relatam histórico de ansiedade e descreveram o momento como “uma piora nesse período”. A depressão esteve presente em 12,43% dos participantes e 13,46% relataram sentir “grande angústia” durante diferentes momentos do dia.

Por outro lado, não foi diagnosticada uma correlação entre os alunos em ERE e a presença de sintomas de ansiedade (p=0,28) e/ou depressão (p=0,869). Esse resultado pode ser explicado pela fusão de diferentes metodologias de ensino durante as aulas remotas66 Gallego-Gómez JI, Campillo-Cano M, Carrión-Martínez A, Balanza S, Rodríguez-González-Moro MT, Simonelli-Muñoz AJ, Rivera-Caravaca JM. The COVID-19 pandemic and its impact on homebound nursing students. Int J Environ Res Public Health. 2020;17(20):7383.. Um estudo2727 Camargo CP, Tempski PZ, Busnardo FF, Martins MA, Gemperli R. Online learning and COVID-19: a meta-synthesis analysis. Clinics (Sao Paulo). 2020;75:e2286. enfatizou a importância das aulas gravadas, permitindo ao aluno escolher o melhor horário para estudar. Já em cursos da área médica e da saúde, a principal desvantagem seria a impossibilidade de se praticar a teoria estudada2828 Alsoufi A, Alsuyihili A, Msherghi A, Elhadi A, Atiyah H, Ashini A, Ashwieb A, Ghula M, Ben Hasan H, Abudabuos S, Alameen H, Abokhdhir T, Anaiba M, Nagib T, Shuwayyah A, Benothman R, Arrefae G, Alkhwayildi A, Alhadi A, Zaid A, Elhadi M. Impact of the COVID-19 pandemic on medical education: Medical students’ knowledge, attitudes, and practices regarding electronic learning. PLoS One. 2020;15(11):e0242905..

Ressalta-se também que não houve associação entre as áreas de conhecimento dos programas de graduação incluídos e a presença de medo do COVID-19 (p=0,944), sintomas de ansiedade (p=0,413), sintomas de dor por DTM (p=0,297) ou presença de parafunção relacionada às DTMs (p=0,129) neste estudo. Estudos de populações mais restritas1111 Owczarek JE, Lion KM, Radwan-Oczko M. Manifestation of stress and anxiety in the stomatognathic system of undergraduate dentistry students. J Int Med Res. 2020;48(2):300060519889487.,1919 Medeiros RA, Vieira DL, Silva E, Rezende L, Santos RWD, Tabata LF. Prevalence of symptoms of temporomandibular disorders, oral behaviors, anxiety, and depression in Dentistry students during the period of social isolation due to COVID-19. J Appl Oral Sci. 2020;28:e20200445., como estudantes de odontologia, relataram impacto na prevalência de sintomas de DTM, ansiedade e depressão nesse grupo específico, embora o mesmo não tenha sido diagnosticado no presente trabalho.

Ademais, não foi observada correlação entre gênero e presença de sintomas de dor por DTM (p=0,799), sintomas de ansiedade (p=0,058) e/ou de depressão (p=0,085) neste estudo. Por outro lado, a maioria dos estudos presentes na literatura44 Alemany-Arrebola I, Rojas-Ruiz G, Granda-Vera J, Mingorance-Estrada AC. Influence of COVID-19 on the perception of academic self-efficacy, state anxiety, and trait anxiety in college students. Front Psychol. 2020;11:570017.,1919 Medeiros RA, Vieira DL, Silva E, Rezende L, Santos RWD, Tabata LF. Prevalence of symptoms of temporomandibular disorders, oral behaviors, anxiety, and depression in Dentistry students during the period of social isolation due to COVID-19. J Appl Oral Sci. 2020;28:e20200445.,2929 Yadav VS, Salaria SK, Bhatia A, Yadav R. Periodontal microsurgery: reaching new heights of precision. J Indian Soc Periodontol. 2018;22(1):5-11. reportam maior prevalência de sintomas da DTM em pacientes do sexo feminino, sendo descrita uma prevalência de duas a nove mais vezes nessa população, quando comparada ao sexo masculino3030 Back K, Hakeberg M, Wide U, Hange D, Dahlstrom L. Orofacial pain and its relationship with oral health-related quality of life and psychological distress in middle-aged women. Acta Odontol Scand. 2020;78(1):74-80.,3131 Bueno CH, Pereira DD, Pattussi MP, Grossi PK, Grossi ML. Gender differences in temporomandibular disorders in adult populational studies: A systematic review and meta-analysis. J Oral Rehabil. 2018;45(9):720-9.. Esse resultado corrobora o que foi relatado por um estudo1212 Soares LF, Coelho LM, Moreno A, Almeida DA, Haddad MF. Anxiety and depression associated with pain and discomfort of temporomandibular disorders. BrJP. 2020;3(2):147-52. anterior ao período de pandemia do COVID-19.

Uma possível relação de causa e efeito também foi observada pelo Checklist de Comportamentos Orais (OBC) e pela Escala de Medo do COVID-19 (Tabela 4). Nesta análise, 75% dos participantes que relataram “não ter medo ou apenas estar apreensivos” do COVID-19 não relataram a presença de parafunção relacionada à DTM. Além disso, um estudo1818 Emodi-Perlman A, Eli I, Smardz J, Uziel N, Wieckiewicz G, Gilon E, Grychowska N, Wieckiewicz M. Temporomandibular disorders and bruxism outbreak as a possible factor of orofacial pain worsening during the COVID-19 pandemic-concomitant research in two countries. J Clin Med. 2020;12;9(10):32500 avaliou o efeito da pandemia na possível prevalência e agravamento de DTM e sintomas de bruxismo em indivíduos de dois países diferentes, Israel e Polônia. Um aumento dos sintomas de bruxismo foi observado durante a pandemia e, de acordo com esse estudo, fatores psicológicos podem engatilhar e intensificar os sintomas de DTM e a ocorrência de parafunções. Esses fatores podem modular o estado psicoemocional dos participantes, influenciando suas estratégias de enfrentamento durante a pandemia de COVID-19 e, por sua vez, aumentando a prevalência de bruxismo e de sintomas dolorosos da DTM.

Ainda mais, os resultados obtidos pelo OBC também apontam uma correlação com os resultados obtidos pelo HADS-A e pelo HADS-D (Tabela 5). Assim, 78,2% dos participantes com sintomas de ansiedade e 54,5% daqueles com sintomas de depressão apresentaram alto nível de ocorrência de parafunções (p<0,01). Descobertas semelhantes em outro estudo1919 Medeiros RA, Vieira DL, Silva E, Rezende L, Santos RWD, Tabata LF. Prevalence of symptoms of temporomandibular disorders, oral behaviors, anxiety, and depression in Dentistry students during the period of social isolation due to COVID-19. J Appl Oral Sci. 2020;28:e20200445. reforçam que os hábitos parafuncionais são atividades com contrações repetidas dos músculos da mandíbula, que podem resultar em sobrecarga muscular, isquemia local e dor. Assim, a frequência de comportamentos parafuncionais orais é aumentada em pacientes com sintomas de ansiedade. Uma vez que os níveis elevados de ansiedade têm demonstrado desempenhar um papel crucial na ocorrência de parafunções, resultando em dor, esses níveis de ansiedade devem ser monitorados1919 Medeiros RA, Vieira DL, Silva E, Rezende L, Santos RWD, Tabata LF. Prevalence of symptoms of temporomandibular disorders, oral behaviors, anxiety, and depression in Dentistry students during the period of social isolation due to COVID-19. J Appl Oral Sci. 2020;28:e20200445.,3232 Gas S, Eksi Ozsoy H, Cesur Aydin K. The association between sleep quality, depression, anxiety and stress levels, and temporomandibular joint disorders among Turkish dental students during the COVID-19 pandemic. Cranio. 2021:1-6..

Também foi demonstrado neste estudo como o medo gerado pela pandemia de COVID-19 influenciou os sintomas dolorosos relacionados à DTM. Assim, participantes que reportaram maior medo do COVID-19 também apresentaram taxas mais altas de parafunção, enquanto aqueles com menos medo apresentaram taxas mais baixas de parafunção, ou mesmo ausência desse distúrbio. Os resultados desta pesquisa corroboram outros achados descritos por estudos recentes em um eixo criado pelo medo da pandemia de COVID-19, ansiedade, depressão, parafunção e sintomas dolorosos relacionados à DTM77 Copeland WE, McGinnis E, Bai Y, Adams Z, Nardone H, Devadanam V, Rettew J, Hudziak JJ. Impact of COVID-19 Pandemic on college student mental health and wellness. J Am Acad Child Adolesc Psychiatry. 2021;60(1):134-41.e2.,1515 Huang Y, Zhao N. Generalized anxiety disorder, depressive symptoms and sleep quality during COVID-19 outbreak in China: a web-based cross-sectional survey. Psychiatry Res. 2020;288:112954.,1717 Patsali ME, Mousa DV, Papadopoulou EVK, Papadopoulou KKK, Kaparounaki CK, Diakogiannis I, Fountoulakis KN. University students’ changes in mental health status and determinants of behavior during the COVID-19 lockdown in Greece. Psychiatry Res. 2020;292:113298.,1818 Emodi-Perlman A, Eli I, Smardz J, Uziel N, Wieckiewicz G, Gilon E, Grychowska N, Wieckiewicz M. Temporomandibular disorders and bruxism outbreak as a possible factor of orofacial pain worsening during the COVID-19 pandemic-concomitant research in two countries. J Clin Med. 2020;12;9(10):32500,2020 Asquini G, Bianchi AE, Borromeo G, Locatelli M, Falla D. The impact of Covid-19-related distress on general health, oral behaviour, psychosocial features, disability and pain intensity in a cohort of Italian patients with temporomandibular disorders. PLoS One. 2021;16(2):e0245999. doi:10.1371/journal.pone.0245999
https://doi.org/10.1371/journal.pone.024...
,3232 Gas S, Eksi Ozsoy H, Cesur Aydin K. The association between sleep quality, depression, anxiety and stress levels, and temporomandibular joint disorders among Turkish dental students during the COVID-19 pandemic. Cranio. 2021:1-6.,3333 Kmeid E, Nacouzi M, Hallit S, Rohayem Z. Prevalence of temporomandibular joint disorder in the Lebanese population, and its association with depression, anxiety, and stress. Head Face Med. 2020;16(1):19..

Outras associações também foram observadas nas avaliações da relação entre ansiedade, depressão e presença de dor por DTM (tabela 3) neste estudo. Assim, 71,5% dos participantes que relataram sintomas dolorosos de DTM apresentaram sintomas de ansiedade e 52% de depressão. Isso pode ser explicado pelo fato de que fatores psicológicos são capazes de produzir hábitos parafuncionais orais que estão associados a um menor limiar de dor, afetando a sensibilidade dos músculos mastigatórios1818 Emodi-Perlman A, Eli I, Smardz J, Uziel N, Wieckiewicz G, Gilon E, Grychowska N, Wieckiewicz M. Temporomandibular disorders and bruxism outbreak as a possible factor of orofacial pain worsening during the COVID-19 pandemic-concomitant research in two countries. J Clin Med. 2020;12;9(10):32500,3333 Kmeid E, Nacouzi M, Hallit S, Rohayem Z. Prevalence of temporomandibular joint disorder in the Lebanese population, and its association with depression, anxiety, and stress. Head Face Med. 2020;16(1):19.. O mesmo poderia explicar uma associação observada entre cefaleia na região temporal e a presença de sintomas de ansiedade e depressão reportados nesta pesquisa. Portanto, como um sintoma relacionado à DTM, a cefaleia está associada a eventos estressantes, graves e frequentes da vida, que podem estar relacionados à presença de ansiedade e depressão3434 Song TJ, Cho SJ, Kim WJ, Yang KI, Yun CH, Chu MK. Anxiety and depression in tension-type headache: a population-based study. PLoS One. 2016;11(10):e0165316..

A partir dos achados deste estudo e por meio dos modelos de regressão logística que foram analisados, foi observada uma correlação entre a presença de sintomas de ansiedade e de depressão com o medo do COVID-19, de forma bidirecional (Tabelas 6, 7 e 8). Por fim, ressalta-se que a presença de medos do COVID-19 intensos ou moderados foram fortemente relacionados ao desenvolvimento de sintomas dolorosos relacionados à DTM (Tabela 9), reforçando outros achados durante o período de pandemia77 Copeland WE, McGinnis E, Bai Y, Adams Z, Nardone H, Devadanam V, Rettew J, Hudziak JJ. Impact of COVID-19 Pandemic on college student mental health and wellness. J Am Acad Child Adolesc Psychiatry. 2021;60(1):134-41.e2.,1515 Huang Y, Zhao N. Generalized anxiety disorder, depressive symptoms and sleep quality during COVID-19 outbreak in China: a web-based cross-sectional survey. Psychiatry Res. 2020;288:112954.,1717 Patsali ME, Mousa DV, Papadopoulou EVK, Papadopoulou KKK, Kaparounaki CK, Diakogiannis I, Fountoulakis KN. University students’ changes in mental health status and determinants of behavior during the COVID-19 lockdown in Greece. Psychiatry Res. 2020;292:113298.,1818 Emodi-Perlman A, Eli I, Smardz J, Uziel N, Wieckiewicz G, Gilon E, Grychowska N, Wieckiewicz M. Temporomandibular disorders and bruxism outbreak as a possible factor of orofacial pain worsening during the COVID-19 pandemic-concomitant research in two countries. J Clin Med. 2020;12;9(10):32500,2020 Asquini G, Bianchi AE, Borromeo G, Locatelli M, Falla D. The impact of Covid-19-related distress on general health, oral behaviour, psychosocial features, disability and pain intensity in a cohort of Italian patients with temporomandibular disorders. PLoS One. 2021;16(2):e0245999. doi:10.1371/journal.pone.0245999
https://doi.org/10.1371/journal.pone.024...
,3232 Gas S, Eksi Ozsoy H, Cesur Aydin K. The association between sleep quality, depression, anxiety and stress levels, and temporomandibular joint disorders among Turkish dental students during the COVID-19 pandemic. Cranio. 2021:1-6.,3333 Kmeid E, Nacouzi M, Hallit S, Rohayem Z. Prevalence of temporomandibular joint disorder in the Lebanese population, and its association with depression, anxiety, and stress. Head Face Med. 2020;16(1):19..

As limitações deste estudo estiveram relacionadas às barreiras estabelecidas pelo distanciamento social na pandemia de COVID-19. O possível viés de seleção dos participantes, por meio do recrutamento por e-mail institucional, pode ter excluído alunos sem acesso à internet ou computador no período. Além disso, a adaptação de questionários em papel para o formato online também é uma preocupação levantada por alguns estudos3535 Fitzgerald D, Hockey R, Jones M, Mishra G, Waller M, Dobson A. Use of online or paper surveys by australian women: longitudinal study of users, devices, and cohort retention. J Med Internet Res. 2019;21(3):e10672.,3636 Ball HL. Conducting online surveys. J Hum Lact. 2019;35(3):413-7.. Dessa forma, foi uma preocupação deste estudo utilizar questionários adaptados para a língua portuguesa do Brasil e manter a maior semelhança ao adaptá-los para o formato online.

Por fim, por meio da análise das respostas dadas via HADS, foi possível identificar a necessidade de apoio psicológico aos participantes. Em caso afirmativo, foi enviado um e-mail questionando se o aluno sentia necessidade desse acompanhamento, junto ao o link de contato com a Pró-Reitoria de Assuntos Comunitários e Estudantis da universidade. A partir da avaliação das respostas DC/DTM, foi possível identificar a possibilidade de tratamento para DTM. Em caso afirmativo, o participante foi encaminhado para diagnóstico e tratamento em um projeto de extensão desenvolvido na instituição: “Oclusão e Disfunção Temporomandibular”.

CONCLUSÃO

Por meio deste estudo, concluiu-se que a presença de sintomas dolorosos da DTM foi possivelmente influenciada pelo medo do COVID-19. Isso, por sua vez, esteve relacionado à presença de sintomas de ansiedade e de depressão, reportados pela população-alvo deste estudo.

AGRADECIMENTOS

À comunidade acadêmica da Universidade Federal de Alfenas pela participação neste estudo.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    23 Out 2023
  • Data do Fascículo
    Jul-Sep 2023

Histórico

  • Recebido
    24 Abr 2023
  • Aceito
    08 Set 2023
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