Acessibilidade / Reportar erro

Satisfação e percepção de indivíduos com dor crônica sobre um programa de educação em neurociência da dor online e presencial: estudo observacional transversal

RESUMO

JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS:

A complexidade da dor musculoesquelética crônica exige a necessidade de conhecer as estratégias de tratamento sob a perspectiva do usuário do serviço. O objetivo deste estudo foi analisar a satisfação e a percepção de indivíduos com dor musculoesquelética crônica sobre um programa de educação em neurociência dor nas modalidades online e presencial.

MÉTODOS:

Trata-se de um estudo observacional do tipo transversal, composto por 26 participantes, dos quais 13 indivíduos participaram de 10 encontros de educação em dor presencial (GP), e os outros 13 na modalidade online (GO). A avaliação da satisfação consistiu em 10 questões do MedRisk Instrument for Measuring Patient Satisfaction With Physical Therapy Care, e a avaliação da percepção foi obtida por meio de sete perguntas desenvolvidas pelos pesquisadores, específicas sobre o programa de educação em dor. Para análise estatística, foram utilizados os testes de Mann-Whitney e Qui-quadrado, software Biostat e nível de significância ≤0,05.

RESULTADOS:

Das 17 questões, houve diferença entre os grupos apenas em 5 questões. O GP relatou maior satisfação e percepção nas questões que se referem a “explicação sobre o tratamento recebido” (Qui22 Raja SN, Carr DB, Cohen M, Finnerup NB, Flor H, Gibson S, Keefe FJ, Mogil JS, Ringkamp M, Sluka KA, Song XJ, Stevens B, Sullivan MD, Tutelman PR, Ushida T, Vader K. The revised International Association for the Study of Pain definition of pain: concepts, challenges, and compromises. Pain. 2020;161(9):1976-82.=6,19; p=0,05), “formas de evitar futuros problemas” (Qui22 Raja SN, Carr DB, Cohen M, Finnerup NB, Flor H, Gibson S, Keefe FJ, Mogil JS, Ringkamp M, Sluka KA, Song XJ, Stevens B, Sullivan MD, Tutelman PR, Ushida T, Vader K. The revised International Association for the Study of Pain definition of pain: concepts, challenges, and compromises. Pain. 2020;161(9):1976-82.=4,727; p=0,03), “retorno para futuros serviços” (Qui22 Raja SN, Carr DB, Cohen M, Finnerup NB, Flor H, Gibson S, Keefe FJ, Mogil JS, Ringkamp M, Sluka KA, Song XJ, Stevens B, Sullivan MD, Tutelman PR, Ushida T, Vader K. The revised International Association for the Study of Pain definition of pain: concepts, challenges, and compromises. Pain. 2020;161(9):1976-82.=4,727; p=0,03), “relacionamento com outras pessoas” (10 vs 8; p=0,03) e “aumento do nível de atividade física” (9 vs 8; p=0,03).

CONCLUSÃO:

Indivíduos com dor musculoesquelética crônica mostraram boa satisfação e percepção de um programa de educação em neurociência da dor tanto na modalidade online quanto na presencial. Algumas diferenças foram observadas entre ambas, sobretudo nas questões que parecem envolver contato face-a-face com um profissional, com resultados mais positivos quando o programa é oferecido de forma presencial.

Descritores
Dor crônica; Educação em saúde; Satisfação do paciente; Telessaúde.

ABSTRACT

BACKGROUND AND OBJECTIVES:

The complexity of chronic musculoskeletal pain requires the need to know the treatment strategies from the perspective of the service user. The objective of this study was to analyze the satisfaction and perception of individuals with chronic musculoskeletal pain participating in a pain neuroscience education program in the online and face-to-face modalities.

METHODS:

This is a cross-sectional observational study, composed of 26 participants, of which 13 individuals participated in 10 meetings of face-to-face pain education (FG), and the other 13 in the online modality (OG). The satisfaction assessment consisted of 10 questions from the MedRisk Instrument for Measuring Patient Satisfaction With Physical Therapy Care, and the perception assessment was obtained by means of seven questions developed by the researchers, specific about the pain education program. For statistical analysis, Mann-Whitnney and chi square tests, Biostat software and significance level (0.05) were used.

RESULTS:

Of the 17 questions, there was a difference between the groups in only 5 questions. The FG reported greater satisfaction and perception in the questions of “explanation about the treatment received” (Chi22 Raja SN, Carr DB, Cohen M, Finnerup NB, Flor H, Gibson S, Keefe FJ, Mogil JS, Ringkamp M, Sluka KA, Song XJ, Stevens B, Sullivan MD, Tutelman PR, Ushida T, Vader K. The revised International Association for the Study of Pain definition of pain: concepts, challenges, and compromises. Pain. 2020;161(9):1976-82.=6.19; p=0.05), “ways to avoid future problems” (Chi22 Raja SN, Carr DB, Cohen M, Finnerup NB, Flor H, Gibson S, Keefe FJ, Mogil JS, Ringkamp M, Sluka KA, Song XJ, Stevens B, Sullivan MD, Tutelman PR, Ushida T, Vader K. The revised International Association for the Study of Pain definition of pain: concepts, challenges, and compromises. Pain. 2020;161(9):1976-82.=4.727; p=0.03), “return to future services” (Chi22 Raja SN, Carr DB, Cohen M, Finnerup NB, Flor H, Gibson S, Keefe FJ, Mogil JS, Ringkamp M, Sluka KA, Song XJ, Stevens B, Sullivan MD, Tutelman PR, Ushida T, Vader K. The revised International Association for the Study of Pain definition of pain: concepts, challenges, and compromises. Pain. 2020;161(9):1976-82.=4.727; p=0.03), “relationship with other people” (10 vs 8; p=0.03) and “increased level of physical activity” (9 vs 8; p=0.03).

CONCLUSION:

There was good satisfaction and perception of individuals with chronic musculoskeletal pain participating in a pain neuroscience education program both in the online and face-to-face modality. Some differences were observed between both, especially in issues that seem to involve face-to-face contact with a professional, with more positive results in the FG.

Keywords
Chronic pain; Health education; Patient satisfaction; Telemedicine.

DESTAQUES

  • A educação em neurociência da dor é uma intervenção não farmacológica que deve ser oferecida ao indivíduo com dor musculoesquelética crônica.

  • Existe uma lacuna na literatura acerca da qualidade dos serviços de saúde prestados na modalidade de teleatendimento comparado às consultas presenciais.

  • Os participantes deste estudo mostraram boa satisfação e percepção de um programa de educação em neurociência da dor tanto na modalidade online quanto na modalidade presencial.

DESTAQUES

  • A educação em neurociência da dor é uma intervenção não farmacológica que deve ser oferecida ao indivíduo com dor musculoesquelética crônica.

  • Existe uma lacuna na literatura acerca da qualidade dos serviços de saúde prestados na modalidade de teleatendimento comparado às consultas presenciais.

  • Os participantes deste estudo mostraram boa satisfação e percepção de um programa de educação em neurociência da dor tanto na modalidade online quanto na modalidade presencial.

INTRODUÇÃO

A dor é uma condição considerada um problema urgente de saúde pública, e que necessita constantemente de atualizações para estratégias de prevenção e tratamento11 Janevic MR, McLaughlin SJ, Heapy AA, Thacker C, Piette JD. Racial and socioeconomic disparities in disabling chronic pain: findings from the health and retirement study. J Pain. 2017;18(12):1459-67.. Segundo a International Association for the Study of Pain (IASP)22 Raja SN, Carr DB, Cohen M, Finnerup NB, Flor H, Gibson S, Keefe FJ, Mogil JS, Ringkamp M, Sluka KA, Song XJ, Stevens B, Sullivan MD, Tutelman PR, Ushida T, Vader K. The revised International Association for the Study of Pain definition of pain: concepts, challenges, and compromises. Pain. 2020;161(9):1976-82., a dor é definida como “uma experiência sensitiva e emocional desagradável associada, ou semelhante àquela associada, a uma lesão tecidual real ou potencial”22 Raja SN, Carr DB, Cohen M, Finnerup NB, Flor H, Gibson S, Keefe FJ, Mogil JS, Ringkamp M, Sluka KA, Song XJ, Stevens B, Sullivan MD, Tutelman PR, Ushida T, Vader K. The revised International Association for the Study of Pain definition of pain: concepts, challenges, and compromises. Pain. 2020;161(9):1976-82.,33 DeSantana JM, Perissinotti DM, Oliveira Junior JO, Correia LM, Oliveira CM, Fonseca PR. Tradução para a língua portuguesa da definição revisada de dor pela Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor. BrJP. 2020;3(3):197-8.. Neste contexto, uma das grandes preocupações é a presença da dor crônica (DC), aquela que persiste por um tempo maior do que é considerado esperado para o tempo de cura44 Rahavard BB, Candido KD, Knezevic NN. Different pain responses to chronic and acute pain in various ethnic/racial groups. Pain Manag. 2017;7(5):427-53., ou seja, perdura por um período maior que três meses11 Janevic MR, McLaughlin SJ, Heapy AA, Thacker C, Piette JD. Racial and socioeconomic disparities in disabling chronic pain: findings from the health and retirement study. J Pain. 2017;18(12):1459-67.,44 Rahavard BB, Candido KD, Knezevic NN. Different pain responses to chronic and acute pain in various ethnic/racial groups. Pain Manag. 2017;7(5):427-53.,55 IsHak WW, Wen RY, Naghdechi L, Vanle B, Dang J, Knosp M, Dascal J, Marcia L, Gohar Y, Eskander L, Yadegar J, Hanna S, Sadek A, Aguilar-Hernandez L, Danovitch I, Louy C. Pain and depression: a systematic review. Harv Rev Psychiatry. 2018;26(6):352-63.. A DC é também causadora de grande incapacidade e de altos níveis de deficiência, com impacto significativo na qualidade de vida dos indivíduos66 Howarth A, Riaz M, Perkins-Porras L, Smith JG, Subramaniam J, Copland C, Hurley M, Beith I, Ussher M. Pilot randomised controlled trial of a brief mindfulness-based intervention for those with persistent pain. J Behav Med. 2019;42(6):999-1014..

Em geral, a DC associa-se a fatores somáticos, cognitivos, emocionais, comportamentais, motivacionais e sociais77 Wijma AJ, van Wilgen CP, Meeus M, Nijs J. Clinical biopsychosocial physiotherapy assessment of patients with chronic pain: The first step in pain neuroscience education. Physiother Theory Pract 2016;32(5):368-84.. Além disto, dificuldades na percepção e entendimento da dor, ou até mesmo crenças e comportamentos inadequados, contribuem para a persistência da dor, e servem como uma barreira ao tratamento88 Mills KM, Preston EB, Choffin Schmitt BM, Brochu HK, Schafer EA, Robinette PE, Sterling EK, Coronado RA. Embedding pain neuroscience education in the physical therapy management of patients with chronic plantar fasciitis: a prospective case series. J Man Manip Ther. 2021;29(3):158-67. A educação em neurociência da dor tem se mostrado uma prática de tratamento complementar eficaz, pois utiliza estratégias educacionais de base cognitiva em adição à intervenção fisioterapêutica específica88 Mills KM, Preston EB, Choffin Schmitt BM, Brochu HK, Schafer EA, Robinette PE, Sterling EK, Coronado RA. Embedding pain neuroscience education in the physical therapy management of patients with chronic plantar fasciitis: a prospective case series. J Man Manip Ther. 2021;29(3):158-67

9 Louw A, Zimney K, Puentedura EJ, Diener I. The efficacy of pain neuroscience education on musculoskeletal pain: a systematic review of the literature. Physiother Theory Pract. 2016;32(5):332-55.

10 Malfliet A, Kregel J, Meeus M, Roussel N, Danneels L, Cagnie B, Dolphens M, Nijs J. Blended-learning pain neuroscience education for people with chronic spinal pain: randomized controlled multicenter trial. Phys Ther. 2018;98(5):357-68.
-1111 O’Keeffe M, O’Sullivan P, Purtill H, Bargary N, O’Sullivan K. Cognitive functional therapy compared with a group-based exercise and education intervention for chronic low back pain: a multicentre randomised controlled trial (RCT). Br J Sports Med. 2020;54(13):782-9.. A educação em neurociência da dor visa aumentar o conhecimento e compreensão sobre a dor e sobre todos os processos a ela relacionados, e assim proporcionar mudanças no comportamento e autogerenciamento da dor88 Mills KM, Preston EB, Choffin Schmitt BM, Brochu HK, Schafer EA, Robinette PE, Sterling EK, Coronado RA. Embedding pain neuroscience education in the physical therapy management of patients with chronic plantar fasciitis: a prospective case series. J Man Manip Ther. 2021;29(3):158-67,1212 Wood L, Hendrick PA. A systematic review and meta-analysis of pain neuroscience education for chronic low back pain: Short-and long-term outcomes of pain and disability. Eur J Pain. 2019;23(2):234-49.. Ademais, quando concomitante a outras abordagens terapêuticas, tem potencial para reduzir a intensidade de dor e melhorar aspectos psicossociais quando comprometidos, visto que o processo de cronificação envolve um contexto biopsicossocial, e não somente físico1212 Wood L, Hendrick PA. A systematic review and meta-analysis of pain neuroscience education for chronic low back pain: Short-and long-term outcomes of pain and disability. Eur J Pain. 2019;23(2):234-49..

Existem diferentes modalidades de abordagem da educação em dor para as pessoas com DC, individual ou em grupo1111 O’Keeffe M, O’Sullivan P, Purtill H, Bargary N, O’Sullivan K. Cognitive functional therapy compared with a group-based exercise and education intervention for chronic low back pain: a multicentre randomised controlled trial (RCT). Br J Sports Med. 2020;54(13):782-9., de contato presencial ou online, o último ainda pode ser síncrono ou assíncrono1313 Resolução no 516, de 20 de Março De 2020 - Teleconsulta, Telemonitoramento e Teleconsultoria [Internet]. Available from: https://www.coffito.gov.br/nsite/?p=15825.
https://www.coffito.gov.br/nsite/?p=1582...
. A abordagem online é recente, mas que se faz possível e necessária acontecer, visto que é uma alternativa válida para contornar situações limitantes ao acesso presencial1414 Lin J, Paganini S, Sander L, Lüking M, Ebert DD, Buhrman M, Andersson G, Baumeister H. An internet-based intervention for chronic pain. Dtsch Arztebl Int. 2017;114(41):681-8.,1515 Axelsson E, Andersson E, Ljótsson B, Björkander D, Hedman-Lagerlöf M, Hedman-Lagerlöf E. Effect of internet vs face-to-face cognitive behavior therapy for health anxiety: a randomized noninferiority clinical trial. JAMA Psychiatry. 2020;77(9):915-24., seja pela pandemia do coronavírus1616 Romero-Blanco C, Rodríguez-Almagro J, Onieva-Zafra MD, Parra-Fernández ML, Prado-Laguna MDC, Hernández-Martínez A. Physical activity and sedentary lifestyle in university students: changes during confinement due to the covid-19 pandemic. Int J Environ Res Public Health. 2020;17(18):1-13., pelo baixo custo, redução do tempo de deslocamento ao serviço, redução do número de profissionais para propiciar a mesma intervenção, ou pelas barreiras de acesso geográfico1717 Pong RW, DesMeules M, Heng D, Lagacé C, Guernsey JR, Kazanjian A, Manuel D, Pitblado JR, Bollman R, Koren I, Dressler MP, Wang F, Luo W. Patterns of health services utilization in rural Canada. Chronic Dis Inj Can. 2011;31(Suppl 1):1-36.,1818 Bath B, Trask C, McCrosky J, Lawson J. A biopsychosocial profile of adult Canadians with and without chronic back disorders: a population-based analysis of the 2009-2010 Canadian community health surveys. Biomed Res Int. 2014;2014:919621.. Ainda, em 2017, a World Confederation for Physical Therapy (WCPT) lançou uma força tarefa para desenvolver iniciativas globais de práticas e regulamentações da atuação fisioterapêutica virtual1919 Alan Lee C, Finnin K, Holdsworth L, Millette SD, Peterson CC. Report of the WCPT/INPTRA digital physical therapy World Confederation for. 2019;7(15):1-22. A atuação fisioterapêutica na modalidade online tem se mostrado uma opção segura e eficaz no manejo de diversas condições de saúde, tais como nos casos de dor lombar2020 Dario AB, Moreti Cabral A, Almeida L, Ferreira ML, Refshauge K, Simic M, Pappas E, Ferreira PH. Effectiveness of telehealth-based interventions in the management of non-specific low back pain: a systematic review with meta-analysis. Spine J. 2017;17(9):1342-51., pós-operatório de quadril2121 Nelson M, Bourke M, Crossley K, Russell T. Telerehabilitation is non-inferior to usual care following total hip replacement - a randomized controlled non-inferiority trial. Physiotherapy. 2019;107:19-27., doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC)2222 Nissen L, Lindhardt T. A qualitative study of COPD-patients’ experience of a telemedicine intervention. Int J Med Inform. 2017;107:11-7., asma, insuficiência cardíaca, diabetes e câncer2323 Hanlon P, Daines L, Campbell C, Mckinstry B, Weller D, Pinnock H. Telehealth interventions to support self-management of long-term conditions: a systematic metareview of diabetes, heart failure, asthma, chronic obstructive pulmonary disease, and cancer. J Med Internet Res. 2017;19(5):e172..

No entanto, existe uma lacuna na literatura acerca da qualidade dos serviços de teleatendimento comparado às consultas presenciais2424 Puntillo F, Giglio M, Brienza N, Viswanath O, Urits I, Kaye AD, Pergolizzi J, Paladini A, Varrassi G. Impact of COVID-19 pandemic on chronic pain management: looking for the best way to deliver care. Best Pract Res Clin Anaesthesiol. 2020;34(3):529-37., sobretudo no Brasil, considerando que a modalidade online foi autorizada pelo Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (COFFITO) em 2020, a fim de evitar a desassistência fisioterapêutica e agravamento das diversas condições de saúde1313 Resolução no 516, de 20 de Março De 2020 - Teleconsulta, Telemonitoramento e Teleconsultoria [Internet]. Available from: https://www.coffito.gov.br/nsite/?p=15825.
https://www.coffito.gov.br/nsite/?p=1582...
. Sendo assim, tão importante quanto reconhecer o resultado dos programas de educação em dor, é considerar a satisfação e percepção dos indivíduos com DC sobre os programas de educação em dor nas modalidades propostas, presencial ou online. Desta forma, identificar como o público-alvo recebe a educação em neurociência da dor é crucial para direcionar as diferentes possibilidades de entrega deste conhecimento.

O objetivo do presente estudo foi analisar a satisfação e a percepção dos indivíduos com dor musculoesquelética crônica, participantes de grupos de educação em neurociência da dor, promovidos nas modalidades presencial e online.

MÉTODOS

Trata-se de um estudo observacional do tipo transversal. Este estudo segue as recomendações do Strengthening the Reporting of Observational Studies in Epidemiology (STROBE)2525 von Elm E, Altman DG, Egger M, Pocock SJ, Gøtzsche PC, Vandenbroucke JP. The Strengthening the Reporting of Observational Studies in Epidemiology (STROBE) statement: guidelines for reporting observational studies. J Clin Epidemiol. 2008;61(4):344-9. para estudos transversais.

Foram convidados a participar do Programa de Educação em Neurociência da Dor (PEND) indivíduos que apresentavam queixa de dor musculoesquelética crônica (tempo de duração da dor igual ou superior a três meses), da Clínica Escola de Fisioterapia (CEFISIO) da Universidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO), da Universidade Aberta da Terceira Idade (UNATI), nas redes sociais e na mídia local (rádios e jornais), no período entre abril de 2019 e dezembro de 2020. A amostra foi recrutada por conveniência.

O recrutamento para a participação no PEND, na modalidade presencial, ocorreu no período entre abril e julho de 2019 para indivíduos em atendimento fisioterapêutico na CEFISIO. Para participação na modalidade online, o recrutamento ocorreu no período de maio a dezembro de 2020, na CEFISIO/UNICENTRO, UNATI, redes sociais e de mídia local (rádios e jornais).

Para a modalidade presencial, foram incluídos no estudo indivíduos com idade igual ou superior a 60 anos de idade, que apresentavam queixa de dor musculoesquelética crônica, e que aceitassem participar do estudo, portando consigo o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) assinado. Para a modalidade online, os critérios de inclusão foram os mesmos, porém se estenderam à inclusão de qualquer faixa etária acima de 18 anos de idade, e que possuíssem acesso à tecnologia de informação e comunicação (TIC - internet, aplicativos WhatsApp e Google Meet).

Foram excluídos da pesquisa indivíduos que apresentaram diagnóstico clínico de demência, obtido pelo escore inferior a 13 no Mini-Exame do Estado Mental (MEEM), na modalidade presencial. Na modalidade online foram excluídos aqueles que, pelo autorrelato, apresentassem alguma condição musculoesquelética aguda, condição pós-operatória inferior a 6 meses, e que não verbalizassem.

Os encontros do grupo presencial (GP) do PEND ocorreram nas salas de atendimento em grupo da CEFISIO/UNICENTRO, no período entre abril de 2019 e julho de 2019. Os encontros do grupo online (GO) aconteceram por meio de teleatendimento síncrono na plataforma do GoogleMeet, no período entre maio e dezembro de 2020.

Os encontros do PEND, tanto na modalidade online quanto na modalidade presencial, foram baseados no modelo proposto pelo Grupo de Pesquisa em Dor, disponível em http://pesquisaemdor.com.br, o qual apresenta o “Caminho da recuperação” em nove encontros: (1) aceitação, (2 e 3) educação sobre dor, (4) higiene do sono, (5) reconhecendo estresse e emoções negativas, (6) aumentando o enfrentamento positivo no estilo de vida, (7) exercícios, (8) comunicação, (9) prevenção de recaída2626 Reis FJJ, Bengaly AGC, Valentim JCP, Santos LC, Martins EF, O’Keeffe M, Meziat-Filho N, Nogueira LC. An E-Pain intervention to spread modern pain education in Brazil. Braz J Phys Ther. 2017;21(5):305-6..

No PEND, tanto online quanto presencial, foram realizados 10 encontros, os quais foram acrescidos de uma intervenção inicial para conversa em grupo, conhecimento dos problemas/condições de saúde de cada participante, expectativas sobre o programa e experiências anteriores. Os encontros foram realizados com frequência semanal, com, no máximo, 10 participantes em cada grupo. O material multimídia utilizado em cada encontro está disponível em http://pesquisaemdor.com.br/?page_id=59 e o material complementar domiciliar em http://pesquisaemdor.com.br/?page_id=64, o qual consiste de um resumo do encontro e uma atividade para os participantes desenvolverem durante a semana, a fim de compreender quais modificações podem ser feitas na sua vida diária e que poderão repercutir no automanejo da dor2626 Reis FJJ, Bengaly AGC, Valentim JCP, Santos LC, Martins EF, O’Keeffe M, Meziat-Filho N, Nogueira LC. An E-Pain intervention to spread modern pain education in Brazil. Braz J Phys Ther. 2017;21(5):305-6..

Os encontros do PEND eram conduzidos por um acadêmico previamente capacitado sobre os temas. Os encontros consistiam em aulas expositivas dialogadas, ou seja, havia uma apresentação em PowerPoint projetada na parede (grupos presenciais) ou compartilhada na tela do computador, a qual permaneceu acessível para visualização do participante em seu computador ou celular durante o encontro (grupos online). Após a apresentação, os participantes eram instigados a participarem expondo suas dúvidas e/ou compartilhando experiências. O acadêmico conduziu os encontros utilizando-se de uma comunicação clara, objetiva e assertiva, visando promover reflexão e mudança de comportamento na vida diária dos participantes.

Cada encontro teve duração média de 45 minutos a 1 hora. Deste tempo, aproximadamente 30 minutos foram destinados para exposição do tema pelo pesquisador e orientações ou práticas de atividades a serem realizadas ao longo da semana, e o restante do tempo para a sessão dialógica entre os membros do grupo.

Programa de Educação em Neurociência da Dor, modalidade presencial (GP)

O PEND na modalidade presencial foi realizado na CEFISIO/UNICENTRO, em data e horário preestabelecidos, e o material complementar foi impresso e disponibilizado aos participantes para realizarem as atividades propostas em domicílio.

Programa de Educação em Neurociência da Dor, modalidade online (GO)

O PEND na modalidade online foi realizado de forma síncrona na plataforma GoogleMeet, em data e horário preestabelecidos junto ao grupo de participantes. O link do encontro era disponibilizado no aplicativo WhatsApp alguns minutos antes do horário do encontro.

Antes do início do primeiro encontro, os participantes receberam um vídeo tutorial de instalação e acesso ao aplicativo GoogleMeet. Caso fosse necessário, um participante da pesquisa fornecia assistência neste processo por meio de mensagem de texto ou ligação telefônica. O participante também era instruído a adquirir um caderno para realizar as anotações dos encontros e, principalmente, as atividades domiciliares que eram enviadas após cada encontro síncrono.

Após o término do encontro, o material complementar domiciliar referente à sessão era disponibilizado digitalmente no aplicativo WhatsApp. Além disso, dois dias após o encontro, era enviado no aplicativo WhatsApp um link de um vídeo o qual continha a síntese do tema abordado no encontro, como forma de relembrar o participante e incentivá-lo na realização das atividades propostas para a semana. Estes vídeos estão disponíveis no canal Educar para Saúde do YouTube (https://www.youtube.com/channel/UCY2iTW-9iHpFGF1m-Uw4vQ).

Avaliação e coleta de dados

Inicialmente, foram coletados dados gerais e sociodemográficos dos participantes, o que incluiu idade, sexo, estado civil, nível de escolaridade, profissão/trabalho e localização da dor. Ao término do PEND, tanto na modalidade presencial e quanto online, os participantes foram convidados a responder um questionário sobre satisfação e percepção. Os participantes foram questionados quanto à preferência em responder o questionário: se durante uma ligação telefônica feita pelo pesquisador, ou através envio do link do questionário online, desenvolvido na plataforma Google Forms, para o número do WhatsApp, o qual o participante deveria acessar, responder e reenviar ao pesquisador.

Para o desenvolvimento da análise de satisfação, foram elaboradas 10 questões objetivas, baseadas no MedRisk Instrument for Measuring Patient Satisfaction With Physical Therapy Care (MRPS)2727 de Fátima Costa Oliveira N, Oliveira Pena Costa L, Nelson R, Maher CG, Beattie PF, de Bie R, Oliveira W, Camara Azevedo D, da Cunha Menezes Costa L. Measurement properties of the Brazilian Portuguese version of the MedRisk instrument for measuring patient satisfaction with physical therapy care. J Orthop Sports Phys Ther. 2014;44(11):879-89. (Tabela 2). Já para a avaliação da percepção do conhecimento adquirido e de mudanças comportamentais ocorridas durante o PEND, foram desenvolvidas sete perguntas objetivas específicas sobre o programa, tais como “Quanto o estudo sobre a dor te ajudou a entender a dor?”, “Quanto o estudo sobre a dor te ajudou a melhorar seu comportamento perante a dor?”, entre outras, descritas na Tabela 3. As respostas possíveis para as questões foram selecionadas dentro de uma escala crescente que varia de zero a 10, na qual 0 significa “não ajudou” e “nenhuma melhora” e 10 “ajudou completamente” e “melhora completa”. Os participantes responderam o questionário online através do GoogleForms®.

Tabela 1
Caracterização dos participantes do Programa de Educação em Neurociência da Dor, modalidades presencial e online.
Tabela 2
Satisfação dos indivíduos com dor crônica de participantes do Programa de Educação em Neurociência da Dor na modalidade presencial e online.
Tabela 3
Percepção dos indivíduos com dor crônica sobre o conhecimento adquirido e mudanças comportamentais após participação no Programa de Educação em Neurociência da Dor, modalidades presencial e online.

O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa envolvendo Seres Humanos (COMEP) da Universidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO), CAAE no 11975019.0.0000.0106. Todos os participantes receberam informações sobre a participação na pesquisa e assinaram o TCLE.

Análise estatística

Para a análise dos resultados, foi utilizado média, desvio-padrão, mediana, valores mínimo e máximo e teste Mann-Whitney para comparação intergrupos de dados contínuos, e valores brutos, percentuais e teste Qui Quadrado para dados categóricos. Foi utilizado o software Biostat e nível de significância ≤ 0,05.

Mesmo os participantes que não concluíram as 10 sessões do PEND foram mantidos para análise dos dados.

RESULTADOS

Participaram do estudo 26 indivíduos com dor musculoesquelética crônica, dos quais 13 participaram do grupo de educação em dor presencial (GP), com idade média de 65,31±3,8 anos; e os outros 13 indivíduos participaram do grupo de educação em dor online (GO), com 61,85±8,9 anos. Ambos os grupos foram compostos em sua maioria por indivíduos do sexo feminino (n=25; 96,2%). Das 13 pessoas que participaram do GO, 11 concluíram a participação nos 10 encontros; enquanto no GP os 13 indivíduos participaram dos 10 encontros do programa. A caracterização da amostra está apresentada na Tabela 1.

Com relação a satisfação na participação do grupo de educação em dor, observa-se que não houve diferença entre o GP e GO para 5 das 8 questões (Tabela 2).

Na tabela 3, verifica-se a percepção de aprendizado dos indivíduos sobre conteúdos abordados no PEND presencial e online.

DISCUSSÃO

Dentre os 10 itens de satisfação avaliados pelos participantes do PEND presencial e online, houve divergência na concordância em apenas três, nos quais os participantes do grupo online apresentaram maior indecisão na resposta. Nas sete questões utilizadas para a análise da percepção de aprendizado dos indivíduos sobre os conteúdos abordados no PEND, presencial e online, houve melhora do conhecimento sobre a dor em todos os quesitos e em ambos os grupos. Porém, o GP reportou uma melhora superior no relacionamento com outras pessoas e um maior aumento do nível de atividade física quando comparado ao GO.

Apesar do critério de inclusão da idade mínima ter sido diferente entre os grupos (18 anos para GO; 60 anos para GP), observou-se que a média de idade entre os grupos foi similar. Isto pode ter ocorrido pela maior prevalência da DC esperada em indivíduos com idade mais avançada. A média de idade dos participantes da intervenção mostra que os idosos também tendem a aderir as estratégias digitais em saúde2828 Leão Ferreira KA, Bastos TR, Andrade DC, Silva AM, Appolinario JC, Teixeira MJ, Latorre MD. Prevalence of chronic pain in a metropolitan area of a developing country: a population-based study. Arq Neuropsiquiatr. 2016;74(12):990-8.,2929 Hayar MASP, Salimene AC de M, Karsch UM, Imamura M. Envelhecimento e dor crônica: um estudo sobre mulheres com fibromialgia. Acta Fisiátrica. 2014;21(3):107-12.. Segundo um estudo3030 Grace-Farfaglia P. Social cognitive theories and electronic health design: scoping review. JMIR Hum Factors. 2019;6(3):e11544., os indivíduos jovens têm mais afinidade com o uso das tecnologias em saúde digital, ao passo que os jovens também tendem a não aderir às estratégias digitais em saúde por perderem o interesse mais rapidamente nas tecnologias3131 Keogh E, Rosser BA, Eccleston C. e-Health and chronic pain management: current status and developments. Pain. 2010;151(1):18-21.. Ao passo que os idosos, quando aprendem a manusear determinada tecnologia, tendem a manter-se mais aderidos a ela3131 Keogh E, Rosser BA, Eccleston C. e-Health and chronic pain management: current status and developments. Pain. 2010;151(1):18-21..

Além disso, no presente estudo destacou-se uma maior frequência de indivíduos com elevado nível de escolaridade no GO, comparado ao GP (Qui22 Raja SN, Carr DB, Cohen M, Finnerup NB, Flor H, Gibson S, Keefe FJ, Mogil JS, Ringkamp M, Sluka KA, Song XJ, Stevens B, Sullivan MD, Tutelman PR, Ushida T, Vader K. The revised International Association for the Study of Pain definition of pain: concepts, challenges, and compromises. Pain. 2020;161(9):1976-82.=17,862; p=0,02). Um estudo3232 Grossman LV, Masterson Creber RM, Ancker JS, Ryan B, Polubriaginof F, Qian M, Alarcon I, Restaino S, Bakken S, Hripcsak G, Vawdrey DK. Technology access, technical assistance, and disparities in inpatient portal use. Appl Clin Inform. 2019.10(1):40-50. sugere que indivíduos que possuem menor índice de alfabetização têm acesso limitado à tecnologia de informação e, consequentemente, à saúde digital3232 Grossman LV, Masterson Creber RM, Ancker JS, Ryan B, Polubriaginof F, Qian M, Alarcon I, Restaino S, Bakken S, Hripcsak G, Vawdrey DK. Technology access, technical assistance, and disparities in inpatient portal use. Appl Clin Inform. 2019.10(1):40-50.,3333 Reiners F, Sturm J, Bouw LJW, Wouters EJM. Sociodemographic factors influencing the use of ehealth in people with chronic diseases. Int J Environ Res Public Health. 2019;16(4):645., e que esse acesso se torna ainda mais prejudicado quando se soma a idade avançada3333 Reiners F, Sturm J, Bouw LJW, Wouters EJM. Sociodemographic factors influencing the use of ehealth in people with chronic diseases. Int J Environ Res Public Health. 2019;16(4):645.. Esses indivíduos também enfrentam mais comorbidades, o que é justificado no presente estudo pela presença de dor em maior número de segmentos corpóreos no GP (Qui22 Raja SN, Carr DB, Cohen M, Finnerup NB, Flor H, Gibson S, Keefe FJ, Mogil JS, Ringkamp M, Sluka KA, Song XJ, Stevens B, Sullivan MD, Tutelman PR, Ushida T, Vader K. The revised International Association for the Study of Pain definition of pain: concepts, challenges, and compromises. Pain. 2020;161(9):1976-82.=10,863; p=0,01).

Neste contexto, é importante que outros estudos identifiquem os motivos de maior procura pelo serviço online por indivíduos com maior grau de escolaridade, a fim de investigar a relação com o nível socioeconômico, poder aquisitivo para as tecnologias de informação e de comunicação, barreiras e facilitadores no uso das tecnologias encontrados pelos usuários e/ou nível de letramento digital em saúde dos participantes3434 Paasche-Orlow MK, Riekert KA, Bilderback A, Chanmugam A, Hill P, Rand CS, Brancati FL, Krishnan JA. Tailored education may reduce health literacy disparities in asthma self-management. Am J Respir Crit Care Med. 2005;172(8):980-6.,3535 Yadav UN, Hosseinzadeh H, Lloyd J, Harris MF. How health literacy and patient activation play their own unique role in self-management of chronic obstructive pulmonary disease (COPD)? Chron Respir Dis. 2019;16:1479973118816418..

No presente estudo, praticamente não houve diferença quanto à satisfação dos indivíduos em terem participado da educação em neurociência da dor nas diferentes modalidades (presencial ou online). Os dados de satisfação são importantes indicadores para avaliar a qualidade do serviço prestado, além de serem clinicamente relevantes3636 Erden A, Topbaş M. Turkish validity and reliability of the patient satisfaction scale in physiotherapy for patients with musculoskeletal pain. J Back Musculoskelet Rehabil. 2019;32(2):197-203.,3737 Cordeiro De Medeiros F, Oliveira Pena Costa L, De Fátima N, Oliveira C, Da L, Menezes Costa C. Satisfação de pacientes que recebem cuidados fisioterapêuticos para condições musculoesqueléticas: um estudo transversal. Fisioter Pesqui. 2016;23(1):105-10.. Pacientes mais satisfeitos tendem a se beneficiar mais dos cuidados recebidos, o que influencia diretamente na forma como enxergam o serviço a eles ofertado3636 Erden A, Topbaş M. Turkish validity and reliability of the patient satisfaction scale in physiotherapy for patients with musculoskeletal pain. J Back Musculoskelet Rehabil. 2019;32(2):197-203.,3838 Manzoni ACT, Fagundes FRC, Fuhro FF, Cabral CMN. Translation, cross-cultural adaptation to brazilian portuguese, and analysis of measurement properties of the consultation and relational empathy measure. J Chiropr Med. 2019;18(2):106-14.,3939 De Paula DAG, Piatti NCTP, Costa LM, Chiavegato LD. Satisfaction levels with physical therapy in hospitalized patients. Braz J Phys Ther. 2020;;24(2):118-23.. No entanto, salienta-se que, embora a satisfação com os cuidados recebidos e com o resultado clínico tenham relação entre si, devem ser avaliados isoladamente3737 Cordeiro De Medeiros F, Oliveira Pena Costa L, De Fátima N, Oliveira C, Da L, Menezes Costa C. Satisfação de pacientes que recebem cuidados fisioterapêuticos para condições musculoesqueléticas: um estudo transversal. Fisioter Pesqui. 2016;23(1):105-10..

Este estudo observou que o grupo presencial se mostrou mais satisfeito com as explicações sobre o tratamento que receberam, quando comparado ao grupo online. A ausência de barreiras na comunicação entre o profissional e o terapeuta facilita para que haja um diálogo mais aberto, o que faz com que os pacientes se sintam mais satisfeitos com o tratamento recebido, por conseguirem compreender melhor o porquê da aplicação da técnica escolhida4040 Diener I, Kargela M, Louw A. Listening is therapy: patient interviewing from a pain science perspective. Physiother Theory Pract. 2016;32(5):356-67.. Ademais, quando não há barreiras externas que impeçam uma boa comunicação entre os envolvidos no processo terapêutico, a exemplo do contato presencial, facilitam-se mudanças de hábitos desejáveis nos pacientes, o que contribui para a prevenção de futuras complicações relacionadas à condição de saúde e doença4141 Granados-Gámez G, Sáez-Ruiz IM, Márquez-Hernández VV, Ybarra-Sagarduy JL, Aguilera-Manrique G, Gutiérrez-Puertas L. Systematic review of measurement properties of self-reported instruments for evaluating therapeutic communication. West J Nurs Res. 2020;43(8):791-804.,4242 Emerick T, Alter B, Jarquin S, Brancolini S, Bernstein C, Luong K, Morrisseyand S, Wasan A. Telemedicine for chronic pain in the COVID-19 era and beyond. Pain Med. 2020;21(9):1743-8.. Neste sentido, é importante avaliar a preferência da modalidade de entrega da intervenção sob a ótica do paciente, a fim de obter uma melhor comunicação entre terapeuta e paciente.

Acredita-se que a comunicação terapeuta-paciente no GO tenha sido prejudicada pelo fato de que o uso das tecnologias de comunicação não permitia a fala instantânea, e que o tempo maior para desenvolver um questionamento pode ter sido um fator que levou o indivíduo a repensar a sua dúvida e desistir de questionar, ou a deixar de compartilhar informações e de expor seu ponto de vista durante a comunicação dialógica síncrona4242 Emerick T, Alter B, Jarquin S, Brancolini S, Bernstein C, Luong K, Morrisseyand S, Wasan A. Telemedicine for chronic pain in the COVID-19 era and beyond. Pain Med. 2020;21(9):1743-8.,4343 Hohenschurz-Schmidt D, Scott W, Park C, Christopoulos G, Vogel S, Draper-Rodi J. Remote management of musculoskeletal pain: a pragmatic approach to the implementation of video and phone consultations in musculoskeletal practice. Pain Rep. 2020;5(6):e878.. O profissional que optar por utilizar a modalidade online na prestação do serviço de saúde deve ter especial atenção à comunicação, e certificar-se, com o usuário do serviço, de que ela está sendo clara, objetiva e compreendida.

Uma revisão sistemática4444 Orlando JF, Beard M, Kumar S. Systematic review of patient and caregivers’ satisfaction with telehealth videoconferencing as a mode of service delivery in managing patients’ health. PLoS One. 2019;14(8):e0221848., observou que a satisfação com os cuidados de saúde está diretamente relacionada com a participação, comprometimento e adesão do paciente ao tratamento. Além do mais, um dos fatores contribuintes para o retorno a outros atendimentos é a satisfação com a vivência experenciada durante o tratamento, em menção a uma boa interação entre terapeuta, paciente e demais funcionários e usuários do serviço3737 Cordeiro De Medeiros F, Oliveira Pena Costa L, De Fátima N, Oliveira C, Da L, Menezes Costa C. Satisfação de pacientes que recebem cuidados fisioterapêuticos para condições musculoesqueléticas: um estudo transversal. Fisioter Pesqui. 2016;23(1):105-10.,3838 Manzoni ACT, Fagundes FRC, Fuhro FF, Cabral CMN. Translation, cross-cultural adaptation to brazilian portuguese, and analysis of measurement properties of the consultation and relational empathy measure. J Chiropr Med. 2019;18(2):106-14.,4545 Lee G, Adams R, Oh T-Y. Factor structure of a Korean-Language version of the patient satisfaction with procedural aspects of physical therapy instrument. J Korean Soc Phys Ther. 2013;25(3):160-6., cuja interação social pode estar limitada no ambiente virtual. No presente estudo, a interação social pôde ser identificada por meio da questão da “melhora da relação com outras pessoas” (GP=10 vs GO=8, p=0,03).

Embora a interação social tenha sido superior no GP, houve relatos de aumento em ambos os grupos. Essa interação direta entre as pessoas que experenciam a mesma situação, possibilita aos indivíduos conhecer vivências em comum e diferentes das suas, o que proporciona uma abrangência maior do olhar sobre a condição que enfrentam e, como resultado, melhora a participação social1010 Malfliet A, Kregel J, Meeus M, Roussel N, Danneels L, Cagnie B, Dolphens M, Nijs J. Blended-learning pain neuroscience education for people with chronic spinal pain: randomized controlled multicenter trial. Phys Ther. 2018;98(5):357-68.,4646 Galán-Martín MA, Montero-Cuadrado F, Lluch-Girbes E, Coca-López MC, Mayo-Iscar A, Cuesta-Vargas A. Pain neuroscience education and physical exercise for patients with chronic spinal pain in primary healthcare: a randomised trial protocol. BMC Musculoskelet Disord. 2019;20(1):505.. A educação em dor possibilita o contato com diferentes cenários e realidades, mas que em comum giram ao redor da mesma queixa, a DC4646 Galán-Martín MA, Montero-Cuadrado F, Lluch-Girbes E, Coca-López MC, Mayo-Iscar A, Cuesta-Vargas A. Pain neuroscience education and physical exercise for patients with chronic spinal pain in primary healthcare: a randomised trial protocol. BMC Musculoskelet Disord. 2019;20(1):505..

Outros fatores importantes na aliança terapêutica são escuta ativa, empatia, respeito e assertividade do terapeuta3838 Manzoni ACT, Fagundes FRC, Fuhro FF, Cabral CMN. Translation, cross-cultural adaptation to brazilian portuguese, and analysis of measurement properties of the consultation and relational empathy measure. J Chiropr Med. 2019;18(2):106-14.,4141 Granados-Gámez G, Sáez-Ruiz IM, Márquez-Hernández VV, Ybarra-Sagarduy JL, Aguilera-Manrique G, Gutiérrez-Puertas L. Systematic review of measurement properties of self-reported instruments for evaluating therapeutic communication. West J Nurs Res. 2020;43(8):791-804., os quais foram avaliados por meio das questões “Meu fisioterapeuta me tratou respeitosamente” e “Meu fisioterapeuta respondeu todas as minhas questões”, sem diferença entre os grupos presencial e online; indicativos estes de um bom resultado conquistado em ambas as modalidades.

Além do mais, outro fator a ser citado e que foi positivo em ambos os grupos, é acerca das instruções referentes aos exercícios domiciliares. A compreensão do paciente no que concerne à contribuição que ele próprio exerce sobre o seu tratamento também se faz possível por meio das orientações domiciliares dadas pelo terapeuta e, assim, proporciona um engajamento maior do paciente no tratamento e contribui para a participação ativa de todos os envolvidos no processo terapêutico, repercutindo em uma melhor satisfação com os cuidados ofertados3939 De Paula DAG, Piatti NCTP, Costa LM, Chiavegato LD. Satisfaction levels with physical therapy in hospitalized patients. Braz J Phys Ther. 2020;;24(2):118-23.,4141 Granados-Gámez G, Sáez-Ruiz IM, Márquez-Hernández VV, Ybarra-Sagarduy JL, Aguilera-Manrique G, Gutiérrez-Puertas L. Systematic review of measurement properties of self-reported instruments for evaluating therapeutic communication. West J Nurs Res. 2020;43(8):791-804..

Em ambos os grupos, houve relato de aumento do nível de atividade física após o término do PEND, o qual foi ainda superior no GP. A inatividade física é uma condição também associada a pessoas com desordens musculoesqueléticas, e é um forte preditor para altos índices de comorbidades e mortalidade4747 Saragiotto BT, Fioratti I, Tiedemann A, Hancock MJ, Yamato TP, Wang SSY, Chau JY, Lin CC. The effectiveness of strategies to promote walking in people with musculoskeletal disorders: a systematic review with meta-analysis. J Orthop Sports Phys Ther. 2020;50(11):597-606.,4848 Kunstler BE, Cook JL, Freene N, Finch CF, Kemp JL, O’Halloran PD, Gaida JE. Physiotherapist-Led Physical activity interventions are efficacious at increasing physical activity levels: a systematic review and meta-analysis. Clin J Sport Med. 2018;28(3):304-15.. Os obstáculos encontrados e que justificam o baixo nível de atividade física na população são a presença de dor e a crença errônea de que a atividade física aumentará os sintomas dolorosos4747 Saragiotto BT, Fioratti I, Tiedemann A, Hancock MJ, Yamato TP, Wang SSY, Chau JY, Lin CC. The effectiveness of strategies to promote walking in people with musculoskeletal disorders: a systematic review with meta-analysis. J Orthop Sports Phys Ther. 2020;50(11):597-606..

Ainda vale ressaltar que a execução deste estudo ocorreu durante a pandemia da COVID-19, cuja recomendação de saúde pública era de isolamento e confinamento domiciliar, a fim de proporcionar medidas de prevenção de infecções. Essas recomendações do período podem explicar a limitação para a prática de bons hábitos de vida, a exemplo da atividade física, contribuindo para um impacto negativo na saúde dos indivíduos1616 Romero-Blanco C, Rodríguez-Almagro J, Onieva-Zafra MD, Parra-Fernández ML, Prado-Laguna MDC, Hernández-Martínez A. Physical activity and sedentary lifestyle in university students: changes during confinement due to the covid-19 pandemic. Int J Environ Res Public Health. 2020;17(18):1-13.,4949 Ammar A, Brach M, Trabelsi K, Chtourou H, Boukhris O, Masmoudi L, et al. Effects of COVID-19 home confinement on eating behaviour and physical activity: results of the ECLB-COVID19 International Online Survey. Nutrients. 2020;12(6):1583.. Todavia, os participantes receberam orientações de permanecerem ativos, realizando atividade física em lugares abertos ou em domicílio1616 Romero-Blanco C, Rodríguez-Almagro J, Onieva-Zafra MD, Parra-Fernández ML, Prado-Laguna MDC, Hernández-Martínez A. Physical activity and sedentary lifestyle in university students: changes during confinement due to the covid-19 pandemic. Int J Environ Res Public Health. 2020;17(18):1-13.. No presente estudo, essa prática em tempos de pandemia pode ter sido estimulada no GO por meio do Programa de Educação em Neurociência da Dor.

A educação em dor é capaz de diminuir a cinesiofobia por propiciar conhecimento dos mecanismos fisiológicos e patológicos envolvidos na dor1010 Malfliet A, Kregel J, Meeus M, Roussel N, Danneels L, Cagnie B, Dolphens M, Nijs J. Blended-learning pain neuroscience education for people with chronic spinal pain: randomized controlled multicenter trial. Phys Ther. 2018;98(5):357-68.,4646 Galán-Martín MA, Montero-Cuadrado F, Lluch-Girbes E, Coca-López MC, Mayo-Iscar A, Cuesta-Vargas A. Pain neuroscience education and physical exercise for patients with chronic spinal pain in primary healthcare: a randomised trial protocol. BMC Musculoskelet Disord. 2019;20(1):505.. Por isso, a compreensão da experiência da dor pelo aspecto da neurofisiologia e da neurobiologia, proporciona maior envolvimento dos indivíduos com dor prolongada na realização das atividades de vida diária, o que gera aumento dos níveis de atividade física, aumentando a funcionabilidade e diminuindo a incapacidade1010 Malfliet A, Kregel J, Meeus M, Roussel N, Danneels L, Cagnie B, Dolphens M, Nijs J. Blended-learning pain neuroscience education for people with chronic spinal pain: randomized controlled multicenter trial. Phys Ther. 2018;98(5):357-68.,4646 Galán-Martín MA, Montero-Cuadrado F, Lluch-Girbes E, Coca-López MC, Mayo-Iscar A, Cuesta-Vargas A. Pain neuroscience education and physical exercise for patients with chronic spinal pain in primary healthcare: a randomised trial protocol. BMC Musculoskelet Disord. 2019;20(1):505.,4747 Saragiotto BT, Fioratti I, Tiedemann A, Hancock MJ, Yamato TP, Wang SSY, Chau JY, Lin CC. The effectiveness of strategies to promote walking in people with musculoskeletal disorders: a systematic review with meta-analysis. J Orthop Sports Phys Ther. 2020;50(11):597-606..

Além disso, uma pesquisa4747 Saragiotto BT, Fioratti I, Tiedemann A, Hancock MJ, Yamato TP, Wang SSY, Chau JY, Lin CC. The effectiveness of strategies to promote walking in people with musculoskeletal disorders: a systematic review with meta-analysis. J Orthop Sports Phys Ther. 2020;50(11):597-606. reforçou que as estratégias para promoção de atividade física precisam ser abordadas de maneira diferente em indivíduos com desordens musculoesqueléticas quando comparados a outros públicos. O estudo explicou que isso se faz necessário por conta do medo do movimento e da catastrofização da dor que foram construídos com o processo de cronificação da dor e que dificultam a participação dessa população em diversas atividades. Os autores observaram ainda que as estratégias para promover a caminhada nessa população podem proporcionar melhora da dor, na funcionalidade e aumento da caminhada em curto prazo e, assim, refletir em mudanças futuras de comportamento em relação a atividade física. Essa melhora pode estar relacionada ao componente social, pois a interação eficaz com outras pessoas e, em especial, com o profissional, gera uma maior possibilidade de intervenções supervisionadas e estruturadas, interferindo positivamente na mudança de comportamento frente ao exercício físico4747 Saragiotto BT, Fioratti I, Tiedemann A, Hancock MJ, Yamato TP, Wang SSY, Chau JY, Lin CC. The effectiveness of strategies to promote walking in people with musculoskeletal disorders: a systematic review with meta-analysis. J Orthop Sports Phys Ther. 2020;50(11):597-606.,5050 Geneen LJ, Moore RA, Clarke C, Martin D, Colvin LA, Smith BH. Physical activity and exercise for chronic pain in adults: an overview of Cochrane Reviews. Cochrane Database Syst Rev. 2017;1(1):CD011279.. Isso pode explicar porque o nível de atividade física é superior no GP. Embora ambas as intervenções tenham proporcionado a possibilidade de interação, o GP pode ter configurado um efeito de programa mais supervisionado, levando em consideração as necessidades individuais de cada participante.

Tanto no GP quanto no GO, a percepção com relação ao entendimento da dor, ao comportamento frente a dor e a aceitação dela, foi igualmente positiva. O estudo1010 Malfliet A, Kregel J, Meeus M, Roussel N, Danneels L, Cagnie B, Dolphens M, Nijs J. Blended-learning pain neuroscience education for people with chronic spinal pain: randomized controlled multicenter trial. Phys Ther. 2018;98(5):357-68. corrobora que a educação em neurociência da dor possibilita aumentar o conhecimento sobre a natureza da dor e os mecanismos nela envolvidos, e assim promover o entendimento e a aceitação do indivíduo sobre a sua dor ou doença. Por assim dizer, a educação em neurociência da dor também proporciona uma melhora no comportamento frente a dor, vista por meio do aumento do controle da dor, e por um autogerenciamento mais eficaz1010 Malfliet A, Kregel J, Meeus M, Roussel N, Danneels L, Cagnie B, Dolphens M, Nijs J. Blended-learning pain neuroscience education for people with chronic spinal pain: randomized controlled multicenter trial. Phys Ther. 2018;98(5):357-68.,4646 Galán-Martín MA, Montero-Cuadrado F, Lluch-Girbes E, Coca-López MC, Mayo-Iscar A, Cuesta-Vargas A. Pain neuroscience education and physical exercise for patients with chronic spinal pain in primary healthcare: a randomised trial protocol. BMC Musculoskelet Disord. 2019;20(1):505.. Nesse sentido, as modalidades digitais são cada vez mais usadas na área da saúde, pois permitem um leque maior de recursos interativos e inovadores que favorecem o aprendizado e a mudança comportamental frente a condição de saúde, principalmente ao se tratar de indivíduos com DC5151 Amorim AB Amorim AB, Pappas E, Simic M, Ferreira ML, Jennings M, Tiedemann A, Carvalho-E-Silva AP, Caputo E, Kongsted A, Ferreira PH, Pappas E, Simic M, Ferreira ML, Jennings M, Tiedemann A. Integrating Mobile-health, health coaching, and physical activity to reduce the burden of chronic low back pain trial (IMPACT): a pilot randomised controlled trial. BMC Musculoskelet Disord. 2019;20(1):71.,5252 Slattery BW, Haugh S, O’Connor L, Francis K, Dwyer CP, O’Higgins S, Egan J, McGuire BE. An evaluation of the effectiveness of the modalities used to deliver electronic health interventions for chronic pain: systematic review with network meta-analysis. J Med Internet Res. 2019;21(7):e11086.. Portanto, o uso das tecnologias digitais em saúde e a preferência do paciente devem ser levadas em consideração no desenvolvimento do plano terapêutico do paciente5151 Amorim AB Amorim AB, Pappas E, Simic M, Ferreira ML, Jennings M, Tiedemann A, Carvalho-E-Silva AP, Caputo E, Kongsted A, Ferreira PH, Pappas E, Simic M, Ferreira ML, Jennings M, Tiedemann A. Integrating Mobile-health, health coaching, and physical activity to reduce the burden of chronic low back pain trial (IMPACT): a pilot randomised controlled trial. BMC Musculoskelet Disord. 2019;20(1):71.,5252 Slattery BW, Haugh S, O’Connor L, Francis K, Dwyer CP, O’Higgins S, Egan J, McGuire BE. An evaluation of the effectiveness of the modalities used to deliver electronic health interventions for chronic pain: systematic review with network meta-analysis. J Med Internet Res. 2019;21(7):e11086..

Este estudo se destaca por buscar informações de satisfação e percepção acerca do Programa de Educação em Neurociência da Dor sob a ótica do usuário. Essas informações são úteis para garantir a qualidade do serviço e adesão às atividades que são propostas ao longo do PEND. No entanto, é necessário que estudos com maior qualidade metodológica, a exemplo de ensaios clínicos randomizados, sejam conduzidos para que os resultados possam ser extrapolados. Outra limitação deste estudo foi que as atividades dos grupos foram realizadas em diferentes períodos e contextos, tendo o grupo online realizado o PEND durante a pandemia, o que certamente gerou um viés contextual.

CONCLUSÃO

Este estudo concluiu que, em geral, houve satisfação e aumento da percepção de melhora em diferentes aspectos biopsicossociais reportados pelos participantes do PEND, que foi ofertado tanto na modalidade presencial quanto online.

Os resultados desta pesquisa ressaltaram que a modalidade presencial promoveu maior satisfação dos participantes com relação à explicação sobre o tratamento ofertado, sobre formas de evitar futuros problemas e sobre o retorno para futuros atendimentos na mesma modalidade. A modalidade presencial também de proporcionou uma maior percepção dos indivíduos no que concerne à melhora da relação com outras pessoas e ao aumento do nível de atividade física.

Este estudo sugere que tanto a modalidade presencial quanto a modalidade online proporcionam benefícios aos indivíduos com DC. Além disso, que estratégias de comunicação, interação social e planejamento terapêutico personalizado devem ser consideradas para aumentar a satisfação e adesão à intervenção na modalidade online.

  • Fontes de fomento: não há.

REFERENCES

  • 1
    Janevic MR, McLaughlin SJ, Heapy AA, Thacker C, Piette JD. Racial and socioeconomic disparities in disabling chronic pain: findings from the health and retirement study. J Pain. 2017;18(12):1459-67.
  • 2
    Raja SN, Carr DB, Cohen M, Finnerup NB, Flor H, Gibson S, Keefe FJ, Mogil JS, Ringkamp M, Sluka KA, Song XJ, Stevens B, Sullivan MD, Tutelman PR, Ushida T, Vader K. The revised International Association for the Study of Pain definition of pain: concepts, challenges, and compromises. Pain. 2020;161(9):1976-82.
  • 3
    DeSantana JM, Perissinotti DM, Oliveira Junior JO, Correia LM, Oliveira CM, Fonseca PR. Tradução para a língua portuguesa da definição revisada de dor pela Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor. BrJP. 2020;3(3):197-8.
  • 4
    Rahavard BB, Candido KD, Knezevic NN. Different pain responses to chronic and acute pain in various ethnic/racial groups. Pain Manag. 2017;7(5):427-53.
  • 5
    IsHak WW, Wen RY, Naghdechi L, Vanle B, Dang J, Knosp M, Dascal J, Marcia L, Gohar Y, Eskander L, Yadegar J, Hanna S, Sadek A, Aguilar-Hernandez L, Danovitch I, Louy C. Pain and depression: a systematic review. Harv Rev Psychiatry. 2018;26(6):352-63.
  • 6
    Howarth A, Riaz M, Perkins-Porras L, Smith JG, Subramaniam J, Copland C, Hurley M, Beith I, Ussher M. Pilot randomised controlled trial of a brief mindfulness-based intervention for those with persistent pain. J Behav Med. 2019;42(6):999-1014.
  • 7
    Wijma AJ, van Wilgen CP, Meeus M, Nijs J. Clinical biopsychosocial physiotherapy assessment of patients with chronic pain: The first step in pain neuroscience education. Physiother Theory Pract 2016;32(5):368-84.
  • 8
    Mills KM, Preston EB, Choffin Schmitt BM, Brochu HK, Schafer EA, Robinette PE, Sterling EK, Coronado RA. Embedding pain neuroscience education in the physical therapy management of patients with chronic plantar fasciitis: a prospective case series. J Man Manip Ther. 2021;29(3):158-67
  • 9
    Louw A, Zimney K, Puentedura EJ, Diener I. The efficacy of pain neuroscience education on musculoskeletal pain: a systematic review of the literature. Physiother Theory Pract. 2016;32(5):332-55.
  • 10
    Malfliet A, Kregel J, Meeus M, Roussel N, Danneels L, Cagnie B, Dolphens M, Nijs J. Blended-learning pain neuroscience education for people with chronic spinal pain: randomized controlled multicenter trial. Phys Ther. 2018;98(5):357-68.
  • 11
    O’Keeffe M, O’Sullivan P, Purtill H, Bargary N, O’Sullivan K. Cognitive functional therapy compared with a group-based exercise and education intervention for chronic low back pain: a multicentre randomised controlled trial (RCT). Br J Sports Med. 2020;54(13):782-9.
  • 12
    Wood L, Hendrick PA. A systematic review and meta-analysis of pain neuroscience education for chronic low back pain: Short-and long-term outcomes of pain and disability. Eur J Pain. 2019;23(2):234-49.
  • 13
    Resolução no 516, de 20 de Março De 2020 - Teleconsulta, Telemonitoramento e Teleconsultoria [Internet]. Available from: https://www.coffito.gov.br/nsite/?p=15825
    » https://www.coffito.gov.br/nsite/?p=15825
  • 14
    Lin J, Paganini S, Sander L, Lüking M, Ebert DD, Buhrman M, Andersson G, Baumeister H. An internet-based intervention for chronic pain. Dtsch Arztebl Int. 2017;114(41):681-8.
  • 15
    Axelsson E, Andersson E, Ljótsson B, Björkander D, Hedman-Lagerlöf M, Hedman-Lagerlöf E. Effect of internet vs face-to-face cognitive behavior therapy for health anxiety: a randomized noninferiority clinical trial. JAMA Psychiatry. 2020;77(9):915-24.
  • 16
    Romero-Blanco C, Rodríguez-Almagro J, Onieva-Zafra MD, Parra-Fernández ML, Prado-Laguna MDC, Hernández-Martínez A. Physical activity and sedentary lifestyle in university students: changes during confinement due to the covid-19 pandemic. Int J Environ Res Public Health. 2020;17(18):1-13.
  • 17
    Pong RW, DesMeules M, Heng D, Lagacé C, Guernsey JR, Kazanjian A, Manuel D, Pitblado JR, Bollman R, Koren I, Dressler MP, Wang F, Luo W. Patterns of health services utilization in rural Canada. Chronic Dis Inj Can. 2011;31(Suppl 1):1-36.
  • 18
    Bath B, Trask C, McCrosky J, Lawson J. A biopsychosocial profile of adult Canadians with and without chronic back disorders: a population-based analysis of the 2009-2010 Canadian community health surveys. Biomed Res Int. 2014;2014:919621.
  • 19
    Alan Lee C, Finnin K, Holdsworth L, Millette SD, Peterson CC. Report of the WCPT/INPTRA digital physical therapy World Confederation for. 2019;7(15):1-22
  • 20
    Dario AB, Moreti Cabral A, Almeida L, Ferreira ML, Refshauge K, Simic M, Pappas E, Ferreira PH. Effectiveness of telehealth-based interventions in the management of non-specific low back pain: a systematic review with meta-analysis. Spine J. 2017;17(9):1342-51.
  • 21
    Nelson M, Bourke M, Crossley K, Russell T. Telerehabilitation is non-inferior to usual care following total hip replacement - a randomized controlled non-inferiority trial. Physiotherapy. 2019;107:19-27.
  • 22
    Nissen L, Lindhardt T. A qualitative study of COPD-patients’ experience of a telemedicine intervention. Int J Med Inform. 2017;107:11-7.
  • 23
    Hanlon P, Daines L, Campbell C, Mckinstry B, Weller D, Pinnock H. Telehealth interventions to support self-management of long-term conditions: a systematic metareview of diabetes, heart failure, asthma, chronic obstructive pulmonary disease, and cancer. J Med Internet Res. 2017;19(5):e172.
  • 24
    Puntillo F, Giglio M, Brienza N, Viswanath O, Urits I, Kaye AD, Pergolizzi J, Paladini A, Varrassi G. Impact of COVID-19 pandemic on chronic pain management: looking for the best way to deliver care. Best Pract Res Clin Anaesthesiol. 2020;34(3):529-37.
  • 25
    von Elm E, Altman DG, Egger M, Pocock SJ, Gøtzsche PC, Vandenbroucke JP. The Strengthening the Reporting of Observational Studies in Epidemiology (STROBE) statement: guidelines for reporting observational studies. J Clin Epidemiol. 2008;61(4):344-9.
  • 26
    Reis FJJ, Bengaly AGC, Valentim JCP, Santos LC, Martins EF, O’Keeffe M, Meziat-Filho N, Nogueira LC. An E-Pain intervention to spread modern pain education in Brazil. Braz J Phys Ther. 2017;21(5):305-6.
  • 27
    de Fátima Costa Oliveira N, Oliveira Pena Costa L, Nelson R, Maher CG, Beattie PF, de Bie R, Oliveira W, Camara Azevedo D, da Cunha Menezes Costa L. Measurement properties of the Brazilian Portuguese version of the MedRisk instrument for measuring patient satisfaction with physical therapy care. J Orthop Sports Phys Ther. 2014;44(11):879-89.
  • 28
    Leão Ferreira KA, Bastos TR, Andrade DC, Silva AM, Appolinario JC, Teixeira MJ, Latorre MD. Prevalence of chronic pain in a metropolitan area of a developing country: a population-based study. Arq Neuropsiquiatr. 2016;74(12):990-8.
  • 29
    Hayar MASP, Salimene AC de M, Karsch UM, Imamura M. Envelhecimento e dor crônica: um estudo sobre mulheres com fibromialgia. Acta Fisiátrica. 2014;21(3):107-12.
  • 30
    Grace-Farfaglia P. Social cognitive theories and electronic health design: scoping review. JMIR Hum Factors. 2019;6(3):e11544.
  • 31
    Keogh E, Rosser BA, Eccleston C. e-Health and chronic pain management: current status and developments. Pain. 2010;151(1):18-21.
  • 32
    Grossman LV, Masterson Creber RM, Ancker JS, Ryan B, Polubriaginof F, Qian M, Alarcon I, Restaino S, Bakken S, Hripcsak G, Vawdrey DK. Technology access, technical assistance, and disparities in inpatient portal use. Appl Clin Inform. 2019.10(1):40-50.
  • 33
    Reiners F, Sturm J, Bouw LJW, Wouters EJM. Sociodemographic factors influencing the use of ehealth in people with chronic diseases. Int J Environ Res Public Health. 2019;16(4):645.
  • 34
    Paasche-Orlow MK, Riekert KA, Bilderback A, Chanmugam A, Hill P, Rand CS, Brancati FL, Krishnan JA. Tailored education may reduce health literacy disparities in asthma self-management. Am J Respir Crit Care Med. 2005;172(8):980-6.
  • 35
    Yadav UN, Hosseinzadeh H, Lloyd J, Harris MF. How health literacy and patient activation play their own unique role in self-management of chronic obstructive pulmonary disease (COPD)? Chron Respir Dis. 2019;16:1479973118816418.
  • 36
    Erden A, Topbaş M. Turkish validity and reliability of the patient satisfaction scale in physiotherapy for patients with musculoskeletal pain. J Back Musculoskelet Rehabil. 2019;32(2):197-203.
  • 37
    Cordeiro De Medeiros F, Oliveira Pena Costa L, De Fátima N, Oliveira C, Da L, Menezes Costa C. Satisfação de pacientes que recebem cuidados fisioterapêuticos para condições musculoesqueléticas: um estudo transversal. Fisioter Pesqui. 2016;23(1):105-10.
  • 38
    Manzoni ACT, Fagundes FRC, Fuhro FF, Cabral CMN. Translation, cross-cultural adaptation to brazilian portuguese, and analysis of measurement properties of the consultation and relational empathy measure. J Chiropr Med. 2019;18(2):106-14.
  • 39
    De Paula DAG, Piatti NCTP, Costa LM, Chiavegato LD. Satisfaction levels with physical therapy in hospitalized patients. Braz J Phys Ther. 2020;;24(2):118-23.
  • 40
    Diener I, Kargela M, Louw A. Listening is therapy: patient interviewing from a pain science perspective. Physiother Theory Pract. 2016;32(5):356-67.
  • 41
    Granados-Gámez G, Sáez-Ruiz IM, Márquez-Hernández VV, Ybarra-Sagarduy JL, Aguilera-Manrique G, Gutiérrez-Puertas L. Systematic review of measurement properties of self-reported instruments for evaluating therapeutic communication. West J Nurs Res. 2020;43(8):791-804.
  • 42
    Emerick T, Alter B, Jarquin S, Brancolini S, Bernstein C, Luong K, Morrisseyand S, Wasan A. Telemedicine for chronic pain in the COVID-19 era and beyond. Pain Med. 2020;21(9):1743-8.
  • 43
    Hohenschurz-Schmidt D, Scott W, Park C, Christopoulos G, Vogel S, Draper-Rodi J. Remote management of musculoskeletal pain: a pragmatic approach to the implementation of video and phone consultations in musculoskeletal practice. Pain Rep. 2020;5(6):e878.
  • 44
    Orlando JF, Beard M, Kumar S. Systematic review of patient and caregivers’ satisfaction with telehealth videoconferencing as a mode of service delivery in managing patients’ health. PLoS One. 2019;14(8):e0221848.
  • 45
    Lee G, Adams R, Oh T-Y. Factor structure of a Korean-Language version of the patient satisfaction with procedural aspects of physical therapy instrument. J Korean Soc Phys Ther. 2013;25(3):160-6.
  • 46
    Galán-Martín MA, Montero-Cuadrado F, Lluch-Girbes E, Coca-López MC, Mayo-Iscar A, Cuesta-Vargas A. Pain neuroscience education and physical exercise for patients with chronic spinal pain in primary healthcare: a randomised trial protocol. BMC Musculoskelet Disord. 2019;20(1):505.
  • 47
    Saragiotto BT, Fioratti I, Tiedemann A, Hancock MJ, Yamato TP, Wang SSY, Chau JY, Lin CC. The effectiveness of strategies to promote walking in people with musculoskeletal disorders: a systematic review with meta-analysis. J Orthop Sports Phys Ther. 2020;50(11):597-606.
  • 48
    Kunstler BE, Cook JL, Freene N, Finch CF, Kemp JL, O’Halloran PD, Gaida JE. Physiotherapist-Led Physical activity interventions are efficacious at increasing physical activity levels: a systematic review and meta-analysis. Clin J Sport Med. 2018;28(3):304-15.
  • 49
    Ammar A, Brach M, Trabelsi K, Chtourou H, Boukhris O, Masmoudi L, et al. Effects of COVID-19 home confinement on eating behaviour and physical activity: results of the ECLB-COVID19 International Online Survey. Nutrients. 2020;12(6):1583.
  • 50
    Geneen LJ, Moore RA, Clarke C, Martin D, Colvin LA, Smith BH. Physical activity and exercise for chronic pain in adults: an overview of Cochrane Reviews. Cochrane Database Syst Rev. 2017;1(1):CD011279.
  • 51
    Amorim AB Amorim AB, Pappas E, Simic M, Ferreira ML, Jennings M, Tiedemann A, Carvalho-E-Silva AP, Caputo E, Kongsted A, Ferreira PH, Pappas E, Simic M, Ferreira ML, Jennings M, Tiedemann A. Integrating Mobile-health, health coaching, and physical activity to reduce the burden of chronic low back pain trial (IMPACT): a pilot randomised controlled trial. BMC Musculoskelet Disord. 2019;20(1):71.
  • 52
    Slattery BW, Haugh S, O’Connor L, Francis K, Dwyer CP, O’Higgins S, Egan J, McGuire BE. An evaluation of the effectiveness of the modalities used to deliver electronic health interventions for chronic pain: systematic review with network meta-analysis. J Med Internet Res. 2019;21(7):e11086.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    14 Abr 2023
  • Data do Fascículo
    Jan-Mar 2023

Histórico

  • Recebido
    28 Jun 2022
  • Aceito
    13 Fev 2023
Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor Av. Conselheiro Rodrigues Alves, 937 Cj2 - Vila Mariana, CEP: 04014-012, São Paulo, SP - Brasil, Telefones: , (55) 11 5904-2881/3959 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: dor@dor.org.br