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Desempenho e condições de trabalho dos fisioterapeutas nas unidades de terapia intensiva brasileiras durante a pandemia da COVID-19. O que aprendemos?

RESUMO

Objetivo:

Descrever o papel dos fisioterapeutas na assistência a pacientes com suspeita ou diagnóstico da COVID-19 internados em unidades de terapia intensiva no Brasil em relação a: formação técnica, tempo de trabalho, prática assistencial, condições de trabalho e remuneração.

Métodos:

Foi realizado um inquérito transversal analítico com questionário eletrônico distribuído aos fisioterapeutas que atuavam no atendimento de pacientes com COVID-19 em unidades de terapia intensiva brasileiras.

Resultados:

Foram preenchidos 657 questionários por fisioterapeutas das cinco regiões do país, sendo que 85,3% trabalhavam em unidades de terapia intensiva adulto, 5,4% em neonatal, 5,3% em pediátrica e 3,8% em unidades de terapia intensiva mista (pediátrica e neonatal). Nas unidades de terapia intensiva com um fisioterapeuta disponível 24 horas por dia, os fisioterapeutas trabalharam com mais frequência (90,6%) na montagem, titulação e monitoramento da ventilação não invasiva (p = 0,001). A maioria das UTIs com fisioterapia 12 horas por dia (25,8%) não aplicou nenhum protocolo comparativamente às unidades de terapia intensiva com fisioterapia 18 horas por dia (9,9%) e às de 24 horas por dia (10,2%) (p = 0,032). A maioria dos entrevistados (51,0%) recebia remuneração de duas a três vezes o salário mínimo, e apenas 25,1% recebiam pagamento adicional por trabalhar com pacientes com suspeita ou diagnóstico da COVID-19; 85,7% deles não enfrentaram falta de Equipamentos de Proteção Individual.

Conclusão:

As unidades de terapia intensiva com fisioterapeutas 24 horas por dia apresentaram maiores porcentagens de protocolos e ventilação não invasiva para pacientes com COVID-19. A utilização de recursos específicos variou entre os tipos de unidades de terapia intensiva e hospitais e em relação às condições de trabalho dos fisioterapeutas. Este estudo mostrou que a maioria dos profissionais tinha pouca experiência em terapia intensiva e baixa remuneração.

Descritores:
COVID-19; Fisioterapeutas; Inquéritos e questionários; Riscos ocupacionais; Capacitação profissional; Jornada de trabalho; Remuneração; Unidades de terapia intensiva

ABSTRACT

Objective:

To describe the role of physiotherapists in assisting patients suspected to have or diagnosed with COVID-19 hospitalized in intensive care units in Brazil regarding technical training, working time, care practice, labor conditions and remuneration.

Methods:

An analytical cross-sectional survey was carried out through an electronic questionnaire distributed to physiotherapists who worked in the care of patients with COVID-19 in Brazilian intensive care units.

Results:

A total of 657 questionnaires were completed by physiotherapists from the five regions of the country, with 85.3% working in adult, 5.4% in neonatal, 5.3% in pediatric and 3.8% in mixed intensive care units (pediatric and neonatal). In intensive care units with a physiotherapists available 24 hours/day, physiotherapists worked more frequently (90.6%) in the assembly, titration, and monitoring of noninvasive ventilation (p = 0.001). Most intensive care units with 12-hour/day physiotherapists (25.8%) did not apply any protocol compared to intensive care units with 18-hour/day physiotherapy (9.9%) versus 24 hours/day (10.2%) (p = 0.032). Most of the respondents (51.0%) received remuneration 2 or 3 times the minimum wage, and only 25.1% received an additional payment for working with patients suspected to have or diagnosed with COVID-19; 85.7% of them did not experience a lack of personal protective equipment.

Conclusion:

Intensive care units with 24-hour/day physiotherapists had higher percentages of protocols and noninvasive ventilation for patients with COVID-19. The use of specific resources varied between the types of intensive care units and hospitals and in relation to the physiotherapists’ labor conditions. This study showed that most professionals had little experience in intensive care and low wages.

Keywords:
COVID-19; Physiotherapists; Survey and questionnaires; Occupational risks; Professional training; Work hours; Remuneration; Intensive care units

INTRODUÇÃO

Em dezembro de 2019, na China, foram relatadas infecções respiratórias contagiosas causadas por um vírus desconhecido. Após vários estudos,(11 Chen Y, Liu Q, Guo D. Emerging coronaviruses: genome structure, replication, and pathogenesis. J Med Virol. 2020;92(4):418-23.

2 Peeri NC, Shrestha N, Rahman MS, Zaki R, Tan Z, Bibi S, et al. The SARS, MERS and novel coronavirus (COVID-19) epidemics, the newest and biggest global health threats: what lessons have we learned? Int J Epidemiol. 2020;49(3):717-26.
-33 Tinku J, Editor. International Pulmonologist’s Consensus on COVID-19. 2nd ed. India: Amrita Institute of Medical Sciences; 2020 [cited 2022 Jul 12]. Available from:https://www.saudedafamilia.org/coronavirus/artigos/international_pulmonologists_consensus.pdf
https://www.saudedafamilia.org/coronavir...
) descobriu-se que a etiologia dessa doença era atribuída a um novo vírus pertencente à família Coronaviridae, o coronavírus da síndrome respiratória aguda grave 2 (SARS-CoV-2). Esse vírus, capaz de infectar animais e humanos com rápida transmissão, causou a pandemia da doença pelo coronavírus 2019 (COVID-19), declarada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em fevereiro de 2020.(22 Peeri NC, Shrestha N, Rahman MS, Zaki R, Tan Z, Bibi S, et al. The SARS, MERS and novel coronavirus (COVID-19) epidemics, the newest and biggest global health threats: what lessons have we learned? Int J Epidemiol. 2020;49(3):717-26.,33 Tinku J, Editor. International Pulmonologist’s Consensus on COVID-19. 2nd ed. India: Amrita Institute of Medical Sciences; 2020 [cited 2022 Jul 12]. Available from:https://www.saudedafamilia.org/coronavirus/artigos/international_pulmonologists_consensus.pdf
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)

No Brasil, de acordo com o Ministério da Saúde, de fevereiro de 2020 até o início de junho de 2022, o número de casos confirmados foi de 31.153.069, com 666.997 óbitos. Houve redução no número de casos devido à vacinação; no entanto, atualmente, há um aumento no número de casos. Em 2020, o Brasil se tornou o epicentro dessa doença.(44 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Doença pelo novo Coronavírus - COVID-19. Boletim Epidemiológico Especial. Semana Epidemiológica 22 - 29/05 a 4/06/2022 [citado 2023 Ago 5]. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/centrais-de-conteudo/publicacoes/boletins/boletins-epidemiologicos/covid-19/2022/boletim-epidemiologico-no-116-boletim-coe-coronavirus.
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)

A COVID-19 causa febre e sintomas respiratórios, como tosse seca, fadiga, dispneia e pneumonia grave. O diagnóstico é clínico e confirmado por exames laboratoriais.(33 Tinku J, Editor. International Pulmonologist’s Consensus on COVID-19. 2nd ed. India: Amrita Institute of Medical Sciences; 2020 [cited 2022 Jul 12]. Available from:https://www.saudedafamilia.org/coronavirus/artigos/international_pulmonologists_consensus.pdf
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) Para seu tratamento, com foco no cuidado integral do paciente e na qualidade da assistência, é necessária uma equipe multiprofissional e várias estratégias de intervenção e tratamento.(55 Ribas CG, Neves VC, Souza EF, Koliski A, Carreiro JE. Practice recommendations for the physiotherapy in a pediatric intensive care unit: COVID-19. Med Clin Res Open Access. 2020;1(1):1-2.)

Os fisioterapeutas são profissionais da linha de frente contra a COVID-19, prestando assistência com o objetivo de melhorar a funcionalidade geral e a qualidade de vida dos pacientes. Sua principal função é a prevenção, a assistência e a recuperação desses indivíduos (em estado grave de saúde) e a continuidade da sua assistência após a alta hospitalar. No entanto, são escassos os estudos que investigaram o papel e as condições de trabalho dos fisioterapeutas no início da pandemia da COVID-19 no Brasil.(66 Pereira ER, Rodrigues BR, Gomes ES, Franco FS, Silveira LA, Cremonese M, et al. Importância da fisioterapia frente a pandemia provocada pelo novo Coronavírus. Braz J Dev. 2021;7(1):9020-30.)

Ciente de que os fisioterapeutas têm um papel importante nas unidades de terapia intensiva (UTIs) e que, no início da pandemia, houve uma relação desproporcional entre a crescente demanda de pacientes e a disponibilidade de recursos ideais para o tratamento, cabe avaliar as condições de trabalho desses profissionais e as oportunidades de capacitação técnica, uma vez que a pandemia foi uma situação inédita.

Assim, o principal objetivo deste estudo foi descrever o papel dos fisioterapeutas na assistência a pacientes com suspeita ou diagnóstico da COVID-19 internados nas UTIs do Brasil em relação a: capacitação técnica, tempo de trabalho, prática assistencial e condições de trabalho. Também foram comparados o tempo de atuação do fisioterapeuta na UTI com o uso de ventilação não invasiva (VNI) e o uso de protocolos; os diferentes tipos de UTIs em relação ao risco de aerossolização, o uso de VNI, a aplicação de protocolos e a capacitação da equipe; e os tipos de hospitais e as estratégias de proteção, capacitação, tipos de umidificação e participação do fisioterapeuta em comitês e deliberações.

MÉTODOS

Trata-se de um inquérito analítico e transversal realizado com um questionário eletrônico distribuído aos fisioterapeutas que trabalhavam na assistência a indivíduos com suspeita ou diagnóstico da COVID-19 nas UTIs do Brasil. Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da instituição envolvida (nº 4.447.861) e pelo Comitê de Pesquisa Clínica da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB, AMIB-net).

Para o cálculo do tamanho da amostra, considerou-se 10% do número de fisioterapeutas registrados na AMIB (total de 5.000) que trabalhavam em UTIs neonatais, pediátricas e mistas (neonatais e pediátricas) e UTIs adulto no Brasil. Assim, o tamanho amostral mínimo estimado foi de 500 participantes no inquérito.

Por se tratar de um estudo de abrangência nacional que buscou atingir a maioria dos fisioterapeutas que trabalhavam diretamente nas UTIs brasileiras, foi enviado um link para acesso ao questionário eletrônico por e-mail, mensagens telefônicas e redes sociais (estratégia de amostragem não aleatória, ou seja, amostragem por conveniência). Os Termos de Consentimento Livre e Esclarecido, para esclarecer os possíveis riscos e benefícios da pesquisa, foram disponibilizados aos participantes, com o link para acesso ao questionário.

O questionário eletrônico foi preparado por fisioterapeutas com experiência em terapia intensiva e que trabalham em hospitais de referência na assistência a pacientes com suspeita ou diagnóstico da COVID-19. Preparou-se o questionário com o Google Forms, que é acessado on-line e de maneira gratuita. Realizou-se um teste-piloto com 14 respondentes para avaliar a adequação do questionário antes de ser enviado aos fisioterapeutas da amostra deste estudo.

O instrumento continha 55 questões divididas em 6 seções, abrangendo os seguintes temas: características dos participantes, características da UTI, dados referentes a capacitação e protocolos de assistência fisioterapêutica, uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) disponíveis aos profissionais e aspectos da atuação do fisioterapeuta na assistência clínica nesse contexto (Material Suplementar).

Os dados coletados foram tabulados em uma planilha do Microsoft Office Excel versão 2007, com variáveis quantitativas apresentadas como proporções e frequências, levando em conta a natureza e a especificidade dos dados. Como as variáveis apresentadas eram categóricas, utilizou-se o teste exato de Fisher para comparar o tempo de atuação do fisioterapeuta na UTI com o uso de VNI e o uso de protocolos; os tipos de UTIs e risco de aerossolização, uso de VNI, aplicação de protocolos e treinamento da equipe; e os tipos de hospitais e estratégias de proteção, treinamento, tipos de umidificação, comitês e deliberações. As análises foram realizadas com o software R (R Core Team, 2015) e, em todas as análises, os valores de p < 0,05 foram considerados estatisticamente significativos.

RESULTADOS

Analisaram-se 657 respostas de fisioterapeutas atuantes de todos os estados brasileiros. Em 79% dos hospitais, os fisioterapeutas trabalhavam exclusivamente em UTI e, em 66,2% das UTIs, o total de leitos era de 10 a 20; em 80,0% dos hospitais, havia 1 fisioterapeuta responsável por 6 a 10 leitos. A tabela 1 mostra a distribuição dos entrevistados segundo a região do país, a função do fisioterapeuta participante, o tempo de trabalho, o tipo de UTI e o tipo de hospital em que trabalhavam.

Tabela 1
Características da amostra

A tabela 2 apresenta a comparação entre o tempo em que o fisioterapeuta trabalhou na UTI e o uso de VNI e protocolos. A VNI e os protocolos foram usados com mais frequência nas UTIs que tinham fisioterapia 24 horas por dia (p = 0,006; p = 0,032, respectivamente).

Tabela 2
Comparação entre o tempo de atuação do fisioterapeuta na unidade de terapia intensiva e a aplicação de ventilação não invasiva e uso de protocolos

Comparamos os diferentes tipos de UTIs em relação ao risco de aerossolização, uso de VNI, aplicação de protocolos e capacitação da equipe. Os resultados mostraram que, mesmo no início da pandemia, a VNI foi usada em pacientes de todas as idades, com diferentes tipos de interfaces. As UTIs pediátricas usaram mais trocadores de calor e umidade (HMEs) e filtros de ar particulado de alta eficiência (HEPA) do que outros tipos de UTIs (p < 0,001). A tabela 3 apresenta resultados adicionais.

Tabela 3
Comparação entre unidades de terapia intensiva que atendem a diferentes faixas etárias em relação ao risco de aerossolização, uso de ventilação não invasiva, aplicação de protocolos e capacitação da equipe no Brasil

Em relação aos diferentes tipos de hospitais, a disponibilidade de EPIs para a equipe não foi significativamente diferente (p = 0,569). Os hospitais universitários e privados usaram mais frequentemente salas com pressão negativa (13,4% e 17%, respectivamente) do que os públicos (9,3%; p = 0,018). Os resultados também mostraram que os hospitais universitários capacitaram suas equipes com mais frequência (79,3%) do que os hospitais públicos (65,8%, p = 0,020), mas não houve diferença em relação aos outros tipos de hospitais (Tabela 4).

Tabela 4
Comparação entre tipos de hospitais e estratégias de proteção, capacitação, tipos de umidificação e participação em comitês deliberativos no Brasil

Algumas variáveis, como o uso de oxigenoterapia com cânula nasal de alto fluxo (CNAF), a participação do fisioterapeuta no processo de intubação traqueal e o risco de aerossolização, não apresentaram diferença estatisticamente significativa entre os hospitais.

Com relação à remuneração, a maioria dos fisioterapeutas respondentes (51,0%) recebia duas ou três vezes o salário mínimo. Com relação ao pagamento adicional, 66,7% dos fisioterapeutas recebiam adicional de periculosidade e apenas 25,11% recebiam um pagamento máximo por trabalhar com indivíduos com suspeita ou diagnóstico da COVID-19. Embora 66,8% fossem especializados, apenas 48,7% tinham um título de especialista reconhecido pelo Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (COFITTO).

DISCUSSÃO

Devido à necessidade de aumentar o número de fisioterapeutas nas UTIs durante a pandemia da COVID-19, este inquérito mostrou um maior número de profissionais com 1 a 5 anos de experiência e baixos salários. Somado a estes fatores, a maioria dos participantes não recebeu um pagamento máximo por trabalhar durante a pandemia.

O adicional de periculosidade era concedido para atividades laborais específicas e poderia ser suprimido ou reduzido diante da comprovação da eliminação ou redução da exposição do trabalhador por meio do uso de EPIs. Essa situação, denominada salário condicional, respalda o empregador na concessão ou não do adicional de periculosidade máximo, conforme se verifica no Art. 191, II, da legislação trabalhista e na Norma Regulamentadora (NR-15).(77 Brasil. Ministério do Trabalho e Emprego. Norma Regulamentadora No. 15 (NR-15). Estabelece as atividades que devem ser consideradas insalubres, gerando direito ao adicional de insalubridade aos trabalhadores. Brasília (DF): Ministério do Trabalho e Previdência [citado 2023 Ago 5]. Disponível em: https://www.gov.br/trabalho-e-emprego/pt-br/acesso-a-informacao/participacao-social/conselhos-e-orgaos-colegiados/comissao-tripartite-partitaria-permanente/normas-regulamentadora/normas-regulamentadoras-vigentes/norma-regulamentadora-no-15-nr-15
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,88 Brasil. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Lei 6.514 de 22 de dezembro de 1977. Altera o capítulo V do título II da Consolidação das Leis do Trabalho, relativo a segurança e medicina do trabalho e dá outras providências. Brasília (DF):Casa Civil; 1977 [citado 2023 Ago 5]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6514.htm
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)

Este estudo mostrou que a mobilização precoce foi mais frequente nas UTIs pediátricas, mas sem diferença significativa em relação às UTIs de adultos e mistas. Os protocolos de mobilização e exercício físico devem observar cada estágio da doença e a condição clínica do paciente para promover efeitos benéficos e não causar efeitos adversos.(99 Wittmer VL, Paro FM, Duarte H, Capellini VK, Barbalho-Moulim MC. Early mobilization and physical exercise in patients with COVID-19: a narrative literature review. Complement Ther Clin Pract. 2021;43:101364.)

Os fisioterapeutas que atuaram nas UTI estavam entre os profissionais de saúde envolvidos na assistência aos pacientes com COVID-19 e desempenhavam papel fundamental no manejo das alterações posturais, mobilização precoce, manejo de VNI e desmame do suporte ventilatório mecânico invasivo.(1010 Lazzeri M, Lanza A, Bellini R, Bellofiore A, Cecchetto S, Colombo A, et al. Respiratory physiotherapy in patients with COVID-19 infection in acute setting: a position paper of the Italian Association of Respiratory Physiotherapists (ARIR). Monaldi Arch Chest Dis. 2020;90(1):163-8.) Dessa forma, enfatizamos a importância da atuação do fisioterapeuta no manejo e na assistência aos pacientes com COVID-19.

Este inquérito mostrou que os protocolos eram mais frequentes em UTIs com fisioterapeuta disponível 24 horas por dia. Estudos(1111 Shalish W, Sant’Anna GM. The use of mechanical ventilation protocols in Canadian neonatal intensive care units. Paediatr Child Health. 2015;20(4):e13-9.

12 Ellis SM, Dainty KN, Munro G, Scales DC. Use of mechanical ventilation protocols in intensive care units: a survey of current practice. J Crit Care. 2012;27(6):556-63.
-1313 De Luca D, Rava L, Nadel S, Tissieres P, Gawronski O, Perkins E, et al. The EPICENTRE (ESPNIC Covid pEdiatric Neonatal Registry) initiative: background and protocol for the international SARS-CoV-2 infections registry. Eur J Pediatr. 2020;179(8):1271-8.) relatam que a implementação e a aplicação de protocolos ajudam a padronizar a assistência, aumentando o envolvimento da equipe multiprofissional e melhorando a qualidade e a segurança da assistência. Estudos prévios(1414 Bacci SL, Johnston C, Hattori WT, Pereira JM, Azevedo VM. Mechanical ventilation weaning practices in neonatal and pediatric ICUs in Brazil: the Weaning Survey-Brazil. J Bras Pneumol. 2020;46(4):e20190005-5.

15 Bacci SL, Pereira JM, Chagas AC, Carvalho LR, Azevedo VM. Role of physical therapists in the weaning and extubation procedures of pediatric and neonatal intensive care units: a survey. Braz J Phys Ther. 2020;23(4):317-23.
-1616 Rodrigues JP, Bacci SL, Pereira JM, Johnston C, Azevedo VM. Frequency and characterization of the use of cuffed tracheal tubes in neonatal and pediatric intensive care units in Brazil. Rev Bras Ter Intensiva. 2020;32(2):235-43.) relacionaram maior frequência de uso de protocolos com a presença de fisioterapeutas em UTIs.

Nossos resultados também mostraram que as UTIs com fisioterapeuta 24 horas por dia utilizavam VNI com maior frequência, sendo esse profissional o responsável pela sua montagem, pela titulação e pelo monitoramento em todos os tipos de UTIs. Pesquisas prévias reforçaram que os protocolos de ventilação mecânica estavam mais disponíveis em UTIs cujos fisioterapeutas tinham responsabilidade exclusiva ou compartilhada pelo manejo do suporte ventilatório.(1111 Shalish W, Sant’Anna GM. The use of mechanical ventilation protocols in Canadian neonatal intensive care units. Paediatr Child Health. 2015;20(4):e13-9.,1717 Shalish W, Lakshminrusimha S, Manzoni P, Keszler M, Sant’Anna GM. COVID-19 and neonatal respiratory care: current evidence and practical approach. Am J Perinatol. 2020;37(8):780-91.)

A aplicação de VNI e CNAF, bem como os procedimentos de aspiração intratraqueal e intubação traqueal, aumentam o risco de produção de aerossóis e de contaminação ambiental.(1818 Jackson T, Deibert D, Wyatt G, Durand-Moreau Q, Adisesh A, Khunti K, et al. Classification of aerosol-generating procedures: a rapid systematic review. BMJ Open Respir Res. 2020;7(1):e000730.) Recomenda-se a utilização de uma sala de pressão negativa e o uso adequado de EPIs durante os procedimentos com geração de aerossóis.(1919 World Health Organization (WHO). Clinical management of severe acute respiratory infection (SARI) when COVID-19 disease is suspected: interim guidance, 13 March 2020. Geneva: WHO; 2020 [cited 2023 Aug 5]. Available from: https://apps.who.int/iris/handle/10665/331446
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) No entanto, os resultados desta pesquisa mostraram que a maioria dos hospitais não utilizava uma sala de pressão negativa.

O risco de aerossolização, especialmente em quartos com pacientes com suspeita ou diagnóstico da COVID-19, pode ser atenuado com o uso de filtros de umidificação passiva.(2020 Fink JB, Ehrmann S, Li J, Dailey P, McKiernan P, Darquenne C, et al. Reducing aerosol-related risk of transmission in the era of COVID-19: an interim guidance endorsed by the International Society of Aerosols in Medicine. J Aerosol Med Pulm Drug Deliv. 2020;33(6):300-4.) No entanto, o tipo de umidificação escolhido depende dos efeitos que terá sobre o paciente, como a estimativa de espaço morto, o aumento da resistência das vias aéreas e a eficiência na umidificação fornecida ao paciente.(2121 Gillies D, Todd DA, Foster JP, Batuwitage BT. Heat and moisture exchangers versus heated humidifiers for mechanically ventilated adults and children. Cochrane Database Syst Rev. 2017;9(9):CD004711.

22 Kwon MA. The effect of a pediatric heat and moisture exchanger on dead space in healthy pediatric anesthesia. Korean J Anesthesiol. 2012;62(5):418-22.
-2323 Lee JE, Kim JH, Kim SO. Misinterpretation of carbon dioxide monitoring because of deadspace of heat and moisture exchanger with a filter in pediatric anesthesia: a case report. Medicine (Baltimore). 2018;97(35):e12158.) Para pacientes pediátricos, é necessário considerar o peso e o volume corrente do paciente ao escolher o tipo de filtro.(1717 Shalish W, Lakshminrusimha S, Manzoni P, Keszler M, Sant’Anna GM. COVID-19 and neonatal respiratory care: current evidence and practical approach. Am J Perinatol. 2020;37(8):780-91.) Neste inquérito, a umidificação ativa associada a filtros HEPA foi a mais utilizada em UTIs neonatais e mistas. Por outro lado, o uso de HME + filtros HEPA foi maior em UTIs pediátricas em comparação com outros tipos de UTIs em hospitais universitários e em hospitais privados em comparação com hospitais públicos.

O uso de VNI e CNAF no início da pandemia foi bastante restrito devido ao risco de aerossolização com esses recursos, e recomendava-se a intubação intratraqueal mais precoce.(2424 Windisch W, Weber-Carstens S, Kluge S, Rossaint R, Welte T, Karagiannidis C. Invasive and non-invasive ventilation in patients with COVID-19. Dtsch Arztebl Int. 2020;117(31-32):528-33.) No entanto, evidências recentes demonstraram a necessidade de usar essas terapias para o tratamento da insuficiência respiratória, desde que aplicadas corretamente, seguindo as indicações e tomando cuidado para evitar a disseminação de aerossóis, usando a interface mais viável ao paciente e os EPIs adequados.(2525 Carlotti AP, de Carvalho WB, Johnston C, Gilio AE, de Sousa Marques HH, Ferranti JF, et al. Update on the diagnosis and management of COVID-19 in pediatric patients. Clinics (Sao Paulo). 2020;75:e2353.) O uso da VNI reduz significativamente as taxas de mortalidade hospitalar, a intubação e o tempo de internação entre os pacientes com COVID-19.(2626 Wang Z, Wang Y, Yang Z, Wu H, Liang J, Liang H, et al. The use of non-invasive ventilation in COVID-19: A systematic review. Int J Infect Dis. 2021;106:254-61.) No entanto, o uso incorreto desses recursos também pode causar danos e até mesmo a morte em casos graves.(2727 Arulkumaran N, Brealey D, Howell D, Singer M. Use of non-invasive ventilation for patients with COVID-19: a cause for concern? Lancet Respir Med. 2020;8(6):e45.,2828 Thomas P, Baldwin C, Bissett B, Boden I, Gosselink R, Granger CL, et al. Physiotherapy management for COVID-19 in the acute hospital setting: clinical practice recommendations. J Physiother. 2020;66(2):73-82.)

Embora tenhamos ultrapassado o pico da pandemia, este estudo é importante porque descreve as condições de trabalho dos fisioterapeutas e o desempenho atual, o tempo de trabalho e a remuneração desses profissionais. A presença de um fisioterapeuta 24 horas por dia tem mostrado resultados importantes na prática clínica.

A principal limitação deste estudo é tratar-se de inquérito digital usando um único banco de dados e uma estratégia de amostragem não aleatória (amostragem por conveniência). Como o número exato de fisioterapeutas no Brasil que trabalham em UTIs não é conhecido, o número de profissionais pode ser maior do que o esperado. Os fisioterapeutas incluídos neste estudo podem ser aqueles que trabalham em centros de referência, em estados com maior renda e mais próximos de cursos e congressos da AMIB. Os fisioterapeutas filiados à AMIB foram mais facilmente contatados por e-mail, telefone e mídia social do que os fisioterapeutas que trabalham em regiões com renda menor e distantes de hospitais de referência maiores. Isso pode explicar a baixa proporção de fisioterapeutas que sentiram falta de EPI neste inquérito e ter superestimado os salários e a prevalência de especialização entre os profissionais do país.

CONCLUSÃO

As unidades de terapia intensiva com fisioterapeutas 24 horas por dia apresentaram as maiores proporções de protocolos e ventilação não invasiva entre os pacientes com COVID-19 e maior autonomia profissional, em relação ao uso de protocolos específicos de fisioterapia e manejo de ventilação não invasiva. A utilização de recursos específicos variou entre os tipos de unidades de terapia intensiva e de hospitais e em relação às condições de trabalho dos fisioterapeutas. Este estudo mostrou que a maioria dos profissionais tinha pouca experiência em terapia intensiva e baixa remuneração.

São necessários mais estudos para descrever o papel dos fisioterapeutas e suas condições de trabalho diante de crises sanitárias.

  • Editor responsável: Bruno Adler Maccagnan Pinheiro Besen

REFERENCES

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    22 Dez 2023
  • Data do Fascículo
    2023

Histórico

  • Recebido
    18 Out 2022
  • Aceito
    20 Jun 2023
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