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Revista do Hospital das Clínicas, Volume: 56, Número: 2, Publicado: 2001
  • Gasto energético após 2 ou 3 horas de cirurgia eletiva Original Articles

    Tannus, Andrea Ferreira Schuwartz; Carvalho, Roberta Loraine Valença de; Suen, Vivian Marques Miguel; Cardoso, João Batista; Okano, Nelson; Marchini, Júlio Sérgio

    Resumo em Português:

    A resposta metabólica ao trauma cirúrgico ocorre imediatamente após a cirurgia e recomenda-se que a oferta calórica, nesta situação, seja igual ao metabolismo basal acrescido de 20-30%, considerado fator de injúria. No entanto, níveis elevados de glicemia e aumento na produção de CO2 são freqüentemente observados nestas ocasiões . OBJETIVO: O principal objetivo do presente estudo foi medir o gasto energético basal, o gasto energético imediatamente e 24 horas após cirurgia eletiva; comparar o gasto e consumo energético entre estes diferentes períodos, assim como, procurar diferenças entre o homem e a mulher. MATERIAL E MÉTODO: O método utilizado para avaliar o gasto energético de 17 pacientes adultos (8 mulheres e 9 homens) foi por meio de calorimetria indireta, nos períodos basal, imediatamente após cirurgia e 24 horas após cirurgia . O tempo cirúrgico variou entre 2 e 3 horas. Este foi um estudo pareado , sendo portanto cada paciente considerado controle de si próprio. RESULTADOS: Todos os pacientes receberam no período pós-cirúrgico solução de dextrose a 5% (2000 mL/dia).Os resultados encontrados nos homens mostraram diminuição da produção de CO2 no período imediatamente após cirurgia (257±42 mL/min) quando comparado ao gasto energético basal (306±48 mL/min) e 24horas após a cirurgia (301±45 mL/min). O mesmo não ocorreu com as mulheres. O gasto energético dos homens também foi menor no imediatamente após a cirurgia (6,6 kJ/min). Todas outras medidas, incluindo oxidação do substrato, não mostraram diferenças significativas. CONCLUSÃO: Desta maneira, a cirurgia eletiva não pode ser considerado trauma importante que resulte em aumento do gasto energético. Conclui-se que a prescrição energética no pós-cirúrgico, de cirurgias eletivas de médio e pequeno porte, seja equivalente 5-7 kJ/min, evitando desta maneira que o paciente receba sobregarca de hidratos de carbono.

    Resumo em Inglês:

    Energy expenditure was measured by indirect calorimetry in 17 adult patients (8 women and 9 men) before surgery, 4 hours immediately after surgery , and 24 hours late after surgery in patients undergoing elective surgery of small-to-medium scope. MATERIAL AND METHODS: The total duration of surgery ranged from 2 to 3 hours. Repeated measures were performed on the same patient, so that each patient was considered to be his/her own control. All patients received a 5% dextrose solution (2000 mL/day) throughout the postoperative period. RESULTS: Men showed a reduction in CO2 production during the immediately after surgery period (257±42 mL/min) compared to before surgery (306±48 mL/min) and late after surgery (301±45 mL/min); this reduction was not observed in women. Energy expenditure was also lower in men during immediately after surgery (6.6 kJ/min). None of the other measurements, including substrate oxidation, showed significant differences. CONCLUSION: Therefore, elective surgery itself cannot be considered an important trauma that would result in increased energy expenditure. According to this study, it is not necessary to prescribe an energy supply exceeding basal expenditure during the immediate after-surgery period. The present results suggest that the energy supply prescribed during the postoperative period after elective surgery of small-to-medium scope should not exceed 5-7 kJ/min, so the patient does not receive a carbohydrate overload from energy supplementation.
  • Custo de medicamentos produzidos pelo Hospital Universitário, papel da Farmácia Central Original Articles

    Marin, Marcia Lucia M.; Chaves, Cleuber E.; Zanini, Antonio C.; Faintuch, Joel; Faintuch, Daniel; Cipriano, Sonia L.

    Resumo em Português:

    A Farmácia Hospitalar em instituições avançadas e de grande porte evoluiu de uma simples unidade de armazenamento e distribuição, para um centro de manipulação altamente especializado, responsável pelo processamento de centenas de requisições clínicas, muitas delas únicas e não disponíveis de fontes comerciais. Foi perfeitamente natural portanto que em muitos ambientes, um Serviço Industrial fosse gradualmente estabelecido, visando responder a demandas tanto convencionais como extraordinárias da equipe médica. Tal foi o caso do Hospital das Clínicas, onde múltiplas categorias de fármacos são rotineiramente elaboradas nas dependências da Farmácia. Entretanto, imperativos de contenção de gastos determinam que tais atividades sejam reajuizadas sob o prisma de sua eficiência e essencialidade. MÉTODOS: Num estudo prospectivo, a produção do Serviço Industrial da Farmácia Central durante um período de 12 meses foi documentada, e classificada em três modalidades. O Grupo I abrangia medicamentos similares a outros fornecidos comercialmente, no Grupo II foram listadas formulações de composição exclusiva, e finalmente o Grupo III espelhava pedidos especiais voltados para investigações clínicas. RESULTADOS: Os achados das diversas categorias assinalaram que 34,4%, 45,3% e 20,3% dos medicamentos elaborados correspondiam a estes três grupos, respectivamente.Os custos industriais foram calculados para os fármacos do Grupo I e comparados com valores de mercado, chegando-se a uma economia de 63,5%.Quando extrapolada para os outros dois grupos, relativamente aos quais não se contava com preços comerciais diretamente equivalentes, atingiu-se uma estimativa superior a 5 100 000 dólares de economia durante um ano de operação. Mesmo levando-se em conta que tais contas deixaram de lado muitos custos, notavelmente aqueles subordinados à comercialização e distribuição, foi lícito concluir que pelo menos parte da economia citada era verdadeira. CONCLUSÕES: A economia observada, em combinação com a eficiência e confiabilidade com que a Farmácia desempenhou suas obrigações, vieram ao encontro do ponto de vista de que a manufatura interna de drogas foi uma alternativa vantajosa sob o prisma de custos, no contexto descrito.

    Resumo em Inglês:

    The hospital pharmacy in large and advanced institutions has evolved from a simple storage and distribution unit into a highly specialized manipulation and dispensation center, responsible for the handling of hundreds of clinical requests, many of them unique and not obtainable from commercial companies. It was therefore quite natural that in many environments, a manufacturing service was gradually established, to cater to both conventional and extraordinary demands of the medical staff. That was the case of Hospital das Clinicas, where multiple categories of drugs are routinely produced inside the pharmacy. However, cost-containment imperatives dictate that such activities be reassessed in the light of their efficiency and essentiality. METHODS: In a prospective study, the output of the Manufacturing Service of the Central Pharmacy during a 12-month period was documented and classified into three types. Group I comprised drugs similar to commercially distributed products, Group II included exclusive formulations for routine consumption, and Group III dealt with special demands related to clinical investigations. RESULTS: Findings for the three categories indicated that these groups represented 34.4%, 45.3%, and 20.3% of total manufacture orders, respectively. Costs of production were assessed and compared with market prices for Group 1 preparations, indicating savings of 63.5%. When applied to the other groups, for which direct equivalent in market value did not exist, these results would suggest total yearly savings of over 5 100 000 US dollars. Even considering that these calculations leave out many components of cost, notably those concerning marketing and distribution, it might still be concluded that at least part of the savings achieved were real. CONCLUSIONS: The observed savings, allied with the convenience and reliability with which the Central Pharmacy performed its obligations, support the contention that internal manufacture of pharmaceutical formulations was a cost-effective alternative in the described setting.
  • Mortalidade por cânceres gástrico e colorretal em uma área urbana-industrial do Brasil Original Articles

    Medrado-Faria, Marcilia de Araujo; Almeida, José Wilson Rodrigues de; Zanetta, Dirce Maria Trevisan

    Resumo em Português:

    OBJETIVO: Estudar a mortalidade por cânceres gástrico e colorretal na Baixada Santista, região Sudeste do Brasil, onde situa-se importante complexo urbano-industrial. MÉTODO: Dos registros da Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (SEADE), obteve-se 1105 óbitos por câncer gástrico (CID 153-154) e 690 por câncer colorretal (CID 151), ocorridos em homens acima dos dez anos, residentes na Baixada Santista no período de 1980 a 1993, que encontram-se distribuídos entre os quatro municípios vinculados ao complexo industrial-portuário (área industrializada) e os quatro municípios situados fora dele (área não industrializada). Para cada câncer e para as áreas foram calculadas as taxas de mortalidade, padronizadas pela população mundial de 1960. Calculou-se então as razões entre essas taxas nos períodos de 1980-93, 1980-86 e 1987-93. RESULTADOS: As taxas de mortalidade para o câncer colorretal foram significantemente mais altas na área industrializada com razões de 1,6 [IC 1,22 -- 2,29], 1,6 [IC 1,2 -- 2,0] e 1,6 [IC 1,3 -- 2,0], respectivamente nos períodos de 1980-86, 1987-93 e 1980-93. O câncer gástrico não apresentou diferença entre as áreas industrializadas e não industrializadas, mas decresceu significantemente na Baixada Santista entre os períodos de 1980-86 e 1987-93. CONCLUSÕES: O excesso de mortalidade por câncer colorretal na área industrializada pode estar relacionado com a exposição a numerosos carcinogênicos orgânicos (hidrocarbonetos aromáticos e alifáticos clorados) e metais (cádmio, cromo e níquel) presentes na região. A diferença não significante para o câncer gástrico entre as duas áreas e o decréscimo nos últimos anos estaria refletindo predominantemente os avanços na qualidade de vida nas áreas urbanas. Esses resultados demandam a realização de estudos caso-controle para analisar as associações entre esses cânceres e os fatores ambientais (ocupacionais, urbano-industriais, hábitos, condições de vida e suscetibilidade genética).

    Resumo em Inglês:

    PURPOSE: To study the gastric and colorectal cancer mortalities and their relation to the urban-industrialization in Baixada Santista, located in the southeastern region of Brazil. METHODS: Selected from the registries of the State System of Data Analysis Foundation (SEADE) were 1105 deaths due to gastric cancer (ICD 153--154) and 690 due to colorectal cancer (ICD 151) that occurred from 1980 to 1993 in males, above 10 years of age, residing in Baixada Santista. For each of these types of cancer, the standardized mortality rates, age-adjusted by world population in the 1960s, for 4 industrialized and 4 non-industrialized urban communities in that region were calculated. The ratios among those rates were calculated in order to compare the mortality in the periods 1980--93, 1980--1986, and 1987--1993. RESULTS: Standardized mortality rates for colorectal cancer were significantly higher in industrialized area, with ratios of 1.6 [95% CI 1.22 -- 2.29], 1.6 [95% CI 1.2 -- 2.0], and 1.6 [95% CI 1.3 -- 2.0] in the periods 1980--86, 1987--1993 and 1980--93, respectively. Gastric cancer did not show any statistical difference between the industrialized and non-industrialized areas, but there was a significant decrease in BS from the period 1980--1986 to 1987--1993. CONCLUSIONS: The significant elevation of colorectal cancer mortality in the industrialized area could be related to exposure to numerous carcinogens such as aromatic hydrocarbon, organic-chloride, metals, and industrial-port dust present in the region. Alternatively, the non-significant difference in gastric cancer between industrialized and non-industrialized areas and significant decrease in the last few years could be predominately reflecting the advances in the quality of life in urban areas. These results require further case-control studies that could help with the analysis of the associations among cancer and environmental factors (occupational, urban-industrial, habit, and life condition) and genetic susceptibility.
  • Quimioterapia versus melhor tratamento de suporte em câncer de pulmão estádio clínico IV não metastático para o sistema nervoso central Original Articles

    Anelli, Agnaldo; Lima, Candice A. A.; Younes, Riad N.; Gross, Jefferson L.; Fogarolli, Ricardo

    Resumo em Português:

    O câncer de pulmão de células não pequenas em estádio IV é uma doença fatal, com uma sobrevida mediana de seis meses. Quimioterapia é a abordagem mais freqüente, apresentando um impacto na sobrevida controverso e questionável alteração na qualidade de vida. OBJETIVOS: Comparar o impacto na sobrevida global e na qualidade de vida em pacientes portadores de câncer de pulmão de células não pequenas, estádio IV, tratados com suporte clínico ou quimioterapia. PACIENTES: Entre fevereiro de 1990 e dezembro de 1995, 78 pacientes (pts) portadores de câncer de pulmão de células não pequenas estádio IV foram admitidos. Os pacientes foram divididos em dois grupos: grupo A (n=31 -- tratados com suporte clínico) e grupo B (n=47, tratados com quimioterapia). RESULTADOS: A sobrevida mediana no grupo tratado com suporte clínico foi de 23 semanas (variando de 5-153 semanas) e de 55 semanas no grupo tratado com quimioterapia (variando de 7,4 a 213 semanas), p= 0,0018 -- Qui-quadrada. Em ambos grupos, a incidência de internações hospitalares para a administração intravenosa de antibióticos e hemoderivados foi similar. Pacientes recebendo quimioterapia, foram estratificados entre àqueles que receberam mitomicina, vinblastina e cisplatina, n=25 e àqueles recebendo outros regimes (derivados de platina, associados à outras drogas, n= 22). Pacientes recebendo mitomicina, vinblastina e cisplatina, n=25 apresentaram uma incidência mais alta de neutropenia febril e tiveram atrasos mais longos entre os ciclos de quimioterapia, quando comparados aos pacientes do outro grupo. Pacientes recebendo mitomicina, vinblastina e cisplatina, n=25, também apresentaram uma pior sobrevida mediana (51 versus 66 semanas, p= 0,005 -- Qui-quadrado). CONCLUSÕES: Em pacientes com câncer de pulmão de células não pequenas, estádio IV, não metastático para os pulmões, o uso de quimioterapia aumenta a sobrevida de maneira estatisticamente significativa, quando comparado aos cuidados de suporte.

    Resumo em Inglês:

    Stage IV non-small cell lung cancer is a fatal disease, with a median survival of 14 months. Systemic chemotherapy is the most common approach. However the impact in overall survival and quality of life still a controversy. OBJECTIVES: To determine differences in overall survival and quality of life among patients with stage IV non-small cell lung cancer non-metastatic to the brain treated with best supportive care versus systemic chemotherapy. PATIENTS: From February 1990 through December 1995, 78 eligible patients were admitted with the diagnosis of stage IV non-small cell lung cancer . Patients were divided in 2 groups: Group A (n=31 -- treated with best supportive care ), and Group B (n=47 -- treated with systemic chemotherapy). RESULTS: The median survival time was 23 weeks (range 5 -- 153 weeks) in Group A and 55 weeks (range 7.4 -- 213 weeks) in Group B (p=0.0018). In both groups, the incidence of admission for IV antibiotics and need of blood transfusions were similar. Patients receiving systemic chemotherapy were also stratified into those receiving mytomycin, vinblastin, and cisplatinum, n=25 and those receiving other combination regimens (platinum derivatives associated with other drugs, n=22). Patients receiving mytomycin, vinblastin, and cisplatinum, n=25 had a higher incidence of febrile neutropenia and had their cycles delayed for longer periods of time than the other group. These patients also had a shorter median survival time (51 versus 66 weeks, p=0.005). CONCLUSION: In patients with stage IV non-small cell lung cancer, non-metastatic to the brain, chemotherapy significantly increases survival compared with best supportive care.
  • Fasciíte necrosante em neonato: relato de caso Case Report

    Krebs, Vera Lúcia Jornada; Koga, Karen Mayumi; Diniz, Edna Maria de Albuquerque; Ceccon, Maria Esther Jurfest; Vaz, Flávio Adolfo Costa

    Resumo em Português:

    Os autores relatam o caso de um recém-nascido com um dia de vida, sexo feminino, com peso de nascimento de 1900g e idade gestacional de 36 semanas que apresentou fasciíte necrosante causada por E. coli e Morganella morganii. O parto foi domiciliar, com queda acidental no vaso sanitário durante o nascimento. A lesão inicial foi observada com 24 horas de vida, na perna esquerda em local de venopunção para a administração de solução de glicose hipertônica. Apesar do tratamento precoce, houve progressão rápida, com evolução fatal. Os autores chamam a atenção para o risco desta complicação grave em recém-nascido de parto contaminado, destacando o local da lesão e os agentes etiológicos.

    Resumo em Inglês:

    We report the case of a one-day-old newborn infant, female, birth weight 1900 g, gestational age 36 weeks presenting with necrotizing fasciitis caused by E. coli and Morganella morganii. The newborn was allowed to fall into the toilet bowl during a domestic delivery. The initial lesion was observed at 24 hours of life on the left leg at the site of the venipuncture for the administration of hypertonic glucose solution. Despite early treatment, a rapid progression occurred resulting in a fatal outcome. We call attention to the risk presented by this serious complication in newborns with a contaminated delivery, and highlight the site of the lesion and causal agents.
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