Acessibilidade / Reportar erro
Kriterion: Revista de Filosofia, Volume: 53, Número: 126, Publicado: 2012
  • Apresentação Apresentação

    Birchal, Telma de Souza
  • Montaigne, philosophe au quotidien: vie privée et vie publique dans les essais

    Desan, Philippe

    Resumo em Português:

    Paralelamente a suas funções políticas - e isso em 20 anos - Montaigne escreveu seus Ensaios frequentemente considerados como separados de suas responsabilidades públicas, atualmente relegadas a um segundo plano em relação à sua carreira de escritor. Gostaríamos de argumentar que seus ensaios são inseparáveis de sua vida pública. Certamente, as preocupações literárias e políticas de Montaigne mudam com o seu tempo, mas o que funda a forma do ensaio - a saber, um discurso profundamente inscrito no presente - não permite estabelecer uma diferença teórica entre público e privado, uma vez que os dois são praticamente inseparáveis quando reduzidos à sua unidade mais estrita, a qual se relaciona principalmente com a vida cotidiana, porque no imediato do vivido, o privado e o público são praticamente indissociáveis. Se uma filosofia emerge, sem dúvida, dos Ensaios, ela talvez tenha mais a ver com a manipulação constante realizada por Montaigne entre o particular (vida privada) e o universal (vida pública) do que com o conteúdo de algum preceito moral ou dogma das escolas antigas. A temporalidade da escrita e a dos eventos não estão em sincronia nos Ensaios e Montaigne opera constantemente sobre a imagem de um livro privado (fora de toda temporalidade histórica), enquanto os Ensaios são concebidos como um objeto, permitindo-lhe precisamente o acesso à vida pública. Essa filosofia do cotidiano e do tempo presente que promana dos Ensaios não afasta as considerações públicas e históricas que sempre dão ritmo à escrita de uma vida muito particular.

    Resumo em Francês:

    De concert avec ses fonctions politiques - et cela sur vingt ans -, Montaigne rédigea ses Essais que l'on considère trop souvent comme séparés de ses responsabilités publiques aujourd'hui reléguées à l'arrière plan de sa carrière d'écrivain. Nous voudrions arguer que ses Essais sont indissociables de sa vie publique. Certes, les préoccupations littéraires et politiques de Montaigne changent avec son temps, mais ce qui fonde la forme de l'essai - à savoir un discours profondément inscrit dans le présent - ne permet pas d'établir une différence théorique entre le privé et le public puisque les deux sont pratiquement inséparables quand ils sont réduits à leur unité la plus stricte qui se rapporte essentiellement au quotidien, car dans l'immédiat du vécu, le privé et le public sont pratiquement indissociables. Si une philosophie se dégage indubitablement des Essais, elle a peut-être plus à voir avec la manipulation constante effectuée par Montaigne entre le particulier (vie privée) et l'universel (vie publique) que sur le contenu de tel précepte moral ou dogme des écoles antiques. La temporalité de l'écriture et celle des événements ne sont pas en synchronie dans les Essais et Montaigne joue constamment sur cette image d'un livre privé (hors de toute temporalité historique) alors que les Essais sont conçus comme un objet lui permettant précisément l'accès à la vie publique. Cette philosophie du quotidien et du temps présent qui ressort des Essais ne saurait mettre à l'écart les considérations publiques et historiques qui rythment toujours l'écriture d'une vie bien particulière.
  • O contexto religioso-político da contraposição entre pirronismo e academia na "Apologia de Raymond Sebond" Artigos

    Maia Neto, José R.

    Resumo em Português:

    Montaigne faz um ataque pirrônico ao conceito acadêmico de verossimilhança ou probabilidade na Apologia de Raymond Sebond. O ataque é paradoxal porque Montaigne parece seguir o verossímil na própria Apologia e em diversos outros ensaios. Para resolver este problema exegético proponho uma dupla restrição do escopo do ataque à verossimilhança. Por um lado, mostro que o ataque visa mais a leitura epistêmica da verossimilhança proposta por Filo de Larissa do que ao conceito original de ordem exclusivamente prática de Carnéades. Por outro, situo-o em um contexto político-religioso bem específico. O ataque pirrônico à verossimilhança é a estratégia oferecida por Montaigne à rainha católica de Navarra e irmã do rei da França, Marguerite de Valois, para eventual uso nas polêmicas religiosas em sua corte majoritariamente protestante de Nérac. Esta contextualização soluciona também outros problemas exegéticos da Apologia, como o da defesa paradoxal de Sebond, a inconsistência aparente entre as respostas de Montaigne às duas objeções feitas ao livro de Sebond, e o problema do fideísmo.

    Resumo em Inglês:

    In the Apology for Raymond Sebond, Montaigne launches a Pyrrhonian attack on Academic probability. However, Montaigne does follow probability in the Apology and other essays. In order to solve this exegetical problem I propose a double restriction of the attack. On the one hand, I show that it aims at Philo of Larissa's epistemic interpretation of the doctrine rather than at Carneades' original practical conception. On the other hand, I place the attack on a very specific historical context. Montaigne's Pyrrhonian attack on probability is a polemical strategy offered to Marguerite de Valois, the sister of the catholic king of France and wife of the protestant leader Henri de Navarre, to be used in the religious controversies in her predominant protestant court at Nérac. This context also solves other exegetical problems of the Apology such as Montaigne's paradoxical defense of Sebond, the apparent contradiction between the replies to the two objections to Sebond's book addressed by Montaigne, and the problem of fideism.
  • O método cético da oposição e as fantasias de Montaigne Artigos

    Smith, Plínio Junqueira

    Resumo em Português:

    A partir da ideia de que filosofar é duvidar, o artigo examina a relação do ceticismo de Montaigne com o ceticismo antigo. De um lado, mostram-se os elementos do ceticismo antigo de que Montaigne se apropria, como a divisão da filosofia em três seitas e o método cético da oposição. De outro lado, identificam-se as inovações introduzidas por Montaigne nesses mesmos elementos céticos. Finalmente, procura-se mostrar que Montaigne, com o projeto de pintar-se a si mesmo, desenvolveria uma maneira própria de duvidar.

    Resumo em Inglês:

    Starting from the view that to philosophise is to doubt, this paper compares Montaigne's scepticism to ancient scepticism. On the one hand, it is shown that elements from ancient scepticism are used by Montaigne, such as the division of philosophy in three sects and the sceptical principle of opposition. On the other, the paper focuses on the novelties introduced by Montaigne into these sceptical elements. Finally, it is investigated to what extent Montaigne's project of a self-portrait allows him to develop a new kind of doubt.
  • Montaigne, leitor de sexto empírico: a crítica da filosofia moral Artigos

    Eva, Luiz

    Resumo em Português:

    O objetivo deste artigo é examinar como Montaigne retoma, na sua crítica das filosofias morais e, especialmente, da existência de leis naturais, a proposta por Sexto Empírico acerca do mesmo tema ao final das Hipotiposes Pirronianas. Pretendo mostrar que, para além das consideráveis similaridades, o modo como Montaigne relaciona razão, natureza e costume, confere um perfil próprio à sua reconstrução do pirronismo, particularmente visível na sua compreensão da oposição entre critério de verdade e critério de ação. Igualmente, sustento que essa distinção, proveniente do pirronismo, ocupará um lugar central na sua reflexão moral.

    Resumo em Inglês:

    The aim of this paper is to investigate how Montaigne adopts, in his own discussion of moral philosophies (and, in particular, of the proponents of natural laws), Sextus Empiricus' criticism on the same topic, as exposed in his Outlines of Pyrrhonism. I want to show that, besides the deep similarities we can find between them, Montaigne's peculiarities show themselves throughout his way of dealing with relations between reason, costume and nature, as well as in his interpretation of the opposition between a criterion of truth and a practical criterion. I maintain also that this Pyrrhonism notion occupies a prominent place in his moral reflections.
  • Montaigne, a descoberta do Novo Mundo e o ceticismo moderno Artigos

    Marcondes, Danilo

    Resumo em Português:

    O descobrimento do Novo Mundo é um dos fatores fundamentais de ruptura com a tradição, na inauguração do pensamento moderno. A descoberta de povos no novo continente com culturas radicalmente diferentes da europeia leva a um questionamento cético sobre a universalidade da natureza humana, o que denominamos "argumento antropológico". Montaigne é o mais importante pensador deste contexto a discutir esta questão nos Ensaios. Examinamos aqui alguns dos aspectos centrais de sua reflexão a este respeito.

    Resumo em Inglês:

    The Discovery of the New World is one of the central causes of the breakdown with tradition that opens the way to modern thought. The first contact of the Europeans with the native peoples of the New World shows radically different cultures giving rise to doubts about the universality of human nature, what might be called an "anthropological argument" in a skeptic sense. Michel de Montaigne is the major philosopher in this context to discuss these issues in his Essays and I shall examine some of the more relevant aspects of this discussion.
  • O amor e suas regras em "Sobre Versos de Virgílio" Artigos

    Birchal, Telma de Souza

    Resumo em Português:

    O presente artigo consiste em uma leitura do capítulo "Sobre versos de Virgílio". A primeira parte compara o amor com a amizade, questionando a tese de que a superioridade da última em relação ao primeiro é afirmada sem reservas por Montaigne. A segunda parte desenvolve uma interpretação do capítulo guiada pelas noções de "regra", "lei", "norma" e seus correlatos e identifica, a partir das diferentes perspectivas com que Montaigne aborda o assunto, três tipos de "regra": as regras dos homens, as do amor e as do próprio autor dos Ensaios. Pretendemos mostrar que, embora fale muito das mulheres, o capítulo é, sobretudo, uma reflexão sobre a condição masculina.

    Resumo em Inglês:

    This paper presents a reading on the chapter "Upon some verses of Virgil". Its first part compares love and friendship and questions the thesis that for Montaigne the latter is superior to the former. The second part consists of an interpretation of the chapter guided by the notions of "rule", "law", "norm" and their correlates, and identifies, taking into account the different perspectives in which Montaigne develops the matter, three different kinds of rules - those of men, those of love and those of the Essays' author himself. It intends to show that, although "Upon some verses of Virgil" is a chapter that speaks much about women, it is mainly a reflexion about men and the masculine condition.
  • Montaigne e a natureza humana no feminino Artigos

    França, Maria Célia da Veiga

    Resumo em Português:

    Partindo de algumas passagens dos Ensaios de Montaigne, e, especialmente, do capítulo "Sobre versos de Virgílio", consideramos o retrato da mulher elaborado pelo autor. Contrariamente à maioria dos autores de sua época - dentre os quais Bodin e Charron que, seguindo Aristóteles, consideram que a mulher possui uma natureza inferior à do homem, feita para obedecer, enquanto este último o foi para governar -, Montaigne nos apresenta outro quadro. Influenciado, acreditamos, pelo texto de Agrippa sobre as mulheres, ele propõe uma igualdade dos gêneros desequilibrada, perturbada e aniquilada tanto pela tradição quanto pelos costumes.

    Resumo em Inglês:

    Taking as a starting point some passages of Montaigne's Essays and the chapter "On some verses of Virgil", we consider the woman's portrait composed by the author. In contradicion with the majority of his contemporary authors - such as Bodin and Charron who, in accordance with Aristotle, consider women's nature as inferior to that of men, since women are meant to obey while men are meant to rule -, Montaigne presents us another picture. Influenced by, we believe, Agrippa's text on women, he proposes an equality between the genders unballanced, perturbed and annihilated by both tradition and customs.
  • A meditatio mortis montaigniana Artigos

    Orione, Eduino José

    Resumo em Português:

    Este artigo investiga o ensaio "Que philosopher c'est apprendre a mourir", de Michel de Montaigne. Trata-se de um texto que é um bom exemplo da forma como o filósofo rejeita a tradição metafísica na qual o problema da morte sempre foi pensado. Mostramos que a originalidade deste ensaio reside no fato de Montaigne nos aconselhar a seguir a natureza, que, em seu pensamento, se confunde com o costume.

    Resumo em Inglês:

    This paper investigates the essay "Que philosopher c'est apprendre a mourir", by Michel de Montaigne. This text is a good example of how the philosopher rejects the metaphysical tradition in which the problem of death has always been thought. We expose that the originality of this essay lies in the fact that Montaigne advises us to follow nature, which, in his thought, is indistinguishable from custom.
  • O problema do suicídio em Montaigne Artigos

    Vaz, Lúcio

    Resumo em Português:

    Nos Ensaios de Montaigne, encontramos um dos mais célebres textos filosóficos sobre a morte voluntária, o capítulo 3 do livro II. Muitos comentadores qualificam o posicionamento de Montaigne como sendo o mesmo de Sêneca e de alguns autores antigos, qual seja, uma defesa da moralidade do ato de se matar. Outros estudiosos detectam no ensaio uma oscilação inconclusa do autor francês sobre o tema. Procuro, em contrapartida, apresentar argumentos que evidenciam que a opinião final de Montaigne é irrestritamente contrária ao suicídio. Para tanto, é feito um mapeamento das várias ocorrências do problema do suicídio no livro que vão além do citado capítulo. Além disso, é ressaltada a distinção entre as camadas de escrita do texto em suas várias edições, contrapondo as inovações de Montaigne aos modelos argumentativos de suas influências clássicas.

    Resumo em Inglês:

    In Montaigne's Essays, we find one of the most famous philosophical texts on voluntary death, the third chapter of Book II. Many commentators assess Montaigne's position as similar to Seneca's and to some other ancient authors', that is, a defense of the morality of killing oneself. Other scholars detect an unsolved oscillation of the French author on the subject. However, I try to present arguments showing that Montaigne's final opinion is against suicide. Therefore, it is undertaken a mapping of the multiple occurrences of the issue in the book, which go beyond the said chapter. Moreover, the distinction between the writing layers of the Essais in its various editions is stressed, putting in contrast the novelty of Montaigne's argumentative models to his classical influences.
  • Raison d'état em Montaigne Artigos

    Conceição, Gilmar Henrique da

    Resumo em Português:

    Em "Do útil e do honesto" Montaigne indaga se, na defesa do Estado, haveria limites éticos para a ação do príncipe. O príncipe deve pautar-se pelo útil ou pelo honesto? Argumenta que o "devoir publique" é o limite da dedicação do súdito a um príncipe, o qual deve preservar a liberdade de julgamento. Ir além dos limites da consciência no serviço público é arriscar a confiança dos outros na veracidade de suas próprias palavras. Não há razão superior à razão de consciência. Enquanto para Maquiavel o conceito de utilidade é fundamental, para Montaigne o útil não é o honesto. Ainda que a utilidade pública, mesmo que por uma "razão mais geral", obrigue à desonestidade, a moralidade deve vigorar no espaço público. A honestidade, no interior do espaço público, é uma força instituinte da sociedade política. Todavia, a pretensão à verdade e o cuidado com a "paix publique" são definitivamente distintos. Montaigne afirma a incompatibilidade entre a moral e a política, mas almeja um príncipe que não ignore o honesto.

    Resumo em Inglês:

    In "Of the useful and of the honest" Montaigne questions if, in the defense of the State, there shoud be any ethical limits to the action of the prince. Must the prince be guided by the useful or the honest? He argues that the "devoir publique" is the limit subjects have to respect in their dedication to the prince, preserving their freedom of judgment. In public affairs, going beyond the limits of conscience is risking the trust of others in the truth of one's words. There is no reason higher than consciousness. While, according to Machiavelli, the concept of utility is fundamental, Montaigne distingishes the useful from the honest. Even if the public utility (hence a "more general reason") may impose dishonesty, morality should prevail in the public space. Within the public space honesty is essential to institute the political society. However, to be truthful and to care about the "paix publique" are definitely different. Montaigne assumes the incompatibility between morality and politics, but not a prince who ignores the difference between the useful and the honest.
  • A difícil arte de "deslizar sobre o mundo" ou Montaigne, um político discreto ("De poupar a própria vontade" - III, 10) Artigos

    Scoralick, Andre

    Resumo em Português:

    De 1581 a 1585, Montaigne foi prefeito de Bordeaux. Foi acusado por detratores de não se ter aplicado o bastante e de não ter feito nada de marcante durante seus dois mandatos. Ao responder às acusações no ensaio "De poupar a própria vontade" (III, 10), o autor encontra a ocasião para uma crítica das paixões em geral e, em particular, das que pertencem ao contexto político. Isto porque ele visava, com sua aparente falta de aplicação aos deveres de prefeito, evitar a paixão que tantas vezes se oculta por trás do engajamento - a ambição, desejo de honras, glória, renome. Sobretudo, esperava evitar um duplo perigo, ao mesmo tempo ético e político: comprometer a própria liberdade numa busca servil da glória e subordinar o bem coletivo ao interesse pessoal. No presente estudo, procuraremos reconstituir a trama argumentativa do ensaio em questão, acompanhando de perto os argumentos que sustentam a crítica montaigniana das paixões, bem como a terapia muito particular a que o ensaísta as submete, a qual lhe permite fazer do episódio da Mairie de Bordeaux um modelo de conciliação entre o cuidado de si e o cumprimento dos deveres políticos.

    Resumo em Inglês:

    From 1581 to 1585 Montaigne was the mayor of Bordeaux. He was accused by detractors of not having been sufficiently dedicated to his functions and of having done nothing remarkable during his two terms. In answering to such charges in the essay "Of Managing the Will" (III, 10), the author finds the occasion for criticising passions in general and, in particular, those concerning the political context. The reason for it is that he sought, with his apparent lack of commitment to the mayor's duties, to avoid the passions which usually hide behind such an engagement: ambition, desire for honours, glory, renown. Above all he hoped to avoid a double danger, both ethical and political: to compromise his freedom in a servile pursuit of glory and to subordinate the common good to his personal advantage. In the present study we will seek to rebuild the argumentative plot of the essay, following closely the reasoning which supports the Montaignean critique of passions and also the very particular therapy to which the essayist submits them, which allows him to turn the Mairie de Bordeaux episode into a conciliation model between the care of the self and the fulfillment of political duties.
  • História e exercício do julgamento em Montaigne Artigos

    Theobaldo, Maria Cristina

    Resumo em Português:

    Exemplos, relatos e anedotas históricas são recorrentes nos Ensaios e revelam a maneira original de Montaigne se apropriar da história: como estudo do passado e das ocorrências particulares; como alimento moral; como referência fictícia ou real; através da relação da história com a retórica e a prova argumentativa; como história contemporânea e a crítica da mentalidade cultural; como história de vida. Em todas essas articulações da narrativa histórica, que podemos sintetizar ao modo de uma conversação com os homens do passado e do presente, encontramos o alvo de Montaigne: ir das ações às intenções, do outro para o conhecimento de si, do diverso para o discernimento. A história, sobretudo aquela à maneira plutarquiana, constitui matéria prima indispensável para o exercício do julgamento de Montaigne.

    Resumo em Inglês:

    Examples, reports and historical anecdotes are not hard to find in Les Essais and reveal Montaigne's original way of approaching history: as a study of the past and particular events; as moral nourishment; as fictitious or real reference; by relating history to rhetoric and argumentative proof; as contemporary history and criticism of cultural mentality; as life story. In all these articulations of historical narrative, which we can synthesize as a conversation with men of the past and present time, we find Montaigne's target: to go from actions to intentions, from the other to the knowledge of oneself, from diversity to discernment. History, mainly the one that follows Plutarch's style, composes the raw material indispensable to Montaigne's exercise of judgment.
  • O problema do ethos da escrita de si em Montaigne e em Petrarca: do ensaio à epístola Artigos

    Araujo, Sergio Xavier Gomes de

    Resumo em Português:

    Montaigne insiste ao longo dos Ensaios em seu desprezo pela retórica. Mas como procuraremos mostrar aqui, sua "forma natural" inscreve-se em grande medida dentro dos termos da própria retórica, sob uma mobilização particular dos preceitos e convenções tradicionalmente apropriados à escrita em primeira pessoa, especialmente aqueles que regulavam o sermo familiaris, gênero recuperado pela primeira vez na Renascença por Petrarca. Retomamos assim, para desenvolvê-la, a fecunda intuição de Hugo Friedrich que, em sua clássica obra sobre os Ensaios de Montaigne, aponta o seu parentesco com a forma epistolar de Petrarca, sem, porém, acompanhá-lo quando distancia o ensaio da epístola familiar, por entendê-lo como marco de ruptura com os procedimentos da retórica e, assim, com toda a prosa artisticamente trabalhada do humanismo.

    Resumo em Inglês:

    Montaigne insists throughout the course of the Essays on his disdain for rhetoric. But as we try to expose here, his "natural form" includes itself to a large extent in the terms of rhetoric itself, under a particular usage of the precepts and conventions traditionally appropriate to the discourse in first person, especially those which regulated the sermo familiaris, genre recuperated for the first time in the Renaissance by Petrarch. We retake, in order to develop it, the fruitful intuition of Hugo Friedrich in his classical work about Montaigne's Essays, indicating its kinship with Petrarch's epistolary form, without, however, following him when he moves the essay away from the familiar epistle by interpreting the essay as a rupture with the rhetorical procedures and therefore with all the artistically worked prose of humanism.
  • Método e estilo, subjetividade e conhecimento nos ensaios de Montaigne Artigos

    Azar Filho, Celso Martins

    Resumo em Português:

    A característica mais notável da filosofia renascentista foi também o que tornou sua assimilação pela história da filosofia tão difícil: a interação entre forma e conteúdo, entre ideia e sua expressão. Tal resulta da tentativa de realizar outra inter-relação que lhe é ainda mais essencial: aquela entre teoria e prática, pensamento e ação. Nos Ensaios de Montaigne, o método constitui antes de tudo um estilo de vida: a linguagem é aí o meio pelo qual a implicação entre mundos externos e internos, o eu e a realidade - assim entre intelecto e sensibilidade, arte e natureza, fato e valor, identidade e alteridade etc. - busca tornar-se evidente, permitindo a percepção de seu permanente remodelar recíproco.

    Resumo em Inglês:

    The most remarkable characteristic of Renaissance philosophy was also what made its assimilation by History of Philosophy so difficult: the interaction between form and content, between idea and its expression. This results from trying to achieve another inter-relationship which is even more essential: that between theory and practice, thought and action. In Montaigne's Essays the method is primarily a lifestyle: there the language is the means by which the implication between external and internal worlds, self and reality - and so between intellect and sensibility, art and nature, fact and value, identity and otherness, etc - seeks to become apparent, allowing the perception of its permanent reciprocal remodeling.
  • A propósito da "ordem" como atributo da "maneira" em Montaigne Artigos

    Querubini, Edson

    Resumo em Português:

    Montaigne, no "De l'art de conferer", discute critérios que permitem distinguir os homens segundo suas capacidades (suffisances). A "maneira" de discursar ocupa o centro desta questão e entre suas qualidades se destaca a "ordem", que nos é apresentada, sobretudo, a partir dos desvios da "tolice" (sottise) e "obstinação" (opiniastreté), símbolos do dogmatismo e de uma errônea lide com os saberes que se apoiam na memória. Procura-se mostrar que a ordem se funda na assimilação e penetração do julgamento nas matérias que garantem o nexo necessário para o desenvolvimento adequado da conversação (conference).

    Resumo em Inglês:

    Montaigne, in "De l'art de conferer", discusses the criteria to distinguish men according to their capabilities (suffisances). The "manner" of discussing is central to this issue and among its qualities "order" distinguishes itself. The "order" is presented to us by the exposition of its deviations: foolishness ("sottise") and obstinacy ("opiniastreté"). These inadequacies represent both dogmatism and an erroneous way of using knowledge based on memory. We intend to show how order is founded on a kind of judgment which assimilates and penetrates matters and subjects - being it the only way to assure the necessary connection to adequately develop the conversation ("conference").
  • Montaigne: des règles pour l'esprit Resenha

    Vaz, Lúcio
  • Ceticismo e religião no início da modernidade. A ambivalência do ceticismo cristão Resenha

    Almeida, Luciana Maria Azevedo de
  • A simulação da morte: versão e aversão em Montaigne Resenha

    Orione, Eduino José
  • L'invention du moi Resenha

    Barros, Vitor Sommavilla de Souza
Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da UFMG Av. Antônio Carlos, 6627 Campus Pampulha, CEP: 31270-301 Belo Horizonte MG - Brasil, Tel: (31) 3409-5025, Fax: (31) 3409-5041 - Belo Horizonte - MG - Brazil
E-mail: kriterion@fafich.ufmg.br