Acessibilidade / Reportar erro
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, Volume: 26, Número: 10, Publicado: 2004
  • Medicina / Residência Médica Editorial

  • Colpopexia sacroespinhal: análise de sua aplicação em portadoras de prolapso uterovaginal e de cúpula vaginal pós-histerectomia Trabalhos Originais

    Netto, Octacílio Figueirêdo; Figueirêdo, Octacílio; Macéa, José Rafael; Prado, Roberto Adelino de Almeida

    Resumo em Português:

    OBJETIVO: analisar os resultados de uma variante técnica de colpopexia sacroespinhal para tratamento cirúrgico do prolapso de cúpula vaginal, e também como medida adjuvante nos casos de prolapso uterovaginal total, visando facilitar o procedimento. MÉTODOS: quarenta e seis pacientes foram operadas e acompanhadas por período de 12 a 44 meses, com média de 32 meses. Vinte e três pacientes apresentavam prolapso de cúpula vaginal (GCúpula) e 23 eram portadoras de prolapso uterovaginal (GÚtero). O critério de inclusão foi a presença de prolapso sintomático grau III ou IV, segundo a classificação proposta pela Sociedade Internacional de Continência. Foram excluídas pacientes portadoras de prolapso de menor grau. A média de idade das pacientes foi semelhante: 67,0 anos no GCúpula e 67,5 anos no GÚtero. O índice de massa corpórea médio também foi semelhante, sendo de 27,4 kg/m² no GCúpula e de 25,6 kg/m² no Gútero. A paridade variou de 0 a 13 partos nas pacientes do GCúpula, com média de 4,4 partos, e de 1 a 13 partos nas pacientes do GÚtero, com média de 6,2 partos. Entre as 23 pacientes do GCúpula, oito (34,7%) já haviam sido submetidas à cirurgia para correção do problema, sem sucesso. Os resultados obtidos em ambos os grupos foram analisados e comparados. O método utilizado obedece a princípios anatômicos bem definidos, e difere da técnica original pelo emprego de porta-agulha curvo orientado de cima para baixo para transfixar o ligamento sacroespinhal direito com suturas sob visão direta, aproximadamente dois cm medialmente à espinha isquiática, minimizando assim o risco de lesão dos vasos e nervo pudendo. RESULTADOS: a média de duração da cirurgia foi de 90,0 minutos no GCúpula e 119,5 minutos no GÚtero (p<0,05). Ocorreram três transfusões sanguíneas, uma no GCúpulae duas no GÚtero, não havendo lesões vesicais, retais, ureterais ou óbitos em nenhum dos grupos. A incidência e o tipo de complicações pós-operatórias foram semelhantes nos dois grupos estudados: infecção urinária, granuloma, retenção urinária, neuropatia transitória, dor na nádega e transfusão sanguínea. O comprimento vaginal médio após a operação foi de 7,6 cm nas pacientes do GCúpula e de 7,3 cm nas do GÚtero (p>0,05). O resultado anatômico dos compartimentos vaginais apical, anterior e posterior foi satisfatório em mais de 90% das pacientes de ambos os grupos. O resultado funcional também foi semelhante entre os grupos, sendo que das pacientes com vida sexual ativa, apenas uma (7,7%) do GCúpula e duas (13,3%) do GÚtero queixaram-se de dispareunia após a cirurgia. Não foi verificada associação entre idade, paridade, obesidade e os resultados anatomofuncionais. CONCLUSÃO: a análise dos dados obtidos demonstra que esta variante de colpopexia sacroespinhal é tecnicamente simples, segura e eficaz, fornecendo resultados semelhantes nos dois grupos de pacientes estudados.

    Resumo em Inglês:

    PURPOSE: to analyze the results of a technical alternative to perform sacrospinous colpopexy for the treatment of vault prolapse after hysterectomy, and also as an additional facilitating procedure in cases of total uterovaginal prolapse. METHODS: forty-six patients underwent hysterectomy and were followed-up for 12 to 44 months, with an average of 32 months. Twenty-three of them presented vaginal vault prolapse (GVault), and 23 had total uterovaginal prolapse (GUterus). The inclusion criterion was the presence of symptomatic prolapse grade III or IV according to the classification proposed by the International Continence Society. Patients presenting lower grade prolapse were excluded. The average age of the patients was similar: 67.0 years in GVault and 67.5 years in GUterus. Average body mass index was also similar: 27.4 kg/m² in GVault and 25.6 kg/m² in GUterus. Deliveries varied from 0 to 13 in GVault (average: 4.4 deliveries), and from 1 to 13 in GUterus (average: 6.2 deliveries). Among the 23 patients in GVault, eight had undergone previous surgical repair without success. The results obtained in both groups were analyzed and compared. The used method takes into account well-known anatomical principles, and differs from the original technique by using a curved needle holder oriented upside down to place sutures through the right sacrospinous ligament under direct vision, approximately 2 cm medially to the ischial spine, thus minimizing the risk of injury to the pudendal vessels and nerve. RESULTS: average duration of the surgery was 90.0 min in GVault and 119.5 min in GUterus, a statistically significant difference (p<0.05). Three blood transfusions were needed, one in GVault and two in GUterus. There was no bladder, rectal or ureteral injury nor death in any of the groups. The incidence and type of postoperative complications were similar in the two groups, and included urinary infection, granuloma, urinary retention, transient neuropathy, buttock pain and blood transfusion. Average vaginal length after the operation was 7.6 cm in GVault and 7.3 cm in GUterus (p>0.05). The anatomical result of the apical, anterior and posterior vaginal compartments was satisfactory in more than 90% of the patients of both groups. The functional result was also similar in both groups, and among the sexually active patients, only one (7.7%) in GVault and two (13.3%) in GUterus complained of dyspareunia after the surgery. There was no association between age, parity, obesity, and the anatomical and functional results. CONCLUSION: analysis of the obtained data demonstrates that this modification of sacrospinous colpopexy is technically simple, safe and effective, providing similar results in both groups of the studied patients.
  • Fatores associados às ondas de calor em mulheres climatéricas: inquérito populacional domiciliar Trabalhos Originais

    Santos-Sá, Danielle; Pinto-Neto, Aarão Mendes; Conde, Délio Marques; Pedro, Adriana Orcesi; Oliveira, Simone Caetano Morale de; Costa-Paiva, Lúcia Helena Simões

    Resumo em Português:

    OBJETIVO: identificar os fatores associados à ocorrência de ondas de calor em mulheres climatéricas residentes em Campinas, São Paulo. MÉTODOS: análise secundária de banco de dados de estudo descritivo de corte transversal, de base populacional. Foram selecionadas 456 mulheres por processo de amostragem, com idade entre 45-60 anos de idade. Os dados foram coletados por meio de entrevistas domiciliares, com questionários estruturados e pré-testados, fornecidos pela Fundação Internacional de Saúde/Sociedade Internacional de Menopausa e Sociedade Norte-Americana de Menopausa e adaptados pelos autores. As variáveis analisadas foram idade, cor, uso de métodos anticoncepcionais e terapia hormonal, laqueadura tubárea, índice de massa corpórea, estado menopausal, tempo de menopausa, histerectomia e tabagismo. Foram calculados a média, desvio padrão, mediana e razão de prevalência (RP). Realizou-se análise de regressão múltipla, utilizando o processo de seleção passo a passo, com intervalo de confiança de 95% (IC 95%). RESULTADOS: na análise bivariada, mulheres na pós-menopausa (RP: 1,42; IC 95%: 1,06-1,90) e histerectomizadas (RP: 1,50; IC 95%: 1,05-2,14) apresentaram chance significativamente maior de ocorrência de ondas de calor. A análise de regressão múltipla não mostrou associação significativa entre a presença de ondas de calor e as variáveis avaliadas. CONCLUSÃO: os resultados mostraram coerência com estudos anteriores, ou seja, ainda não é possível indicar os fatores que estão associados à ocorrência de ondas de calor.

    Resumo em Inglês:

    PURPOSE: to identify factors associated with the occurrence of hot flashes in climacteric women living in Campinas, São Paulo. METHODS: data bank secondary analysis of a cross-sectional descriptive population-based study. The selection of 456 women aged 45-60 years was done through area cluster sampling. Data were collected via home interviews using structured, pre-tested questionnaires provided by the International Health Foundation/International Menopause Society and by the North American Menopause Society and adapted by the authors. The analyzed variables were age, race, use of contraceptive methods and hormonal therapy, tubal ligation, body mass index, menopausal status, time since menopause, hysterectomy, and cigarette smoking. Statistical analysis was performed using the mean, median and the prevalence ratio (PR). Multiple logistic regression was performed using the stepwise selection process with a 95% confidence interval (95% CI). RESULTS: bivariate analysis showed that postmenopausal women (PR: 1.42, CI 95%: 1.06-1.90) and those who were submitted to hysterectomy (PR: 1.50, CI 95%: 1.05-2.14) had a significantly greater chance of presenting hot flashes. After applying multiple regression analysis, there was no significant association between hot flashes and any of the evaluated variables. CONCLUSION: results were consistent with previous studies. Many doubts still exist about which factors are associated with hot flashes.
  • Hísterossonografia tridimensional em infertilidade: estudo preliminar Trabalhos Originais

    Donadio, Nilka F.; Donadio, Nilson; Torres, Mychelle M. G.

    Resumo em Português:

    OBJETIVO: comparar as informações obtidas pela ultra-sonografia pélvica e transvaginal (USG), histerossalpingografia (HSG), histeroscopia diagnóstica (HSC), ressonância nuclear magnética pélvica (RNMP) e hísterossonografia tridimensional (HSSNG 3D) para melhorar a acurácia e simplificar a investigação do fator uterino cervical e corporal em infertilidade conjugal. MÉTODOS: no período de janeiro a julho de 2003, cinquenta mulheres com queixa de infertilidade de, no mínimo, dois anos foram submetidas a USG, HSG, HSC, RNMP e HSSNG 3D como exames de rastreamento para o diagnóstico do fator uterino. Foram analisados o canal endocervical, endométrio, miométrio e presença de malformações uterinas. Os resultados de cada exame foram analisados e comparados. RESULTADOS: das 50 mulheres incluídas, 12 (24%) apresentaram alteração em pelo menos um dos exames realizados. Quando se comparou a HSSNG 3D com a USG, a HSSNG 3D forneceu informações adicionais em 7 casos (58,3%); comparada com a HSG, forneceu informações adicionais em 7 casos (58,3%); com a HSC, em 4 casos (32,1%), e comparada à RNPM, em 6 casos (50%). Somente em dois casos a HSG detectou alterações do canal endocervical que não foram visualizadas na HSSNG 3D; em todos os outros casos a HSSNG 3D forneceu o mesmo diagnóstico ou deu informações adicionais em relação aos outros exames. A análise pelo teste kappa mostrou que existe concordância entre os diagnósticos obtidos com o uso da HSSNG 3D e a USG, HSG e RNMP. No entanto, quando se associaram os resultados da HSG e da HSSNG 3D observamos que todas as condições clínicas poderiam ter sido diagnosticadas, de forma precisa, somente com esses exames. CONCLUSÃO: a associação da HSG com a HSSNG 3D pode ser suficiente para o diagnóstico do fator uterino cervical e corporal em infertilidade, reduzindo o número de exames realizados por cada paciente, os custos totais finais, a ansiedade e o retardo para o início do tratamento.

    Resumo em Inglês:

    PURPOSE: to compare the information obtained with pelvic and transvaginal ultrasonography (USG), hystero-salpingography (HSG), diagnostic hysteroscopy (HSC), pelvic nuclear magnetic resonance imaging (PNMR), three-dimensional hysterosonography (3D HSSNG), to optimize and simplify the investigation about cervical and corporeal uterine factors in conjugal infertility. METHODS: in the period between January and July 2003, fifty women reporting infertility for at least two years were submitted to USG, HSG, HSC, PNMR, and 3D HSSNG as tracking examinations for uterine factor diagnosis. The endocervical canal, as well as the endometrium, myometrium, and the presence of uterine malformations were investigated. The results of each examination were analyzed and compared. RESULTS: of the 50 women studied, 12 (24%) presented alteration in at least one of the examinations. When 3D HSSNG was compared to USG, 3D HSSNG provided additional information in 7 cases (58.3%); when compared to HSG, it provided additional information in 7 cases (58.3%); when compared to HSC, it provided additional information in 4 cases (32.1%), and when compared to PNMR, it provided additional information in 6 cases (50%). There were only two cases in which HSG detected alterations of the endocervical canal that were not visualized using 3D HSSNG. In the other cases 3D HSSNG imparted the same diagnosis; furthermore, it provided additional information in comparison to the other examinations. Statistical analysis using the kappa test demonstrated that the diagnoses obtained by 3D HSSNG were in agreement with those obtained with USG, HSG and PNMR (p<0,05). When the HSG and 3D HSSNG results were combined, all conditions associated with infertility could be precisely diagnosed, using only these examinations. CONCLUSION: the association of the HSG with 3D HSSNG may be sufficient for the diagnosis of cervical and corporeal uterine factors in infertility, reducing the number of examinations for each patient, the total cost, as well as the anxiety and the delay in treatment.
  • Apresentação pélvica na gestação de termo em pacientes com partos vaginais prévios Trabalhos Originais

    Madi, José Mauro; Rombaldi, Renato Luís; Morais, Edson Nunes de; Araújo, Breno Fauth de; Madi, Sônia Regina Cabral; Tessari, Dilma Tonoli; Zapparoli, Maíra

    Resumo em Português:

    OBJETIVO: avaliar os resultados obstétricos e perinatais em casos de fetos em apresentação pélvica, de termo, nascidos de pacientes com partos vaginais prévios, comparando-os a fetos de termo, em apresentação cefálica. PACIENTES E MÉTODOS: foram analisados retrospectivamente 8.350 nascimentos ocorridos no período de março de 1998 a julho de 2003. Ocorreram 419 partos (5,1%) em apresentação pélvica, dos quais selecionaram-se 58 casos (grupo pélvico), que deveriam ter as seguintes características: antecedentes de um ou mais filhos nascidos pela via transpélvica, idade gestacional igual ou superior a 37 semanas, ausência de malformações fetais, inexistência de intercorrências durante a gestação, peso do recém-nascido no nascimento igual ou superior a 2.500 g e inferior a 3.750 g, e sem cesárea anterior. Esse grupo foi comparado a outro formado por 1.327 fetos com características semelhantes, em apresentação cefálica, de gestantes sem cesárea prévia (grupo cefálico). Analisaram-se a idade materna, paridade, idade gestacional, via de parto, peso do recém-nascido, presença de mecônio, índice de Apgar no primeiro e quinto minutos, necessidade de internação na unidade de tratamento intensivo neonatal e ocorrência de recém-nascidos pequenos e grandes para a idade gestacional. Os dados obstétricos e perinatais foram analisados pelo chi² e teste t de Student. Considerou-se como significante p<0,05. RESULTADOS: comparados os grupos pélvico e cefálico, respectivamente, mostraram-se significantemente diferentes para as seguintes variáveis: peso do recém-nascido (3.091±538 vs 3.250±497 g; p<0,01), parto vaginal (63,8 vs 95,0%; p<0,0001), cesárea (36,2 vs 5,0%; p<0,0001) e índice de Apgar <4 e <7 no primeiro minuto (p<0,0001). CONCLUSÕES: os resultados permitem concluir que em fetos de termo, em apresentação pélvica, de gestantes com partos vaginais prévios, o peso fetal, a via de parto e os índices de Apgar de primeiro minuto são diferentes, se comparados a fetos em apresentação cefálica, de gestantes com as mesmas características.

    Resumo em Inglês:

    PURPOSE: to assess the obstetric and perinatal outcomes in cases of term newborns in breech presentation, in patients with previous vaginal deliveries, comparing them to term newborns in vertex presentation. METHODS: 8,350 deliveries retrospectively from March 1998 to July 2003 were analysed. Of 419 deliveries (5.1%) in breech presentation, 58 cases were selected for the study (breech group), according to the following criteria: patients who had had one or more babies through vaginal delivery, gestational age ³37 weeks, no fetal malformation, no complications in the current pregnancy, birth weight between 2,500 and 3,750 g, and no previous cesarean section. The breech group was matched to 1,327 newborns in vertex position from pregnant women with no previous cesarean section (vertex group). Maternal age, parity, gestational age, delivery way, birth weight, meconium-stained amniotic fluid, 1- and 5-min Apgar score, need of neonatal intensive care unit, and small- and big-for-gestational age newborns were analyzed. Statistical analysis was performed by the c² test and by Student's t test, with the level of significance set at p<0.05. RESULTS: when breech and vertex groups were compared, they showed significant differences regarding the following variables: birth weight (3,091±538 g vs 3,250±497 g; p<0.01), vaginal delivery (63.8 vs 95.0%; p<0.0001), cesarean section (36.2 vs 5.0%; p<0,0001), and 1-min Apgar score (p<0.0001), respectively. CONCLUSIONS: we conclude that in term fetuses in breech position from pregnant women with previous vaginal deliveries, birth weight, delivery way, and 1-min Apgar score were different compared to fetuses in vertex position from women with the same characteristics.
  • Fatores determinantes para as expectativas de primigestas acerca da via de parto Trabalhos Originais

    Tedesco, Ricardo Porto; Maia Filho, Nelson Lourenço; Mathias, Lenir; Benez, Ana Luiza; Castro, Valeska Christine Lemes de; Bourroul, Guilherme Muniz; Reis, Fernando Ivan dos

    Resumo em Português:

    OBJETIVO: conhecer as expectativas de primigestas com relação à via de parto, bem como os motivos de sua escolha, procurando melhorar a qualidade do relacionamento médico-paciente. MÉTODOS: foi realizado estudo do tipo qualitativo por meio da análise do sujeito coletivo, incluindo primigestas atendidas de setembro a novembro de 2003 nos pronto-socorros dos serviços da Faculdade de Medicina de Jundiaí. Foi aplicado questionário especialmente elaborado para responder aos objetivos propostos pela pesquisa o questionário é baseado nas dúvidas apresentadas por pacientes que freqüentaram o serviço meses antes da elaboração do projeto. O consentimento livre e esclarecido, assinado pela gestante e por um dos pesquisadores responsáveis. Foi obtido para fins de padronização da amostra a seleção das pacientes seguiu critérios de inclusão: idade maior que 16 anos, primigestas, que estivessem recebendo assistência pré-natal e consentimento pós-informado lido e esclarecido. Foram considerados critérios de exclusão pacientes mentalmente incapacitadas e gestantes de alto risco com doenças que pudessem interferir na escolha da paciente. RESULTADOS: a população estudada teve como perfil mais prevalente mulheres com mais de 21 anos, brancas, casadas, com segundo grau completo e que estavam no terceiro trimestre da gestação. A via de parto de preferência da maioria das mulheres (90%) foi o parto vaginal normal, sendo que as principais justificativas foram: a praticidade para sua realização (94%) e o medo do sofrimento e dor no pós-parto causados pela cesárea. Encontramos relação entre a preferência pelo parto vaginal com mulheres de maior idade, casadas, não havendo diferença significativa entre as raças. CONCLUSÃO: estes resultados nos mostram enorme contraste entre a preferência das mulheres e os altos índices de cesárea no Brasil. Concluímos que deve haver falha de informação, falta de diálogo entre os profissionais da saúde e a paciente sobre as possíveis dificuldades, dúvidas e anseios que permeiam a escolha por determinada via de parto. Do ponto de vista ético concluímos que os obstetras devem questionar cada indicação para a realização de uma cesárea e respeitar a autonomia da escolha materna sem ignorar os verdadeiros critérios clínicos que levam à decisão médica pela via de parto.

    Resumo em Inglês:

    PURPOSE: to find out the preference in regard to the way of delivery among primigravidae, as well as the reasons for their choice, in order to improve the quality of the doctor-patient relationship. METHODS: a qualitative-type study was conducted through analysis of the collective subject, including primigravidae attended from September to November 2003 at the emergency rooms of the hospital of the "Faculdade de Medicina de Jundiaí". A questionnaire, specially developed to accomplish the proposed objectives was applied. An informed and free consent, signed by the pregnant woman and one of the researchers in charge was obtained. This questionnaire was based on doubts of patients attended at this hospital some months before the trial. For the purpose of sample standardization, the patients' selection followed some inclusion criteria: age above 16, primigravidae that were receiving prenatal assistance and a post-informed and free consent. Mental disorders and clinical and/or obstetric pathologies that could interfere in the patient's choice were considered exclusion criteria. RESULTS: the studied population had as prevailing profile women in the third quarter of gestation, above 21 years of age, white, married and with completed school. Most of the women (90%) preferred vaginal delivery for the following main reasons: ease to be done (94%) and the fear of suffering and pain during the postpartum period caused by cesarean section. There was a relationship between older and married women and the preference for vaginal delivery, with no significant difference between races. CONCLUSION: these results show an enormous contrast between women's preference and the high cesarean section rates in Brazil. We conclude that there may be a lack of information and dialogue between the health professionals and patients about the possible difficulties, doubts and anxieties that involve the women's choice for a specific way of delivery. From an ethical point of view, we conclude that obstetricians should question every cesarean section indication and take into account the women's right to choose, without ignoring clinical criteria, when making the medical decision about the way of delivery.
  • Fatores associados à asfixia perinatal Trabalhos Originais

    Cunha, Alfredo de Almeida; Fernandes, Daniel de Souza; Melo, Paula Frade de; Guedes, Marcela Hottum

    Resumo em Português:

    OBJETIVO: avaliar fatores de risco associados ao índice de Apgar baixo. MÉTODOS: o estudo teve delineamento transversal. A população de estudo foi amostra randômica da população internada em maternidade nível III no ano de 2001. O desfecho foi índice de Apgar baixo, definido como de 1-6 (grupo de estudo) comparado a 7-10 (controle) no primeiro minuto. A primeira etapa foi avaliar a associação isolada de cada possível fator de risco. A segunda etapa consistiu em análise multivariada com modelagem usando regressão logística (modo passo a passo, reverso). RESULTADOS: houve 39 (14%) recém-nascidos (RN) deprimidos que foram comparados a 238 (86%) não deprimidos. A análise final (multivariada) revelou associação do índice de Apgar baixo com os seguintes fatores de risco: antecedente de natimorto (OR=52,6), ameaça de parto prematuro, caracterizada pela existência de contrações uterinas não típicas de trabalho de parto (OR=33,8), baixo peso do RN, inferior a 2.500 g (OR=11,2), antecedente de cesariana (OR=7,4). Funcionaram como fatores de proteção o peso do RN medido em gramas (OR=0,9), sexo feminino do RN (OR=0,1), presença de intercorrência clínica (OR=0,4) e prematuridade, com idade gestacional inferior a 37 semanas (OR=0,1) CONCLUSÃO: o estudo do resultado pode auxiliar na identificação de fetos com risco de asfixia, possibilitando seu encaminhamento dentro do sistema de saúde, bem como o planejamento da assistência em unidades terciárias.

    Resumo em Inglês:

    PURPOSE: to assess risk factors for low Apgar score. METHODS: this was a cross-sectional study preformed in a random sample of patients admitted to a level III maternity hospital in 2001. The outcome was low Apgar score defined as an Apgar score 1-6 (study group) versus Apgar score 7-10 (control group) in the first minute of life. The first step was the evaluation of the association of each possible risk factor with low Apgar score. The second step was multivariate analysis with the backward stepwise logistic regression model. RESULTS: there were 39 (14%) depressed newborns which were compared to 238 (86%) not depressed babies. The final analysis (multivariate) showed an association between low Apgar score and previous case of stillbirth (OR=52.6), preterm labor threat (OR=33.8), low birth weight, less than 2,500 g body weight (OR=11.2) and previous cesarean section (OR=7.4). Some factors acted as a protection, including birth weight, in grams (OR=0.9), female sex of the newborn (OR=0.1), medical complications (OR=0.4) and prematurity (gestational age < 37 weeks, OR=0.1). CONCLUSION: the study may help in the identification of fetuses at great risk of asphyxia, allowing proper reference within the health system and planning of effective assistance in neonatal intensive care units.
  • Vilosite placentária e sua relação com intercorrências fetais e maternas Trabalhos Originais

    Castro, Eumenia Costa da Cunha; Salge, Ana Karina Marques; Galdino, Fabiana Jorge Bueno; Ferraz, Mara Lúcia Fonseca; Reis, Marlene Antônia dos; Corrêa, Rosana Rosa Miranda; Teixeira, Vicente de Paula Antunes

    Resumo em Português:

    OBJETIVO: a vilosite placentária tem sido associada a infecção perinatal, embora uma porcentagem permaneça de etiologia desconhecida. O objetivo deste estudo foi realizar análise morfológica das vilosites, com caracterização imuno-histoquímica, e relacioná-la com intercorrências maternas e fetais. MÉTODOS: foram incluídas 128 placentas. Foi realizada a análise macroscópica e todos os fragmentos coletados foram analisados microscopicamente pelo método da hematoxilina-eosina. As vilosites foram classificadas de acordo com a intensidade do processo inflamatório em vilosite discreta, moderada e acentuada. Para a pesquisa do agente etiológico foi realizada imuno-histoquímica utilizando anticorpos monoclonais anti-Toxoplasma gondii e anti-Cytomegalovirus. Para avaliação do fenótipo das células do infiltrado inflamatório das vilosidades foram utilizados os seguintes anticorpos: anti-CD68, anti-CD57, CD3 e CD20. Foram analisadas as seguintes variáveis: idade materna e gestacional, peso fetal e placentário e intercorrências maternas e fetais. Na comparação entre dois grupos utilizamos o teste de Mann-Whitney e as proporções foram comparadas por meio do teste do chi2. As diferenças observadas foram consideradas significativas quando p<0,05 (5%). RESULTADOS: a vilosite foi identificada em 11,7% das placentas. Em 40% dos casos de vilosite as crianças foram natimortas (p=0,003). Foi encontrado um caso de toxoplasmose congênita e os demais foram classificados como vilosite de etiologia desconhecida. CONCLUSÕES: a intensidade do processo inflamatório placentário apresentou relação com a gravidade do acometimento fetal. As células inflamatórias que compõem a vilosite são macrófagos em sua maioria. Entretanto, não foi possível identificar os agentes etiológicos responsáveis pela processo inflamatório.

    Resumo em Inglês:

    PURPOSE: placental villitis has been correlated with perinatal infection, although a percentage of cases remains etiologically unknown. The present study was aimed at the systematic morphological study of placentas for imunohistochemical characterization of villitis and assessment of its possible correlation with maternal and fetal outcome. METHODS: a hundred and twenty-eight placentas were studied. Gross examination was performed and all collected fragments were analyzed microscopically by the hematoxylin-eosin method. Villits was classified according to the inflammatory degree in to mild, moderate and severe. The immunohistochemical study to identify infectious agents was performed using monoclonal antibodies against Toxoplasma gondii and Cytomegalovirus. For inflammatory cell phenotype identification monoclonal antibodies against CD68, CD57, CD3, and CD20 were used. Statistical analysis was performed with the variables: maternal age and fetal gestational age, fetal and placental weight, and fetal and maternal outcomes. To compare the two groups we used the Mann-Whitney test and for proportions we used the chi2 test. The differences in the mean values between the treatment groups were considered statistically significant when p<0.05 (5%). RESULTS: villitis was identified in 11.7% of the cases. In 40% of the cases the children were stillborn (p=0.003). One case showed positive staining for toxoplasmosis while the remaining cases were negative. Imunohistochemical staining showed CD68+ cells, PanT+ cells and negative CD57 and PanB cells. CONCLUSION: we concluded that the intensity of the inflammatory process in the placenta was correlated with the severity of the fetal disease. The inflammatory cells in the villitis focus were macrophages; however, we could not identify infectious agents correlated with the villitis.
  • Fenilcetonúria materna: relato de caso Relato De Casos

    Figueiró-Filho, Ernesto Antonio; Lopes, Alessandro Henrique Antunes; Senefonte, Flávio Renato de Almeida; Souza Júnior, Virgilio Gonçalves de; Botelho, Carlos Augusto; Duarte, Geraldo

    Resumo em Português:

    A fenilcetonúria materna é uma aminoacidopatia caracterizada por níveis elevados de fenilalanina plasmática na gestante, o que pode provocar anormalidades no desenvolvimento do feto, condição que se denomina síndrome de fenilcetonúria materna. Deve ser diagnosticada laboratorialmente, uma vez que as manifestações clínicas são inespecíficas. Relatamos um caso de paciente secundigesta, com antecedente pessoal de retardo do desenvolvimento cognitivo, sem antecedentes patológicos obstétricos, com diagnóstico laboratorial de hiperfenilalaninemia na atual gestação, sendo tratada com dieta específica. O recém-nato, nascido a termo, não apresentou alterações físicas ou defeitos congênitos confirmados. A gestação anterior, na qual não houve diagnóstico e controle da fenilcetonúria, resultou em criança com séria deficiência psicomotora confirmada, além de microcefalia e distúrbios auditivos e da fala. Com o conhecimento dos efeitos da hiperfenilalaninemia materna sobre o feto, tornam-se essenciais o diagnóstico e a instituição precoce do tratamento durante a gravidez em pacientes com suspeita clínica de fenilcetonúria. No caso aqui descrito, houve benefícios materno-fetais do tratamento dietoterápico oferecido, reforçando a importância da identificação de mulheres fenilcetonúricas em idade reprodutiva.

    Resumo em Inglês:

    Maternal phenylketonuria is an aminoacid pathology characterized by elevated plasma levels of phenylalanine in the pregnant woman that may cause abnormalities in fetus development, and which is called maternal phenylketonuria syndrome. As the clinical manifestations are non-specific, the disease should be diagnosed by laboratory screening. We present a case of a second pregnancy in a woman with a history of psycho-cognitive development retardation without previous obstetric history, with diagnosis of phenylketonuria in the present gestation, treated with specific phenylalanine-free diet. The newborn did not present congenital defects. The previous gestation without maternal treatment resulted in a child with serious developmental disturbances, microcephalia and auditory-speaking deficits. Early diagnosis and treatment of hyperphenylalaninemia during pregnancy are essential, mainly because of the negative impact on fetal development. In the here reported case, there were fetal benefits from the maternal dietary treatment, which demonstrates the importance of the maternal diagnosis of phenylketonuria in women in reproductive age.
  • Lesão intra-epitelial cervical: abordagem diagnóstica com o uso da colpocitologia oncótica e colposcopia com biópsia dirigida Resumos De Teses

    Rios, Salete da Silva
  • Uso de 150mg/dia de acarbose em pacientes obesas e com síndrome dos ovários policísticos: estudo duplo cego randomizado, com grupo placebo Resumos De Teses

    Penna, Ivan Andrade de Araujo
  • A cérvice uterina da adolescente: estudo da prevalência e dos fatores associados ao câncer de colo uterino e suas lesões precursoras em população de adolescentes atendidas em Hospital Público do Município do Rio de Janeiro Resumos De Teses

    Monteiro, Denise Leite Maia
  • Quantificação das populações e subpopulações de linfócitos, avaliação da resposta quimiotática, da ingestão e digestão neutrofílica e das imunoglobulinas séricas M e G, em gestantes com pré-eclâmpsia Resumos De Teses

    Vázquez, Mônica López
Federação Brasileira das Sociedades de Ginecologia e Obstetrícia Av. Brigadeiro Luís Antônio, 3421, sala 903 - Jardim Paulista, 01401-001 São Paulo SP - Brasil, Tel. (55 11) 5573-4919 - Rio de Janeiro - RJ - Brazil
E-mail: editorial.office@febrasgo.org.br