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Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, Volume: 27, Número: 3, Publicado: 2005
  • A qualidade do pré-natal no Brasil Editorial

    Silva, João Luiz Pinto e; Cecatti, José Guilherme; Serruya, Suzanne Jacob
  • Associação entre a carga viral e os linfócitos T CD4+ com as lesões intra-epiteliais do colo uterino em mulheres infectadas pelo vírus da imunodeficiência humana Artigos Originais

    Araújo, Angela Cristina Labanca de; Melo, Victor Hugo de; Castro, Lúcia Porto Fonseca de; Guimarães, Mark Drew Crosland; Aleixo, Agdemir Waléria; Silva, Maria Luiza

    Resumo em Português:

    OBJETIVOS: verificar se a contagem de linfócitos T CD4+ e a carga viral do HIV têm influência na presença de lesões intra-epiteliais cervicais (SIL). MÉTODOS: estudo transversal, no qual foram selecionadas 134 mulheres HIV-positivas, todas submetidas à biópsia do colo uterino, quantificação da carga viral do HIV e contagem de linfócitos T CD4+. Os valores laboratoriais da quantificação da carga viral e da contagem de linfócitos T CD4+ foram obtidos antes da realização da biópsia, tendo sido estabelecidos cortes para o estudo da carga viral (<400 cópias/mL; 401 a 50.000 cópias/mL; >50.000 cópias/mL) e contagem de linfócitos T CD4+ (<200 células/mm³; 200 a 350 células/mm³; >350 células/mm³). Foram realizados os testes chi2, chi2 de tendência linear, chi2 de Mantel-Haenszel e análise de variância. Estabeleceu-se significância estatística para p<0,05 e intervalo de confiança a 95%. RESULTADOS: não houve tendência de risco para as mulheres HIV-positivas apresentarem SIL com o aumento da carga viral ou diminuição dos linfócitos T CD4+. Comparando-se a carga viral com a presença ou ausência de SIL, estratificada pelo tempo em que foi quantificada, houve diferença significante para valores acima de 400 cópias/mL (OR: 3,17; IC 95%: 1,02-9,93; p=0,048). Nenhuma associação foi encontrada para a contagem de linfócitos T CD4+ com a presença da SIL. CONCLUSÃO: as pacientes com carga viral do HIV maior que 400 cópias/mL, quantificada antes da biópsia do colo uterino, apresentaram chance 3,17 vezes maior de desencadear SIL. A contagem de linfócitos T CD4+ não influenciou no aparecimento da SIL.

    Resumo em Inglês:

    PURPOSE: to evaluate CD4+ T lymphocyte cell count and HIV viral load influence on the presence of cervical squamous intraepithelial lesions (SIL). METHODS: cross-sectional study of 134 HIV-infected women submitted to uterine cervical biopsy, HIV viral load quantification and CD4+ T lymphocyte cell count. Viral load and CD4+ T lymphocyte cell count were performed before biopsy timing. Three different levels of viral load (<400 copies/mL; 401 to 50,000 copies/mL; >50,000 copies/mL) and CD4+ T lymphocyte count (<200 cells/mm³; 200 to 350 cells/mm³; >350 cells/mm³) were defined. Data were statistically analyzed by the chi2 test, linear tendency chi2 test, Mantel-Haenszel test, and analysis of variance, with level of significance set at p<0.05 and 95% confidence interval. RESULTS: there was no risk tendency for HIV-infected women to show SIL with viral load level increase or CD4+ T lymphocyte reduction. Comparing viral load with the presence or absence of SIL, stratified by quantification timing, there was a significant difference for values over 400 copies/mL (p=0.048; OR: 3.17; 95% CI: 1,02-9.93). No association was found between CD4+ T lymphocyte cell count and SIL. CONCLUSION: patients with HIV viral load higher than 400 copies/mL, performed before uterine cervical biopsy, showed a 3.17 times greater chance to develop SIL. CD4+ T lymphocyte count had no influence on the development of SIL.
  • Influência da terapêutica hormonal prévia sobre os indicadores de prognóstico do câncer de mama em mulheres na pós-menopausa Artigos Originais

    Nahas, Eliana Aguiar Petri; Lindsey, Susan Chow; Uemura, Gilberto; Nahas-Neto, Jorge; Dalben, Ivete; Véspoli, Heloísa De Luca; De Luca, Laurival A.

    Resumo em Português:

    OBJETIVO: avaliar a influência da terapêutica hormonal (TH) prévia sobre alguns indicadores de prognóstico do câncer de mama, em pacientes na pós-menopausa. MÉTODOS: estudo transversal por meio da aplicação de questionários e levantamento de prontuários. Foram entrevistadas 157 pacientes com diagnóstico de câncer de mama na pós-menopausa, registrando-se dados clínicos, antecedentes pessoais e familiares, uso de TH e mamografias. Nos prontuários foram obtidas informações sobre o câncer de mama quanto ao diâmetro do tumor, tipo de cirurgia e estudo imuno-histoquímico. Para a estatística empregou-se ANOVA e teste do chi2. RESULTADOS: 38,2% das pacientes eram ex-usuárias de TH e 61,8% não usuárias. O tempo médio de uso da TH foi de 3,7±3,6 anos. As ex-usuárias eram de menor faixa etária e com menor tempo de menopausa quando comparadas às não usuárias (p<0,05). Constatou-se que 26,8% das pacientes apresentavam antecedentes familiares de câncer de mama, em ambos os grupos. Entre as ex-usuárias de TH, 43,3% foram submetidas a mamografias prévias, ao passo que entre as não usuárias, apenas 11,3% (p<0,001). O diâmetro médio do tumor foi menor entre as ex-usuárias de TH (2,3±1,1 cm), com predomínio de quadrantectomias (60%), quando comparadas as não usuárias (3,3±1,5 cm e 32%, respectivamente) (p<0,001). No estudo imuno-histoquímico, observou-se correlação positiva entre a presença de receptores de estrogênio e progesterona positivos e o uso de TH (p<0,001). Não houve correlação entre TH e c-erbB-2 e p53. CONCLUSÃO: nesta casuística, as mulheres na pós-menopausa que usaram TH prévia ao diagnóstico de câncer de mama apresentaram indicadores de prognóstico mais favoráveis quando comparadas às não usuárias.

    Resumo em Inglês:

    PURPOSE: to evaluate the influence of previous hormonal therapy (HT) on breast cancer prognostic markers in postmenopausal women. Methods: a cross-sectional study was carried out, applying questionnaires and medical record surveys of 157 postmenopausal patients with breast cancer diagnosis. Clinical data, personal and familiar history, HT use, and mammograms were investigated. The medical record surveys yielded information about tumor size, imunohistochemical data, and type of surgery. Statistical analysis was performed using ANOVA and the chi2 test. RESULTS: 38.2% of the patients were HT ex-users and 61.8% were non-users. Mean time of HT use was 3.7±3.6 years. HT ex-users were younger and with a shorter menopause time than non-users (p<0.05). 26.8% of the patients reported previous cases of breast cancer in their families, with no difference between the groups. Of the HT ex-users, 43.3% had previous mammograms, while of the non-users, only 11.3% (p<0.001). Mean tumor size was smaller in HT ex-users (2.3±1.1 cm) than in non-users (3.3±1.5cm) (p<0.001). The conservative surgeries (quadrantectomies) were predominant in HT ex-users (60%) when compared to non-users (32%) (p<0.001). The immunohistochemical study showed, a positive correlation between the presence of positive estrogen and progesterone receptors and the HT use (p<0.001). There was no correlation between HT and c-erbB-2 and p53. CONCLUSION: postmenopausal women who used hormonal therapy previously to breast cancer diagnosis presented indication of a better prognosis when compared to non-users.
  • Efeitos da associação estro-androgênica em mulheres na pós-menopausa Artigos Originais

    Mameri Filho, Justino; Haidar, Mauro Abi; Soares Júnior, José Maria; Baracat, Edmund Chada

    Resumo em Português:

    OBJETIVO: avaliar os efeitos da associação de estrogênios e androgênios sobre a qualidade de vida e a sexualidade de mulheres durante o climatério. MÉTODOS: foram incluídas 96 pacientes com sintomas vasomotores e disfunção sexual na pós-menopausa. As mulheres foram aleatoriamente divididas em três grupos de tratamento com 32 pacientes cada: placebo, estrogênios conjugados eqüinos (0,625 mg por dia) e associação de estrogênios conjugados eqüinos (0,625 mg por dia) e de metiltestosterona (2,5 mg por dia). O tratamento foi realizado por três meses. A avaliação da qualidade de vida e da sexualidade foi realizada por entrevista usando o Questionário de Saúde da Mulher (QSM) e o Questionário Simplificado sobre Sexualidade, antes e após o tratamento. Alguns parâmetros do risco cardiovascular, o eco endometrial e a toxidade hepática foram avaliados. Para análise dos dados aplicou-se o teste ANOVA, seguido pelo teste post hoc de Fisher e teste de Shapiro-Wilk. RESULTADOS: houve melhora nos parâmetros do QSM nos grupos que receberam estrogenioterapia isolada e associada ao androgênio em comparação ao grupo placebo. Entretanto, não houve diferença entre os três grupos em relação às questões referentes aos sintomas somáticos. A associação estro-androgênica foi superior ao estrogênio isolado nas questões relacionadas com função sexual (média da pontuação: 64 vs 67; p<0,05) e humor deprimido (média da pontuação: 75 vs 80; p<0,05). No grupo que recebeu a terapia estro-androgênica, houve redução do colesterol total (212±42 e 194±43, antes e após o tratamento, respectivamente) e do HDL-colesterol (56±16 e 48±14, antes e após o tratamento, respectivamente), bem como discreto aumento do eco endometrial (4,7±2,3 e 5,5±2,3 antes e após o tratamento, respectivamente). Não foi constatada alteração significante das enzimas hepáticas entre os grupos, durante o período de estudo. CONCLUSÕES: a associação estro-androgênica resultou em melhora na qualidade de vida e nos distúrbios sexuais. Este efeito foi superior à estrogenioterapia isolada e ao placebo. O efeito do tratamento estro-androgênico foi mais marcante nos itens de humor deprimido e de função sexual no questionário QSM.

    Resumo em Inglês:

    PURPOSE: to evaluate the effects of the association of estrogen and androgen on the quality of life and sexuality of women during climacterium. METHODS: ninety-six postmenopausal women with vasomotor symptoms and sexual dysfunction were included. The participants were randomly divided into three treatment groups with 32 pacients each: placebo, conjugated equine estrogens (CEE) (0.625 mg per day) and CEE (0.625 mg per day) associated with methyltestosterone (2.5 mg per day). The length of the treatment period was three months. The Women Health Questionnaire (WHQ) and the Modified Sexuality Questionnaire were applied to evaluate the quality of life and sexuality before and after the treatment. Some parameters of cardiovascular risk, endometrial echo and hepatic toxicity were evaluated. ANOVA was used for data analysis followed by the Fisher test and the Shapiro-Wilk post hoc test. RESULTS: the improvement in WHQ parameters was significant in the hormonal treatment groups (CEE and CEE + methyltestosterone) compared to the placebo group. However, there were no differences in somatic symptoms among the three groups. The association of estrogen with androgen significantly improved sexual function (score (mean): 64 vs 67, p<0.05) and depressive humor (score (mean): 75 vs 80, p<0.05) compared to estrogen alone. This therapy also presented a large number of WHQ questions with a high score (p<0.05). The use of CEE associated with methyltestosterone decreased the total cholesterol (212±42 and 194±43, before and after the treatment, respectively) and HDL colesterol (56±16 and 48±14, before and after the treatment, respectively), and slightly increased the endometrial echo (4.7±2.3 and 5.5±2.3, before and after the treatment, respectively). No signifcant changes in liver enzymes during the treatment period was detected. CONCLUSIONS: estrogen associated with methyltestosterone resulted in significant improvement in the quality of life and sexuality of postmenopausal women. This effect was superior to estrogen alone and placebo. The effect of treatment with the estrogen-androgen association was evident regarding depressive humor and sexual function questions of the WHQ.
  • Estudo citogenético das gônadas em pacientes com amenorréia primária Artigos Originais

    D'Agostini, Carla; Gus, Rejane; Capp, Edison; Corleta, Helena von Eye

    Resumo em Português:

    INTRODUÇÃO: pacientes em amenorréia primária com disgenesia gonadal têm níveis elevados de gonadotrofinas e necessitam de avaliação cromossômica. O estudo citogenético (cariótipo) pode ser realizado na gônada ou no sangue periférico. Nos casos de amenorréia primária sem sinal de virilização, a necessidade de investigação adicional do cariótipo da gônada não está estabelecida. OBJETIVO: revisar os cariótipos de gônadas (ovários) de mulheres com amenorréia primária e compará-los com os resultados do cariótipo no sangue periférico, relacionando-os às características fenotípicas das pacientes. MÉTODOS: foram analisados retrospectivamente os dados clínicos e os cariótipos de doze pacientes atendidas no período de janeiro de 1997 a dezembro de 2003 no Hospital de Clínicas de Porto Alegre. RESULTADOS: nas pacientes incluídas, quando o motivo da investigação foi amenorréia primária sem sinal de virilização, o cariótipo da gônada foi concordante com o cariótipo do sangue periférico nos oito casos avaliados (sete pacientes com cariótipo 46XX e uma paciente com cariótipo 46XY). A paciente oito foi a única com sinal de virilização (hipertrofia de clitóris) e o único caso de cariótipos discordantes. CONCLUSÃO: este estudo sugere que o cariótipo de gônada não traz informação adicional ao cariótipo do sangue periférico nas pacientes com amenorréia primária sem sinais de virilização. Até o momento todos os trabalhos publicados tiveram número pequeno de pacientes. A análise da relação custo-benefício pode permitir redução de estresse psicológico para paciente e familiares, bem como redução de custos para as instituições.

    Resumo em Inglês:

    BACKGROUND: patients with primary amenorrhea and gonadal dysgenesia have higher serum gonadotrophins and should be submitted to chromosome studies. Karyotype studies may be performed in gonadal tissue or peripheral blood however, it is not yet established if cases of primary amenorrhea without signs of virilization need additional investigation of gonadal karyotype. PURPOSE: to analize the gonadal karyotypes (ovaries) from patients with primary amenorrhea and compare them to their respective peripheral blood karyotypes. METHODS: clinical and karyotype data of 12 patients were retrospectively analyzed from January 1997 to December 2003. RESULTS: when the investigation was indicated for primary amenorrhea without signs of virilization, the gonadal and peripheral blood karyotypes were concordant in 8 cases (7 cases 46XX and 1 case 46XY). One patient with virilization signs was the only case of discordant karyotype. CONCLUSION: the present study suggests that the gonadal karyotype does not bring additional information to peripheral blood karyotype in patients with amenorrhea and no signs of virilization. Although all previous studies had a small number of patients, it seems advisable to investigate the gonadal karyotype in patients with signs of virilization. The cost-benefit analysis could allow cost and stress reduction for patients, family and institutions.
  • Baixo peso ao nascer em coorte de recém-nascidos em Goiânia-Brasil no ano de 2000 Artigos Originais

    Giglio, Margareth Rocha Peixoto; Lamounier, Joel Alves; Morais Neto, Otaliba Libânio de; César, Cibele Comini

    Resumo em Português:

    OBJETIVO: analisar o peso ao nascer da coorte de recém-nascidos do ano 2000, em Goiânia, pela determinação do coeficiente de mortalidade e probabilidade de sobrevivência neonatal, estratificados por categorias de peso ao nascer e, ainda, pela identificação dos fatores associados ao baixo peso ao nascer (BPN). MÉTODOS: estudo de coorte retrospectivo, constituído por linkage dos arquivos do SIM (Sistema de Informações de Mortalidade) e do SINASC (Sistema de Informações de Nascimentos). Foram calculados coeficientes de mortalidade neonatal para as categorias de peso ao nascer e construído um gráfico de probabilidades de sobrevivência neonatal por meio de análise de regressão linear. Foram identificados fatores de risco para o BPN mediante análise univariada (RR) e regressão logística, considerando-se nível de significância de 5%. RESULTADOS: a incidência de BPN foi de 6,9%, sendo que 140 (66,8%) óbitos neonatais ocorreram nesse grupo. Trinta por cento dos óbitos se deram na categoria de peso entre 1.500-2.500 g. Os fatores identificados como de risco para o BPN foram: prematuridade, presença de malformações congênitas, mães com idade em extremos reprodutivos, residência na região noroeste do município, baixo número de consultas no pré-natal, parto em hospital público e sexo feminino. CONCLUSÃO: a incidência de BPN foi semelhante aos países desenvolvidos e os coeficientes de mortalidade neonatal, por categoria de peso, aquém dos encontrados naqueles países. Os resultados encontrados orientam atenção para: prematuridade, hospitais públicos e região noroeste de Goiânia.

    Resumo em Inglês:

    PURPOSE: to analyze birth weight in a cohort of newborns for the year 2000, in Goiânia, by determining the coefficient of mortality and neonatal survival probability, stratified by categories of birth weight, and also, through the identification of factors associated with low birth weight (LBW). METHODS: a retrospective cohort study, made possible by the linkage of data from the ISM (Information System on Mortality) and ISLB (Information System on Live Births) files. Coefficients of neonatal mortality were calculated for the categories of birth weight and a neonatal survival probability chart was constructed with the help of linear regression analysis. Risk factors for LBW were identified by univariate analysis (RR) and logistic regression analysis, and the level of significance was set at 5%. RESULTS: the incidence of LBW was 6.9% and 140 (66.8%) neonatal deaths took place in this group. Thirty percent of these deaths occurred in the 1,500-2,500 g weight bracket. The following risk factors were identified for LBW: preterm pregnancy, presence of congenital malformations, mothers at the extreme ages for reproduction, mothers living in the northwestern region of the city, insufficient prenatal appointments with the doctor, delivery in a public hospital, and female babies. CONCLUSION: Goiânia had an incidence of LBW which is comparable to that of developed countries and coefficients of neonatal mortality by category of weight were below those found for those countries. These results recommend that we pay attention to: prematurity, public hospitals, and the northwestern region of Goiânia.
  • Influência do local de análise dopplervelocimétrica na artéria cerebral média Artigos Originais

    Souza, Marco Aurélio Martins de; Caldeira, Hubert; Caracas, Rosamaria Ribeiro; Biondi, Leonardo; Duarte, Richard; Prates, Flávia Pollyana Almeida

    Resumo em Português:

    OBJETIVO: avaliar se existem diferenças entre índices os ovários dopplervelocimétricos em função do local de insonação da artéria cerebral média em pacientes saudáveis comparando-as a outro grupo com intercorrências. MÉTODOS: estudo prospectivo, randomizado, desenvolvido no período de junho de 2003 a março de 2004. Foram analisados os índices doplervelocimétricos de 100 pacientes: grupo de estudo (GE, n=50): pacientes internadas tendo como critérios de inclusão: estar entre a 28ª e a 34ª semana de gestação e diagnóstico de hipertensão arterial crônica materna, pré-eclampsia ou restrição de crescimento intra-uterino (CIUR). Como grupo controle (GC), 50 pacientes saudáveis, grávidas entre a 28ª e a 34ª semana. As variáveis doplervelocimétricas analisadas foram o índice de resistência (IR), o índice de pulsatilidade (IP) e a relação sístole/diástole (SD). Todos os três índices foram obtidos e em dois locais diferentes: a primeira medida em região do diencéfalo, logo após o início da artéria cerebral média, e a segunda em localização mais distal, no telencéfalo. RESULTADOS: As medianas dos índices no GE na primeira e segunda medida foram respectivamente para o IP de 1,55 e 1,69; para o IR de 0,77 e 0,79; para o SD de 4,29 e 4,86. No GC os valores foram para o IP de 1,73 e 1,86; para o IR de 0,83 e 0,79 e para o SD de 5,83 e 5,46. Não houve diferenças entre os locais, com valor p de 0,38; 0,29 e 0,39, respectivamente para o IP, IR e SD. Em 15 fetos centralizados, a mediana dos índices no diencéfalo foi IP=1,02; IR=0,63 e SD=2,68. No telencéfalo a mediana foi IP=0,95; IR=062 e SD=2,44. Não houve diferenças entre os dois locais, com valor p de 0,53 para o IP; 0,56 para o IR e 0,31 para o SD. CONCLUSÃO: O local de insonação não interfere nos valores dos índices de doplervelocimetria nas artérias cerebrais médias.

    Resumo em Inglês:

    PURPOSE: to evaluate if there is any difference between Doppler indexes in the middle cerebral artery in two different sites of insonation in healthy patients and in patients with diseases. METHODS: a random prospective survey, in the period from June 2003 to March 2004 that analyzed the Doppler indexes of 100 patients: patient group (n = 50) included patients admitted to Clemente Farias University Hospital, which is part of UNIMONTES-MG, havinfg as inclusion criteria: to be in the 28th to 34th gestational week, diagnosis of chronic arterial hypertension, pre-eclampsia, intrauterine growth restriction. As control group, 50 healthy pregnant patients between the 28th and the 34th week, originary from SEMESP's clinic. The Doppler variables were the resistance index (RI), the pulsatility index (PI) and the relation systole/diastole (SD). All three Doppler indexes were assessed at two different sites of the cerebral artery: the first measurement in the diencephalons region, soon after the beginning of the middle cerebral artery and the second on a distal location in the telencephalon. The median Doppler indexes in the patient group in the first and second measurements were 1.55 and 1.69 for the PI, 0.77 and 0.79 for RI and 4.29 and 4.86 for SD, respectively. In the control group, the values were 1.73 and 1.86 for the PI; 0.83 and 0.79 for RI and 5.83 and 5.46 for SD. There were no differences between sites with a p value of 0.38, 0.29 and 0.39 for PI, RI and SD, respectively. In 15t fetuses with centralization (brain sparing effects), in the diencephalon the median indexes were 1.02 for PI, 0.63 for RI and 2.68 for SD. In the epencephalon the median indexes were 0.95 for IP, 0.62 for RI and 2.44 for SD. There were no differences between sites, with a p value of 0.53 for PI; 0.56 for IR and 0.31 for SD. The Doppler index site of assessment in the middle cerebral arteries does not interfere with the results.
  • Hidropisia fetal: análise de 80 casos Artigos Originais

    Silva, André Ricardo Araujo da; Alzegui, Júlio Cezar Laura; Costa, Maria Célia de Freitas Leite da; Tristão, Maria Aparecida Pereira; Nogueira, Susie Andries; Nascimento, Jussara Pereira do

    Resumo em Português:

    OBJETIVO: descrever a etiologia, evolução e prevalência de hidropisia fetal em coorte de gestantes em 10 anos de acompanhamento (1992 a 2002), em uma maternidade terciária. MÉTODOS: estudo retrospectivo foi realizado em pacientes referidas para a maternidade do Instituto Fernandes Figueira com o diagnóstico de hidropisia fetal, detectado pelo exame de ultra-sonografia, durante o período compreendido entre 1992 e 2002. Os casos foram selecionados quanto à etiologia (imune ou não-imune), sendo comparados quanto à evolução, procedimentos invasivos realizados e sobrevivência. A análise das variáveis foi realizada por meio do programa Epi-Info 6.0, sendo considerado valor de significância estatística um valor de p<0,05. RESULTADOS: durante o período de estudo, 80 gestantes foram atendidas com diagnóstico inicial de hidropisia fetal. A freqüência de hidropisia nesta população foi de 1 para 157 nascidos vivos. Isoimunização Rh (grupo imune - GI) foi diagnosticada em 13 casos (16,2%), restando portanto 67 casos (83,8%) considerados como devidos a causas não imunes (grupo não imune - GNI). As causas mais comuns de hidropisia fetal não imune são: idiopáticas (40,2%), genéticas (20,8%), infecciosas (20,7%) e cardiopatia fetal (7,4%). Foi encontrada diferença em relação à idade materna do grupo imune (média = 32,8 anos) quando comparada com o grupo não imune (média=28,7) (p=0,03), porém a idade gestacional ao nascimento foi similar em ambos os grupo, (média de 33,6 semanas no grupo imune e de 33,1 semanas no grupo não imune (p=0,66). Amniocentese e transfusão sanguínea in utero foram realizadas com maior freqüência no grupo imune (p<0,001) e a letalidade perinatal encontrada foi de 53,8% no grupo imune e 68,6% no grupo não imune (p=0,47). A pesquisa complementar de anticorpos IgG anti-parvovírus B19 foi realizada em 41 dos 67 casos de hidropisia fetal não imune e somente 16 apresentaram resultado positivo. CONCLUSÃO: a etiologia não imune foi a forma mais comum de apresentação de hidropisia fetal em nossa casuística. A letalidade perinatal desta entidade continua elevada e uma proporção significativa de casos não teve causa identificada. A utilização da análise do cariótipo fetal e do diagnóstico específico para parvovírus B19 pode aumentar a identificação causal de hidropisia fetal não imune classificada como idiopática.

    Resumo em Inglês:

    PURPOSE: to describe etiology, evolution and prevalence of hydrops fetalis in a cohort of pregnant women during a period of ten years (1992 to 2002) in a tertiary maternity. METHODS: a retrospective study was carried out in patients referred to the maternity of the Fernandes Figueira Institute, with diagnosis of hydrops fetalis, detected by ultrasonography, during the period from 1992 to 2002. The cases were selected according to etiology (immune or nonimmune) and evolution, performed invasive procedures and survival were compared between both groups. Analysis of variables was performed by Epi-Info 6.0 and a p value less than 0.05 was considered to be statistical significant. RESULTS: in ten years of follow-up, 80 patients with an initial diagnosis of hydrops were attended. The frequency of hydrops in this population was 1 in 157 live births. Rh immunization (immune group) was detected in 13 cases (16.2%), and for 67 cases (83.8%) nonimmune causes (nonimmune group) were considered. Major causes of nonimmune hydrops fetalis were idiopathic (40.2%), genetic (20.8%), infectious diseases (20.7%), and cardiopathy (7.4%). A difference was found in relation to maternal age in the immune group (mean = 32.8 years) when compared with the nonimmune group (mean = 28.7 years) (p=0.03), but gestational age at delivery was similar in both groups (mean = 33.6 weeks in the immune group and 33.1 weeks in the nonimmune group) (p=0.66). Amniocentesis and blood transfusion in utero were carried out more frequently in the immune group (p<0.001) and perinatal mortality was 53.8% in the immune group and 68.6% in the nonimmune group (p=0.47). Complementary research of IgG anti-parvovirus B19 antibodies was carried out in 41 of 67 cases of nonimmune hydrops, with 16 being positive for the presence of anti-B19 IgG antibodies. CONCLUSION: nonimmune etiology was the most common form of presentation of hydrops fetalis in our study. Perinatal mortality of this entity is still high and a substantial number of cases had no identified cause. Characterization of fetal karyotype and performance of specific parvovirus B19 serology could increase causal identification of nonimmune hydrops classified as idiopathic.
  • Derivação vésico-amniótica no tratamento intra-uterino das uropatias obstrutivas: revisão e análise crítica da experiência de um Centro de Medicina Fetal Artigos Originais

    Pereira, Alamanda Kfoury; Ozanan, Gabriel Costa; Rezende, Guilherme de Castro; Reis, Zilma Silveira Nogueira; Leite, Henrique Vitor; Cabral, Antônio Carlos Vieira

    Resumo em Português:

    OBJETIVO: avaliar a eficácia, a segurança e os benefícios do uso do cateter de derivação vésico-amniótico no tratamento intra-uterino das uropatias obstrutivas. MÉTODOS: análise retrospectiva dos registros de 35 fetos portadores de uropatia obstrutiva, acompanhados em um centro de Medicina Fetal, no período compreendido entre 1990 e 2004, tratados pela insersão do cateter de derivação vésico-amniótica. As pacientes consentiram em submeter-se ao procedimento. Os casos selecionados seguiram os seguintes critérios de inclusão: gestação única; idade gestacional até 32 semanas; ausência de outras malformações; cariótipo normal; ultra-sonografia mostrando lesão obstrutiva no trato urinário, bilateral ou unilateral com comprometimento do rim contralateral, caracterizando hidronefrose (diâmetro ântero-posterior da pelve maior que 10 mm), associada ou não a megaureter e megabexiga; oligoâmnio, dado por índice de líquido amniótico menor que 8; função renal normal, dada por critério ecográfico (aspecto dos rins à ecografia) e por estudo bioquímico da urina fetal (osmolaridade). Considerou-se normal a osmolaridade de até 210 mOsm como indicativo de função renal preservada. Após o nascimento foram acompanhados pelo setor de Nefrologia Pediátrica do Hospital das Clínicas da UFMG. Os neomortos ou natimortos foram encaminhados para o setor de Anatomia Patológica. Foi realizada análise descritiva dos seguintes parâmetros: diagnóstico pré-natal da uropatia, idade gestacional à insersão do cateter, tempo de permanência do cateter, complicações pós-procedimento, mortalidade perinatal e sobrevida neonatal. RESULTADOS: a válvula de uretra posterior foi a uropatia mais freqüente (62,8%). A idade gestacional média da insersão do cateter foi 26,1 semanas. O tempo médio de permanência do cateter após a colocação até o parto foi de 46 dias (variando entre um e 119 dias). Ocorreram 4 mortes fetais e 17 mortes neonatais (mortalidade perinatal de 60%). A principal causa dos óbitos foi a hipoplasia pulmonar. O oligoidrâmnio esteve presente em 33 dos 35 fetos acompanhados (94,3%), tendo sido revertido em 23 casos (70%), dos quais 14 sobreviveram ao período neonatal. Há 4 crianças em acompanhamento no setor de Nefrologia Pediátrica do Hospital das Clínicas da UFMG. Duas estão em diálise peritoneal, com expectativa de transplante renal, e duas apresentam-se com função renal preservada, com idades variando entre 2 meses e 4 anos. CONCLUSÃO: a derivação vésico-amniótica apresenta-se como uma alternativa viável de tratamento intra-uterino das uropatias graves, apresentando índice de sobrevida neonatal de 40% entre fetos que provavelmente evoluiriam para o óbito. Entretanto, o sucesso do procedimento esteve diretamente relacionado com a adequada seleção dos fetos e a precocidade da intervenção intrauterina, isto é, restringindo o procedimento àqueles fetos com menos de 32 semanas, com obstrução bilateral, sem malformações associadas e com função renal ainda preservada. A reversão do oligoidrâmnio não garantiu melhor prognóstico neonatal. Permanece controverso se a derivação vésico-amniótica é capaz de garantir a função renal preservada a longo prazo.

    Resumo em Inglês:

    PURPOSE: to analyze the efficacy, safety and real advantage of vesicoamniotic shunt catheter in the intrauterine treatment of obstructive uropathy. METHODS: a retrospective and descriptive study, in which the evolution of 35 fetuses with obstructive uropathy, submitted to vesicoamniotic shunt from 1990 to 2004 in a Fetal Medical Center was evaluated. All these fetuses fitted the selection criteria defined by a protocol of this service, and had the parents' consent for the procedure. The Pediatric Nephrology Sector of the Hospital das Clínicas of UFMG assessed all of them after delivery to confirm the prenatal diagnosis and outcome. The dead neonates were studied by the Pathological Anatomy Sector of UFMG. Descriptive analysis of the following parameters was performed: prenatal diagnosis of the uropathy, gestational age at shunt insertion, time of catheter utilization, post-surgery complications, perinatal mortality and neonatal survival. RESULTS: posterior urethral valve was the most common uropathy (62.8%). The mean gestational age at the vesicoamniotic shunt placement was 26.1weeks and the mean time of its presence was 46 days (1-119 days). There were four intrauterine fetal deaths and 17 in the neonatal period (60% perinatal mortality). The main cause of death was pulmonary hypoplasia. Olygohidramnios was present in 33/35 fetuses (94.3%) and it was reversed in 23 of them (70%); fourteen fetuses survived the neonatal period. At present, there are 4 children followed up by the Pediatric Sector of Nephrology of Hospital das Clínicas. Two of them have been treated with peritoneal dialysis, awaiting renal transplantation. The other two have normal renal function. Their age varies from 2 months to 4 years. CONCLUSION: the vesicoamniotic shunt may be a viable intrauterine treatment for severe obstructive uropathy, with 40% of survival rate of fetuses that might have progressed to death. However, the procedure's success was directly related to the adequate selection, and to the early intervention in the uterus, performed before 32 weeks of gestation in fetuses with bilateral obstruction, without any associated malformation and with still preserved renal function. Olygohidramnios reversion did not guarantee a good prognosis. It remains controversial if the vesicoamniotic shunt can really ensure long-term renal function.
  • Avaliação do desfecho dos conceptos com risco aumentado de ocorrência de anomalias cromossômicas calculado pela medida da translucência nucal Artigos Originais

    Camano, Luiz; Moron, Antonio Fernandes; Nardozza, Luciano Marcondes Machado; Pares, David Baptista da Silva; Chinen, Paulo Alexandre

    Resumo em Português:

    OBJETIVO: avaliar o desfecho dos fetos que apresentam risco de anomalia cromossômica superior a 1:300, calculado pela medida da translucência nucal, por meio do programa da Fetal Medicine Foundation. MÉTODOS: nas gestações únicas com risco para aneuploidia fetal superior a 1:300 foram avaliadas variáveis como: cariótipo fetal, abortamento espontâneo e provocado, prematuridade, óbito fetal, óbito neonatal, malformações estruturais e recém-nascidos normais. Usamos o teste exato de Fisher para fazer comparações de diferenças de proporções entre grupos. RESULTADOS: foram observadas 193 (3,6%) gestações únicas com risco de aneuploidia fetal acima de 1:300. Somente 165 gestações preencheram os critérios. Destas, apenas 32,1% foram submetidas a estudo do cariótipo fetal, com 8,5% de anomalias cromossômicas (85,7% de trissomia do cromossomo 21). Foram os seguintes os desfechos das gestações: 4,2% de abortos espontâneos, 4,2% de abortos induzidos, 4,8% de prematuridade, 1,8% de óbito neonatal, 1,8% de óbito fetal e 4,2% de malformações estruturais (85,7% de malformações cardíacas). Aproximadamente 85,0% dos casos eram recém-nascidos normais. Pacientes com cariótipo anormal tiveram significativamente mais abortos induzidos (p<0,001) e mais malformações (p<0,001) que pacientes com cariótipo normal. Nenhum diagnóstico de doença gênica ou perda gestacional relacionada aos procedimentos invasivos foi detectado. Nos fetos com diagnostico no pré-natal de aneuploidia, a gestação foi interrompida em 66,7%. CONCLUSÕES: a translucência nucal mantém seu papel no rastreamento das cromossomopatias, especialmente nas gestantes de baixo risco. Porém, o aconselhamento das gestantes com risco elevado deve ser prudente, uma vez que, apesar de estes casos apresentarem pior prognóstico fetal, a maioria apresenta desfecho favorável da gestação.

    Resumo em Inglês:

    PURPOSE: to evaluate the outcome of fetuses with risk of chromosomal anomalies over 1:300, based on the nuchal translucency measurement, according to the Fetal Medicine Program. METHODS: in the pregnancies with risk of chromosomal anomalies over 1:300, variables like fetal karyotype, spontaneous or induced abortion, prematurity, stillbirth, neonatal death, malformations, and healthy newborn were considered. We used Fisher's exact test to compare differences in proportions between groups. RESULTS: we selected 193 (3.6%) single pregnancies with risk of chromosomal anomalies over 1:300. Only 165 cases fulfilled the inclusion criteria. Of these only 32.1% underwent fetal karyotyping and of which 8.5% had chromosomal anomalies (85.7% had trisomy 21). Regarding pregnancy outcomes, 4.2% were spontaneous miscarriages, 4.2% induced abortions, 4.8% were premature, 1.8% had neonatal death, 1.8% were stillborn, and 4.2% had structural malformation (85.7% congenital heart diseases). Almost 85.0% were healthy newborns. Patients with abnormal karyotyping had more induced abortions (p<0.001) and more structural malformations (p<0.001) than patients with normal karyotyping. None of the genetic diseases or miscarriages was associated with invasive procedures. Sixty-six percent of the pregnancies with prenatal diagnosis of abnormal karyotype were interrupted. CONCLUSION: nuchal translucency is an important screening tool for chromosomal diseases especially for low-risk pregnancies. However, counseling pregnancies with high risk of chromosomal anomalies should consider that, although these fetuses have a worse prognosis, most of the outcomes are favorable.
  • Criopreservação de sêmen humano - comparação entre métodos de congelação e tipos de envase Resumos De Teses

    Cavalcante, Marcelo Borges
  • Estudo da atividade proliferativa do epitélio mamário normal de mulheres no menacme tratadas com raloxifeno utilizando o marcador celular Ki-67 Resumos De Teses

    Lopes, Ione Maria Ribeiro Soares
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