Acessibilidade / Reportar erro
Contexto Internacional, Volume: 40, Número: 3, Publicado: 2018
  • Introdução: Gênero no Sul Global: Limites Internacionais Perturbadores Special Issue Gender In The Global South

    Souza, Natália Maria Félix de
  • "O que ela está pensando?" - Natália Félix em conversa com Cynthia Enloe Special Issue Gender In The Global South

    Souza, Natália Maria Félix de
  • Des-securitizando o ‘Sul no Norte’? Narrativas de Gênero no Panorama Midiático Europeu sobre os Fluxos de Refugiados Special Issue Gender In The Global South

    Santos, Rita; Roque, Sílvia; Santos, Sofia José

    Resumo em Português:

    Resumo Este artigo concentra-se nas representações midiáticas do ‘Sul no Norte’ que perpassam mídia europeia em 2015 e início de 2016. Assumindo que as identidades, assim como as percepções de in/segurança, são socialmente construídas, particularmente por meio do discurso; que a segurança é genderificada e as construções de gênero são, por sua vez, construídas sobre as dinâmicas de in/segurança; e que as relações de poder e representações de gênero estão sempre emaranhadas com outras estruturas de desigualdade e dominação como o racismo, este artigo argumenta que as categorias genderificadas de representação de Alteridade na mídia têm sido essenciais para produzir e justificar 1) narrativas hegemônicas de securitização que visam proteger uma identidade europeia imaginada, e 2) contra-narrativas denunciando a discriminação racial e cultural ligada às representações hegemônicas ‘do Norte’ acerca dos refugiados. Teoricamente, o artigo propõe um diálogo entre os estudos para a paz e estudos de segurança críticos, feministas e pós-coloniais. Metodologicamente, analisa através da análise do discurso, três casos extremamente mediatizados, examinando as representações sociais dos refugiados, nomeadamente as suas dimensões de género apresentadas por meios de comunicação europeus representativos sediados no Reino Unido. Explora suas implicações em termos de consolidação de estereótipos e hierarquias de sofrimento de acordo com critérios de credibilidade/suspeita e vulnerabilidade/ameaça, e identifica alguns exemplos de contra-narrativas de mídia sobre fluxos de refugiados através de representações específicas de gênero e raciais.

    Resumo em Inglês:

    Abstract This article focuses on media representations of ‘the South in the North’ crosscutting the European mediascape in 2015 and the beginning of 2016. Assuming that both identities and perceptions of in/security are socially constructed, particularly by means of discourse, that security is gendered and gender constructions are in turn built on dynamics of in/security, and that gendered power relations and representations are always entangled with other structures of inequality and domination such as racism, this article argues that gendered categories of othering in the media’s representations have been critical to produce and justify 1) hegemonic narratives of securitisation that aim to protect an imagined European identity and 2) counter-narratives denouncing the racial and cultural discrimination tied to the ‘North’s’ hegemonic representations of refugees. Theoretically, the article proposes a dialogue among critical, feminist, and postcolonial peace and security studies. Methodologically, it analyses through discourse analysis three highly mediatised cases by examining the social representations of the refugees, namely their gendered components put forward by representative European media outlets based in the UK. It explores their implications in terms of the consolidation of stereotypes and hierarchies of suffering according to criteria of credibility/suspicion and vulnerability/threat, and identifies some examples of media counter-narratives on refugee flows through specific gendered and racialised representations.
  • O Cerne da Resistência: Reconhecendo a Luta Interseccional no Movimento das Mulheres Curdas Special Issue Gender In The Global South

    Ferreira, Bruna; Santiago, Vinícius

    Resumo em Português:

    Resumo O artigo aborda o movimento de mulheres na região conhecida pelos curdos como Rojava, no norte da Síria, cujo papel central na construção de um projeto político autônomo tem suas raízes na luta nacionalista curda, especificamente a organizada pelo Partido dos Trabalhadores Curdos, também conhecido como PPK na Turquia. Este estudo traz à tona reflexões sobre as relações de poder que atravessam a luta realizada por essas mulheres, que, por sua vez, são atravessadas pela interseção de gênero, etnia e classe, que alimenta e compõe a práxis critica desta luta organizada. A trajetória política das mulheres curdas será abordada através das contradições e ambiguidades que enfrentam quando enfrentam o desafio de tomar consciência de seu próprio lugar no contexto de um projeto político que teve inicialmente um caráter nacionalista e que começa a ganhar novos contornos. A presença da figura feminina em um contexto político de conflito armado confere a essas mulheres o papel de desafiar as fronteiras nas quais os elementos fundamentais da política internacional se baseiam, a saber, a fronteira entre as esferas pública e privada e os papeis de gênero desempenhados social e politicamente. O movimento de mulheres curdas em Rojava desestabiliza as fronteiras fundamentais do Estado-nação moderno, juntamente com as construções hegemônicas de masculinidade e feminilidade, o caráter militarizado da política, que são constitutivos do imaginário moderno da comunidade política.

    Resumo em Inglês:

    Abstract The paper addresses the women’s movement in the Northern Syrian region known by Kurds as Rojava, a movement whose central role in building an autonomous political project has its roots in the Kurdish nationalist struggle, specifically that organised by the Kurdish Worker’s Party, also known as the PKK, in Turkey. This study brings to the fore reflections on the power relations that cross the struggle carried out by these women, who, for their part, are crossed by the intersection of gender, ethnicity and class, which feeds and composes the critical praxis of this organised struggle. The Kurdish women’s political path is approached through the contradictions and ambiguities they encounter when they face the challenge of becoming aware of their own place in a political project, which at first had a nationalist character and is now beginning to gain new contours. The presence of the female figure in a political context of armed conflict endows these women with the role of challenging the boundaries on which the foundational elements of international politics rely, namely, the boundary between public and private spheres and gender roles played socially and politically. The Kurdish women’s movement in Rojava disturbs the foundational boundaries of the modern nation-state alongside the hegemonic constructions of masculinity and femininity, and the militarised character of politics, which are constitutive of the modern imaginary of political community.
  • Migração e Trabalho Sexual por uma Perspectiva de Gênero Special Issue Gender In The Global South

    Valadier, Charlotte

    Resumo em Português:

    Resumo As trajetórias de migração e prostituição estão embebidas em representações de corpo, gênero, sexo e sexualidade. Este artigo procura entender a articulação entre migração e trabalho sexual pelas lentes do gênero. Para este fim, este artigo conta com uma abordagem tipológica que objetiva clarear os caminhos no debate destas questões de prostituição, tráfico sexual e migração de trabalhadores sexuais. Explora a contribuição teórica cruzada, bem como as limitações conceituais das perspectivas feministas radicais, liberais, pós-coloniais, críticas e pós-modernas sobre as questões da prostituição, mobilidade dos profissionais do sexo e tráfico sexual. Dá especial atenção às contribuições da leitura feminista pós-moderna, especialmente destacando como ela desafiou as teorias feministas convencionais, até então baseadas em estruturas dualistas. De fato, a abordagem feminista pós-moderna se posiciona contra as dicotomias simplistas como Primeiro/Terceiro Mundo, passividade/agência, vulnerabilidade/empoderamento, inocência/consciência, tráfico sexual/prostituição voluntária ou ‘vítima traficada’/’trabalhador do sexo autônomo.’ Como tal, o feminismo pós-moderno rompe todas as demarcações fixas e formas homogêneas de categorização nas quais as teorias feministas dominantes foram baseadas, permitindo assim o surgimento de novas práticas de subjetividade, bem como novas formas de identidades flexíveis.

    Resumo em Inglês:

    Abstract The trajectories of migration and prostitution are embedded in representations of body, gender, sex and sexuality. This article seeks to understand the articulation between migration and sex work through the lens of gender. To this end, this article relies on a typological approach that aims to clear some ground in the ongoing debate on the issues of prostitution, sex trafficking and migration of sex workers. It explores the theoretical cross-contribution as well as the conceptual limitations of radical, liberal, post-colonial, critical and postmodern feminist perspectives on the issues of prostitution, sex workers’ mobility and sex trafficking. It gives special focus to the contributions of the postmodern feminist reading, especially by highlighting how it has challenged conventional feminist theories, hitherto grounded in dualistic structures. In fact, the postmodern feminist approach makes a stand against the simplistic dichotomies such as First/Third World, passivity/agency, vulnerability/empowerment, innocence/conscience, sexual trafficking/voluntary prostitution or ‘trafficked victim’/‘autonomous sex worker.’ As such, postmodern feminism disrupts all fixed demarcations and homogeneous forms of categorisation on which the dominant feminist theories were based, allowing thus for the emergence of new practices of subjectivity as well as new forms of flexible identities.
  • Tornando o Debate Queer: Analisando a Prostituição através de Sexualidades Dissidentes no Brasil Special Issue Gender In The Global South

    Ferreira, Amanda Álvares

    Resumo em Português:

    Resumo O objetivo deste artigo é contrastar discursos proeminentes sobre prostituição e tráfico de pessoas para o contexto da prostituição no Brasil e discursos feministas locais sobre esse assunto, entendendo suas contradições e limitações. Examinarei as experiências das prostitutas transgêneras brasileiras para abordar uma questão relacionada à agência que está subjacente nas teorizações feministas da prostituição: a prostituição pode ser livremente escolhida? É necessariamente exploradora? Meu argumento é que os discursos sobre o trabalho sexual, partindo de debates sobre tráfico sexual, estão fortemente engajados em uma lógica heteronormativa que pode ser incapaz de abordar a complexidade e a ambiguidade das experiências de prostitutas transgêneras e, portanto, não pode teorizar suas possibilidades de agência. Para tanto, vou fazer uma crítica à naturalização das normas de gênero que dificulta a compreensão das experiências que ultrapassam o binômio ‘prostituta versus vítima.’ Eu defendo como tanto uma solução abolicionista quanto uma solução legalizadora para as questões envolvidas no mercado do sexo, ao confiar no Estado como garantidor dos direitos das trabalhadoras do sexo, não podem responder às complexidades de um contexto como o brasileiro: quais concepções específicas de cidadania permitem que a violência contra grupos marcados sexualmente e racialmente aqui analisados possa ocorrer em tão grande escala.

    Resumo em Inglês:

    Abstract The aim of this article is to contrast prominent discourses on prostitution and human trafficking to the context of prostitution in Brazil and local feminist discourses on this matter, understanding their contradictions and limitations. I look at Brazilian transgender prostitutes’ experiences to address an agency-related question that underlies feminist theorizations of prostitution: can prostitution be freely chosen? Is it necessarily exploitative? My argument is that discourses on sex work, departing from sex trafficking debates, are heavily engaged in a heteronormative logic that might be unable to approach the complexity and ambiguity of experiences of transgender prostitutes and, therefore, cannot theorize their possibilities of agency. To do so, I will conduct a critique of the naturalization of gender norms that hinders an understanding of experiences that exceed the binary ‘prostitute versus victim.’ I argue how both an abolitionist as well as a legalising solution to the issues involved in the sex market, when relying on the state as the guarantor of rights to sex workers, cannot account for the complexities of a context such as the Brazilian one, in which specific conceptions of citizenship permit violence against sexually and racially marked groups to occur on such a large scale.
  • Putas Com Classe: Interseções entre Classe, Gênero, e Trabalho Sexual nas ideologias do Movimento Putafeminista no Brasil Special Issue Gender In The Global South

    Blanchette, Thaddeus; Silva, Ana Paula da

    Resumo em Português:

    Resumo O movimento de trabalhadoras do sexo do Brasil tem desafiado as narrativas hegemônicas sobre a venda de sexo por um tempo. Nos anos recentes, um sentimento anti-prostituição tem crescido no Brasil, ameaçando os direitos das trabalhadoras do sexo. Simultaneamente, a morte da ativista Gabriela Leite tem levado a uma renovação da liderança e reformulação de abordagens teóricas no movimento. Neste contexto, putafeminismo está se estabelecendo como uma abordagem interseccional para raça, classe e gênero enraizados em contextos historicos locais. O presente artigo, baseado em 12 anos de etnografia sobre os movimentos das trabalhadoras sexuais, apresenta entendimentos putafeminista de sexo, gênero, raça/cor e trabalho. Inspirado pela recuperação de Leite de ‘puta’ como um auto indicador para as trabalhadoras sexuais, e embasado na antropologia e historiografia feminista, putafeministas procuram resituar o termo como uma categoria mais ampla e profunda. Putafeministas recuperam ‘puta’ como um termo aplicado a mulheres trabalhando fora da família, desprotegidas da violência sexual. Olhando para a história brasileira, elas situam a venda de sexo como uma inevitabilidade prática para uma população trabalhadora feminina racialmente identificada cujos horizontes de possibilidade estavam baseados em trabalho barato, casamento e prostituição. Finalmente, putafeministas usam ‘puta’ como uma ponte para experiências da classe trabalhadora mais ampla, questionando os entendimentos de ‘escravidão sexual’ da pornofobia em um contexto histórico no qual mulheres são usualmente bens reais.

    Resumo em Inglês:

    Abstract Brazil’s sex workers’ movement has long challenged hegemonic narratives about the sale of sex. In recent years, anti-prostitution sentiment has grown in Brazil, threatening sex workers’ rights. Simultaneously, the death of activist Gabriela Leite has lead to a renewal of leadership and a reformulation of theoretical approaches in the movement. In this context, putafeminismo is becoming established as an intersectional approach to race, class, and gender rooted in local historical contexts. The present article, based on 12 years of ethnography in sex workers’ movements, presents putafeminista understandings of sex, gender, race/color, and work. Inspired by Leite’s recovery of whore/puta as a self-identifier for sex workers, and rooted in feminist anthropology and historiography, putafeministas seek to resituate the term as a broader/deeper category. Putafeministas recover puta as a term applied to women working outside the family, unprotected from sexual violence. Looking at Brazilian history, they situate the sale of sex as a practical inevitability for a racially-identified female working population, whose horizons of possibility were bounded by cheap labor, marriage and prostitution. Finally, putafeministas use puta as a bridge to working class experiences more generally, questioning pornophobic understandings of ‘sexual slavery’ in a historical context in which women were often actual chattel.
  • Tempos de Mudança no Regionalismo Latino-Americano Research Articles

    Briceño-Ruiz, José

    Resumo em Português:

    Resumo Depois de uma década dominada por iniciativas pós-liberais ou pós-hegemônicas, o advento de governos conservadores na Argentina e no Brasil e a crise na Venezuela levaram a um ressurgimento do regionalismo aberto. Isso poderia ter consequências importantes em uma região dividida por diferentes modelos de integração econômica e cooperação política. O estudo avalia o complexo e cambiante cenário do regionalismo latino-americano. Em primeiro lugar, traça a trajetória do regionalismo na América Latina nos últimos anos. Em segundo lugar, examina modelos de integração econômica e cooperação política. Em terceiro lugar, analisa o funcionamento desses modelos na era pós-hegemônica. Por último, analisa o surgimento de um novo ciclo regional e suas implicações para a integração e cooperação regional.

    Resumo em Inglês:

    Abstract After a decade dominated by post-liberal or post-hegemonic initiatives, the advent of conservative governments in Argentina and Brazil and the crisis in Venezuela have led to a resurgence of open regionalism. This could have important consequences in a region divided by different models of economic integration and political cooperation. The study evaluates the complex and changing scenario of Latin American regionalism. First, I trace the trajectory of regionalism in Latin America in recent years. Second, I examine models of economic integration and political cooperation. Third, I analyse the operation of those models in the post-hegemonic era. Lastly, I assess the emergence of a new regional cycle, and its implications for regional integration and cooperation.
  • Supervisão Legislativa da Política Externa Brasileira: uma Análise de Pedidos de Informação e Convocações de Ministros, 1991-2014 Research Articles

    Spohr, Alexandre; Silva, André Luiz Reis da

    Resumo em Português:

    Resumo Este artigo tem como objetivo identificar como o Congresso Nacional brasileiro supervisiona a tomada de decisões em política externa. Ao responder se os senadores e deputados fazem uso de seus instrumentos de supervisão de maneira diferente quando lidam com política externa, pretende apresentar as particularidades desse processo para os tópicos de política externa e o padrão de supervisão que prevalece: alarme de incêndio ou patrulha policial. Essa pesquisa tem por objeto os pedidos de informações e convocações de ministros interpostos pela Câmara dos Deputados ou pelo Senado Federal entre 1991 e 2014, especialmente os dirigidos ao Ministério das Relações Exteriores. Ao comparar o uso dessas ferramentas para esse ministério com o modo como elas são usadas para lidar com outras questões, podemos confirmar suas semelhanças com o processo geral de supervisão no sistema político brasileiro. A análise do conteúdo de tais solicitações nos fornece observações interessantes sobre o uso político dessas ferramentas, especialmente em termos da divisão entre governo e oposição.

    Resumo em Inglês:

    Abstract This article examines oversight over foreign policy-making by the Brazilian National Congress, specifically whether the use of oversight tools at their disposal by Senators and Deputies conform to the ‘fire alarm’ or ‘police patrol’ models. This is done by recording and analysing requests for information and summonses to ministers filed in the Chamber of Deputies and the Federal Senate between 1991 and 2014, especially those directed at the Ministry of Foreign Relations. We also compare the use of these instruments in respect of foreign policy to their use in respect of other portfolios. Lastly, analysing the content of these requests and summonses leads to interesting conclusions about how these instruments are used politically, notably in terms of the government-opposition ideological divide.
  • China’s World: What Does China Want? Book Review

    Montenegro, Renan Holanda
Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Instituto de Relações Internacionais Rua Marques de São Vicente, 225 - Casa 20 , 22453-900 Rio de Janeiro - RJ - Brasil, Tel.: (55 21) 3527-2284, Fax: (55 21) 3527-1560 - Rio de Janeiro - RJ - Brazil
E-mail: cintjournal@puc-rio.br