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Brazilian Journal of Psychiatry, Volume: 29 Suplemento 1, Publicado: 2007
  • Um paradigma para entender e tratar as doenças psiquiátricas Editorial

    Juruena, Mario Francisco; Marques, Andrea H; Mello, Andrea Feijo; Mello, Marcelo Feijo
  • Ansiedade, pânico e o eixo hipotálamo-pituitária-adrenal Artigos

    Graeff, Frederico G

    Resumo em Português:

    OBJETIVO: Este artigo discute a ativação diferencial do eixo hipotálamo-pituitária-adrenal no transtorno de ansiedade generalizada e no transtorno de pânico. MÉTODO: Resultados de recentes revisões da literatura são resumidos e discutidos. RESULTADOS: Os resultados de estudos experimentais que dosaram o hormônio adrenocorticotrópico, o cortisol e a prolactina mostram que ataques de pânico naturais, bem como os provocados por agentes panicogênicos seletivos - como lactato de sódio e dióxido de carbono -, não ativam o eixo hipotálamo-pituitária-adrenal. Agonistas do receptor de colecistocinina do tipo B, como o peptídeo colecistocinina-4 e a pentagastrina, elevam os hormônios de estresse, independentemente da ocorrência de um ataque de pânico, parecendo ativar diretamente o eixo hipotálamo-pituitária-adrenal. O antagonista benzodiazepínico flumazenil não eleva o nível dos hormônios de estresse; porém, este agente farmacológico não induz ataques de pânico de modo consistente. Agentes farmacológicos que aumentam a ansiedade em pacientes de pânico (cafeína, ioimbina, agonistas serotonérgicos), assim como em pessoas saudáveis, elevam o nível dos hormônios de estresse. CONCLUSÕES: Além das diferenças na sintomatologia e na resposta farmacológica, o transtorno de ansiedade generalizada e o transtorno de pânico afetam os hormônios de estresse de modo distinto. Enquanto a ansiedade antecipatória e o transtorno de ansiedade generalizada ativam tanto o eixo hipotálamo-pituitária-adrenal como o simpático-adrenal, o ataque de pânico causa acentuada ativação simpática; porém, afeta pouco o eixo hipotálamo-pituitária-adrenal.

    Resumo em Inglês:

    OBJECTIVE: This article focuses on the differential activation of the hypothalamic-pituitary-adrenal axis in generalized anxiety disorder and panic disorder. METHOD: The results of recently reported reviews of the literature are summarized and discussed. RESULTS: The results of experimental studies that assayed adrenocorticotropic hormone, cortisol and prolactin show that real-life panic attacks, as well as those induced by selective panicogenic agents such as lactate and carbon dioxide, do not activate the hypothalamic-pituitary-adrenal axis. Agonists of the cholecystokinin receptor B such as the cholecystokinin-4 peptide and pentagastrin increase stress hormones regardless of the occurrence of a panic attack and, thus, seem to activate the hypothalamic-pituitary-adrenal axis directly. The benzodiazepine antagonist flumazenil does not increase stress hormones, but this agent does not reliably induce panic attacks. Pharmacological agents that increase anxiety in both normal people and panic patients (caffeine, yohimbine, serotonergic agonists) raise stress hormone levels. CONCLUSIONS: In addition to the differences in symptomatology and pharmacological response, generalized anxiety disorder and panic disorder affect stress hormones in distinct ways. While anticipatory anxiety and generalized anxiety disorder activate both the hypothalamic-pituitary-adrenal and the sympathoadrenal axes, panic attack causes major sympathetic activation, but has little effect on the hypothalamic-pituitary-adrenal axis.
  • Psiconeuroendocrinologia do transtorno de estresse pós-traumático Artigos

    Ruiz, Juliana Elena; Barbosa Neto, Jair; Schoedl, Aline Ferri; Mello, Marcelo Feijo

    Resumo em Português:

    OBJETIVO: Os autores realizaram uma revisão tradicional da literatura sobre os achados neurobiológicos das disfunções do eixo hipotálamo-pituitária-adrenal associados ao transtorno de estresse pós-traumático. MÉTODO: Os achados científicos relevantes foram descritos de acordo com a ordem cronológica de publicação e as características dos estudos, se eram pré-clínicos, relacio-nados à violência precoce como fator de risco e, finalmente, achados clínicos em pacientes portadores de transtorno de estresse pós-traumático. RESULTADOS: Foi encontrada uma literatura rica de achados a respeito de disfunções do eixo hipotálamo-pituitária-adrenal e transtorno de estresse pós-traumático. Os achados mostraram que o transtorno de estresse pós-traumático está associado a disfunções deste eixo e de estruturas cerebrais como o córtex pré-frontal, hipocampo e amídala. Os pacientes com transtorno de estresse pós-traumático apresentam um aumento da responsividade dos receptores de glicocorticóides, sugerindo que a inibição do feedback negativo tem um papel importante na fisiopatologia do quadro. Estudos pré-clínicos com modelos animais de deprivação maternal evidenciaram que, dependendo de quando o trauma ocorre, a disfunção do eixo será diferente. Os estudos clínicos mostram que o estresse precoce está relacionado ao desenvolvimento de psicopatologia durante a vida adulta. CONCLUSÕES: As disfunções do eixo hipotálamo-pituitária-adrenal relacionadas ao transtorno de estresse pós-traumático são evidências robustas e os mecanismos subjacentes a ele são cada vez mais compreendidos.

    Resumo em Inglês:

    OBJECTIVE: To review the literature on neurobiological findings related to hypothalamic-pituitary-adrenal axis dysfunctions associated with posttraumatic stress disorder. METHOD: The relevant scientific findings were described according to the date of publication and the characteristics of the studies: preclinical studies, studies on early life violence as a risk factor, and clinical findings related to patients diagnosed with posttraumatic stress disorder. RESULTS: A rich literature on hypothalamic-pituitary-adrenal axis dysfunctions and posttraumatic stress disorder was found. Neurobiological findings showed that posttraumatic stress disorder is associated with hypothalamic-pituitary-adrenal axis dysfunctions and other brain-related structures: prefrontal cortex, hippocampus, and amygdala. Posttraumatic stress disorder patients have low plasma levels of cortisol and present increased responsivity of glucocorticoid receptors, suggesting that the inhibition of negative feedback plays a significant role in the disorder pathology. Preclinical studies using animal models of maternal deprivation showed that depending on the moment the trauma occurred during the development, different hypothalamic-pituitary-adrenal axis dysfunctions were produced. Clinical studies showed that early life stress is related to the development of psychopathologies during adulthood. CONCLUSIONS: There is robust evidence of hypothalamic-pituitary-adrenal axis dysfunctions related to posttraumatic stress disorder, and the mechanisms underlying this association are being better understood.
  • Depressão e estresse: existe um endofenótipo? Artigos

    Mello, Andrea Feijo; Juruena, Mario Francisco; Pariante, Carmine M; Tyrka, Audrey R; Price, Lawrence H; Carpenter, Linda L; Del Porto, Jose Alberto

    Resumo em Português:

    OBJETIVO: Revisar os achados recentes sobre a relação entre estresse, eixo hipotálamo-pituitária-adrenal e depressão, na tentativa de explicar um endofenótipo de vulnerabilidade para o desenvolvimento da depressão. MÉTODO: Revisão não sistemática da literatura baseada na hipótese de endofenótipo. RESULTADOS: A depressão está relacionada à hipercortisolemia em muitos pacientes; porém, nem todos os deprimidos apresentam esta alteração na função hipotálamo-pituitária-adrenal. Os primeiros estudos publicados observaram esta hiperativação do eixo hipotálamo-pituitária-adrenal por meio do teste de supressão da dexametasona. Estes resultados não foram largamente replicados em grande parte devido à falta de acurácia desse teste. A hipercortisolemia ocorre freqüentemente em pacientes com depressão grave, do tipo melancólico, psicóticos ou não. Está relacionada a um polimorfismo específico do gene do transportador da serotonina; a história de abuso ou negligência durante a infância ou perda parental precoce; e ao temperamento que resulta em alterações na resposta ao estresse. CONCLUSÕES: As alterações do eixo hipotálamo-pituitária-adrenal dependem de diversos fatores, como gravidade e tipo de depressão, genótipo, história de trauma na infância, temperamento e, provavelmente, resiliência. Todas essas variáveis se relacionam a um endofenótipo vulnerável ao desenvolvimento de depressão.

    Resumo em Inglês:

    OBJECTIVE: To review the new findings about stress, hypothalamic-pituitary-adrenal axis and depression trying to explain a possible endophenotype prone to depression. METHOD: Nonsystematic review of the literature based on the endophenotype hypothesis. RESULTS: Depression is linked to hypercortisolemia in many patients, but not all patients present these hypothalamic-pituitary-adrenal axis dysfunction. The dexamethasone suppression test is not the most accurate test to measure the hypothalamic-pituitary-adrenal axis function, and its use in the first studies published probably jeopardized the results. Hypercortisolemia frequently occurs in patients with severe depression, melancholic, either psychotic or nonpsychotic type; it is linked to the presence of a polymorphism in the promoter of the serotonin transporter gene, with a history of childhood abuse or neglect, or other significant stressful experiences like the loss of a parent during childhood and temperament leading to alterations in the response to stress. CONCLUSIONS: The alterations of the hypothalamic-pituitary-adrenal axis depend on many factors like severity and type of depression, genotype, history of exposure to stress, temperament, and probably resilience. All these factors together result in an endophenotype thought to be prone to depression.
  • Superposição entre depressão atípica, doença afetiva sazonal e síndrome da fadiga crônica Artigos

    Juruena, Mario Francisco; Cleare, Anthony James

    Resumo em Português:

    OBJETIVO: Foram revisados estudos que descrevem que as alterações na função do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal são relacionadas com o estado psicopatológico em depressão. Além da depressão melancólica, uma série de condições podem ser associadas à hiperativação prolongada do eixo hipotálamo-pituitária-adrenal. Um outro grupo de psicopatologias é caracterizado por hipoativação do mesmo eixo com redução crônica na secreção do fator de liberação de corticotrofina. Pacientes com depressão atípica, doença afetiva sazonal e síndrome da fadiga crônica estão inclusos nesta categoria. MÉTODO: Foram revisados os dados da literatura que incluem a interseção entre estes descritores, resumidos e discutidos os principais e recentes achados. RESULTADOS: Muitos estudos têm enfatizado que estes quadros se sobrepõem biologicamente, demonstrando hipofunção no sistema relacionado ao fator de liberação de corticotrofina. CONCLUSÕES: Na prática clínica, os pacientes frequentemente se apresentam de forma intermediária entre a fadiga e a depressão atípica crônica e/ou a depressão sazonal. Isto enfatiza o potencial biológico comum que fundamenta o grupo de sintomas não somente entre depressão (atípica e sazonal) e a síndrome da fadiga crônica e as condições caracterizadas por alterações no eixo hipotálamo-pituitária-adrenal, principalmente hipofunção e, em particular, diminuição da atividade do fator de liberação de corticotrofina.

    Resumo em Inglês:

    OBJECTIVE: We reviewed previous studies that have described an association between abnormal functioning of the hypothalamic-pituitary-adrenal axis and depression. In addition to melancholic depression, a spectrum of conditions may be associated with increased and prolonged activation of the hypothalamic-pituitary-adrenal axis. In contrast another group of states is characterized by hypoactivation of the stress system, rather than sustained activation, in which chronically reduced secretion of corticotropin releasing factor may result in pathological hypoarousal and an enhanced hypothalamic-pituitary-adrenal negative feedback. Patients with atypical depression, seasonal affective disorder and chronic fatigue syndrome fall in this category. METHOD: The literature data on the overlap between the key-words were reviewed, summarized and discussed. RESULTS: Many studies suggest that these conditions themselves overlap biologically, showing hypofunction of central corticotropin releasing factor neuronal systems. CONCLUSIONS: Therefore, in the real world of clinical practice, patients often present in a grey area between classical idiopathic fatigue and early chronic atypical depression and/or seasonal depression. This underscores the potential common biological links underpinning common sympton clusters not only between depression (atypical and seasonal) and chronic fatigue syndrome, but also other conditions characterized by the hypothalamic-pituitary-adrenal axis mainly diminished the corticotropin realising factor activity.
  • Interações imunocerebrais e implicações nos transtornos psiquiátricos Artigos

    Marques, Andrea H; Cizza, Giovanni; Sternberg, Esther

    Resumo em Português:

    OBJETIVO: Nesta revisão será focado o papel das citocinas no sistema nervoso central e suas implicações para o quadro depressivo. Posteriormente, serão discutidos os principais achados sobre medidas de citocinas em pacientes com depressão maior. MÉTODO: Foi realizada uma pesquisa no Pubmed selecionando estudos entre 1999-2007, utilizando as seguintes palavras-chave: "depression, cytokine"; "depressive disorder, cytokine". Focou-se nos estudos de medidas de citocinas pró-inflamatórias em pacientes com síndrome depressiva que utilizaram critérios DSM. RESULTADOS: Várias linhas de evidência sugerem que as citocinas possam exercer um papel na depressão. Entre elas, destacam-se: citocinas induzindo a "comportamento doentio"; doenças clínicas relacionadas com citocinas também apresentam associação com quadros depressivos; uso de imunoterapia levando ao desenvolvimento de depressão. Além disso, níveis elevados de citocinas pró-inflamatórias em pacientes com depressão foram relatados, apesar de resultados contraditórios. CONCLUSÃO: O papel das citocinas na fisiopatologia em alguns casos de depressão é descrito; porém, uma relação causal não foi ainda estabelecida. Novos estudos são necessários para determinar padrões específicos de citocinas em pacientes com depressão, levando em consideração outros fatores associados à ativação imunológica. Além disso, medidas simultâneas de múltiplos marcadores biológicos podem gerar informações importantes para a compreensão dos mecanismos fisiopatológico da depressão e em doenças relacionadas à produção de citocinas.

    Resumo em Inglês:

    OBJECTIVE: This review will focus on the role of cytokines in the central nervous system and its implications to depressive disorder. We will then discuss the main findings of cytokine measurements in patients with major depressive disorder. METHOD: We searched Pubmed for studies published from 1999-2007, using the keywords depression and cytokine; and depressive disorder and cytokine. We have focused on pro-inflammatory cytokine measurements in patients with depression syndrome using DSM-criteria. RESULTS: Several lines of evidence suggest that cytokines have effects on depression, such as the induction of sickness behavior; clinical conditions related to cytokines that also overlap depressive symptoms; and immunotherapy that can lead to depressive symptoms attenuated by antidepressant treatment. Finally, patients with depression exhibit increased levels of pro-inflammatory cytokines, although conflicting results have been described. CONCLUSION: Cytokines may play a role in the pathophysiology of some cases of depression, although a causal link has not been established yet. Further longitudinal studies are needed to determine patterns of cytokine in patients with major depressive disorder, taking into account confounding factors closely associated with the activation of pro-inflammatory cytokines. In addition, simultaneous measurements of multiple biomarkers could provide critical insights into mechanisms underlying major depressive disorder and a variety of common cytokine-related diseases.
  • Repercussões imunológicas dos distúrbios do sono: o eixo hipotálamo-pituitária-adrenal como fator modulador Artigos

    Palma, Beatriz Duarte; Tiba, Paula Ayako; Machado, Ricardo Borges; Tufik, Sergio; Suchecki, Deborah

    Resumo em Português:

    OBJETIVO: Revisar a literatura a respeito da interação entre sono e sistema imunológico. MÉTODO: Busca no Web of Science e no PubMed com os descritores: sono, privação de sono, estresse, eixo hipotálamo-pituitária-adrenal, sistema imunológico e doenças auto-imunes. RESULTADOS: Foram encontrados 588 artigos no Web of Science. As 61 referências mais significativas e mais relacionadas aos objetivos do estudo foram utilizadas. Foram incluídos artigos originais e de revisão. CONCLUSÃO: A privação de sono e o sistema imunológico exercem e sofrem influências mútuas. A privação de sono é considerada um estressor, uma vez que induz a elevação do cortisol em seres humanos - ou da corticosterona em roedores. Os glicocorticóides, por sua vez, exercem um efeito imunossupressor. Por essas razões, foi proposto que o aumento da ativação do eixo hipotálamo-pituitária-adrenal seja um importante mediador das alterações imunológicas observadas em pacientes com insônia ou privados de sono.

    Resumo em Inglês:

    OBJECTIVE: To review the literature on the interaction between sleep and the immune system. METHOD: A search on Web of Science and Pubmed database including the keywords sleep, sleep deprivation, stress, hypothalamic-pituitary-adrenal axis, immune system, and autoimmune diseases. RESULTS: On Web of Science, 588 publications were retrieved; 61 references, more significant and closer to our objective, were used, including original articles and review papers. CONCLUSION: Sleep deprivation and immune system exert a bidirectional influence on each other. Since sleep deprivation is considered a stressor, inasmuch as it induces elevation of cortisol or corticosterone levels in humans and rodents, respectively, and given the well-known immunosuppressive effect of glucocorticoids, we propose that increased activation of the hypothalamic-pituitary-adrenal axis is a major mediator of the immune alterations observed in patients with insomnia or in sleep deprived subjects.
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