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Scientiae Studia, Volume: 8, Número: 4, Publicado: 2010
  • Editorial

    Barra, Eduardo Salles de Oliveira
  • Das velocidades às fluxões Artigos

    Panza, Marco

    Resumo em Português:

    O De methodis de Newton (escrito em 1671) é o resultado da revisão de um tratado que ele deixara inacabado por volta de outubro e novembro de 1666 (The october 1666 tract on fluxions, assim intitulado por Whiteside). Nesse período, Newton já havia obtido os principais resultados que seriam expostos cinco anos mais tarde no De methodis, que todos consideram a melhor apresentação da sua teoria das fluxões. Todavia, o próprio termo "fluxão" não ocorre no The october 1666 tract on fluxions, onde o que está em questão são os movimentos ou as velocidades. Do ponto de vista estrito do formalismo matemático, a mudança das velocidades (pontuais) para as fluxões não é muito relevante: os métodos matemáticos do De methodis são essencialmente os mesmos do The October 1666 tract on fluxions. Mas a mudança terminológica é, creio eu, o indício de uma maneira distinta de compreender esses métodos e os objetos aos quais eles se aplicam. Newton diz isso de maneira bastante explícita em uma passagem crucial logo no início do De methodis, ao advertir que o termo "tempo" ali empregado não se refere ao tempo formaliter spectatum, mas a "outra quantidade" por meio "de cuja fluxão o tempo é expresso e mensurado". Neste artigo, comento essa passagem crucial e procuro esclarecer as diferenças essenciais entre a noção de velocidade de 1666 e a de fluxão introduzida em 1671. Isso também me permitirá discutir o papel de Newton na origem da análise do século xviii.

    Resumo em Inglês:

    Newton's De methodis (written in 1671) results from a revision of an uncompleted treatise that he had written in October-November 1666 (The October 1666 tract on fluxions, as Whiteside called it). In 1666, Newton already had the main results that he would expound 5 years later in the text that is unanimously considered the best presentation of his theory of fluxions. However, the term "fluxion" itself did not appear however in The October 1666 tract on fluxions, where the question addressed had to do with motions or velocities. From the strict point of view of mathematical formalism, the shift from (punctual) velocities to fluxions is not especially relevant: the mathematical methods of the De methodis are essentially the same as those of The October 1666 tract on fluxions. Still, this terminological change is, I think, the symptom of a different way to understand these methods and the objects they apply to. This is quite explicitly said by Newton in a crucial passage at the beginning of the De methodis, where he claims that the term "time" in his treatise does not refer to the time formaliter spectatum, but to "another quantity" for the "fluxion of which the time is expressed and measured". In this paper, I discuss this passage and try to clarify the essential differences between the 1666 notion of velocity and the new notion of fluxion introduced in 1671. This also enables me to discuss the role of Newton in the origin of 18th century analysis.
  • A primazia das relações sobre as essências: as forças como entidades matemáticas nos Principia de Newton Artigos

    Barra, Eduardo Salles de Oliveira

    Resumo em Português:

    Os Principia de Newton pressupõem uma filosofia da matemática, em particular, uma ontologia dos objetos matemáticos. Mas, para que isso seja relevante, deve de algum modo ter consequências para a compreensão das advertências de Newton sobre a sua consideração matemática das forças referidas nos primeiros teoremas dos Principia. O artigo procura mostrar que essas advertências, ao contrário do que podem sugerir, não esvaziam a matemática - e as forças consideradas matematicamente - de qualquer compromisso ontológico. Elas estão estruturadas em uma certa ontologia de caráter não-aristotélico em que as relações têm primazia sobre as essências. Essa ontologia tem nítidos antecedentes naquilo que Marion chamou de ontologia cinzenta de Descartes.

    Resumo em Inglês:

    Newton's Principia presupposes a particular philosophy of mathematics and, especially, an ontology of mathematical objects. For this to be relevant, however, it must somehow have consequences for comprehending Newton's warnings about the forces, referred to in the first theorems of Principia, as being considered in a mathematical way. In this article, I attempt to show that these warnings, contrary to what they may suggest, do not empty the mathematics - and the forces considered mathematically - of all ontological commitment. They are structured by a kind of non-Aristotelian ontology in which relations have primacy over essences. This ontology has clear antecedents in what Marion (1975) called Descartes' gray ontology.
  • O método de análise cartesiano e o seu fundamento Artigos

    Battisti, César Augusto

    Resumo em Português:

    Este artigo examina certos pontos essenciais do método cartesiano e seu fundamento. (1) Dado que Descartes elege a análise como seu método, é a partir da antiga tradição dos geômetras gregos que devemos examiná-la. (2) Seu método não é, entretanto, de natureza matemática. A análise põe às claras o modo de a razão conhecer, ilustrado por essa ciência. (3) A reflexão cartesiana distingue metodologia de epistemologia. Relações de dependência entre objetos são, em geral, estabelecidas a partir do relativo e do complexo, dada a primazia metodológica destes em relação ao absoluto e ao simples. (4) Um dos modos mais profundos de justificar essa primazia do dependente e, com isso, justificar o método de análise, na medida em que é um procedimento contra a corrente liga-se à tese cartesiana de que compreender algo é compreender a sua causa, visto que todo existente existe como efeito. (5) O método de análise, portanto, pode assumir, como é de sua essência, o efeito como dado e proceder "para cima" em busca da causa, e seu fundamento está no axioma da identidade entre a causa e a razão, causa sive ratio.

    Resumo em Inglês:

    This article examines certain essential points of Cartesian method and its foundation. (1) If Descartes selects analysis as his method _ and he does it is from the ancient tradition of Greek geometers that we should survey it. (2) However, the nature of his method as such is not mathematical: analysis discloses how reason comes to know, as illustrated by the science of geometry. (3) Cartesian thinking distinguishes methodology and epistemology: relationships of dependency among objects are, in general, established starting from relative and complex ones, given their methodological primacy in relation to the absolute and the simple. (4) One of the most fruitful ways to justify this and, thus, to justify the method of analysis, as far as it is a procedure "against the current" is connected with the Cartesian thesis that affirms that to understand something is to understand its cause, due to the fact that everything that exists, exists as an effect. (5) It is of the essence of the method of analysis, therefore, that it may assume the effect as given and proceed backwards (or upwards) in search of the cause; and its foundation is the axiom of identity between cause and reason, causa sive ratio.
  • A solução cartesiana da quadratura do círculo Artigos

    Crippa, Davide

    Resumo em Português:

    Apesar do problema da quadratura do círculo, isto é, o problema de construir um quadrado tendo a mesma área que a de um círculo dado, permanecer um problema aberto entre os matemáticos do começo do século xvii, e de Descartes ter até mesmo declarado a impossibilidade de sua solução, ele próprio havia fornecido uma solução, datada dos anos de 1625-1628. Neste artigo, examinarei essa solução comparando-a a uma análise feita por Euler um século mais tarde e também a uma solução conhecida desde os antigos e apresentada por Pappus. Interrogar-me-ei, em seguida, sobre as razões que conduziram Descartes a excluir as duas construções por serem inaceitáveis em relação ao ideal de exatidão explicitado em A geometria de 1637.

    Resumo em Inglês:

    Although the problem of squaring the circle, that is, the problem of constructing a square having the same area of a given circle, was considered an open problem among early XVIIth century mathematicians, René Descartes affirmed that it could not be solved. On the other hand, he himself provided a solution to the problem, that can be dated in the period, 1625-1628. In this article, I will examine this solution by comparing it to an analysis made a century later by Euler, and to a solution known to the ancients and discussed by Pappus. I will investigate, successively, the reasons that led Descartes to dismiss these two solutions as not acceptable in the light of the ideal of exactness deployed in the Geometry.
  • Um panfleto de Berkeley contra as práticas matemáticas de Newton e de Leibniz Documentos Científicos

    Calazans, Alex
  • O analista: ou um discurso dirigido a um matemático infiel Documentos Científicos

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